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Fátima Lima
„ Morte aos órgãos sexuais!‟é o título da breve fala. Não tinha como
abstração, não cabe numa obra como essa. O pensamento aqui deve ser
Não há, nesse sentido, uma ontologia, uma verdade absoluta, um universal
o livro nos instiga a pensar. Essa não é uma obra apenas conceitual. É antes
Texto apresentado no lançamento do livro de Paul B. Preciado “Manifesto Contrassexual” no
dia 14 de maio de 2015 na Livraria Blooks/ Rio de Janeiro.
Antropóloga. Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro/IMS/UERJ. Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ campus
de Macaé. Professora do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada/
PIPGLA/UFRJ. Faz parte do coletivo de pesquisa “Micropolítica do Trabalho e o Cuidado em Saúde”. É
autora do livro "Corpos, Gêneros e Sexualidades - políticas de subjetivação".
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corpos, os sexos (os designados orgãos genitais e sexuais) e os desejos no
dominante.
também dão existência, que, embora hoje seja apenas um espectro deve se
subjetivação ou modos de viver estão aí.. nas ruas, nos ônibus, nas praças,
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performatividades de gênero que se erigem contra a
sentido em que clama por um mundo, ainda que presente, um mundo por
coisa que não acredito e partilho - nem um mundo idílico, livre de poderes
identidades. Nos diz Preciado: “ o que tem que sacudir são as tecnologias
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preciso “ (...) mudar as posições de enunciações”. Entre possibilidades de
Não tem como não chamar o Antonin Artaud para esta conversa. Artaud
mas não há nada mais inútil que um órgão”. Esta frase, entre tantas
corpo sem órgãos”. Sobre a obra do Artaud “Para acabar com o juízo de
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um livro, mas biológica, política, atraindo para si censura e
texto.
na maioria das vezes, provocativas, não passam de forma lisa nem pelo
Paul B. Preciado. Já foi Beatriz, Beto, agora Paul.., agora Paul B. Preciado,
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discursivas, os enunciados, ou seja, uma mudança nas posições de
disse que seria mulher, que se chamaria Beatriz e que teria que reforçar e
Além disso, tem vários textos avulsos como “Multidão queer - notas para
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um feminismo livre da tirania da política de identidade e aberto a alianças
Estado.
princípio tudo era o dildo” onde “ (...) um dildo não é um pau/ pênis, de
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carne” ( Preciado,2010,p.18). Assim, a ideia ou o binarismo original e
Os dildos podem ser nesse sentido o próprio corpo, qualquer parte dele, pé,
Como nos diz Preciado: “os órgãos sexuais como tais conhecemos não
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Paul B. Preciado. Este é o Manifesto.... É preciso cagar o sistema
sexo/gênero.
Hardt,2005, p.260). E o que seria a “carne social” desse comum? Negri &
noção da “carne” não sendo esta nem matéria, nem mente e nem
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substância, trazem a carne da multidão como “puro potencial, uma força
voltado para a plenitude da vida (...)” onde” “do ponto de vista da ordem do
fugidia, pois não pode ser inteira enfeixada nos órgãos hierárquicos de um
corpo político. A carne social viva que não é um corpo pode facilmente
escrituras legitimadas.
Para realmente fechar a minha fala e abrir o debate, volto mais uma vez ao
preciso decidirmos pô-lo nu, para lhe raspar o animal que o coça
quiser, não há um algo mais inútil que um órgão”. Mais adiante na mesma
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Referências
PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos "anormais". Rev.
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