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Será que o movimento Escola Sem Partido, de viés direitista, percebeu que os esquerdistas da
Procuradoria-Geral da República tentaram emplacar, também pela via judicial, a Escola Sem
Religião? Será que os dois grupos se reconhecem como iguais, como animais políticos da mesma
espécie, com ideais de pureza e verdade opostos, mas combinados? Duvido. A ideologia costuma
ser mais reativa do que ativa; mais do que formular conteúdos, ela repele os do adversário, sem
enxergá-lo.
Por um voto de desempate apenas, o Brasil não saltou, nas escolas, da condição de Estado laico para
a de Estado ateu, sob o pretexto de garantir a pluralidade. O STF concluiu, na quarta, a votação de
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), movida pela PGR, que, na prática, proibia o
ensino religioso nas instituições públicas. Atenção! Onde ele existe, é facultativo.
Barroso, o relator, votou pela proibição. Ensinou: "O Estado laico não incentiva o ceticismo,
tampouco o aniquilamento da religião, limitando-se a viabilizar a convivência pacífica entre as
diversas cosmovisões, inclusive aquelas que pressupõem a inexistência de algo além do plano
físico".
A religião, nessa perspectiva, ficaria reduzida à sua dimensão histórica, sociológica, antropológica,
psicológica... E o professor, por óbvio, teria de expor os prós e os contras de cada crença. Sem
paixões. Os estudantes, assim, aprenderiam as virtudes e vícios presentes no teto da Capela Sistina e
na imagem ausente do Profeta, que não pode ser desenhado. É o que o Escola Sem Partido quer que
se faça com a Revolução Francesa, com a Revolução Russa ou com o golpe militar de 1964. Prós e
contras.
Seguiram Barroso os ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Marco Aurélio e Celso de Mello. Felizmente,
a maioria se opôs à ADI, cabendo o voto de desempate a Cármen Lúcia. Os outros cinco foram
Alexandre de Moraes, que abriu a divergência, Edson Fachin, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e
Gilmar Mendes.
Esse mesmo Barroso é aquele que concedeu uma liminar, em março, suspendendo, em Alagoas, o
"Escola Livre", projeto aprovado na Assembleia, assentado justamente nas teses do Escola Sem
Partido. O doutor acha que um professor expressar uma crença religiosa constitui uma agressão à
laicidade do Estado. Se tal exigência, no entanto, se estende para o terreno das convicções não
religiosas, cobrando-se a laicidade ideológica, aí o nosso esquerdista de toga reage e vê uma
agressão à liberdade de pensamento e à pluralidade.
Ó Grande Estado! Ó Grande Irmão! Direitistas e esquerdistas se rendem a seus desígnios e o
saúdam como o Grande Interventor!
Fui um dos primeiros, se não fui o primeiro, na grande imprensa, a divulgar o Escola Sem Partido.
Tratava-se, então, de um movimento da sociedade contra a propaganda e a patrulha esquerdistas nas
escolas. Quando ele passa a reivindicar, por meio de projetos de lei, a intervenção do Estado para
assegurar a "laicidade ideológica", a repressão estatal toma o lugar da liberdade. A mesma repressão
que Barroso queria aplicar ao ensino religioso. Fui professor. Escola é lugar de debate e de
confronto de ideias, não de repressão do Estado ou de milicianos. É preciso vencer esse debate com
a política, não com a polícia. Mas alguns dos que, entre nós, se dizem liberais adoram um porrete.
Uma nota para o STF. Barroso, sempre ele, com o auxílio nada luxuoso de Rosa Weber e Luiz Fux,
tentaram rasgar a Constituição e o Código de Processo Penal ao afastar o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) de seu mandato, impondo-lhe medidas cautelares adicionais. Mais um sintoma da
desordem institucional, a mesma que, no tribunal, por 10 a 1, houve por bem dar sequência a uma
denúncia contra o presidente da República que traz, "ab ovo", o vício da inconstitucionalidade.
É o Movimento País sem Lei.
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Texto 2
Ali respondeu: “Eu iria matá-lo pois tive de participar desta batalha. Eu fiquei muito bravo quando
você cuspiu no meu rosto. Se eu te matasse depois de você cuspir, então eu teria matado você por
minha própria vontade e não por estar na batalha. Isso seria algo muito ruim, então desisti”.
O combate entre Ali e seu inimigo é qital. O autocontrole para não matar quando seu inimigo cuspiu
nele é jihad. Pois existem dois aspectos da jihad: a maior e a menor. A jihad maior é o combate com
o nosso ego destrutivo e com os desejos e pensamentos imorais, portanto é um combate interno. A
jihad menor é qualquer tipo de combate com qualquer coisa externa, inclusive a guerra.
O conceito de jihad foi inserido no currículo escolar no ensino religioso na Turquia. Faz sentido que
seja inserido por ser uma questão religiosa. Se for compreendido e ensinado de maneira correta, o
mau uso do conceito pelos grupos terroristas e a tendência dos jovens ao terrorismo serão
impedidos.
A situação é, no entanto, totalmente diferente. A maneira como o termo jihad é tratado nessas aulas
não atua para impedir o terrorismo. Ao contrário. A força de motivação deste conceito é usada a
serviço das políticas de Estado.
Entretanto, jihad significa “o maior esforço possível pela causa de Deus”. Subordinar a jihad às
políticas de Estado muitas vezes pode ser um caso desagradável aos olhos de Deus. Seria o mesmo
que matar ou morrer em uma guerra injusta.
A abordagem do conceito de ensino de jihad nos livros didáticos na Turquia é assim. É possível que
o governo turco preveja grandes confusões e até possíveis guerras na região. Para evitar críticas às
suas políticas e obter o apoio do povo, o governo trabalha o conceito de jihad. Assim, caso o
governo tome uma decisão de guerra, tal guerra poderá ser considerada “santa”.
Este é o momento de orar pelo Oriente Médio. Pois uma possível guerra terá o potencial de afetar
diversas partes do mundo.
Tradução: Atilla Kus. Revisão: Mustafa Goktepe
A quem interessa o ensino religioso confessional, ou seja, aquele ligado especificamente a uma
crença? Ora, num Estado laico, pareceria mais coerente que a educação pública seguisse um padrão
mais isento, sem influência de religiões ou doutrinas e, principalmente, sem o controle de uma
crença majoritária, que quer impor seus dogmas, valores e moral em detrimento, sobretudo, do
aprendizado de disciplinas fundamentais para que qualquer pessoa possa desenvolver um mínimo
de senso crítico diante dos problemas do homem e da sociedade.
Quem ganha e quem perde com essa decisão? No longo prazo, todos perdem: perdem o país e seus
cidadãos; perdem as religiões cristãs e todas as outras; perdem as escolas, as empresas e todos os
segmentos sociais. Trata-se de um posicionamento que compromete definitivamente o futuro, a
possibilidade de construir uma nação mais justa e mais plural, cuja diversidade, seja étnica, política
ou religiosa, seja de orientações, gêneros ou culturas, ensine princípios básicos de respeito e
tolerância. É um risco, uma ameaça aos que destoam das maiorias ou divergem daqueles que detêm
o poder econômico.
Referendo na Catalunha
Nacionalismo e patriotada
por Mino Carta — publicado 11/09/2017 00h15, última modificação 06/09/2017 19h58
Vêm à tona as diferenças entre um e outra, na qual o Brasil é recordista mundial. Vale lembrar três
décadas esperançosas e Getúlio Vargas
Meu pai, Giannino, detestava o futebol e quando a seleção italiana ganhou seu segundo Mundial,
em 1938 na França, ficou de péssimo humor dias a fio. “Essas vitórias só aproveitam ao fascismo,
ainda bem que os franceses vaiaram a Azzurra”, tal seu estribilho. Ele era antifascista e os camisas
negras acabariam por prendê-lo em 1944.
A família Carta chegou a São Paulo em agosto de 1946, meu irmão e eu fomos estudar no Colégio
Dante Alighieri, que recuperara seu nome depois de ter sido chamado Visconde de São Leopoldo
durante a Segunda Guerra Mundial, por ser a Itália inimiga do Brasil.
Aconselhou meu pai: “Tenha o cuidado de não se apresentar como nascido na terra de Dante,
Michelangelo e Galileu, gigantes do pensamento humano, não estão à sombra de bandeira alguma,
são vanguardeiros do mundo”.
Giannino era liberal à moda antiga, e isto bastava e sobrava para que o fascismo o considerasse
subversivo. Excelente jornalista, levado à profissão, depois de se formar em Direito, pelo meu avô
materno, Luigi Becherucci, ferozmente perseguido pelo fascismo.
Aprendi muito com meu pai e não somente em jornalismo. Ele era também professor de História da
Arte e chegou a dar um curso na USP no final dos anos 40. Cortês, afável, cordial, discordávamos
em política, mas o entendimento era perfeito em matéria de ética e estética, que, de resto, são a
mesma coisa, segundo os gregos.
Leia mais:
Reformas dos direitos sociais e Estado de exceção
Gilmar Mendes, de apoiador a vítima do Estado de Exceção
Cadê o povão?
Meu pai tratou de me explicar a diferença entre nacionalismo e patriotada, e que aquele, praticado
até as últimas consequências, recomenda condenar em perdão as pretensões nacionalistas da reação.
Mussolini amparava seu nacional-socialismo na patriotada e de socialista nada tinha. Não excluo
que o nosso Bolsonaro seja dessa estirpe.
Pergunto aos meus desencantados botões até que ponto esse pessoal de canarinho sabe dos
interesses do País. Poucos, muito poucos, respondem, e acrescentam, álgidos: em compensação, a
larga maioria está sempre preparada para a patriotada.
Não cabe referência às quadrilhas no poder, atuam em seu exclusivo proveito, e o Brasil que se
moa. Não deixarão, os golpistas, de se dizer patriotas, como convém aos canalhas, e haverá quem
acredite.
O Brasil já pôs em prática políticas nacionalistas a partir de Getúlio Vargas na sua primeira versão,
quando criou Volta Redonda, deu origem à CLT e criou o salário mínimo. Eu teria preferido que não
privasse tão intimamente com Filinto Müller e o general Góes Monteiro, mas ele encaminhava um
projeto digno de um país industrializado.
Eleito democraticamente, prosseguiu pelo mesmo rumo e seu suicídio é uma confissão de
impotência diante da implacável prepotência da casa-grande. Incapaz, entretanto, de impedir a
eleição de JK.
Juscelino cometeu erros e acertos, de todo modo não traiu o País. Nacionalistas denodados houve
no governo de João Goulart, que por sua ousadia pagou caro. E veio o golpe de 1964. De todo
modo, por três décadas o Brasil viveu um momento amiúde difícil, porém esperançoso, à altura da
contemporaneidade do mundo.
Tudo o mais nos conduz ao desastre dos dias de hoje. Ditadura por 21 anos, redemocratização de
fancaria para se concretizar no entreguismo tucano, o parêntese alvissareiro do governo Lula, logo
frustrado, enfim o impeachment de Dilma Rousseff e o Estado de Exceção de pura marca mafiosa.
O nacionalismo de um tempo tornou-se cada vez mais uma quimera.