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2 nós, do RN Suplemento Natal - Janeiro de 2005

Apresentação
Serviço prestado à Cultura Estado do Rio Grande do Norte
Assessoria de Comunicação Social
Rubens Lemos Filho
Wilma Maria de Faria

N unca foi tão oportuna a iniciativa do tando teses acadêmicas e, principalmente, Governadora do Estado:
Departamento Estadual de Imprensa - disponibilizando o registro histórico do folclore Carlos Alberto de Faria
DEI, levando aos assinantes do Diário inerente ao trabalho e ao lazer da gente Gabinete Civil do Governo do Estado
Oficial e do Diário da Justiça este suplemento potiguar.
cultural. A medida, creditada ao governo do Rio Em princípio, esta valorização das manifes- Rubens Manoel Lemos Filho
Grande do Norte, atende à política cultural ori- tações populares, aliada às circunstâncias políti- Assessoria de Comunicação Social
entada pela governadora Wilma Maria de Faria, co-administrativas do momento, estabelece as
de publicar o nosso patrimônio histórico e bases de um futuro promissor para as novas
espiritual, oferecendo-o a todas as camadas da gerações.
população. É, portanto, mais um serviço prestado à
Daí a importância de estimular e ampliar o Cultura que o Governo Wilma Maria de Faria D.E. I.
concurso da intelectualidade neste vitorioso presta e que orgulhosamente trazemos nesta Carlos Alberto de Oliveira Torres
projeto, divulgando pesquisas de campo, levan- edição de "nós, do RN". Diretor Geral

Henrique Miranda Sá Neto

Editorial
Coordenador de Administração
e Editoração
Juracir Batista de Oliveira
Subcoordenador de Finanças
Muitas milhas à frente Eduardo de Souza Pinto Freire
Subcoordenador de Informática
Miranda Sá
nós, do RN

O
sucesso de "nós, do financeiros, porque a maior riqueza no encarte "nós, do RN" que ine-
RN", percorrendo o de um povo está no fazer as coisas gavelmente enobrece as diligências editor-geral
Miranda Sá
campo da cultura de que necessita, dentro das suas e atividades culturais do Governo
norte-rio-grandense, coloca a reais possibilidades. do Estado e enriquece a herança chefe de redação
Moura Neto
imprensa oficial do Rio Grande Para editar o Diário Oficial e deixada pela inesquecível "A
do Norte muitas milhas à frente o Diário da Justiça com a quali- República", sempre saliente na equipe redacional
Paulo Dumaresq - reportagem
de outras unidades da dade gráfica que apresenta memória do povo e da intelectual- João Ricardo Correia - reportagem
Federação, atrasadas na corrida atualmente, Departamento Es- idade norte-rio-grandenses. João Maria Alves - fotografia
para cumprir a decisão e a ori- tadual de Imprensa - DEI, A saída de mais um número diagramação e arte final
entação da Associação Bra- investiu em recursos e capaci- de "nós, do RN" oferece a opor- Edenildo Simões
Alexandro Tavares de Melo
sileira de Imprensas Oficiais - dade técnica, e não somente tunidade de agradecermos os
ABIO, em promover a divul- recuperou os equipamentos de que saúdam o seu aparecimento pesquisa
Anchieta Fernandes
gação multicultural do País. impressão, como também a através de cartas, e-mail e tele-
Não nos preocupa que sejamos auto-estima dos seus servidores. fonemas, incentivando a con- colaboradores
Carlos Morais
um Estado pobre em recursos Neste processo, desaguamos tinuação do nosso trabalho. Emanuel Amaral
Rubens Lemos Filho
Vicente Serejo
Correspondências apoio gráfico
Willams Laurentino
Ao jornalista Miranda Sá: uma voz que jamais poderia calar. da Academia Norte-rio-grandense de Valmir Araújo
Cumprimento a Governadora e Letras, Diógenes da Cunha Lima; da
Recebi, gostei, o Suplemento toda a sua equipe de comunicação. diretoria e funcionários da Ceasa/RN;
faz mostrar que Wilma de Faria Talvani Guedes da Fonseca do secretário Leonardo Arruda Câ-
consolidará de vez seu nome na
mara, da SEJUC; dos deputados
História potiguar se ressuscitar o Recebemos, agradecemos e ret- Cláudio Porpino; Ezequiel Ferreira e
jornal de Pedro Velho e Luís da
ribuímos os votos de feliz Ano Novo Nelson Freire. Registramos, também,
Câmara Cascudo, A REPÚBLICA, DEPARTAMENTO ESTADUAL DE IMPRENSA
fechado às vésperas do 100° aniver- do senador José Agripino; do presi- os cumprimentos do presidente da
Av. Câmara Cascudo, 355 - Ribeira - Natal/RN
sário por um oportunista que fez dente do Tribunal de Contas do Companhia Editora de Pernambuco, Cep.: 59025-280 - Tel.: (084) 232-6793
média com a mídia privada, calando Estado, Tarcísio Costa; do presidente Marcelo Maciel. Site: www.dei.rn.gov.br - e-mail: dei@rn.gov.br
Natal - Janeiro de 2005 Suplemento nós, do RN 3

Casas de Cultura se Comemorações pelo


centenário do TAM

expandem pelo interior As comemorações pelo centenário do


Teatro Alberto Maranhão (TAM), que
devem se prolongar neste primeiro
trimestre do ano, estão transcorrendo em
grande estilo desde março de 2004, quando
Moura Neto o Governo do Estado inaugurou a reforma

R
Ivanízio Ramos
ef letores, luzes, ação. que consumiu, somente em recursos
E aplausos. Artistas de próprios, R$ 350 mil. Desde então, o TAM
todas as vertentes, que antes vem abrigando uma série de eventos que,
não encontravam palco para se apresen- por sinal, não se limitam ao seu palco.
tar no interior, agora estão estreitando Um desses eventos merece ser destaca-
sua comunicação com o público. A do pela movimentação que gerou no
cenário cultural ao popularizar o acesso às
política de interiorização da cultura,
manifestações artísticas do Rio Grande do
implementada pelo Governo Wilma de Norte. O projeto Ribeira das Artes, realiza-
Faria, levou para mais sete municípios do no pátio externo do TAM nos
pólos do Rio Grande do Norte, em primeiros domingos de cada mês, ao longo
2004, as Casas de Cultura Popular. de todo o segundo semestre de 2004, con-
Trata-se de uma inovação que está aju- tou com exposições de arte, feiras de arte-
dando a resgatar as manifestações sanato, oficinas de música e artes plásticas,
autênticas da terra de Luís de Câmara estandes com produtos da gastronomia
Cascudo, o maior estudioso dos hábitos local e antiquário, além, é claro, de palco
e dos costumes do povo brasileiro que para apresentações de shows.
este país já teve. O investimento em Para a diretora do TAM, Hilneth
Correia, o projeto aproximou a classe
recursos próprios, nesta ação em 2004,
teatral e elevou o número de freqüenta-
foi superior a R$ 1,6 milhão. dores da principal casa de cultura do
Ao todo, onze municípios potiguares já Estado. "Temos investido também em ou-
possuem Casas de Cultura Popular. São tros projetos que ajudam a formar platéias,
espaços localizados geralmente em imóveis como trazer estudantes da rede pública de
antigos que, ao serem restaurados, tornam-se ensino para assistir espetáculos gratuitos",
também sítios arquitetônicos preservados. afirmou. Ainda no segundo semestre de
Neles são ambientados salas de exposições, 2004, a governadora Wilma de Faria lançou
cursos e oficinas, auditórios para apresen- o programa Auxílio Montagem, liberando
tações de espetáculos que dinamizam os gru- R$ 152 mil para a produção de espetáculos
pos artísticos e folclóricos que ajudam a de 25 grupos selecionados pela Fundação
José Augusto. Cada grupo tem de oferecer
difundir a rica tradição cultural do Rio
pelo menos três apresentações gratuitas
Grande do Norte. O investimento do para estudantes da rede pública.
Governo do Estado para implantar estas O volume de recursos investido pelo
casas, até agora, soma mais de R$ 2,2 milhões. Governo do Estado para fomentar as ativi-
Se por um lado esta administração está dades artísticas, por meio da Lei Câmara
abrindo espaços novos para o aprimora- Cascudo de Incentivo à Cultura, foi de
mento e consagração dos talentos que quase R$ 3 milhões somente em 2004. A lei
surgem em todas as regiões, por outro está Governadora Wilma de Faria na inauguraçâo da Casa de Cultura de Martins permite que empresários apóiem finan-
investindo também na reforma e restau- memória e a história do Rio Grande do há oito anos, o espetáculo Presente de ceiramente à produção da classe artística,
ração das casas de espetáculos tradicionais e Norte, interiorizando nossas ações, con- Natal foi levado ao interior do Estado. Em recebendo isenção de ICMS de acordo
dos monumentos culturais do Rio Grande forme orientação da governadora Wilma 2003, foi encenado em Caicó e Assu; em com o valor investido.
Para 2005, Natal vai ganhar novos
do Norte. A Fundação José Augusto (FJA), de Faria", afirma o presidente da FJA, 2004, foi levado a Caicó e Mossoró. Nos
espaços e equipamentos culturais graças a
órgão responsável pela implementação da François Silvestre. Dessa forma, desde últimos dois anos, além de ser apresentado uma parceria firmada entre o Governo do
política cultural do Estado, já executou 2003 as praças de cidades do interior no Palácio da Cultura, no centro da cidade, Estado e o Banco do Brasil, em dezem-
obras de melhorias, nos últimos dois anos, tornaram-se palco de apresentações da a população da Zona Norte pôde também bro passado. Pelo acordo assinado, que
no Teatro Alberto Maranhão, Pinacoteca, Orquestra Sinfônica do Rio Grande do se encantar com a interpretação cênica do envolve recursos da ordem de R$ 10,5
Memorial Câmara Cascudo, Cidade da Norte. "É incrível como o povo aprecia Presente de Natal, que recebe a direção milhões, será construído um Teatro de
Criança, nos Teatros de Caicó (Adjuto Dias) nossos números, descobrindo também a geral de Diana Fontes. O espetáculo foi Ópera, em local ainda a ser definido. O
e de Mossoró (Lauro Monte) e na própria beleza da música clássica", conta o trom- apresentado na área de lazer do conjunto Forte dos Reis Magos será amplamente
sede da FJA, que recebeu novo auditório e bonista Gilberto Cabral, integrante da Panatis, tendo a promessa de que, em restaurado e serão incentivadas ações nas
galeria de arte. orquestra. 2005, será levado para outros municípios e áreas cultural, esportiva, de lazer, geração
regiões administrativas da capital. de emprego e renda.
"Estamos trabalhando para preservar a Pela primeira vez, desde que foi iniciado
4 nós, do RN Suplemento Natal - Janeiro de 2005

Pi n g - Po n g

c o m Fr a n ç o i s S i l v e s t r e
F
ormado em Direito, 58 anos, o presidente da Fundação José Augusto,
François Silvestre de Alencar, é escritor e procurador concursado do Estado.
Nasceu no município de Viçosa, Oeste potiguar. Dono de uma verve
vibrante e com o dom da oratória, estreou na literatura em 1978 com o livro de
poesia "Luz da noite ao vento norte". Em 1981 publicou "Rio de sangue" e em 1983
"Dormentes - a serra da festa encantada", ambos de contos. Em 2002 publicou "A
pátria não é ninguém" (romance) e "Mel de benquerê" (crônicas e causos). Nesta
entrevista, ele faz um balanço objetivo das atividades do Governo do Estado na
área cultural, nos últimos dois anos, e cita as principais metas para este ano.

P - O que mudou na cultura norte-rio- programas, tanto com a Secretaria de Turismo,


grandense em decorrência do trabalho desen- como com a de Educação e outros órgãos.
volvido pela Fundação José Augusto nos últi-
mos dois anos? P - O Rio Grande do Norte tem realmente uma
R - Dizer que mudou alguma coisa na cultura seria produção cultural suficientemente rica para
um exagero. A cultura não é tão mutável assim. O fixar sua marca e ajudar na divulgação do
que mudou foi a forma de tratamento entre o ente Estado?
público e o ente cultural. Se mudança houve, só R - Sem dúvida alguma. Sou suspeito para respon-
saberemos no futuro. der esta pergunta, porque acho que o Rio Grande do Casa da Cultura de Nova Cruz, a primeira
Norte é o centro do universo.
P - Qual tem sido até agora, na sua opinião, a
principal ação do Governo do Estado na área P- A revista Preá, editada pela FJA, está tendo o
cultural? mérito de divulgar em suas páginas o trabalho
R - São ações que prefiro não hierarquizar. Poderia de artistas e grupos estabelecidos no interior do
citar, entre outras coisas, a implantação das Casas de Estado. Isso tem ajudado de alguma forma a
Cultura Popular, programa no qual já investimos consolidar as atividades desses artistas?
mais de 2 milhões de reais; a criação da revista Preá, R - Acho que sim. Mas quem deve responder isso
que a partir deste ano será bimestral; a interiorização são os artistas. Apresentação de Grupos na Ribeira
do espetáculo "Um presente de Natal", que, além de
Natal, no ano passado foi levado também a Mossoró P - Quais são as prioridades da FJA para este
ano?
e Caicó; restauração e adequação do Palácio Potengi,
R - Além da consolidação do Programa das Casas de
para abrigar a Pinacoteca do Estado; apoio a artistas
e escritores para realizarem seus trabalhos. Cultura Popular e da revista Preá, teremos a volta do
Coral Canto do Povo, reestruturação da Orquestra
P - Natal vem se destacando como importante Sinfônica e construção do Teatro de Cultura Popular,
destino turístico no país, inclusive com a uma grande reforma no Forte dos Reis Magos, Teatro Alberto Maranhão: Novo visual
recepção de uma boa quantidade de vôos freta- mudanças na Lei de Cultura Câmara Cascudo e criação
dos do exterior. O que tem sido feito, em parce- de um novo Estatuto para a Fundação José Augusto.
ria com a Secretaria Estadual de Turismo, para
que o patrimônio cultural do Rio Grande do P - Quais suas considerações finais para encer-
Norte seja mais um fator de atração para os tu- rar esta entrevista?
ristas que visitam o Estado? R- Quero agradecer à imprensa pela ajuda e cober-
R - Até agora as ações integradas da Fundação com tura que nos deu. A FJA não dispõe de recursos para
as demais secretarias estão no campo dos projetos. propaganda, mas contamos com a generosidade dos
Espero que este ano comecemos a materializar esses jornalistas. Casa de Cultura e arte no TAM reformado
Natal - Janeiro de 2005 Suplemento nós, do RN 5

Pa l á c i o
da Cultura,
oásis das
ar tes visuais
Paulo Jorge Dumaresq

O
Palácio da Cultura é majestoso e sedutor.
Mas seria apenas mais um prédio público
prosaico se nele não funcionasse desde
1998 a Pinacoteca do Estado do Rio Grande do
Norte. Transformado nesta gestão em espaço vivo
e dinâmico, oásis das artes visuais, a Pinacoteca
tem como objetivo recolher, conservar, expor,
divulgar e promover a produção pictórica norte-
rio-grandense, abrindo portas e janelas para as
artes plásticas e para os artistas potiguares. Quadros de Cícero Dias, Moura Rabelo e Leopoldo Nelson (dir): acervo da Pinacoteca

"Cada pintura é um frasco cheio de ciona um museu", esclarece.


meu sangue". A frase do genial pintor
espanhol Pablo Picasso pode ser repassada
Outro plano é incrementar a realização
de exposições itinerantes no interior do
Acer vo acolhe mestres da pintura
para a atual diretora da Pinacoteca, Estado, com a reserva técnica do acervo, o
Candinha Bezerra. De volta ao cargo que que já vem ocorrendo há algum tempo, "A Pinacoteca é a (verdadeira) casa dos artistas. Aqui é o primeiro ponto
exerceu entre fevereiro e outubro de 2003, contribuindo para a ocupação das Casas para que a classe tenha um lugar especial e possa ser respeitada como tal",
no início da administração Wilma de Faria, de Cultura, bandeiras de luta da atual assevera Candinha Bezerra. Da palavra à ação, ela lembra, com brilho no
a produtora cultural e fotógrafa Candinha gestão da Fundação José Augusto. "O olhar, a Mostra Modernismo Brasil, comemorativa à restauração e, conse-
Bezerra, reempossada em novembro de artista que quiser poderá circular com sua qüentemente, reabertura da Pinacoteca, em 7 de agosto de 2003, com curado-
2004, tem projetos para difundir a pro- exposição pelas Casas de Cultura espa- ria do crítico de arte, Antônio Marques de Carvalho Junior. A obra de reforma,
dução pictórica no Estado lhadas pelo interior", assegura. aliás, custou mais de R$ 65 mil.
Com disposição e o sentimento da arte, Vinculada ao Centro de Documentação Representativo das mais diversas fases do Movimento Modernista, esse
ela conta que está chamando os artistas para, Cultural da Fundação José Augusto e acervo foi doado ao Governo do Estado, em 1996, pelo Banco Central do Brasil
juntos, pensarem a Pinacoteca daqui por localizada na praça 7 de Setembro, na (DF), tendo permanecido inédito até 2003. São obras de Antônio Rodrigues,
diante. A diretora almeja promover cursos Cidade Alta, no mesmo endereço da anti- Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Clóvis Graciano, Cícero Dias, Charlote Gross,
de arte voltados para a formação do jovem ga sede do Governo do Estado, a
Francisco Cuoco, Marcelo Grasmann, Maciej Babinski e Tarsila do Amaral.
artista norte-rio-grandense. "A idéia é edu- Pinacoteca fica aberta para visitação, de
car pela arte, mas, também, dinamizar a terça a domingo, no período de 8h30 às Esse verdadeiro tesouro pictórico faz hoje parte do acervo fixo da Pinacoteca.
ocupação dos espaços", discorre. 17h30. Na mesma ocasião também houve a abertura da exposição Tradição &
Para isso, quer firmar convênio com Quinhentas obras de arte compõem o Ruptura, apresentando os artistas locais Fábio Eduardo, Fernando Gurgel,
universidades públicas e privadas no sen- atual acervo da casa. A maioria das peças Flávio Freitas, J. Medeiros e Osvaldo Oliveira. A Pinacoteca do Estado ainda
tido de que essas instituições possam é resultado de doação. Só no pavimento guarda obras dos grandes mestres da pintura norte-rio-grandense. De repente,
ceder monitores para orientar os visi- térreo são oito salas, mais seis no pavi- o visitante depara-se com trabalhos dos eternos Newton Navarro e Leopoldo
tantes, especialmente estudantes, que, a mento superior. Esse porto-seguro dos Nelson; ou ainda de Dorian Gray, ou mesmo de Abraham Palatnik.
cada dia, vêem com mais interesse o acer- artistas norte-rio-grandenses abriga, desde Fazendo retrospectiva dos eventos ocorridos na Pinacoteca, em sua
vo da Pinacoteca. o dia 10 de dezembro de 2004, a Mostra primeira gestão, Candinha Bezerra emociona-se ao citar a exposição O Poder
Dinamizar a divulgação da casa tam- Arte Contemporânea, do renomado artista das Cores, do artista Pedro Pereira, que, após ter sofrido Acidente Vascular
bém está nos planos de Candinha Bezerra. visual natalense, radicado no Rio de Cerebral, encontrou nas tintas e pincéis caminho para a cura e aperfeiçoamen-
Acredita que com isso a visitação pública Janeiro, Abraham Palatnik. A exposição to de sua arte. "Eu quero que o artista local possa viver a Pinacoteca, ajudan-
aumentará consideravelmente. Preocupada ficará aberta ao público até março de 2005. do a torná-la viva e dinâmica", apela.
igualmente com a conservação da mobília A Pinacoteca também tem agendado O mesmo empenho demonstrado por Candinha Bezerra contagia Dácio
do antigo gabinete do governante do para 10 de março deste ano a abertura da Galvão, coordenador do Centro de Documentação Cultural da Fundação José
Estado e das salas de reuniões, localizados mostra coletiva Seridó, assinada por artis- Augusto, ao qual estão vinculados os museus do Estado. Ele afirma que a
no pavimento superior do antigo Palácio tas plásticos daquela região do Estado.
Pinacoteca é o primeiro passo para a institucionalização do Museu de Artes
Potengi, onde o destino do Rio Grande do Ainda neste primeiro semestre, mais
Norte era decidido em tempos idos, ela pre- especificamente em 7 de abril, ocorrerá o Visuais do Estado. Atrela esse desiderato à aquisição de peças de artistas
tende tornar os ambientes adequados vernissage da exposição Mentes e Arreios, nacionais e estrangeiros, aplicação de projeto luminotécnico nas salas e treina-
à visitação pública. "Aqui também fun- da artista Heloísa Faria. mento dos monitores.
6 nós, do RN Suplemento Natal - Janeiro de 2005

O
ambiente exala cultura por grandense do Século XX. O maior Andrade, José Lins do Rego, Graciliano Nosso Povo, publicado em 1945, por
todos os lados. Mesmo a pessoa desafio da instituição é salvaguardar a Ramos, Guimarães Rosa e Jorge Amado. Câmara Cascudo, com desenhos a
mais afeiçoada às manifestações biblioteca particular do mestre, que con- A maioria dos livros traz grifos e ano- carvão de Martha Pawlowna
do espírito humano não deixa de se emo- tabiliza 10 mil volumes. tações de próprio punho do genial natalense. Schidrowitz. Conforme Daliana, o
cionar quando penetra no templo dedica- A missão de preservar o acervo desse Também se pode ver anotações na Bíblia Memorial não permite empréstimo
do à memória de um gênio da raça "provinciano incurável" está há 18 anos Sagrada, da Sociedade Bíblica do Brasil, nem fotocópia das obras. A pesquisa
potiguar. Ainda mais quando se depara nas mãos de Daliana Cascudo, neta do contendo o Velho e o Novo Testamento. tem que ser realizada na sala própria de
com o acervo documental do mito Luís mestre e também diretora do Memorial, Afora obras literárias propriamente ditas, consulta.
da Câmara Cascudo (1898 - 1986). que é administrado pela FJA. Aliás, a pre- a coleção ainda exibe periódicos, sepa- Para preservar, de fato, todo esse
Para perpetuar a memória desse semi- sença espiritual de Câmara Cascudo fun- ratas e plaquetes que um dia foram patrimônio, o Memorial tomou algumas
deus da cultura norte-rio-grandense, o ciona como o fio de Ariadne para Daliana manuseadas pelo fundador da Sociedade providências, como a aplicação de pelícu-
Governo do Estado do Rio Grande do vencer as dificuldades de conservar o Brasileira do Folclore. las nas janelas de vidro da biblioteca,
Norte, por intermédio da Fundação José patrimônio do autor de Meleagro. "O Memorial representa a tentativa reduzindo a incidência de raios solares na
Augusto (FJA), criou o Memorial Encerrada no piso superior do pré- de preservar e divulgar a vida e a obra sala, colocação de tiras de borrachas nas
Câmara Cascudo, em 10 de fevereiro de dio, a biblioteca abriga livros, em sua de Câmara Cascudo. Pelo fato de abri- estantes, para evitar que a oxidação natu-
1987. Justa homenagem ao maior intelec- maioria raríssimos, uns tantos só encon- garmos a biblioteca particular, nós ral deteriore os livros, sobrecapas nos
tual do Estado, o Memorial reúne infor- tráveis na Biblioteca Nacional. Há tam- temos um acervo único no Estado e no volumes e etiquetas nas sobrecapas. De
mações preciosas sobre sua vida e obra. bém primeira edição de obras essenciais Brasil disponível para pesquisa", acordo com Daliana Cascudo, até mea-
Percorrer os dois pavimentos do para a afirmação da literatura brasileira, declara Daliana Cascudo. Ela exibe dos de 2005, todos os volumes da bi-
Memorial, em todo o seu esplendor, com dedicatórias assinadas por escritores com orgulho um raro e monumental blioteca estarão devidamente encapados.
equivale a encontrar reminiscências contemporâneos de Câmara Cascudo, exemplar de Lendas brasileiras - 21 "Dez por cento do acervo da biblioteca
daquele que é considerado o norte-rio- literatos da magnitude de Mário de Histórias Criadas pela Imaginação do já foi restaurado", ressalva.

Memorial Câmara Cascudo,


o templo
de um gênio
também é levado em conta, uma vez que as paredes da
sala são pintadas de branco (parte religiosa) e
preto (parte mística).
Uma vez na Sala de Ex-votos, como o nome
diz, o visitante pode observar um cruzeiro com
objetos doados, imagem de Nossa Senhora
Aparecida, padroeira do Brasil e imagem de
Santo Antônio, São Jorge e da Sagrada Família.
"Nós procuramos retratar fisicamente coisas
estudadas por Câmara Cascudo", explica a direto-
Memorial preserva e divulga a obra e a história de Luís da Câmara Cascudo ra.
Só em 2004, o Memorial Câmara Cascudo
No piso inferior, a presença marcante do autor de Rio Grande do Norte, em 1978.
recebeu mais de 10 mil visitantes, entre norte-
Alma Patrícia - primeira publicação do mestre - tam- Na ala esquerda, há várias salas que representam o rio-grandenses e turistas do mundo todo. "Os
bém se faz notar. Na ala direita desse pavimento, fun- trabalho de pesquisa desenvolvido pelo folclorista ao estudantes vêm com uma concepção nova e
ciona pequeno museu expondo fotos representativas longo da vida. Na Sala da Cultura Popular, por muito consciente sobre a obra de Câmara
de momentos da vida do autor do Dicionário do exemplo, o visitante encontra peças de artesanato, Cascudo", revela Daliana, salientando que é pre-
Folclore Brasileiro, edições antigas e novas da obra cas- mamulengos, jangada, rede de pescar e de dormir, além ciso incrementar o turismo no Corredor Cultural,
cudiana, exposição da cédula de Cr$ 50.000,00 home- de pilão tipicamente nordestino. Contígua à Cultura que liga Ribeira à Cidade Alta, pois Natal tem
nageando-o, que circulou entre 1990 e 1991, e matérias Popular, está a Sala do Folclore retratando a literatura patrimônio arquitetônico-histórico-cultural para
de jornais escritas por Câmara Cascudo e sobre ele. de cordel, bumba-meu-boi tradicional, estilizado e traje mostrar ao visitante.
É só o visitante não perder de vista o acervo que de galante. "Nestes 18 anos de funcionamento do
ainda vai dar de cara com a jurássica Remington, lupa, Na Sala da Magia, depara-se com o mito universal Memorial, nós notamos que houve um aumento
óculos, chapéu, bengala, carimbo, comendas e exem- do lobisomem, boi tatá, mesa de catimbó e represen- na procura e na valorização da cultura local, o
plares dos indefectíveis charutos Corona Privée da tação de superstições para todos os tipos e gostos que é muito louvável", pontua a neta e guardiã
Suerdieck Bahia, além do traje de Doutor "Honoris traduzidos no gato preto, botija, escada, espelho que- das 'jóias raras' de Luís da Câmara Cascudo.
Causa", título conferido pela Universidade Federal do brado, ferradura e vassoura. O sincretismo religioso (PJD)
Natal - Janeiro de 2005 Suplemento nós, do RN 7

Funcarte:
p aut a lot ada p ara 2005
P
rima-dona e motriz das ações gravuras de artistas de João Pessoa. No emblemático agosto, as galerias
na área da cultura no município Antes, em fevereiro, a Capitania das abrigarão a exposição Arte dos
Plano municipal de cultura
A Funcarte está com as baterias voltadas para a ela-
de Natal, a Fundação Capitania Artes terá a honra de receber os tra- Canhotos e outra pelo Dia do
das Artes (Funcarte) está cumprindo o balhos da holandesa Cristina Mia Pals, Folclore. Dezembro é o mês do Salão boração do Plano de Desenvolvimento Local Sustentável, no
papel que lhes cabe no tabuleiro cul- residente em Portugal. da Marinha, exposição dos alunos do período 2005 a 2008, visando a implementação das metas
tural, atraindo artistas e visitantes ávi- Outra artista internacional, a norte- Atelier Comunitário da Funcarte propostas na 1ª Conferência Municipal de Cultura, realizada
dos por consumir o melhor das artes americana Alexandra Core, exporá igual- (Múltiplo Atelier) e do IX Salão de em 18 de junho de 2004, em parceria com a Fundação José
visuais produzidas no Rio Grande do mente trabalhos na Funcarte, bem como Artes Plásticas da Cidade do Natal, o Augusto, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Norte e na região. Criada em 1992, na a natalense Célia Albuquerque. Ambas único do Nordeste com esse número Fórum Municipal de Cultura e Assembléia Legislativa.
primeira gestão de Wilma de Faria na programadas para julho. Quando entrar de edições. Cerca de 300 participantes, entre intelectuais, produ-
Prefeitura de Natal, a Capitania das setembro, o destaque é para a exposição Segundo dados do Departamento tores culturais, artistas e políticos, tiveram a oportunidade
Artes está com a pauta de atividades de pinturas, homenageando postuma- de Atividades Culturais da Funcarte, de opinar nos debates que culminaram com a elaboração
esgotada para 2005, repetindo o que mente o artista R. Peixe. no ano passado houve 30 eventos nas de documento propondo diretrizes para a fundamentação
vem ocorrendo nos últimos anos. As atividades permanentes da casa galerias da Funcarte, com público esti- do Plano Municipal de Cultura. Premeditando o futuro, o
São 22 exposições programadas no campo das artes visuais terão con- mado em 14 mil visitantes. "É muita então presidente da Capitania das Artes, Rinaldo Barros,
para este ano, destacando a da nata- tinuidade neste ano com a realização coisa para doze meses", comemora adiantou que o plano será o "evangelho" pelo qual o
lense radicada em Brasília, Socorro da exposição coletiva 8 de Março, pela Vatenor de Oliveira, chefe do setor, poder público desenvolverá estratégia planejada para a
Motta. A artista abre exposição no passagem do Dia do Artista Plástico. acrescentando que o número total de implementação de projetos culturais no município.
mês de março. Também em março O V Salão Jovem também tem lugar visitantes, desde a criação da Funcarte,
está agendada mostra coletiva de garantido na agenda, no mês de julho. ultrapassa os cem mil.
Sede do Governo Provincial
O prédio da antiga Capitania dos Portos de Natal e da
atual Capitania das Artes está localizado na avenida Luís da
Câmara Cascudo, antes rua da Cruz e também avenida
Junqueira Aires. A edificação foi construída no final do
Século XIX, no mesmo local onde existia outro prédio
que, de 1830 a 1862, serviu de sede ao Governo Provincial.
No dia 12 de agosto de 1873, foi inaugurada a
Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio
próprio na margem direita do rio Potengi. Ao que tudo
indica, teria sido ampliado o velho palácio presidencial. No
local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, nova-
mente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edifica-
do um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos
Portos até o ano de 1972. Abandonado, o prédio ficou
fadado à destruição pelas intempéries do tempo.
O atual prédio da Capitania das Artes foi tombado, em
nível estadual, em 11 de agosto de 1988. A Prefeitura
Municipal do Natal, por meio do projeto de restauração
elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, recu-
perou os elementos que compõem a fachada principal do
edifício, medida possível graças às marcas e vestígios que o
tempo não apagou.
Vazada por muitas janelas, a fachada apresenta ainda
dois frontões triangulares, nas extremidades da parede, e
encontra-se emoldurada por cornija e pilastras que mar-
cam de forma bastante severa a edificação em estilo neo-
clássico, tendo como elementos mais fortes a simetria,
ritmo dos cheios e vazios e os frontões que a compõem.
Um público estimado em 14 mil visitantes prestigiou as atividades da Funcarte em 2004 (PJD)
8 nós, do RN Suplemento Natal - Janeiro de 2005

Fundado em
1902, o centenário
Instituto Histórico e
Geográfico do RN
possui acervo de
valor inestimável

Barleus, uma A maravilha documental do livro

raridade no IHGRN
do Barleus é impressionante. Nele
encontramos, entre outras preciosi-
dades documentais, a primeira
representação de Natal, com sua
igreja, estupendamente instanta-
neizada pelo velho pintor Frans Post,
Carlos Morais Rerum Per Octennium in Brasilia et janeiro de 1654, nem tampouco
Alibi Nuper Gestarum Sub o fim inglório que a Holanda tornado, no Brasil, a memória visual
de Nassau, uma espécie de cronista

E
Praefectura Illustrissimi Comitis I. reservou para a sua fabulosa
m Amsterdã, na Holanda, no da paisagem. O Rio Grande do
Mauritti Nas-soviae, escrito e publi- odisséia.
início de 1648, um velho, per- Norte, hoje, marca sua presença no
sonagem bastante conhecido cado em Latim, naquela mesma Em novembro de 1902, o
cidade holandesa, menos de um engenheiro e grande bibliófilo museu Louvre graças ao talento
do mundo lítero-religioso da época,
enlouquecido, definhava em meio a ano antes, em 1647. Antônio Pereira Simões entrava para artístico de Post.
um tristíssimo final de vida. Barleus, o encomiástico cro- o nascente Instituto Histórico e O livro de Barleus é ilustrado
Acreditava-se feito de barro e não nista dos feitos de Maurício de Geográfico do Rio Grande do Norte pelos grandes quadros, repre-
permitia que ninguém se aproxi- Nassau, no Brasil, um dos (IHGRN), premiando a instituição sentando paisagens, vistas das
masse, temeroso de ser despedaça- homens mais cultos daquele com a doação de livros que não têm terras conquistadas, animais,
do. Era o teólogo cal-vinista e poeta fecundo século XVII, morria no preço, entre eles o raríssimo exem- árvores e figuras humanas pin-
holandês Gaspar van Berle, latiniza- dia 14 de janeiro, sem ter plar, em latim, de Barleus, da tadas pelo ativo artista. O livro
do para Gaspar Barleus, autor de p r e s e n c i a d o nem o amar- primeira edição, "a princeps", no lin- exibe ainda quatro mapas, que
um dos livros mais suntuosos e go regresso das tropas holan- guajar dos bibliófilos, raridade bibli- registram o limite do conhecimen-
importantes sobre a colonização desas, capituladas em Recife, ográfica conservada, até hoje, no to geográfico holandês do sécu-
holandesa no Nordeste do Brasil, na Campina da Taborda, a 26 de IHGRN. lo XVII.
Natal - Janeiro de 2005 Suplemento nós, do RN 9

Memória da história do RN
Ninguém pode escrever a verdadeira ras atividades correlatas vivenciais norte-
história do Rio Grande do Norte sem pas- rio-grandenses.
sar, obrigatória e imprescindivelmente, Incluindo, também, os importantíssimos
pelos centenários e poeirentos corredores arquivos do Senado da Câmara de Natal,
do Instituto Histórico e Geográfico do Rio verdadeiras raridades, documentos manu-
Grande do Norte. Ali, numa das primeiras scritos, datados de 1709, e relíquias
ruas de Natal, a da Conceição, ao lado da essenciais para o acesso a dados da
multicentenária Matriz de Nossa Senhora história político-administrativa do municí-
Aparecida, hibernam raríssimos documen- pio. Outra referência essencial: documen-
tos, únicos, de todas as fases de nossa tos que registram as ordens régias, a partir
revivescente história - colonial, de 1655, referentes à capitania, relaciona-
monárquico-imperial e republicana - que, dos à Fazenda Real. A documentação do
desempoeirados, se iluminam, saltitam, período imperial, mais abundante,
ganham vida e testemunham a metamor- armazena as atas das sessões do
fose sociopolítica e administrativa do Conselho da Província (1832) e da
Estado. Câmara Municipal (1853), que abarcam os
Só o seu acervo de manuscritos históri- períodos referentes aos poderes
cos, de valor inestimável, seria suficiente Executivo, Legislativo e Judiciário.
para municiar e mobilizar toda uma legião Todas as fases da vida civil, militar,
de pesquisadores de toda uma universi- política e eclesiástica fazem parte da docu-
dade, numa escavação historiográfica sem mentação em poder do IHGRN, fonte indis-
limites - do nosso passado. A documen- pensável e obrigatória aos estudantes, jor-
tação da cobrança de dízimos reais, nas nalistas, pesquisadores e curiosos, dese-
diversas ribeiras da capitania do Rio josos de banquetear-se das informações
Grande, desde 1702, é outra fonte de do nosso passado sócio-político, alimen-
pesquisa incalculável na decifração da tando-se, assim, de iguarias saudáveis e
vida, dos costumes, das leis, das obri- palatáveis para saborear o nosso presente
gações fiscais, das sonegações e de out- e conjeturar o nosso futuro.

bargador Vicente Lemos, o jor-

Em um século, apenas nalista Antônio de Souza e o


coronel Pedro Soares.
Apenas oito presidentes
Presidentes do IHGRN

oito presidentes dirigiram o IHGRN nos seus 102 Olympio Manoel dos Santos Vital
de atividades. Todos eles, à (1902-1910)
exceção do coronel Pedro Vicente Simões Pereira de Lemos
Soares e do escritor Enélio

O
desembargador Lira, Antônio de Souza e o Petrovich, foram desembar- (1910-1916)
Vicente de Lemos foi desembargador Moreira Dias, o gadores. E apenas um deles, Pedro Soares de Araújo
o principal incenti- futuro intendente municipal, assumiu, interinamente, por
vador dos esforços para a cri- Manuel Dantas, e o futuro vice- (1916-1926)
ação do Instituto Histórico e governador Henrique Castriciano conta de uma renúncia: o vice-
João Dionísio Filgueira
Geográfico do Rio Grande do e seu irmão, o senador Eloy de presidente Dionísio Filgueira
Norte (IHGRN), nascido após um Souza. ocupou o lugar de Pedro Soares. (1926)
encontro, no salão nobre da Na ocasião, ao presidir os O advogado Enélio Petrovich, Hemetério Fernandes Raposo de Melo
Biblioteca Pública (no Ateneu, trabalhos, Vicente de Lemos sobrinho de Nestor Lima, presi-
hoje Secretaria de Tributação), às salientou a nascente instituição (1926-1927)
dente durante 32 anos, estará
13 horas, de 26 homens da vida em sua condição de "ponto de completando o seu 42º ano à Nestor dos Santos Lima
política, jurídica e social de Natal. apoio" para a colheita de materi-
Entre os fundadores, dois ex- al historiográfico sobre a nossa
frente da administração. Sem (1927-1959)
governadores, os senadores história e aclamou a primeira ele, o Instituto, talvez, não Aldo Fernandes Raposo de Melo
Pedro Velho e Ferreira Chaves, o diretoria, presidida pelo desem- tivesse com todo esse precioso
material preservado. Aos trancos (1959-1963)
governador Alberto Maranhão, bargador Olympio Vital. A sessão
cumprindo seu segundo ano de foi encerrada com a nomeação e barrancos, vem conseguindo Enélio Lima Petrovich
administração, três futuros gover- de uma comissão para a elabo- manter, intacta, a memória histo- (desde 1963)
nadores, o deputado Tavares de ração dos estatutos: o desem- riográfica do Estado.
10 nós, do RN Suplemento Natal - Janeiro de 2005

SANTOS REIS,
UMA FESTA
DO POVO
Anchieta Fernandes

A
festa em comemoração aos Santos
Reis Magos, coroação do ciclo nata-
lino, e que se realiza geralmente entre
o final de dezembro até 06 de janeiro (quan-
do a Igreja Católica celebra a Epifania, a
manifestação da realeza divina de Jesus
Cristo), em todo o Brasil o povo tomou de
conta, fortalecendo-a e incluindo nela ele- Fiéis diante do altar, reverenciam as imagens dos padroeiros na Igreja de Santos Reis
mentos folclóricos e da criatividade artística
popular.
A rigor, os Reis Magos não poderiam ser cultuá-los como Santos Reis. A Igreja Silva, nos idos de 1598, os Reis Magos figu- Em 1901, as imagens foram para a Igreja
incluídos na hagiologia (vida dos santos), pois Católica absorveu este culto popular e feste- ravam na capela do forte "num desenho ou do Bom Jesus das Dores, na Ribeira. Em
não se tem na sua história real ações que justi- ja os Santos Reis Magos com tríduos, nove- pintura aplicada ao retábulo." Em 1752, o rei 1910, foram para a Capela da Limpa (por
fiquem o merecimento de serem considerados nas, procissões com as imagens deles. de Portugal, Dom José I, enviou as imagens causa do difícil acesso ao Forte, que ficava
santos: piedade, sacrifício, amor pelas outras Embora os "santos" Reis Magos sejam dos Três Reis Magos, que ficaram no forte cercado pelas águas do mar nas marés
pessoas. Baltazar, Belchior e Gaspar, com estes cultuados e festejados em outras partes do até 1901. enchentes, fora construída a capela destinada
nomes não estão mencionados na Bíblia. Brasil e do mundo, uma das devoções mais Luís da Câmara Cascudo, em "História a abrigar as imagens dos Três Reis, nas
O Evangelho de São Mateus, o único fortes ocorre em Natal, por causa de vários da Cidade do Natal", conta que, desde a dunas, entre o Canto do Mangue e o Forte,
que os menciona, fala apenas em Magos, motivos, principalmente os derivados das chegada das imagens, "em cada dia 6 de no local denominado Praia da Limpa). Na
sem dizer quantos eles eram, os nomes e raízes históricas da própria cidade. Que, janeiro duas terças partes da população assis- terceira década do século 20, por interesse da
sem especificar que eram reis. Os nomes inclusive, já se chamou Cidade dos Reis. tia à missa pela manhã e bênção à tarde. Marinha, que entrou em acordo com a
Baltazar, Belchior e Gaspar apareceram pela O forte edificado na barra do Potengi Durante todo o dia, o Forte ficava dentro do Arquidiocese, a Capela da Limpa foi demo-
primeira vez no século VII, num códice também remete ao nome dos Reis Magos, povo, uma maré humana com seus cantos, lida e construída outra no local onde se
(manuscrito antigo, com texto raro) da pois sua construção começou em 6 de danças, comidas improvisadas, desafios, encontra hoje (Igreja de Santos Reis, no bair-
Biblioteca Nacional de Paris. Diz-se que São janeiro de 1598, dia de Reis. Foi incluída nele brigas, promessas, no rito português, desde a ro de Santos Reis, em Natal, paróquia
Cesário (470-543) foi quem passou a chamar uma capelinha dedicada aos Santos Reis. espórtula em dinheiro até a pedra na cabeça, administrada pelos padres da Congregação
eles de Reis. No século XII, o povo passou a Segundo o professor Anelino Francisco da passando pela mortalha e as velas." da Sagrada Família).

Pagadores de promessas
E m entrevista à imprensa, a devota
dos Santos Reis, Sebastiana Alves
da Silva, dona Bastinha,
referindo-se à Festa de Santos Reis de
de janeiro, assistem o novenário e sua
evolução em grande esplendor, que é a rea-
lização da procissão. A procissão percorre
as ruas do bairro dos Santos Reis, acom-
há balanços em canoas, roda-gigante, car-
rossel, jogos (...). É flagrantemente percep-
tível a participação popular na comemo-
ração da festa dos Santos Reis. A aglome-
ruas, cantando e visitando casas, fantasiados
(representando os Três Reis Magos) e
alguns mascarados, levando uma grande
bandeira onde é pintada a cena da Adoração
antigamente, disse que "não havia procis- panhada por devotos e fiéis, cantando as ração é grande em frente à praça onde está dos Magos ao Menino Jesus.
são, somente três dias de tríduo - três dias rezas (os cânticos religiosos), exprimindo o palco, no qual apresentam-se artistas Ao chegarem em cada casa, eles cantam
de festa. As pessoas traziam relíquias, eram devoção e comunhão aos Reis Magos. locais e ou tradicionais, incluindo a roda de pedindo espórtulas (esmolas em dinheiro) e
pernas, braços, partes do corpo, para paga- Encerrada, ocorre a missa solene marcando capoeira, grupos teatrais e apresentação de elogiando o dono da casa, que os recebe
mento de promessas, e forma de demons- o fim das comemorações aos Santos Reis. João Redondo." oferecendo-lhes comidas e bebidas. Nos
trar fé aos santos." Dentro da Matriz, os fiéis ardorosamente Festa popular - Esta é a Festa de Santos cânticos - entoados em tom nostálgico, de
No fascículo da revista "Galante", o disputam flores que adornavam o andor Reis como acontece em Natal, capital do melodias medievais - existem também as
professor Anelino descreve a Festa de (...)". Rio Grande do Norte. Em outros Estados, partes narrativas da visita dos Magos ao
Santos Reis como é atualmente, em seus "O espaço físico reservado aos festejos durante todo o período do ciclo natalino Menino Jesus na manjedoura. As Folias e os
dois aspectos, o religioso e o social: "Para a açambarca desde a barraca da quermesse da são vistas as Folias e Ternos de Reis, ou Ternos de Reis acompanham as mesmas
Matriz dos Santos Reis (antiga Capela da paróquia, até as barracas de quitutes, aperi- Reisados, mistura de cânticos e dramaturgia motivações de pastoris e lapinhas presentes
Montagem), os devotos se dirigem no dia 6 tivos e aguardentes. No parque de diversões, apresentada por grupos que desfilam pelas no ciclo natalino.
Natal - Janeiro de 2005 Suplemento nós, do RN 11

Cascudo, o costume e o dir eito


Vicente Serejo
Pelo menos três vezes, na província e no mundo, Câmara Cascudo lançou seu olhar ensaístico sobre o Direito. Mas, em cada olhar, não teve os olhos
voltados para a discussão técnica ou a formulação de teses como professor de Direito Internacional Público, sua cátedra na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Em todos os lances de visão, foi fiel a si mesmo e à sua erudição indagadora, porque
buscou sempre a compreensão do homem como ser universal, centro gerador de usos e costumes.
O saber jurídico, a rigor, foi sempre um bom lastro na formação intelectual de Câmara Cascudo. E se não foi a sua grande vocação, apesar de professor
fundador da antiga Faculdade de Direito, conferiu ao seu olhar um jeito moderno, a seu tempo, de perceber a importância dos atos administrativos como
marcas determinantes da própria história do homem, desde o simples ordenamento da das sociedades humanas e seus valores, às relações de mando e
obediência a partir das leis e dos costumes.
É esse homem de formação culturalmente consuetudinária, posto que antes da lei prevalece o costume, que Cascudo olhou com a perfeição de um gênio.
Não foi à toa que, indagado sobre o centro de suas preocupações intelectuais, respondeu que seu grande tema não era o homem nas suas excepcionalidades,
mas na sua normalidade. Porque buscando compreendê-lo como ser comum e universal é que esse homem cascudiano se ergue, cercado da permanência dos
seus hábitos, costumes e tradições.

O SÍMBOLO DO PELOURINHO
mento caracteristicamente penal,
expondo aos olhos do público exe-
cuções de açoites e a exibição dos
condenados por algumas horas na

E m l947, ao escrever a praça aberta".


História da Cidade do Embora faça a distinção - "O
Natal, não perdeu de vista Pelourinho não representava a
o mais antigo símbolo da lei plantado penalidade. Representava a lei" -
no chão antigo da cidade, na praça Cascudo informa que as penas
André de Albuquerque: o Pelourinho. definiam o Pelourinho muito mais
O texto, três anos depois, é transcrito fortemente como símbolo dos ri-
na revista do Instituto Histórico e gores da lei. É ele quem enumera,
vira separata em 1950. Alicerçado em num verdadeiro código de maus cos-
vários historiadores portugueses e tumes, alguns deles até hoje pratica-
brasileiros, anunciou o conceito do dos: "As penas do Pelourinho eram
Símbolo Jurídico do Pelourinho: "Em destinadas aos ladrões no peso dos
Portugal como no Brasil proclamava víveres vendidos ao povo, aos
a unidade da lei essencial", nas gatunos, vadios sem profissão, bêba-
Ordenações do Reino. dos gritadores, perturbadores do
É Cascudo quem narra: sossego noturno, mulher de má vida
"Chantado o Pelourinho, diante dele interrompendo o sono alheio, quem
eram lidos, daí em vante, todos os punha substância estranha no pão
documentos do município, avisos, para aumentar-lhe o volume, quem
alvarás, regimentos, (dados aos ofí- vendia peixe deteriorado, carne em
cios), pregões, editais, proclamações mau estado, aqueles que depredavam
reais e locais, arrematações, enfim a árvores e edifícios públicos, os que
publicidade do serviço coletivo. E os usavam pesos falsos, os que feriam
papéis eram pregados em uma das perversamente animais, os que blas-
faces da coluna". E fecha, com um femavam em público, interrompiam
exemplo: "Há uma vila em Portugal, com assuadas e brigas as cerimônias
Segura, no distrito de Castelo oficiais ou religiosas, os que ata-
Branco, que ainda emprega o seu cavam fisicamente autoridades e
Pelourinho para a fixação de editais membros do Senado da Câmara, a
desde 1510!". tavolagem barulhenta, os vagabun-
Além de símbolo jurídico, o dos, os que empregavam medidas de
Pelourinho era também uma marca capacidade fora da aferição legal, os
dos rigores da lei, punindo abusos e valentões, os que perambulavam
impondo penas e sacrifícios. E armados sem licença, os escravos
mesmo não sendo "instrumento de armados ou fujões, os que resistiam,
justiça arbitrária e pessoal", ostentava à verificação da patrulha de quadri-
dois usos bem definidos na organiza- lheiros da Câmara, homem vestido
ção legal da vila: "O histórico, dizen- de mulher ou mulher vestida de
do da existência funcional de uma homem...". É quanto basta para fixar
magistratura regular e local; e o ele- a idéia do seu pequeno ensaio.
12 nós, do RN Suplemento Natal - Janeiro de 2005

Farol de Mãe L uíza, conselheiro do mar


C onstrução perto do mar, geral-
mente em forma de torre, com
foco luminoso, na parte superior,
para orientar navios e aviões durante a noite.
Este é o conceito que os
dicionários dão para os faróis.
Em Natal, um deles começou a ser
construído em 5 de março de 1949 e
faz parte do cenário da cidade desde
14 de março de 1951, quando foi
concluído. A inauguração ocorreu
em 15 de agosto do mesmo ano.
Fica no bairro de Mãe Luíza,
Zona Leste da capital.
O Farol Natal, popularmente conhecido
como Farol de Mãe Luíza, está a 87
metros em relação ao nível do mar, tem
37 metros de altura, escadaria com 150
degraus e seu alcance de sinalização
atinge 39 milhas náuticas, o que
corresponde a 72,2 quilômetros.
A lanterna, no alto da torre, é
acionada à energia elétrica. Um sistema
alternativo de gás garante
seu funcionamento caso ocorra
qualquer incidente.
O Farol Natal é o principal auxílio
aos navegantes que demandam o porto
de Natal, possibilitando aproximação
segura à barra do rio Potengi. Ele é
identificado por um grupo de cinco
lampejos brancos no período de 25
segundos. Quatro
homens da Marinha do Brasil
trabalham no local.
Do seu alto, a visão é privilegiada:
ao Norte, aparece a praia de Jenipabu,
com suas dunas paradisíacas.
Olhando-se para o Sul, Ponta Negra,
um dos principais cartões postais do
Estado, surge deslumbrante. Em volta
do monumento, em meios às dunas,
casebres se misturam com as
edificações de grande porte, dando o
tom da exploração imobiliária na região.

SERVIÇO
O QUE - Visita ao Farol de Mãe Luíza
QUANDO - De segunda a sábado
HORÁRIO - 09:00 às 11:00 e 14:00 às 17:00
COMO - Agendamento pelo telefone (84) 201-0477
ENTRADA - Gratuita

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