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Protocolo básico de biossegurança 3
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na clínica ortodôntica 5
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Maria Perpétua Mota Freitas*, Luciane Macedo Menezes**, Susana Maria 9
Deon Rizzatto***, Janara Ardenghi Feldens**** 10
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Resumo 21
Apesar de ser remota a comprovação do estimulado a criação de uma série de re- 22
risco de contaminação nos consultórios gulamentações e exigências por parte dos 23
odontológicos, muitos profissionais ainda órgãos governamentais, sendo a razão 24
se mostram resistentes à adoção de méto- primária para a adoção de um programa 25
dos eficazes de controle de infecção, em eficaz de biossegurança, garantindo a pro- 26
especial os ortodontistas, em função seja teção do ortodontista, auxiliares, pacien- 27
das dificuldades em implementar tais me- tes e familiares. O objetivo desse artigo é 28
didas ou, talvez, pela c rença de que tal descrever as técnicas hoje disponíveis para 29
especialidade apresenta um menor risco. prevenção de infecção cruzada na prática 30
A possibilidade de contrair doenças du- ortodôntica, sugerindo um protocolo para 31
rante o atendimento odontológico tem implementação da biossegurança. 32
Palavras-chave: Infecção cruzada. Biossegurança. Ortodontia. 33
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* Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial – PUCRS. Doutoranda em Materiais Dentários - PUCRS.
** Doutora e Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Professora de Ortodontia da PUCRS e ABORS. 47
*** Mestre em Ortodontia pela PUCRS. Especialista em Ortodontia pela UFRGS. Professora de Ortodontia da PUCRS e ABORS. Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
**** Mestre em Ortodontia - PUCRS.
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PROTEÇÃO DO PACIENTE DESCONTAMINAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO11
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Procedimento Frequência Superfície Método Freqüência Barreira mecânica 3
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Uso obrigatório em procedimentos Bancadas Após o uso 5
Óculos
que geram aerosol10,11,13 6
Lavagem com
2X/dia e após 7
água e sabão
Descartável ou plástico com Pisos
neutro com fricção
o período de 8
Avental guardanapo descartável sobreposto trabalho13 9
forte e desinfecção
(troca a cada paciente) com hipoclorito a 10
2%10,13 2X/dia e após 11
Bochechos com Clorexidina a 0,12% Pias/Sifão o período de
trabalho13 12
antes do atendimento. Este procedi-
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Bochechos com antisséptico mento determina a prevenção do risco
Cadeira 14
de infecção cruzada pela redução no
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número de microrganismos14
Mocho
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quadro 1 - Procedimentos de biossegurança para proteção do paciente. 17
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Cuspideira
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Pontas de rotação Lavagem com
PROTEÇÃO DOS PROFISSIONAIS (Fig. 1) 21
hipoclorito a 2%,
desinfecção com 22
Seringa ar/água
Procedimento Frequência álcool etílico a Após o uso13 23
70%, Hipoclorito
a 2% ou
24
Ap.
Fotopolimerizador glutaraldeído 10,13 25
Troca após cada paciente ou se perfuradas ou com cor-
te10,13. Evitar o uso concomitante de pulseiras e anéis10,13 26
Luvas Evitar tocar ou manipular objetos fora do campo de 27
trabalho (Fig. 2). Para os auxiliares, uso da luva de Refletor
Invólucro com
borracha para processamento do material10,13,15 28
filme de PVC ou
papel alumínio 29
Ap. Ultr assom
nas regiões de 30
Gorro Troca por turno de trabalho10 contato durante
o atendimento 31
Ap. de RX
Troca por turno de trabalho, ou se houver contamina- (Fig. 3) 32
Máscara
ção direta com sangue e/ou saliva10,13 33
Lavagem com água 34
Lavagem e secagem após cada turno ou quando e sabão, aspirar
Óculos Mangueiras de nas mangueiras Após cada dia de 35
visivelmente sujos10,13,15
filtros do sugador hipoclorito de sódio atendimento13 36
a 1%, pelo menos
Jaleco limpo. Troca sempre que mostrar sujidades. Uso 37
Vestimentas 1 litro13
restrito ao ambiente do consultório1,2,5,10,13,15 38
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Removê-los, lavar
Lavagem e secagem das Antes e após atendimento de cada paciente10,13,
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no interior com
mãos utilizando sabão com antimicrobiano16 água, escova e 41
sabão neutro. 42
Reservatórios de
Imergir hipoclorito Semanalmente13
Imunização obrigatória contra hepatite B (recomenda-
água do equipo
de sódio a 1% por 43
se realizar teste sorológico para confirmação após 1 a 30 min e enxaguar. 44
Vacinação
2 meses de aplicada a 3a dose)15, sarampo, caxumba, Encher com água 45
rubéola e tétano11 destilada10,13
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quadro 2 - Procedimentos de biossegurança para proteção do profissional. quadro 3 - Procedimentos de biossegurança para descontaminação do am- 47
biente de trabalho. 48
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FIGURA 1 - Equipamento para proteção profissional. FIGURA 2 - Situações contra-indicadas pelo proto- 21
colo de controle de infecção cruzada.
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FIGURA 3 - Regiões de contato a serem protegidas durante o atendimento e trocados após cada 47
paciente. 48
o ato de fazer anotações no prontuário do paciente, sem os de- Outro cuidado importante é a atenção durante a seleção das 1
vidos cuidados2,8. Para evitar tal situação, o material de consumo bandas ortodônticas. O correto para a prevenção de infecção cru- 2
deve ser colocado no campo operatório pelo auxiliar que esteja zada é a lavagem das mesmas após o uso, seguida da esterilização 3
sem luvas contaminadas. Já existem no mercado materiais des- em autoclave utilizando envelopes apropriados. Logo após, pode- 4
cartáveis como marcadores, ou agulhas para aplicação do condi- rão ser armazenadas junto às demais (Fig. 9). 5
cionamento ácido (Fig. 7). Outra alternativa seria a proteção do 6
material com PVC, cuja troca é obrigatória após o atendimento de CUIDADOS NOS PROCEDIMENTOS DE LABORATÓRIO 7
cada paciente. Para os elásticos, a solução seria a imersão em lí- Em Ortodontia, assim como em outras especialidades da Odon- 8
quidos desinfectantes. Acrescenta-se que, na rotina ortodôntica, tologia que utilizam moldagens, existe grande risco de infecção 9
incluem-se as cartas de simetria para confecção dos arcos. Estas cruzada no laboratório. Isso porque após removidos da boca do 10
devem também ser protegidas com filme de PVC (Fig. 8), seguindo paciente, os materiais de impressão saem impregnados por saliva, 11
o protocolo de troca individual por paciente, ou podem ser utili- ou até mesmo sangue. Dessa forma, para evitar a infecção cruzada, 12
zadas cópias com descarte imediato após o uso. deve-se proceder à lavagem em água corrente (Fig. 10), logo após 13
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PROCESSAMENTO DE MATERIAL E INSTRUMENTAL Método de 17
Instrumento / Material 1a Escolha 2a Escolha
processamento
Passos Procedimento Observações 10,13
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Imergir em glutaraldéido Afastador plástico p/ 19
Uso de luvas grossas de Esterilização Autoclave Glutaraldeído
1.Descontaminação a 2% ou hipoclorito a colagem
borracha 20
1%10,13 Afastador plástico p/
fotografia
Esterilização Autoclave Glutaraldeído 21
Manual por meio do uso
de água e sabão neutro 22
Algodão Esterilização Autoclave -
2.Lavagem (Fig. 4)
auxiliado por uma escova Uso de luvas grossas de 23
ou esponja ou mecânica borracha Alicates com cabo plástico Esterilização Glutaraldeído -
através de lavadora
24
Alicates metálicos Esterilização Autoclave Estufa
ultrassônica10,13 25
Bandas Esterilização Estufa Autoclave 26
Uso de água potável Uso de luvas grossas de
3.Enxágue
corrente borracha Bandeja Esterilização Estufa Autoclave 27
Secadora ar quente/frio,
Uso de luvas grossas de Brocas Esterilização Estufa Glutaraldeído 28
4.Secagem (Fig. 5) papel toalha ou tecido
seco e limpo
borracha Calcadores Esterilização Autoclave Estufa 29
Cinzéis Esterilização Estufa Autoclave
30
Estufa p/ material
termorresistente com 31
Compasso de pontas secas Esterilização Estufa Autoclave
acondicionamento em 32
caixas metálicas; autoclave Espátula de inserção Esterilização Estufa Autoclave
ou quemiclave p/ material 33
5.Esterilização (Fig. 6) - Espátula de manipulação Esterilização Estufa Autoclave
termossensível com acon- 34
dicionamento em papel Espelho bucal Esterilização Estufa Autoclave 35
Kraft , tecido de algodão,
embalagem de papel grau Estrela de Boone Esterilização Estufa Autoclave 36
cirúrgico10,13 Gaze Esterilização Autoclave - 37
Em local fresco, seco A validade deve levar Moldeiras metálicas Esterilização Autoclave Estufa 38
com umidade relativa em consideração o tipo
Moldeiras plásticas Esterilização Glutaraldeído -
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6.Armazenamento do ar entre 30 e 60% e de embalagem, processo
temperatura em torno de de esterilização e tipo de 40
Mordedor Esterilização Autoclave -
25oC10,11,13,15 armazenamento 41
Se não houver marcação Pinça Clínica Esterilização Autoclave Estufa
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Realização de testes adequada, chamar o Pinça porta-agulha Esterilização Estufa Autoclave
químicos com fitas técnico para revisão do
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7.Monitorização e controle indicadoras semanalmente equipamento e realizar Sonda exploradora Esterilização Autoclave Estufa 44
e testes biológicos anual- testes biológicos; Guardar Taças de borracha Esterilização Glutaraldeído - 45
mente10,13,15 o registro por pelo menos
2 anos Tesoura Esterilização Estufa Autoclave 46
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quadro 4 - Resumo dos passos para processamento do material e instru- quadro 5 - Principais instrumentais e materais utilizados em Ortodontia com
mental. o respectivo procedimento de biossegurança recomendado13. 48
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Figura 4 - Cuidados durante a lavagem do material contaminado. Figura 5 - Secagem do material com papel ab-
sorvente. 11
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A B C 25
Figura 6 - A) Acondicionamento do material para autoclavagem; B) instrumentais embalados; C) prontos para autoclavagem. 26
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A B 44
Figura 7 - A) Marcadores para fio ortodôntico e B) agulhas para condicionamento ácido, ambos descartáveis. 45
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Figura 8 - Proteção das cartas de simetria com filme de PVC. 12
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Figura 9 - Armazenamento das bandas ortodônticas após correto procedimento de esterilização. 28
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Figura 10 - Procedimentos para desinfecção do molde. 44
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Figura 11 - Recipiente com paredes rígidas ideal para o descarte de material.
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imergir o conjunto em líquido desinfectante (hipoclorito de sódio todônticos e amarrilhos, considerados material pérfuro-cortante. 24
ou glutaraldeído a 2%) durante 10 minutos ou submetê-los a um Devem, portanto, ser acondicionados em recipiente de paredes 25
spray utilizando uma dessas soluções e inserir num saco plástico rígidas10,13 (Fig. 11), lacrados e devidamente identificados, a fim de 26
pelo mesmo tempo16. A seguir, lavar novamente em água corrente evitar lesões no pessoal auxiliar e de recolhimento. Em geral, os 27
e proceder ao processo de modelagem. Faz-se importante salientar resíduos devem ser acomodados em sacos plásticos, bem vedados 28
que tais procedimentos exigem a utilização dos já citados equipa- para o transporte. Existem serviços municipais de recolhimento 29
mentos de proteção individual, em virtude do risco de respingos em caminhão de lixo hospitalar10,11,13 30
durante o manuseio10,13,15. 31
CONCLUSÃO 32
DESCARTE DE RESÍDUOS É perceptível, portanto, a importância de um controle de infec- 33
O descarte de resíduos também se insere nas medidas de bios- ção no consultório ortodôntico, com vistas à prevenção da disse- 34
segurança, pois o destino dado aos chamados resíduos sólidos e minação de doenças entre paciente, profissional e pessoal auxiliar. 35
infectados é de responsabilidade do profissional e devem ser de- Vale ressaltar que as condutas para evitar a infecção cruzada de- 36
vidamente ensacados e encaminhados para incineração. Na Orto- pendem, basicamente, de bom senso e treinamento da equipe, pois 37
dontia, atenção maior deve ser dada às pontas de fio, arcos or- representam mudanças, essencialmente, de comportamento. 38
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Basic biosecurity protocol in the orthodontic clinic 2
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Abstract 6
Even though the risk of contamination in dental clinics has of regulations and demands by the government, with the 7
been long demonstrated, many professionals are resistant primary goal to adopt an effective biosecurity program, 8
to adoption of effective infection control methods, thus assuring the protection of orthodontist, staff, 9
especially orthodontists, due to the difficulty to adopt patient and relatives. This study describes the techniques 10
these measures or because of the belief that this specialty currently available for prevention of cross infection in the 11
presents a lower risk. The possibility of acquiring a disease orthodontic practice, with suggestion of a protocol for 12
during dental treatment has encouraged the establishment achievement of biosecurity. 13
key words: Cross infection. Biosecurity. Orthodontics. 14
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Referências
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Endereço para correspondência
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Maria Perpétua Mota Freitas 46
Faculdade de Odontologia - prédio 6 - Secretaria de Pós-Graduação
Av. Ipiranga, 6681 – Sala 209, Porto Alegre – RS - CEP: 90619-900 47
E-mail: perpetuamf@hotmail.com 48