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09 - 32, 2010
RESUMO
No início do século XXI, Diamantina, um singular enclave territorial da mineração Setecentista, no
Brasil, localizada no sertão de Minas Gerais, vive a lógica impactante da expansão do capitalismo e
seletividade do capital, que a insere no turbilhão do turismo internacional após a conquista da
chancela da UNESCO2 (que a eleva a Patrimônio Cultural da Humanidade) e da implantação do
polêmico Programa Monumenta (BID3 / República Federativa / Município). Logo, este artigo, ao
apresentar, objetivamente, as reflexões desenvolvidas em pesquisa recente na área da Geografia
Urbana, que teve como caso analítico Diamantina, tem por objetivo apontar para a urgência de se
tratar as denominadas cidades históricas brasileiras, tanto em abordagens de pesquisas científicas
quanto na prática do planejamento territorial urbano, enquanto totalidades inseridas na totalidade
mundo. Há de se considerar a cidade histórica no amplo território urbano que a encerra, ou seja,
defende-se sua “sobrevivência” enquanto totalidade perpassada pela lógica capitalista do mercado
global e a “perpetuação” de seus habitantes, ante um mundo que vive o império da fragmentação
dos lugares pelas ações imediatistas das governanças urbanas. Assim, focar as cidades históricas
para além dos limites do tombamento – quer seja em pesquisas científicas, quer seja na prática de
seu planejamento – pode se constituir em potencial instrumento para a minimização dos impactos
da dialética da construção destrutiva que envolve as cidades históricas brasileiras na atual fase do
capitalismo, além de induzir à democratização (utopia?) dos bens culturais do mundo.
PALAVRAS-CHAVE: Patrimônio Mundial. Cidade Histórica. Valorização do Espaço. Planejamento
Territorial Urbano. Diamantina.
ABSTRACT
At the beginning of century XXI, Diamantina, a singular territorial enclave of the 700th mining, in
Brazil, located in the hinterland of Minas Gerais, lives the amazing logic of the expansion of the
capitalism and selectivity of the capital, that after inserts it in the eddy of the international tourism
the conquest of the seal of UNESCO (that it raises it the Cultural Heritage of the Humanity) and of
the implantation of the controversial Monumenta Program (BID/Federative Republic/City). Then,
this article presents, objectively, the reflections developed in recent research in the area of the
Urban Geography, that had as in case that analytical Diamantina, and it has for objective pointing
with respect to the urgency of if treating the called Brazilian historical cities, as much in boardings
of scientific research how much in the practical one of the urban territorial planning, while inserted
*Professor da Universidade Federal de Ouro Preto (DETUR / UFOP). Doutorando em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP).
10 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 28, 2009 BATISTA DA COSTA,E
in the totality world. It’s necessary to consider the historical city in the ample urban territory locks
up that it, that is, defends its “survival” while totality filled by the capitalist logic of the global
market and the “perpetuation” of its inhabitants, in front of a world that lives the empire of the
spalling of the places for urban the actions that demands a quick thought of governments. So, to
focus the historical cities stops beyond the limits of the falling - either in scientific research, either
in the practical one of its planning - consist in potential instrument of minimizing the impacts of the
dialectic of the destructive construction that involves the Brazilian historical cities in the current
capitalism phase, and inducing to the democratization (utopia?) of the world cultural goods.
KEY WORDS: World Heritage. Historical City. Valuation of the Space. Urban Territorial Planning.
Diamantina.
em que a cidade é projetada mundialmente por segregação social cuja natureza é tanto
via do turismo cultural e recriada como uma econômica, fruto de um desenvolvimento
mercadoria singular e irreplicável.10 desigual e combinado, como de outras
Açambarcado pela cenarização diferentes ordens. Tal segregação espacial,
progressiva do patrimônio [sobre esse processo, como no caso de Diamantina, quase sempre é
ver Costa (2009) e Costa e Scarlato (2008)], o muito fácil de se verificar, trata-se de um
centro histórico de Diamantina vem sendo fenômeno visível a olhos nus. “A cidade é
destinado à troca, cada vez mais seus modos repartida – toda ela – por delimitações tanto
operantes de usos são subordinados ao físicas quanto simbólicas” (VALENÇA, 2006, p.
mercado, o patrimônio é condicionado à 185). Isso nos remete à questão de que a cidade
privatização e à lógica do neoliberalismo,11 o que torna-se cada vez mais importante para a
se reflete na totalidade do território urbano, que acumulação de capital em geral – produção e
configura uma cidade dual. consumo de mercadorias e reprodução da força
De acordo com Santos (2007, p. 79- de trabalho – como a produção do espaço
80), no mundo de hoje, cada vez mais as urbano é parte nada desprezível dessa
pessoas se reúnem em áreas mais reduzidas, acumulação, que se mostra desigual no
como se o habitat humano minguasse. Isso território. Logo, as ações dirigidas à cidade
permite experimentar, através do espaço, a seguem, cada vez mais, a lógica de sua
escassez. Para Milton, a ânsia de se utilizar, transformação em mercadoria.
mercadologicamente, um dado território, não As atuais ações sobre o patrimônio
apenas divide como separa os homens, ainda edificado no centro histórico de Diamantina
que eles apareçam como se estivessem juntos. esboçam uma política de preservação que visa
É essa fragmentação a identificada em ao desenvolvimento de um “sistema simbólico”
Diamantina, onde as oposições [centro que se adapta às estruturas do sistema
“valorizado” x periferia “precarizada”] e também capitalista, de acordo com a dinâmica de
[habitantes locais esperançosos por uma vida consolidação de práticas e valores de consumo
digna x turistas ávidos pelo consumo da a partir da apropriação dos bens culturais
paisagem] são agravadas pela correlação dos metamorfoseados em “capital simbólico”
pares dialéticos uso / troca, “preservação” / (HARVEY, 2005). Ao se considerar o Programa
mercantilização, e Estado / mercado; os últimos, Monumenta em Diamantina (Patrimônio Mundial
constituindo-se como influência da eficácia de e mercadoria global), fica patente a dialética da
vetores hegemônicos externos que promovem “preservação” patrimonial que se dá
políticas de organização do espaço urbano simultaneamente às ações relativas à nova
capazes de transformar a realidade e a economia urbana capitalista (gerida pelo Estado
representação do espaço para diferentes grupos e pelo mercado), que reproduz o centro da
sociais locais. cidade e rebate sobre o território urbano num
Deve-se considerar que a forma de contexto mais amplo. A cidade histórica não deve
rebatimento da desigualdade no espaço ser entendida ou contemplada apenas pelo
construído da cidade, logo, depende de como centro histórico ou o núcleo urbano tombado,
este pode favorecer a acumulação do capital e restrita a um perímetro de tombamento; essa
tem sua geografia própria estabelecida dentro deve ser a contribuição do olhar geográfico
do processo histórico. Para Valença (2006), a sobre as cidades antigas brasileiras.
cidade é, em diferentes formatos e
intensidades, desigual, abrigando seletivamente A dualidade da “valorização” do centro
ricos e pobres. Há de se considerar, ainda, que histórico frente à “precarização” da periferia:
essa seletividade – que se traduz em fator de transformação da realidade e do
segregação espacial, conforme Valença (2006) imaginário do diamantinense - uma questão
– também é a tradução no espaço de de produção socioespacial capitalística
Da volrização do espaço à fragmentação articulada do território urbano: A cidade
histórica para além dos limites do tombamento - O caso de Diamantina (MG), pp. 9 - 32 13
Foto 01: Panorâmica do centro histórico de Diamantina e seu arredor, a uma altitude de 1400 m, na Serra
do Espinhaço. Foto: PMMG.
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Da volrização do espaço à fragmentação articulada do território urbano: A cidade
histórica para além dos limites do tombamento - O caso de Diamantina (MG), pp. 9 - 32 15
oferecido a UNESCO para inscrição na Lista do contemplar com o planejamento todo o território
Patrimônio Mundial; e toda a população local. Logo, a elaboração
•Zona de Preservação Complementar – PC – do Plano Diretor em 1999, em Diamantina,
que corresponde às áreas que não apresentam aponta-nos para uma ação pública que visa,
grandes contrastes e discrepâncias com relação inicialmente, a atender às necessidades de
à ZPR, integrando-se a imagem urbana do expansão do capitalismo e de reprodução do
Centro Histórico; capital, com a refuncionalização dos bens
•Zona de Proteção do Centro Histórico – ZPCH culturais.
– que é constituída pelas áreas urbanizadas que Para Castells (1975, p. 209), os
envolvem o Centro Histórico, à nordeste; problemas urbanos, isto é, os processos sociais
•Zona Residencial – ZR – que abrange as áreas de consumo coletivo, são, em muitos aspectos,
de tipologias residenciais consolidadas, dos problemas essenciais postos às sociedades
confrontantes com a ZPCH; industriais avançadas. Como, no fim das contas,
•Zona de Contenções das Ocupações – ZCO – o que está em jogo é a questão de se o sistema
que abrange as áreas de interferência visual social é ou não capaz de absorver o ritmo das
indesejável na paisagem, que deverão ter sua mudanças impostas, os problemas devem ser
expansão e adensamento contidos; tratados por instituições público-
•Zona de Urbanização Prioritária – ZUP – que administrativas, pelo Estado, e geridos em
abrange diversas áreas descontínuas de termos de previsão, com expectativas para um
urbanização precária, nas periferias do tecido longo prazo. “A problemática do urbano coincide
urbano. cada vez mais com a do planejamento urbano”
•Zona de Grandes Equipamentos – ZGE – que (CASTELLS, 1975, p. 209).
abrange uma faixa de 100 m de largura para A análise da organização espacial
cada lado, a partir do bordo da pista de de Diamantina remete-nos a um complexo
rolamento da rodovia BR 367, da Reserva do emaranhado de usos da terra justapostos entre
Pau de Fruta até o trevo de Biribiri; si. Áreas são definidas pelos seus usos, como o
•Faixa de Reserva – FR – que abrange ambos centro histórico, local de lazer para o turismo,
os lados do Rio Grande e Ribeirão da Palha, e de comércio, de serviços e de gestão,
dos córregos da Prata e Pururuca, e é destinada apresentando, ainda hoje, funções múltiplas
à implantação de tratamento sanitário e historicamente estabelecidas; o turismo e o
paisagístico da calha dos referidos cursos turista é que, gradativamente, “ganham
d’água e à implantação de novas vias de espaço”, em relação às outras atividades e
circulação. sujeitos sociais. O centro histórico de
Diamantina constitui-se, ainda, em um espaço
Note-se que o Plano, teoricamente, complexo de vivência referencial para o
abrange a totalidade do território urbano de diamantinense (isso revela a incipiência do
Diamantina (sobretudo as áreas de ocupação processo de mercantilização do patrimônio em
“indesejada”) dando significativa ênfase ao Diamantina, o que confirma a problemática da
centro histórico, de forma que a Zona de pesquisa de que a “valorização do espaço” na
Preservação Rigorosa, a Zona de Preservação cidade ganha relevo a partir de sua inclusão na
Complementar e a Zona de Proteção do Centro Lista do Patrimônio Mundial e da implantação
Histórico constituem, conjuntamente, áreas do Programa Monumenta, no início do século
cujas diretrizes visam aos cuidados com o núcleo XXI, quando cidades como Ouro Preto e
tombado. Na prática, a teoria é outra; decorridos Tiradentes já estavam profundamente
dez anos, realmente, espera-se o momento ideal refuncionalizadas pela atividade turística
para que ocorra “o planejamento (...) do (COSTA e OLIVEIRA, 2008)). A cidade também
desenvolvimento urbano futuro da cidade”; apresenta, de forma desconcentrada, pequenas
espera-se, ainda, o momento certo para se indústrias e áreas residenciais diversas em
Da volrização do espaço à fragmentação articulada do território urbano: A cidade
histórica para além dos limites do tombamento - O caso de Diamantina (MG), pp. 9 - 32 17
termos de forma e conteúdo social (um olhar a uma movimentação cultural intensa, que a
partir da periferia), o que nos remete a um iniciativa parte da população e não somente pela
território urbano, dialeticamente, fragmentado prefeitura, o Monumenta foi assimilado por
e articulado. segmentos da prefeitura, pois a prefeitura não
Ao indagarmos o secretário podia onerar seu quadro com arquiteto,
de turismo de Diamantina, Walter Cardoso engenheiro, economista, exclusivos para o
França Júnior, sobre o risco de a cidade, nos Monumenta”.16
próximos anos, ver agravadas suas
Para Corrêa (2005, p. 07), o espaço
problemáticas socioespaciais, no que diz
urbano é simultaneamente fragmentado e
respeito à “cenarização” e segregação do
articulado, de forma que cada uma de suas
residente, do centro, como se identifica em
partes mantém relações espaciais com as
Tiradentes e Ouro Preto (COSTA e OLIVEIRA,
demais, ainda que de intensidades desiguais;
2008), o mesmo foi taxativo: “Acredito que sim,
no entanto, a fala dos agentes públicos de
o risco é natural, isso ainda não é muito
Diamantina remete-nos à desarticulação das
evidente, isso pode acontecer” 15 . Já o
ações de organização do espaço; as mesmas
coordenador do Programa Monumenta, Carlos
não contemplam as transformações urbanas
Emanuel considera que não é possível, devido
atuais de Diamantina, sobretudo, no que diz
ao grande fluxo diário de moradores para o
respeito à situação socioespacial da periferia da
centro da cidade. A postura contraditória de
cidade; as atenções estão voltadas para o
ambos agentes públicos revela-nos visões de
centro histórico, de forma objetiva e pontual.
mundo distintas e pontos de vista díspares
sobre o que vem ocorrendo em Diamantina, Nessa cidade histórica, a articulação
mesmo sendo ambos agentes públicos do território urbano, as relações socioespaciais,
diretamente envolvidos com a busca do podem ser identificadas, empiricamente, através
desenvolvimento do turismo na cidade. O do intenso fluxo de veículos no pequeno centro
primeiro, com uma visão de longo prazo, crê na histórico (o que se constitui em uma séria
possibilidade do centro histórico de Diamantina problemática), por meio do deslocamento
tornar-se um cenário banal, onde o residente cotidiano identificado nos bairros residenciais,
não tenha vínculo direto com território central da locomoção para os distintos locais de
da cidade, uma vez que já é evidente a saída trabalho, visitas a parentes e amigos, busca de
de moradores do centro; já o segundo, com uma locais para o lazer, etc
visão mais imediatista, não crê nessa O centro histórico aparece também,
possibilidade, dada a complexidade da atual conforme a função estabelecida por Corrêa
dinâmica que ronda o centro histórico. “Não é (2005) para um centro urbano, como núcleo de
possível, porque o cotidiano da população de articulação da cidade, o nó de uma pequena
Diamantina está ligado ao centro histórico, tanto rede, de forma que as relações espaciais
que ali você tem um banco, uma transportadora, integram, diferentemente, as diversas partes da
um forte comércio, você encontra com as cidade, unindo-as em um conjunto articulado.
pessoas nas ruas, caso diferente de Tiradentes, Logo, pode-se considerar, dialeticamente, o
onde baixou Rio de Janeiro e São Paulo. Sobre espaço urbano de Diamantina como
reassentamento de residentes ou retorno da fragmentado e articulado. Logo, confirma-se a
população para o centro histórico, no caso de problemática da pesquisa, de que as atuais
Diamantina, não tivemos nem desapropriação ações voltadas para o centro histórico de
nem o reassentamento, com o Monumenta. Eu Diamantina redundam em uma política de
sei que há intervenções que há necessidade de patrimônio que desvia a atenção pública e
retirar o pessoal, não é o caso de Diamantina. recursos de problemas mais amplos, sobretudo,
O comércio de Diamantina é antigo, não temos fora do núcleo tombado, o que vem afetando
um centro histórico vazio, tem vida própria, tem as condições de vida da população local,
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ressignificando “valores” e produzindo uma cidade, à cidadania plena e igual para todos”.
cidade altamente fragmentada, o que (CORRÊA, 2005, p. 08-09).
caracteriza a dialética da fragmentação As pesquisas de campo contribuíram
articulada mencionada por Corrêa (2005). “O para o desvendamento da vigente fragmentação
espaço da cidade capitalista é fortemente articulada do território urbano, ao se considerar,
dividido em áreas residenciais segregadas, comparativamente, o centro histórico e os
refletindo a complexa estrutura social em bairros Palha, Rio Grande e Bela Vista, os três
classes (...) é um reflexo tanto de ações que se últimos desprovidos de diversos equipamentos
realizam no presente como também daquelas de infra-estrutura, saneamento básico e
que se realizaram no passado e que deixaram assistência pública, que aparecem concentradas
suas marcas impressas nas formas espaciais do no centro da cidade e seu entorno (o mapa
presente (...) a desigualdade constitui-se em apresentado anteriormente delimita esta área).
característica própria do espaço urbano A análise do gráfico 01 confirma essa assertiva,
capitalista (...) O espaço da cidade é assim, e quando se tem a grande maioria dos
também, o cenário e o objeto das lutas sociais, entrevistados nos três bairros da periferia
pois estas visam, afinal de contas, o direito à apontando variadas problemáticas
socioespaciais em seus respectivos espaços de
vivência, em contraponto à população residente
Gráfico 01
40 37
35
35 32
30
25
Centro Histórico
20
Bela Vista
Palha 15
Rio Grande 10
7
5
0
Residentes por bairro
Mais uma vez, fica notória a contradição pela negligência dos agentes públicos em
existente em Diamantina entre a retórica relação aos seus espaços de vida, emerge uma
capitalística dos agentes públicos e o clamor retórica descabida por parte dos detentores do
sublevado dos habitantes locais. Enquanto a poder. De acordo com o atual Prefeito de
população dos bairros Rio Grande, Palha e Bela Diamantina, Gustavo Botelho Júnior, quando o
Vista apontam a “precarização” de seu território questionamos sobre sua análise dos principais
Da volrização do espaço à fragmentação articulada do território urbano: A cidade
histórica para além dos limites do tombamento - O caso de Diamantina (MG), pp. 9 - 32 19
Foto 02 e 03: Bairro Rio Grande, de ocupação desordenada, no entorno do centro histórico, com
gravíssimos problemas de infra-estrutura urbana. As casas foram construídas em meio às pedras. Foto do
autor / fev. 2008.
Planejamento territorial urbano e do turismo,
para quem?
território para o turismo; a primeira diz respeito
A atual política de patrimônio em à própria negligência com a qual é tratado; a
Diamantina evidencia o negligenciamento do segunda está ligada ao insustentável discurso
território, pois é tratado na ótica “econômica e das diminuições das desigualdades regionais
economicista da atividade turística” (CRUZ, com a implementação da atividade, como se o
2005). O Estado participa, ativamente, na turismo, uma atividade setorial, fosse capaz de
transformação do espaço social em produto de reverter, por si só, desigualdades historicamente
consumo, com o Programa Monumenta. De criadas. Logo, o turismo, por si só não é capaz
acordo com Cruz (2005, p. 35), duas de reverter as realidades históricas das
problemáticas afloram no tratamento do desigualdades sócio-regionais. Segrega, ainda
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criaram uma associação e tinham 101 a infra-estrutura urbana como sendo duas das
associados, o apoio da prefeitura foi oferecer o principais problemáticas socioespaciais
espaço físico e orientação via SEBRAE. Hoje enfrentadas pelo diamantinense. A Fundação
temos vários projetos, mas continuamos dando João Pinheiro ratifica, mais uma vez, ratifica
o apoio a este projeto. Hoje, a gente apóia nossa análise, ao trazer como os principais
pouco, não há necessidade, pois a associação problemas urbanos da cidade os córregos sem
já dá conta de se sustentar, os distritos também canalização, a habitação e o saneamento,
possuem esses grupos de artesãos que foram principalmente esgoto sanitário. Diamantina
apoiados pela prefeitura”.20 apresenta todos os problemas de esgotamento
O quadro 02, a seguir, também da sanitário possíveis, de acordo com o quadro 03,
Fundação João Pinheiro, traz os principais que se sucede ao seguinte. De acordo com o
problemas urbanos identificados nos municípios prefeito, “O bairro Rio Grande foi ocupação
do Vale do Jequitinhonha, o que revela um desordenada; hoje, está sendo urbanizado, é
problema regional de gestão urbana que um dos bairros que tem mais investimento em
envolve a melhoria da qualidade de vida da urbanização. Estamos investindo em praças, na
população do norte de Minas Gerais. A fala dos captação de água da serra e na despoluição do
moradores de Diamantina, juntamente com a córrego, porque la é onde recebe o esgoto, é
observação de campo, remetem ao descaso uma das ações que estão sendo desenvolvidas,
municipal para com o saneamento básico e com de saneamento”.21
Quadro 02:
Quadro 03:
Fotos 04 e 05: Descuido com o tecido urbano, nos bairros Rio Grande e Palha.
Fotos do autor / fev. 08.
Segundo Campos Filho (1992, p. 47), atender importante reivindicação política dos
ao direito mínimo do cidadão urbano, que é o movimentos sociais urbanos. Isso significa ter
habitar com dignidade, está se tornando o cidadão uma casa, ainda que singela, com
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transporte para o trabalho, algum lazer, os diferenciação no padrão das habitações, onde
serviços essenciais à saúde, como água potável, poucos possuem uma renda para pagar uma
com a drenagem da água, tanto insalubre como moradia decente (foto 06). Há uma grande
a destruidora de sua moradia (enchentes), e sintonia da segregação, da fragmentação do
os serviços necessários à sua segurança, como território urbano, com a subnutrição, com o baixo
ruas bem iluminadas e transitáveis durante todo nível de escolaridade, com o desemprego, com
o ano. o subemprego e com o emprego mal-
Ao se considerar a proposição de remunerado. Para Corrêa (2005, p. 30), esse
Campos Filho, aferi-se que Diamantina grupo torna-se um agente modelador do espaço
apresenta um espaço urbano desigual e na produção de favelas (terrenos públicos ou
mutável dada a própria política pública de privados), a despeito de outros agentes; vê-se
patrimônio adotada; o Estado, juntamente com uma luta pela sobrevivência frente às
os agentes de mercado, frente aos grupos diversidades que encontram grupos recém-
sociais segregados, constituem-se nos chegados do campo ou provenientes de áreas
principais modeladores do espaço urbano. O urbanas reformuladas pelo mercado, que lutam
Estado e o mercado buscam na valorização pelo direito à cidade. “Como morar na periferia
simbólica um adendo para a valorização é, na maioria das cidades brasileiras, o destino
econômica do espaço central da cidade, criando dos pobres, eles estão condenados a não dispor
uma “cidade empreendimento de última de serviços sociais ou a utilizá-los
geração” (ARANTES, 2002, p.16) com ênfase no precariamente, ainda que pagando por eles
retorno ao planejamento, que segundo a preços extorsivos, é o mesmo que se dá com os
autora, não veio para corrigir o antiurbanismo transportes. O resultado de todos esses
anárquico. Ao contrário, esse novo agravos é um espaço empobrecido e que
planejamento veio para agravar ainda mais as também se empobrece: material, social, política,
problemáticas socioespaciais urbanas, desde cultural e moralmente (...) A quem pode um
que governantes e investidores passaram a candidato a cidadão recorrer para pedir que faça
desbravar a fronteira do poder e do dinheiro – valer o seu direito ao entorno (...) ? A própria
no negócio das imagens. “O ‘tudo é cultura’ da existência vivida mostra a cada qual que o
era que parece ter sido inaugurado nos idos de espaço em que vivemos é, na realidade, um
1960 teria, pois, se transformado de vez naquilo espaço sem cidadãos”. (SANTOS, 2007, p. 65)
que venho chamando de culturalismo de
mercado” (ARANTES, 2002, p. 16). O espaço
urbano de Diamantina é produzido focalizando-
se esculturas, praças, objetos arquitetônicos de
alto valor simbólico incorporado, atraindo
capitais e estruturando a obrigatoriedade de um
trajeto pré-estabelecido, são zonas favorecidas
que incorporam o capital cultural, na ilusão que
forja não somente um esperado futuro
promissor para uma classe determinada, mas
precariza a situação urbana e de vida de
pessoas menos esclarecidas e menos
favorecidas social e espacialmente.
Quanto aos grupos sociais
segregados, os últimos modeladores do espaço
urbano, vivem as diferenças aos acessos aos Foto 06: Habitações precárias, entre as pedras, no
bens e serviços produzidos socialmente. Corrêa bairro Rio Grande. Foto do autor / fev. 08.
(2005) considera marcante no espaço urbano a
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Os bairros Palha e Rio Grande, principalmente, periferia. Considerar a cultura localizada apenas
estabelecidos em terrenos inadequados aos no centro é desconsiderar o que não é central,
outros agentes de produção do espaço (como o que acontece em Diamantina, no nosso
o da foto 06, acima), devido às encostas entender; a cultura que se cultiva no território
íngremes e áreas alagadiças, aos poucos e de que se mostra desprovido das condições dignas
forma incompleta recebem o insuficiente de de sobrevivência é a da pobreza e a da miséria,
infraestrutura da municipalidade. Normalmente, o que acaba por transformar o imaginário do
a verba pública ou os investimentos só são residente em relação à sua cidade histórica,
destinados à periferia ou à parte do território representada pelo centro em processo de
urbano desprovido de capital fixo, sob a forma turistificação. “A musealização da cidade e dos
de assistencialismo, em caso de catástrofes centros históricos, ocorre em lugar da
naturais ou forte reivindicação popular, em ‘culturalização’ de todo espaço urbano; as ruas
lugares cujos habitantes organizam-se frente de lazer e outros enganosos paliativos aos
aos setores públicos. Conforme Carlos (2006), desequilíbrios da vida contemporânea caem
o urbano é, por excelência, o lugar das também nesta perspectiva” (MENESES, 1999, p.
contradições, dos confrontos, das lutas pelo 95).
espaço e da imposição de classe. Planejadores, políticos e promotores
Os problemas urbanos de culturais trabalham em conjunto para
Diamantina, apontados neste artigo, agravam produzirem ou estabelecerem um consenso
a situação de vida da população, vê-se que a social sobre as estratégias culturalistas;
ilusão de que o desenvolvimento da atividade assumem papel preponderante a mídia e a
turística favorece a melhoria das condições propaganda na veiculação local e internacional
sociais, de forma coletiva, transforma-se em uma das vantagens oriundas do desenvolvimento
retórica que busca o apaziguamento dos ânimos turístico, aparecem como os principais benefícios
sociais frente a um processo que segrega social oriundos da atividade, de acordo com as
e espacialmente. Segundo Campos Filho (1992), informações disseminadas, a geração
o conjunto dos problemas sociais urbanos vai “exorbitante” de empregos, a melhoria da
empurrando o trabalhador de baixa renda para qualidade de vida para a população local e o
posições cada vez mais periféricas na estrutura desenvolvimento do “capital” cultural para a
urbana, muitas vezes não lhe restando outra população local. Assim, pode-se considerar a
possibilidade que a aquisição de terrenos na proposta de Scarlato (2005), para quem é
zona rural (uma inversão de fluxos preciso se trabalhar a cidade não somente no
populacionais, agora, da cidade para o campo). plano de sua materialidade, mas também no da
Esse processo de periferização física e social subjetividade; quer dizer, a sociedade não só
acaba por distanciar ainda mais a família pobre produz, historicamente, formas espaciais,
do emprego, do comércio melhor e mais barato condições de sobrevivência, mas também
e dos serviços públicos de melhor qualidade, da reproduz, no seu imaginário, as representações
educação, saúde e lazer, que são gratuitos, ou simbólicas da cidade
seja, não são pagos pelos salários, isso, quando O planejamento urbano estratégico,
já existentes em seu lugar de morada. como instrumento de classe, que atua,
Logo, o novo planejamento urbano objetivamente, nos lugares “especiais” da
estratégico assume uma política cultural que não cidade (uma de suas limitações) não nos deixa
diz respeito à totalidade da experiência social, crer na argumentação de uma vertente para a
mas na segmentação dos privilegiados. De qual a cultura desceu de seu pedestal elitista,
acordo com Meneses (1999, p. 95), há uma visão bem como saiu de seu confinamento populista,
concentradora de cultura que se consubstancia expandindo-se e infiltrando-se por todos os
no centro histórico, por exemplo. O termo centro, domínios relevantes nas arenas econômicas,
de cara, induz à ideia da existência de uma sociais e políticas, reconstituindo-as segundo as
Da volrização do espaço à fragmentação articulada do território urbano: A cidade
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regras de novos formatos culturais, utilizados Em um território urbano onde a localização dos
por sua vez, como recurso de valorização nos serviços essenciais é deixada ao sabor da lógica
respectivos âmbitos (cultura para as massas?). do mercado (ou da mercantilização de
Precisa-se concordar com Arantes (2002, p. 47), patrimônio), verifica-se uma tendência geral
o acesso à cultura ainda é elitizado e direcionado para que as desigualdades sociais aumentem.
a uma classe específica. Ao empobrecimento pela economia, isto é, pelo
Para colocar termo à dialética mercado, junta-se o empobrecimento pela
fragmentária de uma construção destrutiva que desorganização do território por inação do
assola as cidades históricas, analisadas à luz poder político.
da relação entre a valorização do espaço, a Somos favoráveis à análise de
dominação do espaço e a representação do Castells (1975) sobre o planejamento urbano,
espaço, operacionalizadas por sujeitos sociais pois, pode se definir, em geral, como a
com distintas visões sociais de mundo urge a intervenção do sistema político sobre o sistema
transcendência de uma luta urbana que deve econômico-social, na esfera de um conjunto
enfocar a cidade como um todo e o indivíduo socioespacial específico; intervenção
total, onde os segregados unam-se em favor encaminhada para regular o processo de
de uma causa comum. Para Milton Santos, em reprodução da força de trabalho (consumo de
“O espaço do cidadâo”, as ações que têm bens e serviços) e o da reprodução dos meios
também por base intelectual e ideológica de produção (produção de bens e serviços),
comportamentos corporativos têm eficácia superando as contradições postas no interesse
reduzida, ou nenhuma, na formulação da geral da formação social cuja subsistência
consciência social e como contribuição válida ao procura assegurar. Sabendo que a intervenção
desenvolvimento social. Conforme o autor, no espaço urbano está necessariamente sujeita
“Marx, em A Ideologia Alemã, já lembrava o perigo à matriz social que a gera e a circunscreve, urge
de os indivíduos de uma mesma classe se a implementação da gestão participativa nas
tornarem inimigos na concorrência internamente cidades históricas do interior brasileiro,
travada entre eles próprios, em lugar de se especialmente, nas cidades nas quais o turismo
organizarem para se exprimir eficazmente contra mostra-se incipiente, como é o caso de
a classe dominante, cuja condução da sociedade Diamantina. Sua abordagem teórica e prática
impede que as classes dominadas busquem seu deve ter como azimute a busca da totalidade
caminho via uma ação conseqüente”. (SANTOS, da cidade histórica inserida no contexto mais
2007, p. 99) amplo de reprodução do capitalismo e
seletividade do capital.
Á guisa de conclusão: a dialética necessária Este artigo sintetiza a resposta ao
ao planejamento nosso problema da pesquisa, no qual se buscou
entender como a “preservação” de patrimônio
É evidente a dualidade da “valorização” cultural reflete na organização socioespacial de
do centro histórico frente à “precarização” da Diamantina, uma cidade do sertão de Minas
periferia como fator de transformação da Gerais. Por de uma abordagem crítica, verificou-
realidade e do imaginário do diamantinense, se que o par dialético “preservação” /
constituindo uma questão de produção “mercantilização” favorece a produção de um
socioespacial capitalística. Nesse sentido, território urbano dividido quando as ações do
verifica-se que o poder público colabora para a poder público voltam-se para o centro da cidade
supervalorização de certas áreas, para o melhor e negligenciam o processo de “precarização”
êxito da especulação, para a maior anarquia das vigente e ascendente na periferia. Ao focar a
localizações e dos fluxos, para o cidade histórica enquanto a área delimitada pelo
empobrecimento cumulativo das populações e tombamento, pecam pesquisadores e
o enobrecimento de áreas especiais da cidade. governanças urbanas; o possível caminho para
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Banco Interamericano de Desenvolvimento. Valorização, dominação e representação são
ações que se materializam no processo histórico
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O procedimento de inscrição de um bem na de produção do território urbano, em
lista do Patrimônio Mundial demanda duas fases Diamantina. Hoje, as ações destinadas à busca
distintas. Na primeira, o Estado interessado da chancela da UNESCO e à implantação do
inventaria o bem cultural e aplica as medidas Programa Monumenta simbolizam a imbricação
necessárias para sua proteção. Na segunda, a de ações políticas e interesses econômicos
solicitação da inscrição do bem cultural é voltados para a mercantilização do patrimônio
submetida ao exame e à deliberação do cultural, de forma que o urbano assume uma
ICOMOS (Conselho Internacional de nova representação no imaginário do residente.
Monumentos e Lugares de Interesse Artístico e Sobre essa relação imbricada, foi discutida,
Histórico), cujo comitê defere ou rejeita a teoricamente, em aula proferida pelo Prof. Dr.
proposta de inscrição do bem (Silva, 2003). No Antônio Carlos Robert Moraes, aos alunos do
caso de Diamantina, foi proposta pelo governo Programa de Pós-Graduação em Geografia
federal por intermédio do Ministério das Humana, no Departamento de Geografia da USP,
Relações Exteriores mediante dossiês no dia 25 de setembro de 2007; disciplina:
encaminhados ao ICOMOS, instruídos com o Formação Territorial e Teoria em Geografia
nome do patrimônio e dos bens que o Humana.
constituem, sua localização geográfica, as
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medidas de proteção e a justificativa de seu Moraes e Costa (1996) e Moraes (2000)
“valor universal excepcional”. definem o “valor no espaço” como aquele criado
pelo trabalho, onde o espaço torna-se o
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O Programa Monumenta representa um receptáculo da produção material, de forma que
paradigma no campo da política de patrimônio a diferenciação do trabalho acumulado sobre
cultural, no Brasil, fruto da operacionalização do áreas distintas define o valor real. Assim, a
capital sobre o território, tendo como principais produção instala-se no espaço valorizando
agentes de produção do espaço: o Estado nesse a localização e a distância; “é um valor
(esfera municipal, estadual e federal) criado”, segundo os autores. Contudo, torna-
conjuntamente aos agentes de mercado (cujo se relevante em nossa abordagem o “valor do
expoente é o Banco Interamericano de espaço”, enquanto um valor que é transferido
Desenvolvimento/BID, que financia o Programa). aos objetos durante sua criação ou enquanto
A partir dessa operacionalização, identifica-se um valor que é atribuído a objetos pré-
o rebatimento do Programa sobre o território, o existentes; o “valor do espaço” é transferido
que nos dá subsídios para a análise da dialética no processo de trabalho para o produto “através
do uso e da troca, da “preservação” / das características próprias de cada lugar”
“mercantilização” e da “construção destrutiva” (MORAES e COSTA, 1996, p.122), o que ocasiona
que envolve os bens culturais do mundo, de uma heterogeneidade na produção e
forma particular em Diamantina. O Programa apropriação dos lugares, onde singularidades
Monumenta constitui-se em uma síntese da são estabelecidas através do trabalho humano;
trajetória das fases de produção do patrimônio valores distintos são atribuídos a estruturas
cultural no Brasil da gênese colonial do socioespaciais distintas.
patrimônio à sua cenarização progressiva
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contemporânea, fruto do avanço da globalização Pode-se considerar que o turismo em
e da necessidade de reprodução do capital [para Diamantina cumpre o importante papel de
um aprofundamento nesta análise, ver Costa articulá-la com o mundo, considerando-o um
(2009)]. fenômeno complexo que envolve outros
fenômenos sociais, culturais e econômicos da
sociedade contemporânea. Cruz (2003) deixa
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Guinda sobrevive na órbita da primeira. Área de Já saiu 48 família para outras cidade, hoje é
antigo Serviço, este lugarejo não possui numa média de 90 família. Aqui não tem criação
agricultura nem pecuária própria, seguindo a de gado e nem plantação de mantimento. Eu
característica de toda a região; distante de só lamento que os mais antigos, como meu pai
Diamantina cerca de 15 Km. Seguindo a mesma e minha mãe não verem o progresso aqui em
estrutura de Guinda e Mendanha, Sopa também Guinda (a entrevistada faz menção ao asfalto
é distrito de Diamantina, é um lugarejo pacato, que chegou ao lugarejo), antes era tudo terra,
que orbita Diamantina, distante desta cerca de a maior poeirada. Se você for em Sopa, vai ver
20 Km. A aproximadamente 8 Km de a Igreja de lá mais antiga, a nossa é mais nova,
Diamantina, Extração é outro lugarejo bem foi reconstruída.”
semelhante aos anteriores visitados, tanto na
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implantação do sítio como nas características Entrevista do secretário de turismo de
sócio-econômicas. Com menos de 200 pessoas, Diamantina, Walter Cardoso França Júnior,
a igreja é localizada numa praça central, com concedida ao autor em 13 de fevereiro de 2008.
as casas no entorno e uma vida um tanto
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pacata. Diamantina é centralidade para as Entrevista do secretário de turismo de
questões de saúde, compras, serviços diversos Diamantina, Walter Cardoso França Júnior,
e emprego da população local. Segundo concedida ao autor em 13 de fevereiro de 2008.
depoimento colhido em 17 de fevereiro de 2008,
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de Maria Aparecida, a residente mais antiga do Entrevista do prefeito de Diamantina, Gustavo
Distrito, com 86 anos, “Precisamos ir para Botelho Júnior, concedida ao autor em 14 de
Diamantina para resolver todo o problema. fevereiro de 2008.Entrevista do prefeito de
Antigamente, dava para viver da mineração, Diamantina, Gustavo Botelho Júnior, concedida
mas hoje tá difícil. As mulheres trabalha de ao autor em 14 de fevereiro de 2008.
doméstica em Diamantina, os homem novo
estuda para concurso ou vai para Diamantina.
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