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A ESSÊNCIA DA LINGUAGEM COMO CASA DO SER NA FILOSOFIA

MARTIN HEIDEGGER

Alexandre Amorim1

Resumo: Heidegger define a essência da linguagem como casa do ser. Todavia tal definição
pode parecer, à primeira vista confusa se não for devidamente esclarecida. Por isso tal artigo
possui como objetivo compreender a definição heideggeriana da linguagem como casa do ser,
com o intuito de explicitar a relação entre a linguagem e o ser. Para tanto, será necessário em
um primeiro momento apresentar a questão heideggeriana sobre a linguagem, em seguida
compreender o que o filósofo entende por linguagem para por fim explicitar o que significa e
como é possível que a essência da linguagem seja casa do ser. Para Heidegger, O homem possui
a linguagem, no sentido que ele é capaz de falar e entender outros falantes, mas também no
sentido de existência, isto é, a linguagem é um modo como o existir humano se manifesta.
Palavras-chave: Heidegger; Linguagem; Ser.

Na obra Carta sobre o humanismo, Martin Heidegger2 define a essência da linguagem:


“A linguagem é a casa do ser”.3 Tal afirmação pode-se mostrar confusa se não for devidamente
esclarecida. Que significa dizer que a linguagem é casa do ser? Para responder a essa questão
vê-se necessário apresentar a questão heideggeriana sobre a linguagem, explicitando o que
Heidegger entende por linguagem, bem como o que ela significa e como é possível ser a
essência da linguagem casa do ser.
Heidegger atesta que a linguagem, é um constitutivo humano. Entre todos os animais,
apenas o homem é capaz de falar e discorrer, dito em outras palavras, sem a linguagem o ser
humano não é humano. O homem é à medida que a linguagem concede esse sustento. Portanto,
a essência do homem repousa na linguagem.4 No entanto, o que significa interrogar sobre a
essência da linguagem? Questionar-se sobre a essência da linguagem é buscar pelo princípio

1
Graduando em filosofia do 5º período pela Faculdade São Luiz.
2
Filósofo alemão nascido em Messkirch, Baden aos 26 de setembro de 1889. Quando jovem ingressou em
um seminário jesuíta onde teve seu primeiro contato com a filosofia. Nesse período, o jovem Heidegger despertou
grande interesse pela escola fenomenológica de Edmund Husserl, sendo mais tarde um dos discípulos dele.
Heidegger, destacou-se por suas refinadas leituras de filósofos gregos elaboradas com base na fenomenologia. Em
1927 o filósofo publicou Ser e tempo sua obra de maior destaque que provocou grande repercussão no âmbito
filosófico. Faleceu aos 26 de maio de 1976. [Cf. KAHLMEYER-MERTENS, R. S. K. 10 lições sobre Heidegger.
Petrópolis: Editora Vozes, 2016, p. 11-37]
3
HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. 2. ed. Tradução de Rubens Eduardo Farias. São Paulo:
Centauro, 2005, p. 8.
4
Cf. HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback.
Petrópolis: Vozes, 2003, p. 191.
ou fundamento que dá subsistência a algo, permitindo-lhe vir à tona. Portanto, em outras
palavras, a questão sobre a essência da linguagem é a questão sobre a dimensão de sua gênese.5
O filósofo da floresta negra define a linguagem como um instrumento do qual o
homem dispõe a fim de comunicar informações sobre o mundo e seu estado de coisas. Além
desse significado, ontologicamente a linguagem é pensada sempre a partir da abertura, seja pela
abertura de si-mesma, seja a abertura pensada como clareira do ser. Tradicionalmente pensa-se
a linguagem como algo essencial de dentro do homem, todavia, ontologicamente não é a
linguagem que pertence ao homem, mas o próprio homem que pertence à linguagem. O homem
“tem” a linguagem, no sentido que ele é capaz de falar e entender outros falantes, mas também
é, no sentido de existência, por meio da linguagem o que permite entendê-la não apenas como
transmissora de informações, mas como o modo como o existir humano se manifesta.6
Em Ser e Tempo, Heidegger define a linguagem como pronunciamento do discurso.
Para ele o discurso é linguagem porque “[...] aquele ente, cuja abertura se articula em
significações, possui o modo de ser-lançado-no-mundo, dependente de um ‘mundo’”.7 Ser-
lançado-no-mundo é um desdobramento do conceito de ser-no-mundo. Ser-aí8 é ser-no-mundo
à medida que mundo se refere a um existencial, isto é, mundo integra um todo existencial.
Sendo assim, ser-no-mundo indica como ser-aí é no espaço constitutivo do mundo. Somente no
mundo encontramos ser-aí. Já ser-lançado-no-mundo é um modo de estar-aí, um modo
circunstancial em que possui familiaridade com o mundo numa relação de proximidade com
sua facticidade, isto é, um comportar-se junto aos entes que vêm ao seu encontro no mundo.9
Poder-se-ia perguntar: o que Heidegger compreende por discurso? Para o filósofo o
discurso é um existencial fundamento do aí do ser-aí, ele coincide diretamente, sendo inclusive
co-originário, com o a disposição e a compreensão, dito de outra maneira, discurso é como um
conceito que reúne todos os desdobramentos pragmáticos possíveis do próprio discurso. O
discurso em si possui quatro polos e formam como que uma fenomenologia do discurso, a todos

5
Cf. GUIMARÃES, Carlos Roberto. A morada do ser: Uma reflexão acerca da essência da linguagem a
partir do pensamento de Heidegger. Aufklärung. João Pessoa: 4. p. 23-30, setembro, 2017. Disponível em: <
http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/arf/article/view/35896/pdf>. Acesso em: 28 de Mai. 2019, p. 23-24.
6
Cf. DUARTE, André. Heidegger e a linguagem: do acolhimento do ser ao acolhimento do outro. Natureza
humana. São Paulo: v. 7, n. 1, p. 129-158, jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/nh/v7n1/v7n1
a04.pdf >. Acesso em: 28 Mai. 2019. p. 131.
7
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 15. ed. tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis:
Vozes, 2005, p. 220.
8
“Heidegger usa (das) Dasein para I. O ser dos humanos, e 2. O ente ou pessoa que possui este ser [...]
Dasein não tem plural. Refere-se a todo e qualquer ente humano [...] Dasein está essencialmente no mundo e
ilumina a si mesmo e ao mundo”. [INWOOD, Michael. Dicionário Heidegger. Tradução de Luísa Buarque de
Holanda. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, p. 29]
9
Cf. KAHLMEYER-MERTENS, R. S. K. 10 lições sobre Heidegger. Petrópolis: Editora Vozes, 2016, p.
85-87.
os discursos pertencem um “isto sobre o que” que se discorre; um “discorrido” que é sobre o
que é dito; uma “comunicação” que é uma partilha do que se fala; e uma “função de anúncio”,
da expressão do que é dito. Esses quatros polos são indissociáveis e próprios do ser eu mesmo
a medida que o discurso é um existencial. Ao discurso também lhe cabe o ato de escutar ou
compreender, tendo em vista que, tudo que escutamos não é um barulho desarrazoado, mas um
carro, uma ambulância, um pássaro, cada coisa possuindo um tipo de significado próprio por
exemplo.10
Surge então a pergunta: como a linguagem, enquanto pronunciamento do discurso
pode ser casa do ser? Primeiramente Heidegger define a essência da linguagem como casa do
ser porque para o filósofo a essência do agir, isto é, do produzir um efeito é consumar, consumar
significa desdobrar alguma coisa até chegar a sua essência. Todavia algo só pode ser consumado
se propedeuticamente é, tudo que é é o ser. O que consuma a relação do ser com a essência do
homem é o pensar, consumando-o não no sentido de produzir ou efetuar essa relação, mas de a
oferecer ao ser. Desse modo, no pensar o ser tem acesso à linguagem e é, portanto, casa do ser.
Nessa casa habita o homem à medida que apenas o homem possui o domínio da linguagem.11
“O homem, porém, não é apenas um ser vivo, pois, ao lado de outras faculdades, também possui
a linguagem. Ao contrário, a linguagem é a casa do ser; nela morando, o homem ex-siste
enquanto pertence à verdade do ser, protegendo-a.”.12
Dizer que a linguagem é um conjunto de signos determinados por meio dos quais se
dá a comunicação encobre a característica mais fundamental do discurso enquanto existencial
da abertura do ser-aí. Essas definições obscurecem a relação entre ser e linguagem. Para
Heidegger o fundamento da linguagem não se encontra em suas cordas vocais, mas na abertura
do ser-no-mundo ao discurso. Isso quer dizer que o ser-aí só se expressa de maneira linguística,
porque a abertura que ele mesmo é dá garantia para tal acontecimento. Da mesma forma,
discurso é instância ontológica que permite ao ser-aí expressar-se em diversas línguas, tendo
em vista a presença de inúmeras significações compartilhadas. Por isso a linguagem não é
transmitir palavras determinadas, mas partilhar sentidos.13 Nas palavras de Heidegger:

10
Cf. DUBOIS, Christian. Heidegger: introdução à uma leitura. Tradução de Bernardo Barros Coelho de
Oliveira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004, p. 146-148.
11
Cf. HEIDEGGER, 2005, P. 7-8.
12
Ibid., p. 38.
13
Cf. DUARTE, 2005, P. 136-137.
[...] o discurso é constitutivo do ser do pre, isto é, da disposição e da
compreensão, a pre-sença significa então: como ser-no-mundo, a pre-sença se
pronunciou como ser-em um discurso. A pre-sença possui linguagem.14

Portanto a linguagem é discurso porque o ser-aí, enquanto possuidor da linguagem, é


lançado-no-mundo enquanto aberto ao mesmo. Discurso também é co-originário com a atitude
de compressão no pensar. O pensar consuma o ser com a essência do homem, sendo, portanto,
no pensar que o ser tem acesso à linguagem. Aí a linguagem é casa do ser onde habita o homem.
Apenas o homem possui o domínio da linguagem, isso não o faz melhor do que outros entes,
pois o ser humano continua sendo apenas um ser vivo e é morando na linguagem, que é casa
do ser, que o homem existe como pertencente à verdade do ser.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUARTE, André. Heidegger e a linguagem: do acolhimento do ser ao acolhimento do


outro. Natureza humana. São Paulo: v. 7, n. 1, p. 129-158, jun. 2005. Disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/pdf/nh/v7n1/v7n1 a04.pdf >. Acesso em: 28 Mai. 2019.

DUBOIS, Christian. Heidegger: introdução à uma leitura. Tradução de Bernardo


Barros Coelho de Oliveira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004.

GUIMARÃES, Carlos Roberto. A morada do ser: Uma reflexão acerca da essência da


linguagem a partir do pensamento de Heidegger. Aufklärung. João Pessoa: v. 4. p. 23-30,
setembro, 2017. Disponível em: < http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/arf/article/view
/35896/pdf>. Acesso em: 28 de Mai. 2019.

HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Tradução de Marcia Sá Cavalcante


Schuback. Petrópolis: Vozes, 2003.

______. Carta sobre o humanismo. 2. ed. Tradução de Rubens Eduardo Farias. São
Paulo: Centauro, 2005a.

______. Ser e Tempo. 15. ed. tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis:
Vozes, 2005b.

KAHLMEYER-MERTENS, R. S. K. 10 lições sobre Heidegger. Petrópolis: Editora


Vozes, 2016.

14
HEIDEGGER, 2005, p. 224.

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