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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
REDE NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (RENAFOR)
SECRETARIA DE EDUCAÇO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E
INCLUSÃO (SECADI)
COMITÊ GESTOR INSTITUCIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (COMFOR)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT)
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO (IE)
ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DO/NO CAMPO

ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

ARTIGOS DOS ESTUDANTES/PROFESSORES

POLO DE GUARANTÃ DO NORTE

VIEIRA, Angelina
PRETI, Oreste
MORENO, Heliete
ARRUDA, Marluce
(Org.)

Cuiabá – Mato Grosso


Novembro de 2015
2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
REDE NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (RENAFOR)
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E
INCLUSÃO (SECADI)
COMITÊ GESTOR INSTITUCIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (COMFOR)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT)
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO (IE)

ALOIZIO MERCADANTE OLIVA


Ministro da Educação

MARIA LÚCIA CAVALLI NEDER


Reitora UFMT

JOÃO CARLOS DE SOUZA MAIA


Vice-Reitor

LENY CASELLI ANZAI


Pró-Reitora de Pós-Graduação

EDNA LOPES HARDOIM


Coord. do Comitê Institucional de Formação de Professores / UFMT

SILAS BORGES MONTEIRO


Diretor do Instituto de Educação

ANGELINA DE MELO VIEIRA


Coordenadora do curso de Especialização em
Práticas Pedagógicas na Educação do/no Campo

HELIETE MARTINS CASTILHO MORENO


Supervisora do curso

ORESTE PRETI
Coordenador de Orientação dos Artigos
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4

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 4

O SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: ESCOLA


MUNICIPAL XANXERÊ SALA ANEXA DA ESCOLA ESTADUAL TERRA NOVA, por
Acleide Souza dos Santos ............................................................................................................... 6

OS EDUCANDOS DO CEJA LUIZA MIOTTO FERREIRA, QUE ESTUDAM NAS SALAS


ANEXAS NO CAMPO VIVEM DA AGRICULTURA FAMILIAR? Por Andréia Paula Brasil 13

ESCOLA MUNICIPAL XANXERÊ: PERCEPÇÕES DA COMUNIDADE ESCOLAR DA


ESCOLA MUNICIPAL XANXERÊ SOBRE A EDUCAÇÃO DO CAMPO, por Ederson
Schaedler ......................................................................................................................................... 30

EDUCAÇÃO DO CAMPO: VIVENCIAS E EXPERIÊNCIAS DOS PROFESSORES/AS QUE


ATUAM NESSA MODALIDADE DE ENSINO NA ESCOLA ESTADUAL GUIMARAES
ROSA, por Elineusa Pereira da Silva .............................................................................................. 34

DIFICULDADES EM RETORNAR OS ESTUDOS NA EJA NO CAMPO, por Fátima


Aparecida Mendes ........................................................................................................................... 44

ESCOLA DO/NO CAMPO, ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, por Gilson


Damaceno Santos............................................................................................................................. 53

PLANTAS MEDICINAIS: USO NO COTIDIANO DE ALUNOS DA COMUNIDADE FLOR


DA SERRA – MATUPÁ/MT, por Jannilce de Brito Lima ............................................................ 56

AS CONDIÇÕES DO TRABALHO DOCENTE NAS SALAS MULTISSERIADAS, por João


Costa Silva ....................................................................................................................................... 63

O PERFIL DOS ALUNOS DAS SALAS ANEXAS DO CEJA LUIZA MIOTTO FERREIRA
NO ANO DE 2015, por Luciana dos Santos Silva Oliveira ........................................................... 74

COLONIZAÇÃO COMUNIDADE SÃO SEBASTIÃO DO MORRO E O


DESENVOLVIMENTO DE SUA AGRICULTURA FAMILIAR, por Luciana Fátima de Souza 88

CIÊNCIAS AGRÁRIAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO DA ESCOLA MUNICIPAL


XANXERÊ, por Maelí Gonçalves de Souza ................................................................................... 94

O ENSINO NA ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA TERRA NOVA E A


IMPORTÂNCIA NA FAMÍLIA DE UM ALUNO DA CIDADE DE MATUPÁ – MT, por
Milton Fantinell Junior .................................................................................................................... 101

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE NO ESPAÇO ESCOLAR, ESCOLA


NOVO HORIZONTE, por Siboneide Alves Pereira ...................................................................... 105

UM OLHAR SOBRE AS CONDIÇÕES DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CAMPO, por Sirlei


Carvalho Spiess ............................................................................................................................... 118

EDUCAÇÃO DO CAMPO REALIDADE & QUALIDADE: ESCOLAS ANEXAS DO


“DISTRITO UNIÃO DO NORTE”, por Valterlan Oliveira de Sousa ........................................... 130
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APRESENTAÇÃO

Os artigos aqui apresentados são trabalhos de conclusão do Curso de Especialização em “Práticas


Pedagógicas na Educação do Campo”, desenvolvido pela Universidade Federal de Mato Grosso, nos
anos de 2014 a 1015. Assim, deixaremos como acervo de pesquisa nos Polos de Apoio Presencial onde
o curso foi oferecido e para os que se interessam e estudam as questões ligadas à Educação no Campo.
A construção, a coordenação e execução do Projeto deste curso foram realizadas pelo Departamento
de Ensino e Organização Escolar do Instituto de Educação (DEOE) em parceria com Comitê Gestor
Institucional de Formação de Professores (COMFOR/UFMT) da Rede Nacional de Formação de
Professores (RENAFOR), da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI).
Destacamos aqui alguns dos objetivos do Curso:

1) formar em nível de pós-graduação lato sensu, professores da rede pública que atuam na
Educação do Campo, em salas anexas, visando à ampliação de suas capacidades técnica e
política no processo de qualificação do ensino-aprendizagem nas escolas do Campo;
2) Avançar na formação crítica, superando a cultura preconceituosa e de carência em relação ao
território Campo e as suas populações;
3) Identificar e diferenciar as políticas e ideologias que sustentam os modelos de agricultura
familiar sustentável e do agronegócio.

O Curso, desenvolvido a Distância, com alguns encontros presenciais, esteve voltado a um público
específico - os professores das Salas Anexas das Escolas do Campo - em cinco Polos localizados nos
extremos do Estado de Mato Grosso – Cuiabá, Guarantã do Norte, Juína, Pontes e Lacerda e Ribeirão
Cascalheira.
A proposta curricular do curso foi organizada por áreas de Conhecimentos, de forma a
possibilitar a compreensão das políticas, teorias e práticas da Educação do Campo, alicerçando-
se em uma metodologia centrada na interação e no diálogo constante, utilizando-se de diferentes
ferramentas educativas do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do sistema MOODLE,
como também de material impresso, condensado em quatro fascículos, com a finalidade de
auxiliar os estudantes/professores no processo de estudo.

Fascículo I composto pelos fundamentos teóricos e práticos da Educação do Campo:


Políticas, história, princípios, concepções, legislação da Educação do Campo em nível
de Brasil e do Estado de Mato Grosso, como também pela cultura e identidade das
populações do Campo.
Fascículo II constituído pelos conhecimentos sobre planejamento educacional, projeto
político pedagógico, currículo da/na Educação do Campo e pedagogia da alternância.
Fascículo III trabalhou os conhecimentos sobre a agricultura familiar: planejamento,
organização e sistemas sustentáveis de produção.
Fascículo IV dedicou-se aos conhecimentos sobre os fundamentos e práticas de pesquisa
científica.

Os artigos aqui presentes nesta obra retratam a realidade, as contradições, as práticas, os desafios,
como também a busca de conhecimentos dos educadores, educandos e comunidades do Campo no
Estado de Mato Grosso. Uma realidade marcada, por lutas e ousadia dos envolvidos frente às inúmeras
amarras a que ainda estão expostas às Escolas do Campo em nosso Estado.
O Tutor Presencial Everaldo, do Polo de Guarantã do Norte/MT, no relatório final do seu Polo sintetiza o
que foi o este curso de Especialização.

Inicio minha avaliação enaltecendo a qualidade dos professores e do material que


produziram. O curso primou pela construção da proposta destinada a fortalecer a Educação
do Campo em detrimento de algo pronto e acabado, ou sem nexo com a realidade. De outro
6

modo, propiciou discussões de grande importância para as populações do campo


demonstrando a todo o momento as possibilidades de se fazer uma educação diferenciada
e voltada ao aluno do chão da escola. As avaliações de trabalho primaram por ouvir tutores
e professores a fim de estabelecer o melhor plano possível para cada dificuldade
encontrada. Portanto, a Coordenação do curso foi extremamente flexível orientando e
ouvindo ao mesmo tempo (Everaldo Antonio Dill - 27/08/2015).

Também para os estudantes, o curso proporcionou relevante contribuição aos que vivem no chão das
Escolas do Campo, conforme depoimentos coletados:

O curso veio contribuir em muito no meu crescimento pessoal quanto profissional,


pois atuando no campo já há 16 anos nunca tive uma formação que pudesse nos trazer
tantas informações como desse curso, que já estão rendendo alguns frutos e que
poderão enriquecer ainda muito mais a minha atuação como educador no meio rural
(Mauro André Lopes, Polo de Pontes e Lacerda).
É um curso muito bom para nós que moramos no campo, porém tudo que aprendi
foram de muita utilidade para tentar ajudar a mudar uma escola onde 98% dos
professores são tradicionais.
Ampliou a necessidade de apresentar possibilidades para os sujeitos que vivem no
campo. Para minha vida, aumentou a motivação de continuar por essa luta” (Gerson
Ribeiro de Rosa, Polo de Cuiabá - 16/09/2015).

O curso trouxe muitas contribuições para a minha vida, pois hoje tem uma nova visão
da importância de se preservar o meio ambiente, de utilizar os recursos que ele nos
oferece sem prejudicá-lo. Hoje vejo de forma clara o quanto os agrotóxicos são
prejudiciais ao meio ambiente e a nossa própria vida. Após os estudos realizados
durante a realização do curso, passei a pesquisar e buscar novas técnica que me
auxiliasse a substituir o uso de inseticidas em minha horta e hoje estou produzindo da
mesma forma que produzia antes utilizando apenas adubos orgânicos e inorgânicos
que não prejudica o solo e usando no combate de pragas e insetos receitas de
inseticidas caseira como: a calda de pimenta e de fumo (Irani Ribeiro Pimenta, Polo
de Juína - 24/08/2015).

Os Organizadores
Cuiabá, novembro de 2015.
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O SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: ESCOLA


MUNICIPAL XANXERÊ SALA ANEXA DA ESCOLA ESTADUAL TERRA NOVA

Acleide Souza dos Santos1


Leonir Amantino Boff2

Resumo: O presente artigo busca, brevemente, fazer uma retomada do processo de inserção da área de Ciências
Agrárias no currículo da Educação do Campo, nas salas anexas da Escola Estadual Terra Nova, do Município de
Terra Nova do Norte, Mato Grosso. O mesmo tem por objetivo compreender a importância e as dificuldades do
desenvolvimento da Área das Ciências Agrárias com suas disciplinas agricultura familiar, economia solidária e
agroecologia. O intuito é de relatar o começo, as dificuldades e avanços que ocorreram no processo de
ensino/aprendizagem com os alunos. Quando se viu a necessidade de trabalhar a realidade do campo, de um modo
diferenciado, inseriram a área das ciências agrárias. Logo de início, ninguém tinha compreensão do que era e muito
menos as três disciplinas, apresentando muita dificuldade, pois os professores não tinham formação alguma na
área. Neste contexto, os estudantes e a comunidade em geral, por não compreenderem, tiveram dificuldades na
inserção do que realmente as ciências agrárias vinham a agregar ao conhecimento dos estudantes. Neste mesmo
ponto, o professor sem uma orientação específica e introdutória, só ensinava a mexer com a horta, pois, neste
momento era o que ele compreendia. Hoje, após muitos estudos, conhecimentos e formações, as Ciências Agrárias
nas escolas do campo assumem especial relevância por se tratar da inclusão dessa oferta para estudantes que
residem no campo e estudam nas escolas do campo no Município de Terra Nova do Norte. Por esse motivo, é
importante reforçar que a produção de conhecimentos e a mobilização de práticas precisam estar focadas nos
conceitos e princípios do desenvolvimento rural sustentável.

A educação no campo vem avançando muito ano a ano, a partir de onde se pode refletir
pedagogicamente sobre o jeito de educar, ao se tratar da educação do campo. Assumir uma identidade
e o sentimento de pertencimento a uma nação em que a diversidade se sobrepõe em todos os cantos
deste país, referenciando uma população multicultural, com modos de vidas bem peculiares, sugerem
uma educação de identidade e realidade segundo o que Maturana (2002, p, 10) preconiza: “Tais homens
e mulheres podem ser assim apenas se não crescerem alienados, se crescerem no respeito por si mesmos
e pelo outro, capazes de aprender qualquer atividade, porque sua identidade não está na atividade, mas
no ser humano”.
Ao pensar na identidade e realidade, algumas reflexões acerca do que podemos considerar uma
política da Escola Estadual Terra Nova para as suas salas anexas na perspectiva da educação do campo,
lançada no ano de 2011, percebemos um tratamento específico e diferente no sentido de trabalhar a
realidade do estudante e de sua propriedade. A implantação das Ciências Agrárias nas escolas do campo
assume especial relevância por se tratar da inclusão dessa oferta para estudantes que residem no campo
e estudam nas escolas do campo.
Sua implantação, considerada uma inovação nas salas anexas, é importante para reforçar a produção
de conhecimentos e a mobilização de práticas que precisam estar focadas nos conceitos e princípios do
desenvolvimento rural sustentável. A partir daí obter informações da aceitação pela comunidade, como
foi implantada, quais as grandes dificuldades, tudo que foi construído desde a sua inserção até os dias
de hoje. Também perceber sua importância na visão das salas anexas, visto que atuo na Escola Municipal
Xanxerê, sala anexa à Escola Estadual Terra Nova, como professora de Ciências Agrárias desde 2013.
A partir desse desafio, de trabalhar com as ciências agrárias, senti a necessidade de conhecimentos
específicos para trabalhar essa área com metodologias que envolvem os alunos no aprendizado.
Considero esse momento como um dos mais ricos conhecimentos, por meio dos resultados obtidos das
atividades e projetos que os alunos desenvolvem na escola e em casa, sendo o mesmo conhecedor da
realidade da propriedade com os saberes populares e científicos, além do estreitamento nos laços da
escola com os pais.

1
Autora, discente de 2014-2015
2
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, doutor em Educação pela UFRGS.
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Focando nessa produção de conhecimentos, surgiu o problema de investigação, assim formulado:


Como se organiza a área das Ciências Agrárias nas salas anexas no município de Terra Nova do Norte,
Escola Estadual Terra Nova? Que desafios políticos pedagógicos resultam de sua implantação?
O objetivo principal desse trabalho é de buscar compreender a importância e as dificuldades do
desenvolvimento da Área das Ciências Agrárias no projeto de Educação do Campo das Salas Anexas.
Especificando como se originou a área de conhecimento da Ciência Agrárias nas salas anexas da Escola
Terra Nova, para compreender o processo de implantação, entendendo sua organização teórica e
metodológica bem como sua relação com as demais áreas do conhecimento. Foram perceptíveis os
desafios encontrados pelos professores na implantação e desenvolvimento das ciências agrárias, e os
avanços conquistados a partir das experiências desenvolvidas. Do mesmo modo foram perceptíveis as
contribuições dessa área de conhecimento na capacitação técnico científico na formação da consciência
das crianças e jovens camponeses.
Com intuito de relatar o começo, as dificuldades e avanços que ocorrem no ensino/aprendizagem dos
estudantes e os desafios encontrados no processo, busquei referencial bibliográfico e de outras
informações na Escola Estadual Terra Nova e Comunidade Escolar Xanxerê.
Diante dessas finalidades das ciências agrárias, fazendo parte dessa realidade na comunidade escolar,
principalmente direção, professores e alunos, de compreender as agrárias não como um problema, mas
de poder descrever os principais aspectos que contribuem e os que impedem ou dificultam práticas
pedagógicas na Educação do Campo das salas anexas. Compreender a importância e as dificuldades do
desenvolvimento da Área das Ciências Agrárias com suas disciplinas, agricultura familiar, economia
solidária e agroecologia, no projeto de Educação do Campo das Salas Anexas, constitui o esforço de
elaboração deste trabalho.
Precisamos entender como se originou essa área de conhecimento. A área de ciências agrárias foi
implantada no Município de Terra Nova do Norte no ano de 2011, onde foi atribuída por professores
que tinham formação em ciências biológicas, nas três escolas que possuem salas anexas, escola
municipal Xanxerê, minuano e Norberto Schwantes. As mesmas possuíam salas anexas, junto a Escola
Estadual Terra Nova, localizada na Comunidade Ribeirão Bonito, Município de Terra Nova do Norte –
MT, criada em 2010. Trata-se de uma Escola estadual, cujo público atendido a partir do ensino médio
de 1º ao 4º ano que oferece o Curso de Agroecologia. Sua orientação é toda voltada para o poder público
e parcerias das cooperativas locais.
A área das Ciências Agrárias foi implantada para que as famílias percebessem que o conhecimento
técnico é importante é necessário que compreendessem, na pedagogia de alternância, as ações que os
estudantes fizessem fossem integradas à sua formação com a prática cotidiana. Ao mesmo tempo em
que levantassem problemáticas pudessem agir para transformar a realidade. O estudante é o protagonista
neste modelo educacional, nós educadores temos a preocupação em estar prontos para atender a
demanda e as necessidades destes estudantes que são recebidos do Município de Terra Nova e de mais
quatorze municípios da nossa Região. Após a atribuição das disciplinas, cada professor na sua escola,
sem nem uma formação ou capacitação, entraram em sala e pensando o que pudesse ser ciências agrárias,
como trabalhar, e que tipo de material pedagógico utilizar. No início, só se pensava em horta.
Praticamente mobilizou a todos, sem fundamentos, apenas ia-se para horta por ir ensinar a capinar. Os
estudantes e os pais não entendiam, pois isso eles já sabiam. Os professores então tiveram alguns cursos
sobre horta. Pais, com apoio da COOPERAGREPA3 foram estimulados a incentivar os filhos, mas
continuou com a mesma pergunta: horta? Sem conteúdo?
Finalizou-se o ano de 2011. No ano de 2012 continuou a mesma coisa: trabalhos na horta. As
professoras corriam muito atrás de material pra mudar um pouco de se trabalhar horta, mas acabavam
envoltas em dificuldades e angústias. Com apoio da secretaria municipal de educação e do Estado,
através do professor/mestre Domingos Jari Vargas que se preocupou com essa realidade que estava
tendo com essa nova área, iniciou-se pequenas formações de escola por escola, onde a ideia era entender
o que era ciências agrárias que ficou definida após várias respostas e estudos: a Área de Ciências
Agrárias é conhecida como um campo multidisciplinar de estudos que envolvem as áreas da Agronomia,
Engenharia Florestal, Engenharia de Pesca, Medicina Veterinária, Zootecnia, entre outras e que, de

3
A COOPERAGREPA é uma cooperativa organizada por agricultores familiares com a perspectiva de produzir
culturas orgânicas e agroecológicas, envolvendo diversos municípios na região Norte de Mato Grosso.
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modo tradicional, busca o aprimoramento técnico, o aumento produtivo e melhorias no manejo e


preservação dos recursos naturais. Com a definição da área foi definido também as disciplinas, sendo
desenvolvida através de três importantes eixos: Agricultura familiar, Agroecologia e Economia
solidária.
Agricultura familiar é compreendida como uma categoria social, cujo significado vem sendo
construído e transformado, historicamente, recebendo diferentes terminologias para se referir um mesmo
sujeito: camponês, pequeno produtor, lavrador, agricultor de subsistência, agricultor familiar. Para
Mello (2009, p. 37), “A agricultura familiar é uma forma de produção através da interação entre gestão
e trabalho; são os próprios agricultores que dirigem o processo produtivo, trabalhando com a
diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho”.
Economia solidária, para Mello (2005) é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o
que é preciso para viver, sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente.
Cooperar, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. Economia
solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e
renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas
e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas
autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens,
prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Segundo Sylvia
Leser de Mello (2005, p. 151-152):

A economia solidária é uma forma da economia que se desenvolve através de


empreendimentos autogestionados, uma forma coletiva e participativa em que os
próprios trabalhadores são produtores, proporcionando uma distribuição mais justa da
renda e estimulando relações sociais de produção e consumo baseadas na cooperação,
na solidariedade e na satisfação e valorização dos seres humanos e do meio ambiente.

Agroecologia é uma nova forma de abordar a agricultura onde a natureza, o homem e todas as
relações, são entendidos de forma integrada, convidando técnicos e agricultores a tomarem novas
posturas e novos valores. Ela é vista como uma nova ciência ou novos conhecimentos e métodos que
orientam agricultura de base ecológica e sustentável. Destacando o caráter científico, ALTIERI (1989,
p.42-48) define Agroecologia como: “Uma ciência ou a disciplina científica que apresenta uma série de
princípios, conceitos e metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agro ecossistemas,
com o propósito de permitir a implantação e o desenvolvimento de estilos de agricultura com maiores
níveis de sustentabilidade”.
Mas é a construção de agro ecossistemas mais sustentáveis e semelhantes a ecossistemas naturais o
principal objetivo da agroecologia. Segundo Altieri (1989, p.42-48) agro ecossistema é:

A unidade fundamental de estudo, nos quais os ciclos minerais, as transformações


energéticas, os processos biológicos e as relações socioeconômicas são vistas e
analisadas em seu conjunto. Sob o ponto de vista da pesquisa agroecológica, seus
objetivos não são a maximização da produção de uma atividade particular, mas a
organização do agro ecossistema como um todo, o que significa dar ênfase no
conhecimento, na análise e na interpretação das complexas relações existentes entre
as pessoas, os cultivos, o solo, a água e os animais.

Com a definição da área e definição das disciplinas, sendo desenvolvida através de três importantes
eixos: Agricultura familiar, Agroecologia e Economia solidária, esses eixos articulados deviam gerar
conhecimentos, pesquisas, informações, valorização e reconhecimento da cultura local. Todos de
extrema relevância no processo de compreensão, análise e decisão pela transição da agricultura familiar
convencional, para a agricultura familiar de base agroecológica.
Mas ainda é necessário um olhar diferenciado sobre a citada área, pois já sabendo seus conceitos
pensou-se o que trabalhar? Conteúdos? Continuaram as formações através do professor/mestre
Domingos Jari Vargas e o coordenador da Escola Estadual Terra Nova Ricardo Martins onde
organizaram juntos com as professoras da área um plano de curso das escolas do campo das salas anexas,
delimitado por temas geradores, objetivos, áreas/eixos articuladores/capacidades, e temas de estudos.
Com esse plano de estudo, articulou-se a forma de trabalhar pela interdisciplinaridade, na qual, as
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agrárias articulavam com todas as áreas. Partimos para a prática em sala de aula, pois já tínhamos um
apoio pedagógico, começamos a entender melhor essa área e os estudantes com um novo olhar, que só
era horta. A horta poderia continuar, mas de forma que não fosse ensinar o que eles já sabiam. Partimos
para a compreensão do processo ensino aprendizagem do aluno onde envolvia teoria, realidade e prática,
articulando tempo escola e tempo comunidade. Vendo que a ciências agrárias já estava com um novo
olhar e sendo valorizada, pois era muito criticada por não ter material pedagógico, e percebendo a
compreensão do próprio estudante, a própria comunidade escolar direcionada por pais, direção e
professores, perceberam os avanços e as experiências desenvolvidas. Começaram então, a compreender
o que era as ciências agrárias enquanto trabalho pedagógico. Na atribuição de aulas no ano de 2014, as
ciências agrárias já vieram com grande avanço, pois já estavam inseridas na Regra de Organização
Pedagógica, conforme documentos e registros da ESCOLA ESTADUALTERRA NOVA (PPP, 2014-
2015), cuja regra de Organização Pedagógica- Rop e matriz curricular estão estabelecidas.
A matriz curricular estrutura-se com três anos de duração, observando os mínimos de 200 dias letivos
e 800 horas anuais. Para as escolas de educação no campo e salas anexas do campo serão
disponibilizadas matrizes curriculares do ensino médio regular, com as seguintes organizações:
atribuição por disciplina com e sem parte diversificada e atribuição por área do conhecimento com e
sem parte diversificada, com suas respectivas matrizes multidisciplinares. A parte diversificada é
composta pelos componentes curriculares: Agricultura familiar, Agroecologia, e Economia Solidária. A
inclusão da parte diversificada representa ampliação na carga horaria do curso em ate 200 horas anuais
(PPP DA E.E TERRA NOVA, 2014-2015, p .1 e 2).
Para as escolas de educação no campo e salas anexas campo, que não incluíram matrizes com parte
diversificada, mas que almejam trabalhar com práticas pedagógicas contextualizadas pertinentes a
Agricultura familiar, Agroecologia, e Economia Solidária, poderão solicitar a inclusão da matriz de
projetos complementares (PPP DA E.E TERRA NOVA, 2014-2015, p .1 e 2).
Com grandes avanços das ciências agrárias se construiu também a caracterização da área e as
competências e as habilidades pelas próprias professoras da área.
As Ciências Agrárias nas escolas do campo assumem especial relevância por se tratar da inclusão
dessa oferta para estudantes que residem no campo e estudam nas escolas do campo. Por esse motivo, é
importante reforçar que a produção de conhecimentos e a mobilização de práticas precisam estar focadas
nos conceitos e princípios do desenvolvimento rural sustentável (PPP DA E.E TERRA NOVA, 2014-
2015, ANEXO).

O saber escolar é o saber que a escola transmite, e a ação de transmitir já descaracteriza


esse saber, pois estabelece a diferença entre o produzir e o transmitir. A escola
defronta-se com duro questionamento (que ela geralmente desconhece) quando se diz
que a mesma não é produtora de conhecimento e sim reprodutora ou apenas
transmissora do saber. A escola não se diminui por transmitir o saber se buscar fazê-
lo dentro de uma maneira (re)contextualizada (CHASSOT,2010, p.213).

Por essa via, os conhecimentos circulados pelas diferentes ciências que compõem a referida área
assumirão caráter teórico-metodológico fundamentado numa Escola do Campo que valorize,
desenvolva, mobilize, articule e potencialize a formação de cidadãos e cidadãs, para que os mesmos
saibam agir de forma solidária; agir com responsabilidade individual e coletiva e agir como parceiros
do meio ambiente, aprendendo na reflexão teoria-prática como viver e construir, a partir do local, um
mundo socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável (PPP DA E.E TERRA
NOVA, 2014-2015, ANEXO).

Um dos grandes desafios apresentados à escola, à educação, é se envolver com a


questão dos trabalhadores e das trabalhadoras da terra; é comprometer-se com os
movimentos sociais para pensar um projeto com a comunidade, com os povos que
vivem o problema ou uma situação problema. Não é possível a escola continuar de
costas para essa realidade e acreditar que apenas os conteúdos formais, aqueles
encontrados nos livros didáticos, darão as respostas aos desafios locais, regionais,
globais. (RECK, Jair. CARVALHO, Raquel Alves 2014, p 39).
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O objetivo é oportunizar reflexões diferenciadas sobre a realidade agrária, dando relevância ao


desenvolvimento rural sustentável na agricultura familiar, possibilitando e mobilizando saberes capazes
de gerar conhecimentos, tecnologias e práticas sustentáveis, frutos de tomada de consciência construída
na relação conhecimento escolar e conhecimento da realidade do campo (PPP DA E.E TERRA NOVA,
2014-2015, ANEXO).

Caímos no vazio porque fomos “treinados” para aplicar técnicas de transmissão de


conteúdos que estão prontos no livro didático... Caímos no vazio porque, de certa
forma, estamos vazios. E pensamos que porque fazemos vários anos a mesma coisa
(dar aulas), sem refletir coletivamente sobre esta prática, estamos com conhecimento
suficiente... Se a função do professor fosse reproduzir na sala de aula técnicas copiadas
de cursos e repetir o livro didático, então estaríamos com razão (DUARTE, 2000,
p.24).

Enquanto metodologia, a área trabalha com a experiência concreta do aluno, com o conhecimento
empírico e a socialização de conhecimentos com os atores do sistema formal de educação e com os
membros da família e da comunidade na qual vive o aluno, os quais podem fornecer-lhe ensinamentos
sobre aquela realidade (PPP DA E.E TERRA NOVA, 2014-2015, ANEXO).

Durante muito tempo a cultura escolar se configurou a partir da ênfase na questão da


igualdade, o que significou, na prática, a afirmação da hegemonia de um determinado
modo de concebê-la, considerado universal. Assim, a pluralidade de vozes, estilos e
sujeitos socioculturais ficaram minimizados ou silenciados. No entanto,
principalmente a partir das reivindicações de diferentes movimentos sociais que
defendem o direito à diferença se tem levantado, cada vez com maior força, a
exigência de uma cultura educacional mais plural, que questione estereótipos sociais
e promova uma educação verdadeiramente intercultural, anti-racista e anti-sexista,
como princípio configurador do sistema escolar como um todo e não somente
orientada a determinadas áreas curriculares, situações e grupos sociais. (SILVA Apud
RECK, 2007, p. 74).

O processo de avaliação deve ser contínuo, tendo como aspecto o desenvolvimento diário do aluno
de acordo com suas habilidades com prioridade dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos (PPP
DA E.E TERRA NOVA, ANEXO).

A formação científica das crianças e dos jovens deve contribuir para a formação de
futuros cidadãos que sejam responsáveis pelos seus atos, tanto individuais como
coletivos, conscientes e reconhecedores dos riscos, mas ativos solidários para
conquistar o bem-estar da sociedade e críticos e exigentes diante daqueles que tomam
decisões (CRUZ, p. 132).

O documento anexo ao PPP da Escola Estadual Terra Nova ainda estabelece o programa de
conteúdos a serem trabalhados pelas áreas, nas salas anexas, bem como estabelece as competências a
serem desenvolvidas. As metodologias foram discutidas construídas juntamente com os professores/as
das salas anexas e coordenadores pedagógicos.
Uma das principais finalidades da Área de Ciências Agrárias nas escolas do campo de Terra Nova
do Norte-MT é a de oportunizar reflexões diferenciadas sobre a realidade agrária, dando relevância ao
desenvolvimento rural sustentável na agricultura familiar, possibilitando e mobilizando saberes capazes
de gerar conhecimentos, tecnologias e práticas sustentáveis, frutos de tomada de consciência construída
na relação conhecimento escolar e conhecimento da realidade do campo.
Esse posicionamento político em defesa da educação do campo no campo, ligadas à realidade das
famílias, propriedades e comunidades, assumidas pela Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria
Municipal de Educação de Terra Nova do Norte, através das escolas do campo, dá sequência às
orientações da LDBEN e às Orientações Curriculares para a Educação do Campo do Estado de Mato
Grosso, reforçadas no Plano Estadual de Educação. Destaca-se que (SILVA, 1999, p.15.).
12

Nas discussões cotidianas, quando pensamos em currículo pensamos apenas


em conhecimento, esquecendo-nos de que o conhecimento que constitui o
currículo está inextricavelmente, centralmente, vitalmente, envolvido naquilo
que somos, naquilo que nos tornamos: na nossa identidade, na nossa
subjetividade. ‘Talvez possamos dizer que, além de uma questão de
conhecimento, o currículo é também uma questão de identidade’.

Na Busca pelo sentido a esses princípios, fez com que a Secretaria Municipal de Educação de Terra
nova do Norte desenvolvesse o Projeto Terra Nova do Norte – Escolas do Campo, tendo como opção
teórico-metodológica a Pedagogia da Alternância e outras iniciativas metodológicas com base na
investigação, tais como: Complexo Temático, Pedagogia de Projetos, Tema Gerador, Temas de Estudos
e Pesquisa ação.
Assim, de modo geral, é possível perceber que pelos princípios teórico-metodológicos da Pedagogia
da Alternância e demais metodologias, a escola trabalha com a experiência concreta do estudante, com
o conhecimento empírico e a socialização de conhecimentos com os atores do sistema formal de
educação e com os membros da família e da comunidade na qual vivem os estudantes. Os mesmos
podem fornecer e receber ensinamentos sobre aquela realidade e contribuir com o conhecimento na
capacitação técnico e científico e na formação da consciência das crianças e jovens do campo, pois
segundo Maturana: “A formação humana tem a ver com o desenvolvimento da criança como pessoa
capaz de ser co-criadora com outros de um espaço humano de convivência social e desejável”
(MATURANA, 2002, p.11).
Após todas essas dificuldades, hoje a área das Ciências Agrárias é vista e aceita como as demais
áreas e com grande valorização ao homem do campo. Ao vivenciar os relatos dos (as) professores a
respeito da formação continuada que ainda segue a cada semestre, a construção do currículo das Ciências
Agrárias ficou muito mais rico em sua caracterização, metas, objetivos, competências e habilidades.
Tudo isso deve-se a união das escolas para essa construção, pessoas com grande espírito de lideranças
como a pessoa do professor/mestre Domingos Jari Vargas, hoje assessor pedagógico do estado que
auxilia muito nas formações. Também das grandes parcerias com a Escola Estatual Terra Nova, com
apoio técnico e científico que foi e ainda é de grande relevância. Hoje a Ciências Agrárias mantém
grande discussão curricular com articulação das outras áreas, a evolução da definição das mesmas, onde
todas as disciplinas integram com os próprios temas geradores da escola, planejamentos
interdisciplinares e com os encaminhamentos do tempo comunidade organizados pelas Ciências
Agrárias voltadas para as famílias, retornando com os seus desdobramentos para o tempo escola.
Seguindo o plano de curso, nas três escolas, das salas anexas, sempre revendo os pontos positivos e
negativos, contando com os intercâmbios entre as outras escolas e comunidade, além de articular teoria
e prática, foca-se na realidade dos estudantes e as parcerias com outras entidades. Com as formações e
os planos de curso a facilidade de encontrar material pedagógico avançou muito, o ensino aprendizagem
evoluiu. Os estudantes passaram a ver a ciências agrárias como uma forma de aprender a conservar a
natureza e aprendendo a colocar em prática o que antes só se tinha na teoria. É uma ciência que ensina
a valorizar o pequeno produtor ou homem do campo, pois nela temos uma base de como é todo esse
processo de realidade. Estuda também outras tecnologias de forma que não prejudique o meio ambiente,
e o desenvolvimento da agricultura do passado até os dias atuais, valorização da família e a melhoria na
produtividade e qualidade do que se produz no campo.
A Ciência Agrárias que não se compreendia sua proposta e nem o que trabalhar, evoluiu muito, mas
ainda possui desafios, principalmente com as outras áreas, porém, com mais facilidade pelo modo em
que ela está sendo conduzida. As políticas públicas também interpõem outros desafios, mas com todas
essas construções e essa nova visão, principalmente pelos princípios teórico-metodológicos da
Pedagogia da Alternância, e com a experiência concreta do estudante, com o conhecimento empírico e
a socialização de conhecimentos com os atores do sistema formal de educação e com os membros da
família e da comunidade na qual vive o aluno, tem se tornado uma experiência muito rica. Todas as
experiências desenvolvidas podem fornecer ensinamentos sobre aquela realidade e contribuir com o
conhecimento na capacitação técnico e científico e na formação da consciência das crianças e jovens do
campo.
13

Portanto, com todos esses relatos, e fazer parte desta grande construção das ciências agrárias, onde
hoje continuo fazendo parte e contribuindo, no passado tive medo, após esses avanços quando entro em
sala de aula me orgulho muito. Ainda tenho algumas dificuldades, porém com muito mais facilidade de
serem superadas.

Referências bibliográficas

NORGAARD, R. B. A base epistemológica da Agroecologia. In: ALTIERI, M. A. (ed.).


Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. Rio de Janeiro: PTA/FASE, 1989. p.42-
48.
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Unijuí, 2010.
CRUZ, Christiane Gloppo Marques. Fundamentos teóricos das Ciências Naturais. Curitiba: IESDE
Brasil S.A, 2005.
DUARTE, P. Valdir. As escolas do campo na relação com a construção do conhecimento – Histórias e
Perspectivas. In. Articulação Paranaense: Por uma Educação do Campo. Caderno 2. Porto Barreiro –
PR, Assesoar:2000.
RECK, Jair. CARVALHO, Raquel Alves. Fundamentos teóricos e práticos da Educação do
Campo I e II. Cuiabá-MT: EdUFMT, 2014.
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José Martí. Cuiabá – MT: EdUFMT, 2005.
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comunicação no mundo do trabalho, educação, terceiro setor e cooperativismo. São Paulo: Atlas,
2005.
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Horizonte: Autêntica, 1999.
MUTARANA Humberto. Formação humana e capacitação. SimaNisis de Rezepka; tradução Jaime
A.Clasen. Petrópolis, RJ : Vozes 2002.p.10, 11.
Organização Pedagógica- Rop ano letivo de 2014 p.1, 2. ENCONTRO PARA DEFINIÇÃO DA
ÁERA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS NAS ESCOLAS DO CAMPO, 2., Terra Nova do Norte-MT.
14

OS EDUCANDOS DO CEJA LUIZA MIOTTO FERREIRA, QUE ESTUDAM NAS SALAS


ANEXAS NO CAMPO VIVEM DA AGRICULTURA FAMILIAR?

Andréia Paula Brasil4


Keila Alves Souza5

Resumo: O presente artigo traz informações sobre o processo da educação do campo no Brasil, a importância da
luta do MST para reconhecimento no estado de Mato Grosso. Relata também a realidade vivida nas salas anexas
em escolas do campo, o quanto essa educação objetiva melhorias nessa modalidade de ensino. Busca também
identificar se os estudantes que frequentam essas salas anexas fazem uso da agricultura familiar para prática de
sobrevivência, se pretendem permanecer no campo. O CEJA Luiza Miotto Ferreira localizado na zona urbana em
Matupá atende as salas anexas que funcionam na zona rural na Escola Municipal José Norberto Gheler na
comunidade Flor da Serra onde atende na modalidade escola do campo.

1 Justificativa

O CEJA - Centro Educacional de Jovens e Adultos localizado na cidade de Matupá atende duas vezes
por semana as salas anexas na Escola José Norberto Gheler na zona rural em uma pequena comunidade.
O CEJA atende no campo as salas anexas, no entanto utiliza o mesmo currículo, conteúdos aplicados no
CEJA da cidade, a partir dessa análise após discussões, na Pós do Campo, debates nos Fórum de Eja,
percebe – se que trabalhamos no campo, mas sem aproveitar a realidade do campo para inserir uma
educação do campo, a partir desses fatos resolve – se realizar a pesquisa para saber se realmente os
estudantes das salas anexas vivem da agricultura familiar, conhecem e aproveitam a terra para
subsistência e pretendem permanecer no campo. Para que a partir dessa pesquisa possamos estudar
formas de aproveitar esse conhecimento da terra e produção de alimentos para contextualizar aos
conteúdos estudados teoricamente.
A agricultura é tida como a chave para entender o início das civilizações. Tudo começou entre 10 e
12 mil anos atrás, quando nossos antepassados conseguiram domesticar as primeiras espécies vegetais.
O surgimento da agricultura teve um impacto evidente: pela primeira vez, era possível influenciar a
disponibilidade dos alimentos. As consequências desta descoberta foram revolucionárias: apareceram
as primeiras aldeias e os colhedores nômades transformaram-se em camponeses sedentários.
Por milhares de anos antes da Revolução Industrial, a atividade agrícola foi predominante para a
economia. E sua importância não diminuiu nem mesmo com o surgimento de fábricas ou com a chegada
da era digital. Afinal, trata-se de produzir alimentos.
A agricultura familiar dos pequenos produtores rurais, camponeses, surgiu nos meados dos anos 90,
como uma expressão de uma nova categoria sindicalista pelos movimentos sociais, basicamente ligadas
à Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), que incentiva a produção da
agricultura familiar com orientações sobre a produção agrícola, órgão ligado aos sindicatos e instituições
que defende a agricultura familiar na educação do campo.
Também relacionado a outros movimentos sociais como uma forma de manifestação política que
persistem até hoje, nos eventos anuais é o “Grito da Terra”. Grito da Terra Brasil/2014, edição estadual,
traz em seu escopo demandas, entendida pelo Movimento de Trabalhadores e trabalhadores rurais –
como urgências que, tomadas como agenda de prioridade, redirecionam a agricultura familiar numa
perspectiva de desenvolvimento, baseada, sobretudo, na produção diversificada de alimentos, na geração
de emprego e renda e na sustentabilidade do meio ambiente.
Porém os desafios referentes à abertura comercial, a falta de crédito agrícola e a queda dos preços
dos principais produtos agrícolas para exportação, fez surgi de uma vez à agricultura familiar que deixou
de lado a identificação de trabalhadores rurais, mas sim trazia a importância de acolher outras categorias

4
Autora, discente de 2014-2015.
5
Professora Orientadora de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação
do Campo, especialista em Educação pela UNEMAT (2006).
15

que nem sequer eram reconhecidos seus valores como os assentados, arrendatários, parceiros, associados
a agroindústrias, entre outros.
Confirmando-se no cenário político através do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar), criado em 1996, estabelecido com a finalidade de prover crédito agrícola e apoio
institucional às categorias de pequenos produtores rurais que vinham sendo esquecidos das políticas
públicas ao longo da década de 1980 e estavam com sérias dificuldades de se sustentar no meio rural.
A partir do Pronaf, o sindicalismo rural brasileiro, conseguiu reforçar o amparo de propostas que
garantissem o compromisso do Estado com uma categoria considerada específica e que necessitava de
políticas públicas. Além disso, tudo também observou nesses mesmos períodos a importância que se
deu aos estudos e discussões que abordavam as possibilidades da reforma agrária e dos assentamentos,
questões relacionadas aos impactos do progresso tecnológico ou das migrações.
Constatam, assim, a sustentabilidade e a importância dos estudos pela agricultura familiar, a
adequação dos mercados de trabalho e a ativa da população rural. E com isso aconteceram várias
mudanças, aos meios sociopolíticos e intelectuais como um todo, afirmando a importância que se tem o
espaço rural e as atividades produtivas desempenhadas.
‘Segundo Schneider (2003), a agricultura tem sua importância nas regiões e nos ecossistemas
naturais, não se pode, contudo, ignorar a dinâmica dos contextos da própria agricultura rural
estabelecidas entre a sociedade ou entre o homem e a natureza’.
E observamos que a agricultura familiar no Brasil, apresenta um ambiente e uma economia em
desenvolvimento das famílias rurais. Entretanto, espera ser possível a adequação de algumas definições
do que abrangente a agricultura familiar ou a forma familiar de organizar o trabalho e a produção na
atividade agrícola, e isso, com certeza, será útil para a compreensão de suas características em
sociedades capitalistas.
Para justificar este fato, buscamos verificar através da pesquisa se os nossos alunos das salas anexas
do campo vivem da agricultura familiar e se pretendem permanecer no mesmo. Conhecendo as
dinâmicas educacionais da realidade dos trabalhadores produtores no espaço rural. Procurando alertar
para importância de se produzir e viver no campo; porque somos sabedores referente a crescente
pobreza, do desemprego, das desigualdades sociais e das dificuldades de acesso às políticas públicas
como saúde, educação, transporte, infraestrutura, saneamento entre outros nos centros urbanos.

2 Educação do campo nos PNE e PME

Esses planos de Educação têm como objetivo melhorar a qualidade do trabalho erradicar o
analfabetismo, democratizar o ensino em toda esferas e modalidades.
Os planos o PNE, (plano Nacional da Educação) e o PME (plano municipal de educação) em
colaboração servirão para assumir um compromisso com metas que vise superar as desigualdades
educacionais e incentive o educando a permanência a escola.
Seu monitoramento e avaliação é papel do Ministério da Educação, aos educadores e educandos cabe
acompanhar, cobrar que não fiquem somente no papel as propostas e estratégias que realmente possa
acontecer melhorias na educação de forma geral e em especial na modalidade do campo que está aos
poucos alcançando espaço e valorização.
Em nosso município Matupá tivemos orientação e capacitação com dados do censo sobre a educação
em todas as modalidades, com o objetivo de analisarmos e propormos juntos metas e estratégias que
possam ser cobradas pelos educadores e comunidade de pais através de políticas públicas organizadas
com intuito de melhorar a educação no geral em dez anos; a educação do campo foi discutida visto que
há preocupação com os camponeses que sentem dificuldade em viver no campo, devido à falta de
orientação e incentivos financeiros e cada vez mais camponeses acabam indo morar nas cidades
despreparadas, sem experiência, sofrem com o desemprego e principalmente sentem falta de viver na
terra plantando cultivando. O envolvimento a participação de todos educadores e educandos se faz
necessário para consequentemente, pensar num projeto de educação do campo que vise a
sustentabilidade no que se menciona aos termos econômicos, sociais e culturais. Igualmente, o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, têm um projeto educacional que está associado a um
projeto político de transformação social. Segundo Mészáros (2005, p. 76):
16

Nossa tarefa educacional é, simultaneamente, a tarefa de uma transformação social,


ampla e emancipadora. Nenhuma das duas pode ser posta à frente da outra. Elas são
inseparáveis. A transformação social emancipadora radical requerida é inconcebível
sem uma concreta e ativa contribuição da educação no seu sentido amplo (...). E vice-
versa: a educação não pode funcionar suspensa no ar. Ela pode e deve ser articulada
adequadamente e redefinida constantemente no seu inter-relacionamento dialético
com as condições cambiantes e as necessidades da transformação social emancipadora
e progressiva em curso.

Na ação de luta, organização, trabalho, cooperação e vida dos sem-terra ligados ao MST, é possível
percebermos que a educação é expressão de todas essas dinâmicas construídas coletivamente, ou seja,
ela é constituída pelas relações sociais, mas é também representativa. Constituindo o processo educativo
vivido instrumentalizado pelos trabalhadores para o seu trabalho, cooperação, lutas junto ao MST, ao
partido político, à militância ecológica e para as mulheres acampadas e assentadas.
Em especial a educação do campo necessita muito de um amparo maior, pois em nosso município
ainda segue a mesma grade curricular das outras modalidades este ano vem tentando adaptar ao menos
o material pedagógico destinado a essa modalidade, mas ainda falta apoio para infraestrutura, recursos
e incentivos salariais para o educador do campo e outros. Será necessária, uma boa articulação entre
órgãos sindicais, comunidade e políticos, para que possamos avançar e adaptar um ensino de qualidade
nas escolas do campo, porque temos educandos, faltam investimento e ação que realmente funcione
atendendo a necessidade do educando do campo, em parceria com a união, estado e município.

3 A Educação do Campo e sua Legislação

A LDB - Lei de Diretrizes Básica da Educação Nacional (lei nº 9394 de dezembro de 1996) propõe
em seu artigo 28 medidas de adequação da escola á vida do campo, questão que não estava anteriormente
contemplada em sua especificidade. A LDB muitas vezes apresenta – se discreta quanto à continuidade
dos estudos dos que se formam no Ensino Médio nas instituições de ensino existentes no campo. As
pesquisas acadêmicas indicam que milhares dos que se formam no ensino médio nas escolas do campo,
interrompem os estudos ao concluírem o ensino médio, sendo prejudicados pela ausência de políticas
públicas de incentivo ao ensino superior. Por outro lado, a LDB proporcionou alguns ganhos. Foram
abertos precedentes legais, jurídicos e políticos para a possibilidade da implantação de uma educação
que respeitasse a identidade do homem e da mulher do campo.
A partir do momento que começamos a conhecer a realidade dos nossos educando do campo sabendo
que além do ouro e agropecuária há também pequenos agricultores, nessa região, que plantam milho,
arroz, soja e outros alimentos para subsistência na agricultura familiar; claro que também existem os
que vivem do agronegócio para comercializar com visão capitalista, sendo contraditória a educação
popular, onde as identidades dos sujeitos do campo integram a diversidade cultural e política da
constituição do próprio espaço rural, com diversas formas de vida no campo, constituindo categorias
sociais como agricultores familiares camponeses, arrendatários, assentados e acampados da Reforma
Agrária. As experiências na agricultura e a realidade de como saber plantar, colher, será necessário que
continuemos estudando, vivenciando na prática como funcionam para assim, podermos orientar.
Também é preciso cobrar mais das políticas públicas, alternativas para os recursos financeiros que
incentivem desde a agricultura familiar até grandes produções, com visão de crescimento valorizando o
ser humano, não pensando somente em capital e em grandes escala para uma produção alta, sem
valorizar e respeitar os camponeses, com exploração, mas uma visão crítica que antes de quantidade é
preciso haver qualidade. Oportunizar espaços, ambientes que possam mediar à relação entre agricultores
e consumidores; procurando estratégias que auxiliem no crescimento saudável das plantações.
O Projeto Político Pedagógico das escolas devem contemplar sobre a Educação do Campo, uma
forma de educação popular será necessária um estudo amplo para que possamos discutir esse assunto
voltado para o problema que nossos educandos e educadores enfrentam em projetos educacionais
indicativos a uma lógica no que se refere uma forma diferenciada do que se decorre na maioria dos
processos educativos, o fazer pedagógico possibilita uma política cultural, defendendo que a escola é
um local privilegiado para ampliação das habilidades e capacidades, desempenhando assim papéis
sociais na formação de suas próprias cidadanias.
17

O Plano Municipal deve ser elaborado com metas que contemplem a educação do campo, não
somente de forma superficial. Em Matupá, há necessidade de estudar e cobrar através de parcerias que
apoiem a melhoria da educação do campo, como o transporte escolar que é assunto importante, no qual
foi adquirido o ônibus escolar através de muita luta e cobranças junto ao poder público, mas o mesmo
só atende em dois dias da semana em um só horário, para atendermos as salas anexas da comunidade
Flor da Serra o munícipio disponibilizou ônibus na quinta e sexta – feira das 12h30min ás 20h00min, o
que ajuda, no entanto não é suficiente para atendermos os alunos do EJA na educação do campo, na
Escola Jonas Pinheiro onde temos salas anexas há 120 km da cidade os alunos não tem transporte
público. Pretendemos lecionar nessas comunidades, para alcançarmos uma educação satisfatória,
interiorizando a teoria á prática vivenciada por esses agricultores, possibilitando também uma melhora
na saúde das pessoas no campo, como no sustento e na comercialização dos produtos.
Através da pesquisa os educandos questionados do Centro de Educação de Jovens e Adultos – CEJA
Luiza Miotto Ferreira de Matupá/MT, que estudam nas salas anexas do campo sobre o cultivo e
sobrevivência da agricultura familiar, aproveitando essa realidade e intensificar um trabalho de acordo
com a realidade dos mesmos. A partir das informações obtidas em conhecer como esses alunos vieram
para região de que forma adquiriram suas terras com compra ou através da reforma Agrária do INCRA,
saber os motivos pelos quais pretendem permanecer no campo, as dificuldades que esses educandos
encontram para produzir a agricultura familiar e os desafios enfrentados, quanto ao uso da terra, forma
de produzir.

4 Objetivos

4.1 Objetivo geral

Identificar se os educandos do Centro de Educação de Jovens e Adultos – Luiza Miotto Ferreira de


Matupá/MT, que estudam nas salas anexas do campo vivem da agricultura familiar, para aproveitar essa
realidade e intensificar um trabalho de acordo com a realidade dos mesmos.

4.2 Objetivos específicos

• Identificar como se deu as discussões em torno da educação do campo a partir da Reforma Agrária;
como foram adquiridas as terras desses educandos;
. Descobrir através da pesquisa se os educandos pretendem permanecer no campo;
• Relacionar as principais causas que os educandos da EJA veem quanto à agricultura familiar,
dificuldades encontradas;
• Identificar se os educandos conhecem e vivem da agricultura familiar e sabem como utilizar a terra
para sobrevivência.

5 De acordo com o aporte teórico

A compreensão da história da Educação do Campo no Brasil está vinculada à história agrária


brasileira, pois foi a partir desse processo de luta pelo acesso à terra que se vislumbrou uma nova
modalidade de ensino aos povos do campo.
Nesta perspectiva, na história da educação, a expansão agrícola no Brasil á partir da constituição de
grandes latifúndios e da mecanização do campo, trouxe consequência da expulsão de grande parte dos
pequenos agricultores do campo para as cidades.
Sendo marcada pela preocupação com o discurso civilizatório, de que o Brasil para ser “moderno”,
as pessoas que viviam nas áreas rurais, deveria estar na cidade, que é lugar do avanço e progresso.
Percebemos que a história da educação rural no Brasil foi de negação desse direito aos agricultores,
por parte das ações e das políticas governamentais. Saindo do campo com a ilusão de obter saúde,
educação e trabalho. Na verdade ao saírem de seu espaço de terra muitos trocavam a “escravidão rural
pela urbana”, sendo explorados em trabalhos braçais, pois vinham sem estudo e conhecimento para
outros empregos.
18

A educação do campo deve ser compreendida a partir da concepção de que há uma profunda relação
entre educação, agricultura e vida camponesa, uma vez que a escola deve contribuir permanentemente
na melhoria da vida dos povos do campo. Trata-se de construir escolas do campo no campo, escolas
vivas mergulhadas na realidade dos povos do campo, em outros termos fazer as diferenças
comprometidas com a realidade de contribuir para a transformação da vida dos povos do campo.

O trabalho no campo está ligado profundamente e, consequentemente, as lutas sociais


dos trabalhadores e da solução dos embates de projetos que estão atualmente no
campo, na sociedade brasileira, no mundo sob a influência do capitalismo vivido. E
ainda por mais que não gostamos, essa realidade obriga as práticas teóricas e políticas
em relação ao todos que afirmam trabalhar em nome da Educação do Campo
(MÉSZÁROS, 2005; p. 15).

A educação em assentamentos e acampamentos, desde o início do MST foi realizada de diferentes


formas e de acordo com as possibilidades estruturais e conjunturais, pois dispunham de infraestrutura
mínima para ensinar nas escolas em barracos cobertos de lonas ou sentados no chão ou mesmo sob as
sombras das árvores.
Nas três última décadas do século XX, toda uma mobilização por parte de organizações e entidades
dos agricultores e por uma educação do campo. Essas lutas fazem parte do conjunto de iniciativas e
ações contra a concentração da terra, do poder e do saber e possibilitaram alguns avanços, que aos
poucos vem melhorando para os camponeses.
Mesmo com os avanços em vários aspectos, a exemplos de leis, métodos e materiais pedagógicos e
didáticos ainda há muito para se construir para que se tenha uma educação de qualidade para os cidadãos
que vivem no campo.
O desafio é construir os guias e procedimentos metodológicos em mediações que fortaleçam e
ampliem possibilidades de reflexão, de diálogo e de teorização em torno de experiências já
desenvolvidas pelos professores. Além da formação continuada, é preciso inscrever o PEA. O Programa
Escola Ativa (PEA) foi implementado no Brasil a partir de 1997 no marco de um convênio com o Banco
Mundial, com o objetivo de melhorar o rendimento de alunos de classes multisseriadas rurais. O PEA
tem seu foco na formação de professores e na melhoria da infraestrutura das escolas, e propõe amplas
mudanças na organização do trabalho docente, constituindo-se no único programa voltado
especificamente para as classes multisseriadas no Brasil. Seu histórico é marcado pela coexistência com
movimentos sociais que sintetizam e defendem novos princípios para a educação do meio rural alinhados
com os seus próprios interesses e configurando-os em um novo conceito: Educação do Campo. Estes
princípios devieram em 2002 em Referências para uma política nacional de educação do campo e
passaram a orientar, em tese, a reformulação e redirecionamento do PEA. Como um processo
pedagógico que possa ser inserido no programa curricular dos cursos de pedagogia e de licenciatura em
geral.

O PEA reafirma o entendimento de que as principais causas do fracasso escolar em


instituições de poucos recursos, que são principalmente as escolas rurais e as situadas
na periferia das áreas urbanas. O professor é, especialmente nas escolas rurais, o
último elo entre o sistema de ensino e o público sobre ele recaí grande parte da
responsabilidade pelo sucesso de novas experiências pedagógicas e do funcionamento
das escolas (FREIRE, 2005, p.199).

Faz se necessário o esforço de democratizar as condições de participação dos professores e técnicos


educacionais, durante o processo de formação e elaboração das propostas metodológicas.
Somos leigos quanto a viver e realmente saber como plantar, colher, será necessário que continuemos
estudando, conhecendo na prática como funcionam para assim, podermos orientar, também é preciso
cobrar mais das políticas públicas alternativas, recursos financeiros que incentivem desde a agricultura
familiar até grandes produções, com visão de crescimento valorizando o ser humano, não pensando
somente em capital e grandes escala, produção alta, sem valorizar e respeitar os camponeses, sem
exploração, com visão crítica que antes de quantidade é preciso haver qualidade.
Oportunizar espaços ambientes que possam mediar a relação entre agricultores e consumidores;
procurando estratégias que auxiliem no crescimento saudável das plantações. Temos em nosso
19

município pequenos agricultores que fornecem alimentos para merenda escolar, mas ainda são poucos,
falta de incentivo, orientação e divulgação nas escolas e de forma geral.
O artigo 28 da LDB faz uma referência explicita à oferta de educação para a população rural.
Prescreve que, na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão
adaptações necessárias à vida e educação no campo, com adequação ao clima, fases do ciclo agrícola,
região, conteúdo, currículo e metodologias apropriadas à educação da zona rural.
Quanto às políticas públicas da educação no campo se efetivaram no período posterior a LDB (1996-
2008) nos governo de Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, entende-se que tais
políticas educacionais possibilitaram a recriação de uma nova cultura política nas demandas
provenientes dos movimentos sociais ligados aos trabalhadores rurais, mesmo com as alianças do
latifundiário brasileiro contrário; nos últimos anos a educação no campo se destaca como nova
modalidade educacional.
A partir dos anos 90, os movimentos sociais do campo e várias organizações da sociedade civil
iniciaram o movimento pela educação básica do campo. Que traz o pensar em uma educação forjada a
partir dos movimentos sociais do campo onde os trabalhadores rurais são os protagonistas da história
sujeitos da ação pedagógica.
Alguns movimentos sociais e organizações não governamentais (ONGs) estão rompendo com a visão
cultural sobre os camponeses. Sendo assim os camponeses tornam-se sujeitos históricos de uma nova
ordem onde se baseiam em três princípios básicos, sendo a partilha, a solidariedade e a luta. Arroyo
(1999, p.09) diz:

(...) Os movimentos sociais são em si mesmos educativos em seu modo de se


expressar, pois o fazem mais do que palavras, utilizando gestos, mobilizações,
realizando ações, a partir das causas sociais geradoras de processos participativos e
mobilizados.

Há um movimento pedagógico do campo de renovação a partir das propostas elaboradas pelos


movimentos sociais do campo, seja os sem terras, os povos indígenas, os pescadores, (caiçaras), os
lavradores, seringueiros. Por isso, os movimentos sociais são educativos por excelência, pois forma
novos valores, cultura, nova noção de cidadania que se difere da burguesia, classe dominante.
O aprendizado dos direitos pode ser destacado como uma dimensão educativa. Os movimentos
sociais colocam a luta pela escola do campo. Numa pluralidade de direitos: a saúde, a moradia, a terra,
o teto e a segurança.
Os movimentos sociais instigam questões de posturas; como não reconhecer o quanto sabem sobre
sua condição de oprimidos, excluídos, sem teto, sem-terra. Diante disso assume o discurso pedagógico
que busca o conhecimento, defende suas crenças, constrói explicações que lhes orientam.
No Mato Grosso ocorreu no período (1870-1930), em que a educação era privilégio de poucos, pois
tinham como princípio educativo, os homens aprendem interagindo com a natureza e com os outros
homens tendo como mediação o trabalho.
Vivendo em propriedade de grandes latifundiários os camponeses sobreviviam criando seus filhos e
ensinando o trabalho do campo, para produzir mais e satisfazer a vontade de crescer do patrão, tinha
como reconhecimento somente a lavoura para subsistência. Os filhos cresciam trabalhando sem estudar,
aprendendo a lidar com a lavoura, sem ter a oportunidade de escolher se iria acompanhar o pai camponês
ou queria conhecer a escola, ter novos conhecimentos teóricos sobre o meio em que vivem.

6 Quadro teórico

6.1 Movimento dos Camponeses, A Luta Pela Terra

Aos poucos com muita luta os camponeses do MST começaram a cobrar estruturas a nível Nacional,
pois existiam produtores explorados por grandes latifundiários para mudar esse panorama várias
entidades e pessoas envolveram-se, mas ainda há fazendeiros em lugares afastados do nosso estado que
fazem isso, existem famílias que sobrevivem apenas pela comida, seus filhos não estudam e os mesmos
não veem perspectivas de vida diferente vivem, só produzindo em grande escala para os outros, sem
sequer ter para sobreviver.
20

Devem-se cobrar políticas públicas que favoreça o menor, o pequeno camponês, os ribeirinhos, pois
isso é trabalho escravo, não pagar e nem dar oportunidade do trabalhador e escolher a forma que deve
receber por seu trabalho.
Já houve avanços quanto à denúncia e hoje diminuíram consideravelmente a exploração á
trabalhadores, mas ainda é necessário políticas e ações do Ministério do Trabalho e de cada cidadão para
que melhore o trabalho das famílias nos campos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 9.394/96, apresenta em si “avanços”
e proporcionou conquistas voltadas às políticas Educacionais para o Campo, mesmo que nas entrelinhas
da LDB estejam os interesses neoliberais.
Por outro lado, o artigo 28 da LDB aponta direcionamento específico à escola do campo. O artigo
prescreve que, na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão
as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e de cada região
especialmente: conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos
alunos da zona rural; organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases
do ciclo agrícola e às condições climáticas; adequação à natureza do trabalho na zona rural. “Desta
maneira, pode-se assegurar a probabilidade da Educação do Campo, na expectativa da Educação
Popular, ser avaliada no sentido de uma educação do povo, pelo povo e para o povo” (SAVIANI, 2008).
Essa declaração traz a compreensão de que a Educação do Campo é uma prática educativa que se
sustenta no ser diferente, ou seja, tem o compromisso em desempenhar juntamente com os trabalhadores
que vivem no campo, no que se refere ao seu acesso à educação.
Sendo assim, pode-se definir o vínculo entre a luta por uma Educação do Campo e a Educação
Popular. Aonde a Educação do Campo vem se concretizando como um estilo de ocupar espaços da
educação formal. Tendo por fundamento a ponto de vista e o praticar educativo da Educação Popular,
avançando e projetando na esfera da política pública, como no didático-pedagógico, garantindo sua
existência em processos educativos formais. Desde que haja acompanhamento efetivo, que aconteça no
concreto, não fique apenas no papel engavetado e guardado, por isso a união e o compromisso com
políticas públicas de nossos representantes é necessária, pois o campo é um espaço de vida, relações
vividas bem como “produto e produtor de cultura”.
Podendo perceber a utilização da força de trabalho dos membros da família que, por sua vez, podem
contratar, em caráter temporário, outros trabalhadores. Segundo Schneider (2003): “Nesse processo cabe
à família e a seus membros um papel ativo, pois suas decisões, estratégias e ações podem trazer
resultados benéficos ou desfavoráveis à sua continuidade e reprodução”.
Nesse aspecto percebemos que a agricultura familiar, com o trabalho familiar ou com a contratação
ou não de assalariados, e também suas relações com o mercado servem, como critérios para apontar uma
nova configuração social. Pois constituímos todos numa mesma sociedade.
Considerando a proposta de trabalhar com os alunos do EJA, o intuito como professor durante a
elaboração do conhecimento sistematizado é de surpreender o aluno, é fazer com que ele perceba que
na escola, existem coisas interessantes para aprender. O professor deve estar preparado para atuar como
mediador e promotor do processo de aprendizagem, o professor precisa mediar à aprendizagem entre o
senso comum e o saber científico para que o aluno possa construir um conhecimento mais elaborado e
significativo da realidade.
Isso deve ser desenvolvido em um ambiente motivador, pois o aluno é sujeito do seu ensino e
construtor da sua aprendizagem que deve ser significativa e relacionada com a cultura a qual está
inserido.
Enfatizando, que o educando constrói conhecimento em um ambiente motivador, com interação com
seus pares e com uma eficaz intervenção do educador, pois o mais importante do que saber como se
ensina é saber como se aprende.

7 Caminhos da Pesquisa

Para compreender melhor essa importância da Agricultura Familiar, será realizada uma pesquisa
sobre educação do campo quanto possíveis lutas e melhorias através de pesquisa bibliográfica e de
campo. Buscando conhecer também o que os autores discutem sobre o assunto, as dificuldades
encontradas na agricultura familiar. Será realizada entrevista com os alunos das salas anexas do CEJA,
21

que estudam na comunidade Flor da Serra na Escola Municipal José Norberto Gheler, verificando se há
convívio com agricultura familiar, se realmente sobrevivem dela, do que plantam e colhe, da produção
de leite e outros alimentos e se pretendem permanecer no campo.
Para realização desta pesquisa utilizaremos, referências de diferentes autores e o questionário no
ambiente escolar comparando à teoria as respostas a investigação conforme o tema, “Os alunos do CEJA
Luiza Miotto Ferreira, que estudam nas salas anexas no campo vivem da agricultura familiar”?

8 Tipo de pesquisa

Foi desenvolvida essa pesquisa através de questionário na Escola de Educação no campo onde
funcionam as salas anexas, utilizou – se a pesquisa de campo e bibliográfica e outras fontes de
informação veiculadas a internet.

9 Sujeitos da Pesquisa

Os educandos das salas anexas do CEJA Luiza Miotto Ferreira, que estudam na comunidade Flor da
Serra na Escola Municipal Jose Gheler no campo.
São educandos de idades diferentes com jovens e adultos que viram na EJA a oportunidade de
recomeçar ou dar continuidade aos estudos, nessas salas atendemos alunos do Ensino Médio com
diferentes culturas e vivências de trabalho a maioria pessoas que acreditam no trabalho e amam a terra
onde moram.

10 Instrumentos para coleta de dados

Através de leituras diversas sobre a educação no campo da EJA e da agricultura familiar, será
aplicado um questionário com perguntas abertas para compreender se realmente os estudantes das salas
anexas no campo vivem da agricultura familiar, a partir dessas informações coletadas, será possível
verificar se os objetivos propostos foram contemplados com a amostragem em forma de gráficos.

11 Etapas

Apreciar leituras sobre a educação popular em Mato Grosso, conhecer como se deu o processo de
reforma agrária, aplicar questionários aos estudantes para saber quanto à renda familiar e a produção da
agricultura familiar no lugar onde vivem fazer análise dos dados com embasamento teórico, tabular os
dados e apresentar o resultado da pesquisa.

12 Resultados e discussões

O tema proposto quer verificar através da pesquisa com representatividade nos gráficos a
participação dos estudantes e da família na agricultura familiar. Afirmar a importância do papel da
escola que traz consigo as necessidades de realizar ações para facilitar a participação da família na
escola, além de conhecer os motivos pelo quais as famílias venham à escola através de valorizar o
contexto social do campo.
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Em relação à primeira questão “A propriedade onde vive sua família foi adquirida da compra ou pela
política de Reforma Agrária do INCRA, através dos assentamentos ou é arrendada”? A maioria afirmou
que foi através da Doação da política de Reforma Agrária do INCRA, alguns compraram e ainda aqueles
que ainda moram próximos a fazenda como ribeirinhos, curiosamente não houve indicação de que a
terra fosse alugada (arrendada).
Apenas uma educando informou que arrenda anualmente suas terras para criação de gado, no entanto
nenhuma das educandos vive em terra arrendada.
(...) Nesse contexto o educando necessita adaptar sua realidade ao ensino
aprendizagem da escola, com significado trazendo aspirações de acordo com a
realidade da zona rural contextualizado a vivência ao ensino escolar. Encontra – se a
primeira grande preocupação que o educador deve ter na construção do conhecimento:
a proposta deverá ser significativa para o educando, sendo essa uma condição para
mobilização para o conhecimento: a proposta de trabalho deverá ser significativa para
o educando, sendo essa uma condição para a mobilização para o conhecimento. Se a
mobilização é a meta, a significação inicial é o caminho (VANSCONCELOS, 2004,
p. 62).

Sabendo que os educandos vêm na maioria de uma conquista de terra pela Reforma Agrária, através
de movimentos sociais, pois a educação popular no campo é definida na LDB como educação rural.
A educação rural tem a necessidade da base onde produtores da agricultura familiar sentiram
necessidade de verem seus filhos no campo estudando, surgiu então a vontade de reivindicar através do
MST e outros uma educação para os filhos de camponeses, com qualidade e significado.
Surgiu da vontade da base conforme os pais que vieram a procura de terra e adquiriram através do
INCRA um pedaço de terra, para viver e com certeza educação para os filhos era fundamental. Por isso
levando em consideração a distância, a organização pedagógica, o currículo o clima, o calendário a
educação do campo deve ser compreendida e analisada, para que não se continue no erro de que ela é
apenas uma extensão da educação oferecida no meio urbano.

Os educandos quando questionado sobre o desejo de permanecer no campo, responderam na maioria


que pretendem continuar, fato esse que vem de uma política pública e através dos educadores o incentivo
para que a família permaneça no campo com educação de qualidade.

Abbe Granereau preocupou-se frente ao problema do campo, o estado através de seus


professores primários, salvo algumas maravilhosas exceções, não sabia mesmo o que
dizer aos agricultores a não ser o seguinte: seu filho é inteligente, não pode ser deixado
na roça (...) é preciso encaminha-lo nos estudos (...) vencerá na vida melhor que seu
pai (...) conseguirá uma posição social.

Hoje as instituições de Ensino, os educadores de forma em geral estão incentivando a vida no campo,
a educação de forma alternada atendendo a educação no campo, trabalhando especialmente valores,
quanto a importância de viver no campo, com sustento da agricultura, o cultivo, amando a terra,
respeitando, abordando a organização rural familiar com diferentes atividades envolvendo a família,
articulando para que através da vida no campo consiga melhores condições de vida sem precisar sair da
zona rural.
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Para que a família viva no campo com qualidade de vida é necessário projetos, programas como o
PRONAF que dão suporte para o trabalhador, com muitas dificuldades, embora tenhamos dificuldades
o agricultor familiar é responsável por boa parte da produção agrícola em diferentes setores.
A agricultura familiar é muito importante para alimentação, desenvolvimento econômico e social da
população brasileira. A terra, o clima o planejamento é essencial para o desenvolvimento da agricultura
familiar, reconhecer o espaço, os recursos financeiros, priorizar a produtividade com qualidade sem
exageros de quantidade, sempre sabendo desenvolver práticas agrícolas para sustentabilidade ambiental.
Conhecedores que a maioria dos questionados produzem para o sustento familiar e uma minoria
fornece a associações, sindicatos ou até vendem nos pequenos comércios locais, diferentes produtos
agrícolas com destaque produção da mandioca, ovos e hortaliças, verificamos a importância de ampliar
a educação no campo de forma a adaptar um currículo de acordo com a realidade atendo as
especificidades de pequenos e médios produtores, representando a maioria dos produtores rurais no
Brasil.

É comum a agricultura familiar ser caracterizada como um setor atrasado do ponto de


vista econômico, tecnológico e social voltado fundamentalmente para a produção de
alimentos básicos (feijão, arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais) e
com uma lógica única de subsistência, esta imagem estereotipada da agricultura
familiar está longe de corresponder à realidade (GUANZIROLLLI, 2008).

Esses produtores tem papel importante são responsáveis por inúmeros empregos no
comércio e nos serviços prestados nas pequenas cidades. O maior desafio da
agricultura familiar é adaptar e organizar seu sistema de produção a partir de novas
tecnologias, melhorar a capacidade organizacional dos produtores com o objetivo de
ganhar escala, buscar mercado, agregar valor a produção e encontrar novas
alternativas para o uso da terra (VIEIRA e VIANA, 2007).

Na terceira pergunta foi em relação às quais produtos agrícolas são produzidos em sua terra:
mandioca, milho, arroz, abóbora, ovos, leite, hortaliças ou outros?

É possível perceber através das respostas que a maioria das alunas vive da agricultura familiar.
Sobretudo da agricultura familiar, que passou a contar com políticas mais específicas, após a década
de 1990, responsáveis por mudanças substanciais na sua histórica conformação, o que pode ser
compreendido quando consideramos os dados da realidade. Wanderley (2001) compreende que:

esta denominação, chamada agricultura familiar na contemporaneidade


brasileira, tem sido exigente de conceituação diante dos novos olhares que se
lançam sobre ela e das variadas formas que adquire. A agricultura familiar é
percebida como uma categoria carente de políticas públicas embora demonstre
viabilidade de desenvolvimento econômico e social de forma distinta.

Embora venha melhorando o apoio e incentivo aos produtores no campo da agricultura familiar,
ainda é pouco, pois as questões burocráticas muitas vezes são maiores que as possibilidades ofertadas.
Quarta pergunta “Vocês criam galinhas, porcos, gado para subsistência familiar e comercializam
para a comunidade, escola ou fornecem a alguma associação?” Responderam que criam 37% Galinha,
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26% Gado, 26% Porcos, 4% Criam para subsistência porcos e galinha e comercializa gado, 4% Criam
para subsistência galinha e comercializam gado e 3% Não criam nada nem comercialização.

De acordo com a quinta questão “Qual aproximadamente a renda familiar por mês?” Em sua maioria
recebem um salário mínimo.

Referente à sexta questão “Os membros da família envolvem-se na produção e cultivo da plantação,
tem mais algum funcionário”? Mais da metade possuem membros da família envolvidos no cultivo da
plantação.

Na sétima questão “A sua família pesca para sustento da família ou vende peixes para vizinhos e
comércios locais?”
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Visto que a maioria afirma pescar, é preciso incentivar esses educandos a buscar alternativas
organizações uma associação de pescadores onde aja possibilidade de ganharem um recurso para
sobrevivência e uma renda para sustento da família.
Na oitava pergunta “Os membros de sua família pretendem continuar no campo”? Mais de 90%
pretendem continuar no campo.

Com esse resultado é possível perceber o quanto esses educandos têm amor, respeito pela terra
lugar onde vivem, e somos todos responsáveis para que essa educação no campo tenha significado e os
incentive a permanecer na zona rural.

Na nona questão “As terras da propriedade onde mora são férteis e o clima é favorável à plantação e
colheita de produtos agrícolas?” Além da diversidade quando tratamos dos tipos de produtos agrícolas
produzimos em diferentes tipos de terra, também podemos verificar nas pessoas no modo de viver, pois
encontramos educandos que vivem à beira do rio, onde não é possível plantar por causa do alagamento.
26

Na décima questão “A escola onde funcionam as salas anexas do CEJA compram as hortaliças e
outros alimentos para a merenda escolar, de algum produtor rural”? 55% responderam não e 45%
responderam não tem conhecimento.

A décima primeira questão “E no CEJA Luiza Miotto Ferreira você sabe como acontece esse
fornecimento?”
Percebe – se que há necessidade de uma explicação e incentivo para que os alunos conheçam como
fornecer seus produtos para venda da merenda escolar e obtenham um ganho para sobreviver.
A Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, determina que no mínimo 30% do valor repassado a estados,
municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser utilizado na compra de gêneros
alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas
organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais
indígenas e as comunidades quilombolas. A aquisição dos produtos da Agricultura Familiar poderá ser
realizada por meio da Chamada Pública, dispensando-se, nesse caso, o procedimento licitatório.
Os pequenos agricultores através dessa oportunidade oferecem produtos da agricultura familiar à
escola e recebem por esse fornecimento, dessa forma valoriza o trabalhador que e incentivado a produzir
com qualidade e que recebam por isso, desde que não haja agrotóxicos e o produto seja orgânico, pois
os educando necessita de uma merenda saudável com preço bom.
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Na décima segunda questão “O que você sugere para melhorar a merenda escolar, os alunos podem
contribuir nesse processo, de que forma?”
Através das respostas vimos que alguns alunos sugerem plantar hortaliça e frutas, para melhorar a
merenda. Surge ai uma oportunidade para que futuramente possamos nos organizar aproveitando esses
saberes e juntos na escola façam canteiros de hortaliças e frutas, visto que a Escola Jose Norberto Gheler
já realiza esse trabalho com o 1º e 2º e 3º ciclo.

Vendo que o educando já tem experiência na terra em produzir para agricultura familiar, é importante
os educadores aproveitarem esse conhecimento e a sugestões dos mesmos e trabalharem intensificando
os conteúdos conforme realidade dos mesmos, melhorando a merenda e contextualizando seus saberes
empíricos a teoria estudada na EJA.
Na décima terceira pergunta percebemos que há preocupação com a conservação e preservação do
meio ambiente na hora de plantar e colher nas propriedades.

Na décima quarta questão “Quais as dificuldades encontradas para produção em sua terra, o que
poderia facilitar o crescimento dos recursos na agricultura familiar”? Sendo a maioria possuir
dificuldades com os insetos, cupim na plantação, será necessário que técnicos profissionais
especializados, instituições e órgãos que oriente, conscientizem através de palestras vídeos como plantar
e evitar pragas, insetos, cupim para que os educandos agricultores tenham um crescimento dos recursos
e consigam produzir com sustentabilidade e de maneira saudável.
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A décima quinta questão trata-se de “Existe alguma associação que apoia e fornece orientações para
agricultores da região?” Os educadores e educandos devem estar procurando a secretaria de agricultura
local para investigar se existem essas cooperativas associações que podem fornecer um amparo para que
esses pequenos agricultores produzam e tenham como vender para manter sua sobrevivência.

Na décima sexta questão foi sugerida que “Enumere as principais dificuldades para produzir com
qualidade.” É preocupante quando percebe – se que os educandos veem como ponto negativo não poder
usar o agrotóxico para produção, pois deixam claro que faltam esclarecimentos quanto à produção
sustentável e saudável, sendo necessárias a intervenção do educador e mostrar através da teoria e a
prática, que o agrotóxico prejudica a terra e principalmente os seres humanos que consomem esses
produtos, produzir de forma orgânica é mais lento, mas traz benefícios a terra e as pessoas que produzem
e consomem esses produtos.

A décima sétima questão refere-se a “No momento de produzir e colher os alimentos há uma
preocupação na conservação e preservação da terra e em manter os recursos naturais”?
As respostas deixam claro que há falta de orientação aos produtores, porque respondem que
conservam a terra, no entanto veem como dificuldade não poder usar os agrotóxicos, na terra. Verifica-
se um informação contraditória pois informam que conservam o solo, para plantação mas sentem
necessidade de plantar e usar agrotóxicos para produção.
A vida dos camponeses deve ser prazerosa, onde o produtor rural conhece o porquê e como produzir
com qualidade e saúde, nesse meio cabe as escolas, instituições educacionais, movimentos sociais,
Fóruns a luta para que o educando no campo produza com planejamento e visão de sustentabilidade
pensando em manter a terra, sem o uso de agrotóxicos, organizando cooperativas com membros
capacitados para orientar e auxiliar o produtor na venda para subsistência.
O maior desafio da agricultura familiar é adaptar e organizar de forma sustentável a partir da ideia
que produção sem agrotóxico é possível agregando valor a produção, encontrando alternativas para
comercializar e produzir em maior escala. No ano de 2014 a ONU (Organizações das nações Unidas)
considera o ano internacional da agricultura familiar. O brasileiro, sociólogo Graziano da Silva, diretor
geral das Organizações das Nações Unidas (FAO), em referência a esse tema diz: “Segurança alimentar
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e sustentabilidade não podem mais trilhar caminhos opostos. E não há nada mais próximo de um
matrimônio nesse horizonte do que o potencial, ainda não plenamente acionado em escala mundial da
agricultura familiar” (SILVA, 2014, s/p).
Os educandos relatam que o fato de não poderem utilizar os agrotóxicos na terra, segundo os mesmos
é uma das dificuldades que encontram, o que demonstra que precisam ser orientados a plantar e produzir
de forma orgânica, pois ao fazerem essa observação deixam claro que há necessidade de que nos
educadores, instituições Fóruns, sindicatos e outros envolvidos com a educação do campo mobilizem
se cada vez mais com ações que favoreça o educando camponês a produzir com sustentabilidade; no
entanto mais que orientar é preciso oportunizar subsídios, preparar para produção sem agrotóxicos
produtividade, para isso precisamos que as autoridades sejam responsáveis e incentivem com palestras
, de técnicos agrônomos e outros que possam demonstrar como produzir sem agrotóxicos com
quantidade e qualidade e mais o que orientar, forneçam incentivos financeiros, maquinários que
auxiliem nesse trabalho do campo.
O fortalecimento da agricultura familiar para os educandos produtores no campo deve ser ampliando
através de programas, políticas que visem a produção com conservação e a garantia dos seus direitos
territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização a sua identidade. É
necessário que haja articulação coletiva organizando uma forma de produzir obtendo lucro para
sobrevivência de uma forma que as famílias não precisem deixar o campo, para tentar viver nos grandes
centros, sendo assalariado e vivendo descontente, porque gostam de viver na terra, mas devido falta de
incentivo e estrutura acaba abandonada essa causa por isso vê na zona urbana um crescimento desfreado
da população cada vez mais com desemprego, marginalidade e alto índice de desistência e evasão nas
escolas em especial na Eja, onde são educandos trabalhadores, na maioria pais de famílias que vivem
com um salário mínimo. No que se refere à Educação do campo, há necessidade de uma união para
novas conquistas de condições para agricultura familiar, para que nossos educando camponeses possam
interagir a aprendizagem do ensino na escola a sua maneira de viver no trabalho do campo, para que a
aprendizagem tenha maior.

Conclusões

De acordo com as leituras realizadas e o resultado da pesquisa quanto a investigação se os alunos das
salas anexas do CEJA Luiza Miotto Ferreira que estudam na Escola José Norberto Gheler vivem da
agricultura familiar, foi possível perceber que a maioria vivem de pequenas produções de hortaliças,
frutas, arroz entre outros alimentos; pesca e criação de galinhas vendas para vizinhos, um ou outro
aleatoriamente consegue apoio para comercializar em associações, ou no comércio local. Deixam claro
também que pretendem continuar no campo, no entanto, reclamam da falta de incentivo e políticas que
fortaleçam as condições para continuarem a ser educandos no campo, a maioria também informa que
adquiriu a terra através do INCRA, comprovando que se iniciou a partir de um movimento social da
mesma forma que surgiu a educação do campo num processo de educação popular onde os camponeses
viram a necessidade dos filhos e dos mesmos estudar, a Eja nesse sentindo contempla o ensino de jovens
e adultos, e mais do que trabalhar o contexto social centrado na cultura tecnologia e trabalho é preciso
adaptar nosso currículo com a realidade do campo onde atendemos as salas anexas, ficou claro através
da pesquisa que vivem da agricultura familiar, a maioria desses alunos. Pretendemos nós educadores do
CEJA Luiza Miotto adaptar nossos conteúdos de acordo com a realidade vivida por eles, no campo
enriquecendo, orientando e mostrando dados que comprovem que podemos produzir e viver no campo
com qualidade cada um fazendo sua parte, cobrando benefícios investimentos, desenvolver atividades
de debates, com associações, agrônomos, instituições organizando ações que contribuam para um
aprendizado significativo, visto que os mesmos demonstram o gosto e o prazer de viver no campo.
Também foi possível perceber que os educandos não tem conhecimento que podem produzir e fornecer
para escolas a lei federal 11.947 trata que pelo menos 30% da merenda escolar deve vir da agricultura
familiar alimentos do pequeno agricultor que produzam de forma natural. Nos educadores através dos
fóruns, sindicato, associações podemos incentivar e cobrar apoio do governo junto a esses educando
camponeses que frequentam a EJA.
Precisamos contextualizar nosso currículo com a realidade do campo, educadores e educandos devem
unir-se para um problema social que é manter os educandos no campo, incentivando a agricultura
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familiar, para que possamos no futuro continuar alimentando - se com qualidade, reivindicando
incentivos e formas de produzir, envolvendo a família no trabalho da propriedade.
Caso nós educadores não nos envolvermos, teremos cada vez mais desiquilíbrio nos centros urbanos,
sendo assim a melhor forma é adquirir apoio capacitação para nossos educandos do campo; caso
contrário as escolas se fecharão; preocuparmos com essa realidade promover debates incentivar a
produção da agricultura familiar é bandeira dos educadores e educandos.
Acredito que os educadores do CEJA Luiza Miotto Ferreira e educandos das salas anexas possam
iniciar um trabalho de plantar e organizar uma horta para melhorarmos a merenda escolar, tanto nas
salas anexas quanto no Centro da EJA, aproveitando esses sabres dos educandos camponeses adaptando
aos conteúdos trabalhados em sala para iniciarmos um aprendizado mais significativo e prazeroso a
todos. Também podemos promover palestras com SEMA que ensina a manusear a terra conservando o
meio – ambiente e outros órgãos que possam estar ajudando nossos educandos em suas propriedades a
produzirem e venderem para sobreviverem. Claro que isso ainda é pouco precisamos, conhecer melhor
suas terras e produções, aprender e adaptar a vida camponesa ao currículo escolar. Portanto para isso
necessitamos de apoio e parcerias, incentivos financeiros entre outros benefícios.
O primeiro passo é tentar nunca desistir e acreditar que possamos ter uma qualidade de ensino cada
vez maior na educação do campo é fazer reflexão virar ação, mobilização sempre respeitando as
diversidades culturais, sociais e econômicas de nossos educandos.

Referências

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(Coleção educação contemporânea).
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Setembro, 2010.
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SCHNEIDER, S. Teoria Social, Agricultura Familiar e Pluriatividade. RBCS vol. 18 nº. 51
Fevereiro, 2003.
31

ESCOLA MUNICIPAL XANXERÊ: PERCEPÇÕES DA COMUNIDADE ESCOLAR DA


ESCOLA MUNICIPAL XANXERÊ SOBRE A EDUCAÇÃO DO CAMPO

Ederson Schaedler6
Bartolomeu José Ribeiro de Sousa7

Resumo: A educação do campo como uma modalidade de ensino vem dando os alunos do campo uma nova
perspectiva para esses alunos permanecerem no campo com suas famílias de terem uma vida digna com direito a
tudo o que é necessário para viver no meio rural. O presente artigo pretende demonstrar que a educação do campo
ainda não é bem vista por professores com métodos tradicionalistas, pais que veem o “novo” como um problema,
por exemplo, a participação dos pais na aprendizagem dos seus filhos e planejamento dos profissionais já saturados
ou que não corresponde a realidade dos educandos, pois há muito tempo tem se acomodado na busca de novos
métodos de ensino para os alunos do campo. A escolha do tema “Escola municipal Xanxerê: percepções dos pais,
alunos e profissionais da escola sobre a educação do campo”, tem como objetivo entender a visão da comunidade
escolar, em relação à educação do campo praticada na Escola Municipal Xanxerê.

1 A Educação nos contextos atuais

O atual contexto educacional busca um novo sentido para o próprio ensino, pois a educação
contemporâneas desenvolve em torno de ideais que são excluidoras ou punitivas de determinadas classes
da população brasileira, neste sentido a educação do campo é uma das alternativas ao mero processo
opressor presente hoje e difundido dentro da grande maioria das escolas públicas e privadas de nosso
pais, com ramificações tão intensas, assim como politicas tão bem elaboradas para se convencer todo e
qualquer cidadão do pais a absorver seus ideais isso gerou até mesmo uma serie da professores ou
educadores e formadores que passaram a defender ideais agressivos a sua própria realidade e com isso
difundindo suas ideias equivocadas que os sistemas criaram, sustentando desta forma uma cadeia de
ideias presentes em uma realidade que são adversas e contrarias a própria realidade.
O sentido do ensino de ser libertador e gerador de consciência nos indivíduos é simplesmente
substituído pela aceitação das ideias divergentes como fatos reais a realidade externa neste sentido de
defender ideias contraria as próprias realidades os próprios profissionais do ensino se dão por exterminar
suas realidades e suas escolas, neste sentido não apenas por disseminar uma ideia contraria a sua própria
realidade, mas pelo fato principal de contaminar o grupo social em que atua com ideias, neste sentido o
próprio meio se torna algo contrário ao próprio ensino, descontruído o verdadeiro ideal da educação
que é o desenvolvimento e a preservação da própria cultura onde se está inserida.
A educação a cada dia que passa tenta se readaptar e suprir partes dos problemas do próprio meio e
modernizar-se cada vez mais, buscando novas metodologias libertadoras e algumas destas que superem
então os modelos hegemônicos e opressores, que estão relacionadas com o cotidiano de cada aluno a
vida de cada educador e consequentemente com a formação de cada particular realidade e grupo social,
neste novo sentido de formação humana e social a educação do campo surge como preceito e manual de
libertação dos modelos que oprimem a sociedade rural, que é forma por médios, pequenos e micro
agricultores que hoje são engolidos e esmagados tanto seus princípios culturais como sua própria
formação de opinião. E educação deve ser liberdade e não prisão da mente e da cultura.

2 A Educação e o meio

O contexto de educação do campo é produzir uma ação que venha a valorizar a realidade da
diversidade do campo faz bem como compreender antes do próprio processo de se educar a situação e a
realidade do local onde a própria escola está inserida, neste sentido se aprofundar tanto sobre as
realidades sociais e econômicas quanto a própria visão cultural que a comunidade possui a respeito da

6
Autor, discente de 2014-2015
7
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB/DF, 2010).
32

educação do campo para uma realidade efetiva do campo, no sentido de tornar então o processo
significativo e real. “Uma experiência não pode ser uma experiência bem feita a não ser se é completa,
o que não acontece senão para a experiência precedida de um projeto bem estruturado a partir de uma
teoria acabada” (BACHELARD, 1968, p.16).
Neste sentido claro se conhecer a própria opinião e o conhecimento já existente ou que atua em cada
polo de sociedade e fundamental tanto para a tomada de atitudes como paras as próprias alterações nas
concepções a ações de ensino que se aplica nos dias atuais nas determinadas localidades, neste sentido
conhecer mais a fundo a realidade vem a ser sempre o primeiro passo para o desenvolvimento do ensino.
No contexto de educação do campo também se deve lembrar que não se pode haver uma
generalização de sociedade e indivíduos, pois cada sociedade rural é única assim como cada forma de
ensino dever ser desenvolvido para atender determinada sociedade, neste sentido o fundamental e
sempre se conhecer ar particularidades presentes em cada ambiente e suas formas de pensar.

2.1 Meio educacional rural

Segundo a SEDUC – Secretaria de Estado de Educação as escolas rurais convivem com uma
realidade sociocultural bem diferente das escolas urbanas. O dia-a-dia destas escolas é fortemente
influenciado por fatores climáticos, pela natureza do trabalho no campo, pela organização das famílias
e pelas grandes distâncias entre os alunos e a escola. Essas adotam então cronogramas que se adaptam
as diferentes realidades podendo ocorrer regimes de alternância
Uma das propostas curricular é a Pedagogia de Alternância, uns sistemas de formação, que traz
conseguem uma concepção de educação, cujo princípio educativo e a aprendizagem são organizados em
função das condições da vida das populações do campo. A mesma constitui-se, num primeiro momento,
em princípio pedagógico organizador e articulador dos projetos políticos pedagógicos das Escolas do
Campo, integrando a escola à vida da comunidade, capaz de articular dois espaços-tempos de
aprendizagem importantes, o contexto escolar e o contexto da família. Além do mais, permite um
diálogo mais próximo entre os saberes da escola e os saberes locais da família e da comunidade. Por
esse motivo, é importante reforçar que a produção de conhecimentos e a mobilização de práticas
precisam estar focadas nos conceitos e princípios do desenvolvimento rural sustentável.
Para fundamentar as percepções da comunidade escolar da Escola Municipal Xanxerê sobre a
educação do campo, há necessidade de uma consistente base teórica, da clareza do projeto histórico e
das práxis coletivas para que a educação do campo realmente se torne uma educação de classe capaz de
contribuir para a alteração da matriz tecnológica do campo brasileiro em favor da vida.
Portanto é necessário o desafio para o profissional que atua na educação do campo fazer parte desta
história e do contexto do aluno na formação educacional que desenvolvemos na escola rural. Desta
forma, Caldart (2004, p. 17) afirma que:

Nossa proposta é pensar a educação do campo como processo de construção de um


projeto de educação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, gestado desde o
ponto de vista dos camponeses e da trajetória de luta de suas organizações. Isto quer
dizer que se trata de pensar a educação (política e pedagogicamente) desde os
interesses sociais, políticos, culturais de um determinado grupo social; ou trata-se de
pensar a educação (que é um processo universal) desde uma particularidade, ou seja,
desde sujeitos concretos que se movimentam dentro de determinadas condições
sociais de existência em um dado tempo histórico.

Se é necessário visualizar uma educação que busque em primeiro lugar se adaptar ao indivíduo e
posteriormente que o mesmo passe a compreender os contextos gerais vividos em cada ambiente,
somente assim se construirá uma educação efetiva e transformadora que venha a acarretar efeitos
significativos nos indivíduos e no próprio meio

2.2 A Pedagogia da Alternância nas Escolas

Com base na situação e atuação educacional e no conhecimento de várias escolas, a grande maioria
que possui projetos voltados para a educação do campo, funciona documentalmente em sistemas de
33

alternância, que deveria de ser uma forma de pedagogia que se adapta as necessidades do indivíduo e
seu meio em relação as potencialidades do ensino, buscando sempre uma melhor maneira de adaptar o
ensino ao indivíduo e o indivíduo ao ensino, baseando-se nos sistema de alternância entre teorias e
práticas pedagógicas. Porém o contexto que se encontra este sistema de ensino baseado na alternância
apresentasse, com o claro fim de economia de gastos, sem haver qual quer preocupação com o período
do tempo “família ou comunidade”, utilizando-se apenas desta carga horaria para complementar seu
próprio currículo, não existindo preocupação nem uma com o ensino de alternância, ou ainda não
existindo nem mesmo conhecimento sobre o assunto ou ligação entre os supostos períodos de estudos
existentes no papel. Deve-se ressaltar que a escola em si não é autônoma em suas decisões e está se
reporta as ordens superiores, e quanto a esta por ser uma entidade municipal é sujeita as imposições da
secretaria municipal de educação, que tão pouco tem conhecimento significante ou interesse pela
pedagogia da alternância e a usa simplesmente como alternativa econômica, utilizando-se desta apenas
para cortar gastos e esquecendo assim do cunho social que a educação do campo possui.

3 A Escola Municipal Rural Xanxerê

Por trabalhar em uma escola do campo há oito anos percebe - se que a comunidade escolar ainda não
vê a educação voltada para o campo propiciando aos alunos uma integração, simultaneamente com a
família e a escola. Segundo esses a educação do campo praticada é muito maquiada, pois, sempre falam
uma coisa, mas na verdade a realidade é outra. A educação do campo, por alguns, ainda não é bem vista
como uma modalidade diferenciada porque veem o novo como um problema, pois há muito tempo os
professores acomodados não buscavam um novo horizonte para os alunos do campo. Quando se fala em
organização da escola são diversas as ideias e definições sobre as formas possíveis de se relacionar com
a realidade da comunidade em que está inserida. Tais propostas apoia se nas concepções e argumentos
de natureza social, política, econômica, cultural e epistemológica.
Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Fundamental organizado por Ciclo de Formação
Humana, temos que considerar um dos aspectos que fundamentam a organização escolar em ciclos de
formação humana, pois, trata da definição da função da escola e de suas formas de relacionar com as
realidades e a realidade mais ampla, ou seja, “olhar para todo sem deixar de olhar para os lados”. Assim
a escolha desse tema tem como objetivo entender a visão dos pais, alunos e profissionais da educação,
com relação à educação do campo praticada na Escola Municipal Xanxerê, como uma modalidade de
ensino que vem dando os alunos uma nova perspectiva para permanecerem no campo com suas famílias
e terem uma vida digna com direito necessário para viver no meio rural.

3.1 Compreensão da comunidade sobre a Educação do Campo

A pesquisa a ser realizada será descritiva, sendo realizadas por meio de questionários direcionados
aos pais, alunos e professores, sobre as perspectivas da educação do campo na Escola Municipal
Xanxerê. Nesta perspectiva procura – se compreender a visão da comunidade escolar sobre os métodos
utilizados para se trabalhar em uma escola do campo.
Considerando a problemática da pesquisa em questão foi elaborado um questionário com perguntas
sobre a visão que a comunidade escolar tem sobre a educação do campo, para serem analisadas em como
essa modalidade ao longo dos anos tem contribuído no ensino aprendizagem dos alunos. Participaram
do questionário 10 pessoas, sendo essas relacionadas aos professores, pais e alunos.
Ao analisar as respostas dos pais verifica - se que muitos acreditam na educação do campo, pois,
oferece mais recursos tecnológicos, transportes eficientes e estudos mais avançados para seus filhos
permanecerem na zona rural tendo uma vida digna, pois, os mesmos nasceram, cresceram e convivem
com a vida no campo. Outros acreditam que a educação tradicional no sentido de cobrança e obrigações
de ambas as partes com deveres e metas eram religiosamente cumpridas, onde o estado e o município
tratavam educação com menos ambição política e hoje, devido as regras no sistema os alunos tem saído
da escola sem saber ler e escrever direito. E, que comecem a ver o agricultor em especial à criança como
um produtor de alimento, tendo direito obter renda, com prestígio pelo seu trabalho.
Na análise das respostas dos alunos pode - se constatar que a maioria vê a educação do campo como
além de aprender algo a mais, se torna um aprendizado adequado para se permanecer no campo. E, em
34

sala aprendem a teoria para praticar em casa, dialogando com nossos pais e isso é bom, pois, além do
conhecimento que aprendemos em sala, os nossos pais passam a experiência deles para nós. Com isso
os trabalhos enviados pelos professores estão ajudando a pesquisar em nossa propriedade e nossos pais
nos ajudam.
Na análise das respostas dos professores, pode - se constatar que em relação à visão de educação do
campo, todos tem a consciência que é uma educação voltada para a realidade dos alunos, para a
preservação da identidade e da cultura dos povos do campo. Porém acreditam que a ideia de aproximar
teoria e prática, nem todos os professores estão preparados para exercer de fato a proposta, existe ainda
relutância entre associação dos conteúdos de base comum aos da realidade do aluno, além de alguns
terem muitas dificuldades com os meios tecnológicos. Outros acreditam na educação do campo, pois, o
diálogo direto com os alunos e a flexibilidade de organizar uma sequência didática através do tempo
comunidade, ou seja, a partir da realidade em que vive, existe diferença entre a zona rural ao da educação
da zona urbana. Tendo a visão que a mudança metodológica causa muitas dificuldades e assusta um
pouco, pois, somos alienados de uma forma tradicionalista, mas, ao mesmo tempo nos impulsiona
despertando o interesse em fazer a diferença.
Sendo assim com base nas respostas dos pais, alunos e professores, temos muitas etapas a serem
vencidas, para de fato alcançarmos uma educação de campo com qualidade e com os objetivos propostos
almejados. E se fala muito em comparação do aprendizado do aluno de anos anteriores aos tempos de
hoje por parte da comunidade em geral, culpando sempre a escola e se esquecem de que muitos pais de
hoje não se preocupam tanto com o aprendizado do aluno, nem na educação que tem que vir de casa e,
a lei acaba amparando muito nos direitos se esquecendo dos deveres.
Pode – se perceber que uma das maiores dificuldades são os materiais destinados à educação do
campo e as formações específicas para todos os profissionais da zona rural, sendo, portanto necessário
que os governantes invistam cada vez mais na educação e que venham o interesse principalmente no
que tange a Educação do Campo.

Considerações finais

A realização do presente trabalho foi de suma importância, pois o mesmo veio com intuito de saber
dos pais, alunos e professores da escola municipal Xanxerê, qual o conhecimento e o que eles
consideram e desconsideram na educação do campo.
Posso dizer que a educação do campo pela grande maioria dos questionados é bem aceita, pois
consideram que a mesma traz muitos benefícios para a comunidade escolar, podendo assim formar
cidadãos que valorizem o meio onde vivem e possa fazer desse conhecimento adquirido na escola um
meio de sobrevivência para a vida fora da escola. No entanto ainda há algumas coisas que precisam
mudar, pois faltam técnicos específicos para trabalhar determinados assuntos com os educandos, muitas
das vezes os órgãos públicos não dão o apoio necessário para que assim possa se obter um melhor
resultado no final do ciclo dos educandos do ensino médio.
É importante frisar que a educação do campo é necessária a nossa realidade, sendo que a mesma
necessidade de mais atenção e compreensão para que o trabalho dos profissionais seja bem sucedido
levando ao estudante o conhecimento que ele utilizara dentro e fora do âmbito escolar, formando assim
o cidadão consciente que valoriza o lugar onde vive.

Referências

BACHELARD, Gaston. O novo espirito cientifico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1968.
CALDART Roseli Salete. Pedagogia do Movimento sem Terra: Acompanhamento às escolas. São
Paulo, SP: Movimento dos trabalhadores rurais sem-terra – MST, setor de educação, 2001 e 2004, p
17
SEDUC- MT. Orientações Curriculares para a Educação Básica do Estado do Mato Grosso,
Cuiabá, 2010.
35

EDUCAÇÃO DO CAMPO: VIVENCIAS E EXPERIÊNCIAS DOS PROFESSORES/AS


QUE ATUAM NESSA MODALIDADE DE ENSINO NA ESCOLA ESTADUAL GUIMARAES
ROSA

Elineusa Pereira da Silva8


Bartolomeu José Ribeiro de Sousa9

Resumo - O presente trabalho teve como tema de estudo a Educação do campo: vivências e experiências dos
professores/as que atuam nessa modalidade de ensino na Escola Estadual Guimaraes Rosa. Buscou-se conhecer o
profissional da educação do campo, adquirindo informações como: onde moram se na zona rural ou urbana; qual
sua formação, porque estão trabalhando na modalidade educação do campo. E a fim de enriquecer ainda mais a
pesquisa buscou-se também identificar as dificuldades que os professores/as enfrentam para lecionar no campo.
Contextualizando todas as informações recebidas através do questionário aplicado, a partir desse estudo de caso
foram verificados aspectos importantes que identificam o profissional que atua na modalidade educação do campo
da referida escola. O perfil dos docentes demonstra um profissional presente no campo por uma questão de
necessidade de trabalho, e outros porque se identificam e apreciam a modalidade educação do campo, mas que na
verdade, perpassam por sistemas distintos do próprio processo educacional e o próprio contexto sócio e histórico
incluindo a comunidade em que a escola está inserida.

Introdução

A educação do campo desde os primórdios esteve dentro de uma concepção social educacional
desvalorizada e entendida como uma educação sem importância, ou até mesmo estigmatizada através
de palavras preconceituosas como, por exemplo, as escolas da roça, escolas para os caipiras. Apesar de
alguns avanços positivos nessa modalidade de ensino a educação brasileira como um todo já não é
apreciada, imagine quando essa modalidade educacional é a educação do campo.
Dessa forma para saber por que alguns aspectos educacionais não estão bem, é necessário estudar,
analisar e identificar todos os componentes que fazem a educação funcionar, dentre este se buscou
especificamente conhecer o profissional, ou seja, o professor (a) que atua na modalidade educação do
campo. Portanto foi pensando nesses paradigmas que esse trabalho relata sobre o profissional da
educação do campo no Brasil, respectivamente no estado do Mato Grosso, limitando-se ao município
de Alta Floresta, zona rural do município, especificamente na escola atualmente estadual Guimarães
Rosa.
Contudo esse trabalho também trouxe informações isoladas acerca de uma realidade diferenciada e
com atores também dotados de suas particularidades e opiniões únicas. Esse trabalho além de expor as
dificuldades e avanços do profissional as educação do campo, também possibilitou perceber as práticas
pedagógicas, e se estão articuladas com a realidade da comunidade em que a escola está inserida.
No entanto a preocupação maior foi identificar quem é esse profissional, se reside na zona rural ou
urbana, e a fim de enriquecer mais a pesquisa, aproveitou-se a oportunidade para saber ainda sobre quais
as dificuldades existentes e porque não foram sanadas compreendendo os elos entre políticas públicas
federal, estadual, municipal, instituição escola, envolvendo diversidade cultural, identidades e
memórias, dos envolvidos no processo educacional. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, pois
permitiu uma análise mais clara e precisa sobre o profissional da educação do campo na escola
Guimaraes Rosa, revelando as dificuldades e suas diferentes formas de interpretá-la e compreendê-la,
bem como agravantes relacionadas a horários, já que o aluno/a do campo precisa do transporte escolar,
bem como a estrutura curricular, dentre outros.
Considerando os procedimentos técnicos, a pesquisa se constituiu em um estudo de caso, além disso,
também se fez uma pesquisa bibliográfica e documental. A coleta de dados foi realizada mediante
diagnósticos, aplicação de questionário, análise e documentos da escola, observação de práticas

8
Autora, discente de 2014-2015
9
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB/DF, 2010).
36

educativas e entrevistas com o corpo docente e demais membros da escola, podendo trazer opiniões
relevantes sobre os avanços e desafios que enfrentam atualmente.
O problema que norteou essa pesquisa é constituído pelo seguinte questionamento: Educação do
campo: vivências e experiências dos professores que atuam nessa modalidade de ensino na Escola
Estadual Guimaraes Rosa. O professor/a do campo tem uma rotina devida intensa e delicada, por isso
foi importante identificar quem é esse professor/a, porque está na zona rural, são informações que
contribuíram bastante para o resultado dessa pesquisa. Sendo assim, a pesquisa apresentada está
discorrida da seguinte forma: três capítulos e subitens, sendo o primeiro capítulo: A Educação do Campo
no Brasil, segundo capitulo, O professor (a) da Educação do Campo, com subitens, A responsabilidade
da gestão e corpo docente na educação e A função da escola.
No último capítulo são apresentados os resultados da pesquisa de campo realizada na Escola Estadual
Guimarães Rosa, subitens como o professor que atua na escola e a percepção do aluno (a) da escola do
campo.

1 A Educação do Campo no Brasil

Os avanços no processo educacional ocorrem lentamente, mas é possível identificar algumas


mudanças desde a estrutura do ambiente escolar, como recursos pedagógicos, metodologias e o próprio
profissional que atua na área. Na modalidade educação do campo também não é diferente, houve
avanços significativos, não somente no contexto de nomenclatura, mas também nas próprias estruturas
escolares, bem como pedagógicos e até mesmo na formação dos professores/professoras que atuam na
educação rural. A educação seja qual for à modalidade ainda é necessário mudanças não somente nas
bases estruturais, pedagógicas e humanas, mas também na financeira, é preciso um investimento mais
concreto das autoridades responsáveis, É importante uma reformulação política capaz de modificar as
atuais estruturas educacionais que compõem as escolas públicas. Dessa forma a vida do ser humano no
campo, termina por estabelecer uma vida limitada ao seu contexto social, a sua forma de vida, sua forma
de trabalho, uma vida limitados seus filhos. A educação sempre teve avanços lentos, e foi preciso
bastante insistência e argumentações para se obter os poucos avançados conseguidos desde os
primórdios até os dias de hoje.
Sobre os processos que divergem a luta por uma educação do campo concreta e de qualidade Caldart
afirma: “Um dos traços fundamentais que vem desenhando a identidade deste movimento por uma
educação do campo é a luta do povo do campo por políticas públicas que garantam o seu direito a
educação e a uma educação que seja no e do campo” (CALDART, 2009, pág. 149).
Portanto a educação do campo no Brasil, ainda tem muito que se desenvolver, é preciso mudanças
em vários aspectos, pois são inúmeros as dificuldades encontradas pelas crianças e jovens desse meio
rural. No entanto o educando do campo, também tem direito a uma educação de qualidade, é importante
que o aluno/a do campo tenha ensinamentos baseados na sua realidade social, mas também tenha acesso
ao conhecimento como um todo, possa conviver com o todo, a fim de ampliar suas relações sociais.
As escolas do campo ultimamente com o aumento do êxodo rural, a cada ano perdem mais alunos
para a educação urbana, as famílias saem do campo para cidade em busca de melhores condições de
vida, e isso acaba trazendo uma situação delicada para essas escolas, que são as salas multisseriadas
(mais de uma serie juntas), e é uma problemática, não no requisito apenas número de alunos, mas no
momento de transmitir conteúdo, para que possa aprender, em especial turma de alfabetização
As turmas multisseriadas geram outro ponto controverso nas escolas do campo, por que a
metodologia de ensino se duplica, assim como o planejamento e demais estratégias de ensino, o que em
algum momento alguma turma fica ociosa enquanto o professor (a) encaminha o conteúdo para cada
turma. Os profissionais que atuam na modalidade educação do campo ou da cidade buscam alternativas
para regerem bem o processo de ensinar e aprender.
Através de algumas leituras e estudos de documentos sobre a escola do campo, identificou-se que
algumas pesquisadas realizada sobre educação do campo, comprovam que muitos desses alunos estão
em séries incompatíveis com as idades, ou retidos por alguma insuficiência de aprendizagem em alguma
disciplina. No entanto ainda existem muitas escolas do campo em situações precárias, como a estrutura
dos prédios aonde funciona as escolas , muitas dessas escolas ainda são de taipa, de madeira, outras de
alvenaria, muitas dessas escolas não tem iluminação e circulação de ar adequadas, são escolas bem
37

problemáticas, bem carentes, muitas escolas estão faltando carteiras e outros materiais necessários para
os alunos(as) terem aulas, como por exemplo as localizadas no nordeste do pais, e até mesmo realidades
locais. Os alunos(as) que moram e estudam no campo tem bastante dificuldades para chegar na escola,
pois muitos moram distante da escola, e necessitam do transporte escolar, muitos devido a distância
chegam cansados no ambiente escolar, podendo assim dificultar sua aprendizagem. A educação do
campo tem alunos (as) com uma rotina de vida diferente dos alunos da cidade, muitos desses alunos
ajudam seus pais no serviço da roça, no processo de preparação de cultivo, plantação e colheita, algo
respeitado pelo calendário da escola em questão.
As possíveis mudanças nas estruturas das escolas ocorrem primeiramente na cidade, depois nas
escolas do campo, e em muitos casos, demora mais do que o considerado normal, como por exemplo,
solicitação de cadeiras quando não estão mais adequadas para uso do aluno (a). O transporte escolar é
outra problemática no período chuvoso as estradas ficam mais degradadas, dificultando o acesso do
ônibus em determinadas linhas, às vezes quebra, não podendo levar os alunos, o que terminam por não
assistir aulas.
A educação do campo no Brasil não é uma temática atual, há algum tempo já existe, o que mudou
talvez tenha sido a nomenclatura, pois já se falava em educação rural, conceituada como uma educação
que acontecia na zona rural externa a urbana, uma educação oferecida para os filhos de agricultores, de
ribeirinhos, dentre outros.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases-LDB nº 9394/96 estabelece no Art. 28. “Na oferta de
educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à
sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente”. Dessa forma, entende-
se que a escola tem autonomia para organizar o calendário escolar, currículo e conteúdos, metodologias
e estratégias adaptadas as necessidades e interesses dos alunos/as do campo.
Atualmente as escolas do campo existem tanto no âmbito das esferas estaduais e municipais, ambas
com os mesmos avanços e desafios, ainda hoje existem escolas precárias no campo, algumas com
professores desprovidos sem qualificação adequada, mas nem tanto quanto nos primórdios. Antes as
políticas públicas voltadas para as escolas do rurais/campo eram precárias, acredita-se também que não
era preciso professores com formação pedagógica para ensinar, muitas pessoas que sabiam ler e escrever
eram professoras nessas escolas.
Contudo a partir de 1997, é que se começa uma discussão sobre outro possível modelo de educação
para as pessoas que moravam no campo, essa proposta de um novo modelo de educação surge através
dos movimentos sociais que defendiam a reforma agrária e além destes por outras organizações que
acreditavam na importância desse novo modelo educacional direcionado ao campo.
Todavia, no decorrer das discussões sobre uma possível educação do campo inovadora, surgem
outros movimentos apoiando a essa nova proposta como o Movimento dos Pequenos Agricultores
(MPA), os sindicatos de Trabalhadores rurais e federações estaduais desses sindicados vinculados à
Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT),
dentre outras organizações apreciadoras da proposta.
Após o período pós-guerra e com o avanço do processo de industrialização, e a repercussão de
investimentos em indústrias internacionais, se inicia um sutil interesse no campo, pois com o
desenvolvimento da cidade, as pessoas que moravam no campo, deslumbrada com esse processo de
mudanças urbanas significativas, iniciam um processo a migrar do campo para a cidade.
Aproveitando esse espaço, e numa concepção de investimentos e lucros futuros é criada em 1956, a
Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (ABCAR), que tem como função
coordenar programas de extensão, patrocinada por organizações internacionais, cujo objetivo era manter
as pessoas no campo, assim de desenvolver as comunidades rurais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB nº 9.394/96, no seu artigo 28, enuncia a
oferta de educação básica para a população rural, por meio de adaptações necessárias a sua adequação,
conteúdos curriculares e metodologias apropriadas, entre outros. Entende-se que cada região, cada
escola fica responsável pela sua metodologia de ensino, cabe a instituição de ensino contratar seu
professores (as) habilitados e capacitados para lecionarem, também devem estar em condições de
funcionamento.
Dentre os movimentos sociais do campo que estão em luta por uma educação do campo está o
Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e Educadores e Educadoras da Reforma
38

Agrária (IENERA), realizado em 1997. Partir desse momento inicia-se uma discussão sobre a educação
de campo pensando numa pedagogia baseada numa organização escolar estruturada, composta por um
currículo flexível, que atenda às necessidades dos alunos (as).

2 O professor da educação do campo

O professor (a) seja do campo ou da cidade deve exercer sua função com responsabilidade e
compromisso, pois já é sabido a desvalorização desse profissional há tempos, por isso é importante
analisar antes de se tornar um professor(a) se informar como funciona o processo educacional, em
especial para ser um professor(a) da escola do campo. O professor (a) da escola do campo, diferente do
que muitos pensam a maioria são professores (as) que residem na cidade. São poucos os professores que
trabalham nas escolas localizadas na zona rural que moram na comunidade na qual a escola está inserida
De acordo com Arroyo:

Um dos determinantes da precariedade da educação do campo é a ausência de um


corpo de profissionais que vivam junto às comunidades rurais, que sejam oriundos
dessas comunidades, que tenham como herança a cultura e os saberes da diversidade
de formas de vida no campo. A maioria das educadoras e educadores vai, cada dia, da
cidade à escola rural e de lá volta a seu lugar, a cidade, a sua cultura urbana.
Consequentemente, nem tem suas raízes na cultura do campo, nem cria raízes
(ARROYO, 2007, p. 169).

A maioria das pessoas que moram no campo, com ou sem recursos financeiros quando estudam e
fazem uma graduação, não continuam morando no campo, e os que conseguem se formar são poucos os
que adquirem uma formação na área de licenciatura, pois os filhos/as de família com recursos
financeiros, muitos se formam em áreas voltadas para o cultivo e cuidados na área agrícola, como
agronomia, engenharia florestal, medicina veterinária entre outros.
Já os filhos (as) de famílias com condições financeiras menos favorecidas quando conseguem estudar
buscam cursos que acreditam que possam melhorar sua situação de vida, muitos não veem os cursos de
licenciatura como uma forma de adquirir melhoras em suas vidas, isso se deve a todo um contexto
histórico envolvendo o processo educacional e a desvalorização do profissional da educação, o
professor(a), dentre outros problemas.
As condições de trabalho para esses professores(as) nas escolas do campo não são das melhores, as
políticas públicas ausentes na maioria dessas comunidades em que essas escolas estão inseridas
terminam por dificultar o trabalho desse professor(a) que trabalha no campo, pois como citado
anteriormente a maioria são professores que moram na cidade não tem apoio algum dos órgãos
competentes para de deslocar até o campo, cada profissional é responsável por sua ida e permanência
no campo, caso não queira fazer esses translado todo dia.
Um outro aspecto observado também é que de acordo com o processo realizado para a composição
do quadro de professores da rede estadual ou municipal dos respectivos estados brasileiros, é que devido
os profissionais já efetivados, terem optado por ficar na cidade e muitos já residem na cidade, os outros
profissionais para não ficarem sem trabalho terminam por item trabalhar nas escolas do campo. Segundo
Arroyo

Muitos professores/professoras do meio rural costumam fazer parte de um ciclo


vicioso e perverso: são vítimas de um sistema educacional que desvaloriza o seu
trabalho, que coloca o meio rural como uma penalização e não como uma escolha,
que não viabiliza sua qualificação profissional, que rebaixa sua autoestima e sua
confiança no futuro (ARROYO, 1997, p. 70).

Diante da abordagem exposta, percebe-se que trabalhar na educação do campo em alguns


estados significa que não havia alternativa, e como é preciso trabalhar para sobreviver assim como
qualquer outra área de trabalho, o professor/professora termina por adotar essa rotina de locomover da
cidade até o campo para lecionar.
Para Molina (2002) “É importante assumimos mais esse compromisso: refletimos
sistematizarmos e escrevemos a respeito de nossas práticas pedagógicas, de nossas experiências como
39

educadores e educadoras do campo”. Entende-se que ao assumir compromissos, deve-se cumpri-los, é


preciso dedicar ao seu trabalho e tratando se da educação rural, é preciso vivenciar, conhecer e refletir
sobre essa modalidade de ensino e rever suas práticas pedagógicas, se estão de acordo ou até mesmo
favorecendo essa modalidade de ensino.
O professor/professora é um instrutor educacional que passa conhecimentos disciplinares e por uma
questão social, termina por ser responsável também por uma educação de valores e profissional. Por isso
é fundamental que os profissionais da educação estejam preparados e atentos para as especificidades e
realidade social de cada um, em especial do aluno/a que vive no campo. O professor/a do campo tem a
responsabilidade de desenvolver práticas pedagógicas voltadas ao contexto social rural do aluno/a, mas
é importante considerar o contexto social como um todo, tanto o social da zona urbana como rural, pois
o aluno/a do campo também numa concepção de futuro pode vim a ser um aluno/a da cidade, por isso a
importância de assumir diferentes aspectos.
O professor/a como mediador do processo de ensino e aprendizagem deve além de ensinar permitir
que seu aluno pense, reflita, sobre possíveis problemáticas, o professor/a deve questionar o aluno/a,
buscar dele seu entendimento, é preciso que este aluno/a perceba sua realidade social, que aprenda a
conviver com o novo, com o diferente, s saberes são diversos e perpassa por conhecimentos populares
não apenas conteudistas ou científicos.

2.1 A responsabilidade da gestão e do corpo docente na educação

A responsabilidade do corpo docente perpassa por diversos outros aspectos sociais, ou seja, este
professor/professora da escola do campo ou da escola da cidade deve estar apto para resolver ou arcar
com situações diversas e únicas, por isso para que o processo educacional aconteça de forma estável e
significativa é fundamental o trabalho em equipe, é importante também que a escola disponha de uma
gestão participativa e democrática, o que está em andamento na escola.
No entanto para que a gestão trabalhe numa concepção de democracia e participação, ou seja gestão
democrática, mas é preciso entender e respeitar as particularidades de cada profissional, por isso quando
se estimula uma escola democrática e participativa é no sentido de que todos tenham oportunidade de
expor suas ideias, suas opiniões e no momento de decisões todos possam ter vez e voz, ou seja, que a
decisão seja no coletivo. Sobre isso Veiga (2004, p. 19) afirma:

A gestão democrática implica necessariamente o repensar da estrutura de poder da


escola, tudo em vista de sua socialização. A socialização do poder propicia a prática
da participação coletiva, que atenua o individualismo; da reciprocidade, que elimina
a exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula a
dependência de órgãos intermediários que elaboram políticas educacionais das quais
a escola é mera executora.

É preciso que haja também bons profissionais comprometidos com sua profissão, que haja também
gestores dispostos a ouvir e compreender os anseios dos seus professores/professoras, e que dentro de
suas possibilidades e limitações tentem relacionar o trabalho desenvolvido entre o educador e as famílias
dos educandos. Ressaltando que não é a escola total responsável pela educação dos alunos/alunas, a
família tem responsabilidade total sobre os mesmos. Contudo, apesar desses fatores e desafios, o
professor/a tenta realizar suas atividades da melhor forma possível de acordo com suas condições,
muitos são comprometidos com seu trabalho. O professor/a é o principal mediador/a entre o
conhecimento e o aluno/a, transmite os saberes e valores que são importantes para o seu
desenvolvimento profissional e pessoal. O profissional da educação precisa alcançar meios para
identificar e proporcionar ao aluno/a metodologias que facilitem essa mediação, segundo.

[...] Aproxima, cria pontes, coloca andaimes, estabelecem analogias, semelhanças ou


diferenças entre a cultura “espontânea” e informal do aluno, de um lado, e as teorias
e linguagens formalizadas da cultura elaborada, de outro favorecendo o processo de
ressignificação e retificação conceitual (GARRIDO, 2002, p. 130).
40

Nesse aspecto o professor/a atua como mediador transformador de considerações e transmissor de


conhecimentos aos alunos/as, por isso é importante ressaltar todos têm e são importantes no processo
educacional, as estruturas funcionam bem, se todos estiverem bem e desenvolvendo o trabalho com
facilidade e satisfaço. A responsabilidade do processo de ensino e aprendizagem é de todos, não se pode
responsabilizar apenas a escola pelo fracasso da aprendizagem escolar, existem inúmeros fatores que
contribuem com uma possível falha no processo educacional.
Os problemas na educação são diversos e iguais quando se trata de instituições escolares pública,
porém quando se fala em modalidade educacional os problemas se dividem e se divergem. Portanto
quando se fala da responsabilidade da gestão e professores/as na escola essa responsabilidade deve ser
entendida e compreendida, como aspecto que pode fazer a diferença no processo educacional, que apesar
de suas dificuldades em lecionar tentam trabalhar da melhor forma possível.
O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento fundamental e importante para o processo de
ensino e aprendizagem, no qual contém todas as diretrizes e normas pedagógicas, humanas e materiais
para reger a educação na instituição escolar. Esse documento compõe a organização curricular e suas
estratégias de funcionamento, bem como técnicas avaliativas. Dessa forma a escola construiu seu PPP
dentro do projeto sala do educador, a construção do PPP da escola, proporcionou a todos os funcionários
a oportunidade de compreender e participar da proposta, política e pedagógica de ensino da escola em
que estão inseridos. Construído também com a participação dos membros do Conselho Deliberativo
Educacional Escola (CDCE), tendo representantes da comunidade, professores, pais e alunos.
Todo ano o PPP passa por reformulação, adaptando a necessidade das mudanças sociais ocorridas,
pensando no contexto social em que o aluno/a está inserido. Na modalidade educação do campo, tem-
se sujeitos que nascem e vivem em contato com a natureza, pessoas que vivem e sobrevivem das
atividades agrícolas, dessa forma é importante relacionar os conteúdos ministrados com essa realidade
desse aluno/a para que possa ter uma compreensão de mundo com um todo, partindo do local para o
global.

3 A Escola Estadual Guimaraes Rosa

A Escola Estadual Guimarães Rosa está situada ao norte do Estado de Mato Grosso – Brasil.,
localizada na MT-010, km 035, em uma comunidade chamada Santa Lúcia, zona rural de Alta Floresta,
ou seja, uma escola do campo e para o campo. A escola foi criada pelo decreto nº. 1145 de 06 de
fevereiro de 2008, a escola atualmente atende aproximadamente 160 alunos/as sendo os dois períodos,
matutino e vespertino.
A escola tem no período matutino e vespertino, sendo uma turma de educação infantil anexo do
município, esendo1ª, 2ª e 3ª fase do 1º ciclo; 1ª, 2ª e 3ª fase do 2º ciclo; 1ª, 2ª e 3ª fase do 3º ciclo e 1º,
2º e 3º ano do ensino médio. Todos os alunos (as) atendidos nesta escola são alunos (as) que estudam e
moram no campo, pois há alunos que por morar mais próximos da cidade, são aluno (as)do campo, mas
estudam na cidade.
Atualmente a escola iniciou sutilmente a sua prática pedagógica numa perspectiva de Educação do
Campo, considerando que a maioria dos alunos(as) atendidos(as) são filhos(as) de pequenos e médios
agropecuaristas e de agricultores da agricultura familiar. Por estar localizada no campo essa escola
conserva em sua metodologia de ensino valores culturais, religiosos e morais inseridos na comunidade
desde os primórdios de sua fundação.
A comunidade está organizada em grupos comunitários como: igrejas, clube de mães e associações,
a escola está inserida em uma comunidade em que é sua formação é composta por famílias de média e
baixa renda familiar e com pouca escolaridade. Além disso, alguns pais são funcionários de fazendas
e/ou órgãos públicos, há ainda pais de aluno (as) que trabalham com a pecuária leiteira ou agricultura
familiar, que entendem que os estudos é uma maneira que seus filhos(as) tem de melhorar de vida,
também veem a escola como uma forma do aluno(a) aprender, ter sabedoria para lhe dar com os
problemas cotidianos.
Na comunidade em que a escola está inserida, as pessoas que residem aparentemente demonstra
serem unida, solidária e participativa tanto nas questões escolares como da própria comunidade. É
interessante ressaltar também a diversidade cultural presente nessa comunidade, as famílias que moram
41

nesse local, são oriundas de diversos estados brasileiros, os quais destacam-se os estados do Paraná,
Minas Gerais, Mato grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina, e outros.
A escola Guimaraes Rosa além da comunidade local atende também alunos das comunidades
adjacentes como a comunidade Menino Jesus, comunidade Montes Claros, comunidade de São
Francisco de Assis, dentre outras. Os componentes da escola são uma diretora, dois coordenadores um
da escola e do projeto Mais Educação, seguido dos seus quatro monitores, e nove professoras, uma
secretária, três nutricionistas sendo uma do projeto Mais Educação, uma funcionária de Serviços Gerais.
A estrutura da escola dentro de suas limitações tenta atendar o aluno (a) da melhor forma possível,
tendo em suas instalações uma sala em que funciona a diretoria e secretaria, uma sala para coordenação,
uma biblioteca, uma sala de informática, uma sala para os professores, e cinco salas de aulas, todas
possuem carteiras adequadas e suficientes para todos os alunos, possui banheiros adaptados, uma quadra
não coberta, uma quadra de areia, e uma horta.
A escola Estadual Guimarães Rosa, está comprometida com uma educação baseada no contexto
social em que o aluno está inserido, na realidade do campo, e procurar desenvolver uma pratica de ensino
que respeite e trabalhe a individualidade de cada aluno. Tem como função proporcionar ao aluno o
ensino de qualidade através de uma ação criativa e conjunta baseada nos princípios da escola do campo,
oferecendo condições para que tenha capacidade de participar como agente transformador de sua
comunidade, e consequentemente a sociedade em que vive seja rural ou urbana.
A escola ultimamente visando uma pedagogia preocupada com a transformação, e não com a
conservação, vem repensando o processo da sala de aula, alternativas e estratégias capazes de inovar e
proporcionar ao aluno/a forma que facilitam sua aprendizagem. A escola deve proporcionar ao aluno/a
acesso aos bens culturais, ao conhecimento produzido historicamente, e possa adquirir habilidades para
transformar esses conteúdos no contexto social.
A referida escola tem seu PPP em processo de atualização, de acordo com informações coletadas, o
projeto construído considera todos os aspectos sociais importantes para contribuir com a formação
pessoal e profissional do aluno/a, acredita em um currículo flexível e que seja coerente, objetivo, claro
e preciso, também acredita que a escola deve ser um espaço democrático e participativo.
Todas as informações citadas foram colhidas através de observações no espaço escolar, através dos
diálogos informais, e para concluir um dos objetivos principais e especifico da pesquisa que foi conhecer
o professor/a que trabalha nessa modalidade de ensino, foi a aplicação de um questionário. Dessa forma
no momento da aplicação, ao explicar sobre as perguntas do questionário já foi possível obter
informações importantes para a pesquisa, pois numa pesquisa qualquer informação é fundamental, são
os dados colhidos e observados que fazem a diferença no trabalho.
Todavia, percebeu-se também que houve um interesse do professor sobre as perguntas do
questionário, foi uma forma também dele próprio se analisar e se auto identificar como profissional e de
qual modalidade, e até mesmo como utilizam sua metodologia de trabalho, uma forma de contribuir
mesmo que indiretamente com o trabalho da educação do campo. Durante a aplicação dos questionários
percebeu-se o interesse dos professores nas questões levantadas, alguns leram, mas não quiseram
responder, outros responderam com exatidão e satisfação, logo após em seguida fez-se tabulação dos
dados, que estão expostos nos próximos capítulos.

3.1 O professor que atua na escola estadual Guimaraes Rosa.

A fim de conhecer os funcionários que trabalham na escola, em especial o professor/professora que


atua na escola, foi aplicado um questionário para a direção da escola e coordenação e para os professores.
Perguntas semelhantes, mas com finalidades distintas, como sobre quantidade de funcionários da
escola; Qual a formação do quadro de professores; Quem é o aluno (a) da educação do campo; A escola
tem PPP- Projeto Político Pedagógico direcionado a Educação do Campo; O que é educação do campo;
Quais são os pontos negativos e os positivos da educação do campo, as mesmas perguntas foram feitas
a coordenação da escola com exceção da pergunta sobre números de profissionais e formação dos
mesmos.
De acordo com os questionários aplicados a gestão da escola e aos professores tem-se o seguinte
resultado:
42

Formação dos Que série que leciona? Onde você mora? Vinculo?
professores?
4 - pedagogos 3 - profs. na 1ª fase do 1º ciclo; 5 profs. Zona Urbana 2 - efetivos
2 - biólogos 4 - profs. nas 2ª e 3ª fases do 2º e 3º ciclo, 2 profs. Zona rural 4 - interinos
1 - Engenheiro florestal e ensino médio
Fonte: Dados da pesquisa 2015

É importante ressaltar que dos professores que não responderam os questionários tem mais dois que
moram na zona urbana e um mora na comunidade adjacente.
Para Molina (2009) “O nome ou expressão Educação do Campo já identifica também uma reflexão
pedagógica que nasce das diversas práticas de educação, desenvolvidas no campo e/ou pelos sujeitos do
campo”. Dessa forma percebe-se o entendimento sobre a pratica pedagógica de uma educação voltada
ao contexto social rural do aluno/a que estuda e mora no campo.
Diante das exposições percebe-se que os professores/as tem conhecimento do conceito da palavras
educação, sobre a educação do campo foi consenso as respostas, como citado abaixo.

2- professores 1 - professor 4 - professores/as


O que é É importante ter uma É preparar para viver em A educação como
educação do metodologia e uma estratégia de sociedade, preparar o aluno/a sendo a função de
campo? ensino coerente com a realidade para o mercado do trabalho. fazer o sujeito a ter
rural e passar conhecimentos, atitudes necessárias
ensinar o sujeito a ter hábitos. para viver em
sociedade.
3- professores/as 4- professores/as -

Qual a
importância da A Constituição Federal diz que É importante porque os
Educação do todos têm direito a uma alunos/as tem oportunidade de
campo? educação, então acredito que estudar igual aos alunos/as da -
independentemente do local, a zona urbana, também é uma
educação é direito de todos, a forma de adquirir
educação do campo é importante conhecimentos, não somente
porque permite aquele aluno/a da sua realidade social e sim
que vive na zona rural a estudar um conhecimento como um
todo.
5 – professores/as 2 professores -
Avanços e O acesso à escola, pois há uma
desafios que distância considerável da cidade - -
encontram ao até o campo, além disso as
lecionar? estradas são ruins.
4 – professores/as 3- professores/as -
Quais as Tentam de acordo com o Que usam metodologias
metodologias conteúdo trabalhado adaptar à diversas adaptam os
utilizadas para realidade do campo, utilizam os conteúdos possíveis na
trabalhar na livros didáticos que vem para as realidade do aluno/a, -
educação do escolas do campo, tentam atividades dinâmicas que
Campo desenvolver projetos na área falam sobre questões
ambiental. ambientais ou do campo
7 – professores /as - -
Tem contribuído O que podem fazer para
para melhoria melhorar a educação do campo,
na educação do é lecionarem bem, tentar dar a - -
campo melhor aula, proporcionar aos
alunos/as metodologias que
facilitem sua aprendizagem
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
43

Segundo Molina (2009): “A educação do campo é um projeto que reafirma como grande finalidade
da ação educativa, ajudar no desenvolvimento mais pleno do ser humano, na sua humanização e inserção
critica na dinâmica da sociedade de que faz partes que compreende que os sujeitos”. Dessa forma
entende-se que para Molina a educação do campo é uma ação educativa que permite ao sujeito do campo
terem oportunidades únicas, é uma forma de inserir num contexto social mais amplo, uma forma de
conhecer os diversos saberes não somente de conteúdo, mas numa concepção de valores sociais.
Portanto analisando as respostas dos referidos percebe-se que a contribuição ocorre de uma forma
isolada e especifica, mas no sentido de lecionar, do que no sentido mais burocrático. Diante das respostas
dadas foi possível identificar quem é o profissional da educação que atua no campo na instituição de
ensino estadual Guimaraes Rosa, as respostas foram consideradas satisfatórias já que a maioria dos
profissionais tem a mesma realidade social, vieram da cidade para trabalhar no campo, por um motivo
maior, ou seja, trabalhar, porque precisa, é uma necessidade.

3.2 A percepção do aluno (a) da escola do campo

A percepção dos alunos/as também foi importante para descrever e para a conclusão da pesquisa.
Foram entrevistados cinco aluno/as divididos nos turnos vespertino e matutino, ensino fundamental e
médio. Resolveu-se aplicar esse questionário aos alunos/as para saber suas concepções sobre o tema em
questão, antes, dados pessoais dos alunos/as, citados abaixo:

Idade Onde mora? Comunidade?


Alunos/as 1 - 15 anos 2 – adjacentes
3 - 16 anos 5 - zona rural 3 – Santa Lúcia
1 - 17 anos
Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Todavia, após essas informações, fez-se perguntas num contexto mais abrangentes exposto logo
abaixo no quadro.

3 - Alunos/as 1 - aluno
O que você entende por Educação é educar para a vida e para o “Educação é educar para a vida
Educação do campo? trabalho e para o trabalho, mas um
trabalho tanto no campo como
na cidade”.
5 - alunos/as
Quais os principais “ com certeza é a distância da cidade até
desafios que o professor aqui, na escola” -
(a) encontra para lecionar
na modalidade educação
do campo?
3 - Alunos/as 2 – alunos/as
Você costuma ter “Sim, conhecem, sabem sua
informações a respeito dos “sabem pouco, a não ser sua formação e que formação, onde moram e
professores que lecionam moram na cidade conhecem sua família”.
na educação do campo
4 - alunos/as 1 – aluno
Em sua opinião, quais os Além da distância que os professores A distância que os professores
principais desafios da enfrentam nós também alunos/as moramos enfrentam nós também
educação do campo? longe da escola e dependemos de transporte alunos/as moramos longe da
pra se locomover, e quando os ônibus escola e dependemos de
quebram nos prejudicam isso é um desafio. transporte para chegar na
escola.
Fonte: Dados da pesquisa (2015)

Diante das respostas expostas, entende-se que os/as aluno/as que participaram da pesquisarem
conceito formado sobre educação, e sobre a educação do campo. Também em tem ciência das
44

dificuldades enfrentadas tanto pelos professores/as como pelos alunos/as, e reconhecem a importância
desse profissional capacitado nas escolas do campo, pois assim terão oportunidades de transformar suas
realidades sociais, se necessário e com conhecimento.

Considerações Finais

O presente artigo objetivou investigar a importância da prática da Educação do campo: vivencias e


experiências dos professores que atuam nessa modalidade de ensino na Escola Estadual Guimaraes
Rosa. O trabalho desenvolvido de pesquisa adotado foi o estudo de caso, para uma investigação
descritiva e analítica, com uma investigação mais profunda foi possível identificar o perfil do/a
professor/a que atua na escola do campo, percebendo os pontos negativos e positivos de lecionar nessa
modalidade de ensino.
De acordo com as análises dos questionários aplicados à maioria dos professores que trabalham na
escola estão no seu primeiro ano de trabalho, identificou-se também que a maioria dos professores/as
são formados/as na área de pedagogia, e os outros em biologia, também têm concepções formadas sobre
o processo educacional, e sobre a educação do campo, tem ciência dos seus trabalhos desenvolvidos
nessa modalidade de ensino, e que também tentam dentro de suas limitações realizarem um bom trabalho
com seus alunos/as.
Identifica- se também que a maioria dos professores moram na cidade, e todos os dias fazem esse
trajeto zona urbana e zona rural, com exceção dos que ficam e passam a semana. Apesar das dificuldades
encontradas os professores tentam cumprir suas obrigações, ou seja, realizar seu trabalho com êxito,
mesmo com o enfrentamento da desvalorização de sua profissão, às vezes trabalham sem estrutura
adequada, mesmo assim desenvolvem sua pratica pedagógica.
Contudo é importante ressaltar que os alunos/as do campo também tem direito ao acesso à educação
de qualidade, também é importante que tenham professor/as formados, com conhecimentos vastos,
assim tem oportunidades tanto quanto os alunos/as da educação urbana.

Referências

ABRANTES, José. Fazer monografia é moleza: o passo a passo de um trabalho científico. Editora
Wak, Rio de Janeiro, 2007.
CARVALHO, Anna Maria P. de (Org.) Ensinar a ensinar. Didática para a escola fundamental e
média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
ANTONIO, C. A & LUCINI, C. Ensinar e aprender na educação do campo: Processos históricos
pedagógicos em ação. Cadernos CEPES, Campinas, vol.27, nº.72, 2007, p.177-195.
ARROYO, M. & FERNANDES, B. M. A educação básica e o movimento social do campo.
Brasília, DF: Articulação Nacional por uma Educação Básica do Campo, 1999. (Coleção Por uma
Educação Básica do Campo, n° 2).
ARROYO, M. Gonzalez; CALDART, R; MOLINA, M (orgs). Por uma Educação do Campo. 4. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. 13 ed. Campinas, SP: Papirus,2002.
GARRIDO, Elsa. Sala de Aula: espaço de construção do conhecimento para o aluno e de pesquisa e
desenvolvimento profissional para o professor. In CASTRO, Amélia D. de. Primeira Conferência
Nacional “Por Uma educação Básica do Campo”: texto preparatório. Bernardo M. Fernandes, Paulo
R. Cerioli e Roseli S. Caldart, 19.
45

DIFICULDADES EM RETORNAR OS ESTUDOS NA EJA NO CAMPO

Fátima Aparecida Mendes10


Keila Alves de Souza11

Resumo - Este trabalho tem como objetivo apresentar, a partir de uma pesquisa, fazendo uma reflexão o percurso
desse estudante para retornar seus estudos por meio da modalidade (EJA) educação de jovens e adultos.
Apresentando as dificuldades e satisfação encontradas no retorno, averiguando quais foram os motivos que os
fizeram retornar. Essa modalidade de ensino sempre enfrentou resistências e dificuldades, desde que os jesuítas
eram responsáveis pela educação no Brasil Colônia. A preocupação com adultos não escolarizados já vem de longa
data e se reporta ao início da colonização portuguesa no Brasil, quando os índios os principais habitantes do Brasil
até então, eram doutrinados, muito mais para a religião do que educados para outros tipos de conhecimentos. Freire
enfatizou a importância de se associar o aprendizado da leitura e da escrita à revisão profunda nos modos de
conceber o mundo e nas disposições dos jovens e adultos para tomar nas mãos o próprio destino e sempre
demonstrou uma preocupação em relação a uma aprendizagem significativa, em toda sua discussão em relação à
escolarização do aluno jovem e adulto. Uma das maiores discussões é educação de jovens e adultos, juntamente
com o campo é o fórum da EJA que completa nesse ano de 2015, 14 anos, que busca refletir, reivindicar e propor
ações na luta pela EJA com equidade.

Introdução

A educação no campo, defendida por muitos pesquisadores, pela permanência e direito à escola
pública de qualidade no campo as pessoas tem o direito de estudar no lugar onde vivem. Em defesa de
uma educação que ajude a fortalecer o interesse pelo conhecimento, que valorize e transforme a maneira
de pensar dos alunos residentes no campo. Que vejam o campo como um lugar de vida, cultura,
produção, moradia, educação, lazer, e que respeitem as especificidades sociais, étnicas, culturais e
ambientais dos seus sujeitos. Nesse sentido busca-se desenvolver uma proposta de educação voltada
para as necessidades das populações do campo na EJA (educação de jovens e adultos).
Este trabalho tem como objetivo apresentar, a partir de uma pesquisa in loco, realizada na escola
Jonas Pinheiro, localizada no distrito de União do norte pertencente ao município de Matupá-MT.
Fazendo uma reflexão o percurso desse estudante para retornar seus estudos por meio da modalidade
(EJA) educação de jovens e adultos. Onde abordaremos as dificuldades e satisfação encontradas no
retorno aos estudos. Averiguando quais foram os motivos que os fizeram retornar aos estudos.
Essa modalidade de ensino sempre enfrentou resistências e dificuldades, desde que os jesuítas eram
responsáveis pela educação no Brasil Colônia. Na década de cinquenta desse século, a Campanha de
Educação de Jovens e Adultos, sofreu muitas críticas pelos métodos usados e foi extinta por não obter
resultados positivos. Surge nesse momento uma referência no panorama da educação para Jovens e
Adultos. Com a pedagogia de Paulo Freire, nasce, nesse clima de mudança no início dos anos sessenta,
a Educação Popular, que se articulava à ação política junto aos grupos populares: intelectuais,
estudantes, pessoas ligadas à igreja Católica e a CNBB. Em 1964, foi aprovado o Plano Nacional de
Alfabetização, que deveria atingir todo o país, orientado pela proposta pedagógica de Paulo Freire, mas,
foi suprimida pelo golpe militar de 64 e substituída pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização
(MOBRAL). O presente trabalho, portanto, está voltado para a temática da Educação de Jovens e
Adultos. A finalidade desse projeto de pesquisa é a de compreender qual a importância para esses alunos
de retornarem seus estudos depois de tanto tempo fora da escola.

1 Nos Caminhos da Educação Brasileira

10
Autora, discente de 2014-2015
11
Professora Orientadora de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação
do Campo, especialista em Educação pela UNEMAT (2006).
46

Relacionado à história da alfabetização de jovens e adultos no Brasil, é necessário observar que os


primeiros indícios da educação de adultos no Brasil são perceptíveis durante o processo de colonização,
após a chegada dos padres jesuítas, em 1549. Convém destacar que esses se voltaram para a catequização
e “instrução” de adultos e adolescentes, tanto de nativos quanto de colonizadores, diferenciando apenas
os objetivos para cada grupo social.
Considerando que os portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa. No que
tange a esse padrão de cultura transplantada, Romanelli (2000, p. 23) considera que essa cultura é
ferramenta para impor e preservar os modelos culturais importados, que por si, inibem a possibilidade
de criação e inovação culturais. Conforme Fernandes (1989, p. 355), as populações indígenas que por
aqui viviam já possuíam características próprias de se fazer educação, e que a educação que era praticada
por eles em suas tribos não tinha as marcas repressivas do modelo educacional europeu.
De acordo com Piletti (1996, p. 68), os jesuítas foram expulsos das colônias em 1759, por Sebastião
José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777, em
função de radicais diferenças de objetivos. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e
o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras
potências europeias da época. Nesse sentido, a educação jesuítica não convinha aos interesses
comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo
servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado.
Somente no Império o ensino volta a ser ordenado. E, durante todo esse período, por força do Ato
Adicional de 1834, a instrução primária esteve descentralizada, ficando a cargo das Províncias. Na
verdade, o advento da República não alterou significativamente essa situação, ficando a educação ainda
fora das preocupações principais do governo central.
No que diz respeito à divulgação da alfabetização no Brasil, vale lembrar que ela ocorreu apenas no
transcorrer do século XX, caracterizada, como instrumento pelo qual seria possível combater a
aristocracia agrária, “detentora” da hegemonia política do país. Como se pode notar, esta “aristocracia”
agrária representava os interesses dos conservadores, denunciando a mobilização alfabetizadora e
mostrando-se preocupada com a educação da classe proletária e manifestando-se contrária ao ensino
obrigatório. Vale ressaltar, até fins do século XIX, as oportunidades de escolarização eram muito
restritas, acessíveis quase que somente às elites proprietárias e aos homens livres das vilas e cidades,
pode-se dizer que, a uma minoria da população.
A alfabetização no início do período republicano, Paiva (1987, p. 89) afirma, que, a partir da
Primeira Guerra Mundial, o problema da educação ganha lugar de destaque nos discursos de políticos e
intelectuais, que qualificavam o analfabetismo como vergonha nacional e creditavam à alfabetização o
poder de elevação moral e intelectual do país, de regeneração da massa dos pobres brancos e negros
libertos e de iluminação do povo e disciplinamento das camadas populares, consideradas incultas e
incivilizadas. Nesse sentido, inicia-se uma campanha para a erradicação do analfabetismo, surgindo
nesse cenário os primeiros “profissionais da educação” Nessa linha de raciocínio, surgem também
preocupações com uma escola renovada e com um ensino de qualidade. Sob essa perspectiva, mesmo
diante desse quadro que salienta um avanço na trajetória da educação brasileira, cumpre-nos assinalar
que devido às escassas oportunidades de acesso à escolarização na infância ou na vida adulta, até 1950,
mais da metade da população brasileira era analfabeta, o que a mantinha excluída da vida política, pois
o voto lhe era vedado.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e do Estado Novo, surge a volta da democracia e vale
ressaltar que com ela, também surgem às primeiras políticas públicas nacionais destinadas à instrução
dos jovens e adultos. Porém, foi em 1947, que o governo brasileiro lança pela primeira vez a Campanha
de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA, quando se estruturou o Serviço de Educação de
Adultos do Ministério da Educação. Em relação a essa Campanha, Paiva (1987, p. 178) destaca que:

A CEAA nasceu da regulamentação do FNEP e seu lançamento se fez em meio ao


desejo de atender aos apelos da UNESCO em favor da educação popular. No plano
interno, ela acenava com a possibilidade de preparar mão-de-obra alfabetizada nas
cidades, de penetrar no campo e de integrar os imigrantes e seus descendentes nos
Estados do Sul, além de constituir num instrumento para melhorar a situação do Brasil
nas estatísticas mundiais de analfabetismo (PAIVA, 1987, p. 178).
47

No que diz respeito à perspectiva do governo brasileiro à criação da CEAA, em relação ao altíssimo
índice do analfabetismo no Brasil, Stephanou e Bastos (2005, p. 266), argumenta em conformidade à
visão de Paiva, que os índices de analfabetismo no Brasil, por esse período, atingiam cerca de mais da
metade da população com 15 anos ou mais. E que esse era um dos fatores que deram sua contribuição
na criação da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos. Nessa linha de posicionamento, o
autor, aponta que nesse período duas outras campanhas foram criadas, mas, que obtiveram poucos
resultados efetivos: a Campanha Nacional de Educação Rural, em 1952, e a campanha nacional de
Erradicação do Analfabetismo, em 1958. No final dos anos 50, inúmeras críticas foram dirigidas às
campanhas, devido ao caráter superficial do aprendizado que se efetivava num curto período de tempo
e de inadequação dos programas, modelos e materiais pedagógicos, que não consideravam as
especificidades dos adultos e a diversidade regional.
No final da década de 50 e início da de 60, começam a surgir movimentos de base voltados para a
alfabetização de adultos. Como se pode notar, esses movimentos, paralelos à ação governamental,
consistiam da ação da sociedade civil, que ansiava por uma mudança no quadro socioeconômico e
político. Sob essa perspectiva, diversos grupos de educadores encontram a oportunidade de manifestar
sua preocupação com a questão da alfabetização e a educação dos adultos. Cumpre analisarmos, que
nesse momento, essa preocupação era geradora de novos métodos para a alfabetização. Em virtude
dessas considerações, o analfabetismo não é mais visto como causa da situação de pobreza, mas como
efeito de uma sociedade que tem como base a injustiça e a desigualdade. Esses movimentos de educação
e cultura popular, em sua maioria adotaram a filosofia e o método de alfabetização proposto por Paulo
Freire. Exemplos de programas empreendidos por intelectuais, estudantes e católicos engajados na ação
política foram: o Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
estabelecido em 1961, com o patrocínio do governo federal; o Movimento de Cultura Popular do recife,
a partir de 1961; a Campanha de Pé no Chão se Aprende a ler, da Secretaria Municipal de Educação de
Natal, e os Centros Populares de Cultura, órgãos culturais da União Nacional dos Estudantes (UNE).
No que concerne a esses movimentos, Paiva (1987, p. 236) registra que os mesmos tinham como
pretensão, encontrar um procedimento para a prática educativa ligadas às artes e à cultura popular e
como ressalta a autora, fundamentalmente promover a conscientização das massas através da
alfabetização e da educação e base.
A ditadura militar que entrou em vigor no Brasil em 1964 foi um período marcado por momentos de
extremo autoritarismo, violência, repressão e por diversos outros meios de manter o regime.
Compreender o conjunto de interesses e valores dos segmentos sociais que faziam parte do poder,
naquele momento, é fundamental entender como vários mecanismos autoritários, buscavam o controle
e o consenso da população, tentavam atuar nas diversas esferas da sociedade. Em virtude dessas
considerações, oportuno se torna dizer que a educação esteve submetida aos mecanismos de controle
desse regime militar. Nessa linha de raciocínio, reconhecemos que a educação se torna instrumento de
conscientização das massas e de sua exploração, sob a ótica de grupos contrários à ordem vigente.
Convém notar igualmente, que, sob a ótica dos grupos dominantes, a educação passa a ser instrumento
de reprodução da ideologia das classes dominadas, mas, com as ideias e os valores próprios da classe
dominante.
Pode-se dizer que a repressão se abateu impiedosamente sobre as iniciativas dos movimentos
populares de educação, esgotando toda possibilidade da educação como instrumento de transformação
das massas. Nessa linha de posicionamento, a educação que até então era vista com descaso pelo Estado,
ganha nesse cenário, prioridade e promoção. Vale lembrar, no entanto, que todos os intelectuais e seus
projetos de uma educação libertadora, foram as primeiras vítimas da famigerada fúria da repressão.
Conforme expõem Cunha e Góes (2002, p. 36), a repressão se voltava contra tudo e todos, que segundo
sua ótica eram suspeitos de ideias subversivas. Demissão, suspensão e apreensão, eram instrumentos
considerados eficazes a qualquer movimento considerado como inspiração “comunista”. Tal como
ressalta o autor, reitores foram demitidos, sistemas educativos e programas educacionais não foram
poupados. Professores e estudantes universitários foram expulsos das instituições onde lecionavam e
estudavam e interventores eram nomeados para as instituições de ensino, que passavam a conviver com
decretos, como o decreto – lei 477, que considerava suspeitos de subversão, todos os candidatos ao
magistério e todos os professores, até que provassem o contrário.
48

Para o novo regime abater solenemente as iniciativas de movimentos voltados para a educação
popular, era preciso amoedar um novo programa de alfabetização de adultos, ainda que o mesmo se
restringisse, em muitos casos, a um exercício de aprender a “desenhar o nome”. A prática educativa do
regime militar se contrapunha às iniciativas dos movimentos educacionais de base, que traziam em suas
pautas, a alfabetização vinculada à problematização e conscientização da população sobre sua realidade
de vida e de sua participação como agente de transformação dessa realidade.
Sob a perspectiva do novo regime, a alfabetização de jovens e adultos ganhou a feição de ensino
supletivo, instituído pela reforma do ensino de 1971, mesmo ano em que teve início a campanha
denominada Movimento Brasileiro de Alfabetização, que ficou conhecida pela sigla MOBRAL. Com
um funcionamento muito centralizado, uma campanha que conclamava a população a dar sua
contribuição – “você também é responsável, então me ensine a escrever, eu tenho a minha mão domável,
eu sinto a sede do saber”, canção da dupla, Dom e Ravel e aliciamento de alfabetizadores sem muita
exigência, o Mobral espraiou-se por todo o país, mas não cumpriu sua promessa de erradicar o
analfabetismo durante aquela década e, em 1985, na transição à democracia, acabou sendo extinto e
substituído pela Fundação educar.

2 Histórico sobre Educação de Jovens e Adultos no Brasil

Esta denominação está relacionada aos adultos não escolarizados e abrange adultos analfabetos ou
semianalfabetos e também os chamados analfabetos funcionais. A demanda de alunos não escolarizados,
é consideravelmente grande. A preocupação com adultos não escolarizados já vem de longa data e se
reporta ao início da colonização portuguesa no Brasil, quando os índios os principais habitantes do Brasil
até então, eram doutrinados, muito mais para a religião do que educados para outros tipos de
conhecimentos. Para a sociedade dessa época, rural e escravista, não era necessário a educação primária.
Maria Araújo Freire (1989, p. 41) afirma que: “Os jesuítas nos legaram um ensino literário, verbalista,
retórico, livresco, memorístico, repetitivo e ainda inauguraram o analfabetismo no Brasil porque
excluíam do ambiente escolar o negro, o índio e quase a totalidade das mulheres”.
No período imperial, essa situação não teve grandes modificações. A educação popular não teve
avanços: negros, índios e mulheres, principalmente, continuaram sem escolarização e sem condições de
participação na sociedade, apesar de fazerem parte da grande massa dos trabalhadores e de geradores de
produção. Além disso, eram proibidos de votar, ou seja, constituíam apenas a mão de obra representada
pela força física, sem direito de participação, tanto na política quanto na sociedade.
Os primeiros cursos noturnos de que se tem conhecimento, de acordo com Nelita Ferraz de Mello
Sauner (2002, p.55) foram criados pela reforma Leôncio de carvalho, a partir do decreto de nº. 7.247,
de 19/04/1878. Esses cursos, de frequência obrigatória, só seriam oferecidos no município da corte e,
mesmo assim, somente para pessoas do sexo masculino e maiores de quatorze anos, que funcionariam
no próprio prédio escolar. As aulas seriam ministradas pelos próprios professores da escola, sem
nenhuma capacitação especifica para esse trabalho, o que também resultou em insucesso.
No período Republicano, a educação, de um modo geral, também não obteve melhorias, continuando
estagnada, o que resultou num elevado número de analfabetos.
Porém, a partir de 1930, a educação de jovens e adultos só conquistou maior importância no Brasil,
quando a sociedade brasileira passava por grandes transformações.
Em 1945, ano que marca o fim da ditadura do estado Novo, período de quinze anos consecutivos
governados pelo presidente Getúlio Vargas, com o intuito de aumentar as bases eleitorais para a
sustentação do governo central e incrementar a produção, a educação de jovens e adultos ganham
destaque. Era urgente integrar os povos visando a paz e a democracia.
Nesse período, acontece uma campanha nacional de massa, em prol da Educação de jovens e adultos.
Ainda na década de cinquenta, surgiram severas críticas á campanha de educação de jovens e adultos,
devido ao caráter superficial do aprendizado, ao curto período e a inadequação do método para a
população adulta, que era aplicado de forma igual nas diferentes regiões do país. E devido á campanha
não ter obtido bons resultados em diversas regiões dos pais, sobretudo na zona rural, foi extinta logo em
seguida. Após isso surge uma nova referencia
Na educação de jovens e adultos. Nesse clima de mudança nasce à pedagogia de Paulo Freire no
início dos anos sessenta, a educação popular é articulada á ação política junto a grupos populares:
49

intelectuais, estudantes, pessoas ligadas á igreja católica e a CNBB- Conferência Nacional dos bispos
do Brasil.

3 Paulo Freire, um marco na Educação

No que diz respeito ao educador Paulo Freire e sua obra, cabe-nos considerar a importância de sua
perspectiva, em que pese à educação como instrumento de mudança social. Sob essa perspectiva, para
Freire, a educação deve visar sempre à libertação, à transformação radical da realidade, para torná-la
mais humana, permitindo assim que homens e mulheres sejam vistos e reconhecidos como sujeitos de
sua história e não como meros objetos. A educação, na sua visão mais ampla, deve possibilitar a leitura
crítica do mundo. Em relação ao papel da educação, para Paulo Freire (2002, p. 72) a alfabetização é
mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler.
Em consonância com o que foi dito, Freire sempre demonstrou uma preocupação em relação a uma
aprendizagem significativa, em toda sua discussão em relação à escolarização do aluno jovem e adulto,
Freire enfatizou a importância de se associar o aprendizado da leitura e da escrita à revisão profunda nos
modos de conceber o mundo e nas disposições dos jovens e adultos para tomar nas mãos o próprio
destino.
Por conseguinte pode-se dizer que para o educador Paulo Freire, o mundo se apresenta ao mesmo
tempo como inacabado e injusto. A educação, portanto, deve implicar na denúncia da realidade. O
educador, diante disso, deve almejar uma sociedade melhor. A construção de uma nova realidade deve
ser a utopia do educador. A utopia estimula a busca e, ao se denunciar certa realidade, ao mesmo tempo
se estará buscando outra. Nosso desafio é organizar o procedimento utópico sem sufocar a capacidade
utópica (FREIRE, 2002, p. 43). Nesse sentido o educador deve ter esse sonho de transformação de
homens e mulheres fazedores de um amanhã melhor. Em virtude dessas considerações, cabe ressaltar
que a filosofia educacional de Freire se fundamenta em dois elementos básicos: a conscientização e o
diálogo. Na proposta de Freire é “a leitura de mundo que precede sempre a leitura da palavra (FREIRE,
2000, p.90)”. O educador deve conduzir o educando a leitura do seu contexto histórico e social, seu
espaço, suas histórias e sua vida como um todo. Tudo isso deve ser ponto de partida e ponto de chegada
para a aprendizagem. É preciso valorizar o saber de todos; o conhecimento que o aluno traz de seu meio
não pode ser negado. Nesse sentido, no conceito de Freire tanto o aluno quanto o professor são
transformados em pesquisadores críticos. Seu convite ao alfabetizando adulto é, inicialmente, para que
ele se veja enquanto homem ou mulher vivendo e produzindo em uma determinada sociedade. Ele
convida o analfabeto a sair da apatia e do conformismo; desafia-o a compreender que ele próprio também
é um fazedor de cultura.
Ao se abordar o tema da Educação no Brasil, e principalmente da Educação de Jovens e Adultos, não
é demasia salientar, que a perspectiva da educação brasileira, não seria a mesma sem a ótica social de
Freire. Convém notar que o educador criou uma proposta para a alfabetização de adultos que inspira até
os dias de hoje diversos programas de alfabetização e educação popular, desde o Centro de Cultura Dona
Olegarinha, berço do Método Paulo Freire, nos anos 60.
Vale lembrar que, em janeiro de 1962, Freire faz uma experimentação de seu método de educação,
um método diferenciado que, segundo Cunha e Góes (2002, p. 19) se utiliza do eclético e de meios
visuais, uma proposta como ressaltam os autores, do próprio Freire. Pertinente é a colocação dos autores,
quando registram que essa experiência educacional, foi repetida por diversas vezes, valendo ressaltar
que em todas elas, obtinham-se resultados semelhantes, ou seja, em um grupo de quatro alunos, no
período de dois meses, com um tempo aproximado de trinta horas, um deles já liam trechos considerados
difíceis. Sua compreensão inovadora da problemática educacional brasileira interpretava o
analfabetismo como produto de estruturas sociais desiguais e, portanto, efeito e não causa da pobreza.
Paulo Freire nasceu no Recife, Pernambuco, Brasil, em 1921. Sua família fazia parte da classe média,
mas Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância.

4 V Fórum Regional da EJA

O fórum é um movimento e uma organização em prol da EJA, nascido em 2009, composto por 7
municípios.
50

Muitos fatos acontecidos que foram agilizados pelos fóruns e muitos não. Uma das maiores
discussões é educação de jovens e adultos, juntamente com o campo. O fórum da EJA completa nesse
ano de 2015,14 anos.
FPDEJA/MT composto por 18 polos distribuídos pelo Estado de Mato Grosso. Sendo um movimento
social o foco é a luta. Nos educadores fazemos parte desse movimento social. O fórum não possui fins
lucrativos e não tem nenhuma fonte de renda por ser considerado um movimento social que defende a
construção do conhecimento. Através do trabalho da base nos polos regionais e da plenária Estadual,
busca refletir, reivindicar e propor ações na luta pela EJA com equidade social. Busca a cooperação
entre aqueles que ofertam a educação de jovens e adultos;
Os encontros são regionais (preparatório para o encontro estadual), Estadual (realizado anualmente
em cidades previamente escolhidas). O EREJA é realizado em cada 2 anos, alternadamente ao ENEJA,
que reúne os delegados representantes dos estados da região centro oeste eleitos nos encontros estaduais.
Encontro preparatório para Estadual do fórum permanente de debates da EJA/MT- Polo de Matupá
realizado em 15 de maio de 2015.
O fórum, no geral, me fez refletir questões na qual ainda não havia percebido, foi de grande
importância esse momento de reflexão sobre a educação no campo e com exemplos de escolas que atuam
nesse momento e está dando certo. Hoje a escola que atuo não possui um currículo direcionado para o
campo, as aulas são ministradas da mesma forma que são ministradas na salas ditas regular, direcionada
a EJA (educação de jovens e adultos).

5 Campo e cidade na luta em defesa da educação

Na visão do professor Valter Kum para fazermos uma educação melhor na EJA, na educação do
campo, precisa-se construir a partir da realidade, e ser inserida numa organização. Como são as escolas
que conhecemos? Comumente quais são suas propostas? As escolas tem proposta bem definidas? Qual
sua organização político pedagógica?
Nossas escolas quase sempre são fechadas para dentro de si mesmas nas suas lógicas de
funcionalidade legal e funcionalidade cotidiana. Muitas vezes não tem seus projetos políticos
pedagógicos bem elaborados. Outras vezes tem proposta bem definidas mais que foram elaboradas fora
da unidade escolar, e acaba sendo desconhecidas internamente pelos profissionais da educação escolar.
Raramente as escolas tem seus projetos integrados á vida dos alunos e suas comunidades. Os conteúdos
trabalhados com os alunos quase sempre decorrem de uma escolha espontânea do professor.
O que diz o art.28 da LDB vigente: Na oferta da Educação Básica para a população rural, os sistemas
de ensino promoverão as adaptações necessárias a sua adequação ás peculiaridades da vida rural e de
cada região especialmente:
I- Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos
da zona rural;
II- Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar ás fases do ciclo
agrícola e ás condições climáticas;
III- Adequação à natureza do trabalho na zona rural.
Possibilitar o vínculo da escola com a família, desenvolver projetos de melhoria nas propriedades
rurais dos estudantes visando à sustentabilidade, estimular a ajuda mutua, o associativismo e
cooperativismo entre jovens, familiares e pessoas afins. A aprendizagem significativa tendo reflexo na
convivência do estudante na sociedade.
Relatos: os CEJAs nasceram conforme os lugares que estão inseridos foram se moldando. O aluno
do campo que queira estudar a educação de jovens e adultos.
O calendário é normal seguindo as regras da escola na qual faz parte as salas anexas. O que você
melhoraria? Como os alunos veem a escola hoje? Depoimento do aluno... O CEJA é como se eu estivesse
dentro de um rio e alguém me jogasse uma boia e eu agarrei essa boia. Vejo que é o resgate de pessoas
que ficaram pra traz e a escola aproveita tudo, são alunos com uma bagagem de conhecimento muito
vasta, trazendo experiência de vida, essa é a diferença do CEJA.

Considerações Finais
51

Para manter um lar, nos dias atuais, toda família divide uma maratona diária em que tem de trabalhar
muito para conseguir o mínimo de recursos necessários para responder ás suas responsabilidades
econômicas. As crescentes transformações tecnológicas e, principalmente, o fantasma do desemprego
que assombra a nossa realidade e motivam a voltarem a escola. Para iniciarem, sua carreira profissional,
precisam estar de acordo com a realidade que vivem. Precisamos sim do trabalho e para estar
atualizados, precisamos da escola. Os jovens estão começando a trilhar seu caminho, que com certeza,
já está muito diferente daquele que seus pais trilharam, com outros valores, outras necessidades, outras
perspectivas. Mais a troca de experiências que encontram na escola é fundamental, pois precisam de
parâmetros para apoiar as suas decisões.
Tornar-se um ser humano melhor, são necessidade de todos, independentemente da idade, sexo, raça,
etnia, grupo social, e isso vem crescendo cada vez mais no país, graças aos avanços tecnológicos
(Revista Eletrônica saberes da educação-volume 5, nº1, 2014).
A aproximação também deve ser social, conhecer as pessoas que nos rodeiam diariamente,
aproximar-se delas, ter contato, dialogo, isso é fundamentalmente para a harmonia de nosso dia-a-dia.
Hoje a educação é necessária, não poderia deixar de ser, e que se tornou necessidade de todos os
indivíduos para o desenvolvimento pessoal, profissional e social. Devo enfatizar que o respeito que
devemos ter pelas pessoas, tanto jovens ou adultos, esse respeito significa que entendemos que todos
somos iguais. E é por isso que temos ao nosso redor, e devemos lutar pela retomada dos valores
humanos. A importância desta pesquisa, para a educação de jovens e adultos, é estar verificando o que
trouxe de modificação na volta para escola. Por isso, precisamos planejar nosso futuro e lutar por ele a
cada dia. Todos sabemos que a base para um futuro melhor está no estudo na incansável busca do
conhecimento. Esperamos que nosso trabalho possa servir de instrumento de motivação para vários
professores que investem na educação de jovens e adultos. Segundo Paulo Freire,

Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos
capazes de aprender. Por isso, somos os únicos em que aprender é uma aventura
criadora, algo por isso mesmo, muito mais rico que meramente repetir a lição dada.
Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar o que não se faz sem
abertura ao risco e à aventura do espírito. (FREIRE, 2003, p.69).

Devo enfatizar que a escola CEJA Luiza Miotto Ferreira deve incluir relações de gênero no Projeto
Político Pedagógico (PPP), e no currículo de forma com que as desigualdades sejam trabalhadas
possibilitando a igualdade de condições entre os estudantes que residem no campo, cabe a escola
construir um modelo de educação que venha atender as diversas realidade.
O gráfico abaixo demonstra o motivo desses estudantes de 16 anos a 46 anos ter parado de estudar,
pela observação dos dados podemos verificar que os motivos: outro município, trabalho, família, teve
um índice equivalente. A questão saúde tem o menor índice obtido nessas informações. É cada vez mais
importante a necessidade de se compreender os motivos na qual os estudantes deixaram de estudar num
determinado momento de suas vidas. A compreensão dos fundamentos de modo a ser capaz de se
adaptar, a novas condições que a escola lhes fornece no campo.

Gráfico 1 – Motivo estudantes ter parado de estudar

Quantidade/Pessoa

1 Outro municipio
3
3 Trabalho
3 Familia
Saude

Fonte: Pesquisa Fátima Aparecida Mendes


52

O gráfico abaixo mostra as maiores dificuldades que os estudantes encontraram para retornar aos
estudos, nessas informações constatamos que o trabalho é um dos motivos que mais influenciou nessa
decisão.

Gráfico 2 – Dificuldades para retornar aos estudos

Quantidade/Pessoa

4 2 Vergonha
1 Reprovação

3 Distância
Trabalho

Fonte: Pesquisa Fátima Aparecida Mendes

Ensinar exige compreensão da realidade, é nesse sentido que busco compreender os anseios desses
estudantes, terminar os estudos os mesmos veem como oportunidade tanto de conseguir continuar seus
estudos como no campo do trabalho, percebo que realmente é o momento de aproveitar o que se aprende
para melhorar seu conhecimento em relação a sua maneira de viver. No campo as oportunidades são
outras, mais precisam de informação para compreender melhor o mundo que vivemos. Creio poder
afirmar, que toda prática educativa demanda a existência do conhecimento dos anseios desses
estudantes, para poder se adequar nessa modalidade de educação de jovens e adultos estudantes do
campo.

Gráfico 3 – Resultado que buscam

Quantidade
Oportunidade
3
5
Aprendizado
2
Necessidade de
estudar

Fonte: Pesquisa Fátima Aparecida Mendes

Depois da análise dos motivos na qual esses estudantes deixaram de frequentar a escola por um
determinado tempo, veio a curiosidade do porquê do retorno aos estudos. Embora todas estas situações
façam parte de uma educação de qualidade, devo ressaltar que nessa comunidade não havia nem uma
modalidade de ensino que atendesse essa clientela. A uma relação entre a esperança e os sonhos, a
esperança de que professor e alunos juntos podemos apreender, ensinar, produzir e juntos igualmente
resistir aos obstáculos. Os sonhos faz parte da natureza humana. A vontade é um condimento
indispensável ao estudante, sem ela não haveria história, desproblematização de um futuro melhor com
vistas a chances no mercado de trabalho. Em consonância com Paulo Freire:
53

Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na
busca, não aprendo nem ensino. (pag.85 2010). Negrito aprendo e ensino
As motivações que levam os jovens a buscar o ingresso na EJA, são diferenciadas dos estudantes em
idade regular. Também apresentam especificidades que vão além da idade.

Gráfico 4 – Retorno aos estudos

Quantidade

Esperança
2 2
Sonho

2 Vontade
3
1 Futuro melhor

Chances mercado de
trabalho

Fonte: Pesquisa Fátima Aparecida Mendes

Referências

ARROYO, Miguel Gonzáles. CALDART, Roseli Salete. MOLINA, Mônica Castagna (orgs.). Por uma
Educação do campo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. (COLEÇÃO VOLUMES1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7).
CEE DE MATO GROSSO. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do campo no Sistema
Estadual de Ensino de Mato Grosso. Cuiabá: CEE, 2000. (Parecer)
CNE. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo. Resolução n.1, de 3
de abril de 2002, câmara de educação Básica do conselho nacional de educação.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Cortez, 1987.
FREIRE, Paulo. A educação como prática da liberdade. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987. (Cap. 8 a 13:
Observação, Entrevista, Questionário, Escalas Sociais, Testes).
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas,
1986.
ROSA, Maria V. de Figueiredo P. do Couto; ARNOLDI, Marlene A. G. Colombo. A entrevista na
Pesquisa Qualitativa: mecanismos para validação dos resultados. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Orientações Curriculares: Diversidades
Educacionais. Secretaria de Educação de Mato Grosso.
Revista Eletrônica Saberes da Educação, volume 5, Nº 1, 2014.
54

ESCOLA DO/NO CAMPO, ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Gilson Damaceno Santos12


Eliete Borges Lopes13

Resumo: A transformação política social do/no campo devém da reflexão do conjunto de fatores reais que
envolvem os indivíduos que vivencia essa realidade, e o espaço para iniciar essa provocação é a escola fortalecida
nos movimentos sociais e sindicais respeitando as vozes que a compõe, transcendendo suas ideias para fora do seu
espaço e unindo aos movimentos urbanos no combate do neoliberalismo imposto, e assim construindo uma
educação que respeita, preserva o meio ambiente e culturas, desenvolva políticas sócias, produz alimento saudável
e efetivando a qualidade de vida necessária ao homem.

Introdução

A construção de um projeto político pedagógico para educação do/no campo se efetiva com a
manifestação da comunidade escolar inserida no processo de construção através dos diálogos,
respeitando o aspecto situacional, referencial e operacional produzindo um currículo que possa abordar
assuntos ou problemáticas, geradores de conteúdos na vivencia do e educando. Mas para ocorrer esta
manifestação da comunidade necessitamos de uma constante provocação, papel importante do educador
do/no campo que exige deste uma reflexão no processo histórico da educação no Brasil, conhecimentos
das políticas públicas para educação, estar situado do processo de formação ou assentamento das
famílias na comunidade de trabalho, interagir com realidade social destas famílias e agir
democraticamente, respeitando as legislações vigentes para educação do/no campo.
O campo tem que estar em consonância com os trabalhadores da cidade, e mostrar para estes
trabalhadores que estamos juntos, por isso construímos um modelo de educação voltado para a produção
e consumo de alimento saudável, educação esta que combate latifúndio, cobra por moradia, reivindica
condições básicas para saúde e cobra por espaços na decisões políticas deste país, mostrar que somos
uma educação de movimentos na significação e nas lutas justas, e assim construir um debate entre os
movimentos dos trabalhadores do campo e da cidade. Mas isso só é possível através dos processos de
formações educacionais que defenda os princípios dos trabalhadores, construindo uma cultura de valores
da terra, da água e da vida, riquezas que o agronegócio não preserva só destrói, ainda tem pessoas
defendendo o agronegócio como sinônimo de desenvolvimento, de produção de alimento e riqueza, é
sim um modelo que desenvolve os envenenamentos da flora e fauna, produz a expulsão do trabalhador
do campo e fortalece o capital de exploração, com base nessas informações devemos fortalecer os
movimentos da comunidade escolar e construir o currículo do campo.

Um olhar para as políticas da educação do/no campo

A terra é um direito universal dos povos como também é a educação e a cultura e dentro desses
princípios devemos lutar pela terra, fortalecer as culturas e construir o modelo de educação do campo
com os povos do campo, tendo como parâmetros as leis da educação do campo respeitando suas
vivencias, elaborando o currículo próprio, calendário, respeitando o período e disponibilizando a
merenda de acordo com seus cardápios. A educação do/no campo deve provocar debates nas suas
realidades econômicas, ambientais, socais e culturais e estimular ações para combater a exploração e
discriminação do homem do/no campo, mudando concepções de caipira para homem consciente, de
escolinha para escola do campo e de atrasado para produtor de alimento saudável.
Devemos sim desenvolver ideias de trabalho e pesquisas tecnológicas nas visões de conservação
ambiental, vivenciar o capital é a nossa realidade, só não podemos ser refém do capitalismo, por isso a

12
Autor, discente de 2014-2015
13
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, mestre em Educação pela UFMT (2010) e doutoranda em Educação na UFMT.
55

educação do/no campo é um movimento ao combate do conjunto empresarial e de políticos que só


enxergam o modelo capitalismo de exploração como único e o nosso objetivo enquanto educador do
campo é ser formador de líderes que levante as bandeiras dos movimentos sociais e defenda um modelo
de política social. Por isso professor da educação do campo tem que estar ligado aos movimentos sociais
e sindicais lugares onde encontramos uma conexão de fundamentos para entender que a luta se faz
necessário, e só através da luta que conseguimos manter a educação do campo dentro dos seus princípios,
e é essa educação fortalecida a única capaz de transformar ideologias capitalistas de exploração em
ideologias de transformação social.
A Política do Estado de Mato Grosso voltada para o campo começa ganhar visibilidade nos primeiros
anos do século XXI, através dos movimentos sociais que enfatizaram a luta de uma educação voltada
com os olhos para o campo, um projeto que ganha atenção política quebrando barreiras impostas pela
classe dominante, vitória ainda pequena daquela esperada por aqueles que acreditam em uma política
educacional transformadora para o campo, uma política social que seja eficiente para combater a
discriminação, a exploração e a preservação das culturas e do meio ambientes. Com a luta dos
movimentos sociais, criação da Gerencia da Educação do Campo e os Fóruns CIPEC ganharam um
fortalecimento na Política Estadual de Educação do campo transformando em um projeto social, dando
assim a importância que o campo necessita englobando a participação do Movimento dos Pequenos
Agricultores, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos
por Barragens (MAB), União dos Dirigentes Municipais da Educação (UNDIME), Federação dos
Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado de Mato, Sindicato dos Trabalhadores do
Ensino Pública de Mato Grosso, Conselho de Educação Escolar Indígena, Comissão Pastoral da Terra,
dentre outros movimentos sociais e também da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT),
caminho pelo qual podemos estruturar a educação do campo em Mato Grosso.
Mas enfim precisamos ir além e transformar nossa luta em projeto político de estado e não em projeto
político de governo, para não enfrentarmos situações de retrocessos, e deixar que a educação do campo
seja direcionada por projetos em ideologias de monoculturas, de expulsão do homem, com visões
capitalistas de grupos ligados ao mercado de especulação, de exploração, um projeto que beneficiam
poucos e crucifica muitos, como o projeto que ai se apresenta, que nos leva a necessidade de uma luta
maior, pois o novo Projeto Político do atual governo de Mato Grosso é baseado em ideologias que
valoriza o agronegócio, totalmente distante para a construção de um campo mais sólido nas políticas
sociais, desrespeitando a luta social, um projeto que caminha de vez para a “morte” das comunidades e
escolas campesinas, a verdadeira expulsão do homem do campo e os poucos que permanecerem corre
um grande risco de serem assassinados por contaminação com agrotóxicos e herbicidas, sem falar que
são esses campesinos que pagam a conta desse governo, porque o grupo do agronegócio é isentado de
cargas tributárias e tem carta branca para destruir a fauna e flora nos mais diversos meios de destruição,
e a escola do campo tem um papel fundamental para organizar a luta social para um fortalecimento e
combate de governos financiados e organizados por capitalistas desumanos.

O papel pedagógico da educação do/no campo

A escola do campo deve ser constituída pela realidade local, compreendendo seu espaço geográfico
de atuação e ser voltado aos princípios básicos dos sujeitos sociais que nela frequentam, respeitando os
parâmetros educacionais dentro dos conceitos vivenciados. O aspecto político é fundamental na
educação do campo, mas temos que efetivar o fortalecimento das práticas interligadas ao meio,
proporcionar uma pedagogia de alternância, não àquela alternância pregada pelos administradores
públicos que possibilita apenas cortar gastos e sim aquela pedagogia de alternância que sirva de método
de ligação entre o prático e o teórico.
O processo de colonização é fundamental para a relação com a educação no campo, destacando
aqueles onde as lutas pela terra se efetivaram, sendo o processo educacional parte desta conquista,
fortalecendo a permanência na terra e a conservação da mesma, e tudo isso ocorre através de grupos, de
movimentos sociais e não de práticas isoladas, satisfazendo o papel prático da educação do campo, que
concebe na formação, na produção de ideias e na conservação dos meios.
As práticas da educação do campo não há uma lógica formal na aplicação de conteúdos e sim uma
lógica de entendimento das realidades, situações que possa contextualizar e formar conceitos, criando
56

uma socialização de conteúdo, porque quando falamos de escolas do campo não podemos caracterizá-
las na igualdade, falamos de escolas com realidades diferentes nos mais diversos aspectos. Livros
didáticos não contemplam realidade de nenhuma escola, o que devemos é construir o exercício
desafiador, desencadeando elementos didáticos e a escola do campo é rica nesses elementos, que deve
ser valorizado no processo educacional. O entendimento da realidade local compreende na análise nos
aspectos culturais, sociais e comportamentais, possibilitando a aproximação dos profissionais e
comunidade escolar, e a escola deve trabalhar no conjunto dos sujeitos inseridos, assumindo a
responsabilidade, sendo um movimento onde os profissionais têm que entender o papel da escola nas
relações abertas.
O conjunto de educadores com a prática de coletividade, compartilha, busca junto os resultados e
adentra no mundo pedagógico e assim podemos compreender a realidade através das convenções sociais
e a escola passa a produzir o conhecimento a partir da realidade a “escrever seu próprio livro”, a
desenvolver seu projeto pedagógico e esse conjunto de educadores deve ser fortalecido na escola do
campo pelos seus pares, envolvendo desde o motorista do ônibus, os profissionais do apoio,
coordenador, diretor, professores e principalmente as famílias, em consonância com o educando,
fugindo das práticas tecnicistas. A escola do campo tem como desafio a busca da confiança das pessoas
que a constitui na elaboração do seu projeto pedagógico, o homem do campo foi historicamente
influenciado por conceitos que desvaloriza sua permanência no campo, os projetos canalizados ao
campo muitas vezes não tiveram suporte técnicos, de financiamentos, de elaboração e muito menos de
logística na produção e comercialização, gerando a desconfiança do homem do campo, algo que reflete
na educação do/no campo.

Considerações finais

O principal autor do projeto político pedagógico de uma escola é o professor, sendo ele o centro da
relação da aprendizagem, desde que ele considera a realidade e permita que o educando insira as suas
reflexões na construção do conhecimento e as práticas pedagógicas devem ser registradas como forma
de produção para que outros vejam as possibilidades de transformações e não para servir de modelo.
Muitas vezes as preposições de políticas para educação do/no campo não cabem para a mesma por
estar aliadas a projetos de governo e não a uma política de estado, e a política de estado flui na
constituição das ações populares organizadas através dos movimentos sociais, sindicais e instituições
públicas de ensino, desde a do ensino infantil ao ensino superior.

Referências

ARROYO, Miguel; FERNANDES, B (Orgs.). A educação básica e o movimento social no campo


(Por uma educação do campo). Brasília, 1999.
BOFF, Leonardo. E a Igreja se fez povo. São Paulo: Círculo do Livro, 1986.
FERNANDES, Bernardo Mançano. Por uma educação do campo. In: VV.AA. A educação básica e o
movimento social do campo. Brasília: UnB, 1999. pp. 53-70.
MACHADO, Ilma Ferreira. Um projeto político-pedagógico para a escola do campo. Cáceres:
Unemat, 2009.
NASCIMENTO, C. G. Educação e Cultura: as escolas do campo em movimento. Revista Fragmentos
de Cultura, 16 (11-12), Goiânia: UCG, 2006.
SAVIANI, Dermerval. A Nova Lei da Educação. LDB. Trajetórias, limites e perspectivas. 6ª. Edição
revista. Campinas, Autores Associados, 2000.
57

PLANTAS MEDICINAIS: USO NO COTIDIANO DE ALUNOS DA COMUNIDADE FLOR


DA SERRA – MATUPÁ/MT

Jannilce de Brito Lima14


Abner Alves Borges Faria15

Resumo: Este artigo foi realizado para a conclusão da disciplina Fundamentos e práticas da Pesquisa Cientifica
da Educação do/no Campo, sendo a pesquisa feita sobre o uso de plantas medicinais fitoterápicm alunos do 1° e
2° ano do 2° segmento da Escola Centro Educacional CEJA- Luiza Miotto Ferreira, em sala anexa na Comunidade
Flor da Serra – Matupá-MT, com o intuito de verificar quais são as plantas medicinais mais utilizadas em seu
cotidiano pela amostra e suas razões de uso.

1 Introdução

A utilização de plantas medicinais é um método utilizado há milênios. Ainda hoje, têm-se a


necessidade da busca por novas utilidades para plantas na cura de doenças que afligem a sociedade desde
tempos remotos. Mesmo que tenha se tornado comum o uso de remédios manipulados para a cura, as
ervas ainda possuem um espaço fixo como forma alternativa no tratamento de problemas mais
corriqueiros.

O uso popular de plantas medicinais é uma arte que acompanha o ser humano
desde os primórdios da civilização, sendo fundamentada no acúmulo de
informações repassadas oralmente através de sucessivas gerações. Ao longo
dos séculos, os produtos de origem vegetal constituíram a base para tratamento
de diferentes doenças no mundo (PHILLIPS; GENTRY, 1993a).

Com uma biodiversidade natural, o Mato Grosso, assim como o Brasil em geral, é muito rico de
culturas e crenças a respeito das plantas medicinais, principalmente adultos carregam consigo
conhecimentos acerca de plantas tidas como milagrosas.
Como Gaspar (2009) destaca, o conhecimento de plantas medicinais em nosso país é uma riqueza
descendente principalmente da cultura indígena, uma sabedoria tradicional que fora passada de pais para
filhos.
Até hoje não somente os indígenas como toda a população fazem uso de plantas medicinais, porém,
a curiosidade de conhecer e saber ao certo quando tomar, para que tomar e quais os cuidados, tem-se
tornado menos frequente nas zonas urbanas. Contudo devido ao distanciamento das zonas rurais dos
centros urbanos, o tratamento caseiro torna-se algo necessário no dia-a-dia dos entrevistados. Portanto,
o assunto proposto contribuirá para a elevação do entendimento básico e científico da comunidade local.

2 Metodologia

Pelo baixo nível curricular dos entrevistados a principal fonte de informações sobre o tema veio
através do aprendizado com ascendentes.
A sala anexa pertence a escola CEJA Luiza Miotto Ferreira, criada no mês de maio no ano de 2013,
na comunidade de Flor da Serra, na escola Noberto José Guerle, não possui projeto na educação no
campo, a mesma funciona com o currículo desenvolvido na escola na qual pertence. Está sendo pensado
um projeto que venha amparar as salas anexas do campo.
A finalidade do ensino, sobre plantas medicinais na sala de aula, é de identificar os conhecimentos
que o mesmo possui em relação ao cultivo dessas plantas em seus quintais. Tendo como incentivos
aspectos que estimula o interesse a curiosidade, o espirito de investigação e o desenvolvimento de

14
Autora, discente de 2014-2015
15
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.
58

preparação desses alunos. Fazendo observações do ponto de vista do conhecimento empírico e


estabelecer o maior número possível de informações dentro das ciências na sala de aula. Selecionar,
organizar e produzir informações relevantes para essa comunidade escolar, desenvolvendo formas de
raciocínio e processos educativos utilizando conceitos e procedimentos dentro da ciência. No ano de
2014, foi desenvolvido na escola o projeto Ventrecha de Pacu, onde trabalhamos dentro do projeto, o
cultivo das plantas medicinais, foram coletados várias amostras e cultivado durante um período de dois
meses até que o projeto finalizasse, as mudas coletadas e estudadas pelos alunos foram doadas a
comunidade escolar, nesse período de estudo e coleta foram feitas investigações sobre várias plantas
desenvolvidos receitas de sabonetes, chás, inseticidas, sabão liquido, que funcionava nas oficinas dentro
da escola, e ministradas pelos professores em aulas multidisciplinar.

Figura 1 - Projeto Ventrecha de Pacu, 6° Edição


Conhecendo Matupá nas suas Diversidades

Fonte: acervo do pesquisador

Na escola CEJA Luiza Miotto Ferreira, em Matupá com sala anexa na Escola Noberto José Guerle
na comunidade Flor da Serra foram entrevistas com os alunos da escola do campo coletando os dados
das plantas medicinais que existia nos quintais no mês de maio, com dez pessoas entrevistadas e dez
perguntas, um homem de dezessete anos e as mulheres acima de trinta e cinco anos foram duas mulheres
com idade de vinte e cinco a trinta e cinco anos três mulheres, de quinze a vinte e cinco anos quatro
mulheres.
Um olhar mais atento para nossa sociedade mostra a necessidade de acrescentar esses conteúdos que
permitam ao cidadão trabalhar as informações que recebe no cotidiano, aprendendo a lidar com o que
possui ao seu alcance, veio o interesse por escolher o nome do meu artigo cientifico.
Uma riqueza imensa em plantas medicinais e que são de muito fácil acesso estão ao nosso redor com
habilidades curativas diversas. Saber qual a função de determinado planta medicinal não é só uma
necessidade para as enfermidades, como também para não piorar algum processo já ocorrente.
Abaixo está uma relação de plantas medicinais mais populares:

Apresentação de dados

QUADRO I – As plantas cultivadas nos quintais foram como amostra a tabela a seguir

NOME POPULAR PARA QUE SERVE


Abacate A casca é vermífuga e anti-hemorrágica; o caroço ralado é um tonificante
do couro cabeludo e o chá das folhas é indicado para problemas renais
Abóbora Vermífugo, especialmente indicado para a taeníase (tênia); (verminose)
Agrião Infecções das vias respiratórias, antianêmico e digestivo;
Alfavaca Antigripal, diurética e hipotensora. As sementes são usadas contra
blenorragia;
59

NOME POPULAR PARA QUE SERVE


Alho roxo Ores de dente, cólicas, flatulência, asma e prisão de ventre;
Andiroba O óleo das sementes friccionadas é usado para bursites e nevralgias,
funcionando também como repelente de insetos;
Arnica (erva lanceta ou rabo Serve para pancadas, contusões;
de rojão)
Babosa O sumo das folhas é usado como xampu anti-caspa, combate à queda de
cabelos e para lavar feridas, úlceras, eczemas e hemorroidas;
Boldo Digestivo, antitóxico, combate a prisão de ventre e é usado também nas
febres intermitentes;
Camomila Antiespasmódica, antinevrálgica, digestiva, combate urticárias e
inflamações de garganta;
Cabacinha Utilizada em infusão para o combate a sinusite. O chá é abortivo.
Capim-santo Tranquilizante, usado também contra as diarreias e a hipertensão;
Carrapicho O chá das folhas serve para combater diarreias e problemas renais;
Cidreira O chá é calmante e faz bem ao estômago e combate a diarreia;
Eucalipto O chá combate a febre e a inalação serve para sinusite e bronquite
Erva-doce Tranquilizante, antiespasmódico, afrodisíaco e diurético
Fava A infusão das folhas usadas para banhos e emplastos é usada contra
impetigo
Goiaba O chá dos brotos novos serve para combater a diarreia
Graviola O chá das folhas é usado contra o diabetes
Hortelã É antiespasmódica, atua contra vômitos, combate enxaquecas
Ipecacunha O chá da raiz combate anginas, úlceras e sífilis. O lambedor é usado contra
a gripe
Jabuticaba Gargarejo com a casca do fruto cozido serve para afecções da garganta
Jurubeba Desintoxicante e combate os males do fígado
Louro O chá das folhas é usado contra reumatismo e nevralgias
Manjericão O chá com leite é sedativo da tosse
Maracujá Tanto as folhas como o fruto são calmantes
Mastruço Expectorante, anti-inflamatório e o chá serve para cólicas
Melancia Diurético
Mulungu O chá é indicado para bronquite, asma, febre e problemas hepáticos, e o
banho com a infusão da casca é calmante e combate a insônia
Pau-brasil A infusão das folhas é indicada para o combate ao diabetes
Pitanga O chá das folhas é antitérmico
Quebra-pedras O chá é antitóxico e diurético, sendo indicado para a diluição de cálculos
renais
Romã A infusão da casca do fruto á antitóxica e digestiva, tendo também ação
antiespasmódica
Unha-de-vaca Indicada para combater o diabetes
Fonte: GASPAR, Lúcia.

Também devemos levar em conta o maior erro das pessoas em relação a essas plantas muitas vezes
milagrosas, “tudo em excesso faz mal” e com os bens da natureza não seria diferente, tem muitas contra
indicações desses chás então vale sim procurar uma pessoa que entenda para te ajudar não errar, muitas
dessas plantas não devem ser tomadas por semanas porque podem acarretar doenças de graus mais altos
e erramos muito quando usamos muitas folhas como no chá, por exemplo, é necessário no máximo meia
folha e uma xicara de água. Em uma pesquisa ainda aprofundado querendo levar em conta a origem,
Gaspar (2009) escreveu um artigo para site pesquisa escolar, que nos permite conhecer quando surgiu e
acredita-se que surgiu antes mesmo que a escrita e que já usavam muito dos bens naturais.
Arcosi (2000) também afirma que necessidade demanda e a ciência procura a união do avanço com
aquilo que a natureza proporciona, respeitando a cultura do povo em torno do uso de produtos ou ervas
medicinais para curar os males. Quando os portugueses chegaram no Brasil ficaram maravilhados com
o conhecimento e crenças em plantas eles tinham, eram terras fartas de plantas medicinais. Até hoje não
somente os indígenas como toda a população fazem uso de plantas medicinais só que a cada dia se perde
um pouco mais a vasta curiosidade e vontade de conhecer e saber ao certo quando tomar, para que tomar
60

e quais os cuidados. E com essa pesquisa de campo junto aos alunos do 1° seguimento queremos passar
a levar e incentivar o uso de bens naturais que temos em casa e que muitas vezes são melhores e de
melhor benefício por serem naturais.
A maior vantagem dessas receitas naturais é que são de fácil acesso e não precisamos de receitas
medicas para fazer o uso. Porém existe várias desvantagens por serem de fácil acesso pessoas muitas
vezes usam sem lembrar que essas plantas podem não ter sido cultivadas adequadamente e poder trazer
riscos ainda maiores porque podem causar alergias ou estarem contaminas. Não havendo melhoras
procure orientação médica.
Para este trabalho nós utilizamos autores que indicam os caminhos relativos a pesquisa qualificativa
fundamentos por Lucia Gaspar (2005) que traz sua ideia e exata de quando surgiu e as influencias
indígenas, o Jaime Bruning (2007) que fala sobre benefícios, malefícios, advertências e todos bens de
cada planta, e Eliza M. S. Biazzi que traz uma maneira aberta de como ter uma vida saudável, e maneiras
básicas de como preservar a vida saudável e buscar a cura quando a doença chega.

Outra informação relevante é que 80% dos entrevistados, em caso de doença procuram
primeiramente a plantas medicinais previamente conhecidas antes de procurar um profissional da área
para avaliação.

Gráfico 1 – Quantidades de pessoas entrevistadas

NÚMERO DE PESSOAS
ENTREVISTADAS

2
DE 15 A 24 ANOS
5
DE 25 A 35 ANOS
3
ACIMA DE 35 ANOS

Gráfico 2 - De que forma deu-se o aprendizado do uso medicinal das plantas


61

Gráfico 3– Plantas utilizadas como medicamento

Gráfico 4 – Os resultados obtidos são satisfatórios

Gráfico 5 – Em caso de doença, você recorre primeiro a:


62

Análise das entrevistas

Conforme verificado no presente estudo, a população entrevistada que utiliza as ervas medicinais
apresenta baixo nível de escolaridade e a grande maioria acredita que estas não fazem mal à saúde.
Geralmente as pessoas adquirem as espécies no quintal de suas casas, sendo usadas com mais
intensidade na forma de chá, para os mais variados tipos de moléstias.
Os aspectos culturais e educacionais influenciam a seleção e uso das plantas medicinais assim como
os sintomas e o tratamento formal.

3 Conclusões finais

Entendemos que através desse trabalho com o assunto de “plantas medicinais” vá abranger e
contribuir para a elevação dos entendimentos básicos e científicos sobre o assunto. Também
pretendemos que esse trabalho sirva como material de apoio à sala de aula dos professores da
modalidade. E com essa pesquisa de campo junto aos alunos do 1° seguimento queremos passar a levar
e incentivar o uso de bens naturais que temos em casa e que muitas vezes são melhores e de melhor
benefício por serem naturais.
Plantas medicinais são usadas para diminuírem sintomas e até mesmo evitar doenças. Acredita-se
que plantas “brasileiras”, podem curar, e isso foi ao longo do tempo comprovado que existem plantas
que podem até mesmo serem mais significativas que remédios produzidos em laboratórios.
A maioria das plantas medicinais é ingerida através do chá, as plantas medicinais eram muito
utilizadas pelos indígenas, porém os portugueses só conheceram esses benefícios das plantas quando
conheceram os indígenas. Mais apesar de todos poderem ter acesso a essas pesquisas não conhecem as
contra indicações e nem se estão ingerindo a planta medicinal certa para o que está sentindo
desconhecem a história indígena alguns sabem da semente de urucum, por exemplo, mais não sabem
dos seus benefícios. E pela pesquisa é válido levar em conta que esses conhecimentos e usos de plantas
medicinais são usadas por pessoas de idade mais avançada que já carregam esse conhecimento de
familiares antigos, que passam de geração para geração, mais que jovens de hoje não levam em conta
devido ao uso de produtos empresariais que encontram em farmácias. O interesse sempre é mais elevado
de pessoas antigas, mais eu junto a turma do 1° seguimento estudei algumas plantas como a babosa, a
hortelã, erva cidreira, poejo, arruda e carqueja que são as que tinham nos quintais e que podem ter acesso
aos alunos.
É valido ressaltar que as casas das alunas em um geral também utilizam dessas plantas para alguns
incidentes casuais e também em sucos naturais, pois eles prezam pela vida orgânica e saudável. Apesar
de ser um assunto que não havia interesse no começo posso afirmar que todos interagiram e também se
aprofundaram para passar a fazer uso de bens naturais não somente em chás ou xaropes como em sucos
naturais. As pessoas antigamente usavam mais as plantas medicinais para a cura de suas doenças e com
remédios como garrafadas com raiz de árvore, casca de pau, chás de folhas, frutos, flores e brotos.
Obtiveram muitos resultados depois com certo tempo ficaram com remédios de farmácia e então
apareceu o genérico só que algumas pessoas continuaram tomando os remédios naturais e hoje a procura
está sendo mais, devido alguns tratamentos e por ser de baixo custo e em determinados locais percebesse
que a um custo maior.
As metodologias voltadas à Educação do Campo precisam ser inovadoras, criativas e
contextualizadas para dar suporte pedagógico a essa demanda educativa diferenciada. Nesse foco,
pretende-se enfatizar que todos os pensadores, acadêmicos, formuladores, pesquisadores, educadores,
governantes, movimentos sociais e educadores são os sujeitos desse processo. Portanto todos participam
da formulação de uma Política de Educação do Campo, junto com outros na ousadia e na superação de
modelos hegemônicos.
Embora o uso de ervas medicinais tenha sido bastante difundido nestas últimas décadas seu potencial
poderia ser mais explorado. É possível reduzir o consumo de medicamentos industrializados fazendo o
uso correto das plantas medicinais. O mais interessante é que por um custo baixo você pode manter um
bom número de ervas em sua casa mesmo se dispor de pouco espaço para o cultivo. Uma janela
ensolarada já será o suficiente para ter algumas ervas que podem incrementar sua qualidade de vida. Por
meio de uma conscientização na comunidade entre professora e aluno(a) pode ser exercitada
63

conhecimento não escolarizado propiciando a inserção nos espaços dos quintais dos alunos um processo
escolarizado sobre plantas medicinais. Esse conhecimento foi sendo repassado de geração para geração,
muitas vezes acrescido de novas descobertas.
A beleza de ensinar e aprender surge como caminho da procura, na condição do sentido no caminho
não percorrido, mas que se deseja percorrer, sendo condições para que nós, educadores, possamos dar
significado para os projetos e sonhos, colocando a pedagogia a serviço dessa realização.
O alecrim, orégano e hortelã, por exemplo, não são simplesmente plantas medicinais. Podem ser
empregadas em diversas ocasiões, com grande potencial aromático na culinária. Além disso, são plantas
de fácil cultivo e se adaptam bem a praticamente qualquer clima ensolarado. Graças a essas propriedades
diversificadas se popularizam com grande facilidade. As plantas do uso medicinal devem ser cultivadas
em solo livre de luz e calor. Paralelamente à medicação social, há interesse crescente em múltiplos
setores sociais, as chamadas medicinas alternativas e complementares. Esse Segundo campo de saúde
comporta diferentes subunidades, as quais assumem posições distintas, quer pelo reconhecimento entre
sujeitos nas disputas no interior do campo, quer ainda pelos movimentos mais amplos na sociedade
dentro do município de Matupá.

Referências

ACCORSI WR. Medicina natural, um novo conceito. A fórmula: guia de negócios 2000.
BRUNING, Jaime. Existem doenças incuráveis? Bioenergia e Saúde. Curitiba: Expoente, 2007.
GASPAR, Lúcia. Plantas medicinais. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife;
2005 Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em:24/07/2015.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisas social. São Paulo: Atlas, 1987.
WENDLING, Paulo. A vida cura vida: o uso de recursos naturais como terapia. Passo Fundo:
Berthier, 2005.
64

AS CONDIÇÕES DO TRABALHO DOCENTE NAS SALAS MULTISSERIADAS

João Costa Silva16


Bartolomeu José R. Sousa17

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise e reflexão sobre as condições do Trabalho
Docente na Escola do Campo Antônio Soares, tendo em vista essa escola atender aos seus alunos em uma única
sala de aula, além desse fator agravante a referida escola encontra-se geograficamente distante da sede do
município, o que dificulta as professoras a terem acesso à informação e em consequência disso não cursarem uma
licenciatura. Considerando as inúmeras dificuldades enfrentadas pelas professoras e alunos, o artigo faz uma
reflexão como acontece a prática pedagógica nessa escola, como as professoras planejam as suas atividades para
desenvolverem em uma única sala, que formam duas classes constituídas por alunos de diferentes séries e que
perspectivas podem se ter sobre o trabalho desenvolvido.

Introdução

Em várias comunidades rurais do município de Peixoto de Azevedo, predomina o sistema de classes


multisseriadas, presente em quase todas as escolas dos Projetos de Assentamentos, principalmente nos
mais distantes. Esse fato se dá devido a pouca demanda de alunos e em razão da localização geográfica
das unidades escolares. Diante desse panorama o sistema de turmas multisseriadas se torna a única forma
de dar acesso ao ensino aos educandos que vivem e trabalham no campo. Em classes multisseriadas um
único professor leciona para alunos de diferentes séries e idade. Cabe ao professor o enorme desafio de
garantir aos seus alunos de diferentes níveis de aprendizado, o desenvolvimento e domínio de conteúdo,
o que em muitas situações não é possível, pois, alguns fatores dificultam o trabalho do professor dentre
eles podemos citar: a falta de infraestrutura, ausência de planejamento, desvalorização profissional, falta
de materiais didáticos pedagógicos etc.
A Escola Antônio Soares fica localizada no Assentamento que deu origem ao seu nome. Destaca-se
pelas suas peculiaridades, fica aproximadamente a 200 km da sede do município, conta com duas
professoras ainda sem formação em nível superior, além de não ter o básico de infraestrutura tanto para
os alunos quanto para as educadoras. O presente contexto que se encontra a referida escola causa-nos
espanto em sabermos que em pleno século XXI, temos alunos e professoras desassistidos de certa forma
dos direitos de ter uma educação de qualidade e condições de trabalho dignas. Não basta conceder um
espaço para os alunos sem ornamentá-lo com os equipamentos necessários.
Diante das várias dificuldades e desafios vivenciados pelas professoras que atuam em turmas
multisseriadas, a presente pesquisa tem o objetivo de apresentar e fazer algumas reflexões sobre a
docência nessa escola do campo; levando em consideração as condições de trabalho proporcionada a
essas professoras. Para tanto utilizamos a metodologia de coleta de dados, informações que
diagnosticaram a veracidade dos fatos pesquisados. A pesquisa é de caráter qualitativo e o método da
pesquisa de campo exploratória. Utilizamos os instrumentos metodológicos, questionários, entrevistas,
para obtenção das informações.
Essa exposição externa dessa dura realidade contribuirá para que haja uma sensibilização maior em
prol dessa comunidade escolar. Este artigo está dividido em três partes: Introdução, Desenvolvimento
que aborda o tema: As condições do trabalho docente nas salas multisseriadas que explana a docência
em turma multisseriada e por fim, a Conclusão.

1 As Classes Multisseriadas

As Classes Multisseriadas surgiram no sistema educacional brasileiro, como uma forma de


contemplar estudantes que residem principalmente no campo, em regiões em que a demanda de alunos

16
Autor, discente de 2014-2015
17
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB/DF, 2010).
65

não atendem as normativas estabelecidas pelas Secretarias de Educação em relação a quantidade de


alunos por turma, possibilitando a junção das séries em um mesmo espaço escolar. Essas classes são
uma estratégia que tem por finalidade atender a um número reduzido de crianças jovens e adultos que
vivem no campo. De acordo o (MEC- MOPFEE) Manual Orientações Pedagógicas para Formação de
Educadoras e Educadores (2009: 23), “passou a ser conhecida como multisseriada para caracterizar um
modelo de escola do campo que reúne em um mesmo espaço um conjunto de séries do ensino
fundamental”.
A palavra Multisseriada segundo Arroyo significa (2004 p. 81), Multi = vários. Seriado = Séries;
esse modelo de ensino de muitas escolas do campo em que várias séries formam uma única turma,
ficando sob a responsabilidade de um único professor. Na maioria das vezes essas classes estão
geograficamente distantes do seu município de origem, e os profissionais que trabalham nessas escolas
são os que não têm ainda uma formação especifica.
Esse modelo é predominante nas escolas do campo, o que pode ser comprovado pelos dados
educacionais brasileiro:

O Censo Escolar 2006 apontou a existência de cerca de 50 mil estabelecimentos de


ensino nas áreas rurais com organização exclusivamente multisseriada, com matrícula
superior a um milhão de estudantes, configurando uma urgente necessidade de apoio
técnico e financeiro por Parte da União e Estados (MEC- PROJETO BASE 2008).

Diante desse panorama a Educação do Campo requer políticas educacionais especificas que estejam
voltadas a realidade do campo, com metodologias de contextualização da realidade, pois, as Políticas
Educacionais ainda tendem a ter o urbano como parâmetro e o rural como adaptações. Segundo o Artigo
216 da Constituição Federal Brasileira de 1988, assegura a identidade dos grupos que constituem a
sociedade

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,


tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referencia a identidade, a
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem: (EC/nº 42/2003) I- As formas de expressão; II- Os modos de criar, fazer
e viver; (CF, 1988 Art. 216).

Independentemente da localização geográfica das pessoas a educação dever ser igualitária no que diz
respeito a qualidade segundo Arroyo (1999, p. 35), “É preciso romper com dicotomia campo cidade
(moderno-atrasado), afirmando o caráter mutuo da dependência: rural ou urbano, campo ou cidade não
sobrevive sem o outro, ou seja, um depende do outro para total funcionamento”.

2 A Escola Antônio Soares e sua localização

A escola Antônio Soares está localizada no assentamento que deu origem ao nome da escola. Ao
todo são nove os assentamentos do Distrito União do Norte, município de Peixoto de Azevedo, todos
realizados pelo INCRA totalizando 4.810 famílias assentadas.

Figura 1–Mapa de localização do Município de Peixoto de Azevedo – MT

Fonte: Wikipédia
66

O Distrito União do Norte é considerado o maior assentamento da América Latina devido a sua
extensão territorial, o que inviabiliza o transporte de alunos para uma só escola. Para atender a demanda
de alunos de todos os assentamentos foram criadas 09 escolas, todas funcionando como salas anexas da
escola Polo Vida e Esperança.

Figura 1 – Distrito união do Norte no Início

Fonte: Wikipédia

2.1 Realidade e Caracterização da Escola

O cenário encontrado na Escola Municipal Antônio Soares é uma realidade que pode ser
encontrada em várias localidades do território brasileiro, embora cada assentamento tenha suas
características próprias. A escola é improvisada funciona em um barracão de madeira tirada com
motosserra e levantado pela comunidade com a ajuda da Secretaria Municipal de Educação, possui
uma única sala de aula e duas professoras que dividem o mesmo espaço, onde são atendidos vinte
e sete alunos da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental. O gráfico abaixo demonstra
a quantidade de alunos por série.

Gráfico 1– Quantidade de alunos da Escola Antonio Soares

Quantidade de alunos
6
5
4 5 5
4 4
3
3
2
2 2 2
1
0 0 0
Ed. 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano 8º ano 9º ano
Infantil
SÉRIES

Fonte: Elaboração do autor

Essa unidade de ensino está vinculada a Escola Polo Vida e Esperança que funciona na sede do
Distrito União do Norte. Todas as escolas anexas estão inseridas no Plano Político Pedagógico da Escola
Polo, mas, analisando o documento não vemos nenhuma proposta política especifica para as escolas do
67

campo principalmente em relação a turmas multisseriadas. Os professores das escolas anexas não
participam da elaboração do PPP, esse fato demonstra que esses estabelecimentos de ensino não
possuem um currículo próprio, ou seja, uma identidade.
A Escola fica aproximadamente a duzentos quilômetros da sede do município, fato esse que dificulta
ainda mais a assistência por parte da Assessoria Pedagógica, durante o período chuvoso as estradas
ficam quase intrafegáveis. A Secretaria Municipal de Educação conta com um Coordenador Pedagógico
do Campo encarregado de dar assistência necessária as escolas, tanto na parte pedagógica quanto
entrega de materiais de todos os tipos didáticos e de consumo. Segundo Toledo (2005, p. 6):

Essa realidade tem gerado, ao longo dos anos, a situação de precariedade em que viveu
e ainda vive a escola do campo, seja em relação à estrutura física, seja pelo insuficiente
grau de formação do professor. Constituída essencialmente por sala multisseriada ou
unidocente, essa escola se caracteriza por possuir uma sala e ter um só professor que
ministra aulas para as quatro séries iniciais do Ensino Fundamental, no mesmo local
e ao mesmo tempo.

O panorama descrito é totalmente desfavorável e afeta de forma direta o trabalho docente, são
inúmeros os desafios para um professor que atua em uma turma multisseriada, principalmente quando
não se tem uma formação que é o caso das professoras sujeitos da pesquisa de nosso estudo. Segundo o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) “O nível de escolaridade
dos professores revela, mais uma vez, a condição de carência da zona rural. No ensino fundamental de
1ª a 4ª série, apenas 21,6% dos professores das escolas rurais têm formação superior, enquanto nas
escolas urbanas esse contingente representa 56,4% dos docentes. O que é mais preocupante, no entanto,
é a existência de 6.913 funções docentes sendo exercidas por professores que têm apenas o ensino
fundamental e que, portanto, não dispõem da habilitação mínima para o desempenho de suas atividades”
(INEP, 2007, p. 33).
Para o professor iniciante os desafios são maiores, haja vista ter que planejar aulas para diferentes
séries e níveis de aprendizado, missão essa que não é muito fácil devido a pouca ou nenhuma experiência
no âmbito educacional; a falta de orientação pedagógica induz o docente a ater-se a um “velho”
instrumento pedagógico o livro didático, que por sua vez pode ser uma relíquia totalmente
descontextualizada da realidade dos alunos.
Isso causa incerteza no trabalho do educador acompanhado em muitas situações de fracasso, gerando
desânimo tanto para o professor e alunos. Diante da insegurança, insatisfação e as inúmeras funções que
recaem sobre o professor do campo, principalmente os que estão atuando em escolas de difícil acesso,
acabam desistindo da caminhada em meio a tantos desafios. De acordo com o GEPERUAZ/UFPA
(Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo na Amazônia) (2005):

Muitos educadores(as) expressam insatisfação com relação a existência das classes


multisseriadas pelo fato de não possuírem formação especifica para trabalhar com
uma turma diversificada em termos de idade e de aprendizagem, estabelecendo muitas
comparações com as turmas seriadas, manifestando a expectativa que essas turmas se
transformem em seriadas como alternativas para que o sucesso na aprendizagem se
efetive (GEPERUAZ 2005, p.46).

O relato abaixo18 descreve as experiências de um professor aqui de União do Norte, que lecionou em
turma multisseriada no início de sua carreira de professor:

No ano de 1997, comecei a dar aulas em uma escola aqui do assentamento PA


Cachimbo I, foi muito difícil no início, pois, nunca havia entrado em sala de
aula como professor a turma era da 1ª a 4ª série, no primeiro dia de aula fiquei
sem saber o que fazer, então dividir o quadro em quatro partes e peguei o livro
didático e passei o conteúdo para cada série, enquanto escrevia para uma
turma a outra esperava, até que todos tivessem o que fazer, depois que
terminavam passava cópia e tomava leitura, mas, podia ver o

18
Relato de professor do campo sobre lecionar para classe multisseriada.
68

descontentamento dos alunos, tudo era muito difícil, mas enfrentei e suportei
as dificuldades, meu primeiro ano como professor considero que foi um
fracasso, no entanto no ano seguinte tive a oportunidade de ingressar no Curso
PROFORMAÇÃO, tive que fazer provas de amparo para poder ingressar no
curso porque tinha somente a 5ª série do Ensino Fundamental, depois, que
comecei a estudar as minhas aulas melhoram tive a oportunidade de aprender
novas metodologias e sempre fazia algo novo em minha sala de aula, em
agosto do ano de 1998, todas as escolas anexas migraram para Escola Polo
Vida e Esperança e passei a lecionar para uma só turma e meu trabalho ficou
mais valorizado”. A Formação é muito importante porque faz com que o
professor sinta-se seguro no seu oficio e pode oferecer um aprendizado mais
significativo para os seus alunos.

2.2 O trabalho docente em uma sala multisseriada

Considerada uma das mais carentes em todos os aspectos a Escola Antônio Soares, não tem uma
infraestrutura digna nem mesmo de ser chamado de escola, no entanto, funciona sem o mínimo possível
de comodidade para as professoras e alunos, que dividem um único espaço delimitado por carteiras de
um lado fica a turma de uma professora do outro a da outra. Em meio essa aglomeração fica a seguinte
indagação. Como é possível haver aprendizado em meio a tanta carência e falta de recursos? E o que os
órgãos responsáveis pela Educação estão fazendo para reverter essa situação? O que fica evidenciado e
pode ser constatado é que as professoras dessa escola não desanimam diante de tantas adversidades.
Dentro de si nutrem um sentimento que dias melhores virão para a comunidade em que vivem.
Estive nessa escola e pude presenciar a dura realidade das professoras e alunos, a situação se torna
angustiante e deixa transparecer uma imagem de descaso com essa comunidade devido a sua localização
geográfica. Mesmo com tantas dificuldades para desenvolver o seu trabalho observei um fator positivo,
durante a visita que fizemos junto com o Secretário municipal de Educação e o Assessor Pedagógico
que na ocasião apresentaram o calendário escolar para o ano letivo de 2015, e também a proposta de
construção do prédio escolar com infraestrutura adequada. O fator positivo a que me referi diz respeito
ao aprendizado dos alunos – uma mãe de aluno se expressou da seguinte forma: “Das professoras não
tenho do que reclamar de nada, minha filha não sabia quase nada quando chegou aqui e já está lendo, já
com relação à escola merecemos uma escola melhor” (Mãe de aluno. 2014). Fica evidenciado que o
aprendizado pode ocorrer em qualquer ambiente, até mesmo onde julgamos impossível. Segundo
Daviani,

[...] A aprendizagem não é alcançada de forma instantânea nem por domínio de


informações técnicas pelo contrário requer um processo de aproximações sucessivas
e cada vez mais amplas e integradas de modo que o educando, a partir da reflexão
sobre suas experiências e percepções iniciais, observe, reelabore e sistematize seu
conhecimento acerca do objeto em estudo (DAVIANI, 2010, p.288).

Diversas são as dificuldades enfrentadas pelas professoras que vão desde a falta de uma formação
básica, falta de materiais didáticos pedagógicos, baixo salário devido ao grau de escolaridade. O
município de Peixoto de Azevedo, segue o Piso Nacional – Lei Federal Nº 11.738/2008, o salário para
o profissional de nível Magistério, concursado ou efetivo é de R$ 1.438,34, para uma carga horária de
30 horas semanais, sendo 20 horas em sala de aula e 10 de horas atividade. Por não terem a formação
básica em nível de Magistério, essas profissionais recebem subsídios abaixo do estabelecido pelo Piso
Nacional. Os professores contratos recebem por uma carga horária de 24 horas semanais, sendo 20 em
sala de aula e 4 de hora atividade.
Esses fatores causam grande impacto no trabalho docente de forma negativa acarretando descrédito
ao fazer pedagógico do professor, em certas ocasiões ouvimos alguns pais dizerem que teriam que ir
embora pra cidade, pois, o ensino na localidade rural em que estavam é muito “fraco”, ou então os
professores não são “formados”. A Resolução CNE/CEB nº 2, de 28 de abril de 2008, que estabelece
diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de
69

atendimento da Educação Básica do Campo. O artigo 10º desta Resolução estabelece, entre outras
normativas, que o planejamento da Educação do Campo considerará sempre as melhores possibilidades
de trabalho pedagógico com padrão de qualidade, seja a educação oferecida em escolas da comunidade,
multisseriadas ou não. Em seu 2º parágrafo o mesmo artigo determina que:

As escolas multisseriadas, para atingirem o padrão de qualidade definido em nível


nacional, necessitam de professores com formação pedagógica, inicial e continuada,
instalações físicas e equipamentos adequados, materiais didáticos apropriados e
supervisão pedagógica permanente.

No entanto, o que observamos na maioria dos órgãos que gerenciam a educação, não há uma
preocupação em ter uma proposta e políticas específicas para a população educacional do campo, ao
invés de adaptações faz – se improvisações. A falta de formação tem grande influência no trabalho
docente do professor que às vezes fica sem um norte, preso a um livro didático, fazendo com que as
aulas se tornem monótonas e cansativas, sem conexão com a realidade da comunidade. Esses fatores
trazem angústias e decepções acarretando sobre os alunos, uma antipatia pela escola. De acordo com
Hage:
As escolas multisseriadas têm assumido um currículo deslocado das culturas da
população do campo, situação que precisa ser superada caso se pretenda enfrentar o
fracasso escolar e afirmar as identidades culturais das populações do campo
(HAGE,2005, pág.56).

Essa descontextualização ocorre devido muitos professores não terem recebido uma formação para
trabalharem com as peculiaridades do campo. A capacitação do educador favorece o aprendizado do
aluno, o educador capacitado busca novas metodologias que venham auxiliá-lo no trabalho em uma
turma heterogênea no caso de turma multisseriada.

2.3 Relato das vivências

O referido artigo apresenta de modo resumido as condições do trabalho docente nas classes
multisseriadas da Escola Antônio Soares. As falas das educadoras expressam as dificuldades enfrentadas
no cotidiano das atividades educativas em uma escola multisseriada. A pesquisa foi realizada através de
entrevistas com as duas professoras identificadas com iniciais maiúsculas fictícias. Sobre o trabalho
docente as professoras afirmam o seguinte: “É muito difícil lecionar na mesma sala de aula ao mesmo
tempo, pois, os alunos se distraem quando estou explicando alguma coisa, mas, tenho que me esforçar
pra que eles aprendam alguma coisa” (Professora. F.B. 2015)

O aprendizado é lento devido às séries serem diferentes e tenho que dar


atenção a todos, as vezes fico perdida em meio a tudo isso sem saber o que
fazer, mas, no fim sempre surge alguma ideia, geralmente procuro manter os
alunos que tem mais facilidade ocupados o maior tempo possível, para poder
dar uma atenção maior aqueles que têm mais dificuldades. É preciso ter
paciência porque nem sempre as coisas dão certo (J.F., 2015)

Observamos nas respostas das professoras os fatores que dificultam o trabalho docente nessa unidade
escolar, alunos de várias faixas etárias falta de estrutura física para atender os alunos em salas separadas
e ausência de metodologias adequada para turmas multisseriadas além da escassez de materiais didáticos
pedagógicos.
70

Figura 3 - Escola Antônio Soares 2014

Fonte: Adailson Silva - Educação do Campo de União do Norte

Sobre as dificuldades enfrentadas nas classes multisseriadas, Hage (2008, p. 1) afirma o seguinte:

Em geral essas escolas são alocadas em prédios escolares depauperados, sem


ventilação, sem banheiros e local para armazenamento e confecção da merenda
escolar. Há situações que não existe o número de carteiras suficientes, o quadro de giz
encontra-se danificado; e em muitos casos, essas escolas não possuem prédios
próprios funcionando em prédios alugados, barracões de festa, igrejas ou mesmo em
casas de professores e lideranças locais.

Essa carência na infraestrutura traz desconforto e insatisfação tanto para alunos quanto para
professores e deixa transparecer um sentimento de discriminação e inferioridade para com os povos que
vivem no campo. Isso fica evidenciado quando são enviados para as escolas rurais móveis,
computadores e outros objetos que já estão obsoletos, que não serve mais para a escola da cidade,
condicionando a educação do campo a patamar de inferioridade.
Em relação a metodologia de trabalho uma das professoras afirma “Como são séries diferentes é bem
complicado, ainda mais que nem todos conseguem acompanhar os conteúdos e sempre tem que revisar
alguma coisa, ter que preparar aulas pra várias séries é bem complicado” (Professora. F.B. 2015).

Ao analisarmos a resposta da professora diagnosticamos que a mesma necessita de ajuda pedagógica


que venha auxiliá-la tanto na elaboração das aulas quanto no desenvolvimento do trabalho docente em
sala de aula. A Secretaria Municipal de Educação de Peixoto de Azevedo, tem disponibilizado um
assessor pedagógico e um coordenador para as escolas rurais. O Coordenador das Escolas do Campo
Adailson Silva responsável pelo apoio pedagógico aos professores do campo afirma que:

As professoras do assentamento Antônio Soares, não tem muito apoio pedagógico da


forma que deveriam ter, pois, a realidade daquele assentamento torna muito difícil
visitas periódicas por ser muito distante da escola sede, mas duas vezes por mês visito
a escola para discutir com as professoras as dificuldades encontradas naquela unidade
de ensino e avaliar junto com as professoras o ensino e o aprendizados dos educandos,
também é desenvolvido uma vez por mês a sala do educador onde envolve todas as
escolas do campo, discutimos também as dificuldades encontradas em cada unidade
de ensino, elaboramos projetos e os mesmos são desenvolvidos em sala de aula para
assim melhorar cada vez a qualidade de ensino, além de alguns programas do governo
federal quem vem também buscar a qualidade de ensino por exemplo agora mesmo
está sendo desenvolvido o Pacto de Alfabetização na Idade Certa, a alguns anos atrás
71

foi desenvolvido o programa Escola Ativa que teve resultados positivos nessas
unidades de ensino que infelizmente terminou , não sei realmente o motivo sei que
esse programa tinha sido avaliado pelo MEC e tinha tido algumas mudanças como
por exemplo ia se passar a se chamar Escola da Terra mas também não tenho
conhecimento por que no município não foi desenvolvido e também não sei se
realmente foi desenvolvido no nosso estado esse programa (Adailson Silva 2015 –
Coordenador das Escolas do Campo).

Figura 4 – Encontro de professores no Sala do Educador 2015

Fonte: Adailson Silva - Educação do Campo de União do Norte

Em relação a parte de infraestrutura da escola faz a seguinte declaração:

Hoje a escola do Assentamento Antônio Soares passa por um momento


importante, pois, está sendo construída uma unidade de ensino com salas
climatizadas refeitório e secretaria para melhor atender os educandos daquela
comunidade, mas nem sempre foi assim a escola funcionava em uma pequena
casa de madeira sem conforto nenhum, hoje a mesma funciona em uma casa
de material cedida por um morador daquele assentamento enquanto aguarda a
conclusão da obra (Adailson Silva 2015 – Coordenador das Escolas do
Campo).

Figura 5 - Placa informativa da Construção da Escola

Fonte: Adailson Silva - Educação do Campo de União do Norte


72

Figura 6–Área de construção do novo prédio escolar 2015

Fonte: Adailson Silva - Educação do Campo de União do Norte

Figura 7–Construção em andamento do novo prédio escolar 2015

Fonte: Adailson Silva - Educação do Campo de União do Norte

2.4 Projeções para o futuro

No dia vinte e dois dias do mês de maio do ano de dois mil e quinze, os profissionais da educação
das escolas de União do Norte, se reuniram nas dependências da Escola Municipal Vida e Esperança,
com o objetivo de debaterem e contribuírem com metas e estratégias para o Plano Municipal de
Educação (PME) do município de Peixoto de Azevedo para os próximos dez anos.
Após a leitura do PME em reformulação, com as inserções realizadas pelos profissionais da educação
residentes na zona urbana. Os profissionais do campo observaram que não há nenhum eixo exclusivo
para o campo com metas especificas para a Educação rural, o novo PME irá nortear as ações
educacionais nos próximos dez anos. Observando o PME não encontramos nenhuma proposta para as
classes multisseriadas mesmo após, revisão feita pelos professores do campo. Mas, constam pontos
importantes que contemplam os professores sem formação.
De acordo com o PME de Peixoto de Azevedo do ano de 2015, no Eixo X que trata da Formação e
Valorização dos Profissionais da Educação Pública, alguns itens se executados contemplarão os
professores do campo sem formação. Segue a abaixo a transcrição do texto extraído do PME 2015.
73

EIXO X - FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA


EDUCAÇÃO PÚBLICA

Meta 10: Valorizar os (as) profissionais da educação do sistema público de educação


básica de forma a garantir seu rendimento médio conforme o Piso Nacional de
Educação, respeitando seu Plano de Cargo e Carreira, Salário.
Estratégias
10.1 -Valorizar os (as) profissionais da educação das redes pública de educação básica
de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com
escolaridade equivalente, até o final do 3º ano de vigência deste PME;
10.2 -Constituir, por iniciativa da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, até o
final do primeiro ano de vigência deste PME, fórum permanente dos trabalhadores da
educação, para acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial
nacional para os profissionais da educação básica pública;
10.3- Ofertar formação profissional que assegure o desenvolvimento da pessoa do
educador, o domínio do conhecimento objeto de trabalho com os educandos
valorizando o aprimoramento dos saberes da proficiência;
10.4- Assegurar um sistema de educação continuada que permita aos profissionais da
educação, um crescimento constante de seu domínio sobre a cultura letrada dentro de
uma visão crítica e da perspectiva de um novo humanismo;
10.7-Valorizar os profissionais da educação, através de uma política que garanta o
estabelecimento do Piso salarial na integra estabelecendo assim os percentuais Inter
níveis e referência, respeitando a titulação ou habilitação específica,
independentemente do nível de ensino ou área de atuação.
10.9-Considerar as especificidades socioculturais das escolas do campo e das
comunidades indígenas no provimento de cargos efetivos para essas escolas;
10.10-Identificar o número de profissionais docentes em a graduação plena,
ampliando o número de vagas em 100% desses profissionais no curso de pedagogia e
licenciatura plena, no prazo máximo de quatro anos de vigência desse plano, nos
sistemas estadual e municipais;

Analisando o Plano Municipal de Educação do município de Peixoto de Azevedo, percebe-se que as


propostas políticas para a Educação do Campo continuam sendo regidas pelo pensamento urbanista, os
professores do setor rural deveriam receber uma formação diferenciada e voltada para as diversidades
campo, todavia isso nem chega a ser mencionado.

Conclusão

Através do levantamento da pesquisa bibliográfica e de campo ficou constatado que os profissionais


que atuam em salas multisseriadas enfrentam situações de precariedade em todos os aspectos; baixa
remuneração, falta de formação, falta de materiais pedagógicos e infraestrutura adequada. Um dos
maiores problemas para o professor que atua em turma multisseriada é a falta de formação, os órgãos
que regem a educação no âmbito municipal deveriam empenhar-se mais, com o objetivo de oportunizar
cursos de capacitação e formação continuada, para que esses profissionais tenham melhoria no trabalho
docente e crescimento profissional, propiciando um ensino de mais qualidade para os alunos do campo.
O Governo Federal tem disponibilizado Programas para atenderem a demanda de professores ainda
sem formação, Plataforma Freire e Universidade Aberta do Brasil, são exemplos, no entanto,
profissionais que ficam “isolados” devido a localização geográfica ficam impedidos de terem acesso a
essas oportunidades. As classes multisseriadas são uma realidade a perdurar por muito tempo, em razão
da diversidade e complexidade de cada assentamento. Não se pode criar um pensamento que são
sinônimo de atraso, mas, peculiaridade de uma comunidade local. A qualificação do professor é uma
das maiores e melhores alternativas para melhoria do ensino nas salas multisseriadas, investir de forma
igualitária os recursos entre cidade e campo, sem a distinção entre ambos, de forma que os alunos e
professores do campo tenham acesso a uma amplitude de possibilidades no que diz respeito aos recursos
didáticos e pedagógicos. Professores, alunos e pais, anelam por uma educação de qualidade que valorize
as origens locais e acima de tudo que os considerem como sujeitos merecedores dos mesmos direitos
que os demais que vivem na cidade. Afinal de conta o homem do campo não é inferior. A Educação do
74

Campo tem que ser repensada, enquanto for colocada em segundo plano, elevará o índice de evasão,
contribuirá no baixo índice do IDEB. Enfim as autoridades de modo geral têm que despertar-se para
isso, porque o que se semeia no campo (uma educação não organizada e sem qualidade) germinará de
forma negativa nos dados educacionais do Brasil.

Referências

ARROYO, Miguel G. A Escola do Campo e a Pesquisa do Campo: Metas. In. MOLINA, Mônica C.
Educação do Campo e Pesquisa: Questões para reflexão: Brasília: Ministério do Desenvolvimento
Agrário; 2006.
BELTRAME, Sonia A. B – Realidades das escolas do Campo no Brasil. ead.ifpa.edu.br.
DAVIANI, Maria Cristina. Currículo integrado. Disponível
em: <http://www.org.br/rh/publicações/textos_apoio/pub.04u2t8.pdf>.
GEPERUAZ. Relatório conclusivo da pesquisa “Classes Multisseriadas: desafios da educação rural
no Estado do Pará-Amazônia”, apresentado ao CNPq. Belém-PA. 2004.
HAGE, Salomão Mufarrej (Org.). Educação do campo na Amazônia paraense: Retratos de
realidades de escolas Multisseriadas no Pará. Gráfica e Editora Gutemberg LTDA, Belém: 2005.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA - INEP.
Panorama da educação no campo. Brasília: INEP, 2007.
MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO - MEC. Resolução RE nº 2, de 28 de abril de 2008. Estabelece
diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de
atendimento da Educação Básica do Campo. Brasília, DF, 28 de abril de 2008.
<http://www.seduc.mt.gov.br/Documents/PME/Peixoto%20de%20Azevedo%20-%20PME.pdf>.
SILVA, Adailson. Educação do Campo em União do Norte. Peixoto de Azevedo 2015.
TOLEDO, Maria Cristina Moiana de. A Escola do Campo e a Pesquisa do Campo. Brasília: Ministério
do Desenvolvimento Agrário, 2006.
75

O PERFIL DOS ALUNOS DAS SALAS ANEXAS DO CEJA LUIZA MIOTTO FERREIRA
NO ANO DE 2015

Luciana dos Santos Silva Oliveira19


Keila Alves Souza20

Resumo - Este trabalho tem por objetivo pesquisar sobre “O perfil dos alunos das salas anexas do CEJA Luiza
Miotto Ferreira no de 2015”, apresentando resultados que serão importantes para o desenvolvimento deste artigo,
que focou em indagar sobre as perspectivas, pretensões, e anseios destes alunos que procuram a escolarização nas
salas anexas. Com base nos dados recolhidos, a partir da tabulação dos resultados verificamos que os depoimentos
e observações realizadas através das informações venha a ser e como se dá o verdadeiro significado da educação
para estes jovens e adultos. Trata-se de uma investigação de cunho qualitativo, que tem como objetivo conhecer
um pouco dos aspectos e histórias de vida. Além de apresentar um breve resgate da história da educação do campo
e de Jovens e Adultos no Brasil, pontuando as dificuldades que foram e ainda são encontradas pelos povos do
campo na luta por uma educação de qualidade. Dando importância das lutas dos movimentos sociais do campo
para a construção de políticas públicas educacionais condizentes com seus anseios.

Introdução

Este trabalho justifica-se pela importância de conhecer o verdadeiro perfil dos alunos das salas
anexas do CEJA Luiza Miotto em Matupá MT, suas perspectivas, suas buscas, seus desafios, suas
vontades e por quais propósitos procuram a escolarização nas salas de aula anexas.
Tendo como objetivo conhecer as histórias de vida de jovens e adultos, sua relação com professores
e qual sentimento destes em participar dessa modalidade de ensino.
Além de conhecer as expectativas dos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com
relação à educação”. A necessidade de observar e entender questões que para os alunos da EJA são de
grande relevância, como o trabalho e a educação que lhes é oferecida foi o que nos levou a questionar a
respeito de suas trajetórias sociais e culturais com objetivo de compreender as condições reais que
influenciam a escolarização desses alunos.
Levando em consideração esses aspectos, este trabalho procurou identificar e analisar a expectativa
dos alunos da EJA em relação a seus estudos, e sobre essa modalidade oferecida, que é um caminho
para uma possível modificação social ou econômica em suas vidas. De modo específico, pesquisar os
motivos que levam o aluno jovem e adulto a procurar a escola.

A Educação e Movimentos Sociais

Nos últimos anos, os movimentos sindicais rurais e sociais organizaram-se e promoveram um


processo nacional de luta pela garantia de seus direitos, articulando as exigências do direito a terra com
as lutas pelo direito à educação.
Esses sujeitos na coletividade, a partir de suas lutas sociais e de suas práticas educativas, organizados
e articulados nacionalmente no Movimento de Educação do Campo, têm-se alcançado grandes
conquistas através de suas ações, interrogar e apresentar alternativas ao projeto hegemônico de
desenvolvimento rural, às tradicionais escolas rurais e aos processos de formação de educadores. Como
afirma Brandão (2011, p. 3): “A temática ‘Educação do Campo’ deixa claro o descaso e forma com que
os governantes – elite brasileira – historicamente trataram a educação voltada ao campo denominada
como “educação rural”.
As principais questões que devem ser compostas para que as escolas do campo possam atuar em
concordância com os princípios do Movimento referem-se a: ordenar e pôr em prática um projeto de
educação associado com um projeto político de transformação social conduzido pelo grupo trabalhador,

19
Autora, discente de 2014-2015
20
Professora Orientadora de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação
do Campo, especialista em Educação pela UNEMAT (2006).
76

garantindo a articulação político-pedagógica entre escola e comunidade a partir do acesso ao


conhecimento científico, conectando os processos de ensino/aprendizagem com a realidade social e as
condições de reprodução material dos educandos.
Essa metodologia e reconhecida nacionalmente como Movimento de Educação do Campo. Sua
principal característica é o protagonismo de sujeitos que antes não tiveram o acesso à educação
brasileira, que são os trabalhadores rurais, e em função desse protagonismo que a definição Educação
do Campo se conecta essencialmente ao contexto no qual se desenvolvem os processos educativos e os
graves conflitos que ocorrem no meio rural brasileiro, pela consequência de diversos interesses
econômicos e sociais em disputa pela utilização desse território.
Nas escolas localizadas no campo, há uma necessidade que a aprendizagem e o conhecimento escolar
sejam condizentes com a realidade e que a educação se estabeleça como um componente que irá
transformar a vida das pessoas, sendo “libertadora e emancipatória”. Segundo Basílio:

A educação deve ser vista como um dos elementos de uma cidade educadora, que
prevê a educação integral, e não deve se referir só ao conhecimento e ao saber
simbólico, mas também ao sensível, ao técnico. ‘A integralidade do saber é o tecido
técnico, simbólico, político, cultural e implica também a politicidade do ato
educativo’. Ninguém nega que a educação supõe valores, princípios, ética.

No campo, onde muitas vezes não há escolas nas proximidades, o movimento busca implantá-las e
organizá-las e que, quando o assentamento é conquistado, há um processo de formalização da
instituição.
O Brasil sendo um país de características agrária, a educação do campo não foi sequer mencionada
nos textos constitucionais até 1891, colocando em evidência o descaso dos administradores público e as
matrizes culturais centradas no trabalho escravo, na concentração fundiária, no controle do poder
político.
Esse descaso por parte do poder público levou a história da educação escolar brasileira uma
consequência de precariedade no funcionamento da escola do campo: em relação aos funcionários
destinados ao apoio pedagógico, à infraestrutura e os ambientes físicos não adequados, as escolas mal
localizadas geograficamente, a falta de condições de trabalho, baixos salários, ausência de formação
inicial e continuada adequada ao exercício docente no campo e uma organização curricular
descontextualizada da vida dos povos do campo, sabemos que a valorização da cultura, das memórias,
dos valores, saberes racionalidade e matrizes culturais e intelectuais do povo, são características que
devem reconhecidas e respeitas no sujeito transformador.
Sabemos que estes problemas da educação não é concentrada apenas no campo, sendo que neste local
é mais grave, pois além de não considerar a realidade sócio ambiental onde cada escola está inserida,
esta foi tratada sistematicamente, pelo poder público, como resíduo, com políticas compensatórias,
programas e projetos emergenciais, e muitas vezes admitiu o discurso da cidadania e, portanto, de uma
vida digna reduzida aos limites geográficos e culturais da cidade, negando o campo como espaço de
vida e de constituição de sujeitos cidadãos.
O modelo de Educação brasileira implementado no campo foi excludente que marca até hoje a
educação no Brasil. A Educação brasileira, de 1500 até o início do século XX, serviu e serve para atender
as elites, sendo que a população de menor poder aquisitivo não tinha acesso à educação. Para as elites
do Brasil agrário, as mulheres, indígenas, negros e trabalhadores rurais não precisavam aprender a ler e
escrever, para desempenhar os afazeres agrícolas estudar era desnecessário. Como afirma:

Avançando na história, constatamos que o modelo de educação praticado no Brasil


pelos diferentes governos entre o início do Império (1822), até meados do século XX,
era uma educação para a elite econômica e intelectual, em prejuízo direto e
indiscriminado dos pobres, negros e índios (FERREIRA; BRANDÃO, 2011, p. 4).

No contexto histórico do Brasil a exclusão social, política, econômica e cultural, da classe


trabalhadora sempre foi visto como algo normal e natural. Na atualidade se referir a este processo de
exclusão não será um diálogo tranquilo, pois, a resistência é intensa por parte da sociedade neoliberal,
principalmente por aqueles que de uma forma ou de outra se beneficiam com essa situação.
77

Nos anos 1990 a Educação brasileira começa a dar sinais de avanços, pois os movimentos sociais e
sindicais começam a reivindicar de maneira mais planejada pela elaboração de políticas públicas para a
população do campo, com o objetivo de contemplar o ensino, onde os menos favorecidos
economicamente pudessem ser inseridos no âmbito educacional, bem como a construção de propostas
pedagógicas que respeitassem a realidade, as formas de produzir, de lidar com a terra, de viver e conviver
dos povos do campo.
Um importante avanço já dado pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9394\96
ganhou força com uma importante conquista recente para o conjunto das organizações de trabalhadores
do campo, na área da luta por políticas públicas, que foi a aprovação das “Diretrizes Operacionais para
a Educação Básica nas Escolas do Campo” (Parecer no 36/2001 e Resolução 1/2002 do Conselho
Nacional de Educação).
Esse instrumento de luta, junto às atuações de diferentes movimentos sociais e sindicais do campo
vem cobrando sua inserção na agenda de alguns governos municipais, estaduais e também na esfera do
governo federal.
Após a aprovação das Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas escolas do campo, vem se
desencadeando um processo de mobilização e envolvimento social, na busca de fortalecer a construção
de políticas públicas que garantam o acesso e permanência a Educação de qualidade para os povos do
campo. Segundo Rocha:

As Diretrizes dão um salto de qualidade na forma de pensar a escola, relacionando-a


a construção de sociedade, e de desenvolvimento que se deseja concretizar para
cidadãos e cidadãs, que vivem no campo e ou do campo, bem como aqueles que vivem
nas cidades (ROCHA, 2004, p. 5).

Em que a escola possa exercer o seu papel formando para a cidadania, como está assegurado na
Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Não deve formar
somente para o trabalho, mas para a cidadania, para que os sujeitos sejam capazes de participar e
transformar com sabedoria o meio em que vive. Estes devem ser formados integralmente. Diálogo com
a educação de jovens e adultos não é só o ato de ensinar e sim uma constituição de uma expectativa de
melhoras, quando se iniciou a colonização do nosso país, as poucas escolas que existiam era um direito
de poucos e que pertenciam às classes mais favorecidas, somente na infância as crianças obtinham um
acompanhamento escolar. Segundo Colavitto; Arruda (2014, p. 3): “A educação básica de adultos
começou a estabelecer seu lugar através da história da educação no Brasil, a partir da década
de 1.930, pois devido às várias transformações e mudanças na sociedade, o sistema de ensino
começa a se firmar”.
A história da Educação de jovens e adultos é muito atual, durante anos as instituições de ensino só
ensinavam no período noturno, pois era a única possibilidade dos alunos participarem da aula e assim
ser alfabetizados, após um dia intenso de serviço, e várias escolas eram grupos informais, onde poucos
que obtinham a prática de ler e escrever auxiliavam os que estavam em processo de aprendizagem.
No início do século XX com a industrialização se desenvolvendo foi possível perceber uma vagarosa
valorização da EJA. O processo de industrialização originou-se a precisão de se ter mão de obra
especializada, nesta época instituiu – se que as escolas habilitassem os jovens e adultos.
Por motivo das indústrias se localizarem nas zonas urbanas a população do campo migrou para a
zona urbana na perspectiva de se obter condições melhores de vida, quando migram para a zona urbana
surgem a necessidade de alfabetizar os operários e este acontecimento contribuiu para a formação de
centros educativos para adultos e adolescentes.
Um fato importante em nossa história foi à necessidade de aumentar o apoio eleitoral beneficiou a
ampliação das instituições de EJA, pois o voto era permitido somente para homens que e fossem
alfabetizados. Nos anos 40 o governo difundiu a primeira campanha de Educação de adultos, com a
finalidade de alfabetizar os analfabetos em apenas três meses; na sociedade organizada existiu muitas
críticas e também elogios a este projeto de alfabetizar.
Nos anos 90 surgiram ações em benefício da Educação de jovens e adultos, o governo instituiu
também os municípios a participaram desta política, fazendo parcerias com entidades organizadas e
através dos Fóruns. É evidente que neste período do contexto histórico da Educação brasileira, a EJA
78

obteve um grande avanço, com a finalidade que a sociedade possa ser mais justa e igualitária e uma
Educação eficiente e capaz sendo necessárias que todas as áreas da Educação sejam focadas e
valorizadas, dando suporte as áreas do conhecimento.
Ultimamente a EJA tem finalidades que vai além da alfabetização por parte dos educandos, da
obrigação de ser habilitado para o mercado de trabalho, ser influente na sociedade e também o interesse
pela política, sendo o objetivo maior o de suavizar ao máximo a estatística de analfabetismo. De acordo
com Colavitto e Arruda (2014, p. 4):

O crescimento da industrialização começou a exigir mais da população, a oferta de


ensino era de graça e atendia diversos setores sociais e não mais só os burgueses. Todo
esse crescimento, essas mudanças e facilidades fizeram com que uma grande parte da
população se interessasse mais pela educação.

E as melhores formas de conseguir bons resultados e qualidades de trabalho e tornar o conhecimento


mais amplo, esta estratégia dará bons resultados para os jovens e adultos que não tiveram oportunidade
de se alfabetizaram na idade certa, ao ingressem em uma turma de EJA oferecida pelas escolas que
desempenham trabalhos voltados para a alfabetização, ser alfabetizado nestas fases da vida é um grande
desafio, pois os envolvidos precisarão de muita motivação e força de vontade, não basta apenas querer,
a alfabetização de jovens e adultos ocorre de maneira proposital e consciente.
Muitos estudiosos da problemática do analfabetismo apresentam o mesmo ponto de vista quanto ao
valor do alfabetizador ser qualificados para lecionar para jovens e adultos. Além de dominar a
metodologia de ensino indicada, o professor precisa ter a habilidade de produzir e incentivar
frequentemente o aluno em sala de aula.
A educação de jovens e adultos desafia não só os educadores e os pesquisadores, mas, de modo muito
especial, a todos os gestores da educação nas diversas esferas políticas.
Diversos autores afirmam que é preciso que os educadores sejam e estejam habilitados em nível
inicial e empenhados com sua formação continuada para o exercício da docência. Jovens e adultos
buscam na escola a sua inclusão social, levando consigo uma bagagem de saberes culturais que ofereçam
sentidos as suas vidas. Como afirmam Colavitto e Arruda (2014, p. 15): “O que esperam dessa EJA é
que alfabetize, possibilitando a todos o acesso à cultura, não só escrita, mas também ás informações, das
quais foram privados, devido à exclusão escolar, além da preparação para o mercado de trabalho”.
A constituição da sabedoria não se realizará com eficiência se o educador não considerar a realidade
desses educandos que é, não só econômica, mas também social e, sobretudo, cultural. Cada sala de aula
em que se encontram inseridos, alunos desse nível de modalidade, estabelece um contexto novo.
Cabe aos gestores da educação criar condições necessárias para que os educadores, coletivamente
estudem e sistematizem as realidades presentes. Isso exige tempo e espaços próprios, garantidos por
políticas que disponibilizem recursos financeiros e condições de trabalho adequado ao tipo de
escolarização.
Diante disso, reforça-se que atuações pedagógicas são essenciais para o desempenho do processo
formativo dos jovens e adultos que precisam melhorar sua escolaridade e, consequentemente seu
aprendizado, considerando as condições sociais, históricas e culturais dos sujeitos da alfabetização.
Alfabetizar jovens e adultos vai além de transferir conhecimentos de leitura e escrita, o jovem ou
adulto ao entrar em uma escola ele tem uma finalidade já delimitada e sabe que a escola como um meio
para alcançar seus objetivos, o professor alfabetizador se torna então um intermediário entre o aluno e
o conhecimento, ele precisa estar bem atualizado, determinado e desejando realizar um trabalho de
construção de conhecimentos.
Há alguns anos era normal pessoas adultas se reunirem para aprender escrever o nome e conhecer as
letras do alfabeto, essas pessoas ficavam muito fascinadas, pois dentro do contexto delas tal aprendizado
era de maneira satisfatória. Atualmente grupos ainda se reúnem, mas as expectativas são outras, só o
aprendizado do próprio nome é insatisfatório, o mercado de trabalho exige mais, até mesmo coisas
simples do nosso dia a dia, como ler uma placa, requer leitura.
A perseverança e a eficiência nos trabalhos desenvolvidos é um horizonte para obter êxito no ensino
de jovens e adultos, desanimados eles não conseguirão encarar os impedimentos que sucedem nos dias
atuais, tudo se tornará mais complicado, cabe aos educadores e a escola em geral incentivá-los para que
não desanime de estudar.
79

A Pesquisa em ação

A pesquisa foi realizada nas salas anexas do CEJA Luiza Miotto Ferreira que funcionam no distrito
de Flor da Serra e será aplicada aos educandos do 1ºe 2º ano no período vespertino turmas essas nas
quais foram observados número significativo de educandos com características distintas desde a idade,
sexo e outros fatores e que a pesquisa possivelmente virá a comprovar.
As questões questionário serão abertas, ou seja, o pesquisado poderá emitir livre opinião e também
questões fechadas, com alternativas a serem marcadas.
A análise dar – se – a por meio de diálogo teórico com os autores que possam nortear nosso trabalho
de forma a consolidar a pesquisa realizada no intuito de evidenciar qual percurso de vida que levaram
os educandos à EJA bem como em textos veiculados em diversos meios de comunicação, revistas,
internet.
Para a realização deste trabalho que foi desenvolvido em forma de pesquisa, o método utilizado, para
tanto, foi à pesquisa de campo e pesquisa bibliográfica em textos veiculados em diversos meios de
comunicação, livros, revistas e artigos científicos.
O CEJA Luiza Miotto embora esteja localizado na área urbana atende salas anexas no campo, nesse
sentido os sujeitos pesquisados nessas salas apresenta-se idade diversificada, uma mesma classe recebe
desde adolescentes a pessoas adultas, estes educandos têm níveis de aprendizagem diferente e são
trabalhadores, e que já formaram sua visão de mundo pelas experiências vivenciadas, valores e crenças
já constituídas, são pessoas diversas, com seus traços de vida, diferentes sabedorias culturais, vivências
de trabalho, diferentes regiões e aspectos de vida, estas são algumas das principais características do
corpo discente da EJA.
Muitos com grandes desafios e impossibilidades das situações criadas no seu cotidiano, de realizar
seus estudos, necessidades relacionadas ao trabalho, à família, mas que possuem muitas expectativas de
aprendizagem e desenvolvimento pessoal. Mas, que buscam diferentes objetivos: realização pessoal,
aumento da autoestima.
Tiveram parte de suas vidas tiradas por uma sociedade desigual, excludente e, como todos tem direito
a educação segundo a Constituição Brasileira de 1988, eles merecem a chance de recomeçar e aproveitar
a nova oportunidade através desta modalidade oferecida.
E através destas ofertas ter a capacidade de decidir o que fazer com sua vida e de assumir as
responsabilidades pelos seus atos, pois tem maturidade suficiente para tais atitudes adquirida através de
experiências vividas sejam elas negativas ou positivas.
É válido lembrar que maturidade ocorre independente de idade cronológica, isto é, existem
adolescentes quarentões e adultos com apenas quinze anos de idade.

0%
Gráfico 1- Sexo

Feminino
100% Masculino

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

Dos alunos entrevistados nas salas anexas, percebe-se pelo gráfico que todas são do sexo feminino.
80

Gráfico 2- Idade
15 a 20

20 a 25
12%
31% 25 a 30
19%
35 a 40

19% 19%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

O gráfico 2, mostra a distribuição dos entrevistados por faixa etária. Sendo que a maioria são acima
de 40 anos. Percebe-se que o público que mais procura essa modalidade de educação são os mais
experientes, talvez, principalmente, pela necessidade de um diploma para ingressar em outras áreas do
mercado de trabalho ou até mesmo pela oportunidade que surgiu de haver uma sala anexa para atendê-
lo.

Gráfico 3- Estado civil

13%
25%

Solteiro
6%

56%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

Dos entrevistados, a maioria são casados, onde as mesmas são donas de casa, tendo que conciliar
os afazeres domésticos e os cuidados com filhos com os horários de estudos.

Gráfico 4- Profissão
6%
6%
6%
7% Do lar

75%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos


81

No gráfico 4 percebe-se que a maior parte destes alunos são dona de casa.

Gráfico 5- Tempo na comunidade


1 a 5 anos

5 a 10 anos
25% 25%
10 a 15 anos

6% 15 a 20 anos
12%
20 a 25 anos
19% 13%
25 a 30 anos

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

O gráfico demonstra que uma parte desses alunos residem de 1 a 5 anos, e com a mesma
porcentagem representando de 25 a 30 anos.

Gráfico 6- Estudou em escola urbana

44%
S…
56%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

Neste gráfico verifica-se que a maioria dos entrevistados estudou em uma escola urbana.

Gráfico 7- Diferença no ensino cidade X comunidade

Sim
6%
6% 19%
6% Não

19%
Branco
44%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos


82

No gráfico 7 verifica-se que a maior parte dos entrevistados não percebem a diferença de ensino
entre a cidade e a comunidade, outros relataram que notam essa diferença, e com a mesma porcentagem
não responderam, e os restante responderam que só estudou na comunidade, e que é bem melhor e os
professores são mais legais, e também relatam que se forem para estudar irão compreender o conteúdo,
além de relembrar que na cidade tem mais recursos e materiais disponíveis.

Gráfico 8- Motivo de parar de estudar


0% 0% 0%
Trabalho

12%
19% Filhos

Casamento
13%
6%
Doença
6%
Desinteresse

Outro motivo
44%
Era muito longe

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

O gráfico mostra os principais motivos dos entrevistados terem parado de estudar, representando a
maior parte do percentual alega que a causa básica foi o casamento. Outra parte retratou que os motivos
que levaram a desistência foram outros, sendo que outro percentual tiveram que se afastar devido às
responsabilidades relacionadas às famílias, e que o trabalho foi um dos motivos que educandos
pararam de estudar representando um percentual menor dos pesquisados. Há relatos de desistência por
presença de doença e falta de interesse próprio.

Gráfico 9- Motivos de voltar a estudar

13% Para fazer uma faculdade e


arrumar um bom emprego
6%

Estudei até o 4º ano,e era


muito longe e não tinha como
vir, e agora estou adorando
estudar
81% A vontade de aprender e ter
mais conhecimento e um
futuro melhor

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos


83

Se a necessidade de trabalhar afastou a maior parte desses educandos da escola, por outro lado os
principais motivos que a trouxeram de volta a escola é o desejo de aprender e ter mais conhecimento e
consequentemente um futuro melhor. Entretanto, é importante ter em vista que retornaram a escola com
o objetivo de fazer uma faculdade e futuramente ter um bom emprego. Alguns dos pesquisados cursou
o ensino fundamental incompleto, na época quando jovem a escola era longe e a locomoção era difícil,
na região não havia ônibus que transportasse os educandos, agora estão aproveitando o tempo das
oportunidades, com um sonho de crescer intelectualmente e profissionalmente na busca de uma vida
melhor.

Gráfico 10- Incentivo da família para estudar

6%

Sim

Não

94%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

No gráfico 10 percebe-se que a boa parte dos entrevistados são incentivados a estudar, sabemos que
o incentivo e orientação educacional é essencial para as pessoas, a aprendizagem e o desempenho escolar
devem estar amarrado, primeiramente, da inter-relação familiar, e posteriormente, da relação entre
professor e aluno. Escolas e famílias devem obter os mesmos objetivos para que o sucesso da
aprendizagem ocorra ambas devem ser vistas como participantes na educação, embora distintas, devem
buscar e atingir os mesmos objetivos. O restante não são incentivados a estudar.

Gráfico 11- Desejo em relação ao estudo


Concluir o ensino
médio
Fazer uma pós
graduação
31%
Cursar uma faculdade

63%
6%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

No gráfico 11 percebe-se que a maioria dos entrevistados desejam cursar uma faculdade, e desejam
concluir o ensino médio, com base nestes dados o objetivo principal é envolve-los e incentivar uma
prática mais prazerosa para que a aprendizagem ocorra integralmente dando a possibilidade destes
sujeitos darem continuidade na aprendizagem, oferecendo recursos necessários que garanta e atenda às
suas necessidades. Outros interessam em dar continuada aos estudos fazendo uma pós-graduação e assim
aumentar suas perspectivas com a finalidade de um futuro melhor.
84

Gráfico 12- Objetivos em relação ao estudo

25%
31% Melhorar sua qualificação
Mudar de emprego
Abrir seu prório negócio
13%
Prestar concurso

31%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

No gráfico12 percebe-se a finalidade de abrir seu próprio negócio e prestar um concurso e assim
manter uma estabilidade financeira e assegurar o emprego, bem como melhorar sua qualificação
buscando aprimorar seus conhecimentos, e assim conquistar uma vida melhor, e alguns tem a finalidade
de mudar de emprego.

Gráfico 13- Motivação nos estudos


0%

Sim
Não

100%

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

Ao escolherem o retorno para a escola, os jovens e os adultos têm como principal objetivo promover
o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Buscam, através da escola, melhorar sua capacidade
intelectual. Trata -se de uma decisão que envolve outras pessoas como família, o patrão, etc. Ir à escola,
para um jovem ou adulto, muitas vezes é um desafio, um projeto de vida. E assim sendo possível fazer
com que este aluno se interesse em fazer concursos e dar continuidades aos seus alunos e sempre tentar
aprender o que é ensinado para facilitar seu desenvolvimento pessoal. O objetivo da volta à escola,
segundo os alunos pesquisados, é para continuar os estudos almejando um futuro melhor, satisfação
pessoal, além de conseguir um trabalho melhor e mudar sua situação econômica na qual se encontram
atualmente.
85

Gráfico 14- Desafios em participar das aulas

Transporte escolar

29% 29% Nenhum desafio

Deixo de pescar para vir até


a escola

14% Serviço doméstico


21%
7%
Deixar os filhos

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

Os desafios que eles encontram em participar das aulas é que deixar os filhos em casa e o transporte
escolar são os maiores obstáculos que enfrentam, sendo que encontra a dificuldade pelo motivo do
serviço doméstico.

Gráfico 15- Objetivos a serem alcançados Busco conhecimento, fazer novas


amizades, além de aprender coisas
novas todos os dias

6% Que cada vez mais possa melhorar os


estudos, minha vontade e de um dia
13% poder dar aulas, e ajudar aqueles que
31% não tem oportunidade de ir a escola
Para que algum dia seja
6% independente

Fazer faculdade, e assim melhorar de


vida
19%

25% Por ficar mais perto, para ir até a


cidade fica mais dificil, pretendo
concluir meus estudos aqui

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

No gráfico 15 nota-se que a maioria dos entrevistados têm como finalidade a busca de novos
conhecimentos, além de ampliar seus horizontes e visão de mundo, além da interação e convivência com
os colegas. Há relatos que a escola fica mais perto, e assim é mais acessível do ir até a cidade,
pretendendo concluir seus estudos na comunidade mesmo, objetivando cursar uma faculdade, e
consequentemente buscar um emprego melhor, sendo que as perspectiva de melhor renda no trabalho e
empreendimento próprio aumentam suas chances sendo representado por um percentual significativo
que desejam estudar com o sonho de um dia se tornam professores, e ajudando aqueles que não tiveram
suas chances de dar continuidade aos seus estudos, com a perspectivas ser pessoas independes, fazer
novas amizades, aprender coisas novas
86

Gráfico 16- Sentimento em voltar a estudar


Feliz, apesar das dificuldades

6% 6%
Muito realizada em ter a
13% oportunidade de aprender um
pouco mais
Me sinto ótima, tenho muitos
6%
sonhos, a serem realizados

Realizando uma grande conquista

69%
Muito feliz, uma oportunidade
única

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

O gráfico acima mostra o sentimento ao voltar a estudar sendo relatado que se sente realizado pela
oportunidade, além de consolidar sua importância com base na facilidade da comunicação e em busca
de melhoria na qualidade de vida. É direito do ser humano que a educação seja fornecida desde as idades
iniciais. Quando surgem barreiras ou empecilhos para o ser humano permanecer em um ambiente
escolar, o abandono parece ser a única alternativa. Porém, nos dias atuais, os estudos ou a aquisição de
conhecimentos científicos tornam-se necessários quando há uma expectativa de mudança de estado
social e pessoal. E os entrevistados vê nesta modalidade uma perspectiva de mudança.

Gráfico 17- Desistir em estudar Não pretendo parar de estudar

13% E uma nova oportunidade que


tive e pretendo ir até o fim

6%
37% Sim,por desanimo, mas percebi
que é uma oportunidade única
que estamos tendo, e não vou
13%
desistir fácil
Sim, porque estou mais doente
que boa

Sim, por ter dificuldade em


31% algumas materias

Fonte: Pesquisa Luciana dos Santos

O gráfico 17 apresenta que os alunos não pretendem parar de estudar, pois veem nos estuados uma
grande possibilidade de crescimento e realização pessoal, pretendem continuar o processo de conquista
de saber, e esse processo de escolha é um bom caminho para satisfazer um objetivo, e pessoas que
87

gostam de estudar são consideradas pessoas que pensam no seu futuro, que estão preparadas para dar
continuidade aos estudos, e assim procura conquistar um sucesso maior na vida profissional. Mesmo
alguns apresentando vontade de desistir percebem que este não é o melhor caminho a seguir e relata que
é uma grande chance que estão tendo novamente.

Considerações finais

A partir da análise dos resultados, de acordo com as questões levantadas no estudo, tornou-se possível
averiguar sobre algumas das características dos alunos, e também sobre quais são seus desejos e anseios
e como se sentem em relação aos estudos, sendo possível também conhecer um pouco de seu perfil,
onde todos os entrevistados são mulheres representando o total se 100%, a maioria delas com idade
acima dos 25 a 40 anos, grande parte são casadas, e grande parte delas são donas de casa, nesta pesquisa
os dados coletados apontam que a maioria delas, reside de 15 a 30 anos na comunidade, e que grande
parte estudou em escola urbana, não veem diferença entre o ensino da cidade e da comunidade.
Sabemos que muitos desses alunos são pessoas que não tiveram oportunidade de estudar em tempo
escolar e muitos que tiveram, porém não demonstraram interesse em estudar na infância e hoje estão em
busca do tempo perdido, e aproveitando as oportunidades que a vida está lhes proporcionando, hoje são
muitos os motivos dos alunos da EJA evadirem da escola: como trabalho, problema familiar, cansaço,
dentre outros.
Por isto este trabalho visa contribuir para a educação do CEJA sobre a importância de todos na
formação destes alunos, bem como realizar um bom trabalho para que este não desista da escola, pois
grande parte deste educando tem como finalidade após o termino do 2º grau dar continuidade aos seus
estudos fazendo um curso de formação superior, dando continuidade por que estão motivados e
contentes em relação a suas atividades na atualidade.
Este resultado é gratificante, perceber por meio do convívio escolar que existem pessoas que mesmo
após um longo dia de trabalho e muito cansaço, ainda sentem prazer em participar das aulas, pois todas
desempenham o trabalho de dona de casa.
Essa busca pelo conhecimento demonstra que esses alunos possuem objetivos e estão à procura de
mais conhecimentos, tentando recuperar o tempo em que não tiveram oportunidade, ou não conseguiram
permanecer por motivos de trabalho, a grande maioria dos alunos que voltaram a estudar é por vontade
própria independente de seus obstáculos, eles também acreditam na educação escolar como uma forma
de transformação.
Através dos dados coletados podemos perceber que os alunos se sentem bem na escola tendo um
bom convívio com os colaboradores da educação e com a direção da escola, onde avalia a escola de
modo geral como boa, tendo uma grande sensibilidade em responder que os colaboradores são
fundamentais, por que transmitem conhecimentos, dando maiores oportunidades de desenvolvimento
intelectual, e relembrando que desempenham um papel significante no desenvolvimento dos alunos,
apontaram que com eles adquirimos grandes riquezas em nossos saberes, por que sem eles seria
impossível sermos quem somos hoje, pontuando também que eles dão atenção, compreensão e respeito,
analisando também sobre a importância de estarmos unidos no mesmo objetivo.
A escola não funciona isoladamente, pois todos têm sua função e cada um deve trabalhar para atingir
uma construção coletiva, além da participação dos mesmos na elaboração dos projetos da escola e
também nas decisões internas para que institua um modelo de escola democrática.
Como educadores todos são referência para muitos alunos, não são somente repassadores de
disciplinas, mas repassadores de experiências. Entendemos que todo trabalho é de extrema importância
para o desenvolvimento educacional dos estudantes. Uma escola não é formada apenas de professores e
alunos, e sim por todos que de alguma forma estão ligados à instituição de ensino. Tais como: pais,
professores, alunos, funcionários e comunidade.
Nos tempos atuais, saber lidar com novas situações; saber se modificar e ampliar conhecimentos; ter
novos métodos para resolver variadas situações; conviver em grupo e saber se relacionar; apontar
sugestões é características necessárias a todas as pessoas, em qualquer momento, dentro e fora da escola.
Portanto, é importante pensar em tudo isso quando se quer ser um bom sujeito, e também um
desempenho social dentro da sociedade, nestes tempos em que há muitas mudanças e exigências.
88

De fato, este é o verdadeiro papel dos colaboradores da educação sendo mediador que deseja através
da sua prática pedagógica ensinar os conhecimentos construídos e elaborados pela humanidade ao longo
da história e assim contribuir na formação de uma sociedade pensante.

Referência Bibliográfica

ARRUDA, Aparecida Luvizotto Medina Martins, Revista Eletrônica Saberes da Educação: Educação
de Jovens e Adultos (EJA): A Importância da Alfabetização, Volume 5 – nº 1 - 2014
COLAVITTO, Nathalia Bedran, Revista Eletrônica Saberes da Educação: Educação de Jovens e
Adultos (eja): A Importância da Alfabetização, Volume 5 – nº 1 - 2014
ESPÍNDOLA, Ana Lúcia, História da Educação: Em três momentos da História do Brasil: Período
Colonial, Período Imperial e Primeira República / Ana Lucia Espíndola, Antonio Vitório Ghiraldello;
Ordália Alves Almeida. Cuiabá: EdUFMT, 2006. 120.p.:Il.color
PRADO, Giovani Barbosa. MOBRAL: O Movimento Brasileiro de Alfabetização na Cidade de
Mariana
STRELHOW, Thyeles Borcarte. Revista HISTEDBR On-line: Breve História sobre a Educação de
Jovens e Adultos no Brasil, Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.38, p. 49-59, jun.2010 - ISSN:
1676-2584
FERREIRA, Fabiano de Jesus. Educação do Campo: Um olhar Histórico, uma realidade concreta,
Revista Eletrônica de Educação. Ano V. Nº. 09, jul./dez. 2011
BRANDÃO, Elias Canuto. Educação do Campo: Um olhar Histórico, uma realidade concreta, Revista
Eletrônica de Educação. Ano V. Nº. 09, jul./dez. 2011
BASILIO, Ana Luiza. A atualidade de Paulo Freire, cidade educadora - direitos humanos - educação
integral Clipping. Centro de Referências em Educação Integral. 14/04/2015
ROCHA, Eliene Novaes. Educação do Campo: Um olhar panorâmico - II Conferência Nacional de
Educação do Campo, 2004. Texto Base. Luziânia-GO.
PASSOS, Joana Célia dos; Educação do Campo: Um olhar panorâmico- II Conferência Nacional de
Educação do Campo, 2004. Texto Base. Luziânia-GO.
CARVALHO, Raquel Alves; Educação do Campo: Um olhar panorâmico- II Conferência Nacional de
Educação do Campo, 2004. Texto Base. Luziânia-GO.
89

COLONIZAÇÃO COMUNIDADE SÃO SEBASTIÃO DO MORRO E O


DESENVOLVIMENTO DE SUA AGRICULTURA FAMILIAR

Luciana Fátima de Souza21


Abner Alves Borges Faria22

Resumo - Este trabalho pretende demonstrar o desenvolvimento sobre a colonização da comunidade São Sebastião
do Morro em relação a sua Agricultura familiar. Sabe-se que a colonização enfrentou diversas dificuldades para
poder se estruturar na permanência com suas famílias. A comunidade São Sebastião do Morro está localizada na
Linha Paraná fazendo parte da Gleba Quatro reserva, município de Terra Nova do Norte-MT, e recebeu diversas
famílias de diferentes origens e estados do Brasil com seus saberes, culturas. Ali cultivaram suas terras e mesmo
com as dificuldades muitos permaneceram. Hoje com a Cooperativa os agricultores desenvolveram algumas
atividades agrícolas, de onde tiram seus sustentos como: a bacia leiteira, gado de corte e cultivo de frutas. Somente
o leite e as frutas são vendidas para a Coopernova o gado de corte tem outro consumidor, o frigorífico. Após todas
essas mudanças eles conseguiram se fixar no local onde os mesmos estão estabilizados com atividades
desenvolvidas em sua propriedade proporcionado desenvolvimento da agricultura familiar.

Introdução

O presente artigo tem o objetivo de relatar sobre importância de uma luta de camponeses sobre seu
primeiro pedaço de terra; e ali defender o sustento, com enfoque na agricultura, e os principais problemas
foram suas dificuldades a chegada no local e logo após as dificuldades no plantio.
Ao longo da sua jornada, passaram por diversas dificuldades para desenvolver suas atividades
econômicas sem a devida preocupação governamental - o importante era manter suas famílias com o
mínimo de conforto mesmo sem os devidos recursos financeiros. Nos últimos anos, após difícil luta
para a permanência na terra conseguiram se desenvolver, mas nem todas as famílias de colonizadores
permaneceram devidas a grande dificuldade. O grande desafio passou, assim, passaram a desenvolver
atividades econômicas e conciliar as atividades que também respeitassem a preservação ambiental. A
convivência harmônica entre elas vem sendo considerada essencial para a sobrevivência humana, pois
hoje temos o desenvolvimento nas propriedades, tecnologia e meio ambiente juntos, como irrigação e
reaproveitamento da água e adubos orgânicos.Com o anseio de investigar a história da comunidade São
Sebastião do Morro, onde foi realizado entrevista com os moradores colonizadores da comunidade a
fim de conhecer melhor sua história com relação a comunidade e o seu desenvolvimento desde a chegada
dos primeiros moradores.

Metodologia

A pesquisa foi desenvolvida com agricultores da comunidade São Sebastião do Morro, faz se uma
coleta de dados em formas de perguntas aos agricultores sobre a colonização na década de 90 até o ano
de 2015, a mesma foi realizada com três moradores, em suas residências de cada entrevistado, no mês
de março de 2015, com duração de por volta de duas horas de conversa sobre o assunto com os seguintes
requisitos como pergunta.
Início da colonização: Quando e como foi a vinda para a colonização nesta comunidade; Motivos da
vinda para o Mato Grosso; como era a vida no local nas novas terras; quais as dificuldades encontradas
na chegada para manter a família; Qual a importância da cooperativa ou sindicato de produtores rurais;
O que plantava quando chegaram; Como era o consumo do que plantavam e vendiam; Qual era o
mecanismo da época para realizarem seu plantio; Como eram as escolas que seus filhos estudavam.
Como está a comunidade atualmente: Como está o cultivo do plantio, o que estão plantando
atualmente; como e para quem produz atualmente

21
Autora, discente de 2014-2015
22
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.
90

O que mudou no cultivo atual; O mecanismo para o cultivo hoje o que mudou.
O que nas condições de vida de antes para os dias de hoje; as escolas de hoje
A presente pesquisa foi realizada com três moradores do local sendo eles; Mario Moises de Souza;
João Alves Malaquias, Vera Lucia Palombo o mesmo contribuíram atenciosamente a todas questões
proposta.

História da Colonização de Terra Nova do Norte

Expulsos das terras indígenas Kaingang, os posseiros foram atendidos pelo Estado de Rio Grande do
Sul, juntamente com o governo federal, em 1978. A solução encontrada foi levar os desabrigados para
a região do futuro município de Terra Nova do Norte, em Mato Grosso. O trabalho de abertura prévia
da região, preparação das infraestruturas e transporte nos primeiros dias foi confiado à Cooperativa
Agrária de Canarana, com sede em Canarana.
O primeiro contato do Pastor Norberto Schwantes com a área foi via aérea com o comandante
Antônio Carlos Capelari, pilotando a aeronave bimotor AZTEC de prefixo PT-BJW - do táxi aéreo
Canário - base Brasília. O voo foi de Brasília para o centro da área e depois sobre voo do perímetro da
gleba, e aterrisagem em ITAUBA na estrada Cuiabá-Santarém. Neste primeiro voo só estavam à bordo
o comandante Capelari e o Pastor Norberto com o mapa da gleba a ser sobrevoada.
Foram destinados 435 mil hectares de terras para os assentamentos. A Coopercana abriu 1.062
lotes em 9 agrovilas.
O pastor luterano Norberto Schwantes utilizou de um eficiente serviço de orientação aos colonos,
dispondo de equipe técnica em agropecuária. Mas a privacidade do lugar de abertura e o clima ainda
estranho dificultaram os primeiros dias de imigração, tumultuada pela pressa do socorro. A BR163,
única via de acesso, se encontrava então em fase de abertura.
O núcleo central de novidade dos assentamentos tomou a denominação de Terra Nova”, para
mostrar o ambiente de novidade dos assentamentos: a região amazônica. Era uma descoberta que se
processava. O termo Norte servia para distinguir a cidade nova, em formação, de outros municípios já
criados nos Estados de Pernambuco Bahia.
Mas apareceu ouro na nova terra. Os garimpos desmantelaram as frágeis estruturas colonizadoras
ainda em fase de montagem. É notória a desorganização garimpeira. A malária ceifou vidas de forma
avassaladora. Em 1981, a agrovila Esteio ficou reduzida a 16 famílias, e a 3 a de Xanxerê. No entanto,
novas levas de colonos foram chegando e a experiência foi ensinando a viver. O município de Terra
Nova do Norte foi criado em 13 de maio de 1986, através da Lei Estadual nº 4.995, com território
desmembrado do município de Colíder.

Colonização da comunidade

Logo após as entrevistas pude resgatar informações a respeitos da comunidade desde seu início até
os dias atuais.
Onde se encontra a comunidade São Sebastião do Morro era uma área de reserva, o povo foi
chegando por causa dos baixos preços das terras, pois onde moravam as terras eram muito caras e não
tinham oportunidades e condições de adquirirem um pedaço de terra. E ali identificaram a possibilidade
de realizar seus sonhos.
Quando chegaram as dificuldades eram muitas. Não havia estrada, era apenas uma picada no meio
do mato feita pelos próprios moradores. As famílias não puderam trazer muitas roupas, comidas, panelas
entre outros utensílios necessários para sobrevivência. Trouxeram apenas o necessário, não existiam
casas no local por isso tiveram que fazer os barracos com galhos de árvores e depois cobriam com uma
lona. Não havia colchão, os que tinham eram feitos de saco de estopa, os travesseiros de roupas pois os
mesmos não puderam trazer e não tinham condições de comprar. Os moradores não tinham salário e o
dinheiro dava apenas para alimentação. As mulheres cozinhavam em fogão feito de lata, pedra e barro.
Até aquele momento não havia nenhuma área de terra aberta era tudo mata fechada. Isso tornava a
permanência no local quase impossível, pois muitos dos primeiros colonizadores foram embora para sua
terra de origem, não resistiram às dificuldades impostas no local. Além de não haver estradas, eram
muitos mosquitos, sendo um deles transmissor da malária. Na época a doença transmitida pelo mosquito
91

afetou grande parte da população que ali se encontrava. Os que resistiram no local permaneceram
unidos, sempre se ajudavam quando precisavam um do outro. Com muita luta e forças de vontade foram
criando seus filhos e cultivando suas terras com o pouco que tinham.
Foi um período difícil, não havia um local adequado como uma sala de aula e não havia
professores formados. As salas de aula, as mesma eram realizadas debaixo de árvores, em igrejas ou em
casas cedidas por moradores. Os professores eram geralmente as pessoas que tinha mais domínio ou
estudo que lecionavam nas chamadas escolinhas, o lanche era levado de casa pelos próprios alunos,
quando a prefeitura mandava merenda era alguma mãe próxima a escola que cozinhava e servia ao aluno
sem remuneração. No local não havia carteira e cadeiras aos alunos, era improvisado.

Os Primeiros Plantios no início da década de 90

As dificuldades enfrentadas para o plantio foram muitas, o serviço de derrubada do mato foi realizado
de forma braçal com foices, facões, machados e motosserras e logo após a derrubada faziam a queimada
para que nos próximos meses fosse possível o plantio. No primeiro plantio de arroz alguns produtores
perderam tudo o que ficou mais difícil.
As primeiras lavouras eram de: arroz, feijão, abóbora, mandioca, melancia, amendoim, vassoura,
café, pipoca, abacaxi, laranja, algodão, milho, quiabo, etc.
Criavam animais domésticos como: cavalos, porcos e galinhas, aos quais utilizavam para o trabalho
e alimentação da família.
Logo após a produção dos alimentos os agricultores guardavam uma parte para o consumo da casa e
dos animais que criavam, outra parte guardavam para o próximo plantio e o restante vendiam para obter
um pouco de dinheiro para as demais necessidades.
Naquele período não houve nenhum amparo por parte do governo de Mato Grosso para os
agricultores da época. Não tínhamos salário pois a falta de infra instrutora dificultou a vida dos
assentados.
Se no momento da colonização os agricultores tivessem tido um amparo do governo talvez tudo teria
sido diferente. Tantas famílias não teriam ido embora, a comunidade não teria sofrido perdas
importantes.

A importância da cooperativa ou sindicato rurais

O que é uma cooperativa?

A cooperativa é uma associação de pessoas que se unem voluntariamente, baseada em valores de


ajuda mútua, solidariedade, democracia e participação para satisfazer as necessidades econômicas,
sociais e culturais comuns dos seus membros.
A primeira cooperativa a ser formada foi a Coopercana, que comprava os cereais cultivados pelos
agricultores. No momento foi importante, pois podíamos produzir e teríamos para quem vender os grãos.
Era uma alternativa para quem tinha pouco para sobreviver no momento, mas a mesma durou pouco
tempo.
O sindicato de produtores rurais os auxiliavam em seus direitos. Passado algum tempo formou-se
uma nova cooperativa. A COOPERNOVA - Cooperativa Agropecuária Mista Terra Nova Ltda., foi
fundada em 31 de Outubro de 1987, por desmembramento da Coopercana - Cooperativa Agropecuária
Mista Canarana Ltda., por 201 associados.
Nossa sede administrativa está localizada no Município de Terra Nova do Norte, extremo norte do
Estado de Mato Grosso, distante 650 Km da capital do Estado, Cuiabá.
Através da cooperativa os produtores puderam entregar seus produtos. No início o que predominava
era a bacia leiteira e com o passar dos anos incentivou o cultivo de frutas, tanto para produção de polpas
e também in natura, sendo assim atendeu praticamente toda população em Terra Nova e as cidades
vizinhas, em nossa comunidade são poucos os moradores colonizadores, a maioria foi embora e quem
ficou vive da pecuária leiteira, em sua maioria são sócios da cooperativa.
A cooperativa não é um modelo de agricultura familiar, está longe de ser, mas é o que vem
sustentando e proporcionando oportunidades da permanência de agricultores no campo. Mesmo com
92

todo incentivo, pois ainda faltam investimentos e projetos que atinjam os filhos dos agricultores. Projetos
que viabilizem a permanência da vida destes jovens agricultores, pois a grande maioria está indo para
as cidades em busca de estudar e conseguir um bom emprego, mas se na verdade houvesse investimento
por parte do governo que a Cooperativa abrangesse mais sua alternativa de renda abriria oportunidade
para este jovem e ao mesmo tempo fortalecendo a economia solidaria da nossa cidade.

Como o povo da comunidade está hoje

O que plantam hoje não plantam mais como na década de 90, atualmente a maior parte das terras
está com pastagens para a criação de gado de corte e leiteiro, muitos dos vizinhos foram embora por
causas das dificuldades para o pequeno produtor que não tinha vez, desse modo foram vendendo suas
terras para os grandes fazendeiros. O que eles cultivam ainda, mas só para o consumo da casa em
pequenas quantidades de mandioca, abóbora, banana, abacaxi, laranja, e na maioria das casas existem
hortas, mas apenas para o consumo da família. Criam animais para o consumo, como porco e galinha
(frango de granja), sendo o leite vendido para a Cooperativa e o gado de corte para o frigorífico.
Hoje o preparo da terra é feito por meio de máquinas como tratores, ciladeiras, grades, roçadeiras,
triturador. Além dos maquinários são utilizados produtos químicos como os inseticidas e herbicidas para
matar as pragas no pasto.
Hoje há uma preocupação com os meios de produção em relação ao meio ambiente, pois a natureza
é uma aliada fundamental que faz parte da realidade das comunidades rurais. A busca por um equilíbrio
entre o aumento da produtividade e a redução dos impactos à natureza pode ser mudada por meio de
alternativas de trabalho em conjunto e da organização dos processos produtivos.

O que mudou nas condições de vida antes e hoje.

No início da década de 90
Não tinham carro, casa, transporte, energia, recursos do governo para o pequeno produtor, saúde
precária, pouco dinheiro, uma boa alimentação e entre outros. A vida social no meio rural, como as
atividades de ensino, de lazer, as festividades e manifestações culturais, normalmente era organizadas
em torno da Igreja, formando as comunidades.
Em muitos casos, a distância das cidades é também um dos elementos de instabilidade nas condições
de vida, uma característica que permanece até os dias atuais.

CARMO e SALLES (1998), discutem em seu trabalho sobre a produção agropecuária


em bases familiares e a evolução tecnológica apoiada no paradigma da
sustentabilidade. Acreditam que as críticas que existiam a respeito da baixa adoção de
tecnologias pelos produtores familiares, hoje têm sido revistas no sentido de que nem
todas as propostas tecnológicas estão adaptadas às reais necessidades desses
produtores.

Ano de 2015

Hoje a vida mudou para melhor, temos mais benefícios como financiamentos para o pequeno
produtor com prazo de dez anos para pagar, temos: dinheiro, carro, energia, transportes, escolas, boa
alimentação, casas de alvenaria, água encanada, eletrodomésticos.
A Cooperativa ajudou e muito possibilitando a permanência dos pequenos agricultores no sitio, os
produtores que investiram na produção de leite tiveram seu produto valorizado, tendo um melhor
pagamento pelo produto. Pois morando ali criaram seus filhos, tem seus carros e casas boas e não estão
nas cidades dependendo de serem empregados.

A educação desde início dos anos 90 há dias atuais

Quando se iniciou a colonização era comum as famílias ter muitos filhos e por as propriedades serem
muitas e terem uma certa distância existia uma escolinha para cada linha ou pequenas comunidade que
93

se formava sendo essas que atendia aos alunos em casas cedidas por algum morador, nas igrejas ou até
mesmo de baixo de arvores. Não havia merenda os pais que se organizava para o lanche das crianças, o
transporte a ida e vinda da escola era por conta própria de cada família. Com o passar dos anos foi se
diminuindo as famílias. Formando o polo uma escola para atender a toda demanda já neste período por
volta de 1997 a escola oferecia um atendimento convencional aos alunos como: transporte, assistentes
de apoio em geral.
Houve muitas transformações de lá para cá, muitas famílias foram embora com isso houve a redução
de alunos e polarização de escolas passou a ter nas escolas professores formados. Em meados de 2011
com a forte diminuição de estudantes fechou se o polo a escola situada na comunidade são Sebastião do
Morro, os alunos foram todos transferido para uma outra escola.
Há alguns anos recentes iniciou-se as escolas do campo Educação do Campo voltada para a
permanência dos jovens em suas propriedades rurais onde os mesmos pudessem tirar seus sustentos, e
a cada ano que passa a educação vem formando jovens com o intuito de evitar o êxodo rural e promover
a permanência dos mesmo em suas propriedades.

é preciso pensar também que tratar do direito universal à educação é mais do que
tratar da presença de todas as pessoas na escola; é passar a olhar para o jeito de
educar quem é o sujeito deste direito, de modo a construir uma qualidade de
educação que forme as pessoas como sujeitos de direitos, capazes de fazer a luta
permanente pela sua conquista (CALDART, 2004, p.27).

A vida no campo está se modernizando

Se pensarmos em tempos mais recentes, com relação aos créditos rurais eles beneficiam a
modernização da agricultura, porém a grande propriedade do agronegócio foi por certo a que mais se
beneficiou dos estímulos do crédito subsidiado. Os pequenos produtores não saíram perdendo, pois
também tem possibilidades de créditos financeiros.
Atualmente a prática de substituição de artefatos tradicionais por industriais aumentou muito
mudando assim a rotina da vida no campo. Antes grande parte dos alimentos eram produzidos na própria
propriedade. Hoje a maioria deles são industrializados.
Estão cada vez mais desaparecendo as festas tradicionais, as antigas formas de socialização como o
mutirão, a igreja, as relações de vizinhança já não têm mais espaço em razão da desintegração da vida
comunitária ou de pequenos núcleos.
Os processos de diferenciação social no interior das comunidades, a desmotivação de pequenos
agricultores por conta de uma política de modernização conservadora, que privilegia grandes
propriedades rurais que acabam com a população das comunidades ficando cada vez mais raras as
vizinhanças.
Neste caminhar, já não se fala mais de um rural marcado por um único estilo de vida. A vida social
no campo se moderniza, os meios de comunicação, como o rádio, mais tarde a TV, atingem os mais
distantes locais.
Com a modernização o mundo da vida rural está passando por um crescente processo de colonização
que destrói as formas de vida das comunidades na medida em que se modificam as formas de
socialização, tem grande valor na interação da vida cotidiana.

Considerações finais

A luta pela terra em busca de uma vida melhor buscando transformar a nossa realidade de brasileiros.
Como principal resultado dessa investigação os moradores e formadores desta comunidade rural têm
seus significados na luta de uma demanda histórica da sociedade brasileira. A implantação e
desenvolvimento na comunidade representam um processo histórico na produção de novos agentes e
novas formas de seres atuantes no espaço, na busca de melhorar suas condições de vida.
Faz-se necessário um olhar para a população do campo envolvida nas atividades agropecuárias para
as questões em desenvolvimentos na agricultura familiar e ambientais, buscando orientá-las.
94

Outro fator importante às famílias da comunidade é o fortalecimento da sua organização social. Nesse
sentido, a cooperativa é de extrema importância já que possibilitam às famílias uma estabilidade em sua
propriedade, sendo que ainda falta apoio financeiros para facilitar os meios de produção, dentre muitas
alternativas.

A reforma agrária é entendida como uma meta que estabeleça um sistema de relações
entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra capaz de promover a justiça social,
o progresso, o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país
(1999, p. 222).

Referências

KAMINSKI, L. Projeto integrado de Ação Universitária (PIAU): a atividade extensionista como


forma de minimizar as desigualdades sociais. Mimeo. UNIOESTE, 2000.
CARMO; SALLES (1998). Disponível em: <http://www.terranovadonorte.mt.gov.br/>.
<http://www.infobibos.com/Artigos/2008_4/AgricFamiliar/Index.htm>.
<http://www.coopernova-mt.com.br/main.html?src=%2F>.
BUAINAIM; ROMEIRO (2000),
<http://www.infobibos.com/Artigos/2008_4/AgricFamiliar/Index.htm>
<https://upcommons.upc.edu/revistes/bitstream/2099/14123/1/DACUNHAGALVAO_Josiani.pdf>
CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra. 3 ed. São Paulo: Expressão
Popular, 2004.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia, São Paulo: Best Seller, 1999.
ARROYO, Miguel Gonzalez e FERNANDES, Bernardo Mançano. A educação básica e o
movimento social do campo – por uma educação básica do campo. Brasília: MST - Coordenação da
Articulação Nacional Por uma Educação Básica do Campo, 2011. Disponível em:
<http://educampoparaense.eform.net.br/site/media/biblioteca/pdf/Colecao%20Vol.2.pdf>. Acesso em:
10 mar. 2011.
http://www.unioeste.br/projetos/unisol/projeto/artigos/seurs.htm
http://www.coopernova-mt.com.br/main.html?src=%2F19076%2F573.html
95

CIÊNCIAS AGRÁRIAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO DA ESCOLA MUNICIPAL


XANXERÊ

Maelí Gonçalves de Souza23


Isaura Isabel Conte24

Resumo: Este artigo reflete e apresenta como a área das Ciências Agrárias é articulada junto as demais, compondo
o currículo da Escola Municipal Xanxerê, município de Terra Nova do Norte/MT. Esta área do conhecimento,
que tem como foco três eixos articuladores, sendo Agroecologia, Agricultura Familiar e a Economia Solidária são
recentes enquanto parte do currículo, cujo objetivo é potencializar a Educação do Campo. O trabalho desenvolvido
na Escola é em regime de Pedagogia de Alternância, considerando em sua matriz pedagógica a organização de
diferentes tempos e espaços para a realização do processo de ensino e aprendizagem, inclusive a associação entre
a atividade tempo escola e a atividade tempo família/comunidade. O presente texto é fruto de pesquisa teórica e
de campo em que foram observados quatro professores, cada um de uma área do conhecimento, sendo realizadas
entrevistas, observações de reuniões pedagógicas e também análise do PPP e de alguns planos de aulas elaborados
pelos professores. Esse estudo justifica-se pelo fato de a área das ciências agrárias serem incorporadas
recentemente nas escolas do campo e, assim, ainda se está em fase de ajustes e de busca de uma maior compreensão
acerca do que ela envolve e como pode ser trabalhada no sentido de potencializar a Educação do Campo. O que
pode ser destacado é que a Escola já avançou no sentido da compreensão dessa área do conhecimento, superando
a ideia de que significaria trabalhar na horta escolar, entretanto, ainda precisa ser mais bem articulada com as
demais áreas do conhecimento, inclusive podendo dar um maior sentido a si própria devido ao fato de vigorar o
regime de Pedagogia da Alternância.

Introdução

Este artigo faz parte do trabalho final do curso de Especialização em Educação do Campo da
Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), na modalidade à distância. Por meio dele, nos propomos
a discutir e compreender a contribuição e a articulação da área das ciências agrárias, como área do
conhecimento no desenvolvimento da Educação do campo na Escola Municipal Xanxerê no município
de Terra Nova do Norte/MT.
Metodologicamente, utilizamos observações e inserção direta na escola além de um questionário
respondido por 04 (quatro) professores. As observações foram com professores de diferentes áreas do
conhecimento entre os meses de abril a maio de 2015. Fazendo parte desta técnica de coleta de dados,
analisamos planos de ensino utilizados para algumas aulas desses professores e, além disso, realizamos
análise do PPP da Escola. Parte-se, portanto, de uma pesquisa de caráter qualitativo, descrita por
Minayo, Deslandes e Gomes (2011) como aquela que responde a questões particulares tratando de
representações, relações e intencionalidade, de motivos, valores, crenças e atitudes, etc.
A pesquisa que originou este artigo teve como objetivo geral identificar e compreender como
acontecem as ações das Ciências Agrárias relacionadas ao conjunto do trabalho pedagógico. E, como
objetivos específicos: perceber como se dá o entendimento da área das Ciências Agrárias por parte dos
professores e dos alunos da Escola; entender como é trabalhada a área das ciências agrárias no cotidiano
da Escola, sua articulação com as demais áreas e a vivência nas famílias.
O que justifica esse tipo de pesquisa, e por assim dizer, a escrita desse artigo, é a necessidade de
maior compreensão acerca da área das Ciências Agrárias, inserida na Educação do Campo, como o seu
potencializador articulador entre teoria e prática educacional, tendo em vista outros moldes de
desenvolvimento, conforme salienta Fernandes (2008), sendo este um dos propósitos da EdoC.
A Escola Municipal Xanxerê, é uma escola do campo, situada nas proximidades da estrada principal
da comunidade Quinta Agrovila. A partir do ano de 2008, aderiu à educação do campo, já inserida na
modalidade de pedagogia da alternância, desenvolvendo o Projeto Visão25. A partir do ano de 2011, a

23
Autora, discente de 2014-2015
24
Professora Orientadora de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação
do Campo, Doutora em Educação pela UFRGS (2014).
25
Esse projeto visa uma proposta pedagógica da escola, voltada a um trabalho que estabelece um maior significado
ao processo de ensino aprendizagem que acontece no ambiente escolar, onde o educando partilha os diversos
saberes que possui, esse processo envolve escola, família e comunidade.
96

novidade foi a incorporação das Ciências Agrárias como área específica do conhecimento, tendo assim
um educador para desenvolver esse trabalho e, sendo assim, entende-se que a proposta da educação do
campo é fortalecida, indo além de estudos e discussões teóricas.
A Escola Municipal Xanxerê, atende alunos de seis comunidades circunvizinhas, e, analisando
o mapa das linhas de ônibus que transportam os alunos, dá uma quilometragem de 405 km entre ida e
vinda diariamente. Através de observações e vivência na própria comunidade onde está inserida a
Escola, é possível afirmar que esta comunidade possui um histórico de ocupação variada, uma produção
diversificada incluindo agricultura familiar, sendo as principais produções: pecuária leiteira e
fruticultura, as quais são feitas de maneira artesanal e que ainda muitos dos pequenos proprietários tem
sua renda familiar proveniente de trabalhos feitos a terceiros, através de diárias, empreitas, e outros.
Segundo a proposta dessa área, a escola desenvolve projetos pedagógicos envolvendo três eixos
articuladores: a Agroecologia, a Agricultura Familiar e a Economia Solidária, com o objetivo de
promover a relação entre a realidade de vida do educando e a escola. A autora Roseli Salete Caldart
(2004), coloca a proposta de Educação do Campo como um desafio que temos de abstrair das
experiências, dos debates, das disputas em curso, um conjunto de ideias que possam orientar o pensar
sobre a prática educativa da classe trabalhadora do campo e, sobretudo, orientar e projetar outras práticas
e políticas de educação. Desta forma, Caldart afirma que:

Nossa proposta é pensar a educação do campo como processo de construção de um


projeto de educação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, gestado desde o
ponto de vista dos camponeses e da trajetória de luta de suas organizações. Isto quer
dizer que se trata de pensar a educação (política e pedagogicamente) desde os
interesses sociais, políticos, culturais de um determinado grupo social; ou trata-se de
pensar a educação (que é um processo universal) desde uma particularidade, ou seja,
desde sujeitos concretos que se movimentam dentro de determinadas condições
sociais de existência em um dado tempo histórico (2004. p. 17).

A partir do dizer da autora, a educação do campo deve ter como propósito proporcionar vivências e
experiências pedagógicas para a prática de projetos, em vista de uma educação de qualidade, valorizando
os sujeitos do campo, suas perspectivas e saberes e, acima de tudo uma educação que vem ao encontro
de suas necessidades e particularidades.
Analisando o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola, ainda que se trate da proposta de
Educação do Campo, no meu entendimento, ainda há poucos conteúdos voltados para educação do
campo que possa auxiliar a comunidade nos inúmeros problemas que ela enfrenta, por exemplo: ainda
há a prática de garimpos nas comunidades; desmatamentos das nascentes e beira de rios; queimadas e
outros fatores que interferem na paisagem e no seu dia-a-dia. Nesse aspecto percebo que pode ser muito
mais potencializado o trabalho em função do cuidado com o ambiente a partir da proposta da Escola.
Diante de toda a problemática acima mencionada, a Escola Municipal Xanxerê, funciona em regime
de alternância e ela é entendida conforme o PPP, como matriz pedagógica de organização dos tempos e
espaços para a realização do processo de ensino e aprendizagem. Segundo esse documento, assume-se
a Pedagogia da alternância Associativa, ou seja; quando ocorre uma associação entre a atividade tempo
escola e a atividade tempo família. Essa alternância supõe uma estreita conexão entre os dois momentos
de atividades em todos os níveis – individuais, relacionais, didáticos e institucionais. No caso da
alternância há primazia dos componentes curriculares escolares sobre os conteúdos da realidade,
configurando, portanto na alternância associativa.
De acordo com Brasil (2010) as Diretrizes Operacionais para a Educação do Campo estabelece no
Art. 7º no inciso § 1º, o ano letivo, observado o disposto nos artigos 23, 24 e 28 da LDBEM poderá ser
estruturado independente do ano civil e no § 2º as atividades constantes das propostas pedagógicas das
escolas, preservadas cada etapa da educação básica e da modalidade de ensino prevista. As atividades
podem ser organizadas e desenvolvidas em diferentes espaços pedagógicos, sempre que o exercício do
direito à educação escolar e o desenvolvimento da capacidade dos alunos de aprender e de continuar
aprendendo assim o exigirem.
A alternância é uma modalidade desenvolvida pela conjugação de períodos alternados de formação
na escola e na família e pelo uso de instrumentos pedagógicos específicos. Nesta escola a alternância
97

acontece por meio de dois tempos-espaços específicos: Tempo escola e Tempo Família, atendendo os
alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
a) Tempo escola
O tempo escola corresponde ao período em que o/a educando/a permanece efetivamente no espaço
da unidade escolar em contato com o saber mais sistematizado, planejando e recebendo orientações dos
educadores/as. Neste período, os/as educandos/as desenvolvem aprendizagens sobre os saberes técnico-
científicos dos eixos temáticos, planejam a execução de projetos experimentais que serão desenvolvidos
em suas propriedades, realizam atividades de acolhimento e organização grupal, realizam planos de
pesquisas, círculos de diálogos, entre outras atividades pedagógicas (PPP, 2015).

b) Tempo família
Segundo minhas observações e inserção como professora na Escola Xanxerê, o tempo família
corresponde ao período em que o estudante é motivado a partilhar seus conhecimentos e experiências
na família, também desenvolve pesquisas, projetos experimentais, atividades grupais, entre outras
atividades com o auxílio do planejamento e acompanhamento pedagógico dos/as educadores/as.
O período de trabalho na família e a vivencia na comunidade é uma forma de consolidar informações
trazidas da escola para a vida e da vida para a escola tornando este meio um instrumento pedagógico,
pois cabe a família o acompanhamento da avaliação do processo educativo do/a educando/a, bem como
colaborar na elaboração e execução das pesquisas e dos demais instrumentos pedagógicos que são
desenvolvidos neste tempo-espaço formativo ao lado das famílias e comunidades.
O acompanhamento das atividades realizadas durante o Tempo Família é planejado pela Escola de
modo a garantir a inserção dessas atividades no curso, promovendo assim, a integração do currículo com
a realidade vivenciada pelos educandos e suas comunidades. Isso possibilita planejar melhor as
atividades pedagógicas e, assim, entendo que a escola cumpre papel relevante,

Constituído pelas experiências escolares que se desdobram em torno do


conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivência e saberes
dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para
construir as identidades dos estudantes (BRASIL, 2010, p. 28).

Ciências agrárias na Escola: desafios e perspectivas

Segundo Wikipédia (2015), a área de Ciências Agrárias é conhecida como um campo


multidisciplinar de estudos que envolvem as áreas da Agronomia, Engenharia Florestal, Engenharia de
Pesca, Medicina Veterinária, Zootecnia, entre outras e que, de modo tradicional, busca o aprimoramento
técnico, o aumento produtivo e melhorias no manejo e preservação dos recursos naturais.
Por meio das minhas observações e também minha inserção de professora em exercício nesta Escola,
a área das ciências agrárias atualmente faz parte do currículo da Educação Básica das escolas do campo
desde o ano de 2011, pois a SMED assim deliberou. Em meu entendimento, essa área do conhecimento
assume especial relevância nas escolas do campo, por se tratar de promover o desenvolvimento o
aprimoramento técnico das zonas rurais, resgatando a prática da agricultura familiar valorizando assim
o pequeno produtor, trazendo novas técnicas de produção que não agridem o meio ambiente e ademais,
demonstrando uma forma de comercialização onde promove a solidariedade e a igualdade social de
todos os envolvidos na família.
Por essa via, os conhecimentos circulados pelas diferentes ciências que compõem a referida área
assumirão caráter teórico - metodológico fundamentado na Escola do Campo que valorize, desenvolva,
mobilize, articule e potencialize a formação de cidadãos e cidadãs, para que os mesmos saibam agir de
forma solidária; agir com responsabilidade individual e coletiva e agir como parceiros do meio ambiente,
aprendendo na reflexão teoria-prática como viver e construir, a partir do local, um mundo socialmente
justo, ambientalmente correto e economicamente viável.
Uma das principais finalidades da Área de Ciências Agrárias nas escolas do campo de Terra Nova
do Norte/MT é a de oportunizar reflexões diferenciadas sobre a realidade agrária, dando relevância ao
desenvolvimento rural sustentável na agricultura familiar, possibilitando e mobilizando saberes capazes
de gerar conhecimentos, tecnologias e práticas sustentáveis, frutos de tomada de consciência construída
98

na relação conhecimento escolar e conhecimento da realidade do campo. Desta forma, entendo que seria
potencializada a educação do campo, pois segundo Caldart, (2002, p. 26) “o povo tem direito a uma
educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas
necessidades humanas e sociais”.
De acordo com observações realizadas em reunião de professores, instruídas pela Secretaria
Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SMECD), os professores são orientados a fazerem o seu
planejamento em forma de sequência didática. Para realização da sequência didática das áreas de
matemática, ciência da natureza, humanas e sociais foi tranquilo, sendo que a maioria dos profissionais
possui formação na área e experiências de longa data. Mas, quando se tratou de Ciências Agrárias,
percebi uma maior dificuldade em como trabalhar no cotidiano da escola, sua articulação com as demais
áreas e as vivências nas famílias.
Até o momento a formação específica em Ciências Agrárias fica distante dos professores que atuam
na Educação Básica, sendo necessários professores de outras áreas para trabalhar no cotidiano das
escolas e, desse modo, percebe-se insegurança. Na Escola Xanxerê, embora se faça muito esforço por
parte dos professores, parece ainda que ciências agrárias se resume a horta da Escola. Faltam também
materiais apropriados, se tornando difícil exercer a função. Com relação à área de Ciências Agrárias,
quando perguntado a professora A, ela relata que tem muitas etapas a serem vencidas, para de fato
alcançar uma aula da Área de Ciências Agrárias na Educação do Campo conforme os objetivos
propostos almejados, pois a mesma não sabia que direção tomar ao sentar para o planejamento das aulas
e, que quando recebia alguma orientação da escola ou da secretaria era “grego” para ela.
A professora B relata que uma das maiores dificuldades é o material destinado à Área de Ciências
Agrárias e as formações específicas para os professores, visto que não possui graduação. A professora
relata que está cursando faculdade de letras e lhe foram atribuídas diversas disciplinas de várias áreas
diferentes por falta de professor específico e, uma dessas áreas foi de Ciências Agrárias.
A professora C reconhece que é de suma importância que os gestores e educadores, elaborem e
trabalhem projetos pedagógicos diferenciados com seus educandos, para que eles aprendam uma nova
concepção sobre a vida no campo, a preservação do ecossistema, a solidariedade e a valorização da
economia local. Ao que pude vivenciar na escola é que os gestores municipais juntamente com os
educadores promovem palestras com profissionais sobre meio ambiente e saúde, o que de certa maneira
ajuda e supre um pouco das lacunas. A partir disso os educandos são levados a desenvolver pesquisas e
trabalhos de campo, discussão em grupo, debates, gerando grande interesse e esse é um ponto muito
positivo.
O que ficou também evidente, segundo minhas observações e experiência de professora nessa escola
é que os professores pensavam que a área das Ciências Agrárias era em função da horta escolar e, não
como um componente a mais em ser trabalhado no tempo escola e tempo família. Diante disso, a
SMECD enviou alguns documentos para a escola como auxílio no planejamento desta área, mas, não
foram suficientes por si só. Foi necessária formação específica, livros didáticos ou mesmo alguém para
auxiliar no momento do planejamento.
Segundo estudos e observações realizados no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola Municipal
Xanxerê, entende- se que uma área de conhecimento composta por um conjunto multidisciplinar de
campos de conhecimentos possíveis e necessários para dar base às teorias e práticas voltadas para a
agricultura familiar de base sustentável é desenvolvida através de três importantes eixos. De acordo com
o PPP (2015) da escola são eles:

Agricultura Familiar - é a agricultura cultivada pelos pequenos proprietários rurais que no qual
utilizam a gestão e a mão de obra familiar, diferente da agricultura patronal, que é realizada por grandes
e médios proprietários rurais no qual utilizam trabalhadores contratados fixos ou temporariamente, para
a realização de trabalhos dentro da propriedade. Segundo a concepção de Abramovay (1992), sobre
agricultura familiar, aquilo que antes talvez fosse entendido somente como um modo de vida converteu-
se numa profissão, numa forma de trabalho, com apoio do Estado, que nas últimas décadas oferece
alguns incentivos.
Segundo o entendimento da Escola, nas concepções que vigoram e segundo minhas observações
cotidianas, os estudos e práticas voltadas à agricultura familiar têm em com o objetivo de fortalecer a
produção familiar local, trazendo algumas alternativas para as famílias das comunidades. Nesse sentido,
99

se aposta na pedagogia da alternância e nas experiências desenvolvidas na escola e nas famílias por meio
dos alunos que recebem acompanhamento. Práticas e pesquisas vão ao sentido de diferentes formas de
produção, técnicas de cultivo, entre outras, sendo que nas aulas o educando, pode trazer o problema e
as angustias encontrado em sua propriedade rural, no qual muitas vezes acaba encontrando a solução
após a socialização com os colegas e o meio de pesquisa juntamente com o educador.

Agroecologia – Na atualidade não há dúvida que as discussões sobre preservação do meio ambiente
estão em pauta na mídia e assim, a grande maioria das pessoas não estão alheias a essa questão.
Vinculado a esse debate, entra agroecologia, como proposta concerta frente a uma gama de problemas
existentes frente à destruição do meio ambiente. É visível, também no município de Terra nova do Norte,
que a maioria das propriedades que produzem alimentos utiliza agrotóxicos e adubos químicos, mesmo
nas pastagens para o gado. Esse tema é um dos desafios trabalhados pela Escola com alunos.
A agroecologia, por alguns entendidos como uma filosofia pretende fazer mudanças nas atitudes e
formas de cultivo, implicando em cuidado do planeta, inclusive, das pessoas. A agroecologia tem como
base a produção orgânica, mas isso não significa que é somente substituir um produto químico por outro
orgânico que, a produção ira se tornar agroecológica. Para Caporal, Costabeber e Paulus, esse sistema
de produção,

mais do que simplesmente tratar sobre o manejo ecologicamente responsável dos


recursos naturais, constitui‐se em um campo do conhecimento científico que, partindo
de um enfoque holístico e de uma abordagem sistêmica, pretende contribuir para
que as sociedades possam redirecionar o curso alterado da coevolução social e
ecológica, nas suas mais diferentes inter‐relações e mútua influência (2009, p. 16-17).

Conforme argumentamos, os produtos orgânicos, em geral fazem parte de sistema agroecológicos, e


conforme a legislação,

considera‐se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se


adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e
socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades
rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização
dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não‐renovável,
empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em
contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos
geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de
produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a
proteção do meio ambiente (BRASIL, Lei 10831/03).

Economia Solidária - A Economia Solidária vem sendo amplamente debatida como alternativa à
exploração do trabalho no modo capitalista de organizar as relações sociais. Além disso, a economia
solidária também tem como objetivo o uso adequado dos recursos naturais para garantir a preservação
do meio ambiente conforme argumenta Nascimento (2006, p.8): “A Economia Solidária e também um
projeto de desenvolvimento integral que visa a sustentabilidade a justiça econômica e social e a
democracia participativa, além da preservação ambiental e a utilização racional dos recursos naturais”.
De acordo com o PPP da escola, esses eixos articulados devem gerar conhecimentos, pesquisas,
informações, valorização e reconhecimento da cultura local, todos de extrema relevância no processo
de compreensão e análise.
Esses eixos acabam fazendo parte de um posicionamento político em defesa da educação do campo
no campo, ligado à realidade das famílias assumidas pela Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria
Municipal de Educação de Terra Nova do Norte.
Nesse sentido, verifico que há conformidade como as orientações da LDBEN e às Orientações
Curriculares para a Educação do Campo do Estado de Mato Grosso, reforçada no Plano Estadual de
Educação, destacando que “a escola do campo se dá pela sua vinculação às questões inerentes à sua
realidade e por isso se baseia na temporalidade de saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva
100

que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologias disponível na sociedade e nos movimentos sociais”.
(BRASIL, 2002, p.32).
Além dos eixos articuladores na proposta pedagógica da Escola, destaco que tem havido alguns
investimentos importantes como acesso à internet e a complementação da área de Ciências Agrária. Foi
também implementado no ano de 2014 o Programa Mais Educação, do Governo Federal, com oficinas
de Canteiro Sustentável, Conservação do Solo e Iniciação Científica, o que vem a corroborar com a
proposta de Educação do Campo. Diante disto, a escola rural tem tido grande avanço no que tange a
educação do campo através de formação continuada, inclusão de tecnologias, ações articuladas e
parcerias Municipal, Estadual e Federal.

Considerações finais

A área das Ciências Agrárias na Escola Municipal Xanxerê era em função da horta escolar e, não
como um componente a mais a ser trabalhado no tempo escola e tempo família. Foram necessários
muitos estudos, pesquisas, planejamentos e formações, onde o reflexo disto foi notado na escola através
dos projetos que ocorreram em vários momentos de reflexão das ações da prática pedagógica, adequando
a realidade do aluno com o conteúdo inserindo a uma temática, onde os educadores melhoraram sua
prática para atender as especificidades, as diferenças e as dificuldades de cada aluno.
Desta forma as escolas tem tido grande avanço no que tange a educação do campo, no desenvolver
uma prática pedagógica com qualidade e habilidade de aprender a aprender, compartilhando saberes
pedagógicos no grupo, visando melhorias e estímulo à vivência grupal e o espírito associativo e solidário
entre os colegas de trabalho, onde os educadores se organizam em grupos de estudo e desenvolvam
ações voltadas para a realidade em que atuam.
Ao observar os professores e alunos no dia a dia na escola, concluo que já foram superadas as
dificuldades iniciais com relação aos conteúdos da área de ciências agrárias na prática habitual em tempo
escola e tempo família, por exemplo: entender que essa área é muito mais abrangente do que o espaço
da horta escolar. Entretanto, ainda permanecem desafios a serem superados e, um deles, segundo pude
verificar na pesquisa realizada, é a formação de profissionais que atuam nas escolas do campo, na área
de ciências agrárias. Outro aspecto a considerar é a rotatividade de professores que atuam nessa área nas
escolas do campo e, os profissionais mesmo destacam que, quando começam a entender e terem maior
segurança com as práticas, são trocados de escolas ou mesmo são levados a assumir outra área do
conhecimento, em que em geral são formados.

Referências

ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo:


HUCITEC/UNICAMP, 1992.
BRASIL. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Ministério da
Educação Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Básica Resolução Nº 7, de 14 de
Dezembro de 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB no 1, de 3 de abril de 2002. Institui
diretrizes operacionais para a educação básica nas escolas do campo. Diário Oficial da União, 9 abr.
2002. Seção 1, p.32.
______. Lei 10831/03. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.831.htm>. Acesso em 10 abr. 2015.
CALDART Roseli Salete. Pedagogia do movimento sem Terra. SP: Movimento dos trabalhadores
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Agroecologia: uma ciência do campo da complexidade. Brasília [s/ed.], 2009.
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FERNANDES, Bernardo Mançano. Educação do campo e território camponês no Brasil. In:
SANTOS, Clarice Aparecida (Org.). Por uma educação do campo: campo, políticas públicas,
educação. Brasília: Incra/MDA, 2008. p. 39-68.
101

WIKIPÉDIA. Ciências agrárias. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_agr%C3%A1rias>. Acesso em 14/03/2015.
MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Orientações Curriculares: Diversidades
Educacionais. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: Defanti, 2010
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social: teoria, método e criatividade. 30. ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2011.
NASCIMENTO Edson Ronaldo. Princípios da Economia Solidária. Brasília julho de 2006.08p
102

ESCOLA DO CAMPO TERRA NOVA EM ALTERNANCIA: A INFLUÊNCIA DO ENSINO


NA VIDA DE UM ALUNO E NA SUA FAMÍLIA

Milton Fantinell Junior26


Keila Alves Souza27

Resumo - Este trabalho teve a importância de pesquisar a escola do campo terra nova em alternancia: a influência
do ensino na vida de um aluno e na sua família, o que ela ensina sua forma pratica e teórica, primeiramente Foi
feito uma pesquisa bibliográfica, após uma abordagem qualitativa, desenvolvida no âmbito de um estudo de caso
descritiva e exploratória, essa pesquisa foi feita na Escola Estadual de Educação Básica Terra Nova, Estado de
Mato Grosso, uma escola do campo que trabalha com a Pedagogia da Alternância . A intenção da Pedagogia da
Alternância era evitar que os filhos gastassem a maior parte do dia no caminho de ida e volta para a escola ou que
tivessem de ser enviados de vez para morar em centros urbanos. No Brasil, a iniciativa chegou com uma missão
jesuíta, no Espírito Santo, em 1969. Logo se espalhou por 20 estados, em áreas onde o transporte escolar é difícil
e a maioria dos pais trabalha no campo. Os alunos têm as disciplinas regulares do currículo do Ensino Fundamental
e do Médio, além de outras voltadas à agropecuária. Quando retornam para casa, devem desenvolver projetos e
aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações. Esse é o preceito básico da Pedagogia de
Alternância, proposta usada em áreas rurais para mesclar períodos em regime de internato na escola com outros
em casa. Portanto essa pesquisa nos revelou um universo desafiador, sobre a vida do aluno pesquisado desta forma
valorizando a vida no campo.

1- Introdução

Este trabalho procura analisar sobre a importância do ensino numa escola de campo no município
de Terra Nova do Norte que está situado no extremo Norte do Estado de Mato Grosso, às margens da
Rodovia BR 163, distante 650 km de Cuiabá, capital do Estado, vale salientar que há aproximadamente
cinco anos, em Terra Nova do Norte, a Secretaria Municipal de Educação com o apoio da Secretaria
Estadual de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), desenvolve um trabalho nas escolas rurais (do
campo) embasado na Pedagogia da Alternância, muito utilizada nas Escolas Família Agrícolas (EFA).
Em Terra Nova do Norte local indicado para a criação dessa escola foi a comunidade Ribeirão Bonito –
10ª Agrovila, em área de assentamento denominado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA), distante da sede do município aproximadamente 50 quilômetros.
O local onde a escola está situada é estratégico no sentido de facilitar o atendimento dos estudantes,
pois é nessa comunidade que se encontra o maior número de famílias assentadas e geograficamente fica
no centro de uma imensa região, que contempla os municípios de Peixoto de Azevedo, Matupá, Guarantã
do Norte, Marcelândia, Nova Guarita e Nova Santa Helena está sendo feito o atendimento desses
municípios e mais tarde, se necessário, o atendimento dos demais municípios do Território da Cidadania
Portal da Amazônia. A Escola Estadual de Educação Básica Terra Nova, uma escola do campo, no
campo, localizada em um assentamento da reforma agrária, proposta pelo poder público, cooperativas,
sociedade organizada e associações, que buscam juntos, meios para proporcionar aos homens e mulheres
do campo condições de vida digna, de forma de evitar o êxodo rural, pois, sem condições de viver de
sua propriedade, os pequenos produtores acabam por vender suas propriedades.
A filosofia da Escola Estadual Terra Nova é apropriar-se de uma postura transformadora que
responda aos anseios da sociedade por um ensino de qualidade para todos, pressupondo uma vivência
democrática fundamentada no respeito à diversidade cultural e na convivência com o meio, tendo a
cidadania como direção maior no processo formativo, valorizando fatos, conceitos, princípios,
procedimentos e atitudes, necessários à formação de um cidadão que possa atuar com autonomia e
competência na construção de uma sociedade justa e igualitária. O Projeto Político Pedagógico (PPP)
da escola e os conteúdos escolares devem estar em consonância com as questões sociais

26
Autor, discente de 2014-2015
27
Professora Orientadora de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação
do Campo, especialista em Educação pela UNEMAT (2006).
103

contemporâneas, cujas aprendizagens sejam consideradas essenciais para que os estudantes possam
exercer seus direitos e deveres, considerando as expectativas e as necessidades deles, dos pais, dos
membros da comunidade, dos professores, enfim, dos envolvidos no processo educativo, favorecendo a
participação ativa na vida científica, cultural, social e política do nosso Estado e do País.
Para tanto, algumas questões deram rumo as reflexões expostas no trabalho: Qual a origem da
educação do campo? O que é Pedagogia da Alternância? Qual a relação da educação do campo e a
Pedagogia da Alternância? Quais os desafios para implementar a educação do campo? Qual a opinião
do aluno e de sua família a respeito da forma de ensino numa escola do campo? Diante de tais questões
ficaram definidos como objetivos:
Explicitar a forma como surgiu a educação no campo no mundo e posteriormente no Brasil; apontar
alguns desafios para a implementação da educação do campo; verificar a forma proposta por Paulo
Freire a respeito da Pedagogia da Alternância. Pois segundo Paulo Freire " Não há pesquisa sem ensino
e ensino sem pesquisa". Portanto devemos pesquisar, estudar, conversar, trocar ideias para formar uma
Educação de qualidade para formar alunos críticos, formando pessoas do bem.

2. História da Educação no Campo

A origem da pedagogia da alternância, bem como da (EFA) que são uma Associação de Famílias,
Pessoas e Instituições que buscam solucionar a problemática comum da evolução e do desenvolvimento
local através de atividades de formação, principalmente dos jovens, sem excluir os adultos". Isso teve
seu marco inicial em Lot-et-Garone, pequena comunidade rural localizada no sudoeste da França, em
1935, em que três agricultores e 04 jovens, juntamente com o Padre Abbé Granereau, ao discutirem
sobre, a problemática da formação escolar desses jovens agricultores, compreenderam que suas
necessidades constavam em encontrar o modelo educacional que formasse profissionalmente o pequeno
agricultor francês, sem sair de sua realidade (NOSELLA, 1977). Logo foi criado um curso em que estes
jovens permaneciam um mês no internato e outro período similar com seus familiares, desenvolvendo
atividades práticas relacionadas ao que haviam refletido. Daí a criação da Maison Familiare Rurale
(Casa Familiar Rural), cuja metodologia consistia na pedagogia da alternância.
Em 1911, Granereau fundou um sindicato rural no intuito de ajudar os camponeses a superar o
isolamento e o individualismo que estava ocorrendo. Já em 1914 ele percebeu que o problema agrícola
estava ligado com o problema de escola, isto é, a falta de formação adequada para os filhos de
agricultores para que os mesmos fossem preparados para serem chefes de pequenas empresas rurais.
A primeira MFR tinha como base os seguintes princípios:

• Constituição de uma associação de pais responsáveis por todas as questões


relativas à escola, da demanda por sua criação às condições de funcionamento;
• A alternância de etapas de formação entre a Maison Familiale e a propriedade, e a
propriedade familiar como princípio norteador da prática pedagógica;
• A composição de pequenos grupos de jovens (de 12 a 15 anos) sob a
responsabilidade de aplicação dos princípios pedagógicos da alternância;
• A formação completa da personalidade, dos aspectos técnicos aos morais e
religiosos, como pressuposto fundamental do ideal de educação a ser perseguido;
• O desenvolvimento local sustentável como horizonte a nortear a relação entre
as pessoas e o ambiente que habitavam.

2.1 A pedagogia da alternância no Brasil

As EFAs (Escolas familiares Agrícolas) chegaram antes das CFRs (Centro familiares rurais) ao
Brasil. No estado do Espírito Santo, as EFAs foram criadas por iniciativa do Movimento de Educação
Promocional do Espírito Santo MEPES (Movimento de Educação Promocional do Espírito Santos).
Tiveram o apoio institucional e financeiro da Igreja católica e da sociedade italiana por intermédio do
Padre Humberto Pietrogrande. Atualmente estão organizadas em nível nacional na União Nacional das
Escolas Famílias Agrícolas do Brasil (UNEFAB), criada em 1982.
O movimento de origem francesa, no Brasil, tem início no Nordeste, com a criação de uma CFR
(Centro Familiares Rurais) em Arapiraca, no estado do Alagoas, em 1981. A experiência, porém, durou
104

pouco. Em 1987 é criada uma CFR no Paraná, no município de Barracão e, em 1991, no município de
Quilombo, Santa Catarina. As CFRs são administradas por pais de estudantes, por lideranças
comunitárias e por Organizações não governamentais (ONGs).
Todavia, o fato de a Pedagogia da Alternância vir sendo utilizada há quase 40 anos no Brasil, "essa
proposta pedagógica ainda é discutida com pouca ênfase no meio acadêmico e nos órgãos técnicos e
oficiais" (Estevam, 2003, p. 14). Esse fato também tem sido constado por autores como Queiroz (2002)
e Begnami (2004), os quais apontam para a existência de uma carência de estudos a respeito do tema e,
sobretudo, de suas características pedagógicas.

3. Pedagogia da Alternância

A pedagogia de alternância intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo
para diminuir a evasão escolar em áreas rurais, A vida no campo também ensina. Esse é o preceito básico
da Pedagogia de Alternância, proposta usada em áreas rurais para mesclar períodos em regime de
internato na escola com outros em casa. Por 30 anos, a receita foi aplicada no Brasil por associações
comunitárias sem o reconhecimento oficial. Agora, o Ministério da Educação (MEC) não apenas aceitou
a Alternância como também quer vê-la ainda mais eficiente.
A metodologia foi criada por camponeses da França em 1935. A intenção era evitar que os filhos
gastassem a maior parte do dia no caminho de ida e volta para a escola ou que tivessem de ser enviados
de vez para morar em centros urbanos. No Brasil, a iniciativa chegou com uma missão jesuíta, no
Espírito Santo, em 1969. Logo se espalhou por 20 estados, em áreas onde o transporte escolar é difícil
e a maioria dos pais trabalha no campo. Os alunos têm as disciplinas regulares do currículo do Ensino
Fundamental e do Médio, além de outras voltadas à agropecuária. Quando retornam para casa, devem
desenvolver projetos e aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações.
Até 1998, os estudantes que se formavam nessas instituições ainda precisavam prestar um exame
supletivo para conseguir o diploma, mas no ano seguinte o regime foi legitimado pelo MEC. Hoje, são
mais ou menos 258 escolas com pelo menos 20 mil estudantes em todo país - e índices de evasão
baixíssimos. Para Caldart (2003, p. 66):

É a sociedade como um todo que tem o dever de construir tanto escolas do campo
como escolas da cidade, quer dizer, escolas inseridas na dinâmica da vida social de
quem dela faz parte, e ocupadas pelos sujeitos ativos deste movimento. Uma escola
do campo não é, afinal, um tipo diferente de escola, mas sim é a escola reconhecendo
e ajudando a fortalecer os povos do campo como sujeitos sociais, que também podem
ajudar no processo de humanização do conjunto da sociedade, com suas lutas, sua
história, seu trabalho, seus saberes, sua cultura, seu jeito. Também pelos desafios da
sua relação com o conjunto da sociedade.

Portanto, cabe à escola em conjunto com a comunidade em geral, cumprir a função de formar
cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade para assumirem de fato um papel ativo na
transformação da sociedade. A Pedagogia da Alternância ajuda a ter o comprometimento, o
compromisso e o envolvimento com o movimento, de se manter no campo, suas concepções, reflexões
e utopias que nascem da prática para proporem-se a transformar. Essa ideia vem ao encontro do que
defende Paulo Freire (1996, p. 46) quando escreve:

Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não
posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim
é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção na
realidade. Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem
ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar descomprometida mente
como se misteriosamente, de repente, nada tivéssemos que ver com o mundo, um lá
fora e distante mundo, alheado de nós e nós dele.

Todavia, para que esta conscientização de mundo e de sociedade não esteja apenas estudar por
estudar que devemos buscar a transformação da sociedade para se empenharem para as mudanças em si
105

mesmos. É preciso, também, a mudança interna para poder propor e experimentá-la no contexto de
forma consistente e apropriada.

3. CONCLUSÕES

Neste trabalho sobre a escola do campo em Terra Nova em alternância: a influência do ensino na
vida de um aluno e na sua família, teve a seguinte conclusão o de pensar na garantia de direitos a todos
os alunos, no acesso às escolas com ensino de qualidade, e permitir que esse aluno cresça, desenvolva e
participe ativamente das relações políticas, pedagógicas e sociais na escola e comunidade. Ao olharmos
para esse desafio, acreditamos que a escola tem se empenhado para afirmar uma ação educativa digna
para os alunos e suas famílias com comprometimento, esforço e participação do coletivo. Pois os alunos
ficam na escola em regime integral (dois períodos) com internato (uma semana na escola, outra em
casa). Quando vão para casa levam tarefas para fazer realizar nas dependências das famílias.
Conseguindo juntar as famílias pois na semana que ficam em casa todos se envolvem no trabalho.
Segundo o aluno entrevistado a parte ruim é que na semana que fica na escola sente muita falta da
família, mais os profissionais que ali trabalham se dedicam para desenvolver atividades diversificadas
até mesmo no período noturno.
Afirmamos, então, que a educação Pedagogia da Alternância na escola muda e se transforma, traz o
novo para o processo educativo, interage com o diferente, com postura democrática, se esforçando para
proporcionar uma educação de qualidade, formando cidadãos participativos na sociedade.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. Ministério da Secretária da


Educação Fundamental. 3.Ed. Brasília, 2001.
BEGNAMI, J. B. Pedagogia da Alternância como sistema educativo. Revista da Formação por
Alternância. Brasília: UNEFAB, 2006, n. 3. p. 24-47.
CALDART, Roseli Salete. Educação do Campo em Movimento. Currículo sem Fronteiras, v. 3, n. 1,
p. 60-81, Jan/Jun 2003.
ESTEVAM, D. O. Casa Familiar Rural: a formação com base na Pedagogia da Alternância. 2003.
126 p. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Pratica Educativa. São Paulo: Paz
e Terra, 1996.
MATO GROSSO. Secretaria de Educação. Orientações curriculares: diversidades educacionais.
Secretaria de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: Gráfica Print, 2011
OLIVEIRA, Valdenor Santos. Ensino de ciências na escola do campo em alternância: o caso de
uma escola do município de Terra Nova do Norte em Mato Grosso, 2012.
QUEIROZ, J. B. P. O processo de implantação da Escola Família Agrícola (EFA) de Goiás.
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1997.
106

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE NO ESPAÇO ESCOLAR, ESCOLA


NOVO HORIZONTE

Siboneide Alves Pereira28


Márcia Graciela da Silva Moraes29

Resumo - O Meio Ambiente tem apresentado problemas que pode ser consequência da ação do ser humano contra
a natureza, essa preocupação tem sido muito discutida nas instituições escolar, com a equipe pedagógica estudantes
e com a comunidade envolvida levantando soluções e sensibilizando em prol da sua preservação. Para conservar
o Meio Ambiente dentro e fora do espaço escolar é uma das maneiras que se pode obter uma percepção coerente
do que se passa em nosso cotidiano, e quais são os instrumentos modificadores da consciência da comunidade
escolar, no entanto fez se necessário discutir sobre esse tema. Durante todo o período de aprendizado escolar de
um indivíduo, estudam-se as áreas por disciplinas que englobam Meio Ambiente. Então, porque estamos
enfrentando tantos problemas ambientais, uma vez que se fala da importância do meio ambiente na escola, desde
a pré-escola, nos anos iniciais do nosso aprendizado, continuando ao longo da vida. Esta pesquisa pretende
promover a participação dos alunos na conservação meio ambiente preservação no espaço escolar e da nossa
comunidade e consequente da nossa região, por meio de sensibilizar os estudantes da escola sobre os riscos de
doenças que gera pelo o acumulo de lixo, na escola e fora dela. Precisam ter cuidado adequado com o lixo que
produzimos, e toda comunidade envolvida para que alcance melhoria no ambiente em que vivemos. Preocupado
com a falta da coleta seletiva e o lixo exposto no espaço escolar, e também a preocupação com o ambiente que
atualmente o mundo tem presenciado tanta agressão do homem contra a natureza.

1 Introdução

A ideia de escrever sobre dentro das práticas pedagógicas Preservação Conservação do ambiente no
espaço escolar, Escola Novo Horizonte.
Entretanto, na perspectiva de instigar todos os acontecimentos diante dos problemas envolvidos no
espaço das salas de aula. E nada tem comovido tanto quanto os cuidados de um ambiente saudável e
prazeroso. Sabe - se que a escola é um local de diálogo e ao mesmo tempo atraente quando se refere à
natureza num todo, sendo que, dentro dos gêneros textuais dos contos, das fábulas, do relato de
memórias, e da crônica a natureza está presente. Portanto percebemos que há uma necessidade de
prevenir os riscos que a natureza ocorre. Para isso acredita- se que os estudantes poderão ir além da
imaginação, juntos das comunidades. Pois, eles sonham sonhos reais dentro dessas práticas construtivas.
E, com essa problemática de poluição, a iniciativa o que fazer, partindo então das vivencias em uma
situação inédita entre o mundo capitalista onde as pessoas geram a violência com a natureza de uma
forma direta, essa amplitude e intensidade que cada dia vem aumentando, através de resíduos em todos
os sentidos urbanos e rurais. Sendo assim há uma necessidade de contemplarmos dentro das instituições
a interdisciplinaridades. Como momento para reflexão para que possa proporcionar mudanças
necessárias em prol do Meio Ambiente. Oliveira afirma que: “A Educação Ambiental deve estar
fundamentada na mudança de percepção dos seres humanos em relação à natureza. Ela deve transformar
a visão utilitarista dos recursos naturais e atitudes, valores e ações capazes de frear o acelerado processo
de deterioração do meio ambiente” (OLIVEIRA (1997).
O presente trabalho surtiu efeito diante de muitos desafios encontrados na escola. Para isso, fez-se
necessário abrir a discussão sobre este tema, dentro dessa visão com dialogo voltado a essa temática,
envolvendo toda a equipe de profissionais da educação, estudante e comunidade. Também o Programa
mais Educação que veio para contemplar a necessidade do ambiente escolar com materiais de apoio que
a escola recebeu deu uma oportunidade de alcançar a ludicidade e muita criatividade e um bom
desempenho para cada momento de realizações para que junto aos estudantes criarem a sua maneira de
articular o que aprenderam exercitando em suas atividades cotidiana, levando à natureza um ambiente
agradável.

28
Autora, discente de 2014-2015
29
Professora Orientadora de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação
do Campo, mestre em Física Ambiental pela UFMT (2013).
107

1 Fundamentação teórica

1. 1 Meio ambiente e preservação

A fundamentação teórica apresentada deve servir de base para a análise e interpretação dos dados
coletados nas seguintes teorias: Libertadora, Real do construtivismo com as práticas pedagógicas e
experiências inovadoras e também os Parâmetros Curriculares Nacionais e Diretrizes bases de
Educação. E estudo de artigos referente à importância da Educação Ambiental nas instituições escolares.
E vivencias do dia a dia.
Lei nº 6.938, de 31/08/81 – Institui a Política Nacional de Meio Ambiente. Afirma a necessidade de
promover a Educação Ambiental, a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. A Constituição Federal, de
1988, reconhece o direito constitucional de todos os cidadãos brasileiros à Educação Ambiental e atribui
ao Estado o dever de promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente.
Lei nº 9.394, de 20/12/96 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional na LDB existem poucas
menções à Educação Ambiental. Referência é feita no artigo 32, Sessão III, segundo o qual se exige,
para o Ensino Fundamental, a compreensão ambiental natural e social do sistema político, da tecnologia,
das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; segundo o qual os currículos do ensino
fundamental e médio devem abranger, obrigatoriamente, conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política do Brasil.
Dessa forma, os dados apresentados devem ser interpretados à luz das teorias existentes, com isso a
pesquisa pretende aprofundar com essas teorias buscando ampliar os conhecimentos através dos fatos,
e desenvolver uma educação que permeia o cidadão viver harmonicamente com a natureza e em grupo.
O objetivo principal desta pesquisa é explorar novas possibilidades de aprender e ensinar na escola
conforme as atividades. A pesquisa estimula os estudantes diferentes formas, de percepção do local onde
vivem, resgatando elementos em memórias e contos, poemas e fabulas, através das histórias registradas.
Tendo um olhar para a natureza, com reflexões e que tudo que há nela vimos nos contos nas poesias e
nas fabulas, e as vivencias do dia a dia além de incentivo à leitura e escrita podemos dramatizar,
declamar até produzir letras de músicas e repertorio.

A educação ambiental tem sido apresentada como uma modalidade da educação


preocupada com o exame de problemas ambientais. Nesse sentido, desde a
conferência de Estocolmo (ONU, 1972.), a educação ambiental foi reconhecida como
instrumento decisivo para promover as mudanças na humanidade objetivando-se sua
orientação e inspiração necessária para preservar o melhorar à qualidade do ambiente
(LOUREIRO, 2009, p.175).

As comunidades também podem incluir juntamente com outras parcerias para sanar o fortalecimento
da educação ambiental.

1.2 Um olhar para Preservar

Partindo desses pressupostos apontando a sensibilização dos estudantes da escola Municipal Do


Campo Novo Horizonte, estudantes oriundos de nove comunidades ao se entorno, são: crianças,
adolescentes, jovens e adultos essas famílias agricultores, abrangendo a agricultura familiar. A escola
Novo Horizonte, tem o funcionamento do Ensino Fundamental da Pré-escola, e Ensino Fundamental, e
Ensino Médio, Sala anexa, Pro Jovem EJA e Sala anexa. A equipe e alunos dessa escola, professores e
famílias têm como lazer: igreja, esportes, visitas aos parentes e amigos. O meio de comunicação
televisão rádio e jornal e revistas.
Segundo os PCNs Meio Ambiente Assim, a questão ambiental impõe às sociedades a busca de nova
forma de pensar e agir, individual e coletivamente, novos caminhos e modelos de produções de bens,
para suprir necessidades humanas, e relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão
social, e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo
de valores no qual a educação tem um papel importante a desempenhar.
108

A Escola Municipal do Campo Novo Horizonte atende alunos do Ensino Fundamental de anos Nove
anos gradativamente, e está localizada na Linha Páscoa IV, Comunidade Sagrada Família, Gleba Braço
Sul, sub-área, no município de Guarantã do Norte, Estado de Mato Grosso.
A escola pertence à rede municipal de ensino do município de Guarantã do Norte, sendo assessorada
através da Secretaria Municipal de Educação Cultura e Desporto.
Foi criada no dia 02 de agosto de 1988, amparada na lei maior 9394/96, resolução – 253/91 e
reconhecimento – 3277/92.
Os PCNs propõem ações pedagógicas significativas para trabalhar a temática, meio ambiente.
O desenvolvimento de uma proposta com o tema meio ambiente exige clareza sobre as prioridades a
serem eleitas. Para tanto. Temos que levar em consideração o contexto social, econômico, cultural e
ambiental no qual se insere a escola, também os elementos da cultura local, sua história e seus costumes.
Gadotti ressalta:

Que é importante saber o que a sociedade saiba o que cada um irá fazer para salvar o
planeta, para ele todos nós temos a responsabilidade de lutar na transformação o dessa
situação. O que se pode pensar que num simples gesto cada um pode contribuir com
a preservação do meio ambiente. Cuidados simples que fazem grande diferença no
dia-a-dia de todos (GADOTTI, 2009)

Conforme Moacir Gadotti (2009), ressalta que num gesto simples cada um pode contribuir, com a
preservação do meio ambiente. Pois no decorrer de um simples gesto , pode transformar mudança de
habito, e isso fará com que ocorra a mudança, diante das formalidades, dentro da reflexão que
desenvolve nas condições concretas dos seres humanos e atividades, não pode ser um simples gesto,
mas sim tornar hábitos para toda uma vida, e estarmos apto a arcar com consequências dos males que
o ser humana causa a natureza, é isso não se tornara um gesto simples onde se podem salvar muitas
vidas existentes no planeta, gesto simples que sejam ele está ajudando a construir um ambiente saudável.
E os professores também têm preocupado muito com essas atitudes, e pensando nas mazelas das
grandes cidades com escassez de água poluição do ar e do solo a escola tem voltado muito a discutir
sobre esses temas e adequando ao estudo buscando qualidade para melhor atender esses estudantes.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional, Lei nº 9394/96 postula num dos seus princípios a
vinculação entre Educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Este avanço permitem, no exercício
da educação, formas de propiciar uma educação voltada para o atendimento das necessidades da classe
trabalhadora, em especial, dos trabalhadores do campo.

Educação ambiental. Uma prática que dialoga com a questão ambiental. E no senso
comum, essa educação visa a mudança de valores, atitudes e comportamento para o
estabelecimento de outra relação entre o ser humano e a natureza, que deixe de ser
instrumental e utilitarista, para se tornar harmoniosa e respeitadora dos limites
ecológicos [...] (LOUREIRO, 2009, p. 25-26).

Sabendo de que a função da escola é proporcionar um conjunto de práticas preestabelecidas e que as


mesmas têm o propósito de contribuir para que os alunos apropriem-se de conteúdos sociais e culturais
de maneira crítica e construtiva, no momento de programação das atividades, a escola deve se atentar
para alguns aspectos básicos: Reflexão ética flexível às necessidades da escola, com cuidados orientação
culturais, projetos coletivos e individuais, momentos de interação e discussão. Sobre essas questões do
desleixo dos estudantes.
Depois, de muito dialogo, tomou-se a iniciativa partida dos próprios estudantes a destinação do lixo
produzido nesse espaço, cabendo à prioridade da escola junto com toda a equipe, na tomada de decisão,
na destinação do lixo. Sauvé (1997) diz que:

Em respeito às perspectivas que iluminam as práticas pedagógicas, divididas entre


conferir maior peso à educação ou ao meio ambiente, embora também possam ser
complementares entre si. Partindo do pressuposto de que a Educação Ambiental se
localiza na relação humano e ambiente, podem existir três vertentes:
Perspectiva ambiental: está centrada no ambiente biofísico; parte do ponto de vista de
que a qualidade ambiental está se degradando, ameaçando a qualidade de vida
109

humana. A preocupação dessa vertente está na ideia do engajamento para prevenir e


resolver os problemas ambientais. A expressão definidora dessa postura.
Perspectiva educativa: está centrada no indivíduo ou grupo social; parte da
constatação de que o ser humano desenvolveu uma relação de alienação a respeito de
seu entorno. A preocupação dessa vertente é a educação integral do indivíduo, com o
desenvolvimento da autonomia, do senso crítico e de valores éticos.
Perspectiva pedagógica: está centrada no processo educativo, diferentemente das
abordagens anteriores que centram num ou noutro polo. Por considerar os métodos
pedagógicos tradicionais demais dogmáticos e impositivos, essa vertente inclina-se
sobre o desenvolvimento de uma pedagogia específica para a Educação Ambiental,
através da perspectiva global e sistêmica da realidade, da abertura da escola ao seu
entorno, ao recurso da metodologia da resolução de problemas ambientais locais
concretos. A expressão definidora dessa postura é: ‘Que educação deixaremos para
nossas crianças nesse planeta’?

De acordo com Lei o propósito da escola é ter claro que a criança e adolescente a quem esta unidade
escolar se destina, são trabalhadores, por desenvolver suas atividades com suas famílias em suas
propriedades rurais, e que necessitam de conhecimentos específicos para garantir a possibilidade de
permanência nas pequenas propriedades em que desenvolvem suas atividades econômicas, competitivo
e desenvolvido tecnologicamente. E mediante essas condições com o propósito de trabalhar a
preservação também no ambiente para que os estudantes sensibilizem e leve para fora da escola.
Segundo Sauvé (1997), essa pratica engloba as três vertentes, as vivencias de cada ser tanto no espaço
escolar como fora dele, sendo que cada ser possa ter a postura com críticas e cuidados perante o ambiente
em todo seu entorno, escola e família espaço podem levar essas práticas observada a forma com que o
homem vem degradando o Meio Ambiente. E essa escola inserida no/do Campo com famílias oriunda
nada melhor que trazer a discussão juntos com uma avaliação nos comportamento do homem diante da
natureza e no seu convívio.

Professora canadense chamada Sauvé utilizando apenas algumas preposições


significativas: educação sobre o ambiente – informativa, com enfoque na aquisição
de conhecimentos, curricular, em que o meio ambiente se torna um objeto de
aprendizado. Apesar de o conhecimento ser importante para uma leitura crítica da
realidade e para se buscar formas concretas de se atuar sobre os problemas ambientais,
ele isolado não basta; educação no meio ambiente – vivencial e naturalizaste em que
se propicia o contato com a natureza ou com passeios no entorno da escola como
contextos para a aprendizagem ambiental. Com passeios, observação da natureza,
esportes ao ar livre, ecoturismo, o meio ambiente oferece vivências experimentais
tornando-se um meio de aprendizado; educação para o ambiente – construtivista
busca engajar ativamente por meio de projetos de intervenção socioambiental que
previnam problemas ambientais. Muitas vezes traz uma visão crítica dos processos
históricos de construção da sociedade ocidental, e o meio ambiente se torna meta do
aprendizado. SAUVÉ (citada por Layrargues).

1.3 Reciclagens no Ambiente Escolar

Ao dar subsídios para uma resposta a essa questão, inicialmente a educação com o propósito de
preparar os estudantes para ingressar para o exercício do trabalho, e os conhecimentos adquiridos,
também as estratégias competências e habilidades que vão nortear sugestões e exemplos de como lidar
com contextos adequados nas salas de aula, sabe-se todo ambiente seja ele qual for necessita-se de muito
cuidado, o zelo está sempre ajudando a preservar.
Hoje se vê muito nos meios de comunicação e em redes sociais as fomentações e sensibilizando os
cidadãos, para ajudar a cuidar do meio ambiente, muito as maneiras de reutilizar os materiais que vão
para lixo. E, tomando como partida não deixando de comemorar nas datas cívicas da escola e nas
comemorações sempre abordar essa discussão sempre enfatizando os temas.
110

Reciclar significa transformar os restos descartados pelas residências, fábricas, lojas


e escritórios em matéria-prima para a fabricação de outros produtos. Não importa se
o papel está rasgado, a lata amassada ou a garrafa quebrada. Ao final, tudo vai ser
dissolvido e preparado para compor novos objetos e embalagens. ‘A matéria orgânica
também pode ser reciclada, mas é através do processo de compostagem que ela virará
adubo orgânico’ (RODRIGUES & CAVINATO, 1997, p.58).

A reciclagem é reutilizar aquilo que não precisa mais, aquele produto que pode ser descartado.
Podemos transformar nosso ambiente para melhor sem agredi-lo. O cuidado que todos devem ter com
a natureza.
Sugerem-nos que reciclem, objetos não utilizáveis servem para tornar as aulas bem dinâmicas e
lúdicas com construções criativas, exemplo as caixas de leite, os enlatados e tampinhas de garrafas, os
tubos do papeis higiênicos enfim todo material de embalagens descartados vão dar subsídios e
oportunidades dos estudantes criarem diversas atividades, ilustrando a natureza. Levar os estudantes a
reflexão, e como eles podem ser úteis em suas ações.

A Coleta Seletiva é um dos principais instrumentos de intervenção na realidade


socioambiental. ‘A coleta seletiva constitui processo de valorização dos resíduos, em
que estes são selecionados e classificados na própria fonte geradora, visando seu
reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo’ (DIDONET, M.1999, p.17).

Conforme mencionado os PCNs Meio Ambiente Nesse contexto ficam evidentes a importância de
educar para que ajam de modo responsável e com sensibilidade, conservando o ambiente saudável no
presente e para o futuro; saibam universal.
Acreditamos que se deva desenvolver tomando como base a experiência de sala de aula propiciando
o estudante pelas as ações que os próprios possam desenvolver tomando como referencias as propostas
dos PCNs, levando em conta que as salas constituem um espaço e tempo em que a diversidade se
encontra. Levando materiais concretos, e dando exemplos, pois na pratica os alunos trocam de
experiências.

Loureiro esclarece a necessidade de despertar nas pessoas a conscientização em


relação ao meio ambiente a partir dos desafios colocados pela sociedade. Na verdade,
busca-se um novo comportamento do homem em relação a si mesmo e o meio em que
vive, sobretudo, na sua relação com a natureza de onde tem buscado seu sustento
(LOUREIRO, 2009).

Trabalhando em grupos de alunos direciona com esclarecimento, focando que o planeta precisa de
cuidados, e a escola como espaço de interação podemos transformar essa realidade em que se encontra.
Trabalhar o Meio Ambiente com materiais que levem os alunos sentir que a pratica pode ajudar a salvar
muitos animais para que eles não corram riscos, costuma muitos adolescentes mascar chicletes e jogar
no pátio, lançar na grama isso leva muitos pássaros correr o risco de morrer, e a goma laçada ali, de
grudarem nos pés dos pássaros nas solas dos sapatos das pessoas, e para se locomover tornando
desagradáveis.

Meio Ambiente. Trata-se então de desenvolver o processo educativo, contemplando


tanto o conhecimento científico como os aspectos subjetivos da vida, que incluem as
representações sociais, assim como o imaginário acercada natureza e da relação do ser
humano com ela. Isso significa trabalhar os vínculos de identidade com o entorno
socioambiental. Só quando se inclui também a sensibilidade, a emoção, sentimentos
e energias se obtêm mudanças significativas de comportamento. Nessa concepção, a
educação ambiental é algo essencialmente oposto ao adestramento ou à simples
transmissão de conhecimentos científicos, constituindo-se num espaço de troca desses
conhecimentos, de experiências, de sentimentos e energia. É preciso então lidar com
algo que nem sempre é fácil, na escola: o prazer. Entre outras coisas, o envolvimento
e as relações de poder entre os atores do processo educativo são modificados (PCNS
2001).
111

Neste contexto trocamos ideias sobre como abordar os temas dentro de uma perspectiva de conquistar
uma aprendizagem superando as dificuldades encontradas procurando a melhor maneira de que nossos
estudantes possam ser sensibilizados perante o meio ambiente com suas diversidades. Preocupados
organizamos tarefas que vão de encontros com os temas, articulando as atividades escolares e a
problemática das vivencias escolares. Os planejamentos com ações concretas dando a sequencias de
conteúdos e englobando a proteção do meio ambiente. Ou seja, ele no espaço educativo e também fora
dele. Da valorização dentro do seu contexto social.
Portanto faz se necessário pensarmos num futuro próximo visando atender todos os grupos inseridos
no processo de ensino com preservação. Essa forma cria oportunidade para que cada um tenha a garantia
de um ambiente saudável nas várias circunstancias em que ele se encontra dando capacidade de renovar
perante suas consequências.

Importante ressaltar que, qualquer que seja o tratamento dado aos resíduos triagem e
coleta seletiva é imprescindível. São instrumentos de educação /conscientização
quando corresponsabiliza o indivíduo sobre os resíduos que produz, levando-o a
repensar seus hábitos de consumo/desperdício. Dentre outros aspectos, a coleta
seletiva fundamental, pois envolve o gerador como um agente na construção de
soluções, reduz o volume de lixo, aumentando a vida útil dos aterros e diminuindo a
poluição. A coleta seletiva pode ser implantada em pequena escala [...] (GIPEC, 2003,
p. 39).

A educação do Campo ocorre tanto em espaços escolares quanto fora deles. Envolve saberes,
métodos, tempos e espaços físicos diferenciados. Por tanto a valorização do espaço extra-sala para o
educando torna se de suma importância.
O importante é o atendimento de crianças, adolescentes e jovens, permitindo acesso ao conhecimento
da forma que eles possam desenvolver as atividades preservando o ambiente onde eles convivem e
geradoras de renda sem sair do contexto socioeconômico, e nem poluído todo o espaço, onde se quer
pela sua caminhada. E propósito da escola e vincular esses conceitos de cidadania. Muitos objetos
transformados ira surgir uma renda própria e também a preservação. A compostagens, do lixo orgânico,
plantio de hortaliças usando os próprios.

2 Metodologia

2.1 Consolidar a progressão escolar dentro das práticas pedagógicas

Diante dos diálogos diretamente com os professores, foram discutidos princípios teóricos e
metodológicos que possam fundamentar um trabalho didaticamente adequado com a realidade. A escola
tem um papel central nesse processo, são os verdadeiros protagonistas, assim, examinados como lugar
de convivência. Então foram demonstradas algumas sugestões para eles sobre. A preservação e
conservação, alcançar as metas possíveis e desejadas para melhorar o Meio ambiente e a Preservação,
no estado do Mato Grosso e em outros estados. Foram feitos cartazes vídeos que retrata ações desumanas
com o meio a agressão do homem.
Foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica e interdisciplinar norteados pelas vivencias dos
alunos do seu cotidiano. Alunos dos Anos Iniciais e Anos finais do Ensino fundamental.
Conforme as pesquisas envolveram as disciplinas: portuguesa, história geografia e Artes. Com
música leitura recorte pintura.
A pintura tem um bom funcionamento, fez se a necessidade usar nos momentos dos
desenvolvimentos das atividades, pois cada estudante usa a imaginação e criatividade para expressar
suas manifestações diante dos descasos dos seres humanos perante a natureza.
As atividades foram propostas com muita dinâmica, os contatos visuais propõem realizações de
palestras eles produziram panfletos e cartazes, sensibilizando durante o processo fizemos um passeio no
pátio da escola esse processo levou a descoberta de resíduos que podem prejudicar, foram coletados
para um local mais seguro que não pudessem agredir o solo e a beleza do espaço escolar.
Debates e ação eram produzidos em várias atividades com materiais coletado no pátio da escola, e
também a limpeza no ambiente. As propostas da metodologia da pesquisa de campo e das oficinas
112

utilizaram material de apoio, vídeos compostos por trechos de filmes e trabalhos de outros atores e
atividades com reciclagens para sensibilização de um olhar diferente para o meio ambiente.
Os Estudantes apresentaram a escola e outros lugares através das oficinas, com desenho e maquetes
e cartazes os olhares dos alunos sobre o lugar onde eles vivem. Contemplou alunos dos anos iniciais aos
anos finais.
No Ano de 2012, a escola passa por um processo de adaptações com reformas, e também os
profissionais cada dia vem buscando a melhor maneira de aplicar os conteúdos, com estudos, discussões
e reflexões com a equipe, perceberam que poderiam mudar a maneira de aplicar as atividades para os
estudantes, eles avaliaram que o pátio escolar precisa mais de atenção e também de cuidados especiais,
junto equipes de alunos.
No ano letivo de 2013, começa a fluir mais dedicação com o respectivo problema do pátio, e as salas
para melhor acolher, os visitantes.
Dando ênfase nos trabalhos práticos juntos dos estudantes observa – se como eles se dedicaram, e
interagiram uns com os outros, foram discutidos assim, distribuindo por equipe, novamente e tomada de
decisão pelos Professores e junto com o pessoal de apoio da escola, cada equipe fariam a limpeza do
local, avaliando também a dificuldade de alguns objetos para a referida limpeza, que ali não se
encontrava, mas não parou deu continuidade com os objetos que tinha nas dependências da escola. Para
Vizentin:

O meio ambiente apresenta sinais de esgotamento, são muitos os problemas que


afetam o meio ambiente, águas estão sendo contaminadas, tornando-se cada vez mais
escassa, o efeito estufa aumentando o calor, a destruição da camada de ozônio, a
quantidade de resíduos causada pelo aumento do lixo gerado através do consumo,
algumas espécies de animais e de plantas estão em extinção, estes só alguns dos
reflexos da atividade humana sobre o meio ambiente. O lixo ‘por exemplo’’. Um dos
grandes problemas ambientais. (VIZENTIN; Franco2010, p. 14; 41).

Em 2014, a proposta que eles pudessem ter um olhar com mais atenção, para as dificuldades mediante
essa agressão e desleixo dos estudantes. Os adolescentes com atitudes a desejar, o ambiente escolar
apresenta pichações nas carteiras murais, e paredes, os livros deixados por qualquer lado. E também a
alimentação não sendo jogada no pátio e os trabalhos surgiram efeito através dos diálogos a escola
encontra conservada até nos dias de hoje.
Portanto para cada ano acima mencionada foi elaborado o planejamento de acordo com as vivencias
do estudante, ou seja, organizado dentro das disciplinas englobando temas referentes ao meio ambiente.
A Escola Novo Horizonte, ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com
competência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como objetivo de ensino, conteúdos que estejam
em consonância com as questões sociais que marcam cada momento histórico, cuja aprendizagem de
cuidados e preservação da mesma e também fora dela, que nossos alunos possam exercer seus direitos
e deveres.

Penso em um dos capítulos tão fecundos na história da educação latino americana: a


educação popular e o pensamento de Paulo Freire. Eles nasceram colados água terra
e foram cultivados em contato estreito com os camponeses, com suas redes de
socialização, de reinvenção da vida e da cultura. Nasceram percebendo que o povo do
campo tem também seus saberes seus mestres e sua sabedoria (ARROYO, 2000, p.
14).

Educação é um direito social e não uma questão de mercado. A educação enquanto organizadora e
produtora da cultura de um povo e enquanto produzida por uma cultura, a cultura do campo, não pode
permanecer seguindo a lógica da exclusão do direito à educação de qualidade para todos e todas.
A execução deste projeto tem articulado que a escola trate das questões sociais partindo da casa
escola em que esse aluno está inserido, e que possa permitir a inserção desses estudantes em qualquer
atendimento a qual se proponham é que buscamos estabelecer uma relação que permeia o educando, ao
longo de sua vida: Melhor adaptar em sociedade e preparação para o mundo em que vive.
A proposta foi dentro das perspectivas das práticas pedagógicas e junto do Projeto Político
Pedagógico da escola.
113

Os conhecimentos e as práticas de pertença a todos terem o acesso. Acreditamos, portanto, que as


ações discussões e reflexão foram tomadas para melhorar a qualidade do ensino na instituição, no dia
11 de agosto de 2014, com todos os profissionais da instituição alunos e pais. Houve uma palestra e
participação de todos com muita dedicação. Referido ao tema, muitas questões foram expostas, através
de teatro com temas envolvendo o meio ambiente feito pelos próprios estudantes, apresentação de dança
e declamações de poemas.
Já para o ano letivo de 2015, foram repensados nas políticas públicas com mais perspicácia, para
solucionar uma escola prazerosa já vinha desenvolvendo o trabalho dando sequência no que já vinha
abordando.
Este diálogo foi colocado em pratica junto com a equipe pedagógica, onde o refeitório havia muito
desperdícios de alimentos, após as refeições. Uma vez que se refletiram os alunos na destinação desses
alimentos que agrediam o próprio pátio, trazendo insetos e também a beleza do local, assim, todos
compartilhavam no mesmo intuito de conservar. Para tornar mais essa ação dentro das práticas foram
pensadas em algumas mudanças, propondo um diálogo, em relação dos desleixos.

O trabalho de Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a


construírem uma consciência global das questões relativas ao meio para que possam
assumir posições afinadas com valores referentes, sua proteção e melhoria. Para isso.
Importante que possam atribuir significado. Aquilo que aprendem sobre a questão
ambiental. E esse significado. Resultado da ligação que o aluno estabelece entre o
que apreende e a sua realidade cotidiana [...] (BRASIL, 2001, p. 47-48).

Para comemorar o mês de junho as datas comemorativas a escola preparou oficinas com muitos
temas trabalhados junto com as Comunidades reuniram se nas dependências da escola, e foram
demonstrados todos os trabalhos feitos pelos estudantes cartazes sobre o Meio ambiente e sua
valorização e também outras atividades envolvidas.
Educação para uma vida sustentável. Uma pedagogia que facilita esse entendimento por ensinar os
princípios básicos da ecologia e, com eles, uma baseada na experiência e na participação.
No primeiro momento os estudantes, tomaram a liberdade sobre que tipo de educação que eles
querem e que tipo de cidadão que eles pretendem ser, e o que esperam para o futuro, diante desse diálogo
aberto focamos em poder buscar para comunidade uma escola sustentável, junto com uma equipe
formamos um projeto com debates para formar uma escola com aprendizado de qualidade, e uma escola
dos sonhos, aquela escola que seja produtiva, conservada e agradável. De acordo com Silva:

O lixo é um elemento presente na vida de qualquer pessoa, sendo um ótimo tema a


ser trabalhado com os alunos, de forma interdisciplinar, objetivando conscientização
e a mudança de atitudes dentro e fora da sala de aula. Assim, a educação ambiental na
escola assume um papel preponderante para a formação do sujeito e sua inserção
social, propiciando-lhe com consciência e atitude perante os problemas do meio
ambiente (SILVA 2007, p. 11).

Dando a sequência aos grupos de alunos para desenvolveram dramatizações para os estudantes do
Ensino Fundamental do 6º aos 9 º ano, sendo grupos de quatro estudante do 9º ano, foram apresentada
no pátio da escola junto com os profissionais e motorista os agente de apoio. Porém o desafio teve uma
grande transformação, muitos participaram ansiosos com muita dinâmica, e jogos e gincana de
conhecimento para fomentar a limpeza no ambiente.
Nesse sentido, surgem e se desenvolvem plantios de jardins ao redor da escola e cuidados com as
arvores, e própria horta que já havia no ambiente, indicando mais atenção na produção das hortaliças
fazendo com que a escola possa ter verduras produzidas ali, sem precisar vir de outras localidades uma
alimentação com mais proteínas e saudáveis, dentro da palestra também elas focaram nos cuidados com
seus materiais escolares e incentivando mais nos jogos estudantis.
O Programa + Educação que veio como complemento, foram montadas oficias em ares de
conhecimentos, Literatura conforme a sequência dando propósito de promover o entrosamento entre os
estudantes foram selecionados textos a partir dos quais eles possam refletir sobre si mesmos e há
conhecer um pouco melhor os colegas. Os estudantes devem observar, mais sistematicamente, os textos
que os cercam e toda a natureza, com seus elementos.
114

A falta de políticas públicas e institucionais é apontada pelos informantes como um


obstáculo para a implementação de programas de EA nas IES. A pesquisa confirmou
a tendência, em matéria de Educação Ambiental, da predominância de projetos de
intervenções sociais sobre políticas públicas. Esta tendência já havia sido observada
por Carvalho (2004).

De acordo com as necessidades os estudantes compreenderam que todo texto, falado ou escrito,
supõe uma interlocução. E o áudio visual pode auxiliar na busca de consolidar uma natureza conservada.
O gênero Relato e memória: tem por finalidade de criar imagens e de expressar percepções e
sentimentos, já o conto expressa as passagens de luta por um ambiente saudáveis e o poema, podem
também, registrar experiências e fatos reais vividos pelas pessoas, como nos relatos de histórias contadas
pelos seus familiares.
Foram textos selecionados dos conteúdos e trabalhados então foi liberado o fundo da sala pra eles
colocarem as suas criatividades através da pintura da sua realidade, assim se fez necessário, dar essa
oportunidade a eles entusiasmados com a tal novidade, tintas pinceis e muita interação uns com os
outros. Partiram para sua criatividade, eles desenharam as paisagens porque retrata as cores da natureza
e a exuberância do interior com os animais fauna e flora, rios, todo o seu ambiente natural. O grafite deu
sentido no propósito de um ambiente saudável e diferente.
O processo da aprendizagem resulta à interação. Assim a sala de aula torna se um espaço preservado
e as trocas de experiências pelo ambiente escolar e também fora de dele, à parede usada foi transformado
com criação artística, de acordo com a realidade dos alunos, o cenário aparecem os sítios, fazendas, com
as suas plantações advindas da agricultura familiar, a divisão para cada atividade, mostrando a natureza
e suas riquezas.
A escola por ser do Campo também apresenta a sua paisagem e preservado todo o espaço, o cenário
atual traz uma escola limpa, arborizada sem o desperdício de alimentos e bem higiênica, a atividade foi
um sucesso e também ajudou muito na tranquilidade dos alunos e um equilíbrio no espaço físico mais
conservado, consolidando as disciplinas e a oralidade dos alunos em quentão da conservação.
O grupo de alunos da turma do Nono Ano deu início em coletar, tampas de garrafas que encontra no
pátio escolar, e também fora dele, a equipe fomentou com concursos àquele que trouxessem os maiores
números de tampas para a escola, deram início a um trabalho com reciclagem. Lixo é basicamente todo
e qualquer resíduos proveniente das atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações
urbanas.
Nesse sentido, com a esperança e ousadia de levar o troféu da seleção brasileira no ano de 2014, os
estudantes propuseram construir a bandeira do Brasil com as tampas recolhidas, no pátio e fora dele em
suas residências os alunos conseguiram porem, com muito esforço construir a Bandeira do Brasil para
comemoração do primeiro jogo.
Considerando esse processo foram administradas mais atividades como esses objetos paisagens todas
com as tampas coletadas, e, outro objetos que não tinham mais valias para as pessoas, como caixas de
sapatos, copos de plásticos, vasilhas de margarinas e outros. “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”
(Art. 205, L D B).
Pensando em um ambiente escolar com uma nova cara, envolvendo uma sequência didática, com os
gêneros textuais envolvendo temas ligados ao meio ambiente com o solo, a água o ar, e a biodiversidade
me levou a reflexão de consolidar estudantes com um modelo diferente, iniciar com uma sequência de
um gênero textual. Poemas, para alegrar o ambiente e ludibriar os alunos, propôs que eles trouxessem
muitos materiais, não utilizáveis, para construção de um ambiente pedagógico de sucatas.
Nos poemas “as borboletas” de Vinicius de Morais explorando com uma sequencias de atividades, e
também a criar um ambiente diferente, os alunos empenharam com ênfase, percebem-se que as
atividades dão gosto por tratar da natureza, muito atividades foram surgidas no decorrer das aulas,
montamos um cenário atrativo, com os objetos recolhidos pelos alunos do 2º ano e 3º ano, foram: caixas
de sapatos, tampas de garrafas potes de alimentos, e ata alimentos não perecíveis para essa construção.
115

Como toda escola, tem quantidades de materiais pedagógicos, mas porem percebeu que podemos
construir com sucatas para ludicidade dos mesmos. E sendo criativo, ali, dá um sentido aonde se quer
chegar.
E juntos com alunos do 6º ao 9º ano vem cada dia discutindo sobre assunto, e a escola precisa de
iniciativas para decisões nessa jornada. No entanto, isso não significa que os conteúdos não foram
trabalhados os demais eixos do componente curricular simplesmente ajustaram mais atividades para
diversificar melhor para atender os estudantes.
Com o trabalho coletivo pode traduzir o reconhecimento das indiferenças levando a natureza a ser
mais harmônica entre o ser, respeitando todos os ciclos, todos os animais, e as vegetações sem gerar
conflitos.
Diante dessa temática também foram produzidas poesias da realidade dos estudantes com o seu meio
de convívio.

2.2 Ludicidade no ambiente envolvendo artes com sucata

A pintura expressa um dos maiores instrumentos de avaliação que o educador pode contar. Através
dela, pode se avaliar o grau de desenvolvimento mental dos estudantes, suas predisposições, seus
sentimentos, além de estrutura a capacidade criadora, desenvolver o raciocínio, imaginação, percepção.
Há diversas maneiras de expressar a arte é um fazer, é um conjunto de atos pelos quais se muda a
forma, se transforma.
Nesse sentido, qualquer atividade humana, desde que conduzida a um fim, pode chamar-se artística.
Levando em conta que os estudantes apreciam a natureza como um local saudável, com meras paisagens,
a água, o solo, riacho e animais despertam a imaginação de lugares fantásticos sem a agressão humana.
Para tornar essas aulas bem atrativas os estudantes já conscientes vêm cada dia demonstrando grande
interesse na preservação, vem praticando a ludicidade dentro do ambiente com os materiais já construído
por eles.
Meio Ambiente, e Preservação, os materiais mais utilizados que cabem a essa rotina são: cola tesoura,
lápis régua, tinta guache, e tudo que não são utilizados transformamos em objetos de uso lúdico.

2.3 O momento de construir o meio ambiente saudável

Com estudos feitos sobre o Meio Ambiente referentes em diversos artigos leitura e analise para
construção deste artigo. Portanto salientar a importância da preservação do Meio Ambiente na esfera
educacional e também na sociedade,
Em todo o país pode notar, a falta de respeito das pessoas com o meio ambiente gerando conflito, e
este artigo é relatar o que foi feito mediante o desenvolvimento levar aos estudantes a refletir a que
mundo eles querem, envolvendo as atitudes ambientais, tendo grandes desafios com tantos lixos
expostos a céu aberto em muitos lugares. Levando entupimentos de bueiros, agressões ao solo.

Como proposta de educação no processo de gestão ambiental busca a


intervenção qualificada, coletiva e organizada, trata-se de se organizar o
processo de ensino aprendizagem de modo coletivo do conhecimento sobre a
realidade de num processo dialético de ação reflexão, ou seja, de exercício da
práxis, objetivando sua transformação (LOUREIRO, 2009, p. 60).

O meio ambiente requer a participação de toda sociedade. É fundamental que a sensibilização chegue
até o chão das famílias conforme as necessidades. Não podemos correr risco de perder uma natureza
com tantas diversidades de acordo com os anseios que já estamos vivenciando em outros estados, e
também referentes às pesquisas quando relata que muitos animais e plantas já estão em extinção, e
muitos danos causados pela própria natureza. Isso trabalhou nas disciplinas. E sejamos convictos que
não basta só falar o prazeroso é que nas salas o contato e também agir numa mudança das aulas com
mais dinâmicas.
116

3 Resultados obtidos

3.1 As maquetes arte envolvendo o Meio ambiente

Trabalhos desenvolvidos pela aluna do 7º ano nas atividades escolar sobre o tema que o Meio
Ambiente representa na vida cotidiana, observando que as escolas tem uma rica cultura diversificada de
opiniões entre os estudantes, debates levando reflexões sobre diversos meio a um espaço para pensar na
preservação através da arte envolvendo o meio Ambiente. E os alunos alimentam nas refeições sem
deixar os pratos com sobras, e também percebe que ouve uma mudança nos comportamentos são calmos
e sempre cuidando das torneiras e a própria limpeza.
Durante a trajetória dessa campanha e mobilização para mantermos o ambiente escolar preservado,
modificou-se bastante, superavam todos os fatores que ali encontrava estavam sendo produtiva na
aprendizagem, a natureza sendo ela cuidada dentro de qualquer ambiente.
Observa-se que não fica só nos contos, ou poemas, mas que a criança perceba de perto o quanto ela
é importante. Falar sobre os rios da comunidade, comparar que outras cidades há escassez de água, e
que no nosso município tem a água em abundância, zelar pela água da escola, sempre atento com as
torneiras, manter sempre seu copo individual e o bebedouro com higiene, pois podemos correr riscos de
alguns insetos pousarem.
Acredita-se que as atitudes ecologicamente corretas para o bem estar das populações. Através da
presente pesquisa realizada concluiu-se que os estudantes em geral saibam compreender o meio
ambiente em que vive e sejam críticos.
A educação ambiental é a chave para a resolução de muitos dos problemas brasileiros, “pois é um
tipo de educação que não necessita de graus de escolaridade, pode ser desenvolvida entre crianças e
adultos, mesmo sem ser alfabetizado” BRASIL & SANTOS (2004, p.33),
Conforme a pesquisa tem como finalidade de informar, entreter, instruir num contexto social a
agressão do homem contra a natureza deu oportunidade de expressar, instigar muito sobre a natureza,
confraternizar e saber que precisamos cuidar dela, o mundo tem muitos conflitos social e nada melhor,
de que com os gestos de harmonia para equilibrar uma natureza onde os animais vegetações e os rios
encontram agredidos pelo homem, socialmente ao que se referem a fins lucrativos.
Segundo (FIGUEIREDO, 1995, p.36): “Os resíduos são diferentes em qualidade e quantidade, em
volume e em composição do que se produzia há algum tempo. Hoje, cada vez mais, é composto por
materiais de difícil degradação, contribuindo para um aumento significativo da poluição ambiental”.
A busca desse conhecimento levou os estudantes também a perceber que ela corre drásticos perigos
quando não se os cuidados perante a ela. E que os resíduos produzidos e o maior malefício sendo
destinado a qualquer local. Conforme a interdisciplinaridades cada professor trabalhou temas abordados
ao meio ambiente, mostrados na interação com outras escolas, do Campo.
A discussão das propostas entre os professores e alunos pode ampliar as maneiras como nos vemos
a natureza e toda sua diversidade, essa pesquisa permitiu aprender a importância da preservação e do
respeito uns com os outros e também que atitudes agressivas só prejudicam.

Educação sobre o meio ambiente: trata-se da aquisição de conhecimentos e


habilidades relativos à interação com o ambiente, que está baseada na transmissão de
fatos, conteúdos e conceitos, onde o meio ambiente se torna um objeto de
aprendizado; Educação no meio ambiente: também conhecido como educação ao
livre, corresponde a uma estratégia pedagógica onde se procura aprender através do
contato com a natureza ou com o contexto biofísico sociocultural do entorno da escola
ou comunidade. O meio ambiente provê o aprendizado experimental, tornando-se um
meio de aprendizado; Educação para o meio ambiente: processo através do qual se
busca o engajamento ativo do educando que aprende a resolver e prevenir os
problemas ambientais. O meio ambiente se torna uma meta do aprendizado (SAUVÉ,
1997).

Diante das crianças percebemos o brilho no olhar de cada uma delas pelas experiências vividas ao
decorrer das atividades. Para os adolescentes foi uma oportunidade da realização das atividades
propostas ao realizarem cada uma delas. Fora do espaço escolar. E ainda há muitos desafios perante as
117

políticas públicas e a sociedade, vai ser preciso um debate aberto à sociedade envolvendo todos os meios
para atingir esse obstáculo o trabalho teve êxito no espaço escolar.
Nas apresentações teatrais os grupos encenaram as histórias de contos como Chapeuzinho amarelo,
usando TNT, e aproveitamento de EVA e outros.
Nas produções textuais foram de suma importância leitura e todo material didático oferecido pelo
ambiente escolar.

É preciso que a escola evidencie em seu projeto educativo que aquilo que a criança
vivencia fora da sala de aula também educa. As relações interpessoais nas famílias e
comunidades, a forma como os adultos tratam as crianças, a forma de lidar com a
limpeza ou com o lixo, entre outros, representam situações de ensino e aprendizagem
(SILVA, 2007, p. 11).

A formação crítica social participativo, voltada para a construção e desenvolvimento do sujeito,


atendendo seus interesses de acordo com as necessidades apresentadas, considerando e atuando em sua
realidade, visando à melhoria e transformação social resgatando os princípios e os valores familiares e
sociais.

De modo geral, o trabalho com esse tema transversal pode, dependendo de como é
tratado, se constituir num espaço revigorador da vida escolar, da prática pedagógica.
Pode reavivar o debate entre alunos de várias idades e classes, entre toda a
comunidade escolar, entre escola e bairro e ainda entre instâncias maiores da
administração pública. É desejável a comunidade escolar refletir conjuntamente sobre
o trabalho com o tema Meio Ambiente, sobre os objetivos que se pretende atingir e
sobre as formas de conseguir isso, esclarecendo o papel de cada um nessa tarefa. O
convívio escolar é decisivo na aprendizagem de valores sociais e o ambiente escolar
é o espaço de atuação mais imediato para os alunos. Assim, é preciso salientar a sua
importância nesse trabalho (PCN, Meio Ambiente, p.191).

O trabalho desenvolvido com maquetes foi construído pelos próprios alunos, demonstrando um
ambiente saudável, os alunos usaram como material de apoio caixas de papelão cola quente pedrinha
colagem de figuras, como a natureza e sua diversidade biológica. Giz de cera pincel e tinta guache. Nos
seminários os grupos usaram microfone slides, e cartaz.

4 Considerações finais

Conforme mencionados os anos acima, escola passou por muitas transformações e vem, até os dias
de hoje, visto como era antes e como melhorou alguns pontos críticos perante os alunos e as decisões
para melhor encantar a beleza do ambiente e também enriquecer o aprendizado dos estudantes.
O trabalho obteve se êxito quanto à coleta, pois o Programa Mais Educação contemplou com muitos
materiais de apoio o pátio da escola conservado sem sobra de alimentos lançados e deixados sobre a
mesa de refeição, as salas bem conservadas, observa se que os estudantes encontram bem mais tranquilo,
eles dialogando sempre pelos corredores, isso vieram de encontro com um ensino mais prazeroso e de
aproveito.

A Coleta Seletiva é um dos principais instrumentos de intervenção na realidade


socioambiental. “A coleta seletiva constitui processo de valorização dos resíduos, em
que estes são selecionados e classificados na própria fonte geradora, visando seu
reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo” (DIDONET, 1999, p.17).

Esse trabalho sustenta na satisfação dos estudantes e também dos profissionais, com as necessidades,
junto desses alunos e profissionais trabalhou-se também todo o aspecto de limpeza no ambiente hoje
encontra preservado. Quanto desperdício da água, a limpeza do pátio obteve se muito dialogo referente
à própria limpeza.
De acordo com o desempenho dos nossos estudantes percebe que a escola trabalha em seu cotidiano,
para melhor servir sua amplitude a sociabilizar entre o ser humano e natureza de acordo com as áreas
118

de conhecimento, e datas comemorativas como o dia da floresta, dia do solo, dia da água, através de
explicações com textos dialogados com os alunos com diversas atividades envolvendo tema. As
queimadas, o desmatamento, o lixo exposto em qualquer local, à durabilidade de decomposição de
elemento na natureza. E percebendo o desenvolvimento perante as atividades expostas percebe-se que
eles têm facilidade de compreensão, de forma significativa e contextualizada, conforme estava previsto.
Durante a análise dos anos acima citados pode perceber que houve um avanço perante a organização
dos estudantes referente ao material didático, e o asseio pelo pátio e o comportamentos de ambas as
partes, bem como na consolidação da preservação e também o concilia mento da aprendizagem, e a
reflexão diante dos temas abordados para tornar uma natureza equilibrada e harmônica entre o homem
e todas as biodiversidades existentes. E levando em consideração o presente trabalho levar as discussões
para as Políticas Publica dando oportunidade de discussão para gerações futuras.

5 Referências

ARROYO, M.G. Apresentação. In: CALDART, R.S. Pedagogia do Movimento Sem-Terra: escola é
mais do que escola. Petrópolis: Vozes,2000.
BRASIL, A. M. SANTOS, F. Equilíbrio Ambiental e Resíduos na sociedade moderna. São Paulo:
FAARTE Editora, 2004. (ISBN 85-98847-01-1).
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente: saúde. 3. Ed. Brasília-DF. Ministério
da Educação. Secretaria da Educação Fundamental, 2001.
CARVALHO, Isabel. Territorialidades em luta: uma análise dos discursos ecológicos. São Paulo:
Instituto Florestal de São Paulo, 1991. Série Registros.
DIDONET, M. O lixo pode ser um tesouro: um monte de novidades sobre um energética e a crise
ambiental. 2ª ed. Piracicaba: UNIMEP, 1995.
FIGUEIREDO, Paulo Jorge Moraes. A sociedade do lixo: os resíduos, a questão. Energética e a crise
ambiental. 2ª ed. Piracicaba: UNIMEP, 1995.
GADOTTI, Moacir. Educar para a sustentabilidade: uma contribuição. Década da educação para o
desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009.
GARCIA, R. B. Conceptos Básicos para el estudo de sistemas complexos. In: LEFF, E. (coord.) et alli
Los problemas del conocimiento y la perpectiva ambiental del desarrollo. México: Siglo veitiuno
editores, Delegación Coyacán, 1986.86402-13-3).
LAYRARGUES, P. Educação no processo da gestão ambiental: criando vontades políticas,
promovendo a mudança. In: Simpósio Sul Brasileiro De Educação Ambiental. Erechim:
EdiFAPES,2002.
LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 8 ed. 2013.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Meio Ambiente, p.191.
OLIVEIRA, G. P. de. Educação Ambiental voltada para a formação profissional na área
ambiental e florestal. Piracicaba, ESALQ, 1997. (Dissertação para obtenção do título de Mestre na
área de Ciências Florestais).
RODRIGUES, F. L.; CAVINATO, V. M. Lixo: de onde vem? Para onde vai? Editora Moderna: 1997.
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Grupo
Interdepartamental de pesquisa sobre Educação em Ciências. Geração e gerenciamento dos resíduos
sólidos provenientes das atividades humanas. 2. ed. rev. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
SAUVÉ, L. Pour une éducation relative à l’environnement. 2e éd. Montréal: Guérin, 1997.
SILVA, D. T. S. Educação Ambiental: Coleta Seletiva e Reciclagem de Resíduos Sólidos na Escola.
Cachoeirinha-RS: FASB, 2007.
VIZENTIM, Caroline Rauch; FRANCO, Rosemary Carla. Meio ambiente: do conhecimento
cotidiano ao científico: metodologia ensino fundamental. Nº 5. Curitiba: Base Editorial, 2009.
119

UM OLHAR SOBRE AS CONDIÇÕES DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CAMPO

Sirlei Carvalho Spiess30


Bartolomeu José Ribeiro de Sousa31

Resumo - O presente estudo tem como objetivo apontar as dificuldades de acessibilidade enfrentadas pelos
estudantes e professores a frequentar e trabalhar em uma escola do campo, no município de Alta Floresta Mato
Grosso. E discutir os percalços pelos quais passam a comunidade de estudantes do campo em relação a sua
acessibilidade à escola; estrutura física, transporte escolar e formação docente. A educação dos povos do campo
ao longo dos vários momentos históricos sempre foi colocada à margem das políticas públicas educacionais. A
escola na área rural é um direito fundamental dos camponeses e seus descendentes tendo uma grande
responsabilidade com o educando, sua família e a comunidade como um todo, por ser um veículo fundamental
para a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais. As práticas educativas, privilegiando a educação
popular como uma das matrizes pedagógicas constituintes da educação do campo deve ser compreendida como
uma prática social e política, que se efetiva nos processos de ensino e aprendizagem na especificidade das escolas
do campo. Essas práticas são tomadas como iniciativas construídas para superar modelos organizacionais e
didáticos no currículo escolar.

Introdução

A escola na área rural é um direito fundamental dos camponeses e seus descendentes tendo uma
grande responsabilidade como educando, sua família e a comunidade como um todo, por ser um veículo
fundamental para a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais.
No entanto a educação do campo sofre com o descaso por parte da administração pública, municipal,
estadual e federal. Sabe-se que índice de analfabetismo no meio rural, na faixa etária acima dos quinze
anos.
Existem poucas escolas de ensino médio e educação infantil (0 a 5 anos). Na linguagem legislativa,
pode-se chamar de fase da creche, já sobre os docentes existem dois problemas: desvalorização do
magistério e falta de formação de professores (as), existe, porém não supre a necessidade dos
profissionais que atuam no campo.
Os trajetos percorridos pelos os alunos, até a chegada às escolas, nítido das escolas do campo, em
estradas precárias, com horas de viagem e veículos sucateados. Pois quando chega ônibus novos, não
são destinados às escolas do campo.
Além dos problemas já citados, de maneira geral, destacam-se alguns que pode ser considerado
primordial: a falta de infraestrutura nas escolas; docentes desqualificados; currículo e calendário escolar,
alheios à realidade do campo; professores/as com visão de mundo urbano, uma visão de agricultura
patronal; pouca formação específica para os docentes; a apresentação do urbano como superior e a
desqualificação do campo.

A educação no/do Campo

Historicamente trataram a educação voltada ao campo denominada como “educação rural”, na


prática, neste início de século XXI, nos movimentos e organizações sociais e na academia científica, a
educação no e do campo está se contrapondo ao modelo urbano e tecnocrata de educação, pois o modelo
atual só prepara os cidadãos para o trabalho, sem se preocupar com a cidadania, habitação, relações
sociais, cultura e formação étnico social. Neste sentido, Pinheiro (2011) afirma que,

[...] a educação do campo tem se caracterizado como um espaço de precariedade por


descasos, especialmente pela ausência de políticas públicas para as populações que lá
residem. Essa situação tem repercutido nesta realidade social, na ausência de estradas

30
Autora, discente de 2014-2015
31
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB/DF, 2010).
120

apropriadas para escoamento da produção; na falta de atendimento adequado à saúde;


na falta de assistência técnica; no não acesso à educação básica e superior de
qualidade, entre outros.

A educação, enquanto ensino rural esteve historicamente presente em parte considerável dos
discursos dos governantes, mas na prática, não se respeitou o homem do campo como prioridade em
seus currículos escolares e direito à educação. Foram e continuam sendo discursos de cooptação dos
movimentos sociais.
Miguel Arroyo, em palestra proferida em Luziânia/GO, por ocasião da I Conferência Nacional por
uma Educação do Campo, em julho de 1998, fez os seguintes questionamentos:

[...] como a escola vai trabalhar a memória, explorar a memória coletiva, recuperar o
que há de mais identitário na memória coletiva? Como a escola vai trabalhar a
identidade do homem e da mulher do campo? Ela vai reproduzir os estereótipos da
cidade sobre a mulher e o homem rural? Aquela visão de jeca, aquela visão que o livro
didático e as escolas urbanas reproduzem quando celebram as festas juninas? É esta a
visão? Ou a escola vai recuperar uma visão positiva, digna, realista, dar outra imagem
do campo? (ARROYO, 2011, p.16).

As interrogações nos fazem observar os inúmeros problemas que precisam ser superados para que a
educação do/no campo seja compreendida e respeitada pelo Estado enquanto direito universal visto ter
sido e continuar sendo uma prática e uma realidade no Movimento Sem Terra (nos acampamentos e
assentamentos).
Para se conceber uma educação a partir do campo e para o campo, é necessário mobilizar e colocar
em cheque ideias e conceitos há muito estabelecidos pelo senso comum. Mais do que isso, é preciso
desconstruir paradigmas, preconceitos e injustiças, a fim de reverter as desigualdades educacionais,
historicamente construídas, entre campo e cidade.

Escola do Campo Guimarães Rosa e sua trajetória

No ano de 1987, foi fundada uma escola anexa da Escola Marinês de Fátima de Sá Teixeira, na
Comunidade Santa Lúcia. Em 1994 construiu-se uma nova escola, Escola Municipal Guimarães Rosa a
qual se situava a 5 km de distância da primeira, atendendo uma clientela de 1° a 4° série.
Os primeiros moradores da Comunidade São Francisco chegaram em 1987 e houve a necessidade de
fundar uma escola, então foi construído um barraco coberto com folhas de coqueiro, tendo o nome
Escola Municipal13 de maio (professora Devanir),após um ano foi construída uma nova escola de
madeira, sendo as professoras Sônia e Maria Roseli, a escola funcionava com multisseriado, ou seja,
duas ou mais série em uma única sala, no período da tarde e contava aproximadamente com trinta
alunos, a merenda era feita na casa de um morador próximo da escola e a cozinheira não recebia por
esse serviço.
Por não haver transporte escolar nesta época, as crianças iam a pé para a escola.
Em 1989, foi fundada uma nova escola, a Escola Severino Veloso, o morador e empresário Adalto
Veloso, dono de uma serraria, construiu a escola com objetivo de atender as crianças do local e das
famílias que trabalhavam para ele, a mesma ficava localizada na BR 010 km 045-Comunidade Menino
Jesus.
Em 1992, com a nucleação, ou seja, as pequenas escolas acabaram e assim, formando uma única
escola, parte dos alunos foram estudar em uma escola situada na Comunidade Rio Verde e a outra parte
na escola situada na Comunidade Santa Lúcia.
Devido às escolas isoladas em diferentes comunidades não oferecendo condições adequadas para o
atendimento do ensino fundamental de 5° a 8° série, a Secretaria Municipal de Educação, através do
secretário daquela época, professor Gentil Rossi, desenvolveu um projeto de reordenamento escolar
(nucleação), o qual ocorreu no ano de 1997, com isso a Escola Municipal Guimarães Rosa recebeu os
alunos das outras comunidades e passou a ser a única escola municipal do setor. No início a escola tinha
uma área e três cômodos: sala grande, uma cantina e um banheiro construído de madeira e também
121

possuía cinco salas, atendendo alunos do ensino fundamental, a escola possuía um quadro de
professores, todos com magistério, os alunos eram transportados com um único ônibus.
No início da nucleação, a escola possuía um número de 360 alunos, porém com o decorrer dos anos
esses números foram sofrendo alterações, devido ao êxodo rural, onde os sitiantes foram vendendo suas
propriedades e se mudando para outras regiões.
A Escola Estadual Guimarães Rosa localiza-se na MT 010 km 035 - Setor Santa Lúcia, município de
Alta Floresta / MT, foi criada pelo decreto nº. 1145 de 06 de fevereiro de 2008. Atende atualmente 160
alunos, da alfabetização a ensino médio, e vem repensando sua prática pedagógica numa perspectiva de
Educação do Campo, já que os alunos (clientela atendida) são em sua grande maioria filhos de pequenos
e médios agropecuaristas e de agricultores da agricultura familiar, oriundos de vários estados como
Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, dentre outros.
A comunidade Santa Lúcia, onde está cedida à referida escola, faz parte do setor, também nomeado
como Santa Lúcia, este atende mais sete comunidades vizinhas sendo elas; Menino Jesus, Montes
Claros, São Francisco de Assis, Morada Nova, Beira Rio, Serra Verde e Morada da Paz, sendo que todas
estas comunidades formam o núcleo da Escola Estadual Guimarães Rosa. A maioria dos alunos depende
do transporte escolar e para isso a escola conta com um ônibus e dois micro-ônibus. As linhas escolares
se estendem por até 35 (trinta e cinco) quilômetros.
Atualmente, a mesma funciona dois períodos, atendendo em média, 160 alunos do ensino
fundamental e médio e educação infantil (sala anexa da escola municipal Cesar Paulo Lening, situada
na cidade de Alta Floresta - MT), com um grupo de 27 funcionários: três apoio administrativo
educacional – nutrição(AAE), dois apoio administrativo educacional - limpezas (AAE), três técnicos
administrativo educacional (TAE), três vigias, três motoristas, 13 professores sendo que uma professora
é da educação infantil, contratada pela prefeitura.
A estrutura da escola é a seguinte: uma cozinha, um banheiros para os funcionários, banheiro para
os alunos (masculino e feminino), um laboratório, biblioteca, campo de futebol, campo de areia, quadra
sem cobertura, “a escola Guimarães Rosa, necessita urgentemente da construção de um prédio mais
amplo e unificado, para facilitar a interação das turmas no tempo chuvoso e durante o sol escaldante,
além de uma quadra coberta para incentivar os alunos a prática de esportes” horta sem irrigação, sala
de recursos, sala dos professores, sete salas de aula (sendo que uma delas funciona como sala de oficina
do projeto Mais Educação, sendo ela o letramento).
A Escola Estadual Guimarães Rosa é uma Escola do Campo, situada ao Norte do Estado de Mato
Grosso– Brasil, no município de Alta Floresta, sendo ela, fonte de conhecimento, e por isso a escola é
essencial para a comunidade, tornando-se assim, um meio de interação entre os anseios da sociedade e
o poder público.
Por estar localizada no campo esta comunidade escolar preserva valores culturais, religiosos e
morais; organiza-se em grupos comunitários como: igrejas, clube de mães e associações. É composta
por famílias oriundas de diversos estados brasileiros apresentando assim, uma diversidade cultural.
A escola tem a função de realizar uma prática pedagógica competente, comprometida com o social,
formando alunos críticos e atuantes, tentando transformar a realidade, tendo em vista o contexto em que
eles estão inseridos. Assim como, oportuniza a pesquisa, que é essencial, pois através dela a escola busca
resgatar nas dimensões sócio-políticas os direitos de cidadania, bem como, desencadeia processos
participativos de ensino aprendizagem que contribuem na formação e valorização desses alunos
enquanto cidadãos.
A Escola Estadual Guimarães Rosa, por ser do campo, precisa atender seus educandos com
metodologias diferenciadas voltadas para sua realidade, oportunizando a preparação para o trabalho com
projeções de melhoria nas produções do campo, bem como, nas organizações comunitárias, preparando-
se para viver e trabalhar na sua comunidade como cidadãos atuantes. Uma vez que, não há perspectiva
de permanência dos jovens no campo que na maioria das vezes acabam mudando para a cidade em busca
de algo melhor. Além disso, a rotatividade de professores, pois a maioria desses, são moradores da
cidade e que vem num percurso de 35 km, trabalhar nesta unidade escolar, e a desmotivação de alguns
alunos, também é um fator preocupante para esta Unidade Escolar.
122

Mapa do caminho percorrido pelos professores

Apesar de já existir uma mobilização da sociedade, criação de leis e projetos que garantem maior
investimento voltado para a Educação no Campo, é preciso avançar mais, principalmente no que diz
respeito à infraestrutura e a formação dos profissionais que atendem a essa modalidade.

O Programa Mais Educação na Escola Estadual Guimarães Rosa

Em 2013, a escola Guimarães Rosa, foi contemplada com o projeto Mais Educação. Este projeto foi
criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007 e pelo Decreto n° 7.083, o Programa Mais Educação,
como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização
curricular, na perspectiva da Educação Integral.
Essa estratégia visa promover a ampliação de tempos, espaços, oportunidades educativas e o
compartilhamento da tarefa de educar entre os profissionais da educação, as famílias e demais atores
sociais, sempre sob a coordenação dos professores e da escola. Pois, a Educação Integral, busca associar
ao processo de escolarização, uma aprendizagem conectada a vida e proporcionando uma infinidade de
possibilidades para as crianças, adolescentes e jovens.
A Educação Integral aparece como uma possibilidade de formação integral da pessoa e apresenta
como meta, a ampliação progressiva da jornada escolar para no mínimo 7 horas diárias, também propõe
a promoção da participação das comunidades na gestão das escolas, incentivando o fortalecimento e a
instituição de Conselhos Escolares.
Atendendo a essa demanda o Programa Mais Educação propõe a ampliação de tempos e espaços,
para além dos muros da escola, apresentando uma organização de tempo diferenciado e também uma
gama de atividades a serem desenvolvidas conforme a proposta pedagógica de cada unidade escolar,
agrupadas em MACROCAMPOS e atendendo as especificidades das escolas urbanas e rurais:
Atualmente a escola atende os alunos do 1º ciclo ao 2º ano do Ensino Médio, totalizando (a
quantidade de aproximadamente 60 alunos) com as seguintes oficinas:

Acompanhamento pedagógico

• Leitura e Produção Textual – Desenvolvimento de atitudes e práticas que favoreçam a


constituição de leitores assíduos a partir de procedimentos didáticos criativos, seduzindo os estudantes
às diferentes possibilidades de leitura e de criação de textos. Incentivo à leitura de obras que permitam
aos estudantes encontros com diferentes gêneros literários e de escrita, especialmente no que se refere
ao ler para apreciar/fruir, conhecer e criar.

• Matemática – Potencialização de aprendizagens matemáticas significativas por meio de resoluções


de problemas, mobilizando os recursos cognitivos dos estudantes.

Agroecologia

• Canteiros Sustentáveis – Atividades de estudo e produção de plantas com propriedades


medicinais, canteiros de hortaliças, mudas de espécies nativas para o reflorestamento de áreas
degradadas, resgate de cultivos originais do bioma da região e tecnologias de manejo sustentável de
plantas. Assim, é possível construir uma horta, que pode servir como fonte de alimentos para a merenda
escolar, viveiros destinados a produzir mudas de espécies nativas para o reflorestamento de áreas
degradadas, farmácias vivas, formadas por plantas com propriedades medicinais e outros canteiros
sustentáveis compatíveis com o bioma local.
123

Figura 1: Canteiros da Horta da Escola

Fonte: acervo do pesquisador

Esporte e lazer

•Futebol; Futsal; Voleibol e Xadrez Tradicional – Apoio às práticas esportivas para o


desenvolvimento integrados estudantes pela cooperação, socialização e superação de limites pessoais e
coletivos, proporcionando, assim, a promoção da saúde.

• Ciclismo – Atividade direcionada às escolas do campo, tendo por objetivo a prática do esporte
saudável na perspectiva do desenvolvimento integral do estudante, fazendo da prática do pedalar ações
que visem o contato direto com a natureza.

Figura 2: Oficina de Esporte

Fonte: acervo do pesquisador

Cultura, artes e educação patrimonial

Desenvolvimento intelectual, por meio do ato de criação, emocional, social, perceptivo, físico e
estético, tendo como direcionamento a pintura como arte. Estudo teórico e prático da linguagem
pictórica. Utilização de técnicas tradicionais, contemporâneas e experimentais das formas de pintura.
Conhecimento e apreciação de obras clássicas e contemporâneas de pintura.
124

As oficinas foram selecionadas de acordo com a realidade da escola, pois sendo ela uma escola do
campo, essas oficinas vêm de encontro com o cotidiano desses alunos, onde visa melhor o conhecimento
deles, e trabalhar um pouco a realidade dos alunos.
O Programa Mais Educação considera a importância do atendimento a todos os estudantes
matriculados nas escolas. Quanto ao conjunto de atividades eles devem ser organizados e desenvolvidos
de forma que o aluno tenha no mínimo 3 (três) horas de atividades diárias, que ao serem computadas
com as horas de aula somam no mínimo 7 (sete).
Porém, na escola Guimarães Rosa, esse projeto está com os dias contados, pois este ano ainda não
foi depositado a verba que serve para pagar os monitores, fazer a compra das merendas e nem dos
materiais pedagógico que são necessários.

Relatos de funcionários e alunos da escola Guimarães Rosa

O depoimento da funcionária “A” com 25 anos de idade, enfatiza que, a maioria das escolas rurais
possui currículos que geralmente não são interessantes, pois, são pensados e construídos fora da
realidade onde os camponeses estão inseridos. Sendo que as práticas pedagógicas da educação são
voltadas para a realidade urbana defendendo os conceitos de uma sociedade capitalista, esquecendo as
especificidades do campo.
Outro fato importante é que, nas escolas do campo, os professores, em muitos casos, não têm uma
licenciatura ou o curso de Magistério, são de nível médio ou muitas das vezes os professores que possui
capacitação profissional são oriundos da zona urbana.
As escolas do campo apresentam vários problemas como: estrutura física deteriorada sendo na
maioria de pau-a-pique, tijolo, madeira, sem iluminação e circulação de ar, principalmente no interior
das salas de aula; ausência de biblioteca e laboratório de informática, que hoje torna um objeto
indispensável pelo auto uso da tecnologia; quantidade de merenda considerada insuficiente e de baixa
qualidade; sala de aula multisseriada, o que dificulta o trabalho das professoras e ausência de
material didático com conteúdo voltados à realidade dos aluno ferramentas pedagógicas de suma
importância.
Apesar disso, faça chuva ou faça sol, chegar à escola é um grande obstáculo, as distâncias são
quilométricas, onde as estradas sempre encontradas em péssimas condições do tráfego, colocando em
risco a integridade física e emocional dos alunos e funcionários, além do cansaço por ter que acordar
muito cedo para chegar à escola depois de horas de caminhada.
O problema do transporte também é muito comum sendo ônibus velhos, sem reparos, sem cintos de
segurança, e da falta de verba para o seu abastecimento e concerto. Muitas vezes por chegarem tarde à
escola os alunos já chegam com fome, por não dar tempo de comerem em casa, mas a escola não tem
como oferecer alimento antes do horário do recreio, pois o governo acaba mandado pouco dinheiro para
a compra da mesma.
Está cada vez mais visível, que as escolas do campo estão se acabando, pois, os camponeses cada
vez mais esquecidos, sem ânimo para produzir no campo buscando melhores condições de vida no
espaço urbano, causando assim, o êxodo rural e o acúmulo de pessoas desempregadas nas periferias das
cidades.
Morar no campo traz muitas vantagens como ar puro, água, leite, ovos verduras e frutas, tudo colhido
na hora, fresquinho, liberdade, da até pra dormir de portas e janelas abertas sem medo, a tranquilidade
do dia-a-dia, a colaboração dos vizinhos, podendo utilizar todas em sala de aula tornando as tarefas mais
realista para os educandos valorizando a terra e o local onde os mesmos vivem.
Uma das principais características da Educação do Campo é a valorização dos sujeitos que a
constituem, tanto professor como estudante, É indispensável que nesse processo de valorização dos
sujeitos do campo para que ele possa sentir orgulho de sua origem, porque aceita a sua realidade e é
capaz de enfrentar, coletivamente, os problemas que lá existem.
125

Figura 3: Transportes Escolares da Escola Guimarães Rosa

Fonte: acervo do pesquisador

Logo o depoimento do funcionário “B”, com 40 anos de idade, a esse respeito, deixa bem claro que
a realidade da escola do campo nos dias de hoje é triste, por que triste? Porque, vemos que nossos
governantes não fazem nada para segurar as famílias nas áreas rurais, não tem nada que possa dar uma
sustentabilidade a uma família que reside na roça, como diz o ditado popular “para o homem do campo
um sofrimento”.
Os filhos que ali nascem, vão crescendo, vendo aquela vida sofrida que o pai e a mãe leva, desde já
vão desanimando, logo busca um meio de arranjar um emprego na cidade.
Vamos falar porque é difícil a vida no campo! Falta de estradas, uma vergonha as nossas estradas,
tem corredor de fazenda que é muito melhor que as nossas vicinais municipais, as estaduais da até
vergonha em dizer. Quando vão fazer manutenção, fazem uma verdadeira porcaria, que com sessenta
dias, está do mesmo jeito de antes ou pior.
Se o homem que vive no campo não tem estrada, como ele vai escoar sua produção, e o caso do
leiteiro que perde o leite dentro do refreador porque o caminhão que puxa o leite atolou ou não passa na
ponte caída, etc.
Os filhos perdem mais aula do que tudo, chega o fim do ano letivo com mais de trinta por cento de
falta, devido ao transporte não poder atender nos dias letivos, e qual o motivo? estrada ruim, danifica os
ônibus, que na verdade são novos, mas não tem estrada de qualidade, não adianta, é um estrago ou outro.
O homem do campo sem estrada, sem incentivo, sem uma boa rede de saúde, sem qualidade de vida,
sem esperança de melhora, a tendência é deixar o campo e ir para a cidade.
O percurso feito pelos ônibus escolar é um verdadeiro Rally, se der sorte chega na escola, se não é
só esperar ajuda, estradas ruins, pontes caindo, bueiros afundando, árvores no meio das estradas, tudo
isso acontece.
O ensino é razoável, devido a distância da cidade é uma dificuldade arrumar professor, e quando
arruma, é uma tortura para esses estarem s deslocando da cidade até as dependências da escola, ai volta
nós de novo na questão estrada, são trinta e cinco quilômetros de sofrimento, se comprar uma moto
nova, alta, o ladrão já fica contente porque a segurança é praticamente zero, onde já se viu, roubar motos
em plena luz do dia nas nossas estradas, cadê a segurança? Que confiança saí um professor, uma
professora ou um motorista de ônibus escolar, que é o meu caso, não sabemos se vamos chegar até o
nosso destino.
Onde acontece de contratar uma outra pessoa sem nenhuma formação para dar aula, porque os
formados não veem, não temos algo que nos ampare, que nos de suporte, ficamos assim da mesma
maneira que o homem do campo, sem direção.
Os meios tecnológicos são oferecidos, mas assistência é daquele jeito, quando dá certo, é tudo
limitado, laboratório de informática, lá de vez em quando que é liberado, até mesmo para os alunos,
tinha que ser mais aberto para a comunidade, pois enfim, onde todos pudessem usufruir desta tecnologia.
A merenda, essa é uma parte que ainda funciona mas, poderia melhorar, como funcionaria? Porque
é a própria escola que compra com os recursos repassados, como pode melhorar? Tendo mais rigor nos
produtos que são licitados, fiscalização nos preços das mercadorias, na nota está uma mercadoria ou
preço, mais vai outra mercadoria com o preço bem diferente dos que estão descritos, então são coisas
que escapa do controle, mas pode melhorar.
126

Tião Carreiro escreveu o seguinte verso que eu admiro, “Malandro não tem culpa, se o resto do
mundo é trouxa”.
“Enquanto nós cidadãos não acordarmos, muitos vão deitar e rolar nessa política suja que está nos
governos”.
A professora “D”, com 34 anos de idade e 15 de profissão, ressaltou o seguinte, trabalho nesta escola
do campo a quatro anos, gosto de trabalhar em escola localizada na zona rural, porque os alunos são
melhores e mais interessados em aprender aquilo que é proposto a eles.
No entanto os desafios encontrados são inúmeros. Pois acordo todos os dias que tenho que ir para a
escola, as 5 horas da manhã, pego meu veículo e vou para a escola, percorro 40 km de estrada de chão,
esburacada, quando chove tem atoleiros e quando é época da seca, é muita poeira. Já encontrei diversos
animais nas estradas, desde cobra até anta. Nunca faltei por esses motivos. Chego na escola por volta
das 6:50hr.
Somos em oito professores que moram na cidade e lecionam nesta escola do campo. A escola é
pequena, atendemos em média 160 alunos, desde a educação infantil até o 3º ano do ensino médio.
Temos três turmas multifaseada e multiciclada, pois o número de alunos é pequeno, não temos muito
apoio da equipe gestora, até porque escola do campo não tem muitos profissionais qualificados a exerce
esses cargos, pegam qualquer um, sem experiência, sem conhecimento para inserir na gestão. É triste,
mas é nossa realidade.
Quando queremos realizar algumas atividades diferenciadas, não temos recursos, ou até mesmo
apoio como já relatei. A estrutura da escola, é fraca, a fiação é velha, o prédio precisa de reparos
urgentes, não temos uma sala de professores adequada, para termos nosso “canto”, separamos uma sala
de aula ao meio e desse espaço fizemos a sala dos professores.

Bueiro na MT 010, tráfego feito pelos professores que moram na cidade e que trabalham na escola

Fonte: acervo do pesquisador

A aluna “C”, que tem 16 anos de idade, relatou que, as dificuldades em relação a realidade da escola
do campo são: poucos comparecimentos nas aulas devido os transportes, pois alguns até que são novos,
mas quebram muito, ficam atolados, falta de combustível e o tráfego é difícil, pois possui muitos bueiros
caídos, dificultando a passagem do transporte escolar.
O percurso percorrido da minha casa até a escola é difícil, pois meu pai pega a moto e leva eu e meu
irmão 6 quilômetros, até o local que o transporte escolar passa, isso por volta das 12:05, chegamos à
escola todos os dias por volta das 13:05. Isso se nada acontecer de errado no caminho.
O ensino é bem avançado, pois os professores explicam muito bem, e quando eu perco prova,
trabalhos, devido o transporte não ir buscar-me, recupero em um outro dia no período matutino, ou até
mesmo a tarde, que é o período que estudo. A merenda escolar não tenho o que reclamar, pois é muito
boa, nunca deixaram faltar na escola, tudo muito bem feito e organizado.
127

Estrada da comunidade Morada Nova, linha 4º sul

Fonte: acervo do pesquisador

Corpo docente da Escola Guimarães Rosa

Atualmente a escola é composta por treze professores, destes, uma está exercendo o cargo de gestora
escolar, essa é formada em pedagogia e efetiva, a gestora escolar mora na zona rural, porém em outra
comunidade, que fica situada a dezessete quilômetros da escola. Na coordenação pedagógica temos uma
bióloga, interina e com três anos de experiência escolar, a coordenadora da escola mora na zona urbana.
A escola possui mais dois biólogos, um biólogo está atuando como professor de ciências nos 2º e 3º
ciclos, com a disciplina de biologia e química no 2º grau do ensino médio, este biólogo é efetivo e está
a seis meses na unidade escolar. A outra bióloga está atuando com as disciplinas de geografia, história
e artes nos 2º e 3º ciclo e ensino médio, estes dois professores também moram na cidade.
No 1º ciclo temos uma pedagoga, que leciona em uma sala multifaseada, ou seja, 1ºciclo/1ª fase e 2ª
fase em uma única sala, e que também leciona a disciplina de geografia no 3º ciclo/3º Fase, essa é
interina e está lecionando na escola a três anos, essa professora é moradora da zona urbana. A outra
professora é formada em letras e leciona o 1º ciclo/3ª fase, esta professora é efetiva do município e está
em cooperação técnica na escola, esta professora mora na comunidade em que está situada a escola
Guimarães Rosa.
Na sala de AEE (apoio educacional especializado, Sala de Recursos), a professora que atende os
alunos com necessidades especiais é formada em letras e está também leciona a disciplina de inglês no
2ºciclo/3ª fase. Na disciplina de língua portuguesa, é uma professora formada em letras, estas duas
professoras moram na cidade e são interinas.
O projeto Mais Educação possui um professor comunitário que é formado em pedagogia. A escola
trabalha com um professor formado em Engenharia Florestal, que leciona as disciplinas de matemática,
inglês e física, nos 2º e 3º ciclos e ensino médio. Na educação infantil e disciplina de inglês numa sala
multifaseada, é uma professora sem formação, esta possui somente o ensino médio não
profissionalizante. As disciplinas de artes, educação física, sociologia e filosofia também é uma
professora que tem somente o ensino médio não profissionalizante.

Gráficos 1 e 2 - professores que lecionam na escola


15

10

0
Graduados Ensino Médio
Fonte: Documentação da escola.
128

Desses:

5
Lecionam na área de
4 formação
3 Lecionam fora da
área de formação
2
Ocupam cargos
1

0
1 2 3
Fonte: Documentação da escola.

Gráfico 3 - Local onde residem os professores que lecionam na escola Guimarães Rosa

9
8
7
6 Residem na cidade

5
Residem em outra
4 comunidade
3
Residem na
2 comunidade
1
0
1 2 3
Fonte: Documentação da escola

DECRETO Nº 7.352, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2010

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
e no art. 33 da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009, no Art. 1o
§ 4o A educação do campo concretizar-se-á mediante a oferta de formação inicial e continuada de
profissionais da educação, a garantia de condições de infraestrutura e transporte escolar, bem como de
materiais e livros didáticos, equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e desporto adequados
ao projeto político-pedagógico e em conformidade com a realidade local e a diversidade das populações
do campo.
Art. 4o
I - oferta da educação infantil como primeira etapa da educação básica em creches e pré-escolas do
campo, promovendo o desenvolvimento integral de crianças de zero a cinco anos de idade;
V - construção, reforma, adequação e ampliação de escolas do campo, de acordo com critérios de
sustentabilidade e acessibilidade, respeitando as diversidades regionais, as características das distintas
faixas etárias e as necessidades do processo educativo;
VI - formação inicial e continuada específica de professores que atendam às necessidades de
funcionamento da escola do campo;
129

VII - formação específica de gestores e profissionais da educação que atendam às necessidades de


funcionamento da escola do campo;
IX - oferta de transporte escolar, respeitando as especificidades geográficas, culturais e sociais, bem
como os limites de idade e etapas escolares.

Conclusão

Para se conceber uma educação básica do campo, é necessário considerar uma educação sobre
aspectos pedagógicos, mas também políticos, passando pelos interesses sociais, culturais numa
concepção universal de educação desde os sujeitos sociais concretos que vivem e constroem sua
realidade de vida em determinadas condições básicas de existência em um dado tempo histórico. Ou
seja, são dois elementos que fundamentam a educação do campo: o sentimento de pertença e a superação
da dicotomia entre rural e urbano.
Sabendo que a educação do campo está amparada nos artigos da Lei Diretriz e Bases da Educação
Nacional, os conteúdos devem ser ligados ao mundo do trabalho, ao desenvolvimento do campo. Assim,
teremos conteúdos gerais das áreas do conhecimento: português, matemática, geografia, história,
ciências, que todos os estudantes aprendem em qualquer lugar do Brasil e conteúdo específicos de
acordo com as características regionais, locais, econômicas e culturais da comunidade, onde a escola
está inserida.
Porém, isto não quer dizer, que o ensino tem que ser limitado, mas, sim abrangente em suas
possibilidades. Assim, a prática pedagógica deve ser inovadora, utilizando diferentes procedimentos,
recursos e espaços que resgatem a riqueza das experiências vivenciadas no campo, pois o professor é
fundamental na aprendizagem e só depende do Como ele ensina para o desenvolvimento das crianças e
jovens do campo, pois ele oferece opções, para os seus irem à busca da qualidade de vida que julgam
ser merecedores ou simplesmente viver no campo com qualidade.
O calendário da escola do campo pode ser organizado de acordo com a realidade local, desde que
não prejudique os alunos na quantidade de dias letivos, efetivados em 200 dias letivos de trabalho.
A gestão escolar comporta toda a comunidade, bem como os movimentos sociais.
Pode-se participar da gestão escolar o Conselho Municipal de Educação, Conselho Escolar.
Há também a participação dos movimentos e sindicatos na elaboração do Plano Municipal de
Educação: PME. Este é um plano global, de toda educação, não é apenas da Secretaria de Educação nem
da rede de ensino municipal.
A formação do professor é assegurada por lei e é obrigação do poder Municipal, Estadual, e Federal
com cursos de capacitação, especialização para a formação continuada.
O papel dos conselhos é imprescindível para o desenvolvimento da qualidade do ensino, pois são os
conselheiros que conhecem e interferem na realidade para a sua melhoria.
Pensar a educação na relação com o desenvolvimento sustentável é pensar a partir da idéia de que o
local, o território pode ser reinventado através das suas potencialidades. Uma das formas de trazer à tona
as potencialidades está na revitalização da importância do coletivo como método de participação popular
de gestão das políticas e das comunidades, onde vivem.
Uma política pública de educação deve respeitar todas as formas e modalidades de educação que se
orientem pela existência do campo como um espaço que é ao mesmo tempo produto e produtor de
cultura. É essa capacidade produtora de cultura que o constitui como um espaço de criação do novo e
do criativo e não, quando reduzido meramente ao espaço da produção econômica, como o lugar do
atraso, da não-cultura. O campo é acima de tudo o espaço da cultura.
O princípio da educação volta-se para a qualidade de ensino que é um direito dos povos do campo,
transporte escolar, educação do campo como formação humana para o desenvolvimento sustentável,
respeito ás características do campo.
A educação do campo deve proporcionar a formação integral dos sujeitos, para que estes tenham
opções de seguir o caminho que julgam ser melhor para o seu desenvolvimento, enquanto cidadãos
inseridos na sociedade.
Contudo se faz repensar a prática pedagógica e social da educação, já, que se dará em todos os níveis
de ensino. Pois a educação não acontece isoladamente, mas em um complexo conjunto com
determinantes e variáveis.
130

Referências

ARROYO, Miguel Gonzalez e FERNANDES, Bernardo Mançano. A educação básica e o movimento


social do campo: por uma educação básica do campo. Brasília: MST-Coordenação da Articulação
Nacional Por uma Educação Básica do Campo, 2011. Disponível em
<http://educampoparaense.eform.net. br/site/media/ biblioteca /pdf /Colecao %20Vol.2.pdf>. Acesso
em: 10 abr. 2015.
BRASIL.MEC/SECAD. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo.
Resolução CNE/CEB. n1. de 3 de abril de 2002
LEITE, Sérgio Celani. Escola rural: urbanização e políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1999.
PINHEIRO, Maria do Socorro Dias. A concepção de educação do campo no cenário das políticas
públicas da sociedade brasileira. Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos915/educacao-
campo-politicas/educacao-campo-politicas.shtml>. Acesso em: 13 maio 2015.
RESOLUÇÃO CNE/CEB 001, DE 03 DE ABRIL DE 2002, disponível em:
<http://www.indigena.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=46>.
131

EDUCAÇÃO DO CAMPO REALIDADE & QUALIDADE: ESCOLAS ANEXAS DO


“DISTRITO UNIÃO DO NORTE”

Valterlan Oliveira de Sousa32


Leonir Amantino Boff33

Resumo: Este trabalho tem o intuito de demonstrar a realidade em relação a qualidade da Educação do Campo em
algumas localidades da região Norte do Estado de Mato Grosso, especificamente do Distrito de União do Norte,
Município de Peixoto de Azevedo. O mesmo visa apresentar e confrontar as políticas educacionais para com a
realidade das Escolas do Campo na atualidade, além de identificar as principais dificuldades do trabalho docente.
Observando e analisando as políticas públicas destinadas aos povos da floresta especificamente aos agricultores
da região em estudo.

Introdução

O presente trabalho demonstra um pouco da realidade das entidades escolares situadas próximas e
relativamente distantes do distrito “União do Norte” pertencente ao município de Peixoto de Azevedo,
além de relatar a qualidade da educação do campo em algumas comunidades envolvida nesse processo
educativo.
Apresentarei as conclusões de algumas entrevistas e questionários feitos com profissionais da
educação, alunos e Pais, demonstrando as principais dificuldades encontradas para se ter uma educação
de qualidade e estruturada.
Demonstrarei também o descaso do poder público em relação às políticas educacionais voltadas para
o campo, através de apresentações e trabalhos educativos para as comunidades, demonstrando o que as
leis educacionais no âmbito federal, estadual e municipal citam e garantem perante decretos e leis
constitucionais.
Com a finalidade de despertar em cada membro das comunidades uma visão crítica e de pertença,
pois, muitos desconhecem seus direitos e a partir do momento que forem esclarecidos esses indivíduos
terão uma responsabilidade em suas consciências, pois, poderão ser omissos e viver sem criticar ou
reclamar o que lhes é de direito, ou “lutar” por seus direitos a fim de melhorar seus círculos de vida.
Ao observar os artigos citados na questão educação do Campo, na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional ( LDB) 5ª edição de 2010 art.28, pude analisar que as entidades rurais podem
adaptar os conteúdos e métodos de trabalhos para sua realidade a fim de promover o desenvolvimento
de sua clientela, tendo autonomia para preparar seu calendário tendo em vista um melhor rendimento
nas atividades educativas, sendo que este processo envolve todos os indivíduos da comunidade como:
Professores, pais e alunos.
Creio que é preciso aplicar os princípios que regem a educação do campo e dar suporte para que os
indivíduos possam permanecer em suas localidades mesmo ao findar o ensino médio ou até mesmo uma
faculdade, porém, isso deve ocorrer com qualidade, não simplesmente de maneira desordenada, a fim
de demonstrar que recursos estão sendo aplicados. Ou seja, investir o dinheiro público com qualidade e
transparência na Educação do Campo.
Uma parte dos profissionais da educação defendem a ideia de que quando os alunos estão mais
próximos de suas comunidades o vínculo entre Professores e Pais auxilia no desenvolvimento desses
alunos. Porém, há um consenso em relação a qualidade estrutural e a falta de recursos para os
profissionais que atuam no campo e um questionamento importante: Por que não levar uma “Escola” de
qualidade para as áreas rurais? Partindo deste questionamento podemos demonstrar o que alguns
especialistas em educação relatam sobre o assunto.

32
Autor, discente de 2014-2015.
33
Professor Orientador de trabalho final no Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas da/na Educação do
Campo, doutor em Educação pela UFRGS.
132

Em relação à educação do campo, podemos ressaltar que a concepção de educação que vem sendo
aplicada pela cultura dominante, não tem favorecido satisfatoriamente para combater o analfabetismo,
Aumentar o nível da escolaridade dos sujeitos, sua cultura e seu padrão de vida. Além da insatisfação,
decorrente da precariedade do ensino, que na maioria das vezes, nas regiões mais pobres do Brasil, são
oferecidas sem condições adequadas de oportunizar saberes e valores às crianças, adolescentes, os
jovens e adultos devido à falta de aplicação de recursos, investimentos dessa política pública. Isso
representa, sem dúvida, uma das maiores dívidas históricas para com as populações campesinas.

Parece-me que é urgente pesquisar as desigualdades históricas sofridas pelos povos


do campo. Desigualdades econômicas, sociais e para nós desigualdades educativas,
escolares. Sabemos como o pertencimento social, indígena, racial, do campo é
decisivo nessas históricas desigualdades. Há uma dívida histórica, mas há também
uma dívida de conhecimento dessa dívida histórica. E esse parece que seria um dos
pontos que demanda pesquisas. Pesquisar essa dívida histórica (ARROYO; 2006,
p.104).

Tendo em vista que a população campesina já acostumada com o descaso do poder público e alguns
segmentos da sociedade entendidos como dominantes, se submeteram com o que lhes eram propostos,
muitas vezes até pela falta de conhecimento ou costumes de submissão ocasionados pela história “Pião
e Coronel, cada um em seu lugar”.

Para os camponeses, a escola não tinha tanto significado, uma vez que, o aprendizado
da profissão tinha sido adquirido com os pais e não pela escola. De forma geral, a
escola era compreendida como lugar da "contra educação rural", pautada em apenas
instruir o homem do campo, para ler, escrever e contar. Essa ideia de instrução do
trabalhador nos remete a uma ideologia de que o sujeito da roça não precisa estudar,
pois, trabalhar com a enxada, por exemplo, requer apenas esforço físico, não precisaria
raciocinar refletir, questionar e sim, somente manusear os instrumentos e saber utilizar
a terra adequadamente (PASSADOR; 2006).

Podemos observar o fato relatado pela história de que o Homem do campo, é considerado pela
sociedade burguesa como um instrumento que pode ser manipulado em diversos processos incluído o
educativo.
Gonh (apud SOCORRO, 2015) ao analisar as distinções históricas entre os trabalhadores do campo,
percebe-se que a elite da sociedade tinha a concepção que os trabalhadores estavam acostumados com
o arado e a enxada, usavam somente as mãos e não a cabeça. Por isso, eram incapazes de pensar, de
governar suas vidas. Suas ações são desordeiras ameaçam a ordem. Por isso, eles não poderiam saber,
apenas precisam acreditar.
Uma expressão um pouco rudimentar, pois, as técnicas desenvolvidas no trabalho do campo, se
transformam com o aparecimento de novas tecnologias que são assimiladas pelas novas gerações
independentes do trabalhador do campo ter ou não domínio do mundo letrado.
Ao expor esse pensamento, Gonh nos confirma com exatidão a postura classista, elitista, dominante
de uma sociedade capitalista, burguesa, que desvaloriza e inferioriza o trabalho manual do camponês.
Subestima sua capacidade intelectual de pensar, explicitando a ideia de um homem que se assemelha a
uma máquina, um ser mecânico, ingênuo que não precisa saber, porque saber é poder, e poder não pode
ser dado ao trabalhador. Porque o trabalhador consciente, ameaça à ordem capitalista, o lócus principal
da desordem. (SOCORRO; 2015).

A escola não traz apenas as marcas das desigualdades de rendas, de condições, de


Fundeb, de Fundef, nem sequer das distâncias e da dispersão da população. A escola
do campo traz as marcas fundamentalmente dos sujeitos marcados pelas diferenças
convertidas em desigualdades. Essa vergonha da desigualdade baseada nas diferenças
sociais, raciais, étnicas, do campo acompanha toda nossa história da construção da
escola do campo. Sabemos que a modernidade não alterou as desigualdades, mas
aprofundou-as e está aprofundando-as. (ARROYO, 2006, p. 104).
133

Essa forma de educação e ideologização tem predominado e influenciado o pensamento humano há


muito tempo, firmando a soberania de um poder que se entende como dominante, ao “coibir” os menos
favorecidos, presentes em diferentes espaços no qual a escola, lugar do saber/conhecimento
sistematizado, é um destes.

Os diagnósticos da educação do campo têm apontado como principais questões: as


dificuldades de acesso dos professores e alunos às escolas, em razão da falta de um
sistema adequado de transporte escolar; a falta de professores habilitados e efetivados,
o que provoca constante rotatividade; currículo escolar que privilegia uma visão
urbana de educação e desenvolvimento; a ausência de assistência pedagógica e
supervisão escolar nas escolas rurais; o predomínio de classes multisseriadas com
educação de baixa qualidade; a falta de atualização das propostas pedagógicas das
escolas rurais; baixo desempenho escolar dos alunos e elevadas taxas de distorção
idade-série; baixos salários e sobrecarga de trabalho dos professores, quando
comparados com os dos que atuam na zona urbana; a necessidade de reavaliação das
políticas de nucleação das escolas; a implementação de calendário escolar adequado
às necessidades do meio rural, que se adapte à característica da clientela, em função
dos períodos de safra (INEP, 2007, p. 8-9).

Segundo consta o Grupo Permanente de Trabalho de Educação do campo (GPT/MEC). Para o Plano
Nacional de Educação, a Educação Pública de qualidade deve ser gratuita é abranger também o campo
que deve ser uma prioridade nacional. A mesma cita que:

Com relação à educação do campo, temos um instrumento legal importante: as


Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas Escolas do campo. No entanto,
como referente a tantas outras normas, após a sua aprovação, nos defrontamos com o
desafio de fiscalizar a sua aplicação, para que possa efetivamente contribuir com
mudanças na realidade educacional tão diversa do campo brasileiro. É com esse
intuito que percebemos a necessidade de novas práticas e ideias educativas, que
respeitem as diferenças culturais, étnicas, de geração e de local (GPT/MEC; 2004).

Analisando esse estudo pude refletir o quanto somos despreparados em relação às leis que regem e
amparam o sistema educacional, muitas das vezes nos preocupamos em aplicações de conteúdos e nos
desprendemos das principais formas de organização que regem a educação, deixando de lembrar a
importância de nossa participação referente às políticas e reformulações no processo de ensino
aprendizagem, onde também fazemos parte da criação desses processos.
Ao desenvolver a pesquisa de campo foi constatado que as principais dificuldades encontradas no
âmbito educacional na região em estudo são: Baixa qualidade no Transporte escolar, estradas e pontes
precárias e falta de estrutura física em algumas entidades de ensino. Relacionado ao que diz respeito a
qualidade de ensino, o grande anseio de educandos e profissionais da educação ainda é a falta de recursos
básicos como: Laboratórios de informática, com acesso a internet, quadras poliesportivas, e em alguns
casos, foram citados a presença de profissionais adequados para cada área do conhecimento, tendo em
vista que no processo multisseriado, ainda existente na região, o professor fica sobre carregado de
conteúdos. A falta de orientação pedagógica faz com que mesmo com muito esforço, o profissional não
consegue desenvolver um bom trabalho, além de outros fatores como por exemplo, a formação de
profissionais da Educação do Campo.
Observou-se que grande parte dos profissionais em atividade que conseguiram uma formação a nível
superior, aproximadamente 90% dos mesmos concluíram seus estudos em entidades particulares, pois,
não havia instituições públicas na região que apresentassem uma proposta de formação que
contemplasse e adequasse a realidade dos profissionais do campo. Até mesmo nos dias atuais e com os
cursos online que estão sendo disponibilizados pelas entidades públicas, muitas vezes pelo “isolamento”
e falta de comunicação por parte da Secretaria de Educação, alguns profissionais deixam de participar
de cursos de formações. Sem deixar de citar que há uma necessidade de profissionais do campo com
efetividade, para que os mesmos possam ter garantias e direitos previstos em Leis.
Já em relação a locomoção ou distribuição dos alunos da região em estudo, a opinião dos professores
e gestores de redes distintas de ensino, há uma divergência, pois, certos profissionais acreditam que
134

trazendo os alunos da área rural para as localidades com mais recursos o ensino/aprendizagem desses
alunos se tornaria mais fácil, devido ao acesso a meios (recursos) que não existem na zona rural. Foram
citados como exemplo melhor estrutura física, salas de recursos e profissionais qualificados. Gostaria
de deixar bem claro que minha opinião é a mesma da citação anterior “Escola do campo com qualidade”
em todos os sentidos.
Os dados adquiridos por essa pesquisa foram coletados através de questionários distribuídos por
escolas da região, entrevistas com alguns profissionais da educação e Pais de alunos dos Projetos de
Assentamentos (P.A).
Entidades escolares pesquisadas: Escola Santos Dumont (P.A. Cachimbo I); Escola Nossa Senhora
da Paciência (P.A Cachimbo II); Escola São Luis (P.A Cachimbo II); Escola Dom Beijamim
(Comunidade Jarinã); Escola Vida Nova I (P.A. Vida Nova I); Escola Elza Koller (Gleba União tr:03);
e Escola Antônio Soares (P.A. Antonio Sares).
Algumas das partes desse trabalho foram indagadas a partir da visão do pesquisador e dos
documentos Constitucionais que proporcionaram alguns argumentos neste diálogo. Observou-se várias
formas de descaso do poder público em relação as políticas educacionais voltadas para o campo,
compreendê-las como um direito que historicamente vem sendo negligenciada no conjunto das políticas
públicas da educação brasileira, em quanto cidadãos, creio que devemos demonstrar aos indivíduos da
sociedade que temos muitos direitos ocultos e por parte de “nossos governantes” permaneceram em
estado de inércia. Esses direitos devem ser mais explícitos em ações efetivamente concretas pelo
conjunto das organizações sociais e governamentais para que, as populações do campo possam ter
melhores condições de estudar, se manter na terra, devendo para tanto potencializar e investir na
qualidade da educação, ofertada às populações do campo.
Ao concluir esse trabalho de pesquisa, tive a impressão que as escolas do campo merecem uma maior
atenção por parte das políticas da educação, digo isso em relação a fiscalização das verbas destinadas a
educação do campo, pois, em pleno século XXI não é admissível que um estado tão rico quanto Mato
Grosso-MT ainda existam escolas de “pau a pique”; profissionais sem qualificação básica, enfim. Tendo
em vista que o Governo federal encaminha verbas para os devidos fins, onde as mesmas não chegam ao
seu destino, cabe as autoridades competentes e a sociedade cobrar nossos direitos, as melhorias e
igualdades previstas em Leis.

Referências

ARROYO, Miguel Gonzáles. A escola do campo e a pesquisa do campo: metas. In. MOLINA, Mônica
Castagna. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Educação do Campo e Pesquisa: questões
para reflexão. – Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2006. p. 104.
DECRETO Nº 7.352 de 04 de Novembro de 2010; Brasília, 4 de novembro de 2010; 189o da
Independência e 122o da República.
Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo Instituído pela Portaria nº 1.374, de 03 de
junho de 2003, alterada pela Portaria nº 2.895, de 16 de setembro de 2004, publicado no DOU de 20
de setembro de 2004. (GPT/MEC).
INEP. Panorama da Educação do Campo. Brasília: INEP, 2007. 44p. Disponível em:
<http://www.red-ler.org/panorama-educacao-campo.pdf>. Acesso em: 23/2/2012.
LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 5ª edição de 2010 art.28.
PASSADOR, Claudia Souza. A educação rural no Brasil: o caso da escola do campo do Paraná. São
Paulo: Annablume, 2006.
SOCORRO, Maria dias Pinheiro. A concepção de educação do campo no cenário das políticas
públicas da sociedade brasileira. Disponível em: <http:// www.monografias.com>. Acesso em 16
Abr. 2015.

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