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Mãe Terra

Executivo retira
próprio projeto
do Congresso e
pode editar MP

Por Maurício Hashizume – Carta Maior

02/01/2006 00:00

Brasília – A “ponte” formada pela fileira de


pneus descartados no Reino Unido durante um
único ano seria suficiente para ligar Londres a
Sydney, na Austrália. O dado da agência
ambiental do governo britânico dá concretude
ao tamanho do imbróglio relacionado à
importação de pneus usados, importante item
na agenda ambiental brasileira para o alvorecer
de 2006.

Em 14 de dezembro de 2005, o Palácio do


Planalto enviou mensagem ao Congresso
Nacional pedindo a retirada do projeto de lei
6136/2005, de autoria do próprio Poder
Executivo, que determinava a proibição de
importação de pneus usados, incluídos os
reformados e inservíveis, e a instituição do
Sistema de Gestão Ambientalmente Sustentável
de Pneus (SGASP).

Logo que chegou ao Parlamento em outubro de


2005, a proposta recebeu o carimbo do regime
de urgência e foi apensada a um conjunto de
mais de cem projetos da área de resíduos
sólidos. “Houve um equívoco no
encaminhamento da matéria. Todo projeto do
Executivo começa a sua tramitação pela
Câmara. [A proposição] Não poderia ter sido
apensada a um conjunto que já havia sido
aprovado no Senado”, opina o deputado
Luciano Zica (PT-SP), defensor do conteúdo da
peça temporariamente descartada. “Mas diante
do apensamento, a retirada foi necessária”.

Uma das saídas apontadas por Zica seria a


edição de uma medida provisória (MP), a
despeito do desgaste intrínseco que iniciativas
de tal natureza geram para o governo. A
urgência poderia ser justificada pela existência
de contencioso envolvendo a União Européia
(UE) e o Brasil na Organização Mundial do
Comércio (OMC). “Na minha opinião, há
condições políticas, sim, de aprovar uma MP
com base nesses termos”, projeta o petista,
apostando na consciência dos pares.

De acordo com Victor Zveibil, secretário de


Qualidade Ambiental nos Assentamentos
Humanos do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), a decisão de retirar o projeto dos pneus
foi tomada para também evitar futuras
complicações no que se refere à proposta mais
geral sobre políticas de resíduos sólidos, que
está sendo finalizada na Casa Civil. Existe até
uma comissão especial já instalada no
Congresso desde agosto passado para analisar
a questão e inclusive já foi até negociado um
planejamento de audiências públicas com o
relator designado, deputado Ivo José (PT-MG).

Também tramita no Senado outro projeto do


senador Flávio Arns (PT-PR), que vai de
encontro à proibição e atende aos interesses da
indústria abastecida pelos pneus usados que
vêm do exterior. Entretanto, o tema ficou de
fora da pauta da convocação extraordinária.
“Temos que aproveitar esse tempo. A
sociedade brasileira precisa se mobilizar
porque é grande o poderio econômico daqueles
que apóiam a liberação”, convoca Zveibil. “A
possibilidade de edição de uma medida
provisória existe. Não é a saída mais adequada,
mas pode acabar sendo utilizada. Seria muito
melhor que houvesse um debate mais amplo e
aprofundado sobre a questão”. Ainda em
janeiro, o governo deve redefinir a estratégia
para tratar esse tema. No mesmo mês, a
política nacional de saneamento básico, que
tem ligação com a política de resíduos sólidos,
estará sendo discutida no Congresso.

Convenção da Basiléia

A proibição da entrada de pneus usados no


Brasil vem sendo sustentada por portarias e
decretos, mas não possui status de lei. Tal
brecha permite que autorizações sejam
concedidas aos importadores por meio de
liminares da Justiça.

No plano internacional, o governo brasileiro


preferiu não lançar mão, em 2002, de
fundamentações de caráter ambiental previstos
pela Convenção da Basiléia para o Controle dos
Movimentos Transfronteiriços de Resíduos
Perigosos e sua Disposição, assinada em 1988,
e acabou sendo derrotado no Tribunal Arbitral
do Mercosul pelo Uruguai, que concentrou seu
pedido de abertura do mercado em
argumentações econômicas. A Argentina se
valeu de explicações do lado da saúde e do
meio ambiente na mesma corte e não foi
obrigada a autorizar a entrada de pneus usados
de outros países.

Os participantes da II Conferência Nacional de


Meio Ambiente (CNMA), ocorrida em Brasília no
mês passado, reiteraram posição contrária à
importação de pneus usados. “Se o mundo está
colocando em xeque o atual modelo de
desenvolvimento, por que precisamos nadar
contra a corrente e aceitar a entrada de lixo dos
países desenvolvidos?”, questiona o secretário
de Qualidade Ambiental do MMA. “Por que a
União Européia não pode reutilizar ela própria
os pneus que produz? Porque é lixo”. A partir de
julho de 2006, esse material não poderá mais
ser depositado em aterros sanitários dos países
que fazem parte da União Européia.

Os pneus são de difícil decomposição na


natureza. Podem provocar sérios danos ao
homem e ao meio ambiente. Queimados,
liberam substâncias tóxicas e cancerígenas,
que contribuem inclusive para a destruição da
camada de ozônio e para o conseqüente
agravamento do efeito estufa. Jogados em
cursos d´água, obstruem canais e impedem
fluxos, o que pode facilitar alagamentos.
Abandonados ao ar livre, constituem grave
ameaça à saúde pública devido à sua relação
direta com a propagação de doenças (como
dengue e febre amarela), em especial no meio
tropical. Por fim, a viabilização da técnica de
picotagem de pneus para a produção de asfalto
está longe de ser uma realidade, principalmente
por causa da frágil política de coleta das
carcaças.

Cerca de um bilhão de pneus chega ao fim da


vida útil a cada ano no mundo. Desse montante,
estima-se que Estados Unidos (270 milhões) e a
Europa (250 milhões) sejam responsáveis por
mais da metade do montante descartado. Mais
de 100 mil toneladas de pneus usados –
incluindo recapados, recauchutados,
remoldados e inservíveis -foram importadas
pelo Brasil de 1989 até 2004. Estudo do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da
Universidade de São Paulo (USP) aponta que
mais de 10 dos 22 milhões de pneus
anualmente trocados no Brasil poderiam ser, de
alguma forma, reutilizados.

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