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INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA

MINISTRO PLÁCIDO CASTELO


Curso Controle Externo: Aspectos Relevantes ao Exercício do Controle
Instrutor: Prof. Ms. Felipe Jorge Ferreira Koury

CURSO CONTROLE EXTERNO: ASPECTOS RELEVANTES AO


EXERCÍCIO DO CONTROLE

MÓDULO III

INSTITUTO ESCOLA SUPERIOR DE CONTAS E GESTÃO PÚBLICA


MINISTRO PLÁCIDO CASTELO
(Proibida a reprodução total ou parcial sem citar a fonte)
Olá pessoal, tudo bem?!

Estamos iniciando nossa última aula. Porém, antes de entrarmos na teoria, irei comentar
brevemente as questões da aula passada.

Vamos nessa!!!

Exercícios de Fixação
1. Se o governo brasileiro decidir que a PETROBRAS formará com a Bolívia uma empresa
binacional de exploração de petróleo, caberá ao TCU fiscalizar as contas nacionais dessa nova
empresa.

Resposta: Correto. O TCU deverá fiscalizar o valor que o Governo brasileiro está investindo nessa
nova empresa, porém não é da sua competência auditar os valores aplicados pelo Governo
Boliviano. Um exemplo nos ajudará a visualizar:
Caso o Governo Boliviano investisse 8 Bilhões na PETROBAS e o Brasileiro apenas 2 B, caberia
ao TCU auditar apenas o que o Brasil investiu nessa empresa binacional, que no caso seria 2
Bilhões.

2. Compete aos Tribunais de Contas dos Estados examinar as contas da Assembleia


Legislativa e do Poder Judiciário dos seus respectivos estado.

Resposta: Correto. Os Tribunais de Contas do Estado verifica se houve boa e regular aplicação dos
recursos estaduais por qualquer pessoa física ou jurídica. Lembre-se que devemos identificar se a
origem do recurso é estadual, e não quem está aplicando.

3. É correto afirmar que os Tribunais de Contas são órgãos colegiados.

Resposta: Correto. Nos estados eles são integrados por sete Conselheiros, já na União são nove
Ministros.

4. Os Tribunais de Contas fiscalizam apenas o aspecto da legalidade dos seus jurisdicionados.

Resposta: Errado. Já faz algum tempo que é bastante comum os Tribunais de Contas verificarem os
aspectos da eficiência das ações do Governo, não mais se restringindo aos aspectos da legalidade.

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5. No Brasil, a titularidade do Controle Externo pertence ao Tribunal de Contas da União.

Resposta: Errado. O Tribunal de Contas possui competências privativas de Controle Externo,


porém a titularidade pertence ao Poder Legislativo, Congresso Nacional na União, Assembleia
Legislativa nos Estados e Câmaras dos Vereadores nos Municípios.

6. Cabe ao TCU julgar as contas do Presidente da República.

Resposta: Errado. O Tribunal de Contas da União emite um parecer prévio, que será enviado ao
Congresso Nacional, para que seja realizado o julgamento das contas do Presidente da República.
Apenas para complementar a informação, os Tribunais de Contas têm 60 dias para emitir o parecer
prévio, mas o Poder Legislativo não possui prazo para realizar o julgamento.

7. O TCU registrará o ato de aposentadoria de funcionário do INSS, que é regido pela CLT.

Resposta: Errado. Considero esta uma difícil questão. O TCU registrará o ato de todas as
nomeações que ocorrerem, exceto as decorrentes de cargos comissionados. Com relação às
aposentadorias, os Tribunais de Contas devem registrar as relativas aos servidores estatutários.
Apenas para facilitar o entendimento, no serviço público há pessoas regidas pela CLT (que
contribuem para o INSS, recolhem FGTS, etc.), que se aposentarão como todos os empregados da
iniciativa privada. Para esses, o TCU não registrará o ato de aposentadoria.

8. Por força constitucional, cada município brasileiro pode instituir um Tribunal de Contas
Municipal.

Resposta: Errado. No Brasil há 2 Tribunais de Contas Municipais que foram criados antes da CF
de 1988. A partir dessa data, a própria Constituição vedou a criação de novos Tribunais de Contas
municipal.

9. Caso algum TCE entenda ser necessário trabalhar com nove Conselheiros por conta da
grande demanda de trabalho, ele poderá seguir esse caminho, pois o próprio TCU possui nove
ministros.

Resposta: Errado. A Constituição Federal estabeleceu que apenas o TCU possui nove ministros,
todos os demais Tribunais de Contas serão integrados por sete Conselheiros. Jamais esse número, de

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sete, poderá ser extrapolado, todavia o que poderá, eventualmente, ocorrer é um tribunal ter menos
de sete Conselheiros. Poderá um Conselheiro aposentar-se, logo determinado TCE ficará com seis
Conselheiros até que outro seja nomeado pelo Chefe do Poder Executivo (Governador do Estado).
Nesse caso, até ser nomeado um novo Conselheiro, o Conselheiro-Substituto assumirá o “cargo”
enquanto ele estiver vago.

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A partir de agora veremos temas bastante relevantes que estão “espalhados” na legislação
dos Tribunais de Contas, especialmente nas Leis Orgânicas e nos Regimentos Internos. Não
utilizaremos a mesma metodologia da unidade II, onde era exposto o dispositivo Constitucional
com o seu respectivo comentário. Caso optássemos por esse caminho, não seria muito didático, uma
vez que há vários artigos tratando de cada assunto, o material ficaria muito longo e pouco
produtivo.

Seguem os assuntos que serão abordados hoje:


– Organização TCE;
– Instrumentos de Fiscalização;
– Julgamento das Contas;
– Tomada de Contas Especial;
– Recursos;

1. ORGANIZAÇÃO TCE-CE / TCU

Assim como nos demais capítulos, sempre citaremos o TCU, pois usualmente os demais
Tribunais de Contas utilizam-no como modelo. Também será mencionada a forma que o TCE-CE
trabalha, pois ele está no escopo do curso.

O TCE-CE possui a seguinte estrutura: Pleno, 1ª Câmara, 2ª Câmara e os seus Serviços


auxiliares. Abaixo falaremos de aspectos importantes desses órgãos.

O PLENO é a instância máxima do Tribunal de Contas, e cabe a ele tomar as principais


decisões do órgão, como apreciar as contas do Governador, aprovar as suas instruções normativas,
decidir sobre a adoção de medidas cautelares, apreciar os possíveis incidentes sobre o controle de
constitucionalidade, etc.

Todos os Conselheiros integram o Pleno, que é Presidido pelo presidente da casa. Atua junto
a esse colegiado, o Procurador-Geral do Ministério Público de Contas.

O Pleno do TCE-CE tem suas sessões realizadas às terças (15 horas), enquanto o do TCU às
quartas-feiras (14:30 horas).

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Atualmente, existem duas câmaras no TCE-CE, cada uma delas é composta por 3
Conselheiros. Assim como no TCE, o TCU também possui duas câmaras, porém cada uma delas
tem quatro Ministros. Reparem que ficou faltando 1 Conselheiro, por quê? O Presidente da Corte
apenas faz parte do plenário, não pertencendo a nenhuma das duas câmaras.

Uma curiosidade: caso haja empate na votação de processo em qualquer das câmaras, o processo
será deslocado para o Plenário apreciá-lo.

Falaremos um pouco sobre o Presidente do TCE-CE e do TCU. O Presidente do TCU é eleito para
mandato correspondente a um ano civil, permitida a reeleição apenas por um período de igual
duração. Já o do TCE-CE é eleito para o período de dois anos, também sendo permitida uma
recondução.

Mas quem escolhe o presidente?

São seus pares (os demais Conselheiros nos TCE ou Ministros no TCU), apenas esses votam
na eleição para presidente.

Dentre as suas principais competências estão:


 Efetuar a posse dos Conselheiros e dos Conselheiros substitutos. Importante destacar que
o Presidente não realiza a nomeação, pois o Chefe do Poder Executivo é que possui
competência para nomeá-los;
 presidir as sessões plenárias (sessões do pleno);
 convocar sessão extraordinária;
 proferir voto de desempate em processos apreciados pelo Pleno. “Reparem” que o
Presidente vota no caso de empate, “voto de minerva”.

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2. INSTRUMENTOS DE FISCALIZAÇÃO

Os Tribunais de Contas desempenham suas atividades, de fiscalização, utilizando vários


diferentes instrumentos. Cada um deles é utilizado para objetivos diferentes, conforme veremos
neste item. Aqui também utilizaremos a legislação do TCU como guia, uma vez que ela, em regra,
serve de referência para os demais Tribunais de Contas no Brasil. Em outras Cortes de Contas, a
nomenclatura dos instrumentos que estudaremos poderá variar um pouco, por isso temos que ficar
atentos para não nos atrapalharmos.

Levantamento, Auditoria, Inspeção, Acompanhamento e Monitoramento são as formas


que os Tribunais de Contas realizam a fiscalização do gasto público. Conforme já falamos na Aula
01, as fiscalizações podem ser realizadas por iniciativa própria ou por provocação de outro
órgão/entidade (ex: Poder Legislativo).

Quando os Técnicos dos Tribunais de Contas estão realizando qualquer fiscalização, podem
requisitar quaisquer documentos do fiscalizado, que devem entregá-los prontamente. Essa
competência de requisitar informações foi bastante ampliada, pois a Lei de Acesso à Informação
dispõe que qualquer cidadão tem o direito de solicitar informações públicas, ressalvadas as
exceções criadas pela própria lei (que são muito poucas). Com isso, amigos, é dever de qualquer
órgão público apresentar as informações solicitadas pelo “cidadão comum” e também pelos
Tribunais de Contas.
Que tal falarmos um pouco desses cinco instrumentos?

Levantamento
É utilizado pelo Tribunal para conhecer melhor o órgão que será auditado no futuro. Ele é
muito importante, pois a equipe passa a conhecer melhor a instituição, e saberá quais são suas
fragilidades e seus pontos fortes. Muitos Tribunais de Contas realizam o Levantamento em uma fase
preliminar da auditoria.

Auditoria
A Auditoria verifica a legalidade dos atos praticados pelos jurisdicionados, bem como o seu
desempenho. O foco dos órgãos de controle era essencialmente na legalidade dos atos (Auditoria de
Conformidade), onde se verificava se todos os atos estavam seguindo as legislações. Caso o gestor
respeitasse as leis, estaria tudo perfeito para o Controle Interno e Externo.

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Porém, de alguns anos para cá, o foco nas Auditorias Operacionais tem crescido bastante.
Nesse tipo de auditoria, verifica-se não apenas a legalidade, mas principalmente se o objetivo da
ação do governo foi alcançada.

Como sempre digo, nada melhor que um exemplo para esclarecer o que foi dito:
Suponha que o Governo do Estado fez uma campanha para o combate a dengue. Gastou
todo o recurso alocado para a campanha de forma correta, seguindo o que as leis exigem,
mas a Dengue aumentou 200% nesse período.

Uma Auditoria de conformidade verificaria se os gastos seguiram o que a lei determina. Já a


Auditoria Operacional analisaria se as metas do programa foram atingidas, se houve
economicidade dos gastos (gastou bem os recursos), se o programa foi eficiente (atingiu os
objetivos ao menor custo possível). No nosso exemplo, a auditoria operacional evidenciaria
os possíveis problemas do não alcance das metas, e o porquê do incremento dos casos de
dengue.

Acompanhamento

É utilizado para o Tribunal examinar, ao longo de um período de tempo, a legalidade e


legitimidade dos atos praticados pelos gestores públicos, bem como o desempenho dos órgãos de
sua jurisdição.

Para exemplificar, a leitura rotineira do diário oficial para ter conhecimento dos atos de
certos órgãos é um exemplo claro de acompanhamento.

Monitoramento

É utilizado para verificar se as determinações realizadas pelo Tribunal estão sendo seguidas.
É comum os Tribunais de Contas realizarem determinações para seus jurisdicionados, e tais
determinações são vinculantes. O monitoramento é para certificar-se que elas estão sendo seguidas.

Inspeção
A inspeção serve para o Tribunal esclarecer eventuais dúvidas. Usualmente, após o
Planejamento do que a equipe técnica fará, há a inspeção, que é uma visita ao órgão para que sejam
desfeitas algumas dúvidas, pois os técnicos do Tribunal não possuem todas as informações

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necessárias para realização do seu trabalho. O objetivo da inspeção é justamente minimizar essa
ausência de informações, pois como eles ficam alguns dias “dentro” da instituição, eles coletam os
dados necessários para desempenharem suas atividades.

3. JULGAMENTO DAS CONTAS

O julgamento das contas é uma das atividades mais conhecidas dos Tribunais de Contas.
Nele, o TC decidirá sobre a legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão praticados
pelo Gestor e das despesas deles decorrentes.

Deve-se ficar claro que o julgamento, que estamos aqui tratando, refere-se a todo exercício
financeiro, ou seja: são todas as despesas realizadas durante 01 ano. Ex: Quando ouvimos que
determinado TC julgou regular as Contas de 2013 de determinado secretário, temos que entender
que foi a conta de determinado período. Pode ser que esse mesmo secretário tenha tido suas contas
de 2012 julgadas irregulares. Ou seja, os julgamentos devem ficar restritos aos fatos executados em
determinado período.

Há três tipos de julgamentos das contas:


- Regular;
- Regular com ressalva;
- Irregular.

As contas serão julgadas regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva, a


exatidão dos demonstrativos contábeis, a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos de
gestão do responsável. Serão julgadas regulares com ressalva quando evidenciarem impropriedade
ou qualquer outra falta de natureza formal de que não resulte dano ao Erário.

Por fim, serão irregulares quando constatarem qualquer dos seguintes casos:
• omissão no dever de prestar contas;

• prática de atos de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico;

• dano ao erário decorrente de atos de gestão ilegítimo ou antieconômico;

• desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos.


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Perceberam que os tipos de julgamento possuem uma gradação? Quando não foi encontrado
nenhum problema, temos a regularidade das contas. Para problemas “pequenos”, que não maculam
a gestão, temos as regulares com ressalva. Já para as irregulares foram problemas graves, conforme
elencados no parágrafo acima.

O que vem a ser dano ao erário?


É o prejuízo aos cofres públicos!!!

Para concluirmos o presente item, iremos comentar a consequência de cada um dos tipos de
julgamento acima citados.

Quando ocorre o julgamento pela regularidade das contas, o Tribunal de Contas dará
quitação plena ao responsável. Tal quitação indica que ele “passou com louvor” na análise
realizada pelo TCE ou TCU. Não foi identificado nenhum problema nas suas contas.

Já no julgamento pela regularidade com ressalvas, o TC dará a quitação ao responsável e


lhe será determinado (ou recomendado) a adoção de algumas medidas necessárias à correção das
faltas identificadas. Temos que nos lembrar, que essas falhas não geraram prejuízo ao erário, pois
são falhas de natureza formal.

Com o julgamento pela irregularidade das contas, o TC definirá a responsabilidade pela


prática do ato de gestão irregular. Caso tenha ocorrido dano ao erário, o TC determinará que o
responsável pague a dívida (chamamos de imputar o débito), além de poder aplicar-lhe uma multa.
Além disso, o gestor com as contas julgadas irregulares poderá tornar-se inelegível, pois
periodicamente as Cortes de Contas encaminham relação dos gestores com contas reprovadas para a
justiça eleitoral.

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4. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL
Antes de apresentar algumas definições de TCE, apresentarei (novamente) alguns
dispositivos legais que tratam do tema:

Constituição Federal
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, sera exercido com o auxilio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
(...)
II- julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo poder publico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário publico.

A parte destacada acima é analisada e julgada pelos Tribunais de Contas,


principalmente, em processo de TCE.

O artigo 8º, abaixo transcrito, é justamente a definição de TCE trazida pela Lei Orgânica
do TCE-CE. Ainda nessa aula iremos interpretar detalhadamente o que esse texto dispôs.

LOTCE
Art. 8º. Diante da omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos
recursos repassados pelo Estado, na forma prevista no inciso VII do art. 5º desta Lei, da ocorrência
de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, da prática de qualquer ato
ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário, a autoridade administrativa
competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências
com vistas à instauração da TCE para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e
quantificação do dano.

Também é importante trazer a definição dada pelo Jacoby Fernandes no seu livro sobre
a matéria:
Tomada de Contas Especial e um processo de natureza administrativa que visa
apurar responsabilidade por omissão ou irregularidade no dever de prestar contas
ou por dano causado ao erário.

Objetivos da TCE
Analisando as definições apresentadas, especialmente a da LOTCE, podemos constatar
que a TCE tem como objetivos:
• fazer a apuração dos fatos;
• identificar os responsáveis pelo dano ao erário; e
• quantificar o valor do dano causado;

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Mas em essência o que a TCE busca é obter o ressarcimento do dano causado. Os três
primeiros objetivos são importantíssimos, pois com eles saberemos: qual conduta gerou o dano
(apuração dos fatos); o valor a ser cobrado pelo dano causado (quantificar o valor); e de quem deve
ser cobrado esse valor (responsável). Com esses três elementos identificados, pode-se tentar obter o
devido ressarcimento.

A tomada de contas especial deverá identificar os objetivos acima citados. Caso o pro-
cesso responda a esses três questionamentos, o Tribunal de Contas realizará o julgamento desse Pro-
cesso. Percebemos que o seu maior objetivo é apurar a responsabilidade de quem causou o dano e
fazer que ele pague pelo mesmo. Assim, o Estado não ficaria no prejuízo!!!

Motivam a sua Instauração

Ainda verificando o mesmo art. 8º, percebe-se que os fatos que ensejam a instauração
da TCE estão explícitos, são eles:
• omissão no dever de prestar contas;
• não-comprovação de recursos repassados pelo Estado;
• desfalque de recursos públicos; e
• prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico que resulte dano ao Erário;
Sempre que houver qualquer um desses fatos, a autoridade competente (veremos mais a
frente quem são) deverá instaurar a TCE, sob pena de responsabilidade solidária.

Caso a autoridade administrativa tenha conhecimento do fato e nada faça, poderá ser
responsabilizada solidariamente pelo dano. Isso é sério pessoal!!! Ela também poderá ser cobrada
pelo prejuízo causado.

Sempre gosto de apresentar um exemplo para fixarmos melhor:

O Secretário assinou um Convênio com uma OS (organização social) e repassou o


valor de R$ 40 mil. Ocorre que nunca essa OS prestou contas dos recursos
recebidos. O Secretário deveria ter cobrado a prestação de contas, e caso não
obtivesse sucesso, deveria ter instaurado a TCE, mas infelizmente não fez nada
disso, permanecendo omisso durante todo tempo.

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Caso o Tribunal de Contas identifique esse fato, poderá após o julgamento da TCE
entender que tanto o dirigente da OS quanto o Secretário de Estado devem efetuar
o pagamento dos R$ 40 mil.

Nesse caso, o Secretário também seria responsabilizado pela sua omissão em


apurar o dano ocorrido, tornando-se portanto responsável solidário.

Vamos falar um pouco sobre cada um dos fatos que ensejam a instauração de TCE?

(a) É obrigação constitucional o dever de prestar contas. Isso é até evidente, pois se os
recursos são públicos, é fundamental a prestação de contas pelo responsável pela sua utilização.
Portanto, a sua omissão é uma irregularidade grave e enseja a instauração da TCE. Além disso,
poderá haver consequências como crime de responsabilidade (para os agentes políticos) e crime de
improbidade administrativa (para todos os demais que administrem recursos públicos).

Atenção: O Tribunal de Contas apenas julgará a TCE, quem decidirá se a omissão de


prestar de contas também seria crimes de responsabilidade ou de improbidade administrativa seria o
Poder Judiciário.

Importante: A ausência de prestação de contas é um dano presumido e o gestor omisso


será responsabilizado pelo valor total dos recursos que não prestou contas.

(b) A não comprovação dos recursos repassados pelo Estado ocorre quando existiu a
apresentação formal da prestação de contas, mas os seus documentos não são suficientes para
demonstrar a sua aplicação na finalidade planejada.

Um exemplo para visualizarmos tal situação:


• houve o repasse de R$ 20 mil, por convênio, para a construção de 10 cisternas. Na
prestação de contas comprova-se a conclusão de 8 cisternas. Tal fato enseja a
rejeição parcial das contas. Caso nenhuma cisterna fosse concluída haveria a rejeição
total das contas.

(c) O desfalque de recursos públicos ocorre, por exemplo, com o desaparecimento


de bens patrimoniais (computador, impressoras); com a utilização de bens públicos em benefício
próprio (pessoal).

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(d) a prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico que resulte dano ao Erário
engloba qualquer fato não especificado nas hipóteses anteriores. Seria o caso, por exemplo, da
celebração de contrato desvantajoso (superfaturado).

Mais uma vez, apenas deve-se instaurar TCE se houver DANO AO ERÁRIO. Mas e se
determinado gestor cometer uma prática ilegal, não se deve fazer nada?

Calma pessoal. Caso um Administrador Público compre computadores, pelo preço de


mercado, sem realizar licitação, deverá o Tribunal de Contas apurar tal fato em outra espécie
processual (representação, inspeção, etc), mas jamais em TCE.

Já se esses computadores fossem comprados por valor acima do mercado, ai sim!! Seria
caso de instaurar a TCE.

(e) além dessas 04 hipóteses previstas no caput do art. 8º da LOTCE, há algumas outras
como:
• conversão de processo em TCE (esse item é detalhado em uma aula específica do
Curso de TCE, também existente na grade do IPC); e
• por determinação do Tribunal de Contas (art. 8, §2º). Nesse caso o Tribunal
identificou que houve um dano ao erário mas a TCE não foi instaurada pelo órgão ou
entidade, por isso determina que seja instaurada a Tomada de Contas especial em no
máximo “x” dias.

Para concluir este item, é importante ficar claro que a TCE é uma espécie processual que
serve para apurar dano ao erário, independentemente do assunto relacionado. Ou seja, pode haver
instauração desse processo para verificar dano causado em convênio, contrato, licitação, atividades
desempenhadas por servidores públicos, etc. Onde houve dano, haverá (em regra) uma TCE
apurando os fatos.

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5. RECURSOS (DIREITO DE DEFESA)

No presente item trataremos dos cinco recursos existentes no TCU, pois todos os demais
Tribunais de Contas utilizam pelo menos algum deles, não necessariamente todos.

O que vem a ser esse negócio de recurso? Ora amigos, todos que já estudaram um pouco de
Direito (objeto de estudo) sabem que é um direito (prerrogativa) de todos o princípio do
contraditório e da ampla defesa. Esses dois princípios estão expressos na Constituição Federal, e são
garantias essenciais dos cidadãos.

E o que isso tem a ver com nosso item de estudo?

Os recursos estão diretamente ligados a tais princípios da CF/88, pois caso qualquer um de
nós tenhamos algum julgamento realizado pelos Tribunais de Contas, e não concordemos com ele,
poderemos ingressar no mesmo órgão para tentar alterar a sua decisão. Reparem que o recurso deve
ser impetrado no próprio Tribunal de Contas, que fará nova análise dos fatos para se posicionar
novamente.

E se o resultado do recurso for o mesmo, ainda assim posso recorrer?


Regra geral, não cabe mais reclamação (recurso) ao Tribunal de Contas, mas nada impede
que ingressemos no Judiciário para anular a decisão dos TCs. Mas que fique bem claro, esse
ingresso no Judiciário não tem qualquer relacionamento com os recursos que estudaremos agora,
pois esse Poder não tem competência para alterar a decisão do TCE, ele tem competência para
anulá-la, desde que tenha havido algum vício (desrespeito ao devido processo legal) cometido pela
Corte de Contas.

Feita essa pequena introdução, vamos aos recursos existentes no TCU com um pequeno
detalhamento de cada um, para que todos sejamos capazes de diferenciá-los.

Cabem os seguintes recursos nos processos do TCU:


- recurso de reconsideração;
- recurso de reexame;
- recurso de revisão;
- embargos de declaração; e
- agravo.

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O recurso de reconsideração é cabível contra decisão definitiva em processos de contas. O
prazo para interposição do mesmo é de 15 dias da comunicação do responsável. No caso do TCE-
CE esse prazo é de 30 dias. Este recurso possui efeito suspensivo e será analisado pelo colegiado
que proferiu a decisão. Para esse recurso, é obrigatório ouvir o Ministério Público Especial do
Tribunal.

Alguns comentários: O presente recurso apenas é utilizado em processo de contas


(julgamento das contas de gestão, tomada de contas especial), não sendo cabível em auditorias, por
exemplo. Quem o aprecia é o mesmo colegiado que proferiu a decisão “principal”. Caso tenha sido
o Pleno que julgou a Conta, os eventuais recursos de reconsideração também serão analisados por
ele.
O efeito suspensivo é quando se “congela” os efeitos da decisão principal até o julgamento
do recurso, vamos tentar explicar com um exemplo:

Caso o Secretário da SEFAZ de determinado estado tenha suas contas julgadas irregulares
pelo TCE, tendo que devolver R$ 100 mil ao Estado. Insatisfeito, o Sr. Secretário entra com o
recurso de reconsideração. O efeito desse julgamento (devolver R$ 100 mil) ficará congelado
(suspenso) até que o recurso seja julgado.

O pedido de reexame é cabível contra decisões de mérito em processo concernente a atos


sujeito a registro (aposentadorias, nomeação, etc.) e a fiscalização de atos e contratos. O prazo para
interposição do mesmo é de 15 dias da comunicação do responsável. Este recurso possui efeito
suspensivo e será analisado pelo colegiado que proferiu a decisão. Importante destacar que esse
recurso não existe no TCE-CE, pois aqui usamos o de reconsideração para processos de contas,
aposentadoria, representações, etc.

Alguns comentários: prestem atenção que este recurso é quase idêntico ao anterior. A
diferença é que aquele refere-se a processo de contas, enquanto este a processos de atos sujeitos a
registro e a fiscalização de atos e contratos.

O embargo de declaração deve ser impetrado quando alguma decisão do Tribunal tenha
obscuridade, omissão ou contradição. Ou seja, quando o texto da decisão não esteja claro, e que
dificulte o entendimento dos jurisdicionados. O seu prazo de interposição é de 10 dias, a contar da
notificação do interessado, e possui efeito suspensivo, para o TCE-CE o prazo para interposição é
de 30 dias.

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O recurso de revisão deve ser impetrado contra decisão definitiva em processo de conta. O
seu prazo de interposição é de 5 anos, contados da publicação original no diário oficial, e ele não
possui efeito suspensivo. Ele deve ser utilizado quando surgirem fatos novos, que não foram
apresentados no curso do processo original. E o Pleno do TCU que deverá apreciá-lo, mesmo que a
decisão original tenha sido de outro (1ª ou 2ª Câmara).

Por fim, o Agravo deve ser impetrado contra decisão singular do Presidente do Tribunal, do
Presidente da Câmara ou do relator do processo no prazo de 5 dias da comunicação ao interessado
do despacho proferido. A decisão singular ainda não é o julgamento do processo, mas são ações
tomadas durante o seu andamento (decisões interlocutórias, por exemplo). Esse recurso poderá ter
ou não efeito suspensivo.

Foi um prazer estar com vocês!!

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