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GERENCIAMENTO DE
ESCOPO EM PROJETOS
L954 Lukosevicius, Alessandro Prudêncio
97 p.; 20x26 cm
Inclui bibliografia
CDD: 658.404
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Após concluir o estudo da disciplina Gerenciamento de Escopo em Projetos, você será capaz de:
■■ analisar se o escopo planejado foi efetivamente alcançado, entregue e aceito pelo cliente.
MENSAGEM DO PROFESSOR
Caro(a) aluno(a),
Cada vez mais, os indivíduos se defrontam com novos desafios impostos pelo dinamismo
dos dias atuais. A velocidade com que a informação viaja supera, muitas vezes, a velocida-
de com que as pessoas conseguem processá-la. Acompanhar esse ritmo não é nada fácil e
exige o uso de ferramentas de gestão que sejam capazes de auxiliar e facilitar esse proces-
samento da informação, pois qualquer decisão errada – fruto de ruídos na comunicação ou
de interpretações equivocadas – pode levar a consequências desagradáveis.
No mundo dos projetos, a situação não é muito diferente. A velocidade para concluir um
empreendimento pode resultar em uma vantagem competitiva importante em relação a um
concorrente, mas também pode representar um revés caso as decisões tomadas durante
o processo não tenham sido substancialmente fundamentadas. Nesse sentido, o gerencia-
mento de projetos, por meio da formalização de processos e da sistematização das ativida-
des relacionadas, tem ganhado espaço, seja como ferramenta de gestão ou como apoio ao
processo decisório. Isso o transformou em um assunto bastante difundido, uma vez que
um dos grandes desafios da atualidade é atingir objetivos com prazos, custos e recursos
limitados.
O objetivo deste curso é fornecer ao aluno uma ferramenta que o ajude a entender melhor
como gerenciar o escopo de um projeto, fazendo o uso correto das ferramentas de gestão
apoiadas pela revolução tecnológica das últimas décadas. Aproveite ao máximo os recursos
e o material didático disponibilizados, bem como as interações que terá com seu professor
on-line. Discuta com seus colegas os conceitos tratados em cada assunto e tente conectá-los
à sua realidade. Seu envolvimento é fundamental para o seu sucesso nesta jornada.
Bons estudos!
Equipe Ibmec online
DIRETRIZES PEDAGÓGICAS
■■ organize o seu tempo e escolha os melhores dias e horários para você estudar;
Não deixe de participar das discussões encadeadas no ambiente virtual de cada capítulo.
Elas são indispensáveis para um melhor aproveitamento do curso.
Bons estudos!
8 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
Capítulo 1
PLANEJAR O GERENCIAMENTO
DE ESCOPO
CAPÍTULO 1 9
INTRODUÇÃO
Um projeto é definido pelo PMI (2017) como escopo seja eficiente e eficaz, não permitindo
um esforço temporário para criar um produto, que ocorram desvios no escopo e, caso haja, que
serviço ou resultado único. Para a realização da sejam devidamente documentados por meio
maioria dos projetos, são empregadas áreas de do processo responsável por essa atividade, ou
especialização em gerenciamento de projetos, seja, o processo “Controlar o Escopo” que será
a saber: integração, escopo, cronograma, apresentado no capítulo 4.
custos, qualidade, recursos, comunicações,
riscos, aquisições e partes interessadas. Essas Para fornecer o alicerce necessário ao
áreas reúnem um conjunto de processos entendimento e à elaboração do PGE, este
associados à cada uma delas. Esses processos capítulo contempla os principais conceitos
estão relacionados com as fases do projeto, as do gerenciamento de escopo, enfatizando os
quais podem ser assim segmentadas: iniciação, essenciais para o bom aproveitamento dos
planejamento, execução, monitoramento, controle demais capítulos.
e encerramento (PMI, 2017). Nesse sentido, o
Planejamento do Gerenciamento do Escopo Além do PGE, o capítulo contempla também
(PGE) é, portanto, o processo inserido dentro da outros importantes processos relacionados ao
área de Gerenciamento do Escopo do Projeto, gerenciamento de escopo: o planejamento, a
na fase de planejamento, que documenta como coleta de requisitos e a elaboração da matriz de
o escopo será coletado, definido, estruturado, rastreabilidade dos requisitos. Tais requisitos são
controlado e validado. Assim como os demais unidades de texto, nas quais cada uma representa
planos, derivados das diversas outras áreas de um atributo, uma condição ou uma capacidade
conhecimento do gerenciamento de projetos, o que o produto, o serviço ou o resultado do projeto
PGE faz parte de um conjunto de planos auxiliares deve possuir. O processo que captura e organiza
pertencente ao Plano de Gerenciamento do os requisitos é chamado de “coletar os requisitos”.
Projeto. Adicionalmente, o PGE traz consigo um
conjunto de benefícios, pois fornece as diretrizes Para o PMI (2017), coletar os requisitos significa
necessárias para que o gerenciamento do definir e documentar as características ou
as funções do produto que irão satisfazer às
necessidades e às expectativas das partes
interessadas. Os requisitos serão a referência
para a definição do escopo que, por sua vez,
será a referência para os demais elementos do
planejamento do projeto: tempo, custo, qualidade,
pessoas, comunicação, riscos e aquisições.
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem os gerenciamento de projetos, este
capítulo está dividido em:
UNIDADE 1
PRINCIPAIS CONCEITOS DO GERENCIAMENTO DE
ESCOPO EM PROJETOS
Gerenciar projetos envolve administrar os diversos aspectos que o compõem e que devem
interagir de forma harmoniosa, para que o resultado alcançado seja bem-sucedido. Escopo,
ao lado de tempo, custo, qualidade e risco, forma o conjunto das principais variáveis que
devem ser observadas e acompanhadas durante o andamento de um projeto (LUKOSEVI-
CIUS, 2013). Por essa razão, torna-se imperativo conhecer os principais conceitos envolvidos
nessa importante fase do projeto.
Principais conceitos
Escopo pode ser entendido como os limites do trabalho a ser realizado pelo projeto. Por sua
vez, o gerenciamento de escopo em projetos é a forma de definir e controlar esses limites,
para garantir que todo o trabalho necessário para o projeto seja executado e o produto final
alcance os seus objetivos (LUKOSEVICIUS, 2013).
Nesse sentido, o plano de gerenciamento de escopo do projeto tem como meta descre-
ver como a equipe irá definir esse escopo, desenvolver a declaração de escopo detalhada,
desenvolver a estrutura analítica do projeto, verificar, controlar e validar o escopo do pro-
jeto. Cada um desses processos atua como uma importante ferramenta que busca docu-
mentar e registrar o que está incluso no projeto e o que não está, definindo, assim, as devi-
das responsabilidades e a correta forma de condução. O desenvolvimento desses processos
será apresentado ao longo dos capítulos seguintes.
Fonte: Shutterstock.
12 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
Para o PMI (2017), um projeto é realizado para cumprir objetivos, e seu ciclo de vida pode
variar de abordagens preditivas a adaptativas ou ágeis. Em um ciclo de vida preditivo, as
entregas são definidas no início do projeto, enquanto as alterações no escopo são gerenciá-
veis progressivamente. Já em um ciclo de vida adaptativo, as entregas são desenvolvidas em
várias interações e o escopo é detalhado e aprovado para cada interação. Ainda segundo o
PMI (2017, p. 548):
O ciclo de vida do projeto pode ser influenciado pelos aspectos exclusivos da organização,
do setor, do método de desenvolvimento ou da tecnologia utilizada. Embora todos os pro-
jetos tenham um início e um fim, as entregas e atividades especificas que ocorrem podem
variar muito de acordo com o projeto. O ciclo de vida fornece uma estrutura básica para o
gerenciamento do projeto, independentemente do trabalho específico envolvido.
Como exemplo de um projeto com ciclo de vida preditivo, pode ser citada a construção de um
prédio, cujas entregas são definidas no início do projeto e qualquer mudança no escopo deve
ser gerenciada progressivamente. Nesses casos, o controle do escopo tem a obrigação de ser
realizado concomitantemente com o andamento do projeto. Em uma abordagem adaptativa
ou ágil, as entregas são desenvolvidas em várias iterações, nas quais um escopo detalhado
é definido e aprovado para cada iteração em seu início. Um exemplo para essa abordagem
pode ser a implantação de um sistema de gestão integrada (ERP) em uma empresa.
1 Todo indivíduo ou organização que tem os interesses afetados de forma positiva ou negativa pelo projeto. Por
exemplo: cliente, patrocinador, fornecedores, gerente do projeto, membros da equipe do projeto e outros.
CAPÍTULO 1 13
O que deveria estar ou não incluso no escopo do projeto, porém, é uma das principais causas
de conflitos entre as partes interessadas, especialmente entre o “cliente” e o “fornecedor” de
um determinado projeto. Em muitos casos, tais disputas resultam no cancelamento do pro-
jeto e até em ações na esfera jurídica, além de outros desdobramentos. Um dos objetivos
do gerenciamento do escopo do projeto é justamente impedir que essas situações venham
a ocorrer, trazendo sérios prejuízos.
Dessa forma, para validar o escopo, as partes interessadas precisam perceber que o projeto
irá promover o retorno de um valor igual ou superior ao que se espera dele. Isso significa
dizer que, numericamente, a satisfação assume valor igual ou superior a 100%. Contudo,
segundo Lukosevicius (2013), em algumas situações, o cliente não tem uma definição da
sua real necessidade, ou seja, não sabe do que realmente precisa. Em outros casos, o que o
cliente diz querer não se alinha com a solução que ele realmente necessita. Por isso, é muito
importante envolver outras partes interessadas e, possivelmente, a opinião de especialistas
no levantamento do escopo, com o intuito de chegar com mais confiança ao escopo neces-
sário para o projeto.
14 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
Lukosevicius (2013) também alerta para dois cuidados que é preciso ter em relação ao
gerenciamento do escopo do projeto: as ações apelidadas de banhar a ouro (gold plating) e
deslizar no escopo (scope creep). Pequenas alterações informais do escopo (banhar a ouro),
oferecidas ao cliente sem que ele tenha solicitado, podem levar a uma significativa alteração
no escopo (deslizar no escopo) inicialmente definido, acarretando em desvio nos prazos, na
qualidade e no aumento do nível dos riscos, além de outras consequências negativas ao pro-
jeto. Por essas e outras razões, ressalta-se a importância da organização e do planejamento
na condução das atividades de gerenciamento de escopo do projeto.
Para garantir o alcance dos resultados de um projeto, o PMI (2017, p. 129) divide o gerencia-
mento do escopo em seis processos. A Figura 1, a seguir, apresenta esses processos com os
respectivos produtos gerados.
CAPÍTULO 1 15
Como cada projeto é único, é possível que alguns processos necessitem de algum tipo de
personalização, em função do ambiente no qual o projeto está sendo ou será conduzido
e também em função dos ativos organizacionais da empresa. O PMI (2017, p. 133) sugere
algumas situações nas quais as adaptações dos processos podem ocorrer:
■■ gerenciamento de conhecimento e requisitos: se a organização tem sistemas formais
ou informais para o gerenciamento do conhecimento e dos requisitos;
Finalizando, podemos concluir que um projeto é um esforço temporário que visa atender uma
necessidade demandada por uma ou mais partes interessadas e, para tal, requer a realização
de um trabalho que cumpra seu objetivo, efetuando as entregas contratadas dentro de pre-
missas previamente estabelecidas, tais como prazo, custo, qualidade, riscos envolvidos, escopo
entre outras. O escopo é entendido como a referência para as demais áreas de um projeto
e, diante desta importância, o estudo do seu adequado gerenciamento é o foco deste curso.
Nesta primeira unidade, o objetivo foi apresentar os principais conceitos envolvidos para faci-
litar o entendimento e a aplicação futura das ferramentas de gerenciamento. Portanto, faça
uma boa revisão do conteúdo desta unidade, pois será muito importante para você.
UNIDADE 2
PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DE ESCOPO
adequadamente, 40%. Com base nesses valores, é possível concluir que, para as organi-
zações, o planejamento aparece como uma das principais causas desses problemas que,
muitas vezes, são inadequados às características específicas do projeto.
Como a própria definição diz, projeto é uma entidade única, com objetivos e características
próprias e que, portanto, exige um planejamento também específico e voltado ao atendi-
mento dos requisitos pré-definidos, especialmente no que diz respeito ao escopo. Então,
o correto planejamento do gerenciamento de escopo é peça fundamental na engrenagem
que move a gestão do projeto, pois o nível de detalhe do escopo do projeto está intrinsica-
mente ligado a cada objetivo.
Conforme já mencionado, o ciclo de vida do projeto é gerenciado por meio de uma série
de atividades conhecidas como processos de gerenciamento de projetos. Cada um desses
processos produz uma ou mais saídas de uma ou mais entradas, usando, para tal, técnicas
e ferramentas de gerenciamento de projetos apropriadas. A saída pode ser uma entrega
ou um resultado. O PMI (2017) prevê que o processo “Planejar o Gerenciamento de Escopo”
gera um plano que objetiva documentar a forma como o escopo do projeto e do produto
será definido, validado e controlado. Assim, ao considerar a especificidade de cada projeto,
ele irá fornecer as orientações e as instruções necessárias para o correto gerenciamento do
escopo ao longo de toda a vida do projeto. A Figura 2 mostra as entradas, as ferramentas e
técnicas e as saídas desse processo, não se restringindo a elas.
18 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
É possível perceber na Figura 2 que o Plano de Gerenciamento do Escopo (PGE) tem como
insumos necessários à sua elaboração (entradas) as informações contidas no Termo de Aber-
tura do Projeto (TAP), no Plano de Gerenciamento do Projeto (PGP), nos fatores ambientais
da empresa – como a cultura organizacional e as condições de mercado – e nos ativos orga-
nizacionais da empresa, como as políticas e os procedimentos. Estes dois últimos fatores
são determinantes para garantir a especificidade na elaboração de cada PGE.
A forma como o PGE e o PGReq serão apresentados está diretamente ligada à cultura, aos ati-
vos organizacionais da empresa, ao tipo, ao tamanho e às necessidades do projeto, podendo
ser formais ou não, amplamente estruturados ou não e altamente detalhados ou não (PMI,
2017, p. 137). O PGE detalha como o escopo será definido, desenvolvido, monitorado, contro-
lado e validado e, junto aos demais planos, integra o PGP. O PGReq será visto em detalhes na
Unidade 3 deste capítulo, mas pode ser antecipado que os requisitos reproduzem a demanda
das partes interessadas e o plano de gerenciamento dos requisitos define como esses requisi-
tos serão levantados, registrados e acompanhados ao logo do ciclo de vida do projeto.
A seguir, veja alguns aspectos que devem ser levados em consideração nos processos acima
descritos.
3. Entregas do projeto
Todas as entregas do projeto deverão estar definidas na EAP. Ao ser concluída, a entrega
deverá ser aprovada pelo cliente por meio da assinatura de uma declaração de aceite,
normalmente denominada de “Termo de Aceite Provisório ou Definitivo”, dependendo
da fase do projeto e das condições subjacentes à entrega, ou seja, o aceite provisório
ocorre quando o gerente do projeto realiza uma entrega parcial, muitas vezes prevista
em um marco contratual. Outro exemplo é quando a entrega final é parcialmente aceita,
pois ainda existem pendências que deverão ser resolvidas em um prazo determinado.
O termo de aceite definitivo ocorre quando a entrega é final e sem pendências, pois o
produto, o serviço ou o resultado atendeu aos requisitos e critérios de aceitação previa-
mente acordados. A validação do escopo será vista com maiores detalhes no capítulo 4,
unidades 1 e 2.
20 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
No site <https://escritoriodeprojetos.com.br/plano-de-gerenciamento-
do-escopo> você encontrará exemplos e modelos de planos de
gerenciamento do escopo da reforma de uma residência e da construção
de uma academia.
INFORMAÇÃO
EXTRA
Conforme descrito acima, o PGE define as “regras do jogo” para o gerenciamento de escopo.
Para um melhor entendimento, segue um exemplo de como o conteúdo do PGE pode ser
construído, utilizando as boas práticas da sexta edição do PMBOK® e tomando como base
um projeto de reformulação do site de uma instituição de ensino. Nesse exemplo, conside-
ra-se que a EAP encontra-se elaborada preliminarmente, que o valor total do projeto é de
R$ 500.000,00, o novo site deverá estar disponível em seis meses e que ele será totalmente
montado pela equipe própria da instituição (10 horas semanais disponíveis).
Aqui deverá ser descrito como os requisitos serão coletados junto às partes interessadas
e como serão resolvidos possíveis conflitos. Poderá apresentar uma matriz de coleta de
requisitos, a qual deverá ficar disponível para consulta dos interessados. Os requisitos
poderão ser revisados à medida que o projeto avança, e os respectivos impactos deverão
ser avaliados segundo o critério definido para alteração de escopo.
2. Declaração de escopo
■■ Descrição do escopo
R: levantar as necessidades para atendimento do público-alvo (requisitos de conte-
údo, software, hardware, documentação, treinamento, relatórios); elaborar as espe-
cificações técnicas (funcional, técnica, plano de migração, plano de testes); desen-
volvimento (elaborar layout, desenvolver banco de dados, desenvolver protótipo e
realizar testes preliminares); preparar conteúdo (migrar dados, prepara novos tex-
tos e figuras, elaborar manuais de usuários, operador e do sistema, realizar testes
em carga); lançamento (obter aprovação do cliente, preparar divulgação, preparar
equipe de operação e suporte); acompanhamento (operação assistida, realizar cor-
reções, help desk).
■■ Habilidades requeridas
R: conhecimento do desenvolvimento de sites na internet (webdesigner); conheci-
mento de infraestrutura de rede, conhecimento de aplicativos voltados para inter-
net etc.
■■ Exclusões do escopo
R: contratação de infraestrutura e demais itens não claramente indicados como
pertencentes ao escopo.
3. Elaboração da EAP
A EAP encontra-se pronta. Será necessário definir como a EAP será atualizada, por quem,
com qual frequência e por qual motivo.
O planejamento muitas vezes é relegado ao segundo plano por gerentes que não dedicam
tempo e dinheiro suficientes para fazê-lo de forma adequada e quando devido. No entanto,
quando o retrabalho e outras consequências negativas aparecem, são obrigados a encon-
trar tempo e dinheiro para fazer tudo novamente. Portanto, um princípio importante do
gerenciamento de projetos, e do gerenciamento do escopo, é planejar antes de executar
(LUKOSEVICIUS, 2013),
CAPÍTULO 1 23
UNIDADE 3
PLANEJAMENTO E COLETA DE REQUISITOS
O que poderia ter provocado um erro de tamanha magnitude? Existem diversas razões possí-
veis que podem ser enquadradas em diferentes áreas de conhecimento do gerenciamento de
projetos. Porém, uma das que mais pesaram para justificar o erro na seleção do equipamento
para transporte de bagagem é o fato de o DIA não ter incluído as companhias aéreas nas dis-
cussões do planejamento. A omissão das principais partes interessadas no projeto [da fase
de coleta de requisitos], que detinham o conhecimento das características de catering3 para
bagagens de grandes dimensões, colaborou – e muito -, para que os sistemas de transporte
não fossem projetados adequadamente.
Segundo o PMI (2017), requisito é uma condição, atributo ou capacidade que um produto,
serviço ou resultado deve ter para cumprir um acordo ou outra especificação imposta for-
malmente. Em outras palavras, isso significa suprir as necessidades e as expectativas das
partes interessadas.
projeto. Em outras palavras, a não elaboração e/ou a não inclusão de uma das principais
partes interessadas no PGReq do projeto de remodelação do sistema de despacho de baga-
gem do DIA causou uma falha na definição do escopo que resultou em um enorme prejuízo
ao cliente, conforme informado acima.
4 O Guia PMBOK® 6ª edição não aborda especificamente os requisitos de produto, porque são específicos de
cada setor.
CAPÍTULO 1 25
■■ Requisitos de projeto: descrevem ações, processos ou outras condições que devem ser
cumpridas pelo projeto. Os exemplos incluem datas de marcos, obrigações contratuais,
restrições etc.
Coletar os requisitos
COLETAR OS REQUISITOS
Segundo Lukosevicius (2013), estudos mostram que uma das principais causas do fracasso
no gerenciamento de projetos é a comunicação malfeita ou a falta de comunicação, exata-
mente como ocorreu no caso DIA. Portanto, deve-se ter um cuidado especial na captura e
na escrita do requisito. Eles devem exprimir o que é necessário fazer, não a solução de como
fazer. Além disso, palavras que gerem dúvidas de interpretação ou demandem juízos de
valor não devem ser utilizadas. É o caso, por exemplo, de rápido, confiável, fácil etc.
Existem várias técnicas e ferramentas que podem ser utilizadas para coletar os requisitos
do projeto como:
CAPÍTULO 1 27
■ entrevista: é uma aproximação formal ou informal para descobrir o(s) interesse(s) das
partes interessadas no projeto;
■ observação: fornece uma maneira direta de ver indivíduos em seu ambiente e como
executam seus trabalhos e realizam processos;
Muitos ambientes com requisitos emergentes descobrem que, com frequência, há uma
lacuna entre os verdadeiros requisitos de negócio e os [...] que foram declarados origi-
nalmente. [Para preencher essa lacuna] os métodos ágeis desenvolvem e revisam protó-
tipos e versões para refinar os requisitos.
Os requisitos coletados, por meio das diversas técnicas empregadas, precisam ser todos
ordenados, analisados, compatibilizados e priorizados diante da possibilidade da existên-
cia de requisitos conflitantes e/ou incompatíveis com os motivos pelos quais o projeto foi
iniciado. A ideia é selecionar os requisitos que são compatíveis com o objetivo do projeto e
descartar os que conflitam entre si, que existem diante de interesses divergentes entre as
partes interessadas e os que são incompatíveis. Para exemplificar, vamos supor que o obje-
tivo é a compra de um veículo para transporte de alunos. Uma parte interessada quer na cor
azul e outra quer na cor vermelha. São conflitantes, embora não haja impacto no objetivo do
projeto. Por outro lado, veículos escolares devem obedecer a determinados requisitos legais
(normas, leis). Logo, veículos que não obedeçam serão incompatíveis com o objetivo do pro-
jeto. É importante ressaltar que, muitas vezes, a parte interessada desconhece a existência
desses requisitos legais.
VOCÊ SABIA?
Uma vez coletados, analisados, priorizados e selecionados, os requisitos devem ser devida-
mente documentados, pois servirão de base para a definição do escopo, para a elaboração
da EAP, para a qualidade e para as aquisições. Segundo o PMI (2017), os requisitos devem
ser mensuráveis, passíveis de serem testados, rastreáveis, completos, consistentes e acei-
táveis para as principais partes interessadas. Como resultado, é gerada a “Documentação
dos Requisitos”, que pode variar de uma lista por categorias e prioridades até formas mais
elaboradas contendo descrições detalhadas e anexos.
UNIDADE 4
ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE RASTREABILIDADE DOS REQUISITOS
Segundo o PMI (2017), a matriz de rastreabilidade dos requisitos do projeto possui as seguin-
tes funções:
■■ ligar os requisitos do projeto/produto às respectivas entregas, desde a origem à satisfa-
ção final;
■■ ajudar a garantir que cada requisito adicione valor ao projeto/negócio, por meio da sua
vinculação aos objetivos do projeto;
■■ fornecer meios para rastrear os requisitos do início ao fim do ciclo de vida do projeto;
Não existe um formato único para essa matriz de rastreabilidade dos requisitos do pro-
jeto, que pode ter os argumentos para sua inclusão, proprietário, fonte, prioridade, versão,
objetivos, status atual (se está ativo, cancelado, adiado, adicionado, aprovado, designado,
concluído), número do requisito, parte interessada, requisito, status, responsabilidade, data
da inclusão, data da conclusão etc. A Figura 4, a seguir, apresenta o exemplo de uma matriz
conforme PMI (2017, p. 149).
Centro de custos:
Descrição do projeto:
1.0
1.1
001
1.2
1.2.1
CAPÍTULO 1 31
2.0
002 2.1
2.1.1
3.0
003 3.1
3.2
004 4.0
005 5.0
NA PRÁTICA
Uma matriz complementar poderá ser montada com atributos adicionais para garantir que o
requisito satisfaça às partes interessadas, contendo dados tal como demonstrado na figura 5.
■■ quando os requisitos da qualidade são especificados por esse processo, são registrados
na matriz de rastreabilidade dos requisitos;
Resumo
Neste primeiro capítulo do assunto Gerenciamento de Escopo em Projetos, você pôde
conhecer os fundamentos do gerenciamento de escopo e viu que o escopo será referência
para o restante de todo o planejamento do projeto. O escopo mal definido é uma das causas
mais relevantes de fracasso em gerenciamento de projetos, como foi possível perceber no
caso do aeroporto de Denver, nos Estados Unidos.
Também foi visto que é necessário planejar a abordagem para o gerenciamento do escopo,
pois é isso que irá formar as “regras do jogo” para que esse gerenciamento ocorra. Trata-se
de definições que influenciarão os demais processos de gerenciamento do escopo. O con-
junto dessas definições está escrito no plano de gerenciamento de escopo.
Você também teve acesso ao conceito de requisito, como coletá-lo e escrevê-lo. Os requisi-
tos são a base para a definição do escopo do projeto, pois reúnem em texto as necessida-
des, os desejos e as expectativas das partes interessadas. Devem refletir a visão das partes
interessadas para o produto, o serviço ou o resultado que deverá ser entregue pelo projeto
e são escritos na forma de condições, atributos ou capacidades que o produto, o serviço ou
o resultado deve possuir.
Um leque de ferramentas pode ser usado para coletar os requisitos junto às partes interes-
sadas. As ferramentas apresentadas foram: entrevistas, grupos de foco, workshops, técnicas
de grupo, questionários e pesquisas, observação, protótipos e benchmarking.
Capítulo 2
DEFINIR O ESCOPO
CAPÍTULO 2 35
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem gerenciamento de projetos, este
capítulo está dividido em:
UNIDADE 1
DEFINIÇÃO DE ESCOPO, DE PRODUTO E DE PROJETO
Segundo o dicionário Aurélio, a definição para o vocábulo escopo é: “local bem determinado
a que se aponta para atingir; objetivo que se pretende atingir; limite ou abrangência de uma
operação.” Essa definição permite que a palavra seja utilizada em um sentido mais amplo,
como ocorre quando entramos no contexto do gerenciamento de projetos. Nesse caso, a
palavra escopo assume o sentido de contorno, limite, fronteira.
Para Vargas (2005, págs. 59-60), “o escopo de um projeto é definido como o trabalho que
precisa ser desenvolvido para garantir a entrega de um determinado produto dentro de
todas as suas especificações e funções.” O referido autor classifica o escopo nas seguintes
categorias:
■■ escopo funcional: conjunto de características funcionais do produto, ou serviço, a ser
desenvolvido pelo projeto, tais como capacidade, mercado, filosofia etc.;
■ escopo de atividades: trabalho a ser realizado para prover o escopo técnico e funcional
do produto ou dos serviços do projeto, normalmente evidenciado pela EAP.
Vargas (2005) alerta para o equilíbrio entre o nível de detalhamento do escopo e a comple-
xidade para gerenciá-lo. Ele recomenda trabalhar com um detalhamento de escopo que
garanta o produto, ou serviço, sem ser demasiadamente detalhado. A figura 1, a seguir,
indica o ponto de equilíbrio que deve ser perseguido, para que o gerenciamento do projeto
não se torne demasiadamente complexo.
Objetivo do projeto
Complexidade
Gonçalves (2007) define escopo como a soma dos produtos e serviços a serem fornecidos
em um projeto, enquanto que para Corazzin (2013), o escopo do projeto tem como finali-
dade atingir o objetivo que é descrito no escopo do produto, trazendo para o contexto os
requisitos do produto e do projeto. Observa-se nessas definições uma subdivisão do escopo
em escopo do projeto e escopo do produto. Seguindo essa tendência, Sotille et al (2014)
define o escopo como o objetivo do projeto. O escopo do projeto determina o que é neces-
sário para se alcançar o produto e o escopo do produto determina quais recursos (qualida-
des) do produto estão sendo desenvolvidos.
Para o PMI (2013, p. 105; 2017, p. 131) no contexto do projeto, o termo escopo assume os
seguintes significados:
■ escopo do produto: as características e as funções que descrevem um produto, serviço
ou resultado;
■ escopo do projeto: o trabalho que deve ser realizado para entregar um produto, serviço
ou resultado com as características e as funções especificadas. O termo “escopo do pro-
jeto”, às vezes, é visto como incluindo o escopo do produto.
INFORMAÇÃO
EXTRA
O que diferenciará a ETA de uma aplicação para outra será a legislação a qual ela deve
obedecer que, por sua vez, está inserida no escopo do projeto, assim como as normas de
fabricação dos equipamentos. Para o caso da água padrão potável, a principal norma aplicá-
vel é a portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde. Essa portaria define os padrões a serem
obedecidos para que a água seja considerada própria para o consumo humano (potável).
PENSAR
CAPÍTULO 2 41
Conforme definido acima, o escopo do projeto é o trabalho que deve ser realizado para
entregar um produto, serviço ou resultado com as características e as funções especifica-
das. Portanto, pressupõe-se a existência de “entregáveis” (em inglês deliverables).
Entregas
Entregas Entregas
Entregas
RECURSOS
I II III IV TEMPO
NA PRÁTICA
42 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
UNIDADE 2
DEFINIÇÃO E ELABORAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE ESCOPO
Segundo o PMI (2017, p. 150), o processo de definição do escopo é descrito como “o desen-
volvimento de uma descrição detalhada do projeto e do produto. O principal benefício desse
processo é que ele descreve os limites do produto, serviço ou resultado e os critérios para
aceitação”. As entradas, as ferramentas, as técnicas e as saídas desse processo estão ilustra-
das na figura 4 a seguir:
DEFINIR O ESCOPO
Ferramentas e
Entradas Saídas
técnicas
1. Termo de abertura do projeto; 1. Especificação do escopo do
1. Opinião especializada;
2. plano de gerenciamento do projeto;
2. análise de daos;
projeto; 2. atualização de documentos do
• análise de alternativas;
• plano de gerenciamento do projeto;
3. tomada de decisão;
escopo; • registro de premissas;
• análise de decisão envolvendo
3. documentos do projeto; • documentação dos requisitos;
critérios múltiplos;
• registro de premissas; • matriz de rastreabilidade dos
4. habilidades interpessoais e de
• documentação dos requisitos; requisitos;
equipe;
• registro dos riscos; • registro das partes interessadas.
• facilitação;
4. fatores ambientais da empresa;
5. análise do produto.
5. ativos de processos
organizacionais.
1 O Standish Group International, Inc. ou Standish Group é uma empresa internacional e independente de con-
sultoria em pesquisa de TI fundada em 1985, conhecida por seus relatórios sobre projetos de implementação
de sistemas de informação nos setores público e privado. A empresa se concentra em aplicativos de software de
missão crítica, especialmente focando em falhas e possíveis melhorias em projetos de TI.
CAPÍTULO 2 43
Diante dos números apresentados, é possível perceber a importância dessa fase para o
projeto e o cuidado necessário na condução do processo “definir o escopo”. A preparação
detalhada da declaração de escopo tem por base as entregas principais, as premissas e as
restrições que são documentadas durante a iniciação do projeto (PMI, 2017, p. 151). Por-
tanto, o conhecimento das etapas prévias é fator preponderante para a definição de um
escopo que espelhe as reais demandas das partes interessadas e determine até que ponto
elas poderão ser plenamente atendidas.
Neste momento, compreenda melhor sobre a composição de cada etapa desse processo:
1. Entradas
As entradas significam os documentos, as informações e os registros de projeto que ser-
vem de base para o processo. Veja quais são as principais entradas:
■■ Premissas
Premissas são fatores que se assumem como verdade para fins de planejamento.
São as hipóteses ou as suposições que a equipe de gerenciamento do projeto
sugere para as partes interessadas, no sentido de definir algum elemento impor-
tante para o restante do planejamento.
■■ Restrições
Restrições são fatores que limitam as opções de escolha da equipe de gerencia-
mento do projeto. As restrições são impostas ao projeto por entidades ou pes-
soas externas à equipe de gerenciamento do projeto, como governo, patrocinador,
cliente, empresa etc.
Segundo o PMI (2017), o processo “Definir o Escopo” pode ser altamente interativo, fazendo
com que seja desenvolvida uma visão de alto nível para o projeto em geral, mas o escopo
detalhado para a interação seguinte é executado à medida que o trabalho no escopo do
projeto e as entregas atuais avançam.
CAPÍTULO 2 45
2. Entradas complementares
A fase de definição do escopo é um complexo processo do planejamento, no qual as
ideias precisam ser alinhadas e, consequentemente, no qual muitas interações e altera-
ções podem e devem ocorrer. O uso de fontes adicionais pode contribuir decisivamente
no processo para a tomada de decisão. Não se limitando a elas, essas fontes podem ser:
■■ justificativa do projeto: lista as razões que motivam a existência do projeto;
4. Saídas
As saídas representam os documentos, as informações e os registros de projeto gerados
na execução do processo. Nesse caso, no processo “Definir Escopo” é gerada a “Declara-
ção de Escopo”, conforme descrita a seguir.
Declaração de escopo
■■ Objetivo do projeto: é o ponto em que o projeto quer chegar. Para uma melhor defi-
nição dos objetivos, vide teste S.M.A.R.T.C. em “Informação extra” no final da Unidade.
■■ Partes interessadas no projeto e seus papéis: são listas do nome e das funções das
partes interessadas no projeto.
■■ Entregas: qualquer resultado mensurável, tangível e verificável que deve ser produzido
obrigatoriamente para a conclusão do projeto ou de parte dele. Segundo o PMI (2017),
uma entrega aprovada é qualquer produto, resultado ou capacidade para realizar um
serviço exclusivo e verificável e que deve ser produzido para concluir um processo, uma
fase ou um projeto.
Para uma boa definição dos objetivos, utilize o teste S.M.A.R.T.C. Trata-se
de um mnemônico em inglês com as iniciais dos conceitos que devem
estar presentes na descrição de um objetivo.
S.M.A.R.T.C. significa:
S: Specific (específico);
M: Measurable (mensurável);
A: Agreed upon (acordado com as partes interessadas);
INFORMAÇÃO R: Realistic (realista);
UNIDADE 3
CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DO ESCOPO
Os critérios de aceitação do escopo estão intrinsicamente ligados ao processo de gerencia-
mento da qualidade do projeto. Nesse ambiente, são definidas as políticas da qualidade
da organização, os métodos e os padrões para o gerenciamento e o controle dos requisitos
de aceitação do projeto e do produto, os quais devem estar alinhados com os padrões esta-
belecidos nos ativos organizacionais da empresa. Trata-se, portanto, de um tema extenso
que permeia todo o processo de gerenciamento do projeto e a estrutura organizacional da
empresa, impossível de ser esgotado em uma unidade nesta apostila, até mesmo pela sua
especificidade em relação ao que deve ser aceito.
Segundo o PMI (2017), os critérios de aceitação são definidos como “um conjunto de con-
dições que precisam ser atendidas antes que as entregas sejam aceitas”. Isso significa que
tais condições precisam estar explícitas, definidas e acordadas com as principais partes inte-
ressadas antes da contratação, pois podem impactar especialmente no custo e no prazo de
conclusão do projeto e/ou do produto. Os quadros 1 e 2, a seguir, apresentam dois exem-
plos de critérios de inspeção para equipamentos sujeitos a condições críticas de trabalho.
2 Plano de montagem R
3 Plano de soldagem R
4 Identificação do material W
Conf. definido nos Requisitos
5 Especificação dos procedimentos de soldagem (EPS) R para o Sistema da Qualidade
Registros dos testes de qualificação dos Conf. definido nos Requisitos
6 procedimentos de soldagem (RQPS) H para o Sistema da Qualidade
Certificados de qualificação dos operadores de Conf. definido nos Requisitos
7 soldagem ou soldadores (CQOS ou CQS) R para o Sistema da Qualidade
10 Pintura H
11 Teste hidrostático H
Documentação técnica envolvida nas fases de Liberação do HOLD com a
12 fabricação e teste do equipamento
H
aprovação do Data-Book
NOTA 1: Este plano de inspeção e teste é indicativo e está sujeito a modificações para CONTRATANTE baseadas em desenho aprovados ou especificações técnicas.
O Fornecedor deverá adicionalmente enviar seu Plano de Qualidade para avaliação.
LEGENDA: - H = Ponto de Parada Obrigatória Data de emissão Preparado por Verificado por Aprovado por
(Legend:) (H = Hold Point)
- W = Testemunhado por inspetor
(W = Witness Point for inspection)
- R = Análise de Documentação
(R = Document Review)
2 Certificado do Material R
9 Documentação do fabricante R
10 Pintura H
NOTA : Este plano de inspeção e teste é indicativo e está sujeito a modificações pela Contratante baseadas em desenho aprovados ou especificações técnicas.
LEGENDA: - H = Ponto de Parada Obrigatória Data de emissão Preparado por Verificado por Aprovado por
(Legend:) (H = Hold Point)
- W = Testemunhado por inspetor
(W = Witness Point for inspection)
- R = Análise de Documentação
(R = Document Review)
Esses quadros, com as devidas adaptações, são aplicáveis para produtos ou serviços e
contêm um resumo de quem é o responsável pela intervenção e aceitação do critério. Os
quadros indicam quais as normas e os procedimentos aplicáveis, os documentos a serem
analisados, as inspeções a serem realizadas, se o cliente (ou entidade inspetora) pode ou
deve intervir ou acompanhar, quais os registros a serem gerados no decorrer dos eventos
e os critérios de aceitação com as devidas formalizações dos responsáveis. Atente-se para o
fato de que os referidos quadros foram desenvolvidos para equipamentos especiais e não
correspondem, portanto, a um padrão e sim podem ser utilizados como um guia para equi-
pamentos similares.
É de fundamental importância uma definição equilibrada do quão exigente deve ser o crité-
rio. Para ilustrar, imagine qual deve ser o custo relacionado com os critérios de aceitação de
uma central nuclear vs os custos relacionados com uma central hidroelétrica. Sem diminuir
a importância dessa última, que também tem um elevado nível de exigência e alto impacto,
em termos de aceitação parece óbvio que o custo da primeira será maior, se comparado
nas mesmas bases. O maior rigor está relacionado a uma outra área do conhecimento em
projetos: a área de gerenciamento de riscos. No caso da central nuclear, a lógica aponta
para consequências maiores, caso ocorram negligências no projeto.
CAPÍTULO 2 51
Os critérios de aceitação também estão intimamente ligados ao nível das empresas e/ou aos
parceiros fornecedores. Empresas dotadas de certificações em sistemas de gestão são normal-
mente dispensadas de requisitos mais rigorosos, muito em razão da adoção de procedimentos
da garantia da qualidade, certificados por entidades autônomas (acreditadas). Isso reduz os
gastos com inspeções constantes durante os processos de fabricação/produção de um compo-
nente e/ou de um item principal. Nesses casos, os critérios poderão ser reduzidos aos de ins-
peção de recebimento e de performance, quando recebidos e instalados os itens adquiridos,
muito embora alguns testes possam ser executados nas dependências do fornecedor.
O que é acreditação?
EXTRA
Algumas empresas adotam uma lista de verificação padronizada, a qual se aplica aos itens
também dotados de um certo grau de padronização, embora possam existir algumas dife-
renças menores. Nesses casos, uma lista completa poderá ser utilizada desconsiderando os
itens não aplicáveis. Um exemplo dessa situação pode ser ilustrado na aquisição de moto-
res elétricos de mesma potência, mas que se diferenciam pelo local onde serão instalados.
Motores instalados em locais onde existe a presença constante de gases explosivos (maior
risco) obedecem a requisitos mais exigentes (área classificada) do que os motores instala-
dos onde os referidos gases não estão presentes (área não classificada), portanto requerem
inspeções com critérios mais rigorosos.
Segue uma sugestão para uma matriz de acompanhamento dos testes de aceitação.
Critérios de
Nº Entrega Método Responsabilidade Tolerância
aceitação
Quantidade de
Quantidade de computadores = 25 Sala com pelo
Gerente do projeto
Sala de aula computadores menos um
e responsável pela
2 e computa- Tamanho da sala computador
logística das salas da
dores Tamanho da sala de aula suficiente para dois
Gaia
de aula para atender aos 25 participantes
participantes
1 projetor, 1 sistema
Tipos dos recur-
de som, 2 microfones
Recursos sos multimídia Ter pelo
Gerente de projetos
5 multimídia e menos um
Duração dos vídeos da Gaia
Vídeos Duração dos microfone
menor ou igual a 5
vídeos
minutos
A programação do
Programação do treinamento deve Gerente de projetos
6 Agenda Nenhuma
treinamento conter todos os itens da Gaia
contratados
Resumo
Neste segundo capítulo do assunto Gerenciamento de Escopo em Projetos você foi apre-
sentado à definição de escopo de projeto e escopo de produto, lembrando que escopo de
produto é algo específico e requer, muitas vezes, o conhecimento de especialistas para ela-
boração de uma declaração de escopo detalhada.
Foi apresentado aos critérios de aceitação do escopo, como estes estão relacionados ao
projeto/produto e ao processo gerenciar a qualidade; que devem ser definidos durante a
fase de planejamento do projeto e que devem ser do conhecimento das partes interessa-
das antes das respectivas entregas. Viu também como podem impactar no projeto gerando
mudanças de escopo.
Para finalizar, você foi apresentado à matriz com critérios de aceitação para aplicação de um
curso de treinamento em uma empresa.
CAPÍTULO 3 55
Capítulo 3
INTRODUÇÃO
Informações apresentadas de forma sucinta Para o PMI (2017), criar a EAP significa “[...]
e com o apoio de gráficos, desenhos, fotos decompor as entregas e o trabalho do
e demais recursos visuais são sempre projeto em componentes menores e mais
mais amigáveis ao cérebro humano. Nesse facilmente gerenciáveis [...]”. Assim, a EAP
sentido, os estudiosos e os praticantes passa a protagonizar o gerenciamento de
do gerenciamento de projetos sugeriram escopo, sendo a principal referência para o
a representação do escopo em formato restante do planejamento, fornecendo uma
conciso, de preferência gráfico, de tal forma visão estruturada do que deve ser entregue.
que todo o escopo pudesse ser visualizado A unidade 2 apresenta algumas abordagens
em um único quadro. Assim, surgiu a para a elaboração, os tipos e os formatos mais
Estrutura Analítica do Projeto (EAP). A unidade aceitos, já a unidade 3 descreve as regras
1 deste capítulo apresenta a definição, o estabelecidas para a construção de uma
significado, o fluxo do processo “Criar a EAP”, EAP. Regras essas conhecidas como “os 10
as suas vantagens para o projeto e a sua mandamentos da EAP”, segundo Xavier (2009).
estrutura em níveis, permitindo um maior
entendimento da sua relevância. Não menos importante que a EAP é o seu
respectivo dicionário. Segundo PMI (2017, p.
162), “[...] o dicionário da EAP é um documento
que fornece informações detalhadas sobre
entregas, atividades e agendamento de cada
componente da EAP [...]”. Importante pelo
suporte que fornece à EAP e pela qualidade
de informação escrita disponibilizada às partes
interessadas, visto que traduz o conteúdo
de cada elemento da EAP que, por sua vez,
reproduz o escopo do projeto. O dicionário da
EAP em conjunto com a declaração de escopo
e a própria EAP formam a linha de base do
escopo, a qual deve ser acompanhada ao longo
de todo o ciclo do projeto. Esses assuntos estão
inseridos na unidade 4.
CAPÍTULO 3 57
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem gerenciamento de projetos, este
capítulo está dividido em:
UNIDADE 1
ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP)
EAP significa Estrutura Analítica do Projeto1 e representa uma estrutura hierárquica do
escopo do projeto que o decompõe em partes menores e, portanto, melhor gerenciáveis.
Representa o trabalho especificado na atual declaração do escopo do projeto aprovada (PMI,
2017, p. 157). Ela proporciona uma visão clara das entregas e do escopo, visando o melhor
gerenciamento do projeto e também mostra “o que fazer” no projeto. Se não está na EAP,
não está no escopo do projeto. É a referência para todo o planejamento, sendo base para as
estimativas de tempo, custos, qualidade, recursos, riscos e aquisições, por exemplo.
Nesse sentido, a representação provida pela EAP é de grande importância, pois simplifica a
definição das estimativas dos demais elementos do planejamento. A EAP também propor-
ciona a demonstração do andamento do projeto, identificando as entregas finalizadas, as
em execução, ou ainda as que não começaram. As entradas, as ferramentas, as técnicas e as
saídas do processo “Criar a EAP” estão representadas na figura 1 a seguir.
CRIAR A EAP
VOCÊ SABIA?
Vantagens da EAP
■ Nível de detalhe: a representação em níveis da EAP, sendo que o primeiro nível repre-
senta o mais geral e os níveis mais baixos o mais específicos do escopo, auxilia na detec-
ção de omissões do escopo, diminuindo os erros durante o planejamento.
INFORMAÇÃO
EXTRA
Projeto
Treinamento
Aulas expositivas Vídeos Estudos de caso Sala de aula Recursos Sala de Coffe-break
multimídeo computadores
As caixas são chamadas de elementos da EAP, ou seja, são componentes em qualquer nível
da EAP. Caixas alinhadas na horizontal formam um nível da EAP. O trabalho planejado é
contido dentro do nível mais baixo de componentes da EAP, que são denominados pacotes
de trabalho. Um pacote de trabalho pode ser usado para agrupar as atividades nas quais
o trabalho é agendado, estimado, monitorado e controlado. No contexto da EAP, o traba-
lho se refere a produtos de trabalho ou entregas que são o resultado da atividade e não a
atividade propriamente dita. Por essa razão, os elementos da EAP devem ser referenciados
com substantivos e não verbos (ações) (PMI, 2017, p. 157). O gerente do projeto atua no nível
dos pacotes de trabalho. No exemplo da EAP do projeto de treinamento (figura 2), os itens
marcados com uma estrela verde são pacotes de trabalho.
A EAP deve respeitar a regra dos 100%, na qual a soma dos escopos dos elementos “filhos”
é igual ao escopo do elemento “pai” para qualquer nível da EAP. No exemplo da EAP do
projeto treinamento, aulas expositivas, vídeos e estudos de caso somados resultam no ele-
mento da EAP denominado material didático.
Vale observar que nem todos os elementos da EAP necessitam estar no mesmo nível. O
número de níveis depende e varia de projeto para projeto. O detalhamento da EAP depen-
derá do tamanho e da complexidade do projeto, além do nível de controle que se deseja ter.
Um elemento da EAP pode exigir um detalhamento maior. Assim, esse ramo da EAP terá
uma quantidade maior de níveis.
■■ Nível 3: Aulas expositivas, vídeos, estudos de caso, sala de aula, recursos multimídia,
sala de computadores e coffee break.
62 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
UNIDADE 2
DECOMPOSIÇÃO E DETALHAMENTO DOS NÍVEIS
Segundo o PMI (2017, p. 158), “[...] a decomposição do trabalho total do projeto em pacotes
de trabalho geralmente envolve as seguintes atividades:
■■ identificação e análise das entregas e do trabalho relacionado;
■■ decomposição dos níveis mais altos da EAP em componentes detalhados em menor nível;
Projeto
Pacote de trabalho
A figura 3 mostra algumas abordagens para a elaboração da EAP. Por exemplo, no nível 1,
a EAP pode ser decomposta por: fases, entregas, subprojetos, regiões geográficas, departa-
mentos da empresa e outros.
CAPÍTULO 3 63
Um grande número de ferramentas e métodos pode ser utilizado para criar a EAP. Os prin-
cipais são:
Nome do
Projeto
Passo 2: Listar as principais entregas do projeto. No nível 2, pode ser colocado um item
para o gerenciamento do projeto e a organização escolhida para o trabalho, por exemplo:
■■ fases do ciclo de vida do projeto;
■■ subprojetos do projeto;
■■ entregas do projeto;
■■ funcionalidades do produto;
Nome do
Projeto
Gerenciamento
Encerramento
do Projeto
Nome do
Projeto
Gerenciamento
Fase A Fase N Encerramento
do Projeto
Nome do
Projeto
Gerenciamento
Fase A Fase N Encerramento
do Projeto
Entrega N.2
Nome do
Projeto
Gerenciamento
Fase A Fase N Encerramento
do Projeto
Pacote de
PGReq
trabalho N.2.1
Pacote de
trabalho N.2.2
Passo 3: Agregar as entregas ou os pacotes de trabalho para definir o nível “pai” acima.
O nível “pai” deve respeitar a regra dos 100%.
As organizações podem definir padrões e guias para orientar a construção das EAPs. Por exem-
plo: formato, componentes obrigatórios, convenções de nome e esquema de numeração.
Modelos de EAP
Modelos de EAP são exemplos genéricos de EAP criados para adaptação, de acordo com as
informações específicas de cada projeto. A ideia é aumentar a produtividade na criação de
EAPs, pois parte dos elementos da EAP de projetos semelhantes podem ser reaproveitados
em novos projetos. Ressaltando que os modelos podem otimizar a criação da EAP, mas não
dispensam a análise caso a caso, pois cada projeto é único. Na relação cliente e fornecedor,
um elemento da EAP do cliente deverá aparecer na EAP do fornecedor.
Representações da EAP
A EAP é uma estrutura hierárquica do escopo e pode ser representada de diversas formas,
incluindo os formatos: lista, tabela e gráfico. Para ilustrar os formatos, veja as figuras 9 a 13.
■■ Formato lista
Nesta visão, a hierarquia do escopo é dada pelos recuos na lista.
1 Bicicleta
1.1 Sistema do quadro
1.1.1 Quadro
1.1.2 Guidão
1.1.3 Garfo
1.1.4 Banco
1.2 Sistema da manivela
1.3 Rodas
1.3.1 Roda dianteira
1.3.2 Roda traseira
1.4 Sistema de freios
1.5 Sistema de mudança
1.6 Integração
1.6.1 Conceito
1.6.2 Projeto
1.6.3 Montagem
1.6.4 Teste
1.6.4.1 Teste dos componentes
1.6.4.2 Teste do produto
1.6.4.3 Teste do cliente
1.7 Gerenciamento do projeto
68 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
■■ Formato tabular
Figura 9: Exemplo de EAP no formato tabular
1.1.1 Quadro
1.1.2 Guidão
1.1 Sistema do quadro
1.1.3 Garfo
1.1.4 Banco
■■ Formato gráfico
Figura 10: Exemplo de representação da EAP na forma gráfica e horizontal
Nova casa
Instalação de Aquisição de
Aprovação e Seleção da Acabamentos Pertences Móveis e
Licenciamento Construtora Pessoais Equipamentos
O formato gráfico, mostrado na figura 10, é a forma mais comum de representação da EAP.
Se a declaração de escopo do projeto é o escopo retratado textualmente, a EAP geralmente
retrata o escopo graficamente. Conforme descrito na introdução deste capítulo, é mais
amigável ao cérebro humano a representação de informações de forma gráfica no lugar das
informações de texto.
1 Bicicleta
1.1.1 Quadro
1.1.2 Guidão
1.1.3 Garfo
1.1.4 Banco
1.3 Rodas
1.6 Integração
1.6.1 Conceito
1.6.2 Projeto
1.6.3 Montagem
1.6.4 Teste
O formato gráfico, mostrado na figura 11, representa uma variação da forma mais comum
de representação da EAP demonstrada na figura 10.
70 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
Uma variação importante da representação gráfica é o uso da técnica dos mapas mentais
para representar a EAP. Os mapas mentais foram criados nos anos 70 pelo neurocientista
britânico Tony Buzan. No estudo do cérebro, Tony percebeu que a forma linear (texto corrido)
com a qual representamos as informações não favorece o aprendizado e o planejamento.
Um mapa mental é uma poderosa técnica gráfica que ajuda a liberar o potencial cerebral.
Promove a integração dos hemisférios cerebrais utilizando palavras, imagens, números,
lógica, ritmo e cores. A partir de uma ideia central localizada no centro do mapa, ramificam-
-se ideias secundárias que podem se derivar em ideias terciárias e assim sucessivamente.
Essa estrutura imita a estruturação dos neurônios no cérebro humano e é chamada de
raciocínio radiante. A figura a seguir mostra a estrutura genérica básica de um mapa mental.
Ideia Central
Por exemplo, a Boeing utilizou os mapas mentais para catalisar o aprendizado dos enge-
nheiros. O manual de engenharia da Boeing foi condensado em um mapa mental de 25 pés
(cerca de 8m) de comprimento, para permitir que uma equipe de 100 engenheiros aeronáu-
ticos aprendesse em poucas semanas o que normalmente levaria anos. O resultado foi uma
economia estimada em 11 milhões de dólares.
CAPÍTULO 3 71
Pacote de trabalho
Entrega
Pacote de trabalho Pacote de trabalho
Entrega
Pacote de trabalho
Entrega Pacote de trabalho
Subprojeto Fase Subprojeto
Pacote de trabalho
Pacote de trabalho Entrega
Entrega
Pacote de trabalho Pacote de trabalho
Subprojeto
Pacote de trabalho
Projeto
Pacote de trabalho
Entrega
Pacote de trabalho
Entrega
Pacote de trabalho
Pacote de trabalho
Entrega
Pacote de trabalho
Entrega Entrega Pacote de trabalho
Pacote de trabalho
Pacote de trabalho
Entrega
Pacote de trabalho
A semelhança entre a estrutura genérica básica de um mapa mental, mostrado na figura 12,
e a estrutura genérica de uma EAP, conforme figura 13, é gritante. A ideia central é o escopo
geral do projeto, que depois é decomposto em partes menores, como as fases, por exemplo.
Estas seriam as ideias secundárias que, por sua vez, derivam-se em ideias terciárias, como
as entregas, até atingir o nível dos pacotes de trabalho.
UNIDADE 3
OS 10 MANDAMENTOS DA EAP
Segundo Haugan (2013), a EAP não é um novo conceito no gerenciamento de projetos. Uma
parte de uma EAP foi incluída em um artigo publicado em 1961 pela General Eletric Corpora-
tion. Tal artigo explicava a importância da EAP para o desenvolvimento de sistemas eficazes
de controle do gerenciamento. Portanto, a EAP é uma ferramenta que vem sendo utilizada
por mais de 60 anos e traz consigo uma importante disciplina na estruturação de projetos
e contratos.
72 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
Visto sua importância, há algumas boas práticas a serem aplicadas na elaboração da EAP.
Estas foram elencadas por Xavier (2009) como os “10 mandamentos da EAP”.
também inclui os serviços (Ex: teste, alinhamento, treinamento, instalação etc.). O impor-
tante é que, tanto os produtos como os serviços, sejam tangíveis e verificáveis. A EAP não
deve conter insumos / recursos físicos a serem utilizados na geração dos subprodutos. Os
custos de viagens, material, pessoal e outros insumos devem ser alocados ao elemento
da EAP para o qual eles contribuem. Devemos verificar se os subprodutos necessários ao
gerenciamento do projeto foram acrescentados à EAP.
VIII. Decomporás de forma que a soma dos subprodutos dos elementos componentes
(filhos) corresponda ao subproduto do elemento pai (Mandamento dos 100%):
Ao decompor um subproduto, nenhuma parte dele deve ser esquecida. Lembre-se que a
soma dos subprodutos componentes deve ser equivalente ao subproduto que foi decom-
posto. Por exemplo, ao decompor um Estudo de Viabilidade da fase de Concepção, não
poderíamos nos esquecer do Relatório conclusivo do estudo.
UNIDADE 4
DICIONÁRIO DA EAP E LINHA DE BASE DO ESCOPO
Uma vez que o título do elemento da EAP pode não retratar claramente o escopo que deve
ser implantado, esse papel deve ser desempenhado por um segundo documento de projeto
denominado de Dicionário da EAP que, juntamente a EAP e a Declaração de Escopo, apre-
sentados anteriormente, formam a Linha de Base do Projeto.
Dicionário da EAP
Segundo PMI (2017, p. 162), “[...] o dicionário da EAP é um documento que fornece informa-
ções detalhadas sobre entregas, atividades e agendamento de cada componente da EAP. O
dicionário da EAP é um documento que dá suporte à mesma. A maioria das informações inclu-
ídas no dicionário da EAP é criada por outros processos e adicionadas a este documento em
um estágio posterior. As informações no dicionário da EAP incluem, mas não estão limitadas a:
76 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
NOME DO PROJETO
Descrição do trabalho
Premissas e Restrições
Marcos do cronograma
Recursos necessários
Estimativa de custos
Duração/Prazo
Referências técnicas
Aprovações
Participante Assinatura Data
Patrocinador
Gerente do
Projeto
Cliente
Existem diversos modelos possíveis de dicionários que podem ser ajustados para as carac-
terísticas de cada projeto. O primeiro passo é verificar se há disponível um formulário para
esse fim nos ativos organizacionais da empresa. A formalização em um documento é funda-
mental em razão, principalmente, da etapa de validação do escopo, que será abordada no
próximo capítulo 4.
Segundo o PMI (2017, p. 161), “[...] a linha de base do escopo é a versão aprovada de uma
declaração do escopo do projeto, da EAP e de seu dicionário da EAP associado, que só pode
ser mudada através de procedimentos de controle formais, e é usada como uma base de
comparação. É um componente do plano de gerenciamento do projeto [...]”. Os componen-
tes da linha de base do escopo incluem:
■■ “Declaração do escopo do projeto: essencial para o sucesso do projeto, pois, descreve
as entregas do projeto e o trabalho necessário para criá-las. Ela é desenvolvida a partir
das principais entregas, do termo de abertura, dos requisitos, premissas e restrições.
Descreve o escopo do produto, a lista de entregas e seus critérios de aceitação, além das
restrições técnicas como datas requeridas, materiais, tecnologia e políticas.
■■ Pacote de trabalho: o nível mais baixo da EAP é um pacote de trabalho com um iden-
tificador único. Esses identificadores fornecem uma estrutura para a sumarização hie-
rárquica de custos, cronograma e informações sobre recursos, e constituem um código
de contas. Cada pacote de trabalho e parte de uma conta de controle. Uma conta de
controle é um ponto de controle do gerenciamento onde o escopo, o orçamento e cro-
nograma são integrados e comparados ao valor agregado para uma medição do desem-
penho. Uma conta de controle pode ter dois ou mais pacotes de trabalho, embora cada
pacote de trabalho seja associado a uma única conta de controle.
■■ Dicionário da EAP: traz todo detalhe necessário para cada elemento da EAP de modo
a orientar a equipe do projeto. Contém informações sobre como o trabalho será reali-
zado, questões técnicas, critérios de aceite, dentre outras informações”.
CAPÍTULO 3 79
Conforme mencionado no início do nosso estudo, o escopo ganha destaque por ser referên-
cia para o planejamento das demais variáveis.
Gerenciamento
da Integração
do Projeto
Gerenciamento
do Escopo
Gerenciamento
do Cronograma
Declaração
de escopo
Entradas
Gerenciemento
dos Custos
Processo: Saída Linha de base
Criar a EAP do escopo
Gerencimento
da Qualidade
Dicionário
da EAP Gerenciamento
dos Recursos
Gerenciamento
dos Riscos
Gerenciamento
das Aquisições
Resumo
Neste terceiro capítulo do assunto Gerenciamento de Escopo em Projetos, você estudou o
conceito de Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e como desenvolvê-la. Viu que a EAP é uma
visão sumarizada do escopo do projeto, preferencialmente apresentada de forma gráfica e
que permite planejar com mais segurança as demais variáveis do projeto, ou seja, tempo,
custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos e aquisições. A EAP é uma das
principais referências para o gerente de projeto.
Também foram apresentadas as vantagens da EAP, deixando clara a sua importância para
o sucesso do projeto, bem como o conceito de níveis da EAP e a base para o processo de
elaboração da EAP, complementados pelos conceitos de pacote de trabalho, dicionário da
EAP e a aplicação da regra dos 100%.
Já para a Linha de Base do Escopo, o último item abordado neste capítulo, foram apresenta-
dos os elementos que a compõem, sob a visão do PMI (2017), além das suas interfaces com
outros processos que integram o Gerenciamento de Projetos, proporcionando uma análise
integrada da evolução do projeto.
CAPÍTULO 4 81
Capítulo 4
CONTROLAR E VALIDAR
O ESCOPO
82 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem gerenciamento de projetos, este
capítulo está dividido em:
UNIDADE 1
CONTROLE DO ESCOPO
Para o PMI (2017), controlar o escopo significa monitorar o progresso do escopo do projeto
e do produto e gerenciar as mudanças feitas na linha de base do escopo. Este acompanha-
mento é realizado ao longo de todo o ciclo de vida do projeto como forma de manter o
plano de gerenciamento do escopo (PGE) e a linha de base do escopo atualizados, além de
outros planos de gerenciamento do projeto e respectivos processos impactados por essas
mudanças.
1 O processo “Realizar o Controle Integrado de Mudanças” analisa todas as solicitações de mudança e, a partir
disso, gerencia as alterações aprovadas nas entregas, nos ativos de processo organizacionais, nos documentos
de projeto e no Plano de Gerenciamento do Projeto. Está mencionado pelo PMI (2017) na seção 4.6.
CAPÍTULO 4 85
CONTROLAR O ESCOPO
É importante reforçar que uma mudança de escopo pode desencadear alterações em outras
áreas do projeto, como tempo, custo, qualidade, recursos, riscos e aquisições. Por isso, as
solicitações de tais alterações devem:
■■ seguir o sistema de controle de mudanças estabelecido no plano de gerenciamento do
escopo;
■■ ser registradas (inclusive aquelas que aparentemente não terão impacto no projeto).
Lembre-se das regras banhar a ouro (gold plating) e/ou deslizar no escopo (scope creep);
■■ ser feitas de maneira formal, por meio de um formulário (apresentado mais adiante).
Solicitação
de mudança
Análise de
viabilidade
Não
Mudança
viável?
Sim
Análise de
impacto Comunicação
das partes
interessadas
Mudança Não
aprovada?
Sim
Atualização
do plano
do projeto
Implementação
da mudança
De forma geral, um sistema de controle de mudanças no escopo é formado por cinco fases:
Assim, dependendo de como tiver sido previsto anteriormente pelo planejamento, a apro-
vação das mudanças pode ser realizada apenas pelo gerente do projeto ou, então, por ele e
pelo patrocinador, em conjunto, ou, ainda, pelo próprio patrocinador de forma isolada ou,
por fim, por um comitê de aprovação de mudanças, composto por todos os responsáveis
em rever eventuais mudanças previstas no projeto e que se reúne periodicamente com o
propósito de aprovar os projetos/alterações inseridos(as) na pauta das reuniões.
Descrição da mudança
Motivação da mudança
Descrição do impacto
Escopo do projeto
Orçamento
Cronograma
Plano de qualidade
Assinatura e aprovações
Data: / / Data: / /
Controlar as alterações do escopo deve ser uma preocupação constante do gerente do pro-
jeto, e de sua equipe, devido à suscetibilidade e sensibilidade que o projeto está sujeito às
mudanças que ocorrem ao longo do ciclo de vida do projeto. Portanto, deve-se controlar e
gerir de perto as mudanças do escopo objetivando mitigar riscos e evitar prejuízos à quali-
dade, aos recursos, aos prazos, aos riscos, aos custos e aos orçamentos.
CAPÍTULO 4 89
UNIDADE 2
VALIDAÇÃO DO ESCOPO
Para o PMI (2017), validar o escopo significa formalizar a aceitação pelo cliente das entregas
concluídas do projeto e, com isso, aumentar a probabilidade de aceitação final do produto,
serviço ou resultado por meio da validação de cada entrega pelas partes interessadas. Em
outras palavras, a validação do escopo ocorre no fim de cada fase e/ou no fim do projeto.
Requer a revisão das entregas e dos resultados do trabalho para garantir que tudo foi com-
pletado correta e satisfatoriamente.
CONTROLAR O ESCOPO
Assim, quando uma entrega ficar pronta, deve-se verificar primeiro se o escopo que foi com-
binado com as partes interessadas está presente na entrega. Em seguida, deve-se verificar
se a qualidade definida para a entrega foi atingida de acordo com o processo controlar a
qualidade. Esses procedimentos servem para verificar a conformidade da entrega produ-
zida antes dela ser enviada para a aprovação do cliente do projeto ou do patrocinador. Após
a aprovação, o cliente deve emitir uma declaração de aceite da entrega. Assim, o projeto tem
o seu escopo validado por meio das entregas aceitas. A figura a seguir representa grafica-
mente este ciclo.
Entregas terminadas.
As solicitações de mudanças
Realizar inspeção de controle são avaliadas por meio do
As mudanças são controle integrado de
de qualidade
Solicitadas. mudanças e as mudanças
(verificar entregas).
aprovadas podem levar ao
replanejamento.
Uma entrega não concluída, por não apresentar os padrões de aceitação previamente esta-
belecidos, pode resultar em uma alteração de escopo, conforme visto anteriormente. As
entregas formalmente aceitas têm os respectivos documentos enviados para o processo
Encerrar o Projeto.
Dessa forma, é possível afirmar que validar o escopo significa atender aos requisitos das
partes interessadas via formalização do aceite dos entregáveis (produto, serviço ou resul-
tado) durante o projeto e também ao fim dele.
UNIDADE 3
ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DO ESCOPO
Conforme já visto anteriormente, os projetos podem ser dotados de um ciclo de vida que
pode variar de abordagens preditivas a adaptativas. No primeiro caso, as entregas são defi-
nidas no início do projeto e as alterações no escopo são gerenciáveis de maneira progres-
siva. Já no segundo caso, as entregas são desenvolvidas em várias interações e o escopo é
detalhado e aprovado em cada uma delas. Portanto, a depender do ciclo de vida do projeto,
as alterações no escopo podem variar em maior ou menor número, exigindo um controle
apurado e um acompanhamento constante.
EXTRA
Uma mudança de escopo pode desencadear mudanças em outras áreas do projeto, como
tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisições e partes inte-
ressadas. Havendo qualquer necessidade de alteração no escopo, seja pelo tipo de ciclo de
CAPÍTULO 4 93
vida do projeto, seja por solicitação do cliente, seja por necessidade do projeto em atingir os
requisitos estabelecidos, seja por rejeição em função de não atendimento aos critérios de
aceitação ou por outra razão não mencionada, uma solicitação de mudança de escopo deve
ser emitida seguindo o processo Realizar o Controle Integrado de Mudanças (PMI, 2017)2.
Qualquer mudança no escopo pode gerar alteração na linha de base do escopo que, por sua
vez, poderá adicionar atividades especificas no gerenciamento do escopo. O dicionário da
EAP também registra as atualizações que podem resultar na atualização do plano de geren-
ciamento do projeto, já que a linha de base do escopo foi alterada.
A figura a seguir apresenta um diagrama de fluxo que resume o relacionamento entre todos
os processos já estudados nesta aula sobre Gerenciamento do Escopo. Dessa forma, é pos-
sível perceber a interdependência entre eles e os impactos que uma alteração no escopo
pode provocar no projeto.
2 Realizar o Controle Integrado de Mudanças significa revisar todas as solicitações de mudança, aprova-las e
gerenciá-las nas entregas, ativos de processos organizacionais, documentos do projeto e no plano de gerencia-
mento do projeto, além de comunicar a decisão sobre os mesmos.
3 Orientar e Gerenciar o Trabalho do Projeto significa liderar e realizar o trabalho definido no plano de gerencia-
mento do projeto e a implementação das mudanças aprovadas para atingir os objetivos do projeto.
94 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
Termo de Mudanças
Linha de base
abertura do aprovadas
Controlar ajustada
projeto
o escopo
Planejar o
gerenciamento EAP
+
do escopo Dicionário da EAP
Declaração
de escopo
Plano de
gerenciamento
de requisitos
Requisitos Declaração
Coletar os do projeto Definir o de escopo
Criar a EAP
requisitos escopo
Declaração
de escopo EAP
+
Dicionário da EAP
Entregas
Entregas Validar o aceitas
escopo
Portanto, uma atualização no registro de mudanças indica que algumas alterações foram
aprovadas e outras não. As solicitações de mudanças aprovadas podem incluir modificações
como reparos de defeitos, revisão dos métodos de trabalho e revisão dos cronogramas, que
poderão impactar sobremaneira a linha de base do escopo que, por sua vez, provocará a
necessidade de uma atualização no plano de gerenciamento de escopo do projeto.
CAPÍTULO 4 95
Resumo
O capítulo abordou os processos controlar o escopo, validar o escopo e atualizar o plano de
gerenciamento do escopo. Vimos o diagrama fluxo do processo com suas entradas, ferra-
mentas e técnicas e saídas, que o processo “Controlar o Escopo” significa monitorar o pro-
gresso do escopo do projeto e do produto e gerenciar as mudanças ocorridas na linha de
base do escopo. Vimos o quão importante é o acompanhamento realizado ao longo de todo
o ciclo de vida do projeto, quais os benefícios em realizá-lo e quais prejuízos em ignorá-lo.
Vimos também como realizar uma mudança de escopo, momento em que foi apresentada
uma sugestão de fluxo de processo, e quais os seus impactos para o plano de gerenciamento
do escopo (PGE) e para a linha de base do escopo, os quais devem ser atualizados junta-
mente com demais processos impactados pelas alterações. Como exemplo foi apresentado
um modelo para o sistema de controle de mudanças no escopo, o qual tem por função
avaliar, aprovar ou rejeitar solicitações de mudanças submetidas pelas partes interessadas.
Para finalizar, mostrou-se como o encadeamento lógico que rege as atualizações do PGE
que, por sua vez, gera a necessidade de uma atualização no PGP.
96 GERENCIAMENTO DE ESCOPO EM PROJETOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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