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ARTIGO DE REVISÃO
It explains the Federal Constitution of 1988, in its article 206, as one of the
principles for education in Brazil, "democratic management of public education."
This concern is reiterated in the Law on the Guidelines and Bases of Education,
noting that democratic management must be in accordance with the legislation of
educational systems. Inclusive education, therefore, is understood as an education
directed to all and all who wish to enter the school space from the perspective of
living with the diversities, all members of the school would have more benefits than
losses, provided they are supported by physical resources and Human resources.
escola exige trabalho em muitas frentes. Cada avaliação processual das etapas e metas
escola, ao abraçar esse trabalho, terá de propostas.
encontrar soluções próprias para os seus Para Gadotti e Romão (1997), o Projeto
problemas. As mudanças necessárias não Político Pedagógico deve ser entendido como um
acontecem por acaso e nem por decreto, mas horizonte de possibilidades para a escola. O
fazem parte da vontade política do coletivo da Projeto imprime uma direção nos caminhos a
escola, explicitadas no seu Projeto Político serem percorridos pela escola. Ele se propõe a
Pedagógico – PPP e vividas a partir de uma responder a um feixe de indagações de seus
gestão escolar democrática. membros, tais como: qual educação se quer e
A constatação de que a realidade escolar é qual tipo de cidadão se deseja, para qual projeto
dinâmica e depende de todos dá força e sentido de sociedade? O PPP propõe uma organização
à elaboração do PPP, entendido não apenas que se funda no entendimento compartilhado
como um mero documento exigido pela dos professores, alunos e demais interessados
burocracia e administração escolar, mas como em educação.
registro de significados a serem outorgados ao Todas as intenções da escola, reunidas no
processo de ensino e de aprendizagem, que Projeto Político Pedagógico, conferem-lhe o
demanda tomada de decisões e caráter político, porque ele representa a escolha
acompanhamento de ações consequentes. de prioridades de cidadania em função das
O PPP não pode ser um documento demandas sociais. O PPP ganha status
paralelo que não diz respeito, que não atravessa pedagógico ao organizar e sistematizar essas
o cotidiano escolar e fica restrito à categoria de intenções em ações educativas alinhadas com as
um arquivo ou de uma alegoria, de caráter
residual. Ele altera a estrutura escolar e escrevê-
prioridades estabelecidas.
O caráter coletivo e a necessidade de 163
lo e arquivá-lo nos registros da escola só serve participação de todos são inerentes ao PPP, pois
para acomodar a consciência dos que não têm ele não se resume a um mero plano a projeto
um verdadeiro compromisso com uma escola de burocrático, que cumpre as exigências da lei ou
todos, por todos e para todos. do sistema de ensino. Trata-se de um documento
Nossa legislação educacional é clara no norteador das ações da escola que, ao mesmo
que toca à exigência de a escola ter o seu PPP; ela tempo, oportuniza um exercício reflexivo do
não pode se furtar ao compromisso assumido processo para tomada de decisões no seu âmbito.
com a sociedade de formação e de O professor, portanto, ao contribuir para a
desenvolvimento do processo de educação, elaboração do PPP, bem como ao participar de
devidamente planejado. sua execução no cotidiano da escola, tem a
A exigência legal do PPP está expressa na oportunidade de exercitar um ensino
LDB – Lei no 9.394/96 que, em seu artigo 12, democrático, necessário para garantir acesso e
define entre as atribuições de uma escola, a permanência dos alunos nas escolas e para
tarefa de “[...] elaborar e executar sua proposta assegurar a inclusão, o ensino de qualidade e a
pedagógica”, deixando claro que ela precisa consideração das diferenças dos alunos nas salas
fundamentalmente saber o que quer e colocar de aula. Exercer esse papel como um dos
em execução esse querer, não ficando apenas nas mentores do PPP não é uma obrigação formal,
promessas ou nas intenções expostas no papel. mas o resultado de um envolvimento pessoal do
Ao sistematizar estas escolhas e decisões, o professor. Nesse sentido, vem antes a sua
PPP, a partir de um estudo da demanda da disposição de participar, porque contribuir é
validade escolar, cria as condições necessárias reconhecer a importância de sua colaboração
para a elaboração do planejamento e o para que o projeto se execute.
desenvolvimento do trabalho da sua equipe e da
A Constituição Federal de 1988, em seu humanos. Para esse autor, ao se pensar em uma
artigo 206, explicita, como um dos princípios comunidade escolar inclusiva, reflexo de tal
para a educação no Brasil, “[...] a gestão imperativo, deve-se contar não apenas com
democrática do ensino público”. Essa soluções didático-pedagógicas, mas também
preocupação é reiterada na LDB (Lei 9.394/96), com:
no artigo 3o, ao assinalar que a gestão
democrática, além de estar em conformidade [...] outras medidas e arranjos,
com a Lei, deve estar consoante à legislação dos cientificamente fundamentados, que
sistemas de ensino, pois, como Lei que detalha a possibilitem o convívio e a coação, por
educação nacional, acrescenta a característica parte das pessoas com as mais variadas
das variações dos sistemas nas esferas federal, diferenças, em principais situações e
estadual e municipal. Ainda nesse detalhamento, atividades da vida diária, de modo que
a LDB avança, no seu artigo 14, afirmando que: favoreçam a realização e o
desenvolvimento de todos que delas
[...] os sistemas de ensino definirão as participam (OMOTE, 2004).
normas da gestão democrática do ensino
público na educação básica, de acordo com Gaio e Meneghetti (2004) afirmam: “a
as suas peculiaridades e conforme os inclusão escolar é uma possibilidade que se abre
seguintes princípios: participação dos para o aperfeiçoamento da educação escolar e
profissionais da educação na elaboração para o benefício de alunos com ou sem
do projeto pedagógico da escola; deficiência”.
participação das comunidades escolar e
local em conselhos escolares ou
O que os autores expõem é que para haver
uma inclusão que possibilite um bom 164
equivalentes. desempenho dos alunos precisam-se antes
valorizar as situações, as vivências,
Nos textos legais, fica clara a ênfase dada possibilitando assim ações pertinentes ao
ao Projeto Político Pedagógico de cada escola, contexto do educando.
bem como a reiteração de que a proposta seja A educação inclusiva implica em mudança
construída e administrada à luz de uma gestão de mentalidade, que perpassa por mudanças nas
democrática. concepções educacionais pautadas na
Com um sistema educacional democrático padronização “de capacidades individuais de
e munido de recursos qualificados, as pessoas realização” (OMOTE, 2005).
com deficiência não seriam apenas inseridas nas A nosso ver, implica na mudança de
escolas, elas seriam integradas e participativas e perspectivas de ensino, pautadas nas
poderiam vir a contribuir com a inclusão social. abordagens tradicionalistas, verbalista ou
Acreditamos que, para implementação da bancária (FREIRE, 1982, 1987) para àquelas
educação inclusiva são necessários abordagens que respeitem as diversificadas
administradores preocupados com a reforma, diferenças, “reconhecendo nelas a oportunidade
com a reestruturação e com a renovação de mais de aprendizagem de todos”.
unidades de ensino. Entretanto, para conseguirmos essa
Omote (2004) argumenta que a busca pela educação não devemos partir de decretos e
inclusão sempre fez parte da historia da vontades de uma minoria, mas de uma
humanidade. Entretanto, por volta dos anos 90, transformação dos interesses individualistas,
a construção da sociedade inclusiva próprios da natureza humana, para os interesses
transformou-se “em um imperativo moral”, coletivos, próprios da vida social.
intensificado pelos defensores dos direitos
Acreditamos que a educação inclusiva só para operar as máquinas, com domínio das
será possível quando pensamos coletivamente técnicas de produção.
na qualidade do sistema educacional. Assim, A Educação da EJA sempre teve um
muito temos a trilhar para alcançarmos tal contorno especial. No campo da indústria
objetivo. significativa mão de obra qualificada; para os
alunos poderia significar um grande progresso
[...] é a chave para o século XXI; é tanto para o país, e, para os políticos, a ampliação do
consequência do executivo da cidadania número de eleitores.
como condição para uma plena Na década de 40, o ensino ganhou novos
participação na sociedade. Além do mais, é contornos com a criação de fundo destinado à
um poderoso argumento em favor do EJA. Essa nova fase da educação ganha força
desenvolvimento ecológico sustentável, da com o final da ditadura de Getúlio Vargas e a
democracia, da justiça, da igualdade entre criação da UNESCO. É neste cenário que, em
os sexos, do desenvolvimento 1947, sob a direção do professor Lourenço Filho,
socioeconômico e científico, além de um acontece a I Campanha de Alfabetização de
requisito fundamental para a construção Jovens e Adultos com base no método
de um mundo onde a violência cede lugar desenvolvido pelo educador norte-americano
ao diálogo e a cultura de paz baseada na Frank Charles Laubach.
justiça (Declaração de Hamburgo, 1997). A importância da alfabetização de jovens e
adultos passou a ter maior ressonância com as
De acordo com a Declaração de experiências de Educação Popular a partir do
Hamburgo, para que haja exercício pleno da
cidadania, o diálogo deve fazer parte do processo
serviço de Extensão da Universidade do Recife e
os círculos de cultura popular, com o educador 165
educativo, social, econômico e científico. Paulo Freire, gerando questionamentos acerca
Compreendemos que a educação inclusiva e dos processos de alfabetização e desencadeando
EJA, ambas estão atreladas em uma proposta de um novo paradigma pedagógico.
favorecer este diálogo e o ingresso dos alunos, O pensamento pedagógico de Paulo Freire
que por diversos motivos, abandonaram seus e sua proposta para a alfabetização baseavam-se
estudos, pois educar os adultos é antes de tudo, no entendimento da relação problema social e
envolvê-los num projeto educacional. educacional.
O termo “Educação de Jovens e Adultos” Portanto era necessário intervir na própria
não é de uso recente em nosso país. Porém, estrutura social que produzia o analfabetismo.
segundo a professora Conceição Maria da Cunha Esse pensamento norteou grande parte dos
(1999), já existe desde o Brasil Colônia. Nesse programas de alfabetização realizados no início
tempo falava-se em Educação não infantil, sendo dos anos 60. Com o golpe militar, houve uma
usada mais como meio de conversão ao ruptura no trabalho de alfabetização,
catolicismo. E, no Brasil Império, várias considerado como um risco à ordem.
reformas foram feitas, preconizando o ensino Em 1967, surge um novo momento de
elementar para adultos analfabetos em classes alfabetização, desta vez encabeçada pelo próprio
noturnas. governo: O MOBRAL (Movimento Brasileiro de
No Brasil República, a Educação de Jovens Alfabetização). Porém o movimento iniciado por
e Adultos só ganhou vulto na década de 1930 Freire continuava vivo.
com a consolidação de um sistema público de Em 1996, é elaborada uma nova versão da
educação. Isso se deve, em parte, ao processo de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
industrialização e ao aumento da população (LDB) no 5.592/71, da época do governo militar.
urbana. Precisava-se de mão de obra qualificada A atual versão da LDB (Lei no 9.394/96) trata de
Estado para com a educação será efetuado também assegura para a livre circulação dessas
mediante a garantia de: pessoas nos espaços públicos.
Buscando identificar os entraves e
I. ensino fundamental, obrigatório e obstáculos que limitam o acesso e à circulação de
gratuito, inclusive para os que a ele não pessoas com deficiências e das com mobilidade
tiveram acesso na idade própria; reduzida, pudemos perceber que estas barreiras
II. progressiva extensão da obrigatoriedade estão sendo quebradas, com as construções de
e gratuidade ao ensino médio;
III. atendimento educacional especializado rampas em vias públicas e nas escolas, as
aos portadores de deficiência, reformas dos banheiros públicos, os quais veem
preferencialmente na rede regular de sendo adaptados as necessidades das pessoas
ensino; deficientes, e isto, vem melhorando para a
IV. oferta de ensino noturno regular, inclusão e a permanência dos alunos deficientes
adequada às condições do educando. na EJA, porém, tudo isso ainda não e o suficiente
para garantir o acesso e a permanência destes
O governo brasileiro elaborou, em nível de
alunos.
orientação educacional, os Parâmetros
O aluno deficiente da EJA não deve só está
Curriculares Nacionais (PCN’s), e os PPP
incluído nas matrículas escolares, ele precisa
(Projeto Político Pedagógico), esses dois
estar incluído também no PPP (Projeto Político
documentos têm como objetivos comuns auxiliar
Pedagógico) da escola e do seu professor, ele
e orientar os professores a desenvolverem ações
deve ser envolvido de forma a desempenhar e
didático-pedagógicas que atendam aos fins da
desenvolver suas habilidades, sejam elas
educação na contemporaneidade.
A LDB (9.394/96) e a EJA – no capítulo
cognitivas ou não.
A comunidade escolar precisa repensar 167
III, Seção V, Art. 37, § 2o fala: “Os conhecimentos
suas propostas e deixar de excluir o aluno
e habilidades adquiridos pelos educandos por
deficiente na EJA, o qual pode se desmotivar e
meios formais serão aferidos e reconhecidos
não continuar no processo de escolarização, e
mediante exames”.
isto pode-se dá pela falta de um corpo docente
Ao longo das décadas, a EJA vem sendo
preparado para lidar com estes alunos, sabemos
readaptada para melhor atender a estes alunos e
que os professores influenciarão neste processo
leis como a Lei no 10.098/2000, estabelece
de permanência e se o professor não tiver uma
normas gerais e critérios básicos para a
metodologia que envolva este aluno deficiente,
promoção da acessibilidade das pessoas
ele desmotivará e acabará desistindo de seus
portadoras de deficiência ou com mobilidade
estudos. Por isso, “Educar para outro mundo
reduzida, mediante a supressão de barreiras e de
possível e educar para a ruptura, para a recusa,
obstáculos nas vias e espaços públicos, no
para dizer não, para agir, para sonhar com
mobiliário urbano, na construção e reforma de
outros mundos possíveis” (FREIRE, 1982).
edifícios e nos meios de transporte e de
Outro fator que é determinante e
comunicação. Em seu capítulo I, art. 2o trata das
necessário nas escolas que trabalham com esta
barreiras arquitetônicas na edificação: as
modalidade de ensino e que deixa uma grande
existentes no interior dos edifícios públicos e
lacuna na proposta pedagógica dos professores é
privados, as quais não devem mais existir para
a falta de recursos materiais específicos que
impedirem o livre acesso das pessoas deficientes.
atendam às necessidades específicas do aluno
Já a NBR (Norma Brasileira) 9050: 1994,
deficiente.
com base na Associação Brasileira de Normas
Muitos outros fatores são determinantes
Técnicas, faz referência a (acessibilidade de
para que se garanta a inclusão escolar e a
pessoas portadoras de deficiência a edificações,
permanência destes alunos deficientes na EJA,
espaço, mobiliário e equipamentos urbanos)