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INCLUSÃO SOCIAL COMO MEDIDA DE PROTEÇÃO AO IDOSO

Anahilza da Silva Fernandes1


Marlene Almeida de Ataíde2

Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica e versa sobre


inclusão social e medidas de proteção na perspectiva de consolidação dos direitos
do idoso, numa sociedade marcada por acentuada desigualdade social, em que a
questão social é exposta nas mais variadas formas de exclusão social e violação de
direitos. Neste viés a questão do idoso envolve o campo sócio-jurídico na resolução
de problemas, onde o Ministério Público, por meio da Promotoria de Justiça de
Direitos Humanos Área Idoso da Capital de São Paulo deve atuar em favor do idoso
defendendo seus direitos, no âmbito individual e coletivo, e desenvolver um trabalho
social em prol do envelhecimento ativo da população, facilitando o acesso do idoso
às políticas públicas e inclusão social, zelando por uma sociedade inclusiva do
idoso.

Palavras chave: Inclusão social. Idoso. Medidas de Proteção.

This article is the result of a bibliographical research on social inclusion and


protection measures in the perspective of the consolidation of the rights of the
elderly, in a society characterized by marked social inequality, in which the social
question is exposed in the most varied forms of social exclusion and rights. In this
line, the issue of the elderly involves the socio-legal field in solving problems where
the Public Prosecutor's Office, through the Office of the Human Rights Justice, the
Elderly area of the Capital of São Paulo, must act in favor of the elderly defending
their rights and developing a social work in favor of the active aging of the population,
facilitating access of the elderly to public policies and social inclusion, ensuring an
inclusive society of the elderly.

Keywords: Social Inclusion. Old man. Protective Measures

INTRODUÇÃO

O objetivo de estudar a inclusão social na relação com as medidas de


proteção ao idoso advém do questionamento a respeito do trabalho social realizado
na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos – Área Idoso (PJDH-Idoso) – do
Ministério Público de São Paulo (MP/SP), o qual tem atribuições para atuar em

1
Especialista em Psicologia Social pelo Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade
Santo Amaro (UNISA-SP). Email: anahilza@yahoo.com.br
2
Orientadora do Trabalho. Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo – PUC-SP. Docente nos cursos de Graduação e Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade
Santo Amaro (UNSA-SP). E-mail: maataide@yahoo.com.br
2

defesa dos direitos do idoso, no fomento de políticas públicas, e zelo pela prestação
de serviços de qualidade direcionados a este segmento populacional.
Muito embora a existência de legislações de proteção dos direitos da pessoa
idosa e políticas de inclusão social, nas mais variadas dimensões desse ciclo da
vida, levanta-se o seguinte problema: O trabalho na PJDH-Idoso é suscetível de
cumprir o seu papel de mediador no sentido de que a pessoa idosa seja participativa
nas lutas coletivas, conhecendo e reconhecendo seus direitos enquanto cidadão, de
forma que não se sintam tutelados, mas sujeitos e agentes desse processo.
Assim foi levantada a seguinte hipótese: A PJDH-Idoso considera aspectos
da inclusão social para definir as Medidas de Proteção cabíveis quando se depara
com alguma situação de violação de direitos e risco social do idoso, contudo se vale
de prerrogativas jurídicas para garantir acesso aos direitos fundamentais, melhoria
da qualidade de vida e políticas públicas.
Trata-se de pesquisa bibliográfica, que segundo Marconi; Lakatos (1992) é o
levantamento de bibliografias publicadas em forma de livros, revistas, publicação
avulsa e imprensa escrita. Foram analisadas várias literaturas relativas ao assunto
em estudo, publicados em livros, legislação, periódicos e artigos disponibilizados em
anais de congressos, bibliotecas e internet, o que possibilitou este trabalho tomar
forma e ser fundamentado, de modo a reunir matéria crítica para analise.
O tema é tratado levando-se em conta a questão do idoso no contexto da
sociedade brasileira a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. Para
análise, se referencia na legislação relacionada aos direitos do idoso, críticos e
pensadores que realizaram estudos e debates das políticas de inclusão social, da
questão social e questão do idoso no campo sócio-jurídico. Visa uma melhor
compreensão da relação entre inclusão social e medidas de proteção como recurso
na garantia dos direitos fundamentais do idoso.
A pesquisa descreve no primeiro Capítulo o entendimento de inclusão e
exclusão social no contexto da desigualdade social brasileira; as características do
público idoso, aspectos de violação de seus direitos e a resposta da sociedade em
defesa do idoso, com o planejamento e implantação de uma rede de proteção. No
segundo Capitulo é descrito a consolidação de políticas de inclusão social e medidas
de proteção, e a atuação da PJDH-Idoso neste campo realizando um trabalho social
que visa à garantia de direitos do idoso, favorecendo o exercício da sua cidadania.
Por fim, analisa os resultados da pesquisa compreendidos e principais conclusões.
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CAPÍTULO I

1. A INCLUSÂO SOCIAL DO IDOSO NO CONTEXTO BRASILEIRO

O tema direitos humanos da pessoa idosa é destacado na agenda da


Organização das Nações Unidas (ONU) para ações de garantia da seguridade
econômica e social das pessoas idosas e oportunidades para contribuírem com o
desenvolvimento de seus países. As discussões definiram o 1º e 2º Plano de Ação
Internacional do Envelhecimento, evento de 1982 em Viena e de 2002 em Madri,
com recomendações das políticas para o envelhecimento ativo da população aos
países compromissados com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, como o
Brasil. Na conjuntura brasileira estava em curso o processo de democratização da
sociedade, a construção da Constituição Federal de 1988, planos governamentais
de desenvolvimento econômico e social. (VIEIRA; SCHMINSKI, 2016).
Segundo Minayo (2005; 2011), os dados da Pesquisa Nacional por
Avaliação de Domicílio (PNAD) já apontava para o fenômeno demográfico do
acelerado envelhecimento populacional; e, considerando as características
acentuadas de desigualdade social do país, a preocupação com as camadas mais
vulnerável, nela o idoso e todas as questões e complexidades; quadro que impunha
a sociedade saber lidar com a questão, impulsionando para a busca de
conhecimentos na área e mudanças em sua estrutura organizacional, quando
políticas inclusivas e o combate à violação de direitos da pessoa idosa são
levantados e difundidos, visando meios de garantir vida ativa e digna ao idoso.

1.1 Desigualdades sociais no Brasil e a relação inclusão/exclusão social

Quem vive o cotidiano da sociedade brasileira percebe a desigualdade social


nas paisagens das cidades e do campo; contrastes entre suntuosas e precárias
construções; muitas pessoas em condições difíceis de sobrevivência, num país de
imenso potencial de desenvolvimento. São contradições que não se explica apenas
das escolhas individuais, mas por condicionantes sociais estabelecidas na estrutura
econômica e política da sociedade brasileira, que favorece a concentração de renda
nas mãos de uns poucos sem resolver a questão da pobreza. Os métodos mais
disseminados de mensurar o grau da desigualdade social de um país são utilizados
no gráfico da pesquisa de Almeida; Zanlorenssi (2017) por meio dos índices de Gini
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e Curva de Lorenz mostram que no Brasil os 80% mais pobres da população


concentram 43% da renda, sendo que a média num país onde a renda é distribuída
igualmente entre toda a população, os 80% mais pobre concentram 80% da renda.
Para Martins (2007) a desigualdade territorial e urbana é gerada do próprio
sistema capitalista; em meio aos desarranjos sociais e crises, o Estado recorre às
políticas públicas de inclusão como correção da atenuante desigualdade. Aponta a
exclusão social na sua forma clássica, quando povos são dominados pelo dinheiro e
pelo mercado; do desenraizamento e expulsão dos camponeses da terra nas novas
relações sociais e sociedades capitalistas; sendo o termo apenas substituído ao de
pobre marginalizado. A política de inclusão social é vista como um método novo que
o sistema capitalista encontrou para abafar as próprias contradições, sendo
importante àqueles que lidam com o trabalho social ter consciência das verdadeiras
causas da exclusão ligada a questão social e a luta por Direitos sociais.
Mas a inclusão social pode ser utilizada como um meio para a população
subalterna dar sentido a luta e conquistas, numa estratégia legitimada de garantia de
direitos humanos e direitos sociais que lhes assegurem vida digna, liberdade e
igualdade de oportunidades. Sposati (1999, s/d) relaciona as políticas de inclusão à
solução do Welfare State quando da grande depressão econômica na forma de
manter o sistema de produção e relações de trabalho; e na atualidade, perpassada
pelo fenômeno da globalização. Assim, na linha do clássico Welfare State, ainda que
em épocas diferenciadas de desigualdade social, o fenômeno da exclusão se
ressalta, bem como o Estado intervencionista tentando garantir padrões mínimos de
educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos.
Carvalho; Castro (2007) discorre do conceito de inclusão e exclusão social
analisada em contraposição, perpassando a inclusão social em diversos níveis
identificando os fatores capazes de incluir indivíduos na sociedade, por meio da
qualidade dos serviços, inclusão digital, voto livre e democrático. Num contexto
urbano assinala os indivíduos marginalizados, desprovidos do acesso às instituições
e organizações sociais; outros, em maior grau de exclusão, que residem em guetos
ou favelas precárias com maior dificuldade de acesso a políticas básicas como
educação, saúde e habitação; mesmo indivíduos de classe média podem estar
excluídos, quando alienados de seu poder de intervenção na sociedade.
A classificação feita dos grupos sociais é relacionada a níveis de inclusão
social, termo que deve ser utilizado no campo de políticas públicas e gestão social,
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nas ações organizacionais e institucionais de iniciativas estatais ou privado, visando


reduzir a exclusão social. Neste sentido a inclusão social plena requer um tipo de
gestão social capaz de criar, fortalecer e ampliar vínculos que desenvolvam nos
indivíduos uma consciência crítica efetiva; no geral, a capacidade da sociedade
participar das questões que lhe afetam, sendo possível quando se mantém vínculos
globais (entre comunidades) e locais (dentro da comunidade). O desafio das
políticas públicas e dos realizadores de projetos de gestão social é diminuir a
distância entre os grupos e classes sociais como forma de combate a desigualdades
sociais favorecendo e estimulando os indivíduos a terem consciência crítica, acesso
a bens/serviços e investimentos diversos em suas capacidades, ou seja, no seu
capital humano e recursos locais, articulando e fazendo vínculos globais; importa,
porém, que os indivíduos se portem como sujeitos, refletindo os fatores
determinantes de sua vida (CARVALHO; CASTRO, 2007).
Levando em conta a problemática do idoso no contexto da desigualdade
social, visualiza a heterogeneidade do envelhecer implicado nos riscos diferenciados
de sofrer violência e uma grande parcela de excluídos socialmente, sendo os mais
pobres os mais vulneráveis, dentre os quais idosos, pois estudos demonstram que
somente 25% dos idosos aposentados vivem com três salários mínimos ou mais,
sendo, portanto, a grande maioria pobre ou miserável (MINAYO, 2005; 2011). Neste
sentido, a inclusão social é imprescindível por meio de iniciativas de todos os atores
da sociedade, o Estado com Políticas Públicas efetivas e proteção ao idoso,
inclusive com incentivos a sua participação na vida social e política.

1.2 Idosos, aspectos que geram violencia e violação de seus direitos, e os


desafíos no enfrentamento da questão

Na caracterização do idoso no Brasil, os estudos mais recentes publicados


pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2016), da análise dos
dados da PNAD de 2015 em aspectos demográficos, apontam o crescimento da
população brasileira em 1,0% entre 2005 a 2015; dentre 204,9 milhões de pessoas,
cerca de 29,3 milhões de idosos no país representando 14,3%, e tendência de
chegar aos 41,5 milhões até 2030.
A Organização Mundial de Saúde – OMS (2005) definiu idoso num limite de
65 anos ou mais de idade para países desenvolvidos e 60 anos ou mais de idade
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para países subdesenvolvidos como o Brasil; e a violência contra a pessoa idosa é


definida como qualquer ato, único ou repetitivo, ou omissão, que possa ocorrer em
qualquer relação supostamente de confiança, que cause dano ou incômodo à
pessoa idosa. Nos termos de violência contra os idosos tem-se: maus-tratos,
abusos, negligenciam e omissão contra os idosos, em geral geridos nas relações
sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou ainda institucionais; e lhe
causam danos físicos, mentais e morais, sendo um problema universal.
Minayo (2005; 2011) em seus estudos relacionados ao envelhecimento
elucida as diversas complexidades ligadas a aspectos demográficos,
epidemiológicos, antropológicos e psicossociais. O fenômeno da revolução
demográfica, com o crescimento acelerado do envelhecimento populacional,
havendo a questão da desigualdade social implicando a heterogeneidade do
envelhecimento e grande parcela de idosos com poucos recursos para subsistência;
a longevidade é vista como conquista da sociedade brasileira, com os avanços da
ciência médica, saneamento ambiental e novas formas de organização familiar,
social, cultural, econômica, política e jurídica, presentes na contemporaneidade,
mudanças na forma de enxergar e tratar idosos e mérito dos esforços de garantia de
direitos humanos e ações no fortalecimento das políticas públicas, destacando
setores como Seguridade Social.
As várias formas de violência contra o idoso relaciona-se a falta do seu
reconhecimento como sujeito de direitos manifesta em maneiras de tratar e
representar o idoso em formas de discriminação com vários focos de produção e de
reprodução, da expressão estrutural da desigualdade social, do estigma de
descartável e de peso social, evidenciadas nas instituições, e na aplicação ou
omissão das políticas sociais geridas pelo Estado; também interpessoal manifesta
nas formas de comunicação e de interação cotidiana. Muitas vezes ocorrem
simultaneamente a violência estrutural, violência institucional e a violência familiar,
sendo as causas da violência sempre complexas e associados a diversos fatores
como perda do sentido da vida, abandono pela família, ocorrência de doenças
crônicas degenerativas dolorosas, pouca expectativa por parte da pessoa idosa de
receber cuidados dos familiares ou dos serviços públicos. Dentre os problemas
ressaltam-se os abusos financeiros que constituem a maior queixa às delegacias, às
defensorias, ao ministério público e ao disque-idoso; maus tratos e negligências
provocados pelos serviços públicos de saúde, de assistência social e de segurança;
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maus tratos e negligências em clínicas e instituições de longa permanência e nos


ambientes familiares (MINAYO, 2005; 2011).
Minayo (2005; 2011) refere à importância de pensar o idoso em suas
faculdades e capacidades de pleno exercício da cidadania, colaborando sua
participação na vida econômica e social, que tal papel se prejudicado irrompe para
um modo de violação de direitos e de retrocesso da sociedade em seus avanços
sócio-jurídicos alcançados, que a questão requer séria atenção e responsabilidade
por parte dos gestores públicos e da própria sociedade com atuação dos diversos
setores de políticas públicas na promoção da autonomia, da vida saudável e
atendimento às demandas desse grupo social. Ressalta a inclusão social e proteção
do idoso respaldada por um arcabouço jurídico que tem como marco fundamental a
Constituição Federal (1988), que gerou diversas outras regulamentações das
diversas áreas de políticas públicas, legislativo e jurídico, dentre os entes federativos
em todo Brasil e o planejamento de políticas inclusivas que levam em conta as
complexidades de saúde e fragilidade dos idosos acima de 80 anos - apresenta
maior incidência de doenças crônicas, diminuição da autonomia, demandando mais
recursos/cuidados e cercar-se de suporte social e afetivo.
A questão do idoso vista como questão social, considera o contexto social,
econômico e político da sociedade brasileira, onde se destaca o fenômeno da
desigualdade social. Com este foco, a CF de 1988, considerada cidadã, determina
meios de compensar a histórica concentração de renda e exclusão social de grande
parte da população, desprovido até mesmo dos meios de participação ativa na
sociedade; fazendo referências aos direitos sociais como fundamentais, sendo que
os artigos 40; 93; 201-203; 229-230 destaca o público idoso, assinalando a família, a
sociedade e o Estado no dever de amparo às pessoas idosas, assegurar sua
participação na comunidade, defender sua dignidade e bem-estar e garantir o direito
à vida; determina uma estrutura governamental de Política Pública, a Seguridade
Social, fundamentada em um tripé de políticas setoriais que forma uma rede de
apoio ao idoso: Saúde, dever do Estado e direito dos cidadãos; Previdência, direito
contributivo; e Assistência Social, dever do Estado na garantia os mínimos sociais
a todos que dela necessitar no território brasileiro. É formada uma estrutura de
garantia e acesso as condições básicas de vida digna do idoso, por meio de
legislação e planos, sendo as mais específicas e fundamentais a este público, em
conjunto com a CF de 1988, a Política Nacional do Idoso (1994) e o Estatuto do
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Idoso (2003), fomentadas por meio de iniciativas das organizações sociais e


mobilização de entidades representantes. (CAMARANO, 2013, 2016).
A participação da sociedade civil na democratização da sociedade brasileira
tem um importante passo do Movimento de Reforma Sanitária na década de 80,
quando a conceituação de saúde não mais se limita ao entendimento de ausência
de doença, tratamento e cura, institucionalização e isolamento social; o conceito
vem relacionado às condições sociais e ambientais como determinante da saúde
das pessoas; o Sistema Único de Saúde é construído como Estado assegurando a
saúde em uma perspectiva de universalidade, integralidade e equidade, ou seja,
acesso de todos os cidadãos a saúde, deste a prevenção de doenças a
especialidades de tratamento (PAIVA; TEIXEIRA, 2003). A rede de proteção social
também transita da vinculação estritamente social-trabalhista e assistencialista para
o direito e cidadania, construindo o Sistema Único da Assistência Social de forma a
que todos que dela necessitam tenham acesso. Atualmente são políticas setoriais já
consolidadas no país, mas em vias de implentações (CAMARANO, 2013, 2016).
Justo; Rozendo (2011) considera os avanços nas garantias de direitos e
políticas públicas, referem o processo de transição da sociedade e da cultura
brasileira da juventude para a maturidade no plano jurídico, mas ressalvam para as
orientações das concepções, ideias e valores; regulação de direitos, políticas
públicas, práticas, formas de tratamento, espaços, etc., influenciando na forma da
sociedade agir e pensar o envelhecimento; e aspectos do engajamento do Estado
em gerir e governar a população idosa. Destacam na legislação brasileira algumas
conotações e sentidos pejorativos ao envelhecimento e a própria CF de 1988
atribuindo limites aos idosos em relação à faixa etária e capacidades físicas
(aposentadoria compulsória por idade e delimitação de idade para ocupar alguns
cargos públicos) sem considerar condições concretas e individuais, o que restringe o
idoso na construção ativa da vida social. Também refletem a construção da PNI
baseada no saber geriátrico-gerontológico e gestão sobre a velhice, o que abre
espaço para discussões quanto os limites das capacidades e quem pode definir o
envelhecimento em seus aspectos biopsicossociais; outro fator é da definição dos
espaços e mecanismos de participação ativa do idoso na gestão desta política por
meio dos Conselhos de Idosos em sua extensão do aparelho burocrático do Estado,
quando destina metade dos assentos no Conselho a membros do poder público e
outra metade às organizações da sociedade civil, ditas representantes dos idosos,
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mas que em geral, são atrelados aos órgãos públicos na execução de serviços, o
que prejudica o efetivo protagonismo direto dos idosos nos Conselhos, ficando ainda
o desafio da implementação dos colegiados deliberativos e paritários em todos os
municípios brasileiros, com estrutura e efetiva condição de funcionamento.
A PNI no art. 10, V, a (PNI, 1994) e o Estatuto do Idoso (2003) no art. 27
vedam a discriminação da pessoa idosa na admissão de qualquer trabalho ou
emprego ou a fixação de limite máximo de idade. O Estatuto garante o pleno acesso
da pessoa idosa ao concurso público vedando a discriminação e a fixação de limite
máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvando casos em que a natureza
do cargo exigir, e quando há empate em concursos dá preferência para o candidato
de idade mais velho; o artigo impõe pena de reclusão de seis meses a um ano para
quem impedir acesso por motivo de idade a qualquer cargo público ou negar
emprego/trabalho por motivo de idade.

CAPÍTULO II

MEDIDAS DE PROTEÇÃO E A INCLUSÃO SOCIAL DO IDOSO

Os cento e dezoitos artigos contidos no Estatuto do Idoso (2003), visa por


em prática as garantias dos direitos assegurados pela CF de 1988, tendo descrito no
art. 4º como princípio básico a não discriminação da pessoa idosa, sob qualquer
forma. No Título II é dada a pessoa idosa absoluta prioridade na efetivação dos
direitos fundamentais: à vida; à liberdade, respeito, dignidade e exercício da sua
cidadania; à alimentação; à educação, cultura, esporte e lazer; profissionalização e
trabalho; acesso a Seguridade Social; habitação e Transporte; à convivência familiar
e comunitária. Quando se identifica alguma violação desses direitos, devem-se
aplicar as Medidas de Proteção destacadas no Título III, quais sejam: o
encaminhamento à família ou curador; orientação, apoio e acompanhamento
temporário; expedindo requisições para tratamento de saúde; inclusão em programa
oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de
drogas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
abrigo em instituições de longa permanência ou provisório.
No Título V, o Estatuto do Idoso (2003) versa sobre o acesso a Justiça,
conferindo as competências do Ministério Público para instaurar o inquérito civil e a
ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos,
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individuais indisponíveis e individuais homogêneos; promover e acompanhar as


ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador
especial, em circunstâncias que justifiquem a medida; oficiar em todos os feitos em
que se discutam os direitos de idosos em condições de risco; atuar como substituto
processual do idoso em situação de risco; promover a revogação de instrumento
procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 que versa sobre a aplicação
das Medidas de Proteção sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto forem
ameaçados ou violados, por ação ou omissão da sociedade, Estado, abuso da
família, curador ou entidade de atendimento; e também em razão da condição
pessoal do idoso, sendo a situação de risco compreendida ao idoso incapaz que não
tenha família ou que nesta se configurou o causador de maus-tratos. São ações e
atos que visam cessar ou prevenir alguma condição de risco, inclusão social do
idoso em tempo hábil por vias judiciais ou extrajudiciais

2.1 Atuação da Promotoria de Justiça Direitos Humanos – Área Idoso no


Ministério Público de São Paulo.

As funções do Ministério Público (MP) são respaldadas na Constituição


Federal de 1988, para a fiscalização da atividade Estatal, promoção de direitos
transindividuais, defesa da ordem jurídica e do regime democrático brasileiro;
confere certa autonomia funcional desvinculado dos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário. Em seu Artigo 129, estabelece defesa dos direitos e garantias
constitucionais do idoso, por meio de medidas administrativas e judiciais, o que
permite ao MP assumir um papel de instituição proativa na efetivação de políticas
públicas e consolidação da democracia participativa. As funções do MP também são
ressaltadas na Constituição dos Estados e nas Leis Orgânica Nacional e Estadual
do MP, que lhe incumbe a defesa dos direitos do idoso; na PNI (1994) e no Estatuto
do Idoso (2003), nesta são elencadas quatro temas de atuação dos Promotores de
Justiça do MP, no Artigo 74: Ações coletivas; Ações individuais; Fiscalização de
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e Atuação criminal. (MANUAL
DE ATUAÇÃO FUNCIONAL, 2011).
O MP do Estado de São Paulo (MP/SP) também delineia formas de conduzir
os trabalhos em alguns aspectos, a partir dos atos administrativos do Procurador
Geral de Justiça – Cargo de dois anos prorrogável, com eleições internas para lista
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tríplice de indicação do Governo do Estado. O atual Plano Geral de Atuação (2016)


pauta algumas possibilidade do trabalho do MP/SP em aliança com a sociedade na
implementação de políticas públicas e atuação integrada, baseado na Declaração de
Direitos Humanos e legislações brasileiras correlacionadas, incluindo àquelas afetas
ao idoso; enfoca a atuação do MP/SP na garantia e fortalecimento da rede de
proteção à pessoa idosa e dos Conselhos Municipais do Idoso, no trato das políticas
de atenção à pessoa idosa e na fiscalização das entidades de atendimento, de
forma a preservar os vínculos familiares e comunitários com a criação de
serviços/programas de apoio às famílias cuidadoras, garantias de proteção à pessoa
incapaz e em risco, e de moradia voltadas à pessoa idosa.
Por meio dos Atos Normativos (2007, 2009, 2014), o atendimento ao
segmento idoso ficou estabelecido para algumas cidades do Estado de São Paulo
de pequeno porte e que contam com apenas um Promotor de Justiça (PJ), atuação
em todos os temas relacionados a defesa do idoso; em cidades maiores o PJ
Criminal atuando nos casos de crimes contra o idoso; e na Comarca da Capital de
São Paulo as Promotorias de Justiça Criminal atuam exclusivamente nas questões
criminais; os Promotores de Justiça dos Foros Regionais da Cidade de São Paulo
atendem só os casos individuais de idoso em situação de risco da sua região. A
Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Área Idoso (PJDH-Idoso) da Capital
ficou estabelecida atribuição ampla em violação de direitos de interesses difusos,
coletivos e individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso; tratar de
políticas públicas e fiscalização das ILPI na abrangência da Comarca da Capital
relacionados ao idoso, e em casos individuais de idosos em situação de risco na
abrangência do Centro Expandido da Capital; em seu corpo organizacional conta
com Promotores de Justiça e estagiários, Oficiais e Auxiliares de Promotoria,
motorista e Analistas de Promotoria (área: Direito, Serviço Social e Psicologia); o
Setor Técnico é composto por um assistente social e um psicólogo, conforme
discorre Eidelwein (2007) favorável ao trabalho interdisciplinar, articulação em rede,
avaliação de projetos/planos/programas; acompanhamento e estudos de casos e
serviços como ILPI, sendo a atuação destes profissionais no campo sócio jurídico
também previsto na PNI (1994) e Estatuto do Idoso (2003).
Para a defesa coletiva, a atuação da PJDH-Idoso trata de questões
relacionadas aos direitos que seja titulares pessoas idosas indeterminadas, mas
ligadas por alguma circunstancia de fato (difusos) ou grupo de idosos, e interesses
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homogêneos de idosos em situações com uma origem comum. No âmbito de


violação de direitos individuais do idoso quando caracteriza situação de risco
consistindo em aplicar medidas protetivas extrajudiciais na promoção da inclusão
social como encaminhamento para serviços de proteção e acompanhamento na
área da saúde ou da assistência social, identificando pessoas com vínculos afetivos
familiares e comunitários para auxílio e cuidados ao idoso; e se a questão não é
resolvida administrativamente, estando o idoso sem defesa de seus direitos
individuais por incapacidade de saúde para tomada de decisão, a PJDH Idoso aplica
a medida requerendo ações judiciárias de afastamento do agressor, pensão de
alimentos ou nomeação de um curador. A fiscalização das ILPI é feita com as
devidas recomendações pela qualidade do atendimento, não substituindo as
vistorias e supervisões dos órgãos sanitários; se exige funcionamento conforme as
regulamentações legais, avaliando se os residentes estão no local com tratamento
digno, respeito as individualidade e direito de ir e vir; havendo ação judicial caso haja
necessidade de fechamento (GUIA PRÁTICO, 2013).

2.2 O trabalho social no âmbito da PJDH Idoso e as contribuições da


Psicologia Social

O Serviço Social no Ministério Público de São Paulo é um campo


relativamente novo, com o primeiro concurso realizado para os profissionais da área
em 2006; as atribuições do assistente social na instituição constam no Ato
Normativo (2011) que as definem com base nas regulamentações profissionais,
portanto realizam estudos sociais e assessoram promotores de Justiça nas
situações que envolvem uma questão social, direitos sociais e aspectos da violação
de direitos e exclusão social, na fiscalização de serviços e políticas públicas,
produção de estudos sobre temas de interesse da instituição, elaboração de projetos
institucionais, atendimento a servidores e no fortalecimento dos diálogos com os
poderes públicos municipais e organização da sociedade civil.
Conforme o Rol de Atribuições contido no Ato Normativo (2011), na PJDH-
Idoso o assistente social é requisitado para realização de Estudo Social e Parecer
Social em Procedimentos Administrativo Individual, de Fiscalização ou Inquérito
Civil. Assim realiza interlocução com profissionais atuantes na rede de atendimento
ao idoso das áreas da assistência social, saúde, habitação e do Sistema de Garantia
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de Direitos, dos Conselhos, etc.; participa em reuniões de trabalho e audiências;


analisa e avalia planos, programas, projetos e políticas relacionados ao público
idoso; mapeia a rede de proteção do idoso para fortalecimento e vínculos em sua
região de moradia ou da abrangência da Comarca da Capital de São Paulo,
identificando junto ao idoso apoio sócio afetivo e recursos existentes ou em potencial
(humanos, materiais ou financeiros) em pró da qualidade de vida, incluindo
orientações aos familiares e responsáveis no auxilio ao idoso; presta informações
relacionadas a serviços e meios de acesso, etc. – tudo registrado em relatórios.
O assistente social no campo sócio-jurídico é subordinado a uma autoridade,
mas é autônomo quanto à execução de suas atribuições e direção que deve tomar,
segundo a competência teórico-metodológica necessária e ético-política que se
baseia no princípio de justiça social, presumido na formação profissional, sendo
requisitado a opinar conforme os conhecimentos de sua matéria; portanto pode
trabalhar pela emancipação e empoderamento do usuário com quem desenvolve
uma intervenção social. O processo de construção teórico-metodológica da
intervenção profissional no espaço sócio-jurídico trás perspectivas positivas na
construção e consolidação das atribuições deste profissional, permitindo apresentar
propostas de trabalho que ultrapasse a demanda institucional e ampliar seu campo
de autonomia. Os limites podem ser no âmbito dos Planos Gerais de Atuação da
instituição e legislações, bem como do Código de Ética e Lei de Regulamentação
profissional, que pode pender para meios regulatórios e controle da vida privada ou
familiar, não significando impossibilidade de emancipação do usuário e sua na luta
contra a exclusão social (IAMAMOTO, 2006).
As relações que se estabelecem entre sujeito e sociedade é parte do
conhecimento produzido pela Psicologia Social, especificamente a Psicologia Social
Comunitária caracterizando a capacidade de diálogo na direção de práticas
interdisciplinares e experiências da psicologia na comunidade. A construção de uma
psicologia social crítica entende historicamente a relação entre o indivíduo e a
sociedade, como seus membros se organizam e se relacionam para garantir sua
sobrevivência, costumes, valores e instituições necessários a continuidade da
sociedade, preocupa-se em conhecer como o homem se torna agente da história
transformando a sociedade em que vive, compreender o social como resultado de
uma construção histórica decorrente de forças contraditórias. É possível
compreensão das expressões da questão social relacionando-as aos processos de
14

produção de subjetividade e fenômenos psicológicos, olhar as situações de


desigualdade e exclusão social analisando o modo como os sujeitos significam tais
experiências, bem como os significados que atribuem a suas experiências de vida,
assimilando as condições materiais de produção e reprodução da sociedade na qual
se encontram inseridos. Implica atuação interdisciplinar na medida em que outras
teorias e métodos favorecem a construção de saberes e ações que permitam a
produção de melhores condições de vida através da garantia de direitos sociais,
civis e políticos, ou à inclusão social necessária para combater um sistema social
que mantém a desigualdade social (CORGOZINHO; SILVA, 2011).
A partir do momento em que Políticas Públicas são implantadas como
resposta as questões sociais, a Psicologia Social Comunitária integra-se ao trabalho
social e pauta-se em três modelos teóricos, o adaptativo voltado para saúde mental,
o cognitivista voltado para o desenvolvimento social e a ação comunitária voltada
para a psicologia de transformação social. Os primeiros estudos a respeito deram-se
na especialidade da Psicologia Social com os temas sobre as multidões, o processo
de comunicação e a dinâmica das relações interpessoais. A integração destes
conhecimentos leva a compreensão não só nas questões intrapsíquicas
relacionadas ao comportamento, mas também intervindo junto aos grupos nas
comunidades e instituições sociais com enfoques na participação coletiva e na
qualidade de vida do grupo como um todo ou o desenvolvimento de uma
comunidade. Assim a contribuição no trabalho articulado com as diversas áreas de
políticas, setores da saúde e da assistência social, que reúnem profissionais como
assistentes sociais e psicólogos, entre outros, principalmente em programas e
serviços relacionados ao Sistema Único da Assistência Social, e que buscam
superar a perspectiva assistencialista, clientelística, de caridade e de ações
desarticuladas com as políticas sociais de saúde, educação, trabalho e previdência
social (AZEVEDO, 2009).

RESULTADOS

De tudo o que foi exposto, tem-se os resultados levantados da discussão


entre os autores e as leis que versam sobre o idoso, inclusão social e medidas de
proteção. No Capítulo I tem-se a forma como o idoso passa a ser visto pela
sociedade brasileira no processo de democratização, a busca por conhecimentos
15

sobre envelhecimento populacional e suas complexidades, sendo importante


perceber que em torno da questão do idoso, houve uma luta e união dos
movimentos de base, profissionais e intelectuais por justiça social, erradicação da
pobreza, passando a cobrar políticas públicas de garantia de direitos e combate a
violência contra o idoso.
Almeida; Zanlorenssi (2017) informam o alto grau de desigualdade social no
Brasil sem fazer relação com suas causas. Em Spozati (1999; s, d) e Martim (2007),
numa interpretação com base na questão social e na historicidade, esclarece as
causas da desigualdade, que não se trata de um fenômeno novo ou categoria de
análise que explique os males sociais, mas entender as novas contradições da
sociedade capitalista trazidas para a contemporaneidade, dando sentido aos
mecanismos de inclusão social dos excluídos com a noção de igualdade jurídica das
pessoas, na cidadania e no direito. A questão enseja um olhar aprofundado para o
tipo de sociedade e transformações necessárias de forma a se reconhecer a justiça
social como fator primordial para buscar mudanças nas estruturas governamentais.
Sposati percebe o lócus de exercício do poder social e político da população na
busca por inclusão social, o crescente papel na luta social entre sociedade e Estado.
O conceito de inclusão e exclusão social pode ser avaliado no ideal de
emancipação dos indivíduos, considerando possível a inclusão social plena ao se
adquirir capacidade de consciência critica de forma plena. O processo de exclusão é
passível a todos na sociedade contemporânea, seja num sistema de sociedade que
gera divisão de classes e desigualdade social, seja mais intrínseco quando a
exclusão se apresenta no isolamento em grupos. Considerando a inclusão social e a
exclusão social em contraponto extremo e dicotômico, o individuo denominado
“incluído social pleno” apresenta vínculos sociais globais e locais, acesso de alto
nível a moradia, saúde, alimentação, educação, transporte e renda, possuindo ainda
consciência crítica apurada; e existe os “excluídos totais” apresentando perda de
todos os vínculos sociais locais e globais sem acesso aos mínimos sociais, estão em
situação de rua ou extrema pobreza (CARVALHO; CASTRO, 2007). Neste sentido o
papel social do idoso é um fator importante no significado do envelhecimento, para
além de compreender a dependência em relação à forma de vida que levou e pensar
as suas condições atuais, num processo de consciência crítica de sua realidade e
conhecimento dos meios de exercer sua cidadania e inclusão social plena, o que
requer estabelecimento de vínculos locais e globais.
16

Na caracterização do idoso e aspectos do envelhecimento na sociedade


brasileira, Minayo (2005, 2011) destaca as diferentes formas de envelhecimento, a
depender da renda, classe social, etnia, região de origem, em que a história do
indivíduo é constituída e sua condição de vida evidenciada, porquanto uma
complexidade de fatores e questões: os aspectos demográficos retratam o acelerado
aumento populacional; os aspectos epidemiológicos retratam certa fragilidade física
e emocional, a dependência para um maior percentual de idosos; os aspectos
socioeconômicos retratam as diversas formas de envelhecimento, num contexto da
desigualdade social da sociedade brasileira, resultando um grande contingente de
idosos socialmente excluídos; e os aspectos psicossociais retratam os fatores de
violações de direitos dos idosos em suas relações sociais e interpessoais. Para o
público idoso, a exclusão social é sentida nas diversas formas de violação de
direitos, e não deve se limitar a analise na esfera criminal porque o contexto em que
a violência se dá possui raízes em outros elementos como falta de estrutura de
apoio, conflitos familiares, ineficiência de mecanismos de acesso à justiça e outros.
O Capíltulo 2 da pesquisa trás as respostas as problemáticas do idoso
ressaltadas no primeiro capítulo, porquanto a sociedade brasileira consolidou um
arcabouço de legislação e políticas direcionadas a favor deste segmento
populacional, dando as possibilidades de inclusão social, defesa e proteção dos
seus direitos. A possível “inclusão social plena” de um indivíduo (CARVALHO;
CASTRO, 2007) pode ser compreendida no Estatuto do Idoso (2003) quando é dada
absoluta prioridade na efetivação dos direitos fundamentais do idoso e a garantia
desses direitos ganha respaldo com as “Medidas de Proteção” destacadas. Dessa
forma os agentes que lidam com as medidas de proteção se tornam preponderante
na relação com a inclusão social do idoso, incumbido de promover os direitos
fundamentais e fortalecer o idoso no exercício da sua cidadania, com o cuidado de
não falhar nas formas de violação de direitos que a própria legislação aponta.
Na atuação da Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos da Capital -
Área Idoso - Ministério Público de São Paulo, por força das Legislações que definem
e regulamentam as funções desta instituição, bem como as atribuições e atuação
dos Promotores de Justiça, a aplicação de medidas de proteção, principalmente
quando é caracteriza uma situação de risco do idoso, é direcionada para a garantia
de seus direitos e das políticas de inclusão social; pautado na postura proativa dos
agentes públicos, ética e respeito pela autonomia, valores e biografia do idoso,
17

permitindo ao mesmo se posicionar no papel de sujeito. Concomitante ao


atendimento individual, muitas questões são levadas para o âmbito do coletivo,
assim se embasa ainda mais a atuação da PJDH-Idoso em políticas públicas e
formação de rede protetiva, para uma sociedade inclusiva, pois casos concretos
apontam a demandas específicas de assistência e proteção à pessoa idosa,
porquanto o zelo para que as entidades privadas ou filantrópicas que realizam
prestação de serviços ao idoso cumpram as normativas legais para a qualidade do
atendimento e trabalho favorável a dignidade de vida do idoso.
Há o envolvimento do trabalho social na defesa dos direitos sociais e
proteção do idoso, para as providencias de prevenção a institucionalização ao idoso
e vulnerabilidades, porquanto se busca meios de inclusão social em rede de
proteção, acompanhamentos e articulação com as equipes de profissionais da área
da saúde e da assistência social, família e comunidade, entre outros. As ações
judiciais, interpretadas à luz das legislações do idoso deve se pautar na ética,
respeito e para a garantia de direitos do idoso, aplicadas excepcionalmente quando
medidas extrajudiciais e administrativas não foram possíveis para solução de
problemas ou tomada de decisão do idoso. Torna-se possível desenvolver meios de
fortalecer os espaços necessários a participação social do idoso e cumprir seus
papéis enquanto parte da sociedade civil, seja legitimando suas demandas no
fomento de políticas públicas e serviços de qualidade, seja instigando para
convivências positivas, esclarecimentos e informações.
Ressalta-se a importância da equipe técnica na atuação da PJDH--doso e o
trabalho interdisciplinar com profissionais que lidam e conhecem os aspectos
psicossociais para compreensão e interpretação de uma determinada situação do
idoso, contribuindo para as informações relacionadas às demandas sociais, o não
aparente na situação de violação de direitos, e a socialização do idoso. As
contribuições dos conhecimentos da Psicologia Social para o trabalho social na
PJDH-Idoso se relacionam a facilidade que traz para compreender os fenômenos
psicossociais e os problemas de comportamento humano em suas interações
sociais; os aspectos da violência que perpassam o cotidiano do idoso, muitas vezes
nos locais onde deveria receber proteção; também para as abordagens ou
intervenções que requerem conhecimentos mais rebuscados sobre relações
institucionais e no ambiente interno e externo, o plano organizacional das ILPI em
suas relações humanas, inclusão social, bioética no trato com idosos mais
18

fragilizados apresentando algum grau de perda de autonomia ou que de alguma


forma sofre opressões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão social é atualmente adotada nas sociedades capitalistas


contemporâneas como um meio de investimento de combate a pobreza. Numa
compreensão de uma determinada realidade ou cotidiano como o Brasil, pelo viés
da historicidade, a questão social é ressaltada desmistificada das explicações
simplistas sobre exclusão social, pois do contexto do qual emerge expõe suas
causas, advindas de um sistema econômico e político que se mantém baseado na
desigualdade social, onde a luta social também emerge. Os idosos estão entre os
mais atingidos pela exclusão social, ficando limitado o seu acesso à vida social,
cultural, econômica e política da sociedade, e consequentemente a dificuldade em
superar a sua exclusão social e se identificar como sujeitos de direitos.
O tema do envelhecimento ativo para a agenda das diversas políticas
setoriais de saúde, educação, habitação, assistência social, trabalho, etc.; e as
normativas jurídicas de medidas protetivas, significa a garantia de direitos e combate
a todo e qualquer tipo de violência, e neste sentido os profissionais que atuam na
rede de proteção nas suas ações de inclusão social, podem colaborar com o público
idoso não só com atendimentos e encaminhamentos, mas informando ou
esclarecendo os meios de protagonizar as políticas que lhe afetam, inclusive as
medidas em defesa dos seus direitos fundamentais. Importante a atuação da PJDH-
Idoso pela posição privilegiada em que se situa para tomar decisão, sendo
comprometidos com as políticas para o envelhecimento ativo da população e
enxergando o idoso como sujeito e não mero objeto das medidas empreendidas em
sua defesa, concomitante trabalhar dotando o idoso de mecanismos ou instrumentos
que fortaleça a participação e protagonismo em todas as questões que o afeta.
Tem-se ainda a importância de medidas protetivas sociais e jurídicas para
tratar das questões relacionadas à violência contra idosos e violação de seus
direitos que se expressam no cotidiano das relações sociais, de classes, gêneros,
raças, grupos de idade, institucionais e familiares. Vale ressaltar que serviços e
programas devem ser implantados e implementados na esfera federal, estados e
municípios, em conformidade com a Política Nacional do Idoso para enfrentamento
19

da questão do envelhecimento considerando as demandas locais mais vulneráveis,


assim a expansão e oferta de serviços de qualidade e garantia dos direitos.
Outro fator que visualizamos como de suma importância refere ao
estabelecimento de meios para que o trabalhador social da rede de atendimento ao
idoso ou profissional da área sócio-jurídica ou mesmo as famílias, enfim todos que
se dedicam a atenção do idoso possam formar uma rede de proteção com
estratégias que permita conduzir de forma humanizada e integral a pessoa idosa
vítima de violência, sensibilizando e auxiliando em uma avaliação interdisciplinar,
principalmente no tratamento em tempo hábil, se evitando maiores sofrimentos.
Neste sentido, a atuação do profissional com conhecimento da Psicologia Social
poderá contribuir para um melhor funcionamento da rede de proteção integral ao
idoso, sendo importante a capacitação e sensibilização dos atores sociais e famílias
no trabalho de prevenção e identificação de situações de violência, rompendo o
ciclo; e ao melhor tempo possível, as legislações e políticas públicas dando suporte
as famílias e serviços no enfrentamento da questão.
Dos ideais de transformação de uma sociedade desigual para outra
igualitária, justa e libertária, numa visão contemporânea de civilização, a inclusão
social é compreendida como um meio legitimo dos cidadãos vencerem a exclusão
social apresentada em seus diversos aspectos. É nesse sentido que a sociedade
inclusiva abre espaço para seus cidadãos se firmarem na consciência crítica e na
ação transformadora, se posicionando como sujeito e protagonizando a
concretização dos seus direitos, o controle dos recursos para investimentos em
políticas de inclusão social e desenvolvimento do pleno exercício da cidadania, vida
digna sem opressão.
O ambiente sócio-jurídico revela aspectos das relações de conflito, fatores
de opressão e exclusão social, como a questão de discriminação do idoso em
relação as suas limitações e dependência, sendo campo para compreender a
questão social e a dimensão coletiva e histórica das situações, podendo propor
atitudes e resolução diferente que foge do âmbito do judiciário, para envolvimento
em grupos e movimentos representativos da causa, onde formas de inclusão social
e enfrentamento da questão são possibilitados. Assim este trabalho contribui não só
para a prática do ensino-aprendizagem no curso Psicologia Social, especificamente
para a disciplina Inclusão social, mas também para melhor compreensão do trabalho
social desenvolvido na PJDH-Idoso do MP/SP como campo sócio-jurídico.
20

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