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A VIDA NO ANTIGO
SEGREDOS
DO EGITO
SE VOCÊ É FASCINADO PELA EXUBERANTE HISTÓRIA DA
CIVILIZAÇÃO DO EGITO ANTIGO, CONHECIDA COMO A
ERA FARAÔNICA, ACABOU DE ENCONTRAR A PUBLICAÇÃO
QUE SEMPRE PROCUROU. O GUIA DO EGITO ANTIGO
CONTÉM TODOS OS DETALHES DESSA INTRIGANTE
SOCIEDADE, QUE MARCOU A TRAJETÓRIA MUNDIAL DE
3.200 A.C. A 32 A.C., OU SEJA, 3 MIL ANOS, QUE PODEM SER
DEFINIDOS COMO O PROGRESSO LITERAL NO QUESITO
SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICO DA ANTIGUIDADE.
Os editores
redacao@editoraonline.com.br
SUMÁRIO • CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
6
CAPÍTULO 1 •
ORIGEM E
HISTÓRIA
Como tudo começou
10 CAPÍTULO 2 •
24 CAPÍTULO 4 • FAMÍLIA
CICLOS
Detalhes de como era organizada
a família egípcia
22
O cotidiano no quesito moda, habitação,
alimentação, educação e diversão
CAPÍTULO 3 •
SOCIEDADE
Como era o pilar social egípcio
32 CAPÍTULO 6 • ECONOMIA
As atividades desenvolvidas pelos egípcios
44 CAPÍTULO 8 • ARTE
Estilos, harmonia e cores empregadas
na liberdade de expressão
50 ÁGUAS DO NILO
CAPÍTULO 9 •
38
54
CAPÍTULO 7 •
LÍNGUA E ESCRITA CAPÍTULO 10 • FARAÓ
Dialetos e as escritas demótica A importância e o papel
e hieroglífica do grande rei
4
58 FARAÓSCAPÍTULO 11 •
106
CAPÍTULO 15 •
SEGREDOS
Tudo sobre a vida e as grandes
realizações dos reis mais famosos
94 RELIGIÃO
CAPÍTULO 13 •
100 MUMIFICAÇÃO
CAPÍTULO 14 • 122 CAPÍTULO 18 •
HERANÇA DA
Como era o processo de ANTIGUIDADE
conservação Os campos do saber para os
dos corpos após a morte
quais os egípcios mais contribuíram
e se sobressaíram
110 MONUMENTOS
CAPÍTULO 16 •
128 CAPÍTULO 19 •
PRAGAS
Fotos: Shutterstock
118 CAPÍTULO 17 •
MITO DAS PIRÂMIDES CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
O possível auxílio de extraterrestres SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
na construção dos túmulos faraônicos
G971
Guia conheça a história : Egito --. 1. ed. - São Paulo : On Line, 2016.
il.
ISBN 978-85-432-1148-0
07/04/2016 11/04/2016
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CAPÍTULO 1 • ORIGEM E HISTÓRIA
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Representação de
um barco egípcio
navegando no Rio
Nilo para o comércio
de mercadorias
6
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
COMO TUDO
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COMEÇOU
Pode-se dizer que os fatores geográficos
contribuíram de forma marcante para a
composição da civilização do Egito Antigo.
Por volta de 3.200 a.C. o clima que domi-
nava a região nordeste da África, onde se
localiza o Egito, era árido (seco e quente),
fato que levou seus habitantes, como os
hamíticos, os semitas e os núbios a se con-
centrarem e viver às margens do Rio Nilo.
Nesta época foram formadas as primeiras
aldeias, as quais eram chamadas de no-
mos. Sua população era politeísta (cultua-
va diversos deuses), tinha seus templos,
seus sacerdotes e era organizada, além de
ser comandada por um líder, que chama-
vam de nomar. No entanto, essas pessoas
passaram a enfrentar alguns contratempos
após irem morar próximo ao rio.
Na época das chuvas, que ia de junho a Pintura de trabalhadores egípcios nas montanhas de Tebas, atual cidade de Luxor
setembro, era comum ocorrer inundações
nas áreas mais baixas do Nilo, mas quando ORGANIZAÇÃO POLÍTICA,
a água abaixava, o solo liberava o humo
(fertilizante natural), o que tornava a ter- ECONÔMICA E SOCIAL
ra favorável para a prática da agricultura. Agora, você deve estar se perguntando: como era regido o poder ad-
Ao observar esse ciclo, para controlar as ministrativo e político nesta região? Quem comandava o Egito Antigo?
enchentes e poder cultivar as áreas ferti- Nesse período a região era dividida em Alto Egito e Baixo Egito,
lizadas, os egípcios deram início a grandes cada um com seus nomos, ou seja, cidades ou povoados.
obras de drenagem e de irrigação, como a O Alto Egito, região que atualmente é a cidade de Assuão, era uma
construção de açudes e de canais, o que localidade com temperaturas suaves, com bastante chuvas e era o ha-
permitiu a realização de colheitas anuais bitat de 22 nomos. A região tinha como símbolos uma coroa branca,
e, consequentemente, o desenvolvimento a flor de lótus e a deusa abutre Nekhbet (entidade dos nascimentos
social e cultural da civilização. Vale men- reais). Já a região do Baixo Egito, atual Cairo, possuía 20 nomos e tinha
cionar que nesse período surgiu a profissão um clima mais seco e com poucas chuvas. As inundações do Nilo é que
do Agrimensor, existente até os dias atu- foram as responsáveis por tornar férteis as terras desse trecho. A região
ais, o qual media as terras e projetava os era representada por uma coroa vermelha, pelo papiro (planta que deu
canais de irrigação, por meio da utilização origem a uma espécie de papel usado para a escrita) e pela deusa cobra
de cálculos matemáticos, o que mais tarde Wadjet (divindade da vegetação).
foi usado até para a construção das famo- Essas duas regiões foram unificadas em 3200 a.C., quando o rei Nar-
sas e exuberantes pirâmides. mer, também conhecido como Menés (Rei das Duas Terras), do Alto Egi-
Com o desenvolvimento da agricultura, to, decidiu invadir e conquistar as cidades do Baixo Egito. E assim o fez,
a fartura de alimentos se tornou presen- fundando a capital Menfis, e se tornando o primeiro faraó egípcio, ação
ça constante no cotidiano egípcio. Sendo que deu início a uma Era Faraônica, dividida por várias fases, com dura-
assim, eles decidiram investir também no ção de cerca de três mil anos e com 31 dinastias. Desta forma o símbolo
comércio e tiveram como aliado, mais uma das duas regiões e dos faraós se tornou uma coroa branca e vermelha.
vez, o rio Nilo, que se tornou a principal Após a unificação da região, a organização social egípcia passou a
rota de transporte para a venda dos bens contar com a figura do faraó, governante do império, que se tornou a
que produziam. Artimanha que deu certo autoridade máxima e mais venerada pelos demais egípcios, pois era
e permitiu que a civilização egípcia se tor- visto como uma divindade encarnada, descendente do Deus Sol (criador
nasse ainda mais próspera e crescesse. dos deuses e da ordem divina) e do Deus Hórus (Deus dos céus). Abaixo »»
7
CAPÍTULO 1 • ORIGEM E HISTÓRIA
PERÍODOS DO
seus reis, além de ser seus respectivos
túmulos. Elas eram aglomeradas de ri-
quezas, pois os faraós acreditavam que
oferecendo todos os seus bens ao Deus PROGRESSO EGÍPCIO
Osíris (Deus da vida após a morte), A primeira fase, denominada Pré-Dinástica e Dinástica
ocupariam uma posição ainda melhor (4000 a 3000 a.C.), aconteceu quando os reinos do
na vida eterna. Baixo e do Alto Egito foram unificados.
Outra questão que merece ser res- A Tinita (3000 a 2660 a.C.) aconteceu quando a su-
saltada nesse período foi a criação do premacia faraônica foi estabelecida. O período do Impé-
processo de mumificação, uma técnica rio Antigo (2660 a 2180 a.C.) destacou-se por ter sido o
desenvolvida pelos egípcios para manter início das construções das pirâmides, das técnicas de mu-
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VOCÊ SABIA? Você tem ideia do que significa e de onde vem a palavra Egito? A origem do termo Egito possui duas
versões. Uma vem do latim Aegyptos e quer dizer “Terra fortificada”. Já a outra versão vem do grego Aigyptos e era uma
expressão usada na Antiguidade para se referir tanto ao Rio Nilo, quanto a região à sua volta. No entanto, alguns estudiosos
acreditam que essa palavra grega teria sido formada do termo egípcio Hwt-ka-Ptah, que significava “Templo dedicado ao
Deus Ptah”, expressão usada para denominar a antiga capital Menfis.
AS ETAPAS DA HISTÓRIA
DO EGITO ANTIGO
UM PANORAMA DOS
11 PERÍODOS QUE FIZERAM PARTE
DA TRAJETÓRIA DA CIVILIZAÇÃO
DO NORDESTE AFRICANO
PRÉ-DINÁSTICA E
DINÁSTICA (4000 A 3000 A.C.)
Pode-se dizer que este período define como teve início
a história da civilização do Egito Antigo. Essa era teve
apenas uma dinastia, ou seja, uma sequência de gover-
nantes oriundos da mesma família. Na Era Pré-Dinástica,
os egípcios começaram a cultivar grãos e a criar animais.
Surgiram várias culturas e seus respectivos modos de
vida influenciaram de forma significativa a Era Dinástica.
Entre os povos que merecem destaque estava a cul-
tura Omariana ou El-Omari, a primeira a construir cemi-
térios e a revestir os corpos dos mortos com peles ou
esteiras e sepultá-los com os seus bens. Havia também a
cultura Badariana que se destacava pela produção de ce-
râmica de alta qualidade, de ferramentas de pedra e pelo
uso do cobre. Já o povo Nagada costumava fabricar be-
las pinturas, cerâmicas, vasos de pedra, decorados com
imagens de animais e figuras geométricas, bem como
esculpir belas joias de ouro, marfim e lápis-lazúli, uma
Ilustração da prática
da domesticação rocha ornamental de cor azul, que encantou os faraós.
animal e da agricultura Vale mencionar que essa cultura também foi a primeira
rudimentar egípcia, fase
a usar símbolos escritos, que mais tarde dariam lugar aos
que as tarefas eram
feitas de forma manual hieróglifos para se escrever a língua egípcia. »»
11
CAPÍTULO 2 • CICLOS
12
Considerado o mais importante centro de exposições do Egito, o Museu do
Cairo exibe cerca de 120 mil antiguidades egípcias, que foram recuperadas
em escavações. A Paleta de Narmer é uma delas.
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
13
CAPÍTULO 2 • CICLOS
PRIMEIRO
PERÍODO
INTERMEDIÁRIO
(2180 A 2040 A.C.)
Conhecida como a fase da anarquia
geral do governo do Egito, o Primeiro
Período Intermediário, que vai da sé-
tima até a décima primeira dinastia,
destacou-se por uma profunda deses-
tabilização econômica, política e social.
O faraó perdeu seu poder e autoridade
e os líderes regionais foram os respon-
sáveis por manter as cidades egípcias,
que passaram a enfrentar invasões dos
líbios e de outros povoados em busca
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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O grande rei que mais se destacou nessa fase foi Ame-
nemhat III, que governou o Egito por 45 anos e, graças a ele,
diversas obras importantes foram realizadas. Uma delas ocor-
reu na região do oásis em Faium, que se tornou um dos gran-
des centros agrícolas egípcios e, a outra, foi a construção de
um enorme templo funerário, próximo ao oásis de Hawara.
Um fato que merece destaque no Império Médio é que
para manter a estabilidade, o Egito passou a aceitar mem-
Pirâmide do faraó Djoser, em Sakara, projetada bros de camadas sociais inferiores na formação do exército
por Imhotep. A obra possui seis túmulos, um sobre
o outro, e a pirâmide tem 62 m de altura, com e, assim, conseguiu expandir o domínio de seu território, in-
uma base de 109 m por 125 m. Seu revestimento vadindo a Núbia e a Palestina, onde se beneficiou com as
é de pedra calcária branca polida grandes minas de ouro e de cobre encontradas por lá.
O último faraó dessa fase foi Sebekneferu, uma mulher,
O ARQUITETO IMHOTEP que ordenou várias expedições para a Núbia, a Síria e para
Imhotep foi vizir (primeiro-ministro) do faraó o Deserto Oriental em busca de minas e de transporte de
Djoser e também médico e engenheiro, além
de ter sido o arquiteto da primeira pirâmide madeira para o Egito. Ela ainda firmou a relação comercial
egípcia construída na cidade de Sakara. Foi com Creta, hoje considerada a maior e mais populosa ilha
um dos únicos homens egípcios, que não fazia da Grécia, e com a Fenícia, civilização que povoava a região,
parte da realeza faraônica, a ser homenageado onde atualmente ficam o Líbano, a Síria e o norte de Israel.
por um faraó em uma estátua. A prova da
existência de Imhotep pode ser vista em suas No entanto, a fase de prosperidade deixou de existir,
inscrições na base das estátuas do faraó Djoser. inicialmente, com a chegada ao território egípcio de algu-
mas tribos hebraicas, que estavam em busca de um local
distante do clima árido da Palestina. O objetivo deles era ter
uma vida mais digna e melhor. Tal intuito era o mesmo dos
hicsos, um povo asiático que também se deslocou nesse pe-
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CAPÍTULO 2 • CICLOS
SEGUNDO
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laram na cidade de Menfis, quando escolheram Salitis
PERÍODO
como o seu governador, o qual se tornou o primeiro fa-
raó não-egípcio. Em seguida, se deslocaram para a re-
INTERMEDIÁRIO gião de Avaris, que foi decretada a nova capital do Egito
e onde construíram diversas muralhas para que tivessem
(1780 A 1560 A.C.) mais segurança, no caso de serem atacados. Os hicsos
Essa fase compreende a décima quar- conservaram a maioria das tradições religiosas egípcias,
ta até a décima quinta dinastia e me- bem como a escrita hieroglífica e, no quesito artístico,
rece destaque pela tomada do poder mantiveram o padrão estético. Eles permaneceram no
por parte do povo asiático, denomina- poder por cerca de 170 anos.
do hicso, que possuía artimanhas de O faraó anterior ao domínio hicso foi obrigado a se
guerra muito mais avançadas das que deslocar para a cidade de Tebas e passou a ser tratado
existiam no Egito, tais como a carrua- com desdém e até a pagar impostos aos hicsos. Por volta
gem puxada por cavalos e as armas de de 1530 a.C. a população de Tebas uniu forças, aprendeu a
grande resistência. manusear armas de guerra e começou a desafiar os hicsos
Os hicsos dominaram o território dando início a um conflito que durou aproximadamente
do Egito por meio da destruição das 30 anos. Nessa etapa da história da civilização antiga do
cidades e dos templos, além de terem nordeste africano os núbios passaram a ser tidos como
massacrado a sua população, assassi- grandes inimigos dos egípcios, visto que se uniram aos hic-
naram muitos homens e feito de es- sos para lutar contra quem sempre saqueou e invadiu seu
cravos as mulheres e as crianças. Eles território. Os reis Taá II e Kamés conseguiram combater
ainda copiaram o modelo de governo os núbios, mas somente o faraó Amósis é que conseguiu
dos faraós, e, inicialmente, se insta- expulsar definitivamente os hicsos do território egípcio.
Apesar de terem dominado o
Egito por 170 anos, os hicsos
mantiveram as tradições
egípcias, inclusive o sistema
QUEM ERAM OS POVOS DO MAR? Os povos do mar eram compostos
de escrita hieroglífica
por pessoas da região do Mediterrâneo Oriental. Eles não eram considerados saqueadores,
mas pessoas que foram desalojadas por outros povos em maior quantidade, mais fortes
e armados. Sendo assim, diversas famílias passaram a procurar outros territórios
para poderem viver e acabavam por invadi-los, como aconteceu na região da Anatólia e
do Egito. O registro da existência dos povos do mar pode ser encontrado tanto em textos
e ilustrações egípcias bem como em dados arqueológicos.
A atual Capadócia,
na Turquia, era
uma das regiões
da Anatólia,
território que
abrigou os povos
do mar no período
do Império Novo
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
Os amuletos egípcios de
escaravelho eram vistos
IMPÉRIO NOVO (1560 A 1070 A.C.)
como a representação Compreendendo a décima sexta até a vigésima dinastia, o Império
do Deus Sol, criador do Novo marcou a volta dos faraós ao governo egípcio e é considerada
universo, e como
símbolo de proteção e
também uma das épocas mais prósperas da Era Faraônica.
de sorte. Durante o Durante esse período é notável o investimento em construções
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período que dominaram o de belos monumentos, em Karnak, para a adoração do Deus Amon,
Egito, os hicsos passaram a
usar também tais objetos criador dos deuses e da força da vida, bem como de obras para
promover os feitos dos faraós, como a da grande rainha Hatchepsut,
que mandou construir um elegante templo, além de obeliscos e
QUEM ERAM uma capela em Karnak para ser lembrada pelas expedições comer-
ciais bem sucedidas que realizou em Punt, atual Somália.
OS HICSOS? Nesse período foram construídos também os templos de Lu-
Os hicsos pertenciam a um povo semita xor, o palácio de Malaqata e o Templo de Milhões de Anos. Tudo ia
da região sul de Canaã e da Síria. Eles
muito bem até o faraó Amenófis IV tomar o poder e instaurar várias
viviam do cultivo da agricultura e
decidiram se deslocar para o Egito, por reformas radicais, entre elas, a proclamação do Deus do Sol como
volta de 1760 a.C., em busca de terras entidade suprema e o menosprezo ao culto das demais divindades,
mais férteis e de melhores condições além da mudança da capital do Egito para a cidade de Akhetaten.
de vida. No entanto, ao observarem a
confusão que reinava no governo dos
Ele ainda realizou vários negócios com os estrangeiros, que fez com
faraós, decidiram tomar o poder e se que o Egito perdesse muito dinheiro. O culto às demais divindades
instalar de vez no território. só passou a ser realizado novamente com a morte de Amenófis IV e
Eram chamados pelos egípcios de Heka- quando o faraó Tutankamon tomou o poder.
Khaswt, uma expressão para denominar Os faraós seguintes desse período conseguiram aumentar o do-
os chefes estrangeiros asiáticos. Com o
passar dos anos, os gregos modificaram a mínio do território egípcio, por meio da conquista da cidade de Ka-
palavra e a expressão passou a ser hicso. desh e de Amurru, ambas na Palestina. Nessa fase surgiu o rei com
Durante as batalhas, os hicsos usavam o maior número de filhos já visto na era faraônica, Ramsés II, o qual
armaduras, cimitarras (espada oriental), deu continuidade à construção de templos, estátuas e obeliscos e
punhais, arcos feitos de madeira e chifre, travou combates contra os hititas, povo da Anatólia, atual Turquia.
carros de guerra puxados por cavalos
(animal desconhecido no Egito) e ainda Em 1258 a.C. assinou o primeiro tratado de paz da história, no qual
utilizavam o bronze ao invés do cobre Anatólia e Egito teriam que se unir e lutar contra os inimigos exter-
para produzir armas. Características que nos e internos. O acordo foi selado com o casamento de Ramsés II
eram uma novidade para os egípcios e que com a filha mais velha do imperador hitita Hatusil III.
fez com que eles perdessem a supremacia
do país, mas que também permitiu que O desenvolvimento e a prosperidade do Egito passaram a cha-
se modernizassem nesse quesito. mar a atenção novamente dos estrangeiros, o que fez com que
Mas não foi só o poder bélicos dos hicsos os líbios, os núbios e os povos do mar (população que invadiu a
que adentrou no território egípcio, sua Anatólia e o Egito pelo oceano) invadissem o território egípcio. Os
cultura também. Eles trouxeram o tear combates iniciais foram vencidos pelos egípcios, mas com a morte
vertical, instrumentos e estilos musicais,
bem como alimentos como a azeitona e de Ramsés II a instabilidade política voltou a se fazer presente, e
a romã, novas raças de animais, além de uma onda de corrupção, revoltas dos trabalhadores e roubos de
originais técnicas de colheita. túmulos tomaram conta do Egito, deixando o território desprotegi-
Vale destacar que as tradições egípcias do para os novos ataques dos povos estrangeiros. »»
também passaram a fazer parte da vida
dos hicsos, pois muitos deles decidiram
Monumento
ter um escaravelho, que era uma pequena criado no reinado
peça de pedra na forma do inseto, para do faraó Amenófis
ser usado como um amuleto. Para os IV, na cidade de
egípcios, o escaravelho era uma das Akhetaten, a qual
formas de representação do Deus Sol, foi decretada
criador do universo. Desta forma, muitos como capital do
hicsos viviam com tais pedras para terem Egito para ser o
sorte e também eram enterrados com as centro de adoração
mesmas. Prova de que apesar das guerras, ao Deus Amon
houve também a fusão de tradições e
de cultura entre os egípcios e os hicsos.
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CAPÍTULO 2 • CICLOS
TERCEIRO PERÍODO
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Imagem da representação do Deus Amon, rei dos deuses e da força criadora da vida, o qual era adorado
pelos líbios e, devido à mescla de culturas, passou a ser cultuado também pelos egípcios
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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ÉPOCA BAIXA (664 A 332 A.C.)
Marcada pela tomada do poder dos faraós negros, ou melhor, dos
núbios, a Época Baixa, que corresponde da vigésima sétima até a
trigésima primeira dinastia, teve novamente como capital egípcia a
cidade de Menfis, bem como o desenvolvimento econômico e artís-
Templo do faraó Abu Simbel, na Núbia,
tico, além da construção de mais belas pirâmides e monumentos. rodeado de turistas. A atividade do
No entanto, os assírios ainda não haviam desistido do Egito e o turismo é uma das práticas atuais
desenvolvidas pelos jovens núbios, que
rei Esarhaddon finalmente conseguiu conquistar a capital Menfis e
levam os estrangeiros em embarcações
passou a cobrar impostos de toda a população egípcia. Somente o pelo Rio Nilo até os belos monumentos
faraó Psamético I, com o auxílio dos gregos, em um período de dez que a região abriga
anos, conseguiu reverter essa situação e expulsar os assírios.
Desta forma a cultura grega passou a integrar o modo de vida
egípcio, como a criação da cidade de Náucratis, a qual se tornou a
LÍBIOS E NÚBIOS
nação dos gregos na África. O faraó Saite tornou Sais a nova capital NA ATUALIDADE
do Egito e o país passou por uma fase positiva na economia, na Centenas de séculos se passaram,
mas os líbios e núbios ainda existem
cultura e na sociedade. No entanto, a prosperidade durou pouco,
e mantêm algumas de suas tradições.
devido aos ataques persas liderados por Cambises II, em 525 a.C.,
A maioria dos núbios, por exemplo,
que sequestrou o faraó Psamético III, assumiu a sua posição e se são pobres e ainda vivem em casas
tornou um sátrapa no Egito, termo persa usado para designar um simples de chão de terra batida, às
governador. margens do Rio Nilo. Para se sustentar,
praticam a agricultura, vendem belas
Nesse período os líderes locais organizaram diversas batalhas
pinturas e artesanatos com imagens
para ficarem livres da supremacia persa, mas todas foram em vão de animais, principalmente, de cobras
e o Egito, junto ao Chipre e ao povoado fenício ficaram sob domínio e jacarés, espécies que sempre foram
dos persas. Em 404 a.C. o faraó Amirtaios de Sais tomou o poder e e continuam sendo idolatradas pelos
núbios. E quando o tema em questão é
conseguiu expulsar boa parte dos persas do Egito, mas em 343 a.C. o Rio Nilo, eles ainda o utilizam como
o persa Artaxerxes recuperou o governo do Egito e foi seu líder por o principal meio de transporte, bem
dez anos, quando o faraó Khababash, definitivamente, conseguiu como embarcações remotas como a
acabar com o seu reinado. faluca, que é uma espécie de barco à vela.
O turismo também é outra atividade
realizada pelos jovens núbios, que levam
Soldados persas esculpidos na parede das ruínas da cidade de Persépolis, os estrangeiros em embarcações pelo rio
no Irã. Os persas foram inimigos dos egípcios durante a Época Baixa para conhecer os templos faraônicos.
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Representação do
rei persa Artaxerxes,
que dominou o Egito
por cerca de 10 anos »»
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CAPÍTULO 2 • CICLOS
NÁUCRATIS A cidade de
DINASTIA
Vale destacar que os gregos nessa
Náucratis foi a primeira colônia fase, apesar de dominarem o Egito, não
grega no território egípcio.
Atualmente ela está em ruínas, PTOLOMAICA exterminaram a cultura egípcia, pelo
contrário, a mantiveram, sendo que
mas durante a história do Egito
Antigo foi um centro cultural
(332 A 30 A.C.) construíram templos no estilo arquite-
bastante conhecido e visitado Nesse período, que compreende a di- tônico egípcio, preservaram sua arte e
por figuras ilustres como Solon, nastia macedônica até a ptolomaica, o suas pinturas e, na religião usaram do
considerado um dos sete gregos Egito ficou livre, definitivamente, dos
mais sábios, e por Thales, o sincretismo, ou seja, realizavam cultos
famoso filósofo, matemático persas, que sem muito pesar, decidi- unindo a adoração a deuses egípcios e
e físico. A cidade foi palco ram entregar o território para o grego gregos. Criaram também o Deus Será-
também de templos construídos Alexandre, o Grande, em 332 a.C., o pis, uma fusão de Osíris (entidade egíp-
para homenagear os deuses
qual passou a ser conhecido como o cia da vida após a morte), com o ser sa-
gregos Apolo, Zeus e Hera.
libertador do Egito. grado Ápis (divindade grega da terra).
Alexandre se tornou faraó e go- Em 323 a.C., Alexandre faleceu
vernou por seis meses, visto que, após com apenas 33 anos de uma doença
esse período, partiu em busca de no- que o contaminou na Índia. Seu filho o
vas conquistas territoriais como a da sucedeu no governo egípcio, mas por
Índia, mas deixou seus representantes pouco tempo, dando lugar para Pto-
no Egito. Durante o seu governo foi er- lomeu, um de seus generais. A partir
guida a cidade de Alexandria, a qual de então, o Egito passou a contar com
se tornou a nova capital do Egito e um uma imensa dinastia de Ptolomeus,
centro de estudos e de aprendizado, a qual contava com o epistológrafo
especialmente, pela Biblioteca de Ale- (chefe da chancelaria real), o arquidi-
xandria. O faraó grego ordenou tam- casta (homem da justiça), o dioiceta
bém a construção de um Farol, que fa- (homem das finanças) e o epistratego
cilitou o comércio marítimo na região. (chefe do exército).
Durante o reinado do primeiro Pto-
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DOMÍNIO
da mais e se tornou também uma rota de comércio de merca-
dorias com o Oriente.
ROMANO Algumas tradições egípcias foram mantidas pelos romanos
como o processo de mumificação e o culto aos deuses tradi-
(30 A.C. A 359 D.C.) cionais. O foco da arte do Egito passou a ser a retratação das
Conhecida como a fase final da Era múmias e das figuras dos imperadores como verdadeiros faraós.
Faraônica, o Domínio Romano teve Um quesito que merece destaque nesse período foi a che-
início em 31 a.C., com a Batalha de gada do cristianismo na cidade de Alexandria, o qual pregava
Áccio, na qual em uma disputa por o fim do paganismo, ou seja, o culto a qualquer outra religião
via marítima, a rainha egípcia Cleó- que não adorasse Jesus Cristo. No início do Domínio Romano, os
patra abandonou a esquadra de seu gregos que habitavam o Egito continuaram a adorar seus deu-
amante Marco Antônio, que estava ses como costumavam fazer na era Ptolomaica e, os egípcios,
defendendo o território egípcio e, mantiveram-se fiéis aos seus cultos tradicionais.
este foi derrotado por Otaviano, No entanto, essa situação mudou drasticamente. Em 391
que era parente do romano e po- d.C. o imperador Teodósio I proibiu o culto a religiões pagãs e os
Escultura da rainha deroso Júlio César. Desta forma, o
Cleópatra com seu templos egípcios foram fechados, o que gerou conflitos no país.
filho Cesário no governo do Egito perdeu todo o seu Nesse período houve o enfraquecimento das práticas das tradi-
Templo de Hathor, na poder e supremacia e se tornou ções egípcias como ler e escrever hieróglifos e os belos templos
cidade de Dendera,
no Egito. A rainha é
parte do Império Romano. deram lugar a igrejas, o que acabou por encerrar a bela, sur-
considerada a mais O interesse de Roma sobre o preendente e intrigante história da civilização do Egito Antigo.
bela e inteligente de Egito foi imediato, já que era con-
todas as governantes
do Egito, mas devido siderado um território fácil de se
ao seu recuo na
Batalha de Áccio,
defender e também era um ótimo
fornecedor de trigo. Os egípcios pas-
BATALHA DE ÁCCIO Não há como
acabou por entregar o discorrer sobre a Batalha de Áccio sem antes citar
domínio do território saram, então, a seguir as ordens do que, em 31 a.C., o Império Romano era comandado por
egípcio aos romanos imperador romano Otaviano, con- Marco Antônio e Otaviano, homens que tinham como
tinuaram a viver em nomos, paga- cotidiano conquistar territórios. A rivalidade era presença
constante no relacionamento deles. Marco Antônio
vam altos impostos, o que acabou defendia o Oriente, era amante da rainha Cleópatra e
por gerar conflitos, mas que foram protegia o território do Egito. Já Otaviano queria dominar
sempre contornados. Os casamen- o território egípcio. Desta forma, em 2 de setembro de
tos entre egípcios e romanos eram 31 a.C., a disputa entre os dois poderosos homens teve
como destino o mar, mais precisamente, a região de
proibidos. Áccio, na entrada do Golfo de Arta, na Grécia.
Vale destacar que o imperador Marco Antônio contava com as frotas da rainha Cleópatra
não morava no Egito, permanecia para auxiliá-lo no combate, no entanto no decorrer da
em Roma, mas possuía represen- batalha, a rainha decidiu fugir e seu amante foi atrás
dela, ação que deu a vitória a Otaviano, que passou a
tantes para administrar o local. Du-
dominar o Egito. Em agosto do mesmo ano, mês em que
rante o Domínio Romano, a cidade o romano Otaviano tomou o poder do território egípcio,
de Alexandria se desenvolveu ain- Cleópatra e Marco Antônio se suicidaram. •
21
CAPÍTULO 3 • SOCIEDADE
DO GRANDE REI
AO ESCRAVO
ENTENDA QUAIS ERAM AS CAMADAS
QUE COMPUNHAM A ESTRUTURA DA investia os valores recolhidos na construção de grandes
e luxuosos palácios, onde morava, e também em obras
CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA ANTIGA colossais como as pirâmides, que eram, na verdade, seus
futuros túmulos, local onde, após o seu falecimento, seu
22
Representação das camadas sociais do Egito Antigo, tais
como, o faraó, os sacerdotes, os camponeses e os escravos
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que eles tinham sangue azul, assim como as águas do rio Nilo,
algo puro e divino, em contraposição ao sangue vermelho dos
seus súditos.
A terceira camada social egípcia era composta pelos sol-
dados que ficavam subordinados aos chefes militares e ti-
nham como função zelar pela segurança do Egito. Durante
as guerras seu papel na sociedade era enaltecido, visto que
tinham que atuar de forma exímia, sendo que uma derrota
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poderia lhes custar a vida. No início da Era Faraônica os exér-
citos egípcios eram pequenos, no entanto, com o passar dos
anos e com o desenvolvimento do país, se tornaram signifi-
cativamente maiores e mais fortes. QUEM CUIDAVA
Havia também os escribas que eram os homens da es- DA SAÚDE EGÍPCIA?
crita egípcia, mais precisamente da hieroglífica e da demó- Você pode notar que a civilização do Egito
tica. Eram os únicos que podiam se tornar administradores Antigo era bastante organizada, visto que
ou ingressar no serviço público. Tinham como instrumento tinha um grande administrador e uma porção
de funcionários para cuidar da comunicação
de trabalho o papiro, uma espécie de papel elaborado das com os seres divinos, para relatar os
fibras da planta papiro, placas de barro ou pedra, nas quais acontecimentos e também para colocar as
discorriam sobre os acontecimentos do Egito e, claro, da vida mãos literalmente na massa, ou melhor,
do faraó. Outra tarefa que realizavam era controlar e calcular trabalhar na terra. Mas, tenho certeza que
você sentiu falta de um profissional de grande
os impostos cobrados da população pelo vizir. Era comum importância. Sem ele, todos os já citados,
que os filhos dos escribas herdassem a sua profissão para dar não conseguiriam exercer suas respectivas
continuidade ao legado do trabalho do pai. funções se ficassem doentes. Esse profissional
era o médico. Denominados de sunu ou nu
Já a quinta camada social era representada pelo povo
dom, expressão que significava homens do
egípcio, a qual compunha grande parte dessa civilização, e sofrimento, os médicos do Egito Antigo
era integrada por comerciantes, artesãos, lavradores e pas- tinham como função receitar remédios, bem
tores que trabalhavam muito para sobreviver e pagar os im- como fórmulas mágicas para os adoentados
e pedir aos deuses que a pessoa fosse curada.
postos ao faraó. Alguns eram chamados pelo grande rei para
Os doutores egípcios estudavam na Per Ankh
trabalhar de forma gratuita na construção de diques, represas,
(Casa da Vida), que era a faculdade de medicina
palácios e templos. Vale destacar que nas primeiras dinastias, da época. Eles trabalhavam junto aos uts, forma
trabalhar em obras públicas sem receber salário era considera- com eram chamados os enfermeiros egípcios.
do normal, visto que os faraós eram tidos como intermediários Hesy-Ra foi o mais antigo médico egípcio
entre os homens e os deuses e, servir ao grande rei, era uma que se tem registro. Atuou em 3000 a.C. e
só cuidava de pacientes com problemas nos
forma de agradar as entidades. Com o passar dos anos, os tra-
dentes, mas tinha amigos que cuidavam do
balhadores começaram a se organizar e resistir a essa prática. nariz, do ânus, dos olhos e do abdômen como
E, por último, denotando a base da organização egípcia comprovam documentos da Antiguidade,
antiga, estavam os escravos, que geralmente eram os ini- encontrados em recentes escavações. Tais
diversidades de doutores denotam que a
migos capturados em disputas territoriais. Eles trabalhavam medicina especializada já existia desde os
bastante, não recebiam salários, somente roupas velhas e tempos da civilização egípcia antiga.
comidas para sobreviverem e eram vistos pelo restante da
•
sociedade como a escória sem direito algum.
23
CAPÍTULO 4 • FAMÍLIA
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OS SEGREDOS DAS
GENEALOGIAS NO
NORDESTE AFRICANO
COM EXPECTATIVA DE VIDA DE APENAS 20 ANOS, OS EGÍPCIOS
FORMAVAM SEUS CLÃS AINDA NA PRÉ-ADOLESCÊNCIA
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25
CAPÍTULO 4 • FAMÍLIA
de maus-tratos e de infertilidade.
As mulheres e os homens costu-
mavam se casar ainda na pré-ado-
lescência, as mulheres com 12 anos
e, os homens, entre os 15 e 19 anos.
A expectativa de vida da civilização
egípcia nesse período era de 20 anos,
o que explica o fato de terem muitas
viúvas e viúvos jovens.
Os casamentos não dependiam da
lei, mas da concordância entre o casal
e do consentimento dos pais dos noi-
vos, no entanto acordos legais eram
realizados para garantir a correta divi-
são dos bens entre o casal.
A questão da virgindade não era
um tabu para os egípcios, visto que o
sexo entre o casal era permitido antes
mesmo do casamento.
Um dado interessante é que não
existia um ritual para celebrar a união
entre duas pessoas. No dia do ato o
homem apenas dizia: “eu te faço mi-
nha mulher” e a jovem respondia:
“fizeste-me tua mulher”, em seguida,
a noiva saía da casa de seus pais e ia
morar com o futuro marido, selando,
assim, a união. Apesar de não haver
uma cerimônia, os egípcios costuma-
vam fazer uma festa para celebrar a
nova vida a dois, na qual amigos e
familiares se divertiam e degustavam
um verdadeiro banquete.
A VIDA APÓS
O CASAMENTO
Após o casamento, a mulher se torna-
va ainda mais vaidosa e passava a se
preocupar com os penteados e com a
maquiagem, seu intuito era sempre
se manter bela. Era ela também que
administrava o lar e cuidava de seu
marido. E quando o assunto eram os
filhos, a pressão era extrema e se es-
perava que as recém-casadas engra-
vidassem logo, pois as crianças eram
vistas como uma forma de preservar
os ritos do culto funerário, conside-
rados de grande importância para os
26
No reinado de Akhenaton, pai de Tutankamon, houve uma grande
representação do dia a dia da família real, que aparece sempre envolta
pela proteção dos raios solares do deus Aton.
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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O TABU DA IMPUREZA
Os egípcios antigos acreditavam que
as mulheres se tornavam impuras e
sujas quando entravam no período
menstrual. Sendo assim, suas roupas
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27
CAPÍTULO 5 • COSTUMES
AS PECULIARIDADES
DO POVO EGÍPCIO
MODA, ALIMENTAÇÃO, HABITAÇÃO, EDUCAÇÃO E DIVERSÃO.
CONHEÇA COMO ERA O COTIDIANO DA INTRIGANTE CIVILIZAÇÃO
DO NORDESTE AFRICANO
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presa aos ombros e as mulheres adota- as longas e trançadas.
ram os Kalasiris, vestidos longos como A maquiagem era outro recurso
vestuário primordial. Muitas crianças de beleza bastante usado e apreciado
andavam nuas até a pré-adolescência, pelos egípcios de todas as camadas so-
depois desse período, usavam túnicas ciais. Eles usavam óleos perfumados no
de linho. Já os servos também ficavam corpo, que eram extraídos da gordura
nus ou com um simples avental, saia de gatos, crocodilos e hipopótamos.
ou uma pequena tanga. As mulheres aplicavam rouge (ocre
Os linhos mais finos e leves eram vermelho), um tipo de argila, nos lábios
os preferidos da realeza, que também e nas bochechas. Nos olhos eram usa-
usava acessórios como peles de leo- dos concentrados de cor, que seriam as
pardo, sáris (xales), chapéus e muitas atuais sombras, especialmente nas co-
joias, como colares, anéis, tornozelei- res verde e preto, nos cílios, nas pálpe-
ras e braceletes. bras e nas sobrancelhas. O concentra-
Os cabelos tanto dos homens, do de cor preta era desenvolvido com
quanto das mulheres eram curtos e Kohl, uma mistura de um mineral do
simples, mas sempre estavam com chumbo com fuligem. A coloração ver-
adornos. No entanto, esse estilo mu-
28
Representação de uma egípcia antiga
repleta de joias, peruca e maquiagem.
A vaidade era constante nesse período
Busto da rainha
Nefertiti, do
Egito, exposto no
Neues Museum
de Berlim:
símbolo de
mistério e beleza
Ana Vasconcelos
»»
CAPÍTULO 5 • COSTUMES
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ALIMENTAÇÃO
A comida no Egito Antigo tinha diferenças gritantes em
relação às camadas sociais. Os menos abastados, como os
camponeses, os lavradores e os escravos se alimentavam
literalmente de peixe, pão, leite e de água, raramente
tinham a oportunidade de degustar carnes vermelhas e
frutas, o que só acontecia durante os banquetes fúnebres.
As galinhas só passaram a ser consumidas na metade da
Era Faraônica, quando chegaram ao Egito. Elas eram inge-
ridas ainda cruas e com sal.
Com o aperfeiçoamento da agricultura os egípcios
introduziram ao seu cardápio alface, verdura que con-
sideravam auxiliar na fecundidade, cebola, alho-poró,
figos, uvas e tâmaras. Já a realeza composta pelo faraó,
sacerdotes e oficiais tinham um cardápio bastante va-
riado como pães, bolos, carnes, queijos, frutas e legu-
mes. Eles ainda tomavam vinho e cerveja.
30
de uma cervejaria
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
EDUCAÇÃO
Ruínas de casas da civilização egípcia antiga em Dachla, no Egito. Essas habitações
pertenciam a pessoas pobres, que viviam em apenas um cômodo e sem conforto
Representação de uma
criança egípcia estudando e
tomando nota em um papiro
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HABITAÇÃO
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Representação da competição
de barcos no Rio Nilo, uma A maioria das casas dos egípcios
das atividades de lazer
preferidas pelos egípcios
pobres eram feitas de madeira e
de junco de papiros. Eram peque-
nas, estreitas, tinham apenas um
cômodo, não tinham conforto e
uma casa ficava próxima da outra.
As pessoas dormiam em esteiras
ou palhas jogadas no chão. Qua-
se não tinham móveis e usavam
como utensílios copos pequenos,
potes e vasos de cerâmica.
Já os palácios e as casas das
pessoas de camadas mais abasta-
das eram feitos de tijolos de bar-
ro. As pedras eram usadas para
sustentar suas respectivas colunas,
que eram de madeira. As janelas
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DIVERSÃO
res, no superior ficavam os dor-
mitórios e, no inferior, as salas, a
O lazer mais apreciado pelos egípcios adultos era a prática da natação, cozinha e os aposentos dos servos,
das lutas e dos jogos de tabuleiro. Os mais abastados competiam no havia muitos móveis, além de be-
Rio Nilo, usando embarcações, ou pescando, por meio da utilização de los jardins e piscinas. As paredes da
lanças. As crianças passavam o tempo brincando com bolas e bonecos área interna e externa da habitação
feitos de madeira, se divertiam também com atividades coletivas, tais eram ainda pintadas e decoradas.
como, danças e jogos de equipe. •
31
CAPÍTULO 6 • ECONOMIA
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Ilustração de um
egípcio montado em
OS CAMPOS DO
um cavalo durante
um combate. O cavalo
era desconhecido
pelos egípcios até a
invasão dos hicsos,
DESENVOLVIMENTO
durante o Segundo
Período Intermediário.
Desde então, esses
animais passaram a ser
domesticados
32
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
AGRICULTURA
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A agricultura foi a primeira e princi-
pal atividade econômica desenvolvida
pelos egípcios. Os primeiros produtos
cultivados foram a cevada e o trigo.
Na Era Faraônica, o grande rei era o
detentor de todas as terras do Egito,
a população poderia cultivá-las, desde
que pagasse impostos para o faraó.
Tal pagamento era feito na forma de
sacas de cereais, as quais eram esto-
cadas nos armazéns reais.
Na prática da agricultura eram uti-
lizadas ferramentas como foices, en-
xadas e pás. O gado era utilizado para
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arar a terra, para depois as sementes Representação de egípcio
lavrando o solo e, ao lado,
serem espalhadas. pintura de parede com
Os egípcios costumavam ainda usar imagens da colheira da uva,
no túmulo de Menna, o
o shaduf, objeto de madeira com um escriba (Thebas, Egipto)
recipiente na ponta e um contrapeso
na outra, que ajudava a levar a água
dos canais para os campos.
Após a colheita, a cevada e o tri-
go eram armazenados nos celeiros, os de madeira com um cabo,
quais geralmente eram construídos no uma placa e uma travessa
fundo das casas dos agricultores. O local para quebrar os pedaços
possuía dois andares, que se ligavam endurecidos da terra.
por meio de uma escada, e várias en- Na colheita era usada A PROFISSÃO
tradas para o cereal ser despejado. No uma foice para cortar os DO AGRIMENSOR
andar inferior, a retirada dos produtos caules dos produtos, os Durante a prática da agricultura
era feita por portas corrediças verticais. quais eram colocados em egípcia é que surgiram os agrimensores,
Com o passar dos anos frutas e legu- cestos e armazenados profissionais responsáveis por medirem e
dividirem as terras em formas geométricas
mes como figos, uvas, tâmaras, maças, rá- nos celeiros. Nessa época
como o triângulo e o retângulo, por meio
banos, ervilhas e favas (planta que produz os representantes do fa- da utilização de cálculos matemáticos.
vagens grandes) também passaram a ser raó iam para os campos Tal função existe até os dias atuais,
cultivadas, bem como o papiro, o qual era para verificar e definir a principalmente no campo da Engenharia.
plantado nas terras pantanosas e usado na quantidade de grãos que
alimentação e como matéria-prima na fa- seria fornecida ao Estado Representação do
Shaduf, objeto usado na
bricação de tecidos e de papel. e a que ficaria para o sus- agricultura egípcia para
A agricultura ocupava os egípcios tento dos agricultores. levar a água dos canais de
irrigação para os campos
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33
CAPÍTULO 6 • ECONOMIA
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Macaco babuíno
ilustrado no
Livro dos Mortos
Trabalhador egípcio
ordenhando uma vaca
depois era dividida entre os sacerdotes e os funcio-
nários dos templos.
Os egípcios também costumavam criar patos,
gansos, pombos e galinhas. As aves eram captura-
das e colocadas em um aviário, onde tinham à dis-
posição água e cereais, mas eram obrigadas a comer
Hieróglifos
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34
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
MINERAÇÃO
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Essa prática foi bastante difundida no Egi-
to Antigo, já que era um território rico em
ouro, prata, minérios do chumbo, cobre e
pedras semipreciosas.
O mineral bruto era recolhido pelos explo-
radores para depois ser triturado, misturado
com carvão, o que podia ocorrer no chão ou
em uma cova, e aquecido pelo fogo.
O sílex foi o primeiro mineral coletado
e usado para fazer ferramentas e machadi-
nhas de pedra. Ele era descascado cuidado-
samente para dar forma a lâminas e pon-
tas de flechas. Com o passar dos anos os
egípcios observaram que se misturassem
estanho ao cobre teriam o bronze, desta
forma usaram a descoberta na fabricação
de ferramentas e armas.
Já o chumbo foi o metal mais explo-
rado por essa civilização e era usado na
fabricação de pequenos objetos de uso
diário, tais como, utensílios de cozinha,
anéis, colares, braceletes, tornozeleiras,
lastros para redes de pesca, e Kohl, pintura
Mulher usando
usada na área dos olhos. joias egípcias,
O ouro, a prata e as pedras semipreciosas, as quais eram
como a ágata, a calcita, a cornalina, a granada fabricadas das
riquezas minerais
e o jaspe também foram bastante explorados encontradas no
no Egito e eram empregados em joias. A re- solo do Egito,
gião da Núbia e cidades como Koptos, Edfu e entre elas, o ouro
e a prata
Kuban eram considerados os principais pontos
Faraó egípcio
de extração aurífera. Em Koptos, por exemplo, antigo com
a maior parte da população era formada por colar de ouro
mineradores e por guardas, que eram respon-
sáveis pela segurança das minas e também
dos homens que transitavam com as riquezas
encontradas. Nessa localidade os egípcios con-
tavam com o auxílio dos nômades para encon-
trarem o ouro.
Já o cobre não existia em estado nativo,
somente combinado com outros elementos.
Era usado em agulhas e brocas e também
nas trocas comerciais com outros povos.
Lembrando que nessa época o comércio era
feito à base do escambo.
Um dado curioso é que até as belas
pirâmides também foram construídas de
materiais oriundos das práticas de explora-
ção de minérios, pois seus grandes blocos
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35
CAPÍTULO 6 • ECONOMIA
ARTESANATO
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O artesanato é tido como a prática econômica
responsável por embelezar o território do Egi-
to Antigo. Elaborados pelos artesãos, os arte-
fatos ora pequenos ora grandes, geralmente
de motivo religioso ou real, eram desenvol-
vidos por meio da utilização de ferramentas
como o formão, o machado, a serra, e o arco.
No nordeste africano aquele que pintava, es-
culpia joias, madeira, carpinava, trabalhava
com ferro, criava vasos de cerâmica e tecia,
era chamado de artesão.
Os artesãos constituíam uma pequena clas-
se e seus conhecimentos passavam de forma Trabalhadores
hereditária. Ainda criança, o egípcio aprendia a egípcios
trabalhar com ferramentas de pedra, bronze e confeccionando
cerâmicas
cobre, além de dominar as regras rígidas da arte. e soprando
Eram valorizados pela realeza, recebiam títulos artefatos de vidro
de nobreza, terras como forma de pagamento de
seus respectivos trabalhos e, alguns, tinham até
covas reservadas para serem enterrados nas pirâ-
mides dos faraós. Seus trabalhos eram elaborados
tendo como base o barro, a pedra, a madeira e os
metais. Os artistas tinham como dever conhecer
todos os atributos reais e divinos, além da mi-
tologia e da liturgia egípcias.
Os artistas que mais se destacavam ti-
nham como destino trabalhar para o faraó e
para a nobreza, atuavam em oficinas urbanas
que ficavam dentro dos templos sagrados e
dos palácios. Quando tinham que fazer algo
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
Estátua
representando As moedas só
Anubis, deus passaram a fazer
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Pedras de incenso
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Fragmento de
vaso egípcio
Artesão
COMÉRCIO los artesãos, e importador de mercadorias
raras e exóticas como o marfim, de per-
egípcio Após o desenvolvimento da fumes, de plumas de avestruz, de peles
esculpindo
um vaso
agricultura, foi o ramo do co- de leopardo, de macacos, de babuínos, de
em pedra mércio que deu continuidade azeite e da pedra azul lápis-lazúli. Com o
ao progresso egípcio. O Rio Nilo passar dos anos e o progresso da civiliza-
se transformou na principal via ção egípcia passou a ser exportador tam-
para a comercialização dos pro- bém de armas, barcos, cerâmica, tijolos,
Estátua de
pedra de dutos cultivados. A Núbia, a Pa- tecidos, objetos de vidro, couro e metais.
escaravelho lestina, Biblos, a Creta e a Grécia Uma das viagens, que marcou a histó-
se tornaram grandes rotas desse ria do Egito Antigo em relação ao comér-
novo mercado. cio, foi comandada pela faraó Hatshepsut,
No início da Era Faraônica o em Punt, atual Somália. A rainha ordenou
comércio era feito por escambo, que trouxessem árvores de incenso e mirra
trocava-se, por exemplo, cobre para que fossem plantadas em solo egíp-
e madeira por produtos agrí- cio, o que fez com que o país ganhasse bas-
colas. Com o passar dos anos, tante dinheiro anos depois, pois se tornou
mais precisamente na fase da também exportador dessas especiarias.
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Época Baixa, passou a ser feito Vale mencionar que a prática do co-
pelo sistema de troca monetá- mércio interno egípcio ocorria entre o
ria, no qual as sacas de grãos e Alto e o Baixo Egito, no início da Era
o deben, um peso de cerca de Faraônica, por meio do escambo e de
91 gramas de cobre ou prata, embarcações que transportavam ce-
tiveram seus valores definidos. reais e produtos artesanais pelo Rio
O faraó era o responsável Nilo. Por volta de 2000 a.C. a prática
por comandar as expedições da tecelagem, da fiação e da confecção
comerciais externas e o Egito de sandálias de folhas de papiro, bem
se tornou um exportador nato, como da confecção de joias feitas de
inicialmente, de ouro, papiro, ouro auxiliaram o desenvolvimento do
linho, trigo e artefatos feitos pe- comércio interno. •
37
Estátua de Esfinge
confeccionada em pedra
CAPÍTULO 7 • LÍNGUA E ESCRITA
A COMUNICAÇÃO NO
EGITO ANTIGO APRENDA A DESVENDAR OS
ENIGMÁTICOS HIERÓGLIFOS
E AS PARTICULARIDADES
DOS DIALETOS MAIS ANTIGOS
DO MUNDO
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LÍNGUA
Durante a história do Egito Antigo, que cor-
responde de 3200 a.C. até 32 a.C., sua civilização
falava o egípcio, idioma já extinto na contempora-
neidade, mas que foi composto pela evolução de
seis dialetos, o arcaico, o antigo, o médio (clássi-
co), o tardio, o demótico e o copta, os quais foram
originados de línguas berberes e semíticas.
A língua egípcia arcaica era empregada antes
mesmo do período Pré-Dinástico até o Tinita e é
considerada uma das mais antigas do mundo. Era
representada somente por sinais e símbolos, os
quais ficaram conhecidos como hieróglifos.
Já o egípcio antigo era o dialeto usado duran-
te a fase do Império Antigo. Foi falado por apro-
ximadamente 500 anos e já contava com uma
escrita em hieróglifos (representações de sím-
bolos usadas para textos religiosos) e também
hierática (representações de símbolos usados
pela nobreza). Possuía 25 consoantes iguais a de
outras línguas asiáticas, bem como três vogais
longas e, mais três, curtas. Suas frases seguiam a
Detalhes do Livro dos Mortos, uma coletânea de ordem verbo, sujeito e objeto.
feitiços, fórmulas mágicas, orações e hinos, escritos Sua evolução originou o egípcio médio (clás-
em rolos de papiro e colocados nos túmulos junto
das múmias. O objetivo destes textos era ajudar o sico), o qual foi usado até alguns séculos depois
morto em sua viagem para o outro mundo do nascimento de Jesus Cristo. Nesse dialeto
38
Ana Vasconcelos
»»
CAPÍTULO 7 • LÍNGUA E ESCRITA
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unia elementos gregos e demóticos. O copta
foi o último dialeto egípcio da Era Faraônica O DECIFRADOR
DOS HIERÓGLIFOS
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A complexidade dos hieróglifos
sempre chamou a atenção de
centenas de estudiosos, mas
somente um deles, o linguista
francês Jean-François Champollion
é que conseguiu decifrá-los.
A proeza ocorreu, em 1822, quando
Champollion, após anos de estudo,
decifrou a Pedra de Roseta, um
pedaço de basalto negro, com um
mesmo texto em grego, hieróglifos
e demótico.
O texto, na verdade, era um decreto
promulgado em 196 a.C., na cidade
de Menfis, que ordenava o culto
divino a Ptolomeu V, já que o faraó
havia conseguido a isenção de vários
impostos durante o seu reinado.
A Pedra de Roseta foi descoberta
no Egito em agosto de 1799, por
surgiram os substantivos, bem como seus gêneros (feminino e soldados do exército de Napoleão
masculino) e número (plural e singular). Com o passar dos anos o Bonaparte. O objeto pesa cerca
egípcio médio (clássico) deu lugar ao egípcio tardio, o qual mere- de 760 quilos e possui 118 cm de
ce destaque pela evolução de seis vogais para nove, pela criação altura, 777 cm de largura e 30 cm
de espessura. Atualmente está
de artigos, adjetivos e pela mudança da estrutura das frases, que exposto no Museu Britânico, de
passou a seguir a ordem sujeito, verbo e objeto. Londres, na Inglaterra.
A língua egípcia tardia deu origem à demótica, que surgiu du-
rante a Época Baixa e foi empregada até o século V d.C. Durante Jean-François Champollion é
considerado o fundador da Egiptologia,
o período da Dinastia Ptolomaica em que os gregos dominaram o ciência que estuda a Era Faraônica,
Egito, o dialeto demótico recebeu influência da língua grega e va- por ter sido o primeiro estudioso a
garosamente foi substituído pelo copta, que foi usado até a Idade conseguir traduzir hieróglifos
Moderna. Seu alfabeto era composto por 24 letras gregas e seis
caracteres demóticos. No entanto, após a invasão dos mulçumanos
no território do Egito o copta deu lugar ao árabe egípcio, que atual-
mente é a língua oficial do país. Vale ressaltar que o copta ainda é
falado em cultos da Igreja Ortodoxa Copta e da Igreja Católica Copta.
40
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
ESCRITA
Ana Vasconcelos
Os primeiros indícios dos hierógli-
fos ou da escrita do Egito Antigo foram
encontrados em 3200 a.C. Tais indícios,
na verdade, eram desenhos de partes
do corpo humano, de utensílios de
trabalho, de animais, de edifícios, de
barcos, de profissões e de armas. Com
a evolução da civilização egípcia seus
desenhos deram lugar a figuras mais
simplificadas e símbolos gráficos. Tanto
como a língua egípcia, a escrita do Egito
Antigo também é considerada uma das
mais antigas do contexto mundial.
A escrita egípcia antiga é denomi-
nada como pictográfica, na qual cada
símbolo representava um objeto. Essa
escrita era constituída de mais de sete
mil sinais hieróglifos.
DECIFRANDO
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OS HIERÓGLIFOS
Criatividade e imaginação realmente não fizeram fal-
ta para os egípcios, quando decidiram desenvolver
os hieróglifos. Um bom exemplo dessa constatação
está no entendimento, ou melhor, na tradução de tais
símbolos. Por exemplo, se os egípcios quisessem se
referir a algo abstrato, desenhavam um rolo de pa-
piro, se queriam fazer menção a alguém, ilustravam
uma imagem de uma figura feminina ou masculina,
com um pequeno sol.
Um dado interessante é que os hieróglifos podiam
ser escritos da direita para a esquerda ou vice-versa.
A ordem dos desenhos dependia da direção dos olhos
das figuras humanas ou dos pássaros representados.
Vale destacar que, a partir dos hieróglifos, os
egípcios desenvolveram três complexos sistemas,
o hieroglífico, o hierático e o demótico. No sistema
hieroglífico, usavam símbolos e sinais para designar
temas religiosos, os quais eram impressos em escri-
turas sagradas e em túmulos e templos; no hierático
a escrita ganhou formato cursivo e era usada para
fins comerciais, seus símbolos eram mais simples e
bastante semelhantes a abreviaturas dos símbolos
usados no sistema hieroglífico; no demótico usava-
-se também a escrita cursiva, mas muito mais sim-
plificada do que a empregada no sistema hierático e »»
41
Planta de papiro, a qual é cultivada em pântanos e sua fibra era usada
como matéria-prima do papiro, espécie de papel usado pelos escribas
CAPÍTULO 7 • LÍNGUA E ESCRITA
42
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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A HERANÇA DA ESCRITA
EGÍPCIA ANTIGA
O sistema para lá de intrigante que compunha os
hieróglifos foi fonte de inspiração para o mundo
em diversos quesitos.
Um bom exemplo é que o alfabeto fonético
dos fenícios, povo de origem semita, que vivia
na Fenícia, região que hoje em dia é o Líbano, é
baseado nos hieróglifos egípcios. Eles eram bons
comerciantes e navegadores, mas precisavam
da escrita para organizarem e registrarem suas
mercadorias, sendo assim encontraram nos
hieróglifos uma forma de constituir seu próprio
alfabeto e, assim, o fizeram.
Os hieróglifos foram os responsáveis também
pelo surgimento de uma nova ciência, a
Egiptologia, uma área da arqueologia que estuda
textos, artefatos e a arquitetura da Era Faraônica.
Vale lembrar que graças aos papiros, umas das
provas físicas da existência dos hieróglifos, o
mundo pôde obter conhecimento em diversos
campos como no da matemática, da medicina e
da astronomia.
Veja abaixo os papiros que foram denominados
pelos sobrenomes de seus descobridores e
trouxeram grandes avanços para a sociedade.
ÁREA DA MATEMÁTICA
• Papiro de Rhind: descreve a solução de 80
problemas de aritmética, frações, cálculo
de áreas, volumes, progressões, repartições
proporcionais, regra de três simples, equações
lineares, trigonometria básica e geometria.
• Papiro de Moscou: soluciona 25 problemas
matemáticos grafados com escrita hierática.
ÁREA DA MEDICINA
• Papiro Londres: descrição de rituais mágicos
para curar as doenças dos olhos e das mulheres;
• Papiro Kahoun: relatos de doenças
ginecológicas e obstétricas;
• Papiro Cheaster Beatty: descrição das doenças
e dos tratamentos de enfermidades do ânus.
• Papiro Smith: detalhamento de práticas
cirúrgicas ortopédicas, o que incluía lesões
cranianas até fraturas de coluna vertebral.
ÁREA DA ASTRONOMIA
• Papiro de Carlsberg I: descrição astronômica da
estrela Sirius, considerada a calibradora do céu
pelo seu brilho e a representação do Deus Osíris
(entidade da vida após a morte) na mitologia
egípcia. A observação do momento que a estrela
Sirius se tornava visível no horizonte, fez com
que os egípcios criassem um calendário com
12 meses de 30 dias cada e cinco dias especiais
para homenagear os deuses Horus, Seth, Ísis e
Osíris. Algo bem semelhante ao calendário que Alfabeto fenício,
o mundo contemporâneo segue. criado a partir dos
hieróglifos egípcios
•
43
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CAPÍTULO 8LJ $57(
Tumba faraônica. Os
túmulos dos grandes
reis são considerados as
maiores representações
artísticas da civilização
egípcia antiga, por
reunirem normas
estéticas detalhadas
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$5(35(6(17$2
'2*5$1'(5(,
CONHEÇA AS NORMAS
ESTÉTICAS CRIADAS
PELOS ARTISTAS
QUE HABITARAM AS
MARGENS DO RIO NILO
NA ANTIGUIDADE
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CAPÍTULO 8LJ $57(
263$'5(6'((67,/2
$6&25(6(261*8/26
'$62%5$6(*3&,$6 Antiga arte egípcia
O povo egípcio se tornou conhecido no E quando o tema são as cores na
contexto mundial por representar os arte do Egito Antigo, há um ponto
acontecimentos por meio de símbolos, bastante interessante. Elas não eram
os denominados hieróglifos. No campo apenas empregadas para colorir, a
da arte não foi diferente, a simbologia utilização de cada tonalidade envolvia
também estava presente na maneira simbologias. A cor preta (kem), por
que os artistas definiram seus padrões exemplo, que era composta do carvão
para poderem criar. Eles tinham como de madeira ou de pirolusite (óxido de
intuito desenvolver trabalhos estrutu- manganês do deserto do Sinai), repre-
rados, nos quais a simplicidade e a ob- sentava a noite, a morte ou até mesmo
jetividade de informações pudessem a fertilidade e a regeneração. Nas pin-
ser claramente identificadas pelo seu turas sobre as cheias do Rio Nilo, o uso
observador. Sendo assim, o primeiro
ponto a ser trabalho foi o emprego de
padrões de harmonia e de equilíbrio Antiga arte
nas obras, justamente para que a cren- egípcia
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ça da existência da vida após a morte,
tão venerada por essa sociedade, pu-
desse ser representada sem distúrbios.
Os traços dos trabalhos eram sem-
pre feitos em linhas simples, retilíneas e
o colorido sempre estava evidente, mas
de maneira uniforme, exatamente para
proporcionar a sensação de clareza.
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Representação do
faraó Tutankamon. que as inundações acabavam por fer-
A cor amarela, assim tilizar o solo e, por causa desse fato, os
como o ouro, sempre
era empregada nas
egípcios denominaram as terras que fi-
imagens dos grandes cavam às margens do Nilo de Khemet,
reis, pois remetiam que quer dizer “A Negra”.
à eternidade
Já a cor branca (hedj), feita da cal
ou do gesso, representava a pureza e
a verdade. Era utilizada para colorir as
roupas dos sacerdotes, os objetos dos
rituais fúnebres, os palácios, as casas,
as flores e os templos sagrados.
O vermelho (decher), que era fabri-
cado de ocre, uma argila de óxido de
ferro, era usado tanto para represen-
tar a energia, o poder e a sexualidade,
quanto o Deus Seth (divindade da vio-
lência e da traição), e o deserto, local
que os egípcios viam com maus olhos,
por não gerar sustento para eles.
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47
CAPÍTULO 8LJ $57(
$$57(126 para fazer esculturas e a pe- dos padrões artísticos, quanto à harmo-
3(52'26'$
dra Lápis Lazúli na fabrica- nia e equilíbrio, mas notou-se também
ção de joias, amuletos e até uma certa influência helenística, que
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Na fase do Império Antigo a arte arqui-
tetônica se sobressaiu, pois foram constru-
ídas as mastabas, os primeiros túmulos dos
faraós em formato quadrangular ou pira-
midal. Nesse mesmo período, as mastabas
deram lugar às belas pirâmides, feitas de
madeira e pedras calcária, as quais, além
de abrigarem os túmulos dos faraós, pos-
suíam câmaras com imagens e riquezas.
No Império Antigo é perceptível também
a preocupação em manter a harmonia e o Da esquerda para a direita: representação de
um sarcófago, pinturas egípcias sobre pedra,
equilíbrio dos padrões nas manifestações pinturas egípcias antigas em placa de pedra
e pinturas de hieróglifos em parede
artísticas. Outro aspecto do campo da arte ra destacou-se pelos relatos
desse período são as pinturas, que se des- de fábulas, épicos de guerra
tacaram por representar a vida egípcia, e pelas poesias românticas.
como as caçadas, as pescas, o cultivo da Os trabalhos feitos a partir
terra e os animais característicos da região. do metal também tiveram
No Primeiro Período Intermediário, de- notoriedade nessa fase.
vido ao fato do Egito passar por uma fase Na Época Baixa, as no-
de grande confusão em sua administração, vas construções foram ins-
as criações artísticas diminuíram drastica- piradas nas do Império An-
mente e muitos túmulos foram até saque- tigo e as pedras passaram a
ados e destruídos pela população. ser polidas, o que garantiu
Já no Império Médio as construções das mais beleza, por exemplo,
estonteantes pirâmides foram retomadas, às esculturas.
mas o material utilizado foi de baixa qua- Já na Dinastia Ptolomai-
lidade, visto que atualmente só restaram ca, quando ocorreu o domí-
ruínas desses monumentos. Nesse período nio grego no território egíp-
os artistas começaram a utilizar o granito cio, foi mantido grande parte
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O PODER DA
PEDRA LÁPIS LAZÚLI
7LGDFRPRXPDGDVJUDQGHVSDL[¶HVGRVIDUD´VDSHGUD
/¢SLV/D]»OLTXHTXHUGL]HU3HGUDGD9LGDGR5HLªXPD
URFKDGHFRUD]XOTXHDS´VVHUSROLGDVHWRUQDSUHFLRVDH
GHVWDFDVHSRUVXDFRORUD¨¤RD]XOYLEUDQWHFRPEULOKDQWHV
SDUW®FXODVGRXUDGDV6HJXQGRDFUHQ¨DHJ®SFLDDSHGUD
WRUQDYDSRVV®YHOTXHRVJUDQGHVUHLVDYLVWDVVHPDSRUWDGH
HQWUDGDSDUDDYLGDHWHUQDVHQGRDVVLPHUDPFRORFDGDV
VREUHVHXVROKRVTXDQGRIDOHFLDP
1R(JLWR$QWLJRHUDPDLVGRTXHXPDWUDGL¨¤RXVDUHVVH Pedra Lápis Lazúli polida. Bastante apreciada pelos egípcios
PDWHULDOSDUDDIDEULFD¨¤RGHMRLDVHVW¢WXDVDPXOHWRV antigos por ser considerada fonte de proteção, ela foi
HVFDUDYHOKRVHVFXOWXUDVHP¢VFDUDV$OªPGHVHUXWLOL]DGR matéria--prima de joias, amuletos e até maquiagem para as
QRVULWXDLVI»QHEUHVGRVIDUD´VRVVDFHUGRWHVDFUHGLWDYDP mulheres
TXHDRREVHUYDUDVWRQDOLGDGHVGDSHGUD/¢SLV/D]»OLFRP 9DOHGHVWDFDUTXHRXWUDVFXOWXUDVWDPEªPWLYHUDPHW«P
DWHQ¨¤RFRQVHJXLULDPVHFRPXQLFDUFRPRVGHXVHV SURIXQGDDGRUD¨¤RSHODSHGUD/¢SLV/D]»OL2VJUHJRVRV
0DVQ¤RHUDV´RSRGHUP®VWLFRTXHDH[XEHUDQWHSHGUD URPDQRVHRVLQGLDQRVSRUH[HPSORDYHHPFRPRVLQDO
D]XOH[HUFLDVREUHRVHJ®SFLRVRGDEHOH]DWDPEªP$ GHSURWH¨¤RGLVFHUQLPHQWRVDEHGRULDHGHLQVSLUD¨¤R
/¢SLV/D]»OLSXOYHUL]DGDHUDHPSUHJDGDFRPRVRPEUDSDUD DUW®VWLFD$WXDOPHQWHTXHPSUDWLFDDPHGLWD¨¤RDXWLOL]D
HPEHOH]DUDVHJ®SFLDV SDUDSURPRYHURDXWRFRQKHFLPHQWR
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Vasos canópicos ou
canopos eram recipientes
utilizados no Antigo Egipto
para armazenar órgãos
Ilustração de antigos retirados do morto durante o
egípcios utilizando máquinas processo de mumificação •
rudimentares para transportar
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as pesadas pedras para
construção das pirâmides
CAPÍTULO 9LJ *8$6'21,/2
$9(1,'$)/89,$/
T alvez não seria possível discorrer sobre a trajetória de desenvolvimento da civilização egíp-
cia antiga se o Rio Nilo não existisse, pois foi devido a ele que o povo que habitou suas
margens, no período da Antiguidade, conseguiu matar a sede e sobreviver por meio da
pesca, bem como cultivar a agricultura e realizar o comércio de mercadorias. Então, que tal
agora conhecer as particularidades e as curiosidades do maior rio do mundo?
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Navios luxuosos atracando no porto de Kom Ombro para que os turistas visitem o templo
do faraó Sobek. Apesar de serem a principal fonte de renda para o turismo do país, os navios
poluem a cada dia o Nilo, por despejarem resíduos diretamente em suas águas
50
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TXHYLYHPGDDJULFXOWXUDHGR
República Democrática do Congo, Bu- WXULVPR&DLURTXHªDFDSLWDOGR
rundi, Sudão, Etiópia e Egito, quando (JLWRORFDOL]DVHDRUHGRUGR1LOR
desemboca no mar Mediterrâneo, lan- HFRQWDFRPXPDSRSXOD¨¤RGH
PLOK¶HVGHSHVVRDV
çando cerca de 2700 metros cúbicos de
água por segundo. $VVLPFRPRQRSDVVDGRR
1LORDLQGDªRJUDQGHDX[LOLDGRU
Desde a Antiguidade o Rio Nilo se GDSU¢WLFDGDDJULFXOWXUDK¢
tornou um grande facilitador do de- FHQWHQDVGHID]HQGHLURVTXH
senvolvimento do povo do Egito, que YLYHP¡VVXDVPDUJHQVGRFXOWLYR
92&6$%,$" havia se deslocado da região dos de-
GHIUXWDVF®WULFDVDOJRG¤RWULJR
FDQDGHD¨»FDUOHJXPHVHVRUJR
21LORªRPDLRUULRGRPXQGRQR sertos para habitar as suas margens. XPWLSRGHPLOKR
TXHVLWRFRPSULPHQWRFRP Lá encontraram água abundante e a
TXLOµPHWURVPDVQ¤RHPYROXPH (PRFXUVRGRULRIRL
GH¢JXDSRVL¨¤RRFXSDGD pesca para sobreviverem. No entanto, DOWHUDGRFRPDFRQVWUX¨¤RGD
DWXDOPHQWHSHORPDMHVWRVR a época das chuvas, que ia de junho UHSUHVDGH$VVX¤DTXDOSRVVXL
5LR$PD]RQDVTXHWHP PGHFRPSULPHQWRH
a setembro, pegou-os desprevenidos
TXLOµPHWURVGHFRPSULPHQWR PGHDOWXUDHWHPRREMHWLYR
e as inundações do Nilo destruíram GHFRQWURODUDVFKHLDVGR1LOR
muitos povoados. Mas, como a inteli- HGHJHUDUHQHUJLDHOªWULFD
Detalhe do Rio Amazonas gência dos egípcios era algo nato, eles $REUDJHURXRLPHQVRODJR
1DVVHURTXDOUHSUHVDDV¢JXDV
observaram que quando a água abai- GDVFKXYDVPDVTXHLQXQGRX
xava, entre os meses de outubro e no- Y¢ULDVULTXH]DVDUTXHRO´JLFDV
vembro, o solo fabricava o fertilizante 7DOFRQVWUX¨¤RDFDERXFRP
natural humo, o que era perfeito para RSURFHVVRGDVFKHLDVHGDV
LQXQGD¨¶HVPDVWDPEªPFRP
a prática da agricultura. Desta forma, DIHUWLOL]D¨¤RQDWXUDOGRVRORDR
colocaram as mãos na massa e cons- VHXUHGRU6HQGRDVVLPDVD®GD
HQFRQWUDGDSHORVDJULFXOWRUHV
IRLPDQWHURFXOWLYRFRPR
HPSUHJRGHLQVXPRVDJU®FRODV
$OªPGDDJULFXOWXUDRVHJ®SFLRV
SDVVDUDPDLQYHVWLUWDPEªP
QDSU¢WLFDGRWXULVPRSHOR
1LOR)RUDPFRQVWUX®GRVY¢ULRV
Imagem de vendedores de tecidos no Nilo. KRWªLVXWXDQWHVSHORULRH
O comércio de mercadorias pelo rio, como DLQGDªRSULQFLSDOPHLRSDUD
na Antiguidade, ainda é uma das práticas WUDQVSRUWDUHVWUDQJHLURVTXH
feitas pelos egípcios nos dias atuais GHVHMDPPHUJXOKDUHPVXDV
¢JXDVRXPHVPRID]HUSDVVHLRV
QRGHVHUWRHFRQKHFHUDVEHODVH
H[XEHUDQWHVSLU£PLGHV
Dan Breckwoldt/ Shutterstock
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CAPÍTULO 9LJ *8$6'21,/2
truíram açudes e canais de irrigação, azul, segurando talos de papiros e flo- CURIOSIDADE
os quais eram feitos de pedra, fica- res de lótus, que eram o símbolo dos $S´VRSHU®RGRGDVFKHLDV
vam perto da margem, tinham ligação Baixo e do Alto Egito. Com o passar dos GR1LORRULRGHSRVLWDYD
direta com o rio, além de possuírem anos, divindades como Osíris, Deus da XPDODPDHVFXUDULFD
HPQXWULHQWHVDTXDO
marcações nas paredes para que os vegetação e da vida após a morte, e IHUWLOL]DYDQDWXUDOPHQWHR
egípcios conseguissem prever, com Sobek, Deus Crocodilo, foram também VROR7DOODPDHUDFKDPDGD
certa tranquilidade, a subida do Nilo. foram associados ao Rio Nilo. SHORVHJ®SFLRVGH.HPHW
Tais obras promoveram o início do 7HUUD1HJUDQRPHTXH
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WDPEªPIRLGDGRDR
cultivo da terra, atividade que permi- WHUULW´ULRGR(JLWRGXUDQWH
tiu que essa civilização progredisse RSHU®RGRGD$QWLJXLGDGH
consideravelmente. Com alimentos
em abundância, o próximo passo da
civilização egípcia foi contar nova-
mente com o Nilo, mas desta vez,
para fazer o transporte de mercadorias
para o comércio e, claro, de pessoas,
e assim, o rio auxiliou novamente o
desenvolvimento de mais um ramo da
economia egípcia antiga, tornando-se
uma avenida fluvial. Terras agrícolas
Vale destacar que por ter auxilia- ao redor do
do significativamente o progresso dos Rio Nilo na
atualidade
egípcios, as águas do Rio Nilo eram
consideradas sagradas. Tanto é que
criaram o Deus Hapi, denominado
como a entidade das águas do Nilo e
responsável por manter o controle,
bem como por fornecer todo o alimen-
to que provinha do rio. A figura de Hapi
é representada por um homem de pele
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Imagem do
Nilo, o maior rio
do mundo, na
passagem por
Juba, a capital
do Sudão do Sul
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Ilustração do
navio real do
Rei Quéops
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CAPÍTULO 10LJ )$5$
2'(86(0)250$
'(*(17(
POR 31 DINASTIAS OS
GRANDES REIS GOVERNARAM
N ão há como pensar sobre a história do Egito Antigo, sem
vir na mente a imagem da figura do faraó, autoridade
máxima e considerada uma divindade na terra. O território
O EGITO ANTIGO E egípcio foi governado por 65 faraós por cerca de três mil
TORNARAM SUA HISTÓRIA anos e teve 31 dinastias, que podem ser descritas como
a sequência de governantes de uma mesma família. O
MAIS DO QUE INESQUECÍVEL poder era hereditário, portanto passava de pai para filho.
E INTRIGANTE
O faraó era o administrador absoluto julgava causas e toma-
de uma monarquia teocrática, ou seja, va decisões, que po-
possuía o poder total, no que dizia diam ser por conta pró-
respeito ao cotidiano político, econô- pria ou com o auxílio de
mico, religioso e militar da sua nação, seus conselheiros, como
além de ser considerado a represen- os escribas, os generais
tação do Deus Osíris (entidade da ve- do exército, o vizir (pri-
getação e da vida após a morte) na meiro-ministro) ou os
terra, atuava como um intermediador sacerdotes. À tarde cos-
entre o divino e a população egípcia. tumava ir a construções
Seu corpo também era considerado e percorrer as áreas
divino, pois acreditava-se que seu agrícolas do Egito. Antes
sangue era oriundo do Deus Hórus, do pôr do sol voltava ao
entidade dos céus que, na mitologia palácio para oferecer
egípcia teria administrado o Egito por flores aos deuses.
muito tempo, e quando estabeleceu o O faraó participava
primeiro governo humano, elegeu o ainda de muitas cerimô-
faraó como seu representante direto. nias, nas quais sempre
O grande rei tinha um cotidiano re- tinha que comparecer
pleto de regalias, entre elas, banquetes, com peruca e coroa, ja-
roupas finas e várias mulheres à sua dis- mais poderia aparecer
O QUE QUER DIZER posição, bem como servos e escravos. em público deixando seus
FARAÓ? 2WHUPRIDUD´YHP Logo de manhã, ele acordava e ba- cabelos à mostra, o uso
GRODWLP3KDUÄRRQLVTXHTXHU nhava-se com água do rio Nilo e óleos da peruca era primordial
GL]HUţFDVDHOHYDGDŤ,QLFLDOPHQWH perfumados. Em seguida, era vestido para impor a imagem
HVVDSDODYUDIRLXVDGRSDUD
com o auxílio dos servos, mas sem que de respeito à sua figura.
UHSUHVHQWDURSDO¢FLRGRJUDQGH
UHLGR(JLWR$QRVGHSRLVSDVVRXD eles tocassem na sua pele, pois eram A coroa era importante
GHVLJQDUDSU´SULDƩJXUDGRIDUD´ considerados seres impuros. também, pois tinha um
Antes do almoço recebia visitas, ureu, enfeite em forma
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protegê-lo dos inimigos.
Cabia ao faraó cuidar da popu-
lação egípcia e de suas respectivas
preocupações, como, por exemplo,
viver em uma terra sem chuvas.
Sendo assim, o grande rei, que
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acreditava ter poderes divinos, cos-
tumava organizar cerimônias para
garantir que as águas do rio sem-
pre fossem abundantes, a fim de
que pudessem ser usadas na agri-
cultura e para o sustento da nação.
Outra grande preocupação dos
grandes reis era construir a sua pi-
râmide, ou melhor, seu futuro tú-
mulo, onde seria venerado após a
morte, já que guardaria seu corpo
mumificado, bem como suas rique-
zas e o livro dos mortos, publicação
desenvolvida pelos escribas, com
todos os feitos do faraó durante o
seu reinado. O livro dos mortos de-
sempenhava um papel de extrema
importância para os grandes reis,
visto que eles acreditavam que o
Deus Osíris iria lê-lo, a fim de julgar
sua administração e lhe conceder
ou não a vida eterna.
FESTA DE OPET
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&21+($$+,675,$*(ݿ,72
2*29(512
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)$5$1,&2
Após o rei Menés, o primeiro faraó do Egito, tomar
o poder do território em 3200 a.C., a população
passou a lhe pagar impostos, esses recursos fica-
vam à sua disposição e ele que decidia qual seria
a melhor forma de investi-los. Grande parte desse
valor arrecado era usado para a construção de tem-
plos, palácios, monumentos e joias. Já o restante
era empregado para fazer a manutenção do reino
e para pagar funcionários como os escribas, os sa-
cerdotes, os vízires (primeiro-ministro do faraó) e
os demais administradores.
Vale destacar que as dinastias faraônicas nunca
foram longas, tirando algumas raras exceções, mas
geralmente eram interrompidas por invasões estran-
geiras ou por golpes de estado. O último faraó do Egi-
to foi Ptolomeu XV, filho de César e de Cleópatra VII,
que governou de 44 a.C. a 30 a.C. mas, após a invasão
romana, perdeu a supremacia e o poder do Estado.
Um detalhe interessante é que não foram só
homens que se tornaram faraós do Egito, muitas As mulheres também
ocuparam a posição
mulheres também administraram o território, por de faraó no Egito
serem consideradas portadoras de sangue divino, Antigo e governaram
com o mesmo rigor e
e deixaram um grande legado, como você ficará a
destreza ou até melhor
par no capítulo 11. do que os homens •
57
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
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266(*5('26
CONHEÇA OS DETALHES DA
VIDA DOS GOVERNANTES QUE
MARCARAM A ERA FARAÔNICA
'26)$5$6'2(*,72
O Egito Antigo foi administrado por homens que se destacaram no con-
texto da história mundial por tamanha ousadia, coragem e excen-
tricidade. Nesse capítulo, mergulhe nas minúcias que fizeram parte do
cotidiano desses grandes reis.
58
Lago Moeris, em Fayum. Local onde o rei Menés
teria sido atacado e, ao mesmo tempo, salvo por
um crocodilo, fato que o que fez edificar a cidade
de Crocodilópolis, às margens do lago Moeris.
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,(,,',1$67,$6
Compreenderam a fase Pré-Dinástica/Di-
nástica e Tinita e se desenvolveram a partir
da união do território do Alto com o Bai-
xo Egito. Os documentos que revelaram os
acontecimentos desse período são inscri-
ções em monumentos, templos e objetos.
0(16
,',1$67,$ݿ5(,1$'2 Crocodilo descansando às margens do rio Nilo.
$&$$& Foi o faraó Menés que deu início à adoração a
esse réptil e que criou também o Deus Sobek
Foi o primeiro grande rei do Egito Antigo, para representar o animal nos rituais religiosos
que deu início às dinastias faraônicas.
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59
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
+27(36(.+(08,
é que o Egito Antigo, nesse período, ti-
nha uma ótima relação comercial com a
Palestina. ,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
A tumba de Semerkhet foi descoberta
em Abidos e continha frascos de madeira,
cestos feitos à mão, uma pedra de granito Foi o primeiro grande rei da segunda dinastia e seu nome
preto com o nome do faraó, armaduras de significa “os dois poderes estão em paz”, já que durante
cobre e joias de ébano, ametista e turque- o seu reinado atuou bravamente para pacificar o Alto e o
sa. Foram encontrados também barcos, o Baixo Egito. Os dois poderes que a tradução de seu nome
que era comum na tradição egípcia, pois se refere são dos deuses Seth e Hórus, sendo que o pri-
quando o faraó morria, eles acreditavam meiro era adorado no Baixo Egito e, o segundo, no Alto Panorama
Egito, antes da unificação do território. Hotepsekhemui foi da cidade de
que o grande rei usaria a embarcação para
Sakara, a qual foi
conseguir fazer a passagem para a vida sepultado em Sakara e seu túmulo possui diversas galerias considerada uma
eterna. Os restos mortais do faraó não fo- escavadas na rocha, mas seu corpo nunca foi encontrado. necrópole real
egípcia durante
ram encontrados. a Antiguidade
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1<1(7-(5
,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Graças à Pedra de Palermo (rocha de basalto em que está grafada uma
lista de reis egípcios da era Pré-Dinástica até o Império Antigo) há várias
referências sobre o faraó Nynetjer, principalmente, em cerimônias religio-
sas, em festivais e também em batalhas na Núbia.
Durante seu reinado, Nynetjer, que quer dizer “divino”, tornou oficial a
presença de mulheres no trono do Egito, algo que já havia acontecido na I
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61
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
ração de minas, que foram destaque no reinado de Sanakht.
Ele foi considerado o faraó responsável pelo restabelecimento eco-
$&$$& nômico e social do Egito Antigo, após o período da crise econômica. O
Senedj governou o Egito Antigo quando túmulo de Sanakht nunca foi encontrado.
o território já havia sido dividido em dois
reinos pelo faraó Nynetjer, o clima era de Península montanhosa do
Sinai, local em que o faraó
recuperação econômica e de restabeleci- Sanakht liderou diversas
mento social e cultural. expedições militares para a
Há poucas provas sobre a existência exploração de minas
de Senedj. Uma delas é uma estátua de
bronze na forma de um rei ajoelhado, que
usa a coroa branca do Alto Egito e segura
em suas mãos queimadores de incenso. O
nome do faraó foi encontrado em um vaso
no templo de Gizé, em uma porta-falsa do
túmulo do sacerdote Shery, em Sakara,
que deveria ter-lhe servido e também em Shutterstock
um papiro com prescrições médicas e tera-
pias para muitas doenças.
Até hoje seu túmulo não foi descober-
to, mas os arqueólogos acreditam que o
'-26(5
grande rei também tenha sido sepultado ,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
em Sakara, como tantos outros faraós. $&$$&
Djoser, que quer dizer “admirável”, foi o faraó que ordenou a constru-
ção da primeira pirâmide no território egípcio, a Pirâmide de Djoser.
O reinado de Djoser foi considerado bastante estável economica-
mente. O grande rei era venerado pela população por sua inteligência e
,,,',1$67,$ senso de justiça, já que conseguiu acabar com a fome que assombrava
o Egito Antigo há anos. Destacou-se também por dar continuidade à
Ocorreu durante o período do
Império Antigo. Pode ser re- exploração de minas de cobre e de turquesa na península montanho-
presentada pela construção das sa e desértica do Sinai, além de ter organizado diversas batalhas, que
pirâmides e por ser uma fase acarretaram na conquista de mais territórios na região sul do Egito.
de prosperidade econômica, O faraó escreveu ainda livros para os demais faraós sobre como go-
política e cultural, que durou vernar corretamente uma nação. Além da própria pirâmide, ordenou a
quinhentos anos. construção de vários empreendimentos agrícolas e comerciais, ampliou
as cidades e ergueu templos, monumentos, estátuas e estelas (pedras
esculpidas), que são consideradas, atualmente, o registro histórico de
sua existência e, consequentemente, de seu reinado. O grande rei foi
casado com a sua irmã Hetephernebty, que deu à luz a duas meninas.
6$1$.+7
Shutterstock
,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
O nome de Sanakht não está na lista de reis
da Pedra de Palermo, mas aparece em um Ruínas
fragmento de arenito na região de Wadi do templo
Maghara, no Sinai, península montanhosa e de Djoser,
em Sakara.
desértica do Egito, junto ao desenho de um Ele foi o
faraó com duas coroas lutando contra um ini- primeiro faraó
a construir
migo, possivelmente, as coroas se referem pirâmides no
ao território do Baixo e do Alto Egito. Tal de- Egito Antigo
62
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
LENDA
'('-26(5
$QWHVGHHUUDGLFDUDIRPHQR
(JLWRRJUDQGHUHLWHULDVRQKDGR
FRPR'HXV.KQXPHQWLGDGHGR
Shutterstock
ULR1LORRTXDOWHULDUHFODPDGR
D'MRVHUTXHVHXWHPSOR
QDLOKDGH(OHIDQWLQDDWXDO
$VVX¤RHVWDYDHPUX®QDVHTXH
DSRSXOD¨¤RQ¤RRUHVSHLWDYD +81, Pirâmide de
Hetepheres
,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
PDLVDOJRLQDFHLW¢YHOYLVWR I, filha do
TXHHOHTXHHUDRSURYHGRUGR faraó Huni,
VXVWHQWRGDSRSXOD¨¤RSRU $&$$& em Gizé
PHLRGDV¢JXDVGR1LOR
Huni, que significa “destruidor”, subiu ao poder quan-
$RDFRUGDU'MRVHUFKDPRX
VHXYL]LUHDPLJR,PKRWHSSDUD do já possuía uma idade bastante avançada. Mandou
YHUL݊FDUHPTXDOHUDRHVWDGR construir uma pirâmide funerária na cidade de Meidum,
GRWHPSORGH.KQXPTXHWDO a 90 km ao sul de Sakara, mas faleceu antes de que ela
FRPRRVRQKRORFDOL]DYDVH ficasse pronta. No entanto, no decorrer do seu reinado,
QDLOKDGH(OHIDQWLQD
ordenou a edificação de várias pirâmides na ilha de
$RFKHJDUQRWHPSOR'MRVHU
REVHUYRXTXHRORFDOHVWDYD Elefantina e também na cidade de Athribis.
UHDOPHQWHHPUX®QDVHRUGHQRX Na atualidade, o único monumento intacto sobre
DVXDUHFRQVWUX¨¤R$VVLPTXH Huni é um busto de granito cinza, o qual foi desco-
DVREUDVIRUDPFRQFOX®GDVD berto, em 1909, na ilha de Elefantina. Seu reinado
IRPHQR(JLWRDFDERXIDWR
TXHOHYRXRIDUD´'MRVHU se destacou por um ato maldoso de seus soldados,
DVHUFRQVLGHUDGRFRPR visto que quando encontravam um homem sem ar-
XPJUDQGHKHU´LSHOD mas, carregando um saco de farinha e levando suas
SRSXOD¨¤RHJ®SFLD/HQGD sandálias nas mãos, roubavam as vestimentas e, in-
RXQ¤RRIDWRªTXH
DIRPHIRLUHDOPHQWH clusive, as sandálias e o deixavam nu.
H[WLUSDGDHP Ao ficar a par da fama de seus soldados, Huni os
VHXUHLQDGR proibiu de roubar as sandálias que os viajantes leva-
vam nas mãos, mas não se estivessem nos pés, atitu-
de que revela o caráter sádico do faraó. Dessa forma,
durante o reinado de Huni as pessoas passaram a an-
dar descalças, carregando as sandálias nas mãos e só
Deus Khnum,
Shutterstock
63
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
61()58
Thinkstock
qual foi chamada de Pirâmide
Curvada, mas a obra não foi SNEFRU E A
,9',1$67,$ݿ5(,1$'2 considerada perfeita, visto que PREVISÃO DO
$&$$& ficou torta. Só que Snefru que-
FUTURO
ria atingir a perfeição e mandou
O reinado de Snefru foi marcado por &RPFHUWH]DYRF«M¢GHYHWHURXYLGR
construírem outras pirâmides IDODUGHPDJRVEUX[RVHGHVXDV
uma fase bastante próspera economi-
até ter, finalmente, realizado o LQFU®YHLVSUHYLV¶HVGRIXWXURFHUWR"
camente e de paz no Egito Antigo. No
seu desejo, e assim o fez, quan- 3RLVªRVFKDPDGRVIHLWLFHLURVVHPSUH
entanto, a administração foi diferente, ݊]HUDPSDUWHGDKXPDQLGDGHHDWª
do edificou a bela e estontean-
visto que foi dividida pelo vizir (primei- PHVPRGD$QWLJXLGDGHHFODUR
te Pirâmide Vermelha, conside- GRFRWLGLDQRGRVIDUD´VFRPR
ro-ministro) e pelo faraó, eles atuavam
rada a primeira obra perfeita FRPSURYDRSDSLURGHFRQWRV:HVWFDU
dirigindo gabinetes, zelando pela justi- GHVFREHUWRHPHVFDYD¨¶HVQR(JLWR
erguida no Egito Antigo, com
ça, pela economia do país, bem como TXHUHODWDD3URIHFLDGH1HIHUW\
paredes lisas e ângulos cuida-
pelo setor da agricultura, das obras e 'HDFRUGRFRPDWUDGX¨¤RGRSDSLUR
dosamente calculados.
da organização do exército. Mudança GH:HVWFDU6QHIUXFHUWRGLDIRLVH
Vale destacar que a partir FRQVXOWDUFRPRPDJR1HIHUW\SDUD
que refletiu na participação mais ativa
do reinado de Snefru os pa- VDEHUVREUHRIXWXUR1RHQWDQWR
do faraó nas ações do Estado. RJUDQGHUHL݊FRXDVVXVWDGRSRLV
drões arquitetônicos das obras
Snefru se destacou pela construção REUX[RUHYHORXTXHHPTXDWUR
egípcias sofreram grandes mo- VªFXORVR(JLWRVHULDLQYDGLGRSRU
de vários fortes nas fronteiras do Egi-
dificações e todas as demais pi- XPSRYRDVL¢WLFRRTXDOGHVWUXLULDR
to para evitar a invasão dos asiáticos,
râmides passaram a ter paredes WHUULW´ULREHPFRPRVHXVWHPSORVH
bem como por enviar várias expedi- SDO¢FLRVPDVXPIDUD´DVVLPFRPR
lisas e se destacar por tamanha
ções para dar continuidade à explora- 6QHIUXFRQVHJXLULDUHFXSHUDURSRGHU
beleza, perfeição e luxo. A pi- HJ®SFLRHUHLQVWDXUDUQRYDPHQWHD
ção das minas de cobre e de turquesa
râmide de Hetepherés I, esposa SURVSHULGDGHHDSD]
na península do Sinai, e também por
de Snefru, é um bom exemplo, 2WH[WRIRL݊QDOL]DGRFRPD
aumentar o número de soldados nessa
visto que possui um quarto de GHVFUL¨¤RUHVVDELDGDGH6QHIUXHDR
região, a fim de combater os ataques VHUHQFRQWUDGRSHORVDUTXH´ORJRV
dormir, com uma cama com
FDXVRXJUDQGHHVSDQWRSRLVDR
pés em forma de patas de leão DQDOLVDUHPDKLVW´ULDGR(JLWR$QWLJR
Pirâmide
Vermelha, e uma grande cadeira com de- SDVVDGRVTXDWURVªFXORVGDGDWDGR
edificada pelo coração de motivos vegetais. SDSLURRWHUULW´ULRIRLUHDOPHQWH
faraó Snefru e
Hetepherés I era irmã de LQYDGLGRSRUXPSRYRDVL¢WLFRRV
a primeira a ser KLFVRVTXH݊]HUDPPXLWRVHVWUDJRV
construída com Snefru e o casamento deles foi PDVIRUDPYHQFLGRVSHORJUDQGHUHL
paredes lisas selado por motivos políticos. $PHQHPKDW,TXHUHFXSHURXRSRGHU
e perfeitas no HHVWDEHOHFHXDSD]HRFUHVFLPHQWR
Egito Antigo Ela gerou Quéops, o qual foi o
sucessor do grande rei. Snefru HFRQµPLFRHJ®SFLR
também teve outras esposas, $S´VHVVDFRQVWDWD¨¤RGHIDWRV
Q¤RK¢G»YLGDVGHTXHRJUXSRGH
mas seus nomes são desco- HVWXGLRVRVTXHGHVFREULXRSDSLUR
nhecidos, desses casamentos GH:HVWFDUSDVVRXDYHURVPDJRV
Shutterstock
64
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
.18)82848236
Shutterstock
,9',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Filho de Snefru, Knufu ou Quéops (seu nome em
grego) se tornou conhecido por ordenar a cons-
trução da Grande Pirâmide de Gizé, a maior de to-
das já construídas com 140 m de altura, a qual é
considerada uma das sete maravilhas do mundo.
Quéops foi tido com um faraó ambicioso, que
só se preocupava em aumentar seu próprio po-
der e garantir a continuidade do governo de sua
família, mas foi também considerado um grande
construtor, visto que ordenou a edificação de vá-
rios monumentos.
Seu único retrato intacto é uma estátua de A Pirâmide de Quéops, em Gizé,
marfim, que foi encontrada em um templo em tem 140 m de altura e é uma das
sete maravilhas do mundo
ruínas. Em compensação, seu nome está gravado
em vários monumentos pelo território egípcio.
Ele ainda liderou várias expedições para ex- 48236
plorar minas de cobre e de turquesa no Sinai e
granito vermelho no Assuão, bem como foi para
E A ESTACA
+¢XPDOHQGDGHTXHRIDUD´
Biblos (atual Líbano) para negociar ferramen- 4XªRSVWHULDVLGRRSULPHLUR
tas de cobre, armas e madeira de cedro, que D݊QFDUXPDHVWDFDQRFK¤R
usou para construir os barcos da sua pirâmide, SDUDGHPDUFDURORFDOGDVXD
os quais, segundo a tradição egípcia, o levariam SLU£PLGH(VVDDWLWXGHGR
JUDQGHUHLVHULDXPDIRUPDGH
para a vida eterna. FRQVDJUDURPRQXPHQWRM¢
Ele teve duas esposas Meritites I e Henutsen, TXHVHULDRFDQDOSDUDTXHHOH
quinze filhas e nove filhos. Sua tumba foi violada DOFDQ¨DVVHDYLGDHWHUQD
Shutterstock
e seu sarcófago foi encontrado vazio.
.+$)5(2848)5(1
Shutterstock
,9',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Khafra ou Quéfren (seu nome em grego) era filho de Khufu e se tornou
conhecido por erguer a segunda maior pirâmide de Gizé, feita de pedra
calcária e granito vermelho.
Durante seu reinado o Egito teve poucas ações militares e os campos
da cultura e da literatura se expandiram, bem como o da arquitetura, por
meio da construção de belas tumbas. Quéfren teve várias esposas, uma
delas foi a sua irmã Khamerernebti I, com quem teve Miquerinos, que lhe
sucedeu no trono. Ele ainda teve mais onze filhos e quatro filhas.
Seu corpo nunca foi encontrado em sua pirâmide. No entanto, no
mesmo local foi descoberta a múmia de um dos seus filhos, bem como
vários vasos de pedra grafados com o nome do faraó e algumas estátuas.
Grande parte dos egiptólogos acredita que a Esfinge de Gizé tenha
sido erguida a mando de Quéfrén, com o intuito de glorificá-lo e prote-
ger o seu túmulo, pois os traços da face da obra são bem semelhantes
aos das faces das estátuas recuperadas. »»
65
Imagem do faraó Quéfren em
uma das salas de sua pirâmide
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
0(1.$85(280,48(5,126
,9',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Herdeiro de Quéfren, Menkaure ou Miquerinos (seu nome em grego)
construiu a última pirâmide do Complexo de Gizé, considerada a me-
nor e mais sofisticada por ser coberta por granito.
Miquerinos foi tido como um governador benevolente e justo, caracte-
Shutterstock
rísticas que o fizeram ser adorado pelos egípcios. Sua administração foi bas-
tante próspera, visto que incentivava as relações diplomáticas e o comércio
exterior.Em sua pirâmide foram descobertas cerca de 200 estátuas de ardó-
sia. O faraó casou-se mais duas vezes e teve dois filhos, Khuenre, que morreu
antes do pai, e Shepseskaf e uma filha, Khentkawes.
Durante escavações em seu templo mortuário foi encontrado um
sarcófago com os restos de um corpo mumificado, o qual foi levado Estátua do rosto
para análise em Londres, mas o barco que o transportava acabou nau- de Miquerinos,
o faraó que
fragando na costa de Portugal e o sarcófago e a possível identidade finalizou o
de Miquerinos foram perdidos. Complexo de Gizé
9',1$67,$ 86(5.$)
Ainda no Império Antigo essa fase teve
um início próspero, mas no decorrer dos 9',1$67,$ݿ5(,1$'2
anos, marcou o fim da tranquilidade e o $&$$&
início da tensão no Egito Antigo. A classe Userkaf, que quer dizer “poderoso”, se tornou faraó quan-
nobre começou a contestar a supremacia do já possuía idade avançada. Manteve a prosperidade
da realeza e a economia entrou em crise, econômica e o desenvolvimento do território egípcio, que
devido aos altos investimentos dos faraós tinha se iniciado no governo de Miquerinos. Sua adminis-
na edificação das pirâmides. tração foi marcada por expedições navais no mediterrâneo
e também por várias reformas e manutenções nos tem-
plos que cultuavam a deusa do amor e da alegria, Hator.
61()58
Foram encontrados três fragmentos relacionados à exis-
tência de Userkaf, um busto, que foi achado no templo que
,9',1$67,$ݿ5(,1$'2 o faraó ergueu para adorar o Deus Rá, uma estátua em sua
$&$$& pirâmide e um vaso grafado com seu nome, o qual foi des-
coberto na ilha de Kythira, na Grécia, e que teria chegado a
O reinado de Snefru foi marcado por uma fase bastante
essa local durante as expedições navais pelo mediterrâneo.
próspera economicamente e de paz no Egito Antigo. No
Userkaf se casou com Khentkawes, filha de Miquerinos, com
entanto, a administração foi diferente, visto que foi divi-
quem teve dois filhos, Sahure e Neferirkaré.
dida pelo vizir (primeiro-ministro) e pelo faraó, eles atu-
avam dirigindo gabinetes, zelando pela justiça, pela eco-
Shutterstock
66
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
6$+85(
Shutterstock
9',1$67,$ݿ5(,1$'2 deserto ocidental, batalhas
que resultaram na conquista
$&$$& de vários animais, entre eles,
Tido como um faraó generoso por doar cachorros, macacos e bois.
terras a vários trabalhadores, Sahure Foi também o primeiro
deu início a uma progressiva autono- grande rei a edificar um
mia para a população egípcia, que em complexo funerário em
seu reinado passou a ser proprietária Abusir, região entre Guizé
de terras, algo que antes era exclusivi- e Sakara. Construiu uma
dade dos grandes reis. Dessa forma os pequena pirâmide para ser
nomarcas, líderes dos povoados egíp- seu templo funerário, mas
cios, começaram a ganhar autonomia. atualmente a obra está em
Sahure ampliou as atividades comer- ruínas, por ter sido ergui-
Selo egípcio estampado com o ciais com o Oriente e preciosidades como da com material de pouca
rosto do faraó Userkaf, o qual teve
um reinado próspero e pacífico a mirra, a malaquita e o eletro (ouro qualidade. Várias estátuas
branco) e a madeira de cedro chegaram foram encontradas em sua
ao Egito, no entanto tais atividades só fo- pirâmide, a mais conhecida
ram possíveis com o forte investimento é a que Sahure está senta-
O SEGREDO do faraó na primeira frota marinha egíp- do em seu trono ao lado de
'$5$,1+$ cia. Sahure também liderou expedições um homem que seria um
WXPEDSRUFRQWDSU´SULDQR
HQWDQWRQ¤RVHVDEHVHXVDUDP
PDWHULDOGHEDL[DTXDOLGDGH
PDVRPRQXPHQWR݊FRXWRUWRH
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VHULDPXPDDGYHUW«QFLDSDUD
RVKRPHQVTXHFRVWXPDYDP
DEXVDUGHPXOKHUHV Ruínas da pirâmide de Sahure. A construção é pequena e simples,
se comparada às demais obras e feitos do faraó, que auxiliaram o
desenvolvimento do Egito Antigo no aspecto econômico e militar »»
67
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
0(1.$8+25
Shutterstock
9',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Durante o reinado de Menkauhor foram intensos os conflitos com os
nomarcas, visto que eles passaram a reivindicar mais supremacia.
O grande rei ordenou a construção de sua pirâmide ao norte
de Sakara, obra que se destaca das demais na atualidade por não
ter o topo, devido às ações sofridas pelo tempo. Em seu interior
foi encontrada uma pequena estátua de alabastro, bem como al-
guns selos com o nome do faraó grafado e um sarcófago vazio.
Menkauhor foi o último faraó a construir templos para homena-
gear o Deus Rá, entidade do sol, pois os grandes reis seguintes
passaram a cultuar o Deus Osíris, divindade da vida após a morte.
Menkauhor foi casado com Meresankh IV, a qual foi mãe de
Raemka, Kaemtjenent e Djedkare Isesi, filho que o sucedeu no
Representação do Deus Rá, entidade do sol, o qual foi trono egípcio.
homenageado pelo faraó Menkauhor no templo de
Akhet-Ré. Após seu reinado, os faraós deixaram de construir
templos para Rá e passaram a edificar recintos sagrados
para o Deus Osíris, entidade da vida após a morte
Estátua do faraó
Teti, a qual é a
7(7,
9,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Teti foi casado com Kauit, Ueretimtés e Iuput, que
lhe deu uma filha e um filho, Pepi I, seu sucessor
no trono egípcio.
Foi considerado um governador pacificador e o
primeiro grande rei que deu o primeiro passo para
cultuar a deusa Hator, entidade do amor e da ale-
gria, em Dendera. Teti foi sepultado em uma pirâ-
mide em Sakara e junto ao seu túmulo havia uma
estátua, que é a prova de sua existência.
68
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
1()(5.$0,1,,
9,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Shutterstock
69
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
Shutterstock
reis, só que ainda mais completo do
que o documento de Abidos, pois con-
,;;(;,
',1$67,$6
tém o nome dos faraós da primeira até
a trigésima dinastia do Egito Antigo.
Devido à descentralização do poder Essa fase do Primeiro Período Intermedi-
faraônico no Egito Antigo nesse perío- ário foi marcada pelas invasões e confli-
do, as administrações duravam pouco, tos com as nações estrangeirras. Os fara-
como no caso de Neferkamin II. Não há ós passaram a disputar o poder com os
indícios sobre seus feitos e nem sobre nomarcas (líderes de povoados).
seus casamentos, a única informação
que se tem registro é que ele foi su-
cedido por QakareIbi, que poderia ter
sido seu filho.
4$.$5(,%, .+(7,,
,;',1$67,$ݿ5(,1$'2
9,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2 $&$$& Parede repleta de
$&$$& Kheti I reinou durante uma fase bastante complicada,
hieróglifos em um
dos templos de
Assim como Neferkamin II, Qakarei- Dendera, cidade
pois não tinha mais o poder centralizado em suas dominada pelo
bi manteve a sede de seu governo na mãos e tinha que proteger o Egito Antigo de inva- faraó Antef I
cidade de Menfis, mas devido à fase sões e saques estrangeiros que passaram a ser cons-
política e econômica conturbada que o tantes, além do fato de ter que controlar a população
Egito Antigo vivenciava nesse período, que organizava a todo o momento motins, devido à
provavelmenteo, o faraó não exerceu o pobreza e à fome.
poder sobre todo o território, teve que O poder do Egito foi dividido. Kheti administru
dividi-lo com os nomarcas, líderes das ci- a região norte, que era composta pela cidade de
dades. Qakareibi é o faraó que mais se Fayum, e um grupo de nomarcas governou o Baixo
tem informações da VIII dinastia, graças Egito, região sul, que integrava o Alto Egito e a Núbia.
ao descobrimento de sua pequena pirâ- No fim de seu reinado Kheti I conseguiu unificar
mide e também de hieróglifos em uma uma boa parte do poder egípcio, fato que o levou
parede na região de Tomas, na Núbia. a ser admirado e venerado pela população. Ele ain-
Seu túmulo mortuário talvez tenha sido da construiu novos canais de irrigação e realizou a
o último a ser erguido em Sakara e, perten- manutenção dos antigos, o que permitiu que a terra
cia, antes de Qakareibi tornar-se faraó, a voltasse a ser cultivada.
Ankhnespepi IV, uma das rainhas do fa- O faraó construiu sua pirâmide em Assuão, onde
raó Pepi II. Quando subiu ao trono deu-se foi enterrado, sendo sucedido por seu filho Tefibi.
como proprietário da pirâmide, mas seu
Shutterstock
70
Os canais de irrigação foram um dos investimentos do faraó Kheti
I durante o seu reinado, visto que eles auxiliariam a retomada da
prática da agricultura, após um período de seca
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
0(178+27(3,,
;,',1$67,$ݿ5(,1$'2$&$$&
O início do reinado de Mentuhotep II foi tranquilo, pois o poder de grande parte
do território egípcio já estava centralizado em suas mãos. Dessa forma, o foco
do grande rei passou a ser a conquista de terras estrangeiras e, assim o fez,
liderando campanhas militares contra os núbios, os líbios e os beduínos (povo
árabe que habitava a península do Sinai).
Depois de 15 anos no poder é que Mentuhotep II começou a ter problemas
com as tropas do norte do Egito, que queriam, a todo custo, conquistar as re-
giões do sul. Grandes batalhas foram travadas, mas Mentuhotep II conseguiu
unificar o Egito.
Mentuhotep II passou a ser um rei admirado pela população e para forti-
ficar ainda mais a sua imagem investiu na construção de vários monumentos.
Um dado interessante sobre Mentuhotep II é que ele inovou no quesito da
construção de tumbas, ao invés de erguer pirâmides, edificou um templo para
$17(), ser sepultado, característica que foi copiada pelos faraós que o sucederam.
Localizado em Deir el-Bahari, o templo de Mentuhotep II foi construído para ser
;',1$67,$ݿ5(,1$'2 seu recinto de descanso e ao mesmo tempo era palco de cerimônias religiosas,
$&$$& algo inovador para a época.
O templo foi dedicado ao Deus Osíris, entidade da vida após a morte, e
Antef I foi o primeiro representante
além de ter abrigado o grande rei, foi o local do sepultamento de suas seis es-
nomarca da região sul do Egito a se
posas, Tem, Kawit, Sadeh, Ashayet, Henhenet e Kemsit. No entanto, o corpo de
tornar faraó. No decorrer da sua ad-
Mentuhotep II não foi encontrado em seu templo, apenas uma estátua negra
ministração travou várias batalhas
do faraó, objetos de bronze e pedaços de tecido marcados em vermelho com o
contra os nomarcas da região norte.
nome do grande rei. Foram ainda achados jarros, bacias de frutas, cevada, pão
Apesar da guerra, o grande rei conse-
e um esqueleto de gado, possivelmente, ofertado para Mentuhotep II.
guiu vencer os nomarcas do norte e
expandiu seu domínio pelo território
Shutterstock
.+(7,9,
;,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Administrador de apenas uma parte
do Egito, mais precisamente da região
norte, que era composta pela cidade
de Fayum e pelo Baixo Egito, Kheti VI
teve que enfrentar durante seu reina-
do os nomarcas de Tebas, que gover-
navam a região sul egípcia, formada
pelo Alto Egito e a Núbia. Sãos des-
Templo mortuário do faraó Mentuhotep II, o qual foi uma
conhecidos seus demais feitos, casa- novidade na época, pois os grandes reis anteriores só haviam
mentos e filhos. construído pirâmides até então para abrigar seus restos mortais »»
71
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
$0(1(0+$7, UHJHQWHSRUWDQWRRFDUJRGHUHLSHUWHQFLDVRPHQWHDHOH(IRL
H[DWDPHQWHRTXHRKHUGHLURGH$PHQHPKDW,IH]HP
;,,',1$67,$ݿ5(,1$'2 D&DRWRPDURSRGHUGR(JLWRSDUDVXFHGHUVHXSDL
$&$$&
Amenemhat I, que significa “Amon está no comando”,
tinha um diferencial interessante dos demais faraós, era $0(1(0+$7,,
filho de um sacerdote, portanto não pertencia à classe
real e, consequentemente, a nenhuma dinastia. Chegou
;,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
ao trono egípcio, após ter sido vizir (primeiro-ministro) $&$$&
do faraó Mentuhotep IV, que o nomeou como seu su- Neto de Amenemhat I, Amenemhat II reinou no Egito Antigo em
cessor. Teve duas esposas, Neferu e Nefrytatenen e dois um período de paz e prosperidade econômica, reflexo deixado pela
filhos, Sesóstris I e Neferu III. admninsitração de seu avó e pai Sesóstris I.
Amenemhat I conseguiu reestruturar a administra- Amenemhat II ampliou as relações egípcias comerciais, principal-
ção do território, por meio de sua sabedoria e das óti- mente, com o Oriente Médio. Ele ainda deu continuidade à explora-
mas relações comercias e diplomáticas que firmou. Foi ção de madeira e de minas de ouro e de turquesa na península do
o criador da co-regência, na qual o príncipe mais velho Sinai e também em Punt, atual Somália. No decorrer da sua adminis-
poderia reger o trono com o seu pai, o faraó, ainda vivo. tração para manter a centralização do poder em suas mãos, ordenou
O faraó construiu sua pirâmide em Licht, a qual que todos os filhos dos nomarcas fossem educados na corte para
está debaixo das águas do Nilo, pois com a constru- depois atuarem em cargos que seriam escolhidos pelo faraó. Dessa
ção da represa de Assuão, o curso do rio foi modifica- forma, os nomarcas dificilmente conseguiriam subir ao poder e dividir
do e alguns monumentos ficaram submersos. o território egípcio como haviam feito nas dinastias anteriores.
Amenemhat II teve três esposas, Senet, Kaneferu e Mereret, a
qual foi sua principal rainha e gerou suas quatro filhas e dois filhos.
Shutterstock
72
A atual represa de Assuão, construída para fornecer onde os arqueólogos encontraram objetos grafados
energia elétrica e combater as inundações do rio Nilo, com o nome de Amenemhat II, o que prova que o
submergiu a pirâmide do grande rei Amenemhat I faraó realmente atuou para ampliar as atividades
comerciais egípcias com outras nações
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
Shutterstock
;,,,;,9;9
(;9,',1$67,$6
Essa fase correspondeu ao Segundo
Período Intermediário e foi bastante
negativa e marcada pela desordem so-
cial e política, visto que o Egito Antigo
foi invadido e destruído pelos hicsos
(povo asiático). Cidade da Núbia, local de origem do faraó Nehesy, que
governou o Egito Novo dividindo o poder com os nomarcas
1(+(6<
;,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2$&
$0(1(0+$79,
Nehesy foi um faraó núbio, que teve que dividir o poder do
território egípcio com os nomarcas.
;,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2 Apesar de Nehesy ter reinado por menos de um ano, dei-
$&$$& xou vários objetos grafados com seu nome que comprovaram
a sua existência, entre eles, duas estelas (pedras esculpidas),
Amenemhat VI reinou por apenas quatro anos. No de- uma coluna de granito, quatro amuletos de escaravelhos,
correr de sua administração tinha total domínio sobre usados pelos egípcios antigos para proteção e atrair sorte,
a região da Núbia, mas enfrentou problemas com os um obelisco e uma estátua em que foi representado sentado.
nomarcas do Baixo Egito, que queriam voltar a reinar.
Não há informações sobre seus casamentos ou filhos.
Shutterstock +25,
;,9',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Hor I reinou por muito pouco tempo e não há indícios de seus
feitos. No entanto, tornou-se conhecido pelo seu túmulo, em
Dahchur, que até os dias atuais está intacto.
No mesmo local foi encontrado também um caixão dou-
rado com o esqueleto do rei, algumas joias, uma máscara
funerária, uma caixa com os vasos canopos, que abrigavam
os órgãos do faraó, duas estelas (pedras esculpidas) com ins-
crições em hieróglifos pintados em azul, estátuas, vasos de
cerâmica, cetros, cajados e uma adaga de ouro.
Teve dois filhos, Sekhemrekhutawy Khabaw e Djedkhe-
perew e uma filha, Nubhetepti-khered.
Ruínas da necrópole de Heliópolis, onde
foram encontrados objetos que comprovaram
Shutterstock
Cidade de Dahchur,
local onde foi
descoberto o túmulo
do faraó Hor I.
A sepultura estava
repleta de joias,
estátuas e objetos
pessoais do grande rei »»
73
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
$323,,
;9',1$67,$ݿ5(,1$'2 relacionamento pacífico com a população, mas
Shutterstock
$&$$&
Seneb Kay governou o Egito Antigo por apenas quatro anos e não
deixou registros de seus feitos.
Diferente de grande parte dos faraós, que tiveram seus corpos
saqueados ou destruídos, a múmia de Seneb Kay foi encontrada
em um sarcófago de madeira, enrolada em um lençol branco e
sua cabeça estava decorada com uma máscara de múmia. No local
foram encontrados também os canopos, vasos que abrigavam os
órgãos do faraó e vários textos no caixão com o seu nome, segui-
do da denominação “Rei do Alto e do Baixo Egito”. Após o corpo
de Seneb Kay ser analisado, os cientistas descobriram que ele fa-
leceu jovem, aos 35 anos, e em uma batalha, pois havia muitas
feridas em seus ossos e em seu crânio estava replete de fissuras,
provavelmente, oriundas de golpes de um machado. Shutterstock
Shutterstock
;9,,',1$67,$ $17()9,,
Essa época do Segundo Perío- ;9,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
do Intermediário foi compos- $&$$&
ta pela administração do Egito Foi considerado um dos melhores fara-
Antigo dividida entre hicsos ós desses período, visto que reconstruiu
e faraós. vários templos que haviam sido danifi-
cados pelos hicsos.
Ele teve apenas uma rainha, mas
seu nome é desconhecido. Teve ainda
um filho, chamado Nakht.
Foi sepultado em uma pirâmide em
Dra ‘Abu el-Naga. Seu corpo não foi en- Imagens de um banquete grafadas
nas paredes da tumba de Nakht,
contrado em sua tumba, possivelmente, filho do faraó Antef VII, que foi
foi roubado ou destruído. sepultado na pirâmide de seu pai
74
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
;9,,,',1$67,$
Shutterstock
Compreendeu o início do Império Novo,
quando ocorreu a expulsão dos hicsos, que
dominaram o Egito Antigo por quase 200
anos. Esse período foi também de reestru-
turação da economia e da política.
.$06
;9,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Estátua de
Amenhotep I, na
cidade de Luxor.
Foi o grande rei que deu início à expulsão Diferenciou-se
dos hicsos do Egito, limitando o domínio dos demais faraós
deles apenas à região leste. Kamés lide- por construir
seu túmulo fora
rou várias batalhas contra os reis hicsos de seu templo
para unificar o território, as quais come- mortuário para
çaram na região sul e se estenderam que seus restos
mortais não
para o norte. Lutou e derrotou também fossem violados Shutterstock
75
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
anteriormente eram erguidas no in- duas filhas, Hatchepsut e Neferubity. Amenmose se tor-
terior do templo. Amenhotep I teve nou um grande comandante do exército de seu pai, mas
essa ideia, justamente, para que o faleceu jovem, bem como Wadjmose e Neferubity, que
seu corpo não fosse violado, o que morreram ainda crianças. O faraó teve mais uma esposa,
de fato não ocorreu, pois sua múmia Mutneferet, com quem teve outro filho, Mutnofret.
foi descoberta, em 1881, não em sua Templo erguido Um dado interessante sobre a história de Tutmés I é
respectiva tumba, mas próxima ao por Amenhotep que ele teve duas tumbas, uma em Luxor e, outra, em Deir
seu templo mortuário, que funciona- I, na cidade de el-Bahri. Em Luxor foram encontrados dois sarcófagos de
Luxor. Várias
va como depósito de restos mortais. estátuas foram quartzo amarelo vazios, um com inscrições para o rei e ou-
O corpo do faraó estava em ótimo danificadas tro para sua filha, Hatchepsut. Já em Deir el-Bahri, também
estado de conservação. Junto à mú- devido às batalhas foi achado um sarcófafo vazio com o nome de Tutmés I, que
que ocorreram
mia de Amenhotep I foi encontrada na trajetória da deve ter sido encomendado por Tutmés III, neto do faraó.
uma bela máscara de ouro. civilização do No entanto, os restos mortais de Tutmés I foram descober-
Egito Antigo
tos próximos à sua tumba, junto a outras múmias, o que
comprova que seu túmulo foi saqueado.
+$7&+(3687
;9,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
78706,
Shutterstock
ݿ5(,1$'2 ainda era uma criança, teve que assumir o poder como
co-regente até ele ter condições de administrar o território
$&$$& egípcio. Hatchepsut teve duas filhas Neferuré e Neferubiti.
Tutmés deu continuidade à estabili- Naquela época era algo extremamente raro uma mu-
dade econômica e política do Egito lher administrar o Egito Antigo, mas Hatchepsut não queria
Antigo. Liderou campanhas milita- ser apenas co-regente, ela queria se tornar faraó, só que
res que levaram à conquista da Nú- tinha que encontrar uma forma de ser respeitada e adora-
bia, o que repercutiu positivamente da pela população egípcia e encontrou a solução dizendo
para fidelizar as relações comerciais que era filha do Deus Amon, entidade da força da vida,
egípcias, já que a Núbia era uma o qual teria se apresentado à sua mãe como Tutmés I,
terra rica em minérios como o ouro, nome de seu pai carnal e a concebido. Como ela encontrou
a prata e a turquesa. um artifício que a ligava diretamente a um Deus, o povo
Casou-se com Ahmés, sua irmã egípcio passou a venerá-la como costumava fazer com os
e primeira esposa, que lhe deu dois grandes reis e ela, então, se autodenominou faraó.
filhos, Amenmose e Wadjmose e, Durante a administração de Hatchepsut o Egito Antigo
92&6$%,$"
$VSDUHGHVGRWHPSORGDUDLQKD+DWFKHSVXWHP
'HLUHO%DKDULFKDPDPDDWHQ¨¤RSRUHVWDUHP
Templo morturário da UHSOHWDVGHLPDJHQVGRVJUDQGHVIHLWRVGDIDUD´
estava em uma fase bastante positiva faraó Hatchepsut, em FRPRDH[SHGL¨¤RHP3XQWTXHDPSOLRXDVUHOD¨¶HV
tanto na economia, quanto na política. Deir el-Bahari. Seu FRPHUFLDLVGR(JLWR$QWLJREHPFRPRDOLJD¨¤R
corpo foi saqueado de GDUDLQKDFRPR'HXV$PRQPDVDIRUPDTXH
A faraó contava com o auxílio de dois sua tumba, mas foi +DWFKHSVXWIRLUHWUDWDGDVHGHVWDFDPDLVGRTXHDV
primeiros-ministros, Hapuseneb e Se- encontrado próximo UHSUHVHQWD¨¶HVGHVHXVIHLWRV$UDLQKDªVLPEROL]DGD
nemut. O primeiro a ajudava na coor- da construção, em FRPRXPDPXOKHUFRPEDUEDVHPVHLRVHWUDMDQGR
ótimo estado de URXSDVPDVFXOLQDV0DVYRF«VDEHSRUTX«"
denação do campo da construção civil. conservação. A
Ela fez várias obras e as de maior des- primeira faraó do $UDLQKDDFUHGLWDYDTXHPRVWUDURVVHXVVHLRV
Egito Antigo faleceu UHSUHVHQWDULDPDVXDIUDJLOLGDGHDEDUEDRVHX
taque foram no templo funerário, em SRGHUHDVURXSDVPDVFXOLQDVUHYHODULDPDVXD
em decorrência de
Tebas, e também no templo de Amon, uma infecção na IRU¨DHSHUVRQDOLGDGH6HQGRDVVLPRUGHQRXTXH
em Karnak, onde ergueu dois obelis- gengiva IRVVHUHWUDWDGDSUDWLFDPHQWHFRPRXPKRPHP
cos. Já Senemut, considerado também M¢TXHDPXOKHUQR(JLWR$QWLJRWLQKDFHUWD
DXWRQRPLDPDVQ¤RWDQWDSDUDVHUXPDIDUD´
seu amante, a auxiliava no setor das FDUJRTXH+DWFKHSVXWIRLSLRQHLUD
expedições militares, como a de Punt
(atual Somália), que durou três anos,
e consistiu na troca de armas e joias
Shutterstock
egípcias por especiarias como o mar-
fim, a mirra, o incenso e peles de ani-
mais, produtos que ampliaram as rela-
ções comerciais do Egito Antigo com as
nações estrangeiras.
Um fato que merece destaque no
seu governo é que, no seu sétimo ano
como faraó, Tutmés III se tornou rei e
os dois regeram juntos o Egito Antigo,
algo inédito na história dessa civili-
zação, sendo que o território egípcio
nunca havia tido, simultaneamente,
dois administradores. No entanto, há
indícios de que Tutmés III não gostava
nada dessa situação, visto que após a
morte de Hatchepsut, mandou derru-
bar todos os seus monumentos e apa-
gou grande parte de seus registros.
Por causa da ação de Tutmés III, a
existência da rainha só foi redescoberta,
Templo morturário da faraó Hatchepsut, em Deir el-Bahari. Seu corpo foi saqueado de sua
em 1922, pelo egiptólogo Herbert Win- tumba, mas foi encontrado próximo da construção, em ótimo estado de conservação. A
lock, que encontrou várias estátuas da primeira faraó do Egito Antigo faleceu em decorrência de uma infecção na gengiva »»
77
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
Shutterstock
rainha em Deir el-Bahari. Anos depois, outro
egiptólogo Howard Carter achou sua tumba
próxima de Deir el-Bahari, mas seu sarcófago
estava vazio. As pesquisas continuaram por
anos e um grupo de arqueólogos encontrou
finalmente a múmia de Hatchepsut, muito
bem conservada, junto a um canopo, vaso
usado para guardar os órgãos dos faraós, com
um fígado e um dente molar. Após análises,
averiguou-se que a múmia era mesmo da
rainha e que ela havia falecido em decorrên-
cia de uma infecção na gengiva.
Shutterstock
A IMAGEM DE NEFERTITI
E AMENÓFIS IV $VLPDJHQVGRWHPSOR
GH$PHQ´ƩV,9TXHUHWUDWDPHOHH
1HIHUWLWLLQWULJDPTXDOTXHUYLVLWDQWH2
FDVDODSDUHFHGHIRUPDEHPGLIHUHQWHWDLV Busto da faraó Nefertiti,
FRPRFLQWXUDPXLWRƩQDTXDGULVODUJRV no Museu de Berlim, na
FDEH¨DVSHUQDVHEUD¨RVDORQJDGRVIDWR Alemanha. Os traços da obra
TXHOHYDDOJXQVFLHQWLVWDVDDFUHGLWDUHP indicam a beleza da rainha
TXHHOHVVHULDPSRUWDGRUHVGDV®QGURPH
GH0DUIDQGRHQ¨DFDUDFWHUL]DGDSRU
PHPEURVGHPDVLDGDPHQWHORQJRV0DV
RXWUDYHUWHQWHGHHVWXGLRVRVFU«TXHQHVVH
SHU®RGRXPQRYRSDGU¤RDUW®VWLFRSDVVRX
DVHUGHVHQYROYLGRDSHGLGRGRIDUD´HP
TXHRHVF£QGDORHRH[DJHURGHIRUPDV
HUDSULPRUGLDORTXHH[SOLFDULDDVIRUPDV
GHVSURSRUFLRQDLVHORQJDVGRVPHPEURV
VXSHULRUHVHLQIHULRUHVGRFDVDO
78
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
1()(57,7, 787$1.$021
;9,,,',1$67,$ ;9,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
ݿ5(,1$'2 $&$$&
$&$$& Também conhecido como o “faraó meni-
Nefertiti e seu marido o faraó Amenófis no”, visto que faleceu na adolescência, era
IV revolucionaram a tradição religiosa filho de Amenófis IV. Tomou o poder com
egípcia, por meio da imposição do culto nove anos e, devido a sua idade, contou
a apenas uma entidade (monoteísmo), com o auxílio de dois primeiros-ministros
o Deus Aton, divindade do sol, que seria Aye e Horemheb, que, na verdade, admi-
semelhante ao Deus Amon ou Rá. nistraram realmente o Egito. O cenário do
Após a morte de Amenófis IV, Ne- país durante o reinado de Tutankamon já
fertiti, que quer dizer “ A mais bela não era mais de prosperidade, mas, sim,
chegou”, assumiu o trono e tornou-se de decadência, informações que só foram
rainha do Egito. Ela teve seis filhas com obtidas, graças a um texto em uma pedra,
o faraó, Meritaton, Meketaton, Anche- denominada “Estela da Restauração”.
senamon, Neferneferuaton, Nefer- Como Tutankamon reinou por muito
neferuré e Setepenré, mas três delas pouco tempo, não há registros sobre sua
faleceram vítimas de um surto de ma- atuação. Somente se tem conhecimento
lária, que se espalhou no Egito Antigo. que ele foi casado com sua irmã Anchese-
Não há registros dos feitos de Nefertiti namon e que impôs, novamente, o culto
a não ser a adoração à entidade Aton. ao politeísmo (diversos deuses) e ordenou
Shutterstock
Sua morte é um mistério, pois ela sim- a destruição a tudo o que remetesse ao
plesmente desapareceu. Alguns histo- culto do Deus Aton, imposto pelo seu pai.
riadores acreditam que ela tenha sido O faraó menino se tornou realmente
assassinada pelos sacerdotes, que não conhecido por sua múmia, descoberta,
concordavam com o monoteísmo e, há em 1922, no Vale dos Reis, na cidade de
outra hipótese, que ela teria mudado Amarna, que estava intacta dentro de um
o seu nome, quando se tornou faraó. sarcófago de ouro. Sob o seu rosto havia
Vale destacar que o faraó Ho- uma bela máscara de ouro e no local fo-
remheb, o qual subiu ao trono logo ram descobertas joias, objetos pessoais,
após o desaparecimento de Nefertiti, ornamentos, vasos, esculturas, armas,
destruiu todos os templos e os re- uma estátua do Deus Anubis, divindade
gistros dos cultos ao Deus Aton, pois dos cemitérios, e os canopos, vasos com
queria instaurar novamente o poli- os órgãos do faraó. Seu corpo foi levado
teísmo no Egito Antigo. Ele apagou para uma análise, que revelou que o ga-
ainda o nome de Nefertiti e de seu roto faleceu de uma infecção ocasionada Máscara de ouro encontrada sobre o
marido das listas oficiais dos faraós por uma fratura na perna direita. rosto da múmia do faraó Tutankamon
e destruiu seus túmulos. Dessa forma
Shutterstock
79
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
A PRAGA DO ;,;',1$67,$
)$5$0(1,12 Foi a época de esplendor do Impé-
rio Novo, com muitas conquistas
6HULDSRVV®YHO7XWDQNDPRQ
DOPDOGL¨RDURVKRPHQVTXH econômicas e também territoriais
GHVFREULUDPVXDWXPED"(VVDIRL como da Síria e da Palestina. A arte
DLQGDJD¨¤RTXHPXLWDVSHVVRDV e a arquitetura também se desen-
݊]HUDPDR݊FDUVDEHQGRGD
RFRUU«QFLDGHVXFHVVLYDVPRUWHVGH volveram consideravelmente.
LQGLY®GXRVTXHGHDOJXPDIRUPD
HVWDYDPOLJDGRV¡GHVFREHUWDGR
W»PXORGRIDUD´PHQLQR
2SULPHLURDIDOHFHUIRL/RUG
Shutterstock
&DUQDUYRQ݊QDQFLDGRUGD
H[SHGL¨¤RSDVVDGRVDOJXQV
GLDVPRUUHUDPRLUP¤RGH 5$066,
&DUQDUYRQDVXDHQIHUPHLUDR ;,;',1$67,$ݿ5(,1$'2
PªGLFRTXHIH]DUDGLRJUD݊DQD
P»PLDGH7XWDQNDPRQHDOJXQV $&$$&
WUDEDOKDGRUHVGDHVFDYD¨¤R Ramsés I era vizir (primeiro-ministro) do
3DUDGHL[DUDKLVW´ULDDLQGD grande rei Horemheb, com a sua morte e
PDLVWHPHURVDYHLRDS»EOLFR Imagem esculpida em pedra de
por não ter filhos, acabou por sucedê-lo.
DLQIRUPD¨¤RGHTXHXPD Ramsés I e de sua esposa Sit-Re
LQVFUL¨¤RQDWXPEDGRIDUD´ O faraó conseguiu estabilizar poli-
GL]LDTXHDPRUWHVHULDFHUWD ticamente o Egito Antigo e ampliou as cabeças de animais. Em 1999, o
SDUDDTXHOHVTXHWLYHVVHP expedições comerciais para a península museu Carlos, no Canadá, com-
SHUWXEDGRRVRQRHWHUQRGR
JUDQGHUHL8PDOYRUR¨RFODUR
do Sinai. Realizou diversas reformas nos prou diversas antiguidades de
IRLFULDGRHVXUJLXD/HQGDGD templos sagrados e deu continuidade uma loja que estava fechando e,
0DOGL¨¤RGR)DUD´ à reestruturação religiosa, por meio da entre os objetos adquiridos, es-
2VFLHQWLVWDVWHQWDUDP adoração a diversos deuses. Foi casado tava uma múmia, que foi levada
GHVPLVWL݊FDUDOHQGDHGLVVHUDP com Sit-Re, com que teve um filho, Seti I, para análise e considerada como
TXHRVWUDEDOKDGRUHVGD
HVFDYD¨¤RHRPªGLFRTXHIH]D que herdou seu trono. sendo a de Ramsés I.
UDGLRJUD݊DQRVUHVWRVPRUWDLV Ramsés I ordenou a construção de
GRIDUD´WHULDPIDOHFLGRHP sua tumba no Vale dos Reis, em Amarna,
GHFRUU«QFLDGDLQDOD¨¤RGHXP a qual foi descoberta, em 1817, mas seu
Shutterstock
IXQJRPRUWDOTXHHVWDYDQD
P»PLDHQDWXPED$JRUDYRF« corpo havia sido roubado. Os arqueólo-
GHYHHVWDUVHSHUJXQWDQGRH gos encontraram somente seu sarcófago
RVGHPDLV"1LQJXªPFRQVHJXLX de granito e estátuas de madeira com
UHVSRQGHUHVVDTXHVW¤RSRLV
&DUQDUYRQVHXLUP¤RHD
HQIHUPHLUDQHPVHTXHUFKHJDUDP
DYHUDP»PLDGH7XWDQNDPRQ
6(7,,
;,;',1$67,$ݿ5(,1$'2
Shutterstock
$&$$&
Seti I faleceu com cerca de 40 anos e se
destacou por liderar várias campanhas mili-
tares. O faraó Seti I casou apenas uma vez
com Tuya, que lhe três filhos, Tia, Ramsés II
e Henutmire. Ergueu seu túmulo no Vale dos
Reis, na cidade de Amarna, mas para que seu
corpo não fosse saqueado, foi sepultado em
um esconderijo de múmas reais em Deir el-
-Bahari. Sua múmia foi descoberta em 1881
e é considerada a mais bela e preservada de
todas as encontradas até os dias atuais.
80
Sarcófago de ouro do faraó Desenho de Seti I com a deusa
menino, no Museu da Eslováquia Ísis, entidade da fertilidade,
no templo de Abidos
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
Estátua colossal de Ramsés II
no templo de Amon, edificado
para a adoração ao Deus Rá,
divindidade do sol
5$066,,
;,;',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Sua administração é tida como uma das mais próspe-
ras no quesito político, econômico, militar, cultural e
social de toda a Era Faraônica.
Denominado de Ramsés, o Grande, foi o faraó
que mais teve esposas e filhos. Nefertari e Isitnefert
foram as esposas consideradas mais importantes e
amadas pelo faraó. Com Nefertari teve seis filhos e
com e Isitnefert teve apenas um, mas com as demais
esposas acredita-se que teve cerca de 80 filhos.
O faraó liderou inúmeras expedições militares e
contava com uma estrutura bastante sofisticada para
a produção de armas e de carros de guerra. Além de
ter sido um grande guerreiro, construiu e reformou
diversos monumentos, mas também usurpou obras
dos grandes reis antigos e colocou seu nome nelas.
Um dado interessante é que Ramsés II organizou
mais de catorze festas Sed, na qual se comemorava a
regeneração do poder do faraó a cada 30 anos.
Seu templo funerário localiza-se em Tebas e, atu-
almente, está em ruínas, mas sua múmia foi achada
em um túmulo coletivo em Deir el-Bahari, em 1881.
Os cientitas levaram seu corpo para análise e verifi-
caram que estava infestado por fungos. Descobriram
também que Ramsés II tinha cerca de 90 anos quan-
do faleceu e era portador de uma doença óssea e
também dentária.
Shutterstock
Representação nas
paredes do templo
de Abu Simbel do
tratado de paz que
Ramsés II selou com
os hititas, após anos
de guerra
CURIOSIDADE )RLGXUDQWH
RUHLQDGRGH5DPVªV,,TXHR
(JLWRHQIUHQWRXDVGH]3UDJDV
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Shutterstock
»»
81
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
;;',1$67,$
Correspondeu ao fim do Império
;;,;;,,(;;,,,
Novo, quando o Egito vivenciou uma
série de mudanças climáticas brus-
cas, que ocasionaram secas, inunda-
ções e fome, visto que a prática da
',1$67,$6
Tiveram início no Terceiro Período In-
agricultura, principal atividade eco-
termediário, que compreendeu uma
nômica egípcia, se tornou impossível
fase de grande decadência das artes,
de ser cultivada.
da economia e da política. A adminis-
tração do território foi dividida entre o
faraó, que ficou com a parte norte do
Egito, e os sacerdotes, os quais gover-
naram a região sul do país.
O obelisco no 60(1'(6
templo de Karnak
foi construído ;;,',1$67,$ݿ5(,1$'2
pelo faraó
Tutmés I, mas
$&$$&
400 anos depois Também conhecido como Esmendes (seu nome
foi usurpado por em grego), Smendes administrou a região norte
Ramsés IV, que
apenas inseriu seu egípcia, enquanto que o sul era governado pelos
nome na bela obra sacerdotes. O faraó ergueu poucos monumentos
e fez algumas obras de manutenção nos tem-
plos de Karnak e de Luxor.
Shutterstock
Além de estar na lista dos reis da Era Fa-
5$066,9 raônica, o nome de Smendes é mencionado
82
ao reinado do faraó Smendes
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
Shutterstock
7$.(/27,
;;,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
Takelot I não construiu monumentos e, diferente da admi-
nistração próspera de seu pai, seu governo foi marcado por
crises políticas que levaram a mais divisões do poder do Egito
Antigo. Enfrentou problemas com o seu irmão Lulot, o qual
era sacerdote em Tebas, mas renunciou seu cargo, o que aca-
bou impactando diretamente na administração de Takelot I,
que perdeu aliados nesse território. O grande rei foi casado
com Kapes e teve dois filhos, Karomama I e Osorkon II, seu
Tanis é a cidade onde foi construído o túmulo de Amenemope. herdeiro no trono egípcio. Construiu seu túmulo em Tanis,
O corpo do faraó foi encontrado em um sarcófago de quartzo mas sua múmia nunca foi encontrada.
amarelo, decorado com detalhes em ouro e prata
$0(1(023(
;;,',1$67,$ݿ5(,1$'2 7$.(/27,,
$&$$& ;;,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
Amenemope foi considerado um bom estrategista, $&$$&
pois autointitulou-se sacerdote de Amon para não A administração de Takelot II foi bastante problemática, pois
perder a supremacia da região norte para os sacerdo- foi composta por uma fase de desestabilização econômica e
tes que dominavam a região sul. de conflitos com os nomarcas. Sua supremacia no sul do Egito
O faraó ainda se destacou por escrever a obra ino- só foi mantida no início de seu reinado, graças ao seu irmão
vadora “As Instruções de Amenemope”, repleta de Nimlot, que era sacerdote e ocupava uma posição de destaque
dicas de como obter uma vida de sucesso. na cidade de Tebas, o que permitiu a Takelot II avançar com
O grande rei foi enterrado em um túmulo simples suas tropas para invadir e conquistar a cidade de Heracleópolis.
em Tanis, mas, passados alguns anos, o faraó Siamon Com a morte de Nimlot, Takelot II perdeu seus aliados e uma
construiu uma tumba com muito mais requinte e luxo revolta ocorreu. Grande parte dos homens que lutaram contra
no mesmo local e levou a múmia de Amenemope o faraó foram exterminados e tiveram seus corpos queimados,
para lá. O corpo do grande rei foi encontrado em um pois, segundo a tradição egípcia, o fogo impediria a oportunida-
caixão de madeira, que estava no interior de um belo de da vida eterna. A guerra civil no Egito Antigo durou cerca de
sarcófago de quartzo amarelo, ouro e prata. dez anos. Takelot II teve três esposas e nove filhos. O faraó foi
sepultado em Tanis, onde o seu sarcófago foi encontrado vazio.
2625.21,
Shutterstock
;;,9(;;9',1$67,$6 Desenhos na
Essa fase do Terceiro Período Intermediário condiz com parede de um
o início da era dos faraós negros, os núbios, que con- templo egípcio
do conflito
seguiram unificar o Egito, além de expulsar os povos entre assírios e
estrangeiros invasores e fazer a economia, a política e soldados núbios
a cultura da nação se desenvolver positivamente. durante o reinado
do faraó Pié
6+$%$.$
;;,9',1$67,$
ݿ5(,1$'2
$&$$&
IIrmão de Pié, o faraó Shabaka
deu continuidade ao governo do
irmão. Consolidou o poder núbio,
promoveu o culto ao Deus Amon
e construiu vários monumentos.Ele
ordenou ainda a edificação de di-
ques para que na época das cheias,
as águas do Nilo não invadissem as
casas da população, que morava às
margens do rio. Ele foi também um
grande líder de batalhas do territó-
rio egípcio, pois formou um forte
exército para que os povos estran-
geiros, especialmente os assírios
3,
Shutterstock
(povo semita), não invadissem
suas fronteiras.
;;,9',1$67,$ݿ5(,1$'2$&$$& Shabaka teve duas esposas e
Pié foi um corajoso e destemido grande rei que deu íncio à era dos faraós negros, quatro filhos. Foi sepultado em uma
pois saiu da Núbia (fronteira do Sudão com o Egito) para conquistar o poder egípcio. pirâmide em El-Kurru, mas seu cor-
As primeiras cidades conquistadas por ele foram Heracleópolis e Menfis, as quais po nunca foi encontrado.
eram consideradas o berço do poder egípcio. Até assumir o trono, Pié lutou brava-
mente por um ano, depois desse período muitos chefes militares pediram clemência O faraó Shabaka investiu na
e deram até suas joias e riquezas para o guerreiro com o intuito de selar a paz. construção de diques no Rio Nilo
para o armazenamento de água,
Pié se tornou conhecido como “O Senhor das Duas Terras”, pois conseguiu unir assim, o povo egípcio conseguiu
definitivamente o Egito Antigo, tornando próspera novamente a sua economia. Ele manter o cultivo da agricultura
na época da seca
construiu ainda vários monumentos, realizou expedições para a Palestina e expul-
sou os assírios (povo semita), que queriam a todo custo invadir o território egípcio.
Pié teve quatro esposas e seis filhos. O destemido faraó foi enterrado em uma pi-
râmide em El-Kurru, junto aos seus quatro tão amados cavalos, algo inédito na era
faraônica, mas sua múmia nunca foi encontrada. O semblante de Pié só pôde ser
conhecido por meio das pinturas de seu templo, e foi a partir de tais representações
artísticas, que os arqueólogos descobriram que ele era negro.
Outro detalhe interessante é que os núbios foram os primeiros a dar início
à egitomania, que consiste na admiração e no culto da civilização egípcia. Eles
adoravam o Deus Amon, entidade da força criadora da vida, bem como exerciam
e respeitavam as tradições e os símbolos do poder faraônico. No entanto, introdu-
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ziram uma mudança significativa na sucessão da coroa, visto que além de ser de
pai para filho, passou a ser transmitida também entre irmãos.
84
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&21+($$+,675,$*(ݿ,72
A cidade de Karnak foi cenário para a
construção de vários templos e capelas
ordenadas pelo faraó Shabataka
6+$%$7$.$
;9',1$67,$ݿ5(,1$'2$&$$&
O grande rei Shabataka continuou os feitos de Shabaka, como a unifi-
cação das regiões norte e sul do Egito Antigo e a manutenção de um
exército forte para proteger o território contra os assírios (povo semita).
Shabataka foi sepultado em El-Kurru. Em seu túmulo foram encon-
trados ossos, um crânio e uma mesa de oferendas de marfim. Próximo
à sua tumba foram achados esqueletos de cavalos, animais que eram
adorados pelos faraós núbios. Seu sucessor foi o seu irmão Taharka.
;;9,,',1$67,$
;;9,',1$67,$ Fase da Época Baixa que se des-
Correspondeu à Época Baixa e ao fim tacou pela invasão dos persas,
da dinastia dos faraós núbios, momento os quais destruíram as cidades
em que os assírios invadiram e domina- egípcias e seus respectivos tem-
ram o Egito Novo. plos e monumentos.
36$07,&2, &$0%,6(6,,
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;;9,',1$67,$ ;;9,,',1$67,$
ݿ5(,1$'2 ݿ5(,1$'2
$&$$& $&$$&
O reinado de Psamético I marcou o fim Cambises II foi um rei da Pérsia (atual
da era dos faraós núbios, já que os as- Irã), que invadiu e conquistou o territó-
sírios conseguiram finalmente invadir e rio egípcio, tornando-se faraó. Era con-
destruir várias cidades egípcias. siderado um homem bastante agressi-
Psamético I era egípcio, mas havia vo e de comportamento explosivo.
sido doutrinado pelos assírios, dessa No início de seu reinado manteve a
forma foi nomeado por eles como ad- economia estabilizada e decidiu agir de
ministrador do Egito Antigo. No entanto, forma pacífica para ganhar a confian-
aos poucos conseguiu se livrar do domí- ça da população egípcia e se adaptou
nio deles e restabeleceu a estabilidade aos costumes e às tradições religiosas,
econômica, social e cultural egípcia. Ele chegando até a oferecer emprego aos
se destacou pelas relações que fidelizou cidadãos no seu governo.. No entanto,
com os governantes helenos (povo da com o passar dos anos, o grande rei co-
Grécia Antiga) e muitos deles vieram até meçou a agir de maneira desequilibra-
morar no Egito para atuar como merca- da e sem motivo aparente, como nos
Psamético I incentivou a escrita
dores, o que acarretou na fundação da episódios, registrados em ilustrações
demótica, muito mais simples cidade de Naucratis. egípcias, que ateou fogo nas estátuas
do que a hierática. Ela foi Psamético I foi casado com Méhé- dos deuses egípcios, saqueou tumbas e
empregada para auxiliar na
contabilidade dos armazéns tenweskhèt, que gerou seus filhos, Necho destruiu múmias. Outro surto do faraó
I e Nitocris I. Não há informações sobre Cambises II que marcou sua biografia,
seu túmulo ou mesmo de sua múmia. refere-se à sua esposa Roxana, que foi »»
85
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
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'$5,2,
;;9,,',1$67,$ݿ5(,1$'2$&$$&
Dario I, chamado de O Grande, foi considerado um ótimo faraó persa, pois
respeitou as tradições egípcias. Enfrentou várias batalhas, mas consegui
contê-las. Ele dividiu todas as nações de seu império, bem como o territó-
rio egípcio, em províncias (satrapias), as quais eram regidas por sátrapas,
expressão usada pelos persas para designar os governantes. Criou um novo
sistema monetário, que tinha o dárico como unidade e incentivava o co-
O templo de Karnak foi um dos mais mércio, elaborou também um código de leis e definiu o aramaico como
castigados pela fúria de Cambises II. Algumas língua oficial. Ordenou a construção de estradas para ligar as satrapias e er-
de suas áreas atualmente são apenas ruínas
gueu e restaurou vários palácios e monumentos. No quesito religioso, Dario
assassinada pelo marido com vários I permitia o culto a qualquer entidade, desde que Ahura Mazda, divindade
chutes no ventre, sem ter feito nada criadora do universo persa, também fosse adorada.
ao grande rei. Ela era a mãe de seus Dario I teve cinco esposas e seis filhos. O faraó persa tinha o grande sonho
dois filhos Ciro II e Cassandana. de conquistar a Grécia, algo que nunca foi concretizado, pois foi morto em
Após esses episódios de profundo uma batalha. Ele foi sepultado em uma tumba de pedra em Naqsh-e Rostam.
descontrole emocional e de loucura,
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Cambises II quis conquistar mais territó-
rios pela África, sendo assim deixou um
representante no Egito, e liderou uma
expedição militar para a Núbia, com o
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intuito de dominar a região. Sua tropa
foi derrotada e nesse mesmo período
os egípcios se rebelaram e voltaram a
tomar o poder do país. Como perdeu
grande parte de seus soldados, o de-
sequilibrado grande rei voltou para a
Pérsia. Durante seu retorno, ele faleceu.
Alguns textos egípcios garantem que foi
de morte natural, já outros afirmam que
ele esfaqueou, sem querer, sua coxa,
enquanto andava a cavalo, a ferida te- O faraó persa Dario I
transformou o Egito
ria infeccionado e ele acabou morrendo. Antigo em uma província
Templo de Hibis, erguido pelo sátrapa e reformou parte dos
Dario I, no oásis de Kharga monumentos destruídos
durante a invasão de
seus compatriotas
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86
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',1$67,$6
Os reinados duraram pouco tempo, visto
Ruínas da que alguns faraós só subiram ao poder, por
Estátua de terem usurpado a coroa. A supremacia da
Xerxes I, em administração política nesse período, que
Persépolis,
na Pérsia. O compreende ainda a Época Baixa, estava
rei Xerxes I descentralizada, mas a economia e as artes
manteve a
estabilidade
voltaram a prosperar.
econômica
egípcia. Foi
morto pelo seu
próprio vizir,
que queria +$.25
usurpar seu
poder ;;,;',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
;(5;(6, Hakor ou Acoris (seu nome em grego) foi um faraó que
;;9,,',1$67,$ݿ5(,1$'2 pode-se dizer que “andava conforme a música” para se
$&$$& manter no poder e lutar contra os persas, o que lhe ren-
Xerxes I foi filho de Dario I e deu continuidade ao deu um ótimo relacionamento com as nações estrangei-
governo do pai. Foi casado com Amestris, com que teve ras, especialmente com a Grécia e com o Chipre. Hakor fez
cinco filhos. Destacou-se por controlar os conflitos civis alianças com vários reis, conforme eles dominavam terri-
no Egito Antigo contra os persas, mas não inseriu gran- tórios e chegou até a montar uma grande frota marinha.
des modificações na sua política e na sua economia, que O faraó construiu várias obras no Egito Antigo. Foi
estavam estabilizadas. Foi morto por seu vizir Artaba- enterrado em Sakara e seu filho Neferites II o sucedeu.
nus, que queria usurpar a sua posição de governador.
1(&7$1(%2,,
;;;',1$67,$ݿ5(,1$'2
$&$$&
;;9,,,',1$67,$ Nectanebo II, que significa “forte é seu Senhor” , foi o
Esse período, ainda na Época Baixa, faraó que estabeleceu a paz por muitos anos no Egito
mereceu destaque pela expulsão dos Antigo, após uma fase marcada por batalhas contra os
persas e tomada do poder pelos go- persas. O grande rei conseguiu manter estável a econo-
vernantes egípcios. mia e ergueu vários monumentos e reformou templos
sagrados em mais de cem cidades egípcias.
No fim de seu reinado os incansáveis persas conse-
$0,57(86
guiram novamente invadir o Egito e Nectanebo II teve
que fugir para não ser morto.
;;9,,,',1$67,$ݿ5(,1$'2
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$&$$&
Amirteus destacou-se na história da Era Faraônica por
Templo de Hator,
ter se tornado um grande rei, após libertar o Baixo em Dendera. O
Egito do domínio persa de Artaxerxes I. Mas Amirteus faraó Nectanebo
II cultuava
queria mais, desejava unificar o Egito e travou bata- Hator, a deusa
lhas constantes, com o auxílio dos gregros, durante o da alegria e do
seu reinado para recuperar o Alto Egito. Acabou sen- amor e para
homenageá-la
do morto na cidade de Menfis por Neferítes I, que se ergueu o recinto
apoderou do poder do Baixo Egito. sagrado »»
CAPÍTULO 11LJ )$5$6
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',1$67,$
Estátua do
provável filho
0$&('1,&$
de Nectanebo II,
Alexandre,
o Grande,
na praça de Início do período Ptolomaico, quando
Skopje, na Alexandre, o Grande, conseguiu ex-
República da
Macedônia pulsar definitivamente os persas do
Egito Antigo e estabeleceu uma ad-
232669(/),/+2 ministração bastante positiva.
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GH$OH[DQGUHR*UDQGH(DJRUDYRF«HVW¢VH
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DVVLPIRLSDUDD0DFHGµQLD݊QJLQGRVHUXPPDJR ݿ5(,1$'2$&$$&
HJ®SFLR(OHDLQGDQ¤RWLQKDKHUGHLURVSRUWDQWRQ¤R Considerado como o grande libertador do Egito Antigo do do-
WHULDFRPRGDUFRQWLQXLGDGH¡VXDOLQKDJHPIDPLOLDU mínio persa, Alexandre, o Grande, foi faraó por apenas seis
IDWRTXHPXGRXDS´VFRQKHFHU2O®PSLDDHVSRVDGH
)LOLSH,,1HFWDQHER,,WHYHDLGHLDGHGL]HUDHODTXHR meses e após esse período, deixou um representante para ad-
'HXV$PRQHQWLGDGHGDIRU¨DFULDGRUDGDYLGDSRU ministrar a nação e foi em busca de mais conquistas territoriais.
LQWHUPªGLRGHOHTXHULDOKHGDUXP݊OKR(ODFRQFRUGRX Alexandre, o Grande, conseguiu expulsar os persas do
HPWHUUHOD¨¶HVVH[XDLVFRP1HFWDQHER,,HHQJUDYLGRX
território egípcio e apesar de ter reinado por muito pouco
GDQGR¡OX]D$OH[DQGUHR*UDQGHTXHDQRVGHSRLV
DGPLQLVWURXGHIRUPDPDJQ£QLPDR(JLWR$QWLJR tempo, conseguiu estabelecer um modelo administrativo
bastante eficaz. Mesmo dominando o país, Alexandre man-
teve as tradições egípcias religiosas, construiu belos tem-
plos e, por respeitar os costumes locais foi denominado pela
população como o filho do Deus Amon.
;;;,',1$67,$
Durante seu reinado houve um fato interessante, o sin-
cretismo da cultura egípcia com a grega, que resultou na
Correspondeu ao fim da Época Baixa e criação de outros deuses como, por exemplo, Serápis, en-
ao retorno dos persas ao trono egípcio, tidade composta pela fusão do Deus egípcio Osíris (Deus
domínio que durou dez anos. da eternidade) com a divindade grega Ápis, que também
$57$;(5;(6,,
;;;,',1$67,$
ݿ5(,1$'2
$&$$&
Artaxerxes II marcou a volta do domínio
persa sobre o Egito Antigo. Várias pro-
víncias de seu império se rebelaram,
inclusive o Egito, mas o faraó conseguiu
manter-se no poder e protegeu de ma-
neira ímpar suas fronteiras. O grande rei
foi casado três vezes e teve cinco filhos.
Artaxerxes II faleceu de tristeza ao ver
Thinkstock
88
&21+($$+,675,$*(ݿ,72
Shutterstock
era considerado um Deus da eter-
nidade. O faraó ainda fundou a ci-
dade de Alexandria, que se tornou ',1$67,1$
um exímio centro urbano e cultural,
graças à instalação de uma Biblio- 372/20$,&$
teca. Além de desenvolver o campo Mereceu destaque pela fusão da cul-
cultural no Egito Antigo, Alexandre, tura grega com a egípcia no campo
o Grande, também atuou para o religioso, bem como pela continuida-
crescimento das relações comer- de do crescimento da economia e da
ciais do país, por meio da cons- cultura do Egito Antigo. Essa dinastia
trução do Farol de Alexandria, que marcou o fim da Era Faraônica.
Retrato de Ptolomeu I,
se tornou ponto de destaque na o general que manteve
cidade por iluminar os navios que a ascenção egípcia social,
econômica e cultural
traziam ao Egito mercadorias que
372/20(8,
seriam comercializadas.
Alexandre, o Grande, teve duas
esposas e dois filhos. Ele gostava
',1$67,1$372/20$,&$
também de se relacionar com ho-
mens e teve dois amantes. O faraó ݿ5(,1$'2$&$$&
faleceu, vítima de uma doença, que Ptolomeu I foi um general e grande amigo de Alexandre, o
os historiadores acreditam ter sido a Grande. Ele não se destacou por conquistar territórios, mas, sim,
malária. Seu corpo foi colocado em por manter um reinado próspero no campo da economia e da
um caixão de ouro dentro de um cultura e por proteger de maneira coesa e ordenada as fron-
sarcófago de ouro com mel e foi le- teiras do país. Fundou a cidade Ptolemaida, no Alto Egito e um
vado para Menfis, e anos mais tarde, museu em Alexandria. Por ter tornado o Egito Antigo uma nação
para Alexandria. Seus restos mortais independente e ainda mais desenvolvida, Ptolomeu I passou a
nunca foram encontrados. Após a ser chamado pelos egípcios de “soter”, que significa “salvador”.
morte de Alexandre I, seu filho Hé- Casou-se quatro vezes e teve onze filhos. Shutterstock
racles tomou o poder do Egito Anti- Um fato curioso que teve início no reinado de Ptolomeu I foram Representação
go, mas por pouco tempo, visto que os casamentos diplomáticos, os quais selaram alianças com os prin- de Ptolomeu I na
parede do templo
foi assassinado e, então, o general cipais sucessores de Alexandre, o Grande, e, consequentemente, da ilha de Filas
Ptolomeu e amigo de Alexandre , contribuíram para a manutenção da supremacia na dinastia ptolo-
assumiu a administração egípcia, maica.Ptolomeu I abdicou ao cargo aos 84 anos, pois já estava com
dando início à dinastia ptolomaica. a saúde debilitada e foi sucedido por seu filho Ptolomeu II.
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Shutterstock
372/20(8;9
',1$67,$372/20$,&$
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Ptolomeu XV ou Cesarião foi o filho da famosa rainha
Cleópatra VII com o imperador romano Júlio César. Ele
foi o último faraó da história da civilização egípcia an-
tiga. Não há indícios sobre o seu reinado, visto que
tinha apenas dois anos, quando sua mãe o nomeou
faraó em 44 a.C, portanto quem administrava real-
mente seu reinado era Cleópatra VII.
Sarcófago Cesarião foi morto por estrangulamento quan-
de Alexandre,
o Grande, do tinha 12 anos por Augusto, que tomou o poder
no Museu de do território egípcio de Cleópatra. Augusto transfor- Desenho de Cesarião e
Arqueologia de sua mãe Cleópatra VII
de Istambul,
mou o Egito em uma província de Roma e deu fim nas paredes do templo
na Turquia à intrigante e inesquecível Era Faraônica. de Hator, deusa da •
89
alegria e do amor, na
cidade de Dendera
CAPÍTULO 12 • CLEÓPATRA
Representação da
Shutterstock
Cleópatra no templo
de Horus, em Edfu,
no Egito. Por meio
de artimanhas
estrategistas e
de romances com
grandes líderes a
rainha conseguiu
dominar o território
egípcio por 21 anos
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
A SAGA DA
RAINHA ESTRATEGISTA
CONHEÇA A
HISTÓRIA DA MULHER D estemida, corajosa e ousada são
algumas das características
que definem quem foi Cleópatra
Roma, nação que ele sempre enviava
remessas de dinheiro, arrecadado dos
impostos pagos pela população para se
QUE SOUBE USAR Thea Filopator, a última rainha da manter no poder.
DA SUA INTELIGÊNCIA Era Faraônica e responsável por Em 58 a.C. Ptolomeu XII não conse-
E PERSPICÁCIA aumentar, consideravelmente, o guiu controlar uma revolta popular e,
domínio egípcio na Antiguidade. para não ser morto, fugiu para Roma.
PARA GOVERNAR No entanto, não há como discorrer Uma de suas filhas, Berenice IV deci-
O TERRITÓRIO DO sobre Cleópatra, sem antes tratar diu, por conta própria, tomar o lugar
EGITO ANTIGO do reinado de sua família. do pai. Ptolomeu XII não gostou da ati-
tude da garota e, em 55 a.C., voltou ao
Egito, tomou novamente o poder do
Nascida em 69 a.C., na cidade de Ale- território e mandou executá-la. Em 51
xandria, no Egito, Cleópatra era a filha a.C. nomeou Cleópatra, com 17 anos, e
mais velha de Ptolomeu XII e de Cleó- seu irmão Ptolomeu XIII, com 15 anos,
patra Trifena. Seu pai era filho ilegíti- como os novos governadores do Egito.
mo de Ptolomeu IX Sóter II, fato que Cleópatra casou-se então com seu ir-
o levou a ser desprezado e chamado mão, algo comum de acontecer entre
de bastardo pela sociedade egípcia. No os egípcios da nobreza, pois eles sem-
entanto, ele conseguiu tomar o poder pre ostentavam aumentar a suprema-
do Egito, em 80 a.C., com o auxílio de cia e a força familiar.
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Casa de Cleópatra, Delos
CURIOSIDADE:
SÓ EXISTIU UMA
CLEÓPATRA?
Não, existiram sete
Cleópatras na história do
Egito Antigo. Cleópatra Thea
Filopator foi a mais famosa
e a última delas. O termo
Cleópatra vem do grego e
quer dizer “Glória do Pai”,
e era usado para denominar
as rainhas da Dinastia
Ptolomaica, da Era Faraônica. »»
91
CAPÍTULO 12 • CLEÓPATRA
92
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
93
Estátua representando
Cleópatra envenenada
CAPÍTULO 13 • RELIGIÃO
Shutterstock
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
95
CAPÍTULO 13 • RELIGIÃO
TEMPLOS as tradições egípcias, levaria o Deus Rá tocha e abriam uma espécie de arca, que
Belos e gigantes, os templos eram até o céu. Por último, encontrava-se o continha a estátua da divindade do tem-
os locais onde os egípcios acreditavam santuário, que abrigava a imagem do plo. Eles se apresentavam à entidade,
residir as divindades e suas respectivas Deus, dono do templo. limpavam o local, aplicando óleo e colo-
famílias, além de serem o recinto para Os faraós não iam diariamente aos cando uma coroa sobre a estátua. Após
a realização de rituais religiosos. Logo na templos, só os visitavam durante as fazer esse ritual, depositavam o objeto,
sua entrada havia estátuas gigantes e o festividades religiosas. Já os sacerdo- considerado divino, na arca, apagavam a
pilone, uma porta monumental formada tes, chamados de hem-netjer “servo tocha e as pegadas que haviam deixado
por duas torres, a qual levava a um pátio. de Deus”, iam diariamente. Logo pela no local. Ao meio-dia realizavam mais
Considerada a primeira área do manhã, eles ordenavam o sacrifício de uma cerimônia com alimentos, momen-
templo, o pátio era composto por uma um animal, geralmente um boi, que to em que ingeriam a carne que havia
sala com várias colunas, uma estátua seria oferecido aos deuses. Em seguida, sido oferecida à entidade.
da divindade cultuada e um altar. O pá- purificavam-se com água e entravam no Vale destacar que os sacerdotes
tio dava acesso às salas hipóstilas, es- templo com roupas brancas. No pátio eram casados e tinham filhos. Suas
paços sustentados por colunas do teto acendiam incensos e deixavam o animal mulheres também trabalhavam nos
ao chão, onde havia mesas de oferen- como oferenda. Depois caminhavam até templos e realizavam os mesmos ritu-
das e a barca sagrada, a qual, segundo o santuário, local onde acendiam uma ais que seus respectivos maridos.
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Colunas do Templo de Ísis, na Ilha de Philae, no Egito.
Essas colunas estão situadas nas salas hipóstilas, onde
ficavam as mesas de oferendas às entidades
96
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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OS DEUSES
DO EGITO ANTIGO
Conheça agora as principais entida-
des cultuadas pelos egípcios entre
3200 a.C. e 32 a.C.
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preciosidades encontradas em escavações no
Egito, que revelaram as crenças de seu povo por um homem trajando uma
na Antiguidade. túnica e um chapéu comprido,
O Livro das Pirâmides pode ser tido como quanto na forma animal, como
um protetor do faraó, pois possui diversas um carneiro ou um ganso.
fórmulas mágicas e hinos para que o grande rei
conseguisse sobreviver na vida após a morte.
O Livro dos Sarcófagos era composto por dicas
de como auxiliar os falecidos na vida eterna. Shutterstock
Já o Livro dos Mortos possuía alguns textos
das obras das Pirâmides e dos Sarcófagos e
RÁ OU RÉ
era vendido à população com o objetivo de ser Classificado como o
deixado nos túmulos dos falecidos. Deus do Sol, durante
o dia manifestava-se
por meio de um falcão
e, à noite, se tornava
NUT Atum, um senhor,
Denominada de a que aquecia com seus
Mãe dos Deuses e raios os mortos recém-
divindade do céu era chegados no além.
cultuada na forma
de uma bela mulher
com um disco solar
sobre a sua cabeça.
OSÍRIS
Denominado de Deus da vida após
a morte, julgava os feitos terrenos
dos mortos antes deles seguirem
para a vida eterna. Também era
tido como a entidade da renovação
da vegetação. Sua imagem era
Shutterstock
97
com chifres de vaca.
CAPÍTULO 13 • RELIGIÃO
SETH AMENÓFIS
Era um faraó que se tornou um deus adorado pelos
Considerado o Deus
operários. Era retratado por um homem vestindo uma
protetor do Alto Egito
túnica branca e com uma faixa amarrada aos cabelos.
era representado pela
imagem de um cão com
orelhas longas, focinho HATOR
curvado e uma longa Deusa da alegria e do
cauda. Os egípcios o viam amor era adorada na
como uma entidade forma de uma mulher
violenta e imprevisível. com chifres de vaca e
disco solar na cabeça.
Shutterstock
Shutterstock
MAAT
Shutterstock
Shutterstock
Deusa da justiça, da harmonia
e do equilíbrio era representada
por uma mulher com uma
pluma de avestruz na cabeça. NEITH
Deusa protetora do Baixo
Egito era representada por
NEFTIS uma mulher portando a coroa
vermelho do antigo reino.
Protetora dos sarcófagos e deusa
da natureza era representada por
uma mulher, que leva na cabeça
um disco solar.
PTAH OU FTÁS
Deus de Menfis, a primeira
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98
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
HÓRUS
Considerado o Deus dos céus
era venerado por meio da
imagem de um homem com
cabeça de falcão. Era cultuado
Shutterstock
ATUM também na forma de um falcão
Denominado que segurava na mão o ankh,
criador do universo símbolo da vida.
e rei de todos
Shutterstock
IMHOTEP
os deuses era
adorado por meio
Detentor de conhecimentos da medicina,
da imagem de um
da matemática e da arquitetura foi o primeiro
rei com uma túnica
a construir uma pirâmide. Após a sua
colorida e com as
morte, tornou-se o Deus da Medicina. Era
coroas do Alto e do
AMMUT
representado por um homem sentado em
Baixo Egito.
uma cadeira, usando uma túnica longa.
Demônio devorador
de almas que era o
MERETSEGER responsável por punir
Deusa da serpente e os pecadores e os
guardadora dos túmulos, castigava ingerindo
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sua imagem era de uma seus corações.
mulher com cabeça de Sua imagem era
serpente e também de de um crocodilo,
uma cobra com cabeça de um leão ou de
de mulher. um hipopótamo,
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considerados os
animais mais
violentos no Egito
Antigo.
A CRENÇA DA VIDA
APÓS A MORTE
THOTH Outro aspecto religioso que merece destaque
Deus dos escribas no Egito Antigo é que eles acreditavam na
e da sabedoria era existência da vida após a morte.
venerado pelos Para eles, o ser humano era composto da união
intelectuais da dos elementos Ká, expressão para designar o
corpo e, de Rá, termo para se referir à alma.
época. Sua imagem Assim que falecia, o Rá era julgado quanto aos
cultuada era de seus feitos terrenos em um tribunal pelo Deus
um homem com Osíris, divindade da vida eterna. Seu coração
cabeça da ave íbis. era colocado em um prato de uma balança e
no outro havia uma pluma de Matt, a Deusa da
Justiça. Se o coração fosse mais pesado do que
a pluma, o Rá iria para o inferno e seu coração
seria devorado pelo Deus Ammut, caso fosse
SEKHMET
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99
coroada com um
disco solar.
CAPÍTULO 14 • MUMIFICAÇÃO
À ESPERA DO
RETORNO DA ALMA
ENTENDA COMO E POR QUE OS EGÍPCIOS ANTIGOS
PRESERVAVAM OS CORPOS DE SEUS ENTES FALECIDOS
100
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
Múmia encontrada na
cidade de Cairo, no Egito.
Sua aparência escura se
dá devido ao uso da cola
betume, empregada para
fixar as faixas de tecido de
linho sobre o seu corpo.
Para os egípcios o betume
permitia a passagem em
bom estado do corpo do
falecido para a vida eterna
»»
101
CAPÍTULO 14 • MUMIFICAÇÃO
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exemplo, a causa da morte dos faraós
e também quais eram as doenças con-
traídas na Antiguidade. Alguns estu-
diosos revelaram ainda que, apesar da
Era Faraônica durar cerca de três mil
anos, em um aspecto geral as técnicas
empregadas nos processos de mumifi-
cação sempre foram as mesmas.
Vale destacar que, apesar do fato
de muitas múmias terem sido desco- Devido ao alto valor dos serviços de mumificação, somente
bertas na atualidade, algumas delas a realeza e os nobres é que podiam pagar pelo ritual fúnebre
foram transformadas literalmente em
pó no período renascentista egípcio. POR QUE SÓ OS RICOS PODIAM
Os artistas da época atearam fogo e
esmagaram algumas múmias, a fim
SER MUMIFICADOS?
Os processos de mumificação eram muito caros, portanto,
de obter pigmentos para pintura, já somente os grandes reis e a nobreza tinham condições de
alguns médicos usaram seus restos pagar por esses serviços. Já o restante da população egípcia era
para fabricar remédios. enterrada, sem ser mumificada, e em covas simples no meio do
deserto. Desta forma fica fácil de entender por que nas escavações
atuais só foram encontrados intactos os corpos dos faraós e de
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TIPOS DE MUMIFICAÇÃO
A complexidade do serviço de mumificação no Egito Antigo variava de
acordo com o tipo de processo que a família do ente falecido poderia pa-
gar. Sendo assim, foram desenvolvidos três estilos de embalsamentos.
O mais caro consistia na extração do cérebro pelas narinas, nas
quais era injetado um ácido para derreter o órgão. Depois, as narinas
eram abertas com uma pinça e, com o auxílio de uma espátula de
metal, o cérebro era retirado. Em seguida, o ventre do defunto era
aberto, usando uma pedra cortante, e todos os seus órgãos, tais como,
o fígado, o intestino, os rins, o estômago, a bexiga e o baço eram re-
tirados e colocados em vasos, os canopos. O coração era o único órgão
que não era retirado, pois os egípcios acreditavam que ele controlaria
Máscara de múmia o corpo do falecido na vida eterna.
egípcia exposta Seu abdômen, já vazio, era preenchido com mirra pura moída, ca-
em Viena, Áustria
nela e sal grosso para evitar a deterioração e tirar a umidade do corpo.
102
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
Sarcófagos expostos no
Neues Museum de Berlim
O SIGNIFICADO
DOS CANOPOS
Os canopos eram os vasos que
guardavam para a eternidade
os órgãos dos falecidos.
Geralmente eram feitos de
madeira, alabastro, calcário,
porcelana, cerâmica ou faiança,
suas tampas tinham forma de
cabeças humanas ou de animais
e, algumas vezes, possuíam
estojos de madeira.
No processo de mumificação,
após as vísceras serem retiradas
do organismo do falecido, eram
embebidas em substâncias que
as conservariam e, em seguida,
eram enroladas em tecidos
de linho para depois serem
distribuídas em quatro canopos.
Segundo a crença egípcia os
Ana Vasconcelos
vasos eram protegidos pelos
quatro filhos de Hórus (entidade
dos céus), Qebehsenuf,
Duamutef, Hapi e Imset, eles
eram os responsáveis por
Textos sagrados, escritos em papiros, acreditavam que quando sua manterem guardados e seguros,
também eram colocados para preen- alma retornasse, conseguiria respectivamente, os intestinos,
o estômago, os pulmões e o
cher o abdômen do morto. Após essa reconhecer facilmente o seu
fígado do falecido.
etapa, o embalsador imergia o corpo corpo.
O vaso de Qebehsenuf era
do falecido em um recipiente com sal Para finalizar o ritual, o sar- representado por uma tampa
e natrão, uma mistura de sal e bicar- cófago e os canopos eram le- com cabeça de falcão, o de
bonato de sódio, por cerca de setenta vados para uma pirâmide, no Duamutef, uma cabeça de
chacal (espécie de cão), o de
dias. caso do morto ser um faraó, ou
Hapi, uma cabeça de babuíno
Passado esse período, o corpo era em mastabas, se o falecido fos-
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(espécie de macaco) e o de
lavado e hidratado com óleos de mir- se um nobre ou um sacerdote. Imset, uma cabeça humana.
ra e zimbro, o rosto do morto era ma- Já no processo de embalsa-
quiado, na cabeça era colocada uma mento considerado intermedi-
peruca e, no local onde havia o corte ário, no quesito custo entre o
no abdômen, era inserido um prato de mais caro e o mais em conta, o
ouro com o desenho do Deus Rá para a embalsador injetava com uma
proteção do morto. seringa no abdômen do faleci-
Depois, o defunto era enrolado em do um licor extraído do cedro, o
faixas de linho com cola betume. Sobre qual iria corroer e desmanchar
as camadas das faixas eram colocados todos os seus órgãos. O corpo
amuletos de escaravelho, para mais era embebido de água, sal e na-
proteção. Por fim, colocava-se uma trão e não era tocado por alguns
máscara na múmia, com o nome do dias. Para dar continuidade ao
falecido escrito em hieróglifos. processo, o embalsador fazia
Após essa parte do processo, o cor- uma incisão no ventre do morto
po era entregue aos seus parentes, que e retirava todo o líquido acumu-
o colocavam em uma urna de madei- lado, nesse momento os órgãos Os canopos tinham grande
importância nos túmulos dos
ra feita sob medida, conhecida como do falecido já haviam se trans- egípcios antigos, pois guardavam
sarcófago, esse era lapidado com as formado em líquido, seu corpo as vísceras dos falecidos
feições do morto, já que os egípcios só era composto de ossos e de »»
103
CAPÍTULO 14 • MUMIFICAÇÃO
Sarcófago em ouro do faraó Tutankamon. Segundo as tradições egípcias antigas, as urnas funerárias deveriam
possuir as feições do morto, pois quando sua alma retornasse, reconheceria facilmente o seu corpo
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104
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
algumas vezes, pela cabeça. O tronco to somente após três ou quatro dias da POR QUE AS
do falecido era sempre o último a sua morte, pois já estaria em processo
MÚMIAS SÃO
ser enrolado. Os mumificadores usa-
vam aproximadamente 20 camadas
de decomposição e sua beleza não ins-
tigaria mais o embalsador a violar o seu
ESCURAS?
A palavra múmia vem do árabe
sobrepostas de tecido de linho para corpo, como costumava ocorrer. mumia ou mumiya e significa
cobrir uma múmia. Outro fato interessante sobre a breu ou betume, que era uma
Além de todo o processo de retira- tradição religiosa dos egípcios antigos substância escura, a qual era
da de órgãos e do preenchimento do é que se encontrassem um cadáver empregada para curar doenças
na Antiguidade. No Egito Antigo,
corpo, era de extrema importância que abandonado, eles seriam obrigados a cola betume, empregada
o defunto tivesse todos os membros, a embalsamá-lo e a despesa ficaria para fixar as faixas no corpo
pois, por exemplo, se não tivesse a por conta das autoridades da cidade dos falecidos, era usada por ter
um valor simbólico, já que os
cabeça, na tradição egípcia, passaria a onde a pessoa foi encontrada morta.
egípcios achavam que o produto
eternidade acéfalo, então a preserva- O modo da mumificação teria que ser auxiliaria o morto a chegar com
ção de todas as suas partes era funda- a mais cara, mas teria que ser feita o seu corpo em bom estado
mental para a vida após a morte. apenas pelos sacerdotes, sem que seu ao além. A pele escura que
caracteriza as múmias comprova
Um dado curioso é que no caso da corpo fosse tocado por nenhum amigo
o uso da cola betume no
falecida ter sido uma mulher bonita, seu ou parente e, o sepultamento ocorria processo de mumificação.
cadáver era levado para o embalsamen- em um túmulo sagrado.
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105
CAPÍTULO 15 • SEGREDOS DAS PIRÂMIDES
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AS MÁQUINAS
DA RESSURREIÇÃO
OS MISTÉRIOS DAS INTRIGANTES CONSTRUÇÕES MONUMENTAIS QUE
GUARDAVAM OS CORPOS DOS GRANDES REIS PARA A VIDA ETERNA
106
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
EVOLUÇÃO DAS
na cidade de Dahshur, no Egito. Mas, a
perfeição nas paredes da pirâmide não
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O BÊ-A-BÁ DAS
CONSTRUÇÕES
EGÍPCIAS
ANTIGAS À noite, os egípcios antigos acreditavam que os cones das pirâmides
atuavam como uma passagem para o corpo do faraó ir para o céu
As pirâmides possuem como estrutu-
ra uma base retangular, com quatro SIMBOLISMO DAS PIRÂMIDES
paredes simétricas, que se unem ori- Pode-se dizer que a sociedade egípcia antiga sempre
ginando um cone, apontado para os realizou grande parte de suas ações ligadas a simbolismos
céus. Sua estrutura é de pedra calcária, e à sua mitologia, fato que também não foi diferente na
construção das pirâmides.
a qual era cortada em blocos, esses,
Para os egípcios as pirâmides representavam os raios de sol,
por sua vez, eram então talhados para brilhando sobre a terra. Seu formato, do cone à sua base,
poderem ser deslocados até o local referia-se ao Benben, o qual foi o monte em que o Deus Atum,
onde a pirâmide seria construída. Com criador do universo, sentou-se e deu origem ao mundo.
o auxílio de andaimes e de muitos Já a escolha da localização das pirâmides também foi atrelada
homens os blocos eram assentados à mitologia egípcia, visto que todas elas foram erguidas na
margem ocidental do Rio Nilo, onde ocorre o pôr do sol,
e nivelados com precisão, sem o uso momento em que o morto junto ao sol conseguiria encontrar
de cimento ou qualquer material para seu lugar no céu na companhia dos deuses.
fixá-los. Eram utilizados apenas esqua- Durante a noite, seus cones apontavam para o céu estrelado, o
dros para fazer medições, serras de ligas de cobre para qual, também segundo a tradição antiga egípcia, era a porta de
cortes e alavancas de madeira e bronze para ajeitar os entrada física para os céus e o elo que permitiria o lançamento
da alma do faraó falecido para a morada dos deuses.
blocos de pedras dentro da pirâmide.
Levando em consideração todos esses fatores, o único que não
Parece simples, não é? Mas como você pode no- esteve ligado à mitologia ou a algum simbolismo, mas sim à
tar, as pirâmides foram feitas de pedras, ou melhor, estética foi o do material usado na construção das pirâmides.
blocos enormes e pesados de pedras, cada um em Compostas por pedras calcária brancas e polidas, esse
média pesava cerca de duas toneladas. E aí surge a material reflete a luz solar, causando uma vista deslumbrante
tanto para quem está perto, quanto longe das pirâmides.
questão: como os egípcios conseguiram movimentar
e erguer tais blocos em pleno deserto? •
A resposta foi obtida, após alguns estudiosos ob-
servarem uma pintura de 1900 a.C., na parede de
Detalhe dos imensos e pesados blocos
uma das áreas internas da pirâmide do faraó Djehu- de pedra calcária na pirâmide de Quéops
tihotep. No desenho havia 172 pessoas puxando com
cordas um trenó com uma estátua gigante. Uma das
pessoas jogava um líquido, que deveria ser água, so-
bre a areia do deserto, por onde o trenó passaria.
Com base na pintura, os pesquisadores decidiram
fazer um teste no laboratório, criaram o cenário do
desenho e descobriram que era molhando a areia do
deserto, que os egípcios conseguiam deslizar o trenó
e deslocar então as pedras até o local onde seriam
erguidas as pirâmides.
A ORIGEM DO
TERMO PIRÂMIDE NÃO
É EGÍPCIA, mas, sim, grega e é
representado pela forma pyramidos.
A palavra “pyra”, quer dizer fogo,
luz, símbolo e “midos”, significa
medidas, portanto, medidas do fogo
é a tradução do termo pirâmide.
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CAPÍTULO 16 • MONUMENTOS COLOSSAIS
A PERFEIÇÃO
DAS EDIFICAÇÕES
DESCUBRA DETALHES
ARQUITETÔNICOS
E DO SIMBOLISMO DAS
OBRAS MAIS INCRÍVEIS
CONSTRUÍDAS
NO EGITO ANTIGO
»»
CAPÍTULO 16 • MONUMENTOS COLOSSAIS
112
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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Da esquerda para a direita, pirâmide de
Miquerinos, de Quéfren e de Quéops.
Suas estruturas continuam preservadas
e promovem um verdadeiro show de
beleza aos seus espectadores
VOCÊ SABIA?
Você já parou para pensar
o que poderia ser feito, por
exemplo, com os blocos de
pedras calcária empregadas
na construção das Grandes
Pirâmides (Quéops, Quéfren
e Miquerinos? Alguns
engenheiros tiveram essa
curiosidade, pararam para
pensar, fizeram cálculos e
descobriram que seria possível
dar a volta ao mundo se
enfileirassem tais blocos.
Mas as curiosidades sobre
essas estonteantes obras não
pararam por aí. Os engenheiros
revelaram ainda que se a
Pirâmide de Quéops fosse
erguida na cidade de Nova
York, nos Estados Unidos,
cobriria sete quarteirões. E,
se alguém tivesse coragem
e decidisse escalar até o seu
topo, ficaria a uma altura de
um edifício de 40 andares.
Outro dado intrigante sobre
essa edificação é que ela foi
considerada durante 4440
acesso a uma câmara mortuária, que anos, a maior estrutura já
Apesar de ter sido construída em
construída pelo homem e só
2550 a.C. ainda está intacta, mas no não foi finalizada e, a outra, leva à sala perdeu esse posto, após a
decorrer dos séculos foi saqueada e mortuária real que possui um sarcófa- finalização da Torre Eiffel em
não há sinal de tesouros e nem do go. Na pirâmide há ainda um templo 1889, em Paris, na França.
corpo do faraó Quéops. Próximo a ela, mortuário, que tem ligação com a Es- Depois de tais constatações,
finge de Gizé e o Templo do Vale, onde fica claro entender porque
existem três pirâmides menores das
a Pirâmide de Quéops é
rainhas do faraó e cinco escavações o faraó adorava os seus deuses. considerada uma das sete
que abrigavam barcos, algumas des- A Pirâmide de Miquerinos, er- maravilhas do mundo.
sas embarcações estão bem preserva- guida a mando do faraó Miquerinos,
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das até os dias de hoje. No interior da filho de Quefrén, foi feita de pedra Vista da Pirâmide de
Grande Pirâmide há um corredor que calcária polida, possui 62 m de altura Quéops, uma das sete
é a menor das Grandes Pirâmides. A maravilhas do mundo
desemboca em uma câmara fúnebre,
que não foi finalizada. Ao seguir por qualidade da sua estrutura também
essa câmara, chega-se a mais duas sa- é inferior, se comparada às demais,
las mortuárias, uma delas está vazia e pois apenas uma pequena parte de
a outra pertencia ao rei, pois há um seu revestimento foi finalizado com
sarcófago e o local foi inteiramente granito. Na parte interna da pirâmide
revestido por granito. há cerca de 200 estátuas, dessas, as
Já a Pirâmide de Quéfren, construí- duas consideradas mais belas são a
da pelo faraó Quéfren, filho de Quéops, do faraó com a deusa Hátor, entidade
possui 143 m de altura, sua estrutu- da alegria e do amor e, a outra, é a
ra também é de pedra calcária e seu representação da sua rainha e esposa
revestimento interno é recoberto de Khamerernebty II. Já na área externa
granito vermelho. Do lado de fora da da obra há várias estátuas de Miqueri-
pirâmide há diversas estátuas de Qué- nos, a pirâmide de uma de suas espo-
fren e uma outra pirâmide menor. Em sas, a rainha Chentkaus I, e mais duas
seu interior há duas entradas, uma dá pirâmides de rainhas secundárias. »»
113
CAPÍTULO 16 • MONUMENTOS COLOSSAIS
COMPLEXO colar e a coroa do Baixo e do Alto Egi- simples. Na fachada há duas estátuas
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colunas enormes de pedra calcária, o
qual leva a uma sala, chamada de Tri-
bunal Sul, local onde eram feitos rituais
sagrados e celebrações. Passando essa
sala, encontra-se uma escadaria que dá
acesso ao Túmulo Sul, uma sala com um
pequeno jazigo de granito, mas que de-
vido ao seu tamanho, não era a câmara
funerária real. Atravessando o Túmulo
Sul, chega-se às câmaras mortuárias,
que merecem destaque por terem sido
revestidas por belas faianças azul, um
material cerâmico de cor azul vibrante.
Além das salas ao Sul, a Pirâmide
A primeira e mais antiga obra colossal de Djoser possui ainda a ala Norte, que
egípcia, a Pirâmide de Djoser merece conta com um templo, onde eram reali-
destaque pelos seus seis degraus, que zadas oferendas aos mortos, bem como
remetem à subida do faraó Djoser aos céus
cultos ao faraó. Havia ainda a Serdab,
um pequeno ambiente com uma es-
PIRÂMIDE tátua em pedra calcária de 1,40 m de
AQUI SE FAZ, AQUI
SE PAGA? Há um ditado
DE DJOSER altura, a qual acreditavam ser habita-
da pela alma de Djoser. Nela, o faraó
que diz: aqui se faz, aqui se Destaca-se por ter sido a primeira pi- foi esculpido sentado em uma cadeira,
paga, certo? Ramsés II destruiu râmide a ser construída no Egito Anti- trajando um longo manto e na cabeça
e saqueou muitos templos e go. Também conhecida como Pirâmide tinha um lenço de linho que cobria seus
pirâmides para conseguir obter
de Degraus ou Pirâmide de Sakara foi cabelos. Seu rosto foi pintado em ama-
material e erguer o Complexo de
Abu Simbel. Mas, parece que a erguida a mando do faraó Djoser, em relo, mas devido à ação do tempo e ao
ganância do faraó foi castigada 2630 a.C. Ela possui 62 m de altura e vandalismo, está desfigurado.
pelos deuses, pois assim que tem uma base de 109 m de compri- A pirâmide conta ainda com diver-
foi finalizado o templo da sua
mento e 125 m de largura, se localiza sas capelas e o pátio Heb-sed, um es-
amada esposa Nefertari, ele a
levou no local para admirá-lo, em Sakara, próximo à cidade de Men- paço onde o rei comemorou seus 30
só que dias depois ela faleceu. fis, a primeira capital do Egito. anos no poder.
Fato que faz surgir a indagação: Seu projeto foi elaborado pelo vizir Devido aos saques, que sempre exis-
será que valeu a pena destruir
locais considerados sagrados por (primeiro-ministro) e arquiteto Imho- tiram na história do Egito Antigo, o corpo
outros reis, a fim de bajular a tep, que desenvolveu sua estrutura de Djoser nunca foi encontrado. O único
esposa? Talvez a morte da rainha em pedra calcária branca polida e na cadáver achado na pirâmide foi de um
responda essa questão. parte interior inseriu seis mastabas menino mumificado, que deveria per-
(túmulos), uma sobre a outra. A ideia tencer à família do rei. Utensílios como
dos seis degraus foi proposital, já que, belos pratos, travessas e vasos de ala-
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segundo a mitologia egípcia, eles auxi- bastro, xisto e cristal de quartzo também
liariam o faraó Djoser a subir aos céus foram recuperados durante escavações.
para alcançar a vida eterna. Vale destacar que a Pirâmide de
A pirâmide mais antiga da história do Degraus foi um marco de extrema im-
Egito Antigo possui uma fachada de tijolos portância para os egípcios, pois foi a
de barro, com 10,5 m de altura, na qual primeira obra erguida que simbolizou a
foram esculpidas catorze portas, mas so- supremacia do grande rei, além de ter
Templo de Nefertari: mente uma permite a entrada na pirâmi- sido projetada para suprir todas as suas
apesar de ter sido
projetado para
de, as demais não levam a lugar algum e necessidades, após a morte.
homenagear a esposa simbolizam a passagem do faraó Djoser Atualmente, a Pirâmide de Djoser
mais amada do faraó, da vida terrena para a eterna. está sendo restaurada, pois um terre-
o templo é repleto de
estátuas do grande rei A porta que permite a entrada na moto que atingiu o Egito, em 1992, aba-
narcisista Ramsés II pirâmide desemboca em um salão de lou consideravelmente sua estrutura. »»
115
CAPÍTULO 16 • MONUMENTOS COLOSSAIS
Vista noturna da
Praça da Concórdia,
em Paris, na
França. O obelisco,
que adornava
o Templo de
Luxor, encanta os
visitantes do local
desde 1836
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O PRESENTE
DE LUXOR Durante a Era
Faraônica havia dois obeliscos
na entrada do intrigante Templo
de Luxor, mas um foi dado
de presente pelo governador Entrada do Templo de Luxor: as esfinges enfileiradas foram construídas
do Egito Mohamed Ali ao rei pelos egípcios com o intuito de protegerem espiritualmente o local sagrado
Felipe Luís, da França, em 1836,
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e está lá até os dias atuais,
O Templo de Luxor destaca-se dos lisco. Passando a entrada, encontra-se
embelezando a Praça da
Concórdia, na cidade de Paris. demais por ser o único monumento um enorme e majestoso pátio, que
em que foram encontrados documen- chama atenção pelas suas gigantescas
tos dos faraós, bem como dos greco- colunas. Ao atravessar o pátio, chega-
-romanos, dos coptas (egípcios antigos -se a três salas, também formadas por
que se converteram ao cristianismo) e colunas e paredes repletas de hierógli-
dos islâmicos. fos, que desembocam no Santuário da
TEMPLO Na Era Faraônica, o Templo de Lu- Barca Sagrada e, atrás desse santuário,
116
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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MUSEU DO CROCODILO
Ao lado do Templo de Kom Ombo há o Museu do Crocodilo, onde estão expostos quarenta
crocodilos mumificados, de dois a cinco metros de comprimento, que viveram no Egito Antigo.
O museu, que foi aberto em 2012, possui ainda uma bela coleção de estátuas de madeira e
de granito do Deus Sobek. Seus visitantes podem conferir também um documentário sobre
essa entidade, extremamente respeitada e adorada pelos egípcios antigos, que aparece nos
hieróglifos na forma de um homem com cabeça de crocodilo.
Representação
de Sobek, o res.
TEMPLO DE
Deus Crocodilo,
no Templo de Para conseguir cultuar os dois deu-
KOM OMBO
Kom Ombo ses em um mesmo local, os egípcios fo-
ram práticos, definiram o lado esquerdo
Esse templo se sobressaiu dos demais do templo para adorar Hórus, e o direito
locais sagrados, não pelo seu tamanho, para venerar Sobek. Cada lado foi proje-
mas porque foi edificado para home- tado com sua própria entrada e capelas.
VOCÊ SABIA? nagear duas divindades, o Deus Sobek,
entidade da fertilidade e criador do
Para se chegar à entrada do templo é
necessário percorrer um pátio com co-
Segundo a mitologia egípcia
a cidade de Kom Ombo era mundo, representado pelo crocodilo e o lunas majestosas, nas quais estão grafa-
governada pelo rei Hórus, o Deus Hórus, divindade dos céus, retrata- das reverências de Ptolomeu IV aos deu-
qual tinha um irmão bastante do pelo falcão, algo bastante incomum ses Sobek e Hórus. O pátio leva a uma
invejoso, Sobek. Após várias já que os templos egípcios costumavam capela, que por sua vez, liga-se com a
tentativas, Sobek conseguiu
tomar o poder do irmão e o homenagear apenas uma entidade. porta de entrada do templo, a qual leva
expulsou da cidade junto ao A obra foi erguida na frente do Rio a várias salas intermediárias e a dois
povo que o seguia. Como não Nilo, na cidade de Kom Ombo, durante santuários. Todas as paredes das salas
tinha mão de obra para cultivar
a Dinastia Ptolomaica sob as ordens do e dos santuários são ilustradas por hie-
a terra, Sobek fez um pacto
com alguns demônios para que Ptolomeu IV em 180 a.C. e só foi fina- róglifos e imagens dos deuses egípcios.
eles tocassem a agricultura lizada no reinado de Ptolomeu XIII, que Com as inundações do Rio Nilo e
na região. Só que ao invés de construiu suas salas internas e externas terremotos a estrutura do templo ficou
nascer trigo, a terra germinou
e um nilômetro, poço largo com uma comprometida e muitas de suas paredes
ouro e, então, grande parte da
população morreu de fome. escada, usado para os egípcios medirem foram destruídas pelos coptas (egípcios
Assustado e sem saber o que a variação do nível de água do Rio Nilo. antigos que se converteram ao cristianis-
fazer, Sobek procurou o irmão e Em 30 a.C., o imperador romano Augus- mo) na tentativa de transformar o local
pediu que ele voltasse a reinar. to decidiu dar mais um retoque à obra e em uma igreja. No entanto, em 1893, o
Eles fizeram as pazes, passaram
a governar Kom Ombo juntos e a
construiu o pilone da entrada, que é uma arqueólogo francês Jacques de Morgan
região prosperou. porta monumental apoiada por duas tor- conseguiu restaurar o local sagrado. •
Essa história pode ser lenda,
mas pode ser considerada como Templo de Kom Shutterstock
um bom argumento para a Ombo, o único
construção do Templo de Kom local sagrado
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Desenho na
parede do
Templo Kom
Ombo, em que o
Ptolomeu IV está
entre o Deus Hórus
e o Deus Sobek,
as divindades
que regiam
o local sagrado
CAPÍTULO 17 • MITO DAS PIRÂMIDES
A TEORIA
POLÊMICA SOBRE
O EGITO ANTIGO
QUAL É O MISTÉRIO QUE ENVOLVE AS
CONSTRUÇÕES DE UMA DAS CIVILIZAÇÕES
MAIS MARCANTES DA ANTIGUIDADE?
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
119
CAPÍTULO 17 • MITO DAS PIRÂMIDES
PÚBLICO
sobre esse tema estava a Teoria dos As- sagradas, por descerem dos
tronautas Antigos, na qual os cientistas de- céus com suas iluminadas e
ram o primeiro passo na crença da existên- A primeira pessoa a tornar pública a Teo- velozes espaçonaves e por
cia de vida inteligente em outros planetas. ria dos Astronautas Antigos foi Erich An- terem transmitido todos os
ton Peter von Däniken, um escritor suíço, seus conhecimentos a eles.
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que, em 1968, escreveu o livro “Eram os Agora você já sabe, su-
Deuses Astronautas?”. A obra se tornou postamente, como os aliení-
um best-seller nos Estados Unidos, na genas chegaram aqui, certo?
Europa e na Índia nos anos 70, foi tra- Mas, deve estar se pergun-
duzida em 32 línguas e vendeu cerca de tando: como eles adentra-
60 milhões de exemplares. O livro foi o ram no território egípcio?
primeiro a popularizar a hipótese de que Segundo a versão da Te-
os deuses, descritos na literatura e nas oria dos Astronautas Antigos
escrituras sagradas das civilizações anti- de Sitchin, a população e as
gas, como, por exemplo, a egípcia, eram, tradições sumérias teriam se
na realidade, extraterrestres que haviam espalhado pelo planeta Ter-
visitado no passado o planeta Terra. ra, inclusive pelo Egito.
Representação dos alienígenas auxiliando Em 1978, foi a vez do arqueólogo Fato que o arqueólogo
os egípcios a construírem as pirâmides e escritor Zecharia Sitchin se destacar considerou ser verídico, ao
por formular uma versão da Teoria dos traduzir um texto sobre a di-
120
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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POSSÍVEL PROVA
Existem várias teorias a respeito
do auxílio dos extraterrestres
na construção das pirâmides
egípcias, mas, talvez, apenas um
documento possa comprovar tais
pontos de vista, o Papiro Tulli.
O documento, da época do
reinado do faraó Thuthmosis III,
de 1480 a.C., relata a possível
passagem de objetos estranhos
luminosos nos céus do Egito,
algo bem semelhante aos
relatos sobre objetos voadores
não identificados (OVNIs), que
se tem hoje em dia.
O papel foi encontrado em um
pirâmides, que só foram projetas e ergui- dras, retirados da pedreira, transportados antiquário em 1934, no Egito,
das, de acordo com Sitchin, por um povo pelo deserto e esculpidos com tamanha pelo egiptólogo e diretor da
bastante evoluído em todos os quesitos perfeição por apenas ferramentas rudi- seção egípcia do Museu do
Vaticano, Alberto Tulli, por
dos campos do saber, os anunnakis, os mentares de cobre em 20 anos, tempo isso passou a ser chamado de
quais teriam habitado também o Egito, que os arqueólogos ingleses do século Papiro Tulli. No entanto, como
antes da existência da civilização egípcia XXI acreditam ter levado a construção era muito caro, o egiptólogo
antiga e, então, erguido as pirâmides. dessa edificação. não conseguiu comprá-lo, mas
decidiu copiá-lo e observou a
Tanto para Sitchin quanto para ou- O estudioso calculou que para erguer riqueza de informações que
tros estudiosos que também defendem a Pirâmide de Quéops, levando em con- um pequeno pedaço de papel
a Teoria dos Astronautas Antigos, a ta- sideração, 2 milhões e 300 mil blocos de continha. 20 anos depois,
manha devoção que os egípcios antigos pedra, o trabalho de 10 horas por dia, Tulli voltou ao antiquário e o
documento não estava mais lá,
tinham pelas pirâmides, poderia ser em sete dias por semana, durante 20 pois havia sido perdido.
explicada segundo a ótica de que eles anos, seria colocado um bloco de pedra a O egiptólogo faleceu e seu irmão
a viam como obras criadas pelos deu- cada dois minutos, sendo que cada blo- entregou a cópia do papiro
ses, as quais atuariam como um ponto co pesava em média de duas a quarenta para Bóris de Rachewilts, que o
toneladas, algo que nenhum ser humano traduziu e o enviou, em 1953, para
de ligação na terra com os deuses, ou
a revista norte-americana Doubt.
melhor, alienígenas. Por isso o faraó, teria condições de executar. Dessa for-
O artigo foi publicado e aguçou
considerado um intermediário entre as ma, Haramein deixa claro que também a curiosidade dos ufólogos
divindades sagradas e os simples mor- acredita que as obras monumentais do (estudiosos sobre a existência de
tais, era sepultado em uma pirâmide, já Egito Antigo foram erguidas com a aju- vida alienígena). Mas, em 2006,
a tradução foi considerada falsa,
que ela seria o canal para ele conseguir da ou pelos povos de outras galáxias, os
após um estudo feito por uma
se teletransportar diretamente para os únicos que teriam conhecimento e téc- comunidade de egiptólogos. O
céus para que se unir aos deuses. nicas avançadas para poder erguer uma documento original jamais foi
Outro cientista que se destacou edificação com grande destreza e beleza. encontrado para desmistificar o
fato sobre a possível passagem
também como Zecharia Sitchin em re- Como você pôde observar, as teo-
de ETs pelo Egito Antigo.
lação à crença da Teoria dos Astronau- rias polêmicas sobre a construção das
tas Antigos e de que as pirâmides te- pirâmides do Egito Antigo terem sido
riam sido construídas pelos alienígenas feitas ou auxiliadas por ETs, atiçam re-
ou, pelo menos, com a ajuda deles, é o almente o imaginário de qualquer ser
físico Nassim Haramein. humano e levam ao questionamento
No entanto, os argumentos de defe- da capacidade e da evolução técnica
sa de Haramein são baseados nos princí- dos engenheiros e arquitetos egípcios
pios da matemática e da física. Sendo as- antigos. Verdadeiros ou não, esses
sim, ele garante que seria humanamen- pontos de vista nunca mudarão o fato
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121
Deus Ptah, entidade egípcia da criação, o qual correspondia
ao Deus Enki, alienígena que teria criado os seres humanos
de acordo com a Teoria dos Astronautas Antigos
CAPÍTULO 18 • HERANÇA DA ANTIGUIDADE
O REFLEXO CURIOSIDADE
DA INTELIGÊNCIA
Foram os marceneiros
egípcios da Antiguidade
que criaram as camas de
madeira com estrado.
Naquela época somente
os egípcios ricos
SAIBA QUAIS FORAM AS CRIAÇÕES E AS DESCOBERTAS puderam desfrutar dessa
criação, que até hoje é
EGÍPCIAS QUE VIGORAM ATÉ OS DIAS ATUAIS projetada e desfrutada.
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Fotomontagem da Pirâmide de
Saqqara e a Nebulosa da Tarântula CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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O s egípcios foram por 4 mil anos modelo de inspiração para as demais
nações da Antiguidade, devido ao seu amplo desenvolvimen-
to social, político e econômico, no entanto deixaram também um
grande legado para o mundo contemporâneo, no que se refere às
descobertas e criações nos campos da medicina, da construção civil
e naval, da matemática, da química e da astronomia. Veja agora
em detalhes de que maneira eles contribuíram, ou melhor, trans-
formaram essas áreas.
123
CAPÍTULO 18 • HERANÇA DA ANTIGUIDADE
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Representação de uma embarcação egípcia antiga
CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
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CAPÍTULO 18 • HERANÇA DA ANTIGUIDADE
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O emprego da
geometria foi
fundamental para
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que os egípcios
conseguissem projetar
e erguer de forma
exímia todos os seus
monumentos
Egípcios
usando
cordas para
medições e
cálculos
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
QUÍMICA
Ela é aplicada até hoje
damar, uma resina vegetal, que na fórmula desses
é empregada até os dias atuais. produtos, pois permite
No campo da química os egípcios antigos Na medicina usaram os conheci- uma secagem rápida e
se destacaram por terem grandes conheci- forma um filme
mentos sobre fundirem metais, protetor durável
mentos sobre testar a qualidade ou purificar entre eles, o ouro, e o emprega-
metais, formar ligas, imitar metais precio- vam para fazer obturações nos
sos ou pérolas e produzir pigmentos, sendo dentes.
assim decidiram empregar tais técnicas na Já na produção de vidros, os
área de cosméticos, da arte, da medicina egípcios foram considerados pio-
dentária e na produção de vidros. neiros, pois o fabricavam usando
No setor de cosméticos empregavam a o cristal de quartzo. O processo
química para fabricar perfumes e maquia- consistia na trituração do quart-
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gens. O metal que mais utilizavam para zo, depois o pó resultante era
produzir a maquiagem era o chumbo, con- misturado com sal e aquecido a
siderado uma substância medicinal para ci- 900ºC. Assim que esfriava, o ma-
catrizes, faces enrugadas e com manchas. terial era triturado, limpo e, em
Já na arte, empregavam a química para seguida, colorido para embele-
desenvolver tintas sintéticas. O tom branco zar os ambientes.
era adquirido da cal, o amarelo do ferro e o
preto do carvão. Já o azul era uma cor mais O aparecimento da
trabalhosa para ser obtida. Os químicos estrela Sirius designava
misturavam óxido de cobre, cobalto, bicar- para os egípcios antigos
o início do período das
bonato de sódio e cálcio e os fundiam numa cheias do Rio Nilo
temperatura de 700ºC. O resultado era uma
pedra azul, que era moída e misturada com
clara de ovo para então formar a cor azul.
Para obter vernizes, os egípcios usavam o
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ASTRONOMIA
Por meio da observação dos astros e das enchentes, os egípcios antigos
contribuíram significativamente para a astronomia ao criarem um calen-
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dário com 365 dias, divididos em 12 meses de 30 dias, sendo que cada
dia possui 24 horas (12 para a noite e 12 para o dia). O ano foi então
dividido em três épocas, inundações (julho a outubro), plantio (novembro
a fevereiro) e colheita (março a junho).
Eles identificaram o planeta Vênus e Marte e estrelas como Sirius e
Órion e definiram ainda o norte pelo posicionamento das estrelas.
Vale mencionar que foram os sacerdotes e os escribas os respon-
sáveis por tais observações e descobertas celestes no Egito Antigo e
contaram com o merkhet, um objeto em forma de barra com um fio de
prumo, ligado a um cabo de madeira e, a clepsidra (relógio de água),
um instrumento com dois cones que se comunicavam pelo ápice (sendo
Joias com pedras semipreciosas,
lápis-lazúli e cornalina, em forma do antigo um deles cheio de água), que media o tempo baseado na velocidade
símbolo da serpente egípcia (serpente) que a água passava do cone superior para o inferior. •
127
CAPÍTULO 19 • PRAGAS
A DISPUTA 1ª PRAGA
AS ÁGUAS
ENTRE DEUS E DO RIO NILO
TINGEM-SE
AS DIVINDADES DE SANGUE
AS ÁGUAS DE TODO O EGITO E,
EGÍPCIAS
CONSEQUENTEMENTE, DO RIO NILO
SE TRANSFORMARAM EM SANGUE E
TODOS OS PEIXES MORRERAM.
Visão religiosa
Essa jura era uma afronta ordenada por
Deus à entidade egípcia Hapi, que repre-
DESCUBRA POR QUE E COMO O sentava a proteção ao Rio Nilo. Algumas
EGITO ANTIGO FOI CASTIGADO DURANTE espécies de peixes, que morreram no
Nilo, também eram consideradas sagra-
O REINADO DO FARAÓ RAMSÉS II das pelos egípcios, fato que enalteceu a
afronta a Hapi. Essa praga atingiu direta-
mente os egípcios, pois eles dependiam
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CONHEÇA A HISTÓRIA • EGITO
2ª PRAGA 3ª PRAGA
RÃS COBREM PIOLHOS
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A TERRA ARÃO NOVAMENTE ERGUEU AS
MÃOS AOS CÉUS E PIOLHOS
O HEBREU ARÃO, IRMÃO DE MOISÉS,
ERGUEU AS MÃOS AOS CÉUS E
PASSARAM A INFESTAR TODOS OS
HOMENS E AS MULHERES DO EGITO, 5ª PRAGA
CENTENAS DE RÃS SURGIRAM PELO
TERRITÓRIO EGÍPCIO.
BEM COMO OS ANIMAIS.
MORTE DOS
Visão religiosa
Visão religiosa
Essa praga foi um aviso aos sacerdotes
ANIMAIS
Essa jura era para a deusa rã Heqet, que que recorriam ao Deus Tot, entidade MOÍSES ESTENDEU AS MÃOS AOS
na mitologia egípcia simbolizava a ferti- da magia e das artes secretas, que eles CÉUS E OS ANIMAIS MORRERAM.
lidade e a ressurreição. nunca encontrariam na magia a solu-
ção para seus problemas, muito menos, Visão religiosa
Visão científica para exterminar os piolhos. Como o faraó Ramsés II descumpriu
Como as águas do Nilo estavam sem a promessa feita a Moisés e voltou a
oxigênio e poluídas, as rãs que moravam Visão científica aprisionar os hebreus, Deus passou
no rio fugiram para a terra em busca de O calor que havia no Egito, era propício a eliminar os animais para afrontar
ar e comida. para a reprodução dos piolhos e, como a Serápis, deus do gado, Hator, deusa
população estava sem água para poder da vaca e Nut, entidade dos céus.
tomar banho, a proliferação continuou.
Visão científica
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4ª PRAGA 6ª PRAGA
MOSCAS ÚLCERAS E CHAGAS
MILHARES DE MOSCAS SURGIRAM NO EGITO E ORDENADOS POR DEUS, MOISÉS E SEU IRMÃO
TIRARAM A PAZ DOS HOMENS E DOS ANIMAIS. ARÃO ENCHERAM AS MÃOS DE CINZAS E AS
JOGARAM PARA OS CÉUS, EM SEGUIDA, O POVO
Visão religiosa E OS ANIMAIS ESTAVAM COBERTOS POR FERIDAS.
Assim como a terceira praga, essa foi voltada ao
Deus Tot e ao Deus Ptah, criador do universo, os
quais não teriam poder suficiente para eliminar
Visão religiosa
A infestação de pústulas (feridas) na população e
as moscas. nos animais do Egito ocorreu para subjugar Neith,
Quando essa jura teve início, Ramsés II decidiu deusa da caça, da guerra e protetora dos mortos.
libertar o povo hebreu. Deus retirou a jura, mas
passados alguns dias, o faraó aprisionou nova-
mente os hebreus.
Visão científica
O aparecimento de chagas nos egípcios pode ser ex-
plicado por duas linhas de raciocínio, embasadas na
Visão científica ciência. Uma, defende a ideia de que, assim como as
Como os egípcios exterminaram as rãs, animais moscas e os piolhos picaram os animais, também te-
que se alimentavam de moscas, tais insetos se riam mordido os egípcios e lhes transmitido algum
multiplicaram. Outro fator que auxiliou a proli- tipo de vírus. A outra linha de pensamento defende a
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feração das moscas foi a falta de água limpa e, visão de que a erupção do vulcão Thera, teria liberado
consequentemente, a sujeira pelo país e os cor- dióxido de carbono, o que teria ferido e irritado a pele
pos dos animais mortos. dos egípcios, fazendo eclodir bolhas e feridas. »»
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CAPÍTULO 19 • PRAGAS
Com essa praga, o alvo de Deus foi a divindade Xu, Deus do Ar e Sebeque, Deus garam no sono.
Inseto, os quais, segundo as tradições egípcias, garantiam a abundância no perí-
odo das colheitas.
Visão científica
Os gafanhotos invadiram o território egípcio para se protegerem das manifesta-
ções da natureza e se organizaram em grandes nuvens. Outra explicação é que
com a propagação do frio e a umidade do solo, por causa da chuva desenfrea-
da, os gafanhotos encontraram um ambiente propício para colocar seus ovos e,
quando esses eclodiram, diversos gafanhotos passaram a habitar o Egito.
•
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