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Metodologia de Apuração de
Fator X
2a Fase da AP no 040/2011
3o CRTP
Junho de 2011
1
Sumário
1 Contextualização ......................................................................................................................................... 3
2 Metodologia Proposta pela ANEEL na 2a Fase da AP nº 40/2010 ......................................... 3
3 Análise da Metodologia Proposta na 2ª Fase da AP nº 040/2010 ......................................... 4
3.1 Considerações sobre Fator X “ex-ante” ou “ex-post” ......................................................... 4
3.2 Componente Q .................................................................................................................................... 4
3.3 Componente T ..................................................................................................................................... 8
3.4 Déficit do Programa Luz para Todos ......................................................................................... 8
3.5 Componente PD ................................................................................................................................. 11
3.5.1 Abordagem do Equilíbrio Econômico-Financeiro no Brasil e no Reino Unido 14
3.5.2 Desconsideração da Heterogeneidade das Concessões ............................................. 17
3.5.3 Instabilidade entre as Propostas da ANEEL ................................................................... 19
3.5.4 Inclusão de Concessionárias que Pioraram a Qualidade no Cálculo da
Produtividade ............................................................................................................................................. 21
3.5.5 Base de Dados Virtual (Insumos Virtuais)....................................................................... 23
3.5.6 Erros na Base de Dados ........................................................................................................... 26
3.5.7 É Irrelevante a Necessidade Individual de Investimentos ?..................................... 44
3.5.8 Não Aborda o Equilibrio Econômico Financeiro da Concessão (TIR Regulatória
x WACC Regulatório) ............................................................................................................................... 46
4. Proposta da Concessionaria .................................................................................................. 50
2
1 Contextualização
Em 10/09/10, a ANEEL abriu a Audiência Pública nº 040/2010, relativa ao 3o Ciclo e
Revisões Tarifárias Periódicas das distribuidoras de energia elétrica (3º CRTP). Essa
audiência recebeu contribuições na 1a Fase no período de 10/09/10 a 10/01/2011. No dia
27/04/2011, a 2a Fase da mencionada AP foi aberta para receber novas contribuições no
período de 27/04/2011 a 27/05/2011, em forma de intercâmbio documental.
onde:
P: componente de produtividade da
Distribuição ( );
Ex-ante: definidos no reposicionamento
tarifário;
Q: componente de qualidade;
Ex-post: definidos a cada reajuste tarifário.
T: componente de trajetória.
3
3 Análise da Metodologia Proposta na 2ª Fase da AP nº
040/2010
“121. Entende-se que, por não suscitar quaisquer questionamentos jurídicos, e sob a
premissa de que, no regime de regulação pelo preço, o risco de mercado deve ser
alocado integralmente à concessionária, seja mais apropriado neste momento a
adoção do componente Pd do Fator X ex-ante. Essa proposta tem maior alinhamento
com o tratamento adotado nos ciclos tarifários anteriores.” (grifo nosso).
Portanto, pelos aspectos regulatórios que pautam o regime de tarifa pelo preço, pelo
cumprimento do contrato de concessão dos seus aspectos jurídicos intrínsecos, o grupo
Neoenergia reitera a importância da definição do Fator X de maneira “ex-ante” por razões
de ordem jurídica .
3.2 Componente Q
4
ciclo tarifário. Dessa forma, a aplicação de uma componente Q no Fator X, relacionada à
qualidade do serviço, não seria compatível com esta finalidade.
“5.6.2.1 Na apuração dos indicadores DEC e FEC deverão ser consideradas todas as
interrupções que atingirem as unidades consumidoras, admitidas apenas as seguintes
exceções:
I - falha nas instalações da unidade consumidora que não provoque interrupção em
instalações de terceiros;
II - interrupção decorrente de obras de interesse exclusivo do consumidor e que afete somente
a unidade consumidora do mesmo;
III - interrupção em situação de emergência;
IV - suspensão por inadimplemento do consumidor;
V - vinculadas a programas de racionamento instituídos pela União; e
VI - ocorridas em dia crítico.
(...)
5.6.2.5 Não serão consideradas as interrupções provenientes da transmissora como
interrupção em situação de emergência.” (grifo nosso)
5
Não Técnicas de 5%, onde empresas com perdas inferiores a este limite não estariam
sujeitas a trajetórias.
Dessa forma, trilhando o mesmo caminho empregado para as Perdas não técnicas, deveria
ser definido um limite de DEC e de FEC onde empresas com índices inferiores aos
determinados não estariam sujeitas a penalização.
De acordo com o método descrito o limite mínimo a ser definido para o índice de FEC seria
de 6,00 e de DEC seria de 8,00, conforme apresentado na tabela abaixo.
Média
Qualidade 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Proposta
Geométrica
FEC – 5 melhores
5,81 5,70 6,18 5,69 5,90 5,74 6,22 5,89 6,00
(número de interrupções/ano)
DEC – 5 melhores
7,28 7,07 8,16 7,47 8,17 7,79 9,60 7,90 8,00
(horas/ano)
Tendo em vista que o DEC e o FEC são indicadores de qualidade distintos, os limites
mínimos de aplicação devem ser tratados de forma separada. Desse modo, para fins de
apuração do componente Q, a variação relativa ao indicador de qualidace (DEC ou FEC) no
qual a concessionária está abaixo do limite regulatório será considerada nula.
Outro ponto que não é levado em consideração é a elevada volatilidade dos indicadores de
DEC e FEC de um ano para o outro. Essa volatilidade ocorre dada suceptibilidade desses
indicadores frente a fenômenos, na maioria das vezes climáticos, que ocorrem de maneira
alheia a gestão da concessionária.
Os efeitos de uma realidade que tanto varia são potencializados pelo fato de que a
proposta da ANEEL para o componente Q é assimétrica. Isso ocorre ao restringir a sua
aplicação à condição de que o valor alcançado seja inferior ao menor valor apurado nos
6
últimos quatro anos. O problema é que essa restrição se dará somente quando o
componente Q for negativo, o que resulta em algumas situações contraintuitivas como a
apresentada no exemplo abaixo.
Informação ano -3 ano -2 ano -1 Ano base ano 1 ano 2 ano 3 ano 4
MÉDIA DEC/FEC 10,0 9,5 9,0 9,3 10,0 9,0 9,5 9,0
Na situação apresentada, a empresa seria punida nos anos em que houve uma elevação no
indicador de qualidade, mas não teria qualquer premiação nos movimentos de redução.
Para este exemplo a empresa seria punida duas vezes no ciclo tarifário, mesmo tendo
reduzido o indicador de DEC/FEC de 10,0 para 9,0.
7
3.3 Componente T
Segundo a ANEEL, o Componente T do Fator X tem por função implementar uma trajetória
de convergência para custos operacionais eficientes, sendo definida no momento da
revisão tarifária a necessidade de sua aplicação.
Com relação a este componente, algumas considerações devem ser feitas. Os Custos
Operacionais definidos no 2º CRTP foram os Custos Operacionais eficientes daquele ciclo
para cada concessionária. A definição destes custos foram baseadas em um modelo
“bottom-up” denominado Empresa de Referência, que foi construído com base nos
processos inerentes ao negócio de distribuição de energia elétrica, com tarefas, tempos e
frequencias típicas e eficientes. Sobre estes Custos Operacionais regulatórios, os principais
pontos de distinção entre as empresas eram seus ativos e seus clientes, que eram os inputs
para as tarefas do modelo, além da consideração de custos adicionais decorrentes das
particularidades da concessão.
Com relação ao Déficit do Programa Luz para Todos, a ANEEL expõe o entendimento de
que não seria mais necessário a sua apuração, na forma de adicional financeiro, nos
reajustes tarifários. A justificativa dada pela Agência é que o período de tempo analisado já
8
incorpora os efeitos desse programa de Governo, consequentemente, os ganhos de
produtividades médios também já levariam em conta esses efeitos.
Esse entendimento foi extraído da Nota Técnica nº 93/2011, cujos parágrafos encontram-
se transcritos abaixo:
“122. Cabe ressaltar que o intervalo de tempo analisado, de 2003 a 2009, contempla
o período de implementação do Programa Luz Para Todos – PLPT e, portanto, a
produtividade média calculada incorpora os efeitos desse programa de
universalização. A característica de um programa de universalização no meio
rural é de baixa densidade de carga, ou seja, grandes extensões de redes e
incorporação de um reduzido mercado. Como elementos mitigadores do impacto
do PLPT, são empregados recursos a fundo perdido (CDE) e financiamentos de baixo
custo (RGR).
123. Os processos tarifários atualmente implementados pela ANEEL consideram um
componente financeiro que visa recompor o déficit de Parcela B decorrente da
implementação do PLPT. Ou seja, como a receita de Parcela B advinda das novas
unidades consumidoras atendidas pelo programa é, normalmente, insuficiente para
fazer frente aos custos operacionais e de capital relativos a esses atendimentos,
recompõe-se o equilíbrio via componente financeiro.
124. Uma vez que o ganho de produtividade calculado considera todo o
mercado atendido pelas distribuidoras e também todos seus custos
operacionais e de capital, a variação de produtividade advinda da
implementação do PLPT já está considerada nos índices calculados. Logo, não
faria mais sentido que após a revisão tarifária relativa ao 3CRTP persistisse o
cálculo do componente financeiro relativo ao déficit do PLPT. (Grifo nosso)”
Com relação ao entendimento apresentado pela Agência, algumas observações devem ser
feitas. Primeiramente, os efeitos desse programa são muito particulares nas concessões
brasileiras. Para algumas, o PLPT praticamente não alterou a dinâmica da empresa, no
entanto, para outras houve um forte impacto na implementação desse programa.
Uma forma de mostrar como o impacto desse passivo é muito particular para cada
concessionária consiste em avaliar, para algumas empresas, o valor desse adicional
financeiro homologado no último reajuste tarifário.
9
Déficit
Déficit
Concessionária PLPT/RA1
PLPT (R$)
(%)
Light 0 0,00%
Eletropaulo 0 0,00%
Coelba 81.354.995 1,82%
Cemar 17.567.841 1,32%
Coelce 23.316.989 0,98%
Outro ponto que convém destacar é que o Governo Federal acaba de anunciar uma nova
etapa do Programa Luz para Todos com o intuito de estender o acesso à energia elétrica a
mais 495 mil famílias, a grande maioria nas regiões Norte e Nordeste. A meta já está
prevista na segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Desse
modo, algumas empresas experimentarão déficits adicionais pela extensão desse
programa de Governo no período entre a 3º CRTP e a 4º CRTP.
Além do exposto, é importante mencionar que o PLPT foi criado resultando de Política
Governamental, conforme Decreto 4873/2003 e que a Portaria n° 297/2005-MME definiu
como diretrizes como: (i) limite de 10% do impacto relativo ao custo adicional da
implantação do programa, (ii) preservação do equilíbrio econômico-financeiro da
concessão, (iii) assegurar o cumprimento de metas e, ainda que, se for avaliada a
10
impossibilidade de cumprimento das hipóteses (i) e (ii) sem revisão de metas, deveriam
ser propostas metodologias para sua alteração.
Vale ressaltar que, sendo o arcabouço regulatório da ANEEL considerado até o 2º CRTP
para o PLPT é de praticamente um custo do serviço, a discussão acerca desse programa
não se refere a uma retirada de algum incentivo regulatório mas tão somente a
recuperação dos custos incorridos relativos à parcela do programa implementada entre a
3º CRTP e 4º CRTP.
3.5 Componente PD
11
Em relação aos ganhos de produtividade, o OFGEM (Orgão Regulador do Reino Unido)
afirma que para a utilização adequada do PTF, uma série de condições precisam ser
satisfeitas e a mesma deve ser aplicada de uma determinada forma1, como transcrito
abaixo:
1
Background to Work on Assessing Efficiency for the 2005 Distribution Price Control Review. Final Report submitted by Cambidge
Economic Policy Associates Ltd. September 2003.
2
Texto Original em inglês:
“Condition needed are:
• Consistent and robust data;
• TPF index is an accurate, robust and external measure of industry productivity;
• Service providers within the industry group have comparable potential for productivity improvements;
• Future potential conditions similar to past.”
3
Office of Gas and Electricity Markets Productivity Improvements in Distribution Network Operators. Final Report submitted by
Cambidge Economic Policy Associates Ltd. November 2003.
4
Texto Original em inglês: “A TFP approach to setting X factor is only really appropriate when company costs have converged on
an efficiency frontier, or have at least have been given an opportunity to do so.”
12
Além da forte heterogeneidade entre as concessões, conforme será apresentado de forma
mais detalhada adiante, os ganhos de produtividade PD verificados no período 2003-2009
mostram que as concessionárias apresentaram desempenhos bem distintos.
10
Series: TORNQVIST
Sample 1 244
8 Observations 61
Mean 2.208689
6 Median 2.590000
Maximum 10.89000
Minimum -9.930000
4 Std. Dev. 4.367752
Skewness -0.367437
Kurtosis 3.359971
2
Jarque-Bera 1.701951
Probability 0.426998
0
-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
A ANEEL propôs como ganho de produtividade média do setor o valor 2,15%. Definindo
30% como intervalo de variação em torno do ganho de produtividade médio (entre 1,51%
e 2,80%) tem-se que somente 8 empresas possuem produtividade em torno dessa média.
Ou seja, das 61 empresas analisadas somente 13,11% delas possuem ganhos de
produtividade girando em torno do ganho de produtividade médio definido pelo
Regulador.
Com isso, por meio da análise de requisitos obvserva-se que 2 requistos necessários para
aplicação da PFT não foram atendidos: o requisito da homogeneidade e o da convergência
para a fronteira de eficiência. Tendo em vista o não cumpromento desses requisitos, os
13
resultados e conclusões decorrentes dos estudos de ganho de produtividade podem estar
comprometidos e levando a distorções em suas conclusões. Podem estar levando o
Regulador a cobrar produtividade demais de concessões que não permitem esse ganho
bem como menos de quem pode auferir maior produtividade.
5
Office of Gas and Electricity Markets Productivity Improvements in Distribution Network Operators. Final Report submitted by
Cambidge Economic Policy Associates Ltd. November 2003.
14
Ainda segundo a CEPA, o ponto chave da regulação do RPI-X está em como o Fator X é
determinado6. No caso do Regulador Inglês o mesmo é definido com base no Equilíbrio
Econômico Financeiro (EEF) com Fluxo de Caixa de todo período tarifário. A adoção do
Fluxo de Caixa Descontado – FCD está em linha com o que a OFGEM define como temas
chave7::
“Temas-chave:
•
Incentivos para investimento e eficiência;
•
Qualidade de servico;
•
Responder ao desafio posto pelos objetivos do Governo para energias
renovaveis.
A modelagem financeira empregada pela OFGEM mostra que tais propostas são
consistentes com uma situação onde todas as companhias possam manter uma taxa
de crédito confortavel com relação ao investimento a ser realizado. Para melhorar a
posição financeira da EDF-SPN, as propostas incorporam duas mudanças específicas
com relação a empresa: o fornecimento de receitas adicionais e mudança do seu
fator X para a meta da receita nos anos em que for mais necessário.”8
6
Office of Gas and Electricity Markets Productivity Improvements in Distribution Network Operators. Final Report submitted by
Cambidge Economic Policy Associates Ltd. November 2003. Page 4.
7
Electricity Distribution Price Control Review: Final Proposals - Office of Gas and Electricity Markets. OFGEM. November 2004.
8
Texto original em inglês: “Key Issues:
•incentives for investment and efficiency;
•quality of service;
•responding to the challenge raised by the Government’s objectives for renewable energy.
The financial modelling undertaken by Ofgem shows that these proposals are consistent with all companies maintaining a credit
rating comfortably within investment grade. To improve the financial position of EDF-SPN, these proposals incorporate two
specific changes in respect of that company only: the provision of additional revenue and a change to its X factor to target revenue
in the years in which it is most needed.”
9
Electricity Distribution Price Control Review: Final Proposals - Office of Gas and Electricity Markets. OFGEM. November 2004.
10
Texto original em inglês: “This review has sought to secure this investment, deliver a better quality of service and facilitate the
connection to distribution networks of renewable generation, whilst maintaining pressure on distribution companies to be efficient
and provide consumers with value for their money.”
15
realizá-los durante o ciclo tarifário. Com isso, no caso da não realização do mesmo há um
mecanismo da devolução da parcela não realizada no próximo ciclo, sendo ele
devidamente atualizado e remunerado pelo WACC.
Já para o 3º CRTP, a ANEEL propõe uma ruptura em relação ao conceito de EEF de todo o
ciclo. O procedimento de cálculo do reposicionamento tarifário que está sendo proposto
pela ANEEL tem a Receita Requerida do Ano 1 (primeiro ano do ciclo de revisão tarifária)
definido com base na aplicação de um Fator de Ajuste sob a Receita Requerida do ano
tarifário anterior ao início do ciclo. E para os 3 anos restantes do ciclo não se calcula mais
o Fluxo de Caixa Descontado. O Fator X proposto passou a ser definido com base na
produtividade histórica, deixando então o Regulador de observar questões relacionadas
com investimento futuro, além de outros custos futuros.
Uma das vantagens apontadas pelo Regulador para o uso da PTF está relacionada com a
“suposta” não necessidade de realização de projeção de mercado e investimento. No
entanto, na realidade a aplicação do PTF não exime o Regulador das incertezas inerentes a
definição de mercado e investimentos.
16
Na verdade para o investimento não existe incerteza, dado que o mesmo é um
compromisso assumido pela concessionária, e caso a mesma não o cumpra o devolve no
próximo ciclo.
E no que diz respeito a projeção de mercado, também no PTF ela segue sendo realizada,
pois assume que o comportamento futuro será semelhante ao histórico, o que também é
uma forma de projeção.
Por isso, com base no exposto, propõe-se que o Regulador continue utilizando para o 3º
CRTP a metodologia de fluxo de caixa descontado para o Fator X, incorporando todos os
aperfeiçoamentos que se julguem necessários.
Um dos fatores não capturados adequadamente pela metodologia adotada pela ANEEL
para a apuração dos potenciais ganhos de produtividade é a heterogeneidade das
concessões.
17
Informação Área Unidades Consumidoras Mercado Rede
Adicionalmente, pela grande extensão do país, tem-se outros fatores que contribuem para
essa grande diferença entre as concessões, como as diversidades culturais e condições
climáticas. E todas essas especificidades afetam diretamente a gestão operacional da
concessionária e a necessidade de investimentos.
18
necessidade de combate as perdas não técnicas, tiverem o mesmo crescimento de mercado
e de consumidores o componente PD para elas será o mesmo.
A inclusão pela ANEEL da variável unidades consumidoras para essa segunda fase da AP
04 foi importante, mas ainda é insuficiente para o nível de heterogenidade do país.
Além dos pontos mencionados, os indicadores para melhoria da qualidade são totalmente
distintos entre as empresas, o que altera o volume de investimentos necessários. Outro
fator que altera sobremaneira os investimentos, especialmente com relação a renovação, é
a idade média dos ativos, que também é um parâmetro muito particular entre as
concessionárias.
É razoável supor que todas essas especificidades afetam diretamente a gestão operacional
da concessionária e a necessidade de investimentos, portanto as produtividades não
podem ser usadas de maneira indistinta para todas as empresas.
A metodologia de cálculo proposta para estimar o Custo de Capital virtual consiste de uma
simplificação de um processo de valoração dos ativos. Mesmo sendo uma simplificação,
esta não é uma tarefa trivial e erros na sua operacionalização podem distorcer os ganhos
de produtividade a serem estimados.
19
CEB 2007 157.715.069,06 123.365.363,30 27,84%
CELESC 2003 598.000.533,84 398.342.018,23 50,12%
CELG 2004 287.554.051,92 232.267.653,06 23,80%
CELPE 2003 478.976.845,88 296.555.288,18 61,51%
CELTINS 2006 95.622.013,93 30.453.326,07 214,00%
CEMAR 2007 294.973.704,52 146.069.414,99 101,94%
CEMAT 2003 244.123.480,19 145.889.254,87 67,33%
CEMIG 2007 1.721.473.616,82 1.162.073.704,93 48,14%
COELBA 2007 831.698.772,99 637.153.127,23 30,53%
COELCE 2006 400.806.823,33 278.557.160,34 43,89%
COPEL 2008 828.372.426,52 613.672.859,05 34,99%
CPFL - Paulista 2007 784.667.599,56 660.338.185,57 18,83%
ELETROPAULO 2006 1.685.289.849,94 1.411.073.352,52 19,43%
ENERSUL 2003 273.805.902,35 165.747.318,36 65,19%
LIGHT 2003 1.536.089.769,02 1.025.060.361,91 49,85%
Quando o Custo de Capital Virtual da 2ª Fase é comparado com o da 1ª Fase, tem-se que a
maior redução ocorreu com a Copel no ano de 2004, com uma redução de 23,43%. A
maior variação positiva, ou seja aumento de Custo de Capital Virtual entre as propostas,
ocorreu com a Celtins, um crescimento de 214%. A média das variações, somente pela
20
mudança de método, foi de 53,69%. O desvio padrão dessas variações foram de 131,77%,
o que confere uma elevada dispersão a estas variações.
Portanto, entende-se que, por prudência, uma metodologia utilizada com a finalidade de
definir tarifas deve ser aplicada com métodos e procedimentos consolidados. Assim,
reitera-se que não houve apenas um ajuste fino da proposta anterior, mas sim uma
completa reformulação da metodologia, que pôde ser verificada pela elevada instabilidade
nos resultados da 1ª e da 2ª Fase. Além disso, conforme será apresentado adiante, a
segunda proposta ainda apresenta inconsistências que comprometem sua aplicação.
Cabe mencionar que somente o formalismo de realizar revisões tarifárias a cada 4 anos e
de o Regulador homologar as tarifas não caracteriza necessariamente um regime price
cap. Além dos aspectos formais, devem ser analisados também os pressupostos que estão
sendo atingidos. Por exemplo, pode-se citar o pressuposto do incentivo à operação
eficiente, que se dá por meio da definição de parâmetros de produtividade e eficiência
alinhavados com questões relacionadas à melhoria de qualidade do serviço prestado.
21
Além disso, esse procedimento não se encontra alinhado com propostas efetuadas pela
ANEEL para outros temas do 3º CRTP, como pode ser observado a seguir.
Na definição dos limites superior e inferior dos Custos Operacionais eficientes, como
transcrito na Fls. 34 da Nota Técnica nº 101/2011, o Regulador dá o seguinte tratamento:
“... a metodologia proposta para o custo de capital regulatório não tem como objetivo
estabelecer parâmetros médios de eficiência. A estrutura ótima de capital
regulatória foi construída a partir da média das distribuidoras em razão de não
haver um método que demonstre qual distribuidora realiza uma estrutura de capital
ótima. Tem-se como pressuposto que as empresas buscam maximizar sua
eficiência (exceto as empresas retiradas da amostra) e a média seria uma boa
aproximação da estrutura de capital de eficiência máxima. Quanto aos
componentes de risco do custo de capital próprio, utilizar a média do histórico de
ativo livre de risco, betas, etc, não significa que se considera um parâmetro de
eficiência média.”(grffo nosso)
E também no tratamento das perdas não técnicas e definição do bechmarking a busca pelo
ôtimo e eficiente é levada em consideração. Transcrevendo a Fls. 24 da Nota Técnica nº
0031/2011-SRE/ANEEL, de 18 de fevereiro de 2011 temos que:
22
Na Fls. 28 da própria Nota Técnica nº. 093/2011-SRE/ANEEL, de 13/04/2011 o
Regulador em alguns trechos aponta a relação existente entre redução de
investimentos/despesas operacionais com a deterioração da qualidade de serviço.
E enfatiza que:
Para o cálculo do Fator X a ANEEL definiu como insumo a Parcela B das distribuidoras e
como produto a energia faturada nos grupos de alta, média e baixa tensão.
23
RLCVi : Remuneração Líquida Virtual no ano i;
BRRLVi-1 : Base de Remuneração Líquida Virtual no ano i-1;
DEPVi : Quota de Reintegração Virtual no ano i;
BRRBVi-1 : Base de Remuneração Bruta Virtual no ano i-1;
δ: Taxa Média de Depreciação das Instalações
Uma vez que não existem bases homologadas entre revisões, a ANEEL estabeleceu bases
virtuais entre essas datas, mediante a interpolação dos valores homologados nos pontos 2
e 3, nos processos de revisão tarifária. Essa interpolação nada mais é do que aplicação de
24
um crescimento geométrico constante nos meses entre o 1º CRTP e o 2º CRTP, de forma
que o ponto de partida e o de chegada sejam preservados e que correspondam aos valores
homologados.
Base de Renuneração Virtual entre 1ª RTP (ponto 2) e 2003 (ponto 1) e entre 2ª RTP
(ponto 3) e 2009 (ponto 4)
Para se chegar no ponto (1) da figura, a ANEEL calculou a relação entre o Valor Novo de
Reposição (VNR), obtido no 1º CRTP, e o Valor Original Contábil (VOC) dos ativos na data
do 1º CRTP. Assim, o ponto (1) foi obtido pelo produto entre a relação mencionada e o
Valor Original Contábil dos Ativos em Junho de 2003.
De forma análoga, para calcular o ponto (4) a ANEEL calculou a Relação entre o Valor
Novo de Reposição, obtido no 2º CRTP, e o Valor Original Contábil dos ativos na data do 2º
CRTP. Assim, o ponto (4) foi obtido pelo produto entre a relação mencionada e o Valor
Original Contábil dos Ativos em Junho de 2009.
25
A Base de Remuneração Virtual líquida é obtida deduzindo-se a depreciação virtual da
Base de Remuneração Bruta Virtual. A Depreciação Virtual é a soma da depreciação do
VNR RTP mais a depreciação equivalente dos meses entre a RTP e o período que se deseja
encontrar a depreciação virtual. Aplicando-se este procedimento a ANEEL determina os
quatro pontos, que se referem à Base de Remuneração Virtual Líquida. De maneira
análoga, a ANEEL faz a interpolação desses quatro pontos, partindo-se de junho de 2003 e
chegando em junho de 2009, passando, na maioria dos casos, pelas datas da 1º CRTP e 2º
CRTP.
Uma vez obtidas as bases de remuneração bruta e líquida virtuais, se obtem, conforme
fórmula a seguir, a Remuneração do Capital e a Quota de Reintegração, que serão
utilizados como insumos integrantes da Parcela B. Essa parcela é utilizada na apuração dos
ganhos de produtividade do período 2003 a 2009, donde se determina o componente PD
proposto pela ANEEL na 2ª Fase da AP:
O presente tópico tem por objetivo apresentar os erros identificados na base de dados
utilizada, bem como nos procedimentos adotados para apuração da base de dados virtuais.
Desse modo, os seguintes tópicos são abordados:
26
• 1ª RTP - BRR Homologada com Geração + Distribuição versus 2ª RTP - BRR
Homologada com Distribuição;
• Valores Equivocados de Bases de Remuneração Homologadas;
• A Relação VNR/VOC;
• Depreciação das Adições;
• Depreciação de Bens 100% Depreciados.
A apuração da Base de Remuneração Virtual a que se propõe a Agência não é trivial, tanto
que em cada ciclo tarifário uma empresa credenciada pela Agência deve avaliar os ativos
da concessionária. Essas avaliações não costumam ser simples, demandam muito esforço
operacional, possuem custos consideráveis, mas é a única forma de se apurar o Valor Novo
de Reposição dos Ativos de forma adequada (conforme metodologia definida para apurar
a Base de Remuneração Regulatória).
Assim, antes de se avaliar o método e as considerações utilizadas pela ANEEL para sua
apuração é conveniente que seja feita uma análise de consistência dessa base virtual.
Esta análise é importante pelo fato de que o método utilizado para apuração do Custo de
Capital consiste de uma simplificação de uma das etapas mais complexas de uma revisão
tarifária, a determinação do Valor Novo de Reposição e do Valor de Mercado em Uso dos
Ativos. Dessa forma, o somatório de considerações e simplificações podem tornar os
resultados obtidos incoerentes.
27
Conforme será mostrado adiante, esses resultados incoerentes são causados por
equívocos na apuração da Base de Remuneração Virtual.
A tabela abaixo mostra como variou de um ano para o outro a Base de Remuneração
Líquida Virtual para algumas empresas:
Variação
Anos de Base
Código Empresa
Variação Liquida
(%)
D01 AES SUL 2009/2008 -20,96%
D02 AMAZONAS 2004/2003 -18,25%
D02 AMAZONAS 2005/2004 -18,25%
D04 BANDEIRANTE 2008/2007 -10,14%
D04 BANDEIRANTE 2009/2008 -14,92%
D05 BOA VISTA 2004/2003 -10,13%
D05 BOA VISTA 2005/2004 -10,13%
D06 CAIUA 2004/2003 -23,07%
D06 CAIUA 2009/2008 -20,21%
D08 CEAL 2004/2003 -13,25%
D08 CEAL 2005/2004 -13,25%
D09 CEB 2004/2003 -17,50%
D10 CEEE 2004/2003 -14,80%
D11 CELESC 2004/2003 -13,87%
D12 CELG 2004/2003 -11,17%
D12 CELG 2005/2004 -11,17%
D14 CELPE 2004/2003 -10,30%
D15 CELTINS 2004/2003 -17,48%
D16 CEMAR 2004/2003 -12,16%
D16 CEMAR 2005/2004 -12,16%
D18 CEMIG 2009/2008 -16,06%
D19 CEPISA 2004/2003 -14,12%
D19 CEPISA 2005/2004 -14,12%
D22 CFLO 2004/2003 -11,15%
D22 CFLO 2009/2008 -22,15%
D23 CHESP 2004/2003 -14,13%
D24 JAGUARI 2009/2008 -13,69%
D26 SANTACRUZ 2005/2004 -11,89%
D26 SANTACRUZ 2006/2005 -11,89%
D26 SANTACRUZ 2007/2006 -11,89%
D26 SANTACRUZ 2008/2007 -13,91%
D26 SANTACRUZ 2009/2008 -17,80%
D27 CNEE 2004/2003 -19,07%
28
D32 COPEL 2004/2003 -23,20%
D34 CPEE 2009/2008 -13,63%
D35 PIRATININGA 2008/2007 -10,54%
D35 PIRATININGA 2009/2008 -15,82%
D36 CPFL 2009/2008 -16,05%
D41 EEVP 2004/2003 -23,91%
D41 EEVP 2009/2008 -20,68%
D42 BRAGANTINA 2004/2003 -17,93%
D43 JOÃO CESA 2004/2003 -13,82%
D44 URUSSANGA 2004/2003 -25,06%
D45 ELEKTRO 2009/2008 -10,76%
D47 ELETROCAR 2004/2003 -13,73%
D47 ELETROCAR 2005/2004 -13,73%
D48 ELETROPAULO 2008/2007 -27,51%
D48 ELETROPAULO 2009/2008 -29,36%
D50 EMG 2004/2003 -12,13%
D54 ESCELSA 2004/2003 -19,45%
D58 IGUAÇU 2004/2003 -22,20%
D63 SULGIPE 2004/2003 -16,67%
Em termos práticos, considerando que em média a BRRL representa algo em torno de 50%
(0,5) da base bruta, a depreciação anual típica do setor de distribuição de 4,5% a.a. tende a
reduzir a BRRL em aproximadamente 9% (=4,5%/0,5).
Portanto, uma redução de 10% na base líquida significaria que a concessionária não
realizou praticamente nenhum investimento naquele ano. Não realizar qualquer
investimento é incoerente para a realidade das concessões de distribuição no Brasil, que
têm expansão do mercado e de clientes acima de 3%, sem contar por exemplo os
investimentos em melhoria da qualidade e de combate às perdas não técnicas.
O fato de empresas como Celtins e Cemar, que possuem uma forte expansão de ativos e
clientes, apresentarem reduções superiores a 10% de toda sua Base de Remuneração
Líquida, remete a sérias inconsistências nos dados utilizados para o cálculo dos potenciais
ganhos de produtividade das empresas, o que compromete qualquer resultado obtido.
29
De acordo com os dados apurados pela ANEEL, a Eletropaulo teve uma redução de
48,79% na sua Base de Remuneração Líquida Virtual de 2007 até 2009. Este resultado
não é consistente com a realidade e indica problemas na base de dados ou na metodologia
utilizada. A tabela abaixo ilustra a variação de Base Bruta entre dois anos para algumas
empresas:
Variação
Anos de
Código Empresa Base Bruta
Variação
(%)
D02 AMAZONAS 2004/2003 -8,47%
D02 AMAZONAS 2005/2004 -8,47%
D06 CAIUA 2004/2003 -6,55%
D15 CELTINS 2004/2003 -6,01%
D26 SANTACRUZ 2005/2004 -6,46%
D26 SANTACRUZ 2006/2005 -6,46%
D26 SANTACRUZ 2007/2006 -6,46%
D27 CNEE 2004/2003 -6,27%
D41 EEVP 2004/2003 -6,48%
D42 BRAGANTINA 2004/2003 -6,68%
D43 JOÃO CESA 2004/2003 -5,57%
D44 URUSSANGA 2004/2003 -13,61%
D54 ESCELSA 2004/2003 -6,37%
D58 IGUAÇU 2004/2003 -6,64%
Dessa forma, é importante destacar que para um trabalho dessa importância, que poderá
afetar o equilíbrio econômico financeiro das distribuidoras, faz-se necessário uma base de
dados confiável, estabilizada, extraída de uma contabilidade regulatória implantada e
consolidada.
Para boa parte das informações utilizadas não há uma garantia de confiabilidade suficiente
frente a relevância da sua utilização. Ainda que as informações fossem consistentes,
qualquer metodologia, que não seja avaliação dos ativos, adotará simplificações que
distorcem os resultados de maneira imprevisível. Uma prova disso foram as relevantes
incosistências apontadas nas análise apresentadas anteriormente.
30
1ª RTP - BRR Homologada com Geração + Distribuição versus 2ª RTP - BRR
Homologada com Distribuição
Dessa forma, com base nos argumentos apresentados pela ANEEL verifica-se que a
produtividade procurada relaciona-se somente ao negócio de distribuição de energia
elétrica. Para tanto, os insumos que devem ser considerados devem estar associados à
distribuição de energia elétrica.
31
Dado que o objeto do estudo é a apuração da produtividade do setor de distribuição de
energia elétrica, não faz sentido que dados de geração ou transmissão estejam agregados à
análise.
No entanto, ao utilizar os dados do 1º CRTP, para apurar o Custo de Capital Virtual dos
anos de 2003 até 2009, a ANEEL não retirou o correspondente valor dos ativos de geração
de várias empresas que atuavam de forma verticalizada à época.
32
Geração Considerada
BASE DE REMUNERAÇÃO REGULATÓRIA ANEEL AP 40
na Base de Dados da
BRUTA 1º CRTP - 2ª Fase
ANEEL
Empresa Base de
BRRB
BRRB BRRB Total Remuneração
Distribuição (E)=(D)-(A)
Geração (B) (C)=(A)+(B) Bruta ANEEL
(A)
(D)
AMPLA 2.596.282.181 119.031.005 2.715.313.186 2.715.313.186 119.031.005
CAIUÁ 186.149.482 9.477.362 195.626.844 195.626.844 9.477.362
CEB 1.256.844.378 55.117.671 1.311.962.050 1.311.962.050 55.117.671
CELESC 2.998.527.850 91.789.394 3.090.317.244 3.090.317.289 91.789.439
CELPA 1.310.307.779 220.414.164 1.530.721.944 1.530.721.944 220.414.164
CELPE 2.467.873.732 8.059.588 2.475.933.321 2.475.933.321 8.059.588
CELTINS 665.200.557 239.042.413 904.242.970 904.242.970 239.042.413
CEMAT 899.728.981 430.126.631 1.329.855.612 1.329.855.612 430.126.631
CENF 71.810.591 24.947.168 96.757.759 96.757.759 24.947.168
EMG 498.156.799 68.350.263 566.507.062 566.507.062 68.350.263
COELBA 4.516.979.243 115.950.494 4.632.929.736 4.632.929.736 115.950.494
ELEKTRO 3.260.376.500 9.051.821 3.269.428.320 3.269.428.320 9.051.821
ENERSUL 1.494.098.025 110.630.617 1.604.728.642 1.604.728.642 110.630.617
ESCELSA 1.719.787.700 374.256.372 2.094.044.072 2.094.044.072 374.256.372
FORCEL 6.684.788 2.971.994 9.656.782 9.656.782 2.971.994
LIGHT 6.511.377.026 1.537.219.934 8.048.596.961 8.048.596.961 1.537.219.934
RGE 1.595.540.655 5.477.648 1.601.018.303 1.601.018.303 5.477.648
SANTA CRUZ 193.924.494 99.889.310 293.813.804 293.813.804 99.889.310
SANTA MARIA 91.334.640 5.571.201 96.905.841 96.905.841 5.571.201
A variável (E) da tabela representa a Base de Remuneração Bruta dos Ativos de Geração
do 1º CRTP, que a ANEEL utilizou, de forma adicional e equivocada, no cálculo dos ganhos
de produtividades do setor de distribuição de energia elétrica.
A tabela abaixo mostra que o mesmo equívoco foi cometido no tocante à Base de
Remuneração Líquida.
33
Geração
BASE DE REMUNERAÇÃO REGULATÓRIA ANEEL AP 40 Considerada na
LÍQUIDA 1º CRTP - 2ª Fase Base de Dados
da ANEEL
Empresa
Base de
BRRL BRRL
BRRL Total Remuneração
Distribuição Geração (E)=(D)-(A)
(C)=(A)+(B) Bruta ANEEL
(A) (B)
(D)
AMPLA 1.423.798.887 13.786.405 1.437.585.292 1.437.585.292 13.786.405
CAIUÁ 70.771.563 1.695.822 72.467.384 72.467.384 1.695.822
CEB 454.461.424 13.230.887 467.692.311 467.692.311 13.230.887
CELESC 1.585.137.143 20.985.930 1.606.123.073 1.606.123.073 20.985.930
CELPA 770.117.244 59.402.923 829.520.167 829.520.167 59.402.923
CELPE 1.297.201.950 2.983.463 1.300.185.413 1.300.185.413 2.983.463
CELTINS 178.960.770 146.851.042 325.811.812 325.811.812 146.851.042
CEMAT 490.765.543 199.825.311 690.590.855 690.590.854 199.825.311
CENF 42.408.600 16.268.492 58.677.092 58.677.092 16.268.492
EMG 148.618.603 46.123.421 194.742.025 194.742.025 46.123.421
COELBA 1.988.886.595 44.689.140 2.033.575.735 2.033.575.735 44.689.140
ELEKTRO 1.601.012.884 646.280 1.601.659.165 1.601.659.165 646.280
ENERSUL 726.239.228 55.295.203 781.534.431 781.534.431 55.295.203
ESCELSA 821.445.600 107.003.384 928.448.984 928.448.984 107.003.384
FORCEL 2.359.816 193.175 2.552.991 2.552.991 193.175
LIGHT 3.808.479.135 512.115.082 4.320.594.217 4.320.594.217 512.115.082
RGE 831.724.227 1.287.530 833.011.757 833.011.757 1.287.530
SANTA CRUZ 54.585.764 77.086.220 131.671.984 131.671.984 77.086.220
SANTA MARIA 32.207.336 714.242 32.921.578 32.921.578 714.242
34
O critério de excluir os dados de geração do 2º CRTP é acertado, uma vez que se deseja
apurar os ganhos de produtividade da distribuição. Além disso, em concordância com esse
procedimento a ANEEL procedeu a retiradas dos Custos Operacionais relativos ao
segmento de geração.
Utilizar dados de Custo de Capital de uma empresa verticalizada em um ponto (1º CRTP) e
dados com a empresa já desverticalizada no outro ponto (2º CRTP) é um equívoco que
confere às empresas ganhos de produtividades irreais.
Portanto, é inequívoco que, considerar Custos de Capital com geração não é consistente
com uma metodologia que pretende calcular os potenciais ganhos de produtividade da
35
distribuição de energia.. Portanto, os dados relativos à base de remuneração dos ativos de
geração, do 1º CRTP, devem ser retirados para a apuração correta da produtividade PD.
Assim, solicita-se que os dados de geração das seguintes empresas sejam expurgados, com
o intuito de corrigir a base de dados: AMPLA, CAIUÁ, CEB, CELESC, CELPA, CELPE,
CELTINS, CEMAT, CENF, EMG, COELBA, ELEKTRO, ENERSUL, ESCELSA, FORCEL, LIGHT,
RGE, SANTA CRUZ e SANTA MARIA.
Dados
Dados Utilizados pela ANEEL
Descrição Homologados
na AP Nº40
no 1º CRTP
BRRB da AMPLA (*) 2.715.313.186,01 2.341.470.607,74
BRRL da AMPLA (*) 1.437.585.291,73 1.517.882.680,04
BRRB da ENERSUL (**) 1.604.728.641,89 1.339.690.173,62
BRRL da ENERSUL (**) 781.534.431,17 655.604.504,68
QUOTA DE REINTEGRAÇÃO CPFL
229.833.540,88 240.235.489,93
(***)
(*) Memorando Nº 268/2008 SFF-ANEEL
(**) RESOLUÇÃO HOMOLOGATÓRIA Nº 571 de 04/12/2007
(***) RESOLUÇÃO HOMOLOGATÓRIA Nº 443 de 03/04/2007
36
A Relação VNR/VOC
Essa sistemática pode ser compreendida mais facilmente pela figura e pelas equações
abaixo:
Assim, no entendimento da Agência, dada a brevidade do período, essa relação poderia ser
mantida e aplicada ao saldo contábil na data que se deseja obter o outro VNR dos ativos,
no caso específico junho de 2003 ou junho de 2009.
37
Ocorre que a sistemática proposta apresenta uma inconsistência de ordem conceitual.
Para estimar o valor do VNR de junho de 2003 e de junho de 2009, a relação VNR/VOC da
data da RTP não pode ser aplicada diretemente no saldo contábil da data pretendida
(VOC2003 VOC2009), uma vez que na contabilidade os registros estão em valores
históricos.
O exemplo abaixo ilustra o equívoco cometido pela ANEEL e que está refletindo
fortemente na proposta de PD da 2ª Fase da AP nº 40.
Dessa forma, somente por efeitos de inflação o VNR(jun/09) deve ser de pelo menos o
VNR(RTP) atualizado pela inflação, dado que não houve adições ou baixas. Ou seja, um
VNR(RTP) de R$ 120. No entanto, pela metodologia proposta pela ANEEL, o VNR(jun/09)
seria o produto da relação VNR(RTP)/VOC(RTP) ao VOC(jun/09). Assim, o VNR(jun/09)
permaneceria em R$ 100.
38
Diante da análise apresentada verifica-se que a relação utilizada pela ANEEL ao saldo
contábil em junho de 2009 não pode ser feita da maneira proposta. Essa distorção ocorre
pelo fato de o saldo contábil em junho de 2009 estar a preços históricos. Quando o VNR foi
calculado na data da revisão todos os preços estavam na data da RTP.
Suponha, de modo análogo, que as concessionárias que passaram pela 2ª RTP em 2007
não realizaram quaisquer adições ou baixas entre 2007 e 2009. Desse modo, espera-se que
o VNR de 2009 dos ativos fosse o mesmo de 2007, ressalvados apenas pela atualização
monetária relativa à inflação do período.
A tabela abaixo mostra os resultados da planilha da ANEEL com essa simulação de não
fazer qualquer movimentação nos ativos entre 2007 e 2009.
(1) VNR
(2) VNR Virtual em
Código Empresa Data da RTP HOMOLOGADO 2º (2) - (1)
junho de 2009 (*)
CRTP (*)
D04 BANDEIRANTE 23/10/2007 3.682.147.508,63 3.313.539.619,50 -368.607.889,13
D13 CELPA 07/08/2007 2.385.554.032,98 2.097.505.335,00 -288.048.697,98
D30 COELCE 22/04/2007 3.799.797.713,36 3.289.242.487,08 -510.555.226,28
D35 PIRATININGA 23/10/2007 2.974.742.563,39 2.676.950.697,52 -297.791.865,87
D45 ELEKTRO 27/08/2007 5.851.114.058,19 5.144.609.085,81 -706.504.972,38
D48 ELETROPAULO 04/07/2007 16.675.166.939,11 14.518.765.918,35 -2.156.401.020,75
D54 ESCELSA 07/08/2007 2.779.122.718,29 2.443.551.748,42 -335.570.969,87
*Conforme procedimento constante na planilha da ANEEL, os valores estão referenciados a dez/2010.
Contudo, em vez de se esperar por um VNR corrigido pela inflação entre 2007 e 2009, a
planilha da ANEEL conduz equivocadamente para um resultado oposto. Em todos os casos
(concessionárias com RTP em 2007), a planilha da ANEEL calculou que o VNR de 2009 é
inferior ao que foi homologado dois anos antes 2ª RTP. Ou seja, sem qualquer
movimentação física e com inflação superior a 10%, em vez do Valor Novo do conjunto de
ativos sofrer a correção da inflação do período, a planilha da ANEEL calcula uma redução
generalizada desses valores novos. Por exemplo, o valor de novo dos ativos da Eletropaulo
39
em 2009 reduziriam R$ 2.156.401.020,75, o que representa aproximadamente 15% do
valor de 2007. Fator este que não faz sentido e reforça a relevância do erro apontado.
Esse equívoco não se deu apenas em uma concessionária, mas para todas elas, o que
caracteriza como um erro de procedimento.
O primeiro gráfico mostra o resultado esperado em uma situação na qual não há qualquer
movimentação de ativos (adição ou baixas) nos períodos que estão fora de do período
[1CRTP;2CRTP].
*Conforme planilha da ANEEL, o VNR dos pontos (1), (2), (3) e (4) estão valorados com referência
de Dezembro/2010.
A variação entre os pontos (2) e (3) existe em função dos valores homologados pela
ANEEL nas respectivas revisões tarifárias. Quantos aos períodos de fora ([1,2] e [3,4]),
uma vez que não foi feita qualquer movimentação de ativos, o VNR se mantém alterado. Ou
seja, qualquer procedimento estará correto se e somente se, em caso de não haver
qualquer movimentação dos ativos, não ocorrer variação no VNR entre ([1,2] e [3,4]).
40
VNR TOTAL ANEEL X MERCADO TOTAL
*Conforme planilha da ANEEL, o VNR dos pontos (1), (2), (3) e (4) estão valorados com referência
de Dezembro/2010.
O gráfico mostra que a Planilha da ANEEL “criou” uma variação de VNR nos períodos [1,2]
e [3,4]. Porém, foi forçado nessa Planilha que não houvesse movimentação de ativos
(AIS_Contábiljunho/2003 = AIS_Contábil1RTP e AIS_Contábiljunho/2009 = AIS_Contábil2RTP). Ou seja,
a Planilha está equivocada em seus procedimentos.
41
O incremental corresponde ao valor das adições contábeis verificadas de junho/2003 a
1ª RTP e da 2ª RTP a junho/2009.
Notadamente, essas adições estão a preços históricos foram realizadas entre a RTP e as
datas do extremo. Com isso, essas adições contábeis são distribuídas uniformemente ao
longo do período.
Dessa forma, o VNR total na data base será a soma do VNR(RTP) atualizado e do VNR das
adições.
42
Com base no exposto, entende-se que a aplicação da relação VNR/VOC da RTP ao saldo
contábil da data que se deseja valorar o AIS é equivocada, uma vez que essa relação não se
mantém ao longo do tempo e não pode ser trasladada da data da revisão para junho/2003
ou junho/2009. Em contrapartida, blindar o VNR da RTP, atualizando-o pela inflação, e
posteriormente agregando-se as adições do período é adequado porque não comete
equívocos intertemporais e tem exatamente o princípio da metodologia de apuração da
BRR da ANEEL (Base de Remuneração = Base Blindada Atualizada + Adições
Atualizadas).
A apuração da depreciação a ser utilizada nos períodos fora do 1º CRTP e 2º CRTP é feito
da seguinte forma:
Ocorre que os bens 100% depreciados constam no VNR do AIS Homologado na última
RTP, dessa forma a metodologia da ANEEL está depreciando bens que já estão 100%
depreciados, algo equivocado. Dessa forma, a parcela de depreciação reduz, erroneamente,
a Base de Remuneração Líquida Virtual.
Portanto, sugere-se que os bens 100% depreciados sejam expurgados do VNR do AIS, de
forma a corrigir este equívoco.
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3.5.7 É Irrelevante a Necessidade Individual de Investimentos ?
A definição dos investimentos passa pela análise de diversos fatores, dentre os quais pode-
se citar: alcançar os índices de qualidade exigidos pelo Regulador, atingir a trajetória
regulatória de Perdas Não Técnicas definida na revisão tarifária períodica, atender ao
crescimento da demanda da concessão, expandir o setor para que novos consumidores
sejam agregados ao sistema elétrico, realizar a renovação dos ativos que estejam chegando
ao final da vida útil econômica, entre outros.
Além dos aspectos mencionados, o volume destes investimentos é afetado pelo custo da
mão-de-obra, do componentes menores e dos custos adicionais, que são bastante
particulares entre as concessões.
Dessa forma, calcula-se uma produtividade fortemente viesada para empresas que não
necessitam investir fortemente frente a empresas que tem esta necessidade, ou seja, a
metodologia é totalmente indiferente às particularidades das concessões.
Nesse cenário, é de se esperar que haja uma elevação do consumo de energia elétrica, em
função do aumento na ocupação das cidades, do aumento do emprego e da renda da
população e dos serviços em geral oferecidos aos turistas, portanto, os investimentos no
sistema elétrico são fundamentais para o êxito desses eventos.
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Contudo, a metodologia proposta desincentiva a realização de investimentos, uma vez que
não traz qualquer impacto no componente PD. A consequência desse sinal regulatório
poderá ser a postergação de investimentos. Esse não é um bom sinal, pois os efeitos do
subinvesimento não se refletem no curto prazo, mas sim a médio e longo prazo.
Quanto aos possíveis efeitos causados por sinalizações regulatórias inadequadas, o Reino
Unido vivenciou essa experiência de subinvestimentos, provocada pela decisão de
precificar o negócio abaixo de seus custos eficientes e adequados. Fato semelhante
também ocorreu na Argentina.
Com relação ao tratamento dos investimentos no Fator X, um dos pontos que a ANEEL
alega mitigar com a atual proposta é o fenômeno da assimetria da informação, pois,
segundo a agência, o FCD como o utilizado no 1º e 2º CRTP utiliza projeções de
investimentos que, por isso, provocam muitos questionamentos e as concessionárias
estariam em posição favorável durante a discussão sobre tais projeções. Para fugir dessa
situação, a Agência está propondo utilizar somente dados realizados e concentrar a
discussão apenas no método mais apropriado.
45
Nesse sentido, o mecanismo proposto no segundo ciclo teve como objetivo maior mitigar o
efeito do subinvestimento, quando os investimentos regulatórios eram comparados com
os investimentos realizados. Dessa forma, a empresa teria o incentivo de fazer a sua
melhor estimativa de investimentos sob pena de devolver a diferença entre o proposto e
realizado por meio de um redutor da Parcela B.
Este item do documento tem por intuito analisar se este objetivo realmente está sendo
atendido na atual proposta.
Com relação aos aspectos conceituais do Fator X, o regulador pontua alguns deles no
terceiro slide da apresentação de proposta de aperfeiçoamento do Fator X da AP do 2º
CRTP:
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Na Nota Técnica nº 350/2007-SRE/ANEEL o Regulador pontua:
“6. Basicamente o Fator X tem por objetivo garantir que o equilíbrio estabelecido
no momento da revisão tarifária se mantenha ao longo do ciclo tarifário. Para isso
ele deve contemplar a evolução da Parcela B da concessionária nos anos seguintes ao da
revisão tarifária, envolvendo:
• Remuneração e depreciação da base de remuneração regulatória,
considerando-se os investimentos previstos; e (grifo nosso)
• Cobertura dos custos operacionais eficientes.”
Em vários outros pontos da Nota Técnica nº 93/2011 a Agência reitera que um dos
objetivos do Fator X é manter o equilíbrio regulatório entre receitas e despesas das
concessões:
Como pôde ser verificado, em vários trechos da Nota Técnica nº 93/2011 a Agência
ressalta a importância do Fator X no equilíbrio econômico financeiro das concessões, no
entanto, a aplicação do componente PD da forma proposta simplesmente ignora esse
equilíbrio preconizado, uma vez que desconsidera a necessidade de investimentos de cada
concessionária.
Dessa forma, a metodologia proposta para o 3º CRTP não pode se afastar de aspectos
conceituais imprescindíveis. Conforme mencionado pelo próprio regulador um dos
47
pressupostos da utilização do Fator X nos reajustes tarifários é a manutenção da
rentabilidade regulatória estabelecida para o ciclo tarifário. Assim, é natural que no
decorrer do ciclo haja um descolamento entre receitas e despesas, dado que há economias
de escala no negócio de distribuição de energia. Assim, com o FCD as receitas e despesas
regulatórias são projetadas e o Fator X é o índice que ajusta a receita e faz com que o VPL
das receitas seja igual ao VPL das despesas, garantindo a rentabilidade regulatória
constante e repassando ao consumidor os efeitos destas economias de escala.
Para a realização desse exercício foram aplicadas todas as metodologias propostas pela
ANEEL para o 3º CRTP e foi feito um Fluxo de Caixa Descontado regulatório. Nesse fluxo
de caixa regulatório são utilizados os mesmos dados primários do FCD do 2º CRTP
(investimentos, mercado, base de remuneração e consumidores) e para cada ano foi
aplicada a metodologia proposta pela ANEEL.
Para o FCD mencionado foi calculado um Fator X, segundo metodologia proposta para o 3º
CRTP, e aplicado como um percentual redutor da receita para cada ano do ciclo tarifário.
Empresa PD
Coelba 2,09%
Celpe 2,35%
Cosern 2,35%
Conforme apresentado na equação abaixo, a TIR regulatória deverá ser o valor que torna
esta expressão verdadeira.
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EBITDA reg = Parcela B- Receitas Irrecuperáveis - Custos Operacionais - Anuidades.
n= Último ano do ciclo tarifário;
TIR reg = Taxa Interna de Retorno que iguala as duas parcelas da equação.
Coelba:
Celpe:
Cosern:
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TIR Regulatória 10,50%
WACC Regulatório 11,47%
WACC - TIR Regulatória 0,97%
Redução
Empresa
Investimentos (%)
Coelba 31%
Celpe 31%
Cosern 27%
4. Proposta da Concessionaria
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Nesse sentido, a gravidade desses equívocos compromete a aplicação da metodologia,
fragilizando todo o processo de revisão tarifária. Manter uma base de dados com os
problemas citados podem trazer recursos administrativos e problemas judiciais.
Com relação aos aspectos conceituais e metodológicos, que devem pautar a regulação
econômica, a manutenção do equilíbrio econômico financeiro, além da sua previsibilidade
contratual, é um fator muito importante para o funcionamento, atratividade e
sustentabilidade do setor de distribuição de energia elétrica. O compromentimento desse
princípio, como está sendo proposto pela ANEEL, reduz a atratividade do negócio,
desconfigura o regime econômico de tarifa pelo preço, desinsentiva a eficiência e força as
empresas a redução no nível de investimentos, comprometendo a expansão do setor, a
manutenção ou melhoria da qualidade do produto e do serviço prestado e a diminuição
dos índices de perdas não técnicas.
Dada sua importância, a proposição de uma nova metodologia para o Fator X deve ser
definida com parcimônia e seguido de uma análise de consistência dos resultados e do seu
impacto regulatório. Os resultados obtidos por meio de modelos estatísticos e de
programação matemática não devem ser aplicados mecanicamente nas tarifas sem uma
análise de sua adequação à realidade ao país e fundamentalmente do setor em foco.
No que se refere à metodologia proposta pela ANEEL para o tratamento do Fator X para o
3º CRTP, foram encontrados diversos pontos equivocados e que trazem preocupação para
o setor de distribuição, entre os quais cabe destacar:
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• Não foi feita uma validação dos resultados obtidos.
Com relação aos investimentos, diante da proposta da ANEEL para o 3º CRTP, entende-se
que a melhor opção, no sentido de atender as especificidades das concessões, é manter a
sistemática do 2º CRTP, onde os investimentos são declarados pelas concessionárias e , ao
final do ciclo, os investimentos propostos são comparados com os investimentos
realizados e, caso a distribuidora não realize os investimentos propostos, estes são
devolvidos aos consumidores atualizados e remunerados pelo WACC.
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