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Belo Horizonte
2018
Universidade Candido Mendes – UCAM
Pós-graduação em Direito Constitucional
Belo Horizonte
2018
Termo de aprovação
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Orientadora: Professora Mestra Priscila Jorge Cruz Diacov.
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Professor (a) convidado (o):
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Professor (a) convidado (o):
Dedico o presente trabalho aos meus pais, irmãos e
amigos. Agradeço os incentivos, o apoio e o carinho,
essenciais para a conclusão do meu objetivo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à professora Priscila Jorge Cruz Diacov, cuja sabedoria e inteligência abrilhantaram
esta pesquisa, pela orientação e pelo apoio.
Agradeço à Jaqueline, que mais que uma heroína é uma mãe que sempre fez o seu melhor para
seus filhos, à memória de White, por me proporcionar a vida e sempre estar presente na minha
vida, ao Varlei, pela grande contribuição na minha formação humana e à Ágatha, ao Nicolas e
à Rayssa, pelo apoio incondicional e pela atenção familiar, sem os quais a conclusão deste
trabalho seria quase impossível.
Agradeço a todos aqueles que contribuíram para que eu realizasse esta pesquisa, em especial, à
Letícia, pelo carinho e pelo incentivo.
Palavras-chave: voto impresso, constitucionalidade, ADI 4548, ADI 5889, Supremo Tribunal
Federal, voto secreto.
ABSTRACT
This paper deals with the jurisprudence of the Federal Supreme Court on the constitutionality
of the printed vote. The objective was to present and analyze the arguments used by that court
when the ministers analyzed the topic in question. With the purpose of achieving this objective,
the two direct actions of constitutionality that exist in the Federal Supreme Court were
presented. In addition, the arguments put forward regarding its reasonableness have been
analyzed. As a result, the arguments used in relation to the first direct action of constitutionality
were reasonable, while in the second action, which was not concluded until the closing of this
research, it was not reasonable to suspend the legal prediction of the implementation of the
printed vote.
Keywords: printed vote, constitutionality, ADI 4548, ADI 5889, Supreme Federal Court, secret
ballot.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………. 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………………… 26
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….29
9
INTRODUÇÃO
Com o advento da tecnologia, o Brasil adotou o voto eletrônico como o meio de exercer
a cidadania quanto à escolha dos seus representantes, haja vista o regime político da
democracia, em qual os cidadãos exercem o poder de governar por meio do sufrágio. Dessa
maneira, o que se tem, aparentemente, é um sistema de apuração e coleta de votos mais acessível
e seguro por meio das urnas eletrônicas. Assim, tal sistema auxilia na superação ou na redução
das falhas históricas em relação ao exercício do direito ao voto, como o voto do cabresto, e
contribui para a efetividade do artigo 14, caput, da Constituição da República no que se refere
ao exercício da soberania popular.
Entretanto, em relação ao sistema de apuração por meio das urnas eletrônicas, existe
dúvida em relação à transparência e a confiabilidade do uso dessa tecnologia.
Consequentemente, surgiram algumas Leis que traziam a impressão do voto como uma maneira
de aumentar a segurança da auditoria das eleições, como resposta aos questionamentos das
falhas do modelo adotado. Então, foram criadas a Lei nº 10.408/2002 (revogada), a Lei nº
12.034/2009 (declarada inconstitucional na ADI 4543, em 2013) e a Lei 13.165/2015 (suspensa
liminarmente na ADI 5889, em 2018).
A partir disso, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal torna-se um alvo de estudo
analítico em relação ao porquê da inconstitucionalidade e da suspensão das Leis que tentam
implementar o voto impresso. Afinal, a violação à constituição acerca do direito ao voto deve
ocorrer em relação às suas características previstas constitucionalmente, isto é, direito, secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei. Com isso, relevante é destacar que esta pesquisa
visa somente a trabalhar questões de direito material da seara do direito constitucional.
Com isso, o tema desta pesquisa é referente à análise da jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal acerca da constitucionalidade do voto impresso. Compreende-se como espaço
de tempo, pesquisado a primeira e a segunda década do século XXI, sendo o marco inicial
justificado pelo primeiro julgamento do referido tribunal sobre o tema e o marco final pelo ano
que a pesquisa será concluída.
O problema de pesquisa divide-se em duas etapas. Na primeira, indagam-se quais são
os argumentos adotados pelo Supremo Tribunal Federal para rejeitar constitucionalmente a
implementação do voto impresso no sistema jurídico brasileiro. Na segunda, pergunta-se se os
argumentos jurídicos dos ministros são razoáveis para declarar a inconstitucionalidade do artigo
5º da Lei nº 12.034/2009 na ADI 4543 e suspender liminarmente o artigo 59-A da Lei das
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Eleições (Lei nº 9.504/1997), incluído pela Lei nº 13.165/2015 (Lei da Minirreforma Eleitoral),
referentes a instituição da necessidade de impressão do voto eletrônico.
Colocam-se como hipóteses de pesquisa que os argumentos utilizados pelo Supremo
Tribunal Federal estão mais em torno de questões que fogem à análise da constitucionalidade,
bem como a existência de uma desarrazoabilidade dos argumentos jurídicos adotados pelos
ministros.
Isso se justifica pelo uso crescimento do ativismo judicial do referido tribunal quando
se é analisada a constitucionalidade das leis. Para tanto, é preciso responder os dois problemas
levantados, uma vez que para verificar se os argumentos jurídicos são razoáveis é preciso
analisá-los, destacando toda a argumentação utilizada, mesmo que esteja além do campo
jurídico.
Como objetivo, analisa-se os argumentos jurídicos adotados pelo Supremo Tribunal
Federal e sua razoabilidade ao declarar a inconstitucionalidade do artigo 5º da Lei nº
12.034/2009 na ADI 4543 e suspender liminarmente o artigo 59-A da Lei das Eleições (Lei nº
9.504/1997), incluído pela Lei nº 13.165/2015 (Lei da Minirreforma Eleitoral).
Para tanto, apresenta-se cada um desses argumentos de forma explicativa para aclarar o
que foi apresentado pelo tribunal no momento da análise constitucional feita acerca do tema.
A justificativa para a escolha do tema é relacionada ao interesse de verificar o a
constitucionalidade do voto impresso em relação ao entendimento jurisprudencial do Supremo
Tribunal Federal. Afinal, no contexto atual do Brasil, a tentativa de implementação do voto
impresso é relevante para saber sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas quanto a efetividade
do artigo 14 da constituição acerca da característica de sigilo do voto. Então, existe um grande
interesse nesse tema, em razão da falta de uma análise da jurisprudência acerca do tema, o que
pode se revelar desarrazoado e mais um exemplo de ativismo judicial.
No referencial teórico, apresenta-se uma breve revisão bibliográfica em relação aos
autores básicos utilizados nesta pesquisa como Canotilho (2005), Carvalho (2013), Mendes e
Branco (2014), Moraes (2014) e Silva (2014), com o fim de localizar o tema na bibliografia
básica. Em seguida, indica-se o marco teórico da pesquisa, isto é, a perspectiva de pesquisa
adotada ao longo dos capítulos desta pesquisa.
Canotilho (2005), contribui para esta pesquisa com a abordagem sobre o princípio do
voto secreto a partir da perspectiva do direito português. Desse modo, o autor retrata o princípio
como uma garantia da própria liberdade de voto. Assim, o referido autor traz a ideia de
proibição da sinalização do voto, apesar de dizer que isso não impede a existência de listas
públicas de apoio a candidaturas partidárias.
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De início, destaca-se que pelo tamanho do acórdão proferido pelo plenário do Supremo
Tribunal Federal em 2013 na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4543 Distrito Federal, não
será apresentado exaustivamente nesta pesquisa.
Dessa forma, apresenta-se os pontos principais do referido acórdão com a finalidade de
atingir o objetivo referente a elucidação dos argumentos apresentados pela suprema corte sobre
o tema da pesquisa.
1.1.1 Relatório
Inicialmente, é relatado no acórdão da ADI 4543 que tal ação foi proposta pela
Procuradoria-Geral da República ao argumento que o artigo 5º da Lei nº 12.034/2009 ao prever
em seu §2º a impressão do voto com identificação associada à assinatura do eleitor contrariou
o artigo 14 da Constituição. Afinal, qualquer forma de identificação na manifestação do voto
afrontaria a sigilosidade da manifestação do eleitor.
Para facilitar a leitura, é interessante mencionar o dispositivo legal mencionado
anteriormente para melhor entender a pesquisa:
Art. 5º Fica criado, a partir das eleições de 2014, inclusive, o voto impresso
conferido pelo eleitor, garantido o total sigilo do voto e observadas as seguintes
regras:
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destacado pelo Ministro Luís Roberto Barroso, que será relevante no capítulo 2.
eletrônico como a única forma de impedir os ilícitos acordos feitos entre eleitores e candidatos.
Consequentemente, a impressão do voto possibilitaria o retorno do antigo vício de
compra e venda de votos e a vulnerabilidade do sistema democrático brasileiro. Desse modo, a
impressão do voto é vista pela ministra como uma forma de prova da manifestação do eleitor,
questionando a necessidade de impressão do voto se este é inexpugnável. Assim, tal impressão
não seria necessária pelo fato da segurança incontestável do atual sistema de votação.
Na conclusão deste primeiro argumento a ministra retorna ao §2º do dispositivo legal
questionando que qualquer possibilidade de identificação por meio da assinatura digital pode
favorecer a coação sobre os eleitores.
Por fim, a ministra traz o argumento relacionado aos inconvenientes do voto impresso.
Nesse momento, a ministra destaca os pontos positivos do sistema de votação atual que é
elogiado por outros países e testado de forma sistêmica quanto à sua segurança, o que demonstra
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O Ministro Luís Roberto Barroso acrescenta por meio da sua argumentação que a ADI
4543 DF ataca a aplicação da lei impugnada e não ela em si, ressaltando o papel do Supremo
Tribunal Federal de demonstrar a violação específica a determinada norma da Constituição.
Além disso, é retratada a questão das falhas que podem ocorrer no momento da
impressão, o que necessitaria de intervenção humana na manutenção do problema, o que
afetaria o direito ao anonimato quanto a manifestação do voto.
Como na época desta pesquisa o Supremo Tribunal Federal não analisou o mérito do
pedido realizado, somente analisou acerca da medida cautelar requerida pela Procuradoria Geral
da República, a apresentação dos argumentos será sobre esta análise feita. Para tanto, é
interessante citar as informações constadas na notícia que foi apresentada no site do próprio
Tribunal:
Ante o exposto, realiza-se no capítulo a seguir uma breve análise dos argumentos
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[...] o Registro Digital do Voto per se, sem estar acompanhado do complementar
Registro Impresso do Voto, não permite ao eleitor saber qual foi o conteúdo de veras
registrado no seu voto sendo esse o motivo de ter sido declarado contrário o Princípio
da Publicidade pela Suprema Corte alemã e também foi o motivo que levou o
Congresso Nacional a determinar que as urnas eletrônicas devem gerar o Voto
Impresso Conferível pelo Eleitor (BRUNAZO FILHO, 2018).
Conclui-se que novamente o Supremo Tribunal Federal não foi razoável a considerar
que o voto eletrônico e infalível. Afinal “como toda e qualquer máquina, as urnas eletrônicas
são passíveis de invasão, adulteração, alteração, danos ou ainda inserção de dados arquivados”
(NAZAR, GIORA, 2015).
No terceiro momento, o princípio um eleitor, um voto, isto é a igualdade do voto foi um
argumento trabalhado no primeiro julgamento trabalhado nesta pesquisa. Na ADI 4543 DF foi
destacado pela Ministra relatora que a lei ora impugnada previa que a urna ficaria aberta por
vedar a conexão do instrumento de identificação do voto com a respectiva urna, o que
possibilitaria o eleitor votar mais de uma vez.
Como citado anteriormente, Carvalho elucida que o princípio da razoabilidade objetiva
conter o arbítrio no exercício do poder. Dessa maneira, o que percebe é que neste momento o
argumento utilizado vai além daquele que cabia à Ministra. Afinal, a implementação da lei e
seus desafios quanto a efetividade não são questões constitucionais.
As falhas são inerentes a todo sistema implantado, não podendo ser regra um ou outro
caso de defeito nas urnas eletrônicas. Consequentemente, as falhas pontuais que a
implementação da lei poderia causar não deveria se vista como regra pela Suprema Corte, o que
ocorreu na análise da Ministra.
Assim sendo, “é incabível querer derrubar uma decisão do Poder Legislativo
fundamentando-se de hipóteses temerárias” (BRUNAZO FILHO, 2018).
No quarto momento, o Tribunal trabalha o princípio da proibição do retrocesso político
também no primeiro julgamento, uma vez que na segunda ação direta de constitucionalidade
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ainda não foi alvo de análise pelos Ministros. Dessa forma, retorna novamente a ADI 4543 DF
com o argumento apresentada pela Ministra relatora em relação ao citado princípio.
Na leitura do acórdão do plenário, nota-se que é realizado um paralelo entre o princípio
da proibição do retrocesso nos direitos sociais, como se o voto eletrônico fosse uma conquista
histórica dos cidadãos, tornando-se, a partir de uma leitura de Canotilho, uma garantia
constitucional e um direito subjetivo do cidadão.
Mais uma vez, é criticável o argumento apresentado no Supremo Tribunal Federal, uma
vez que um sistema não pode ser considerado uma conquista, pois remonta a ideia de rigidez e
não flexibilidade quanto a possíveis alterações.
Dessa forma, se o legislador ordinário, que assim o é por que goza de representatividade
pelo processo eleitoral, tenta implementar um novo modelo ou um aperfeiçoamento de um
modelo, não pode uma corte constitucional, que carece de representatividade política, uma vez
que não são escolhidos por voto do eleitor de forma direta, dizer que um sistema não pode ser
alterado por interpretar ser uma conquista cidadã.
Dessa maneira, percebe-se não somente uma falta de razoabilidade nesse argumento,
mas também um ativismo judicial. Conforme ensina o Ministro Luís Roberto Barroso:
A ideia de ativismo judicial está associada a uma participação mais ampla e intensa
do Judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior
interferência no espaço de atuação dos outros dois Poderes. A postura ativista se
manifesta por meio de diferentes condutas, que incluem: (i) a aplicação direta da
Constituição a situações não expressamente contempladas em seu texto e
independentemente de manifestação do legislador ordinário; (ii) a declaração de
inconstitucionalidade de atos normativos emanados do legislador, com base em
critérios menos rígidos que os de patente e ostensiva violação da Constituição; (iii) a
imposição de condutas ou de abstenções ao Poder Público, notadamente em matéria
de políticas públicas (BARROSO, 2012, p.306-307).
No quinto momento, quando é trabalho também pela Ministra relatora da ADI 4543 DF,
acerca dos inconvenientes do voto impresso, percebe-se o mesmo ativismo judicial.
Afinal, as questões suscitadas acerca das dificuldades da implementação do voto
impresso não são de ordem constitucional, questionando-se o que a corte tem a ver com as
problemáticas envolvendo a demora na votação, a possibilidade de fraude, a vulnerabilidade na
auditoria e o aspecto orçamentário, ao argumento que traria prejuízos ao processo eleitoral que
vigora atualmente.
Além disso, essa questão foi novamente suscitada na ADI 5889 para requerer a medida
cautelar quanto ao perigo da demora do julgamento (periculum in mora). O que se tem é que a
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Procuradoria-Geral da República alegou que o Tribunal Superior Eleitoral teria um alto gasto
com a implementação da lei ora impugnada.
Conclui-se neste ponto que o Supremo Tribunal Federal não somente utilizou um
argumento desarrazoado, pois não é matéria constitucional analisar orçamento quanto a
implementação de uma lei ou assim o fazer para declarar uma norma suspensa de eficácia ou
de constitucionalidade.
Dessa forma, como foi citado na sustentação oral de um dos amicus curiae que o
aperfeiçoamento do sistema não deve ser calculado economicamente, ainda mais por uma corte
que existe para analisar a constitucionalidade da lei (STF, 2018).
No sexto momento, como era de se esperar o Ministro Barroso fez uma ressalva no
momento que proferiu seu voto na ADI 4543 DF, destacando que a argumentação em torno
desta ADI ataca a aplicação da lei impugnada naquele momento e não ela em si.
Destarte, ele ressalta que o papel do Supremo Tribunal Federal de demonstrar a violação
específica a determinada norma da constituição. Entretanto, mesmo com a ressalva, o Ministro
acompanhou o voto da Ministra relatora, sem fazer uma interpretação conforme a constituição
como citado anteriormente como uma opção do Tribunal para manter a lei no sistema jurídico
brasileiro.
Mesmo com essa contradição, em qual o Ministro ressaltou o papel da Suprema Corte,
mas não levantou os pontos suscitados neste capítulo, demonstrou-se, neste ponto, razoável ao
reconhecer o verdadeiro papel do Supremo Tribunal Federal.
Por fim, destaca-se o posicionamento do Ministro relator da ADI 5889, o Ministro
Gilmar Mendes, que declarou em seu voto no momento da análise da concessão ou não da
medida cautelar requerida pela Procuradoria Geral da República, dever ser a opção legislativa
respeitada.
O que se percebe é que mesmo apresentando suas críticas à lei impugnada nesta ação
direta de inconstitucionalidade, o Ministro realizou o que se denomina autocontenção judicial.
Como ensina o Ministro Barroso:
Diante disso, percebe-se uma postura que reconhece que a tentativa de implementar o
voto impresso se revela um anseio social que o Congresso Nacional decidiu acrescentar ao atual
sistema. Com isso, tal argumento é dotado de razoabilidade por ter em vista a moderação e a
proteção dos indivíduos.
Antes de finalizar este capítulo, deve ser ressaltado que não foi a intenção da pesquisa
realizar a apresentação e análise exaustiva de todos os argumentos apresentados pelo Supremo
Tribunal Federal, mas sim aqueles que são principais para um melhor entendimento jurídico
sobre o tema.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No segundo capítulo, “Breve análise dos argumentos utilizados pelo STF”, é abordado
cada um dos argumentos apresentados no primeiro capítulo de forma analítica a partir da revisão
bibliográfica e o marco teórico adotado na pesquisa, não somente ao entendimento acerca da
sigilosidade do voto, mas também em relação à perspectiva do que é possível ser considerado
razoável.
Desse modo, foi levantado cada falha argumentativa dos Ministros para enriquecer o
debate acerca do tema do voto impresso e da forma que o Supremo Tribunal Federal analisa a
constitucionalidade das leis, sendo pontuado se estão presentes demonstrações de ativismo
judicial por parte do Tribunal.
Assim sendo, o capítulo foi muito relevante para o cumprimento do principal objetivo
de verificar a razoabilidade dos argumentos utilizados na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal para rejeitar a implementação do voto impresso intentada pela terceira vez pelo Poder
Legislativo Federal a partir da Lei da Minirreforma Eleitoral de 2015 (Lei n. 13.165/2015).
O que se percebeu, pela análise dos principais argumentos utilizados pelos Ministros é
que eles são, em sua maioria, desarrazoados e mais um exemplo de ativismo judicial, retirando
a ressalva no voto do Ministro Luís Roberto Barroso na ADI 4543 DF e do voto do Ministro
relator da ADI 5889, Ministro Gilmar Mendes, que foi um exemplo de autocontenção judicial
ao respeitar a escolha do Congresso Nacional, apesar de realizar as suas críticas em relação ao
dispositivo legal que alterou a Lei das Eleições (Lei 9.504/1997).
Após essa pesquisa, pode-se verificar se as hipóteses referentes aos argumentos
utilizados na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal estão mais em torno de questões que
fogem à análise da constitucionalidade, bem como a existência de uma desarrazoabilidade dos
argumentos jurídicos adotados pelos ministros, se confirma totalmente, parcialmente ou se não
se confirma.
Com a análise feita na pesquisa, conclui-se que a primeira hipótese confirma
parcialmente, visto que o artigo 14 da Constituição foi bem trabalhado nos votos dos Ministros
nas duas ações direitas de constitucionalidade. Entretanto, a hipótese se confirmou parcialmente
pelo motivo que o Tribunal retratou questões metajurídicas, o que demonstra um ativismo
judicial acerca do tema do voto impresso.
Em relação à segunda hipótese, tem-se que ela é confirmada parcialmente também, uma
vez que se percebe que, apesar da maioria dos argumentos utilizados na construção da
jurisprudência da Suprema Corte brasileira, existem alguns argumentos que são razoáveis,
notadamente o voto do Ministro Gilmar Mendes, acompanhado pelo Ministro Dias Toffoli,
quando analisaram a medida cautelar na ADI 5889.
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A partir desta pesquisa, pode-se dizer que o voto impresso é um anseio da sociedade,
notadamente as três tentativas legislativas para implementá-lo. Isso é dado pela insegurança no
sistema atual pela tecnicidade que é exigida para realizar a fiscalização do escrutínio. Dessa
forma, verifica-se que o embate do voto impresso em relação ao artigo 14 da constituição se
mostra aparente, uma vez que não foi demonstrado com clareza e de forma específica como a
sigilosidade do voto não seria observada. O que se tem é uma argumentação quanto à aplicação
e efetivação do voto impresso no sistema de apuração atual, que se demonstra, aparentemente,
um exemplo de segurança em relação a manifestação do eleitor quando exerce o direito ao voto.
O que se destaca, como pontuado ao longo da pesquisa é a transparência no sistema de
votação por urnas eletrônicas e a intenção da última lei que tentou implementar o voto impresso.
Além disso, é temerário visualizar uma Corte constitucional se preocupar com questões que
fogem à análise em face da Constituição, uma vez que, ao estudar e ler todo o material
relacionado nas referências, nota-se uma grande preocupação e um maior esforço
argumentativo de questões que envolve problemáticas que são da seara de outros órgãos do
Estado.
Por fim, é interessante a continuação do estudo do tema para analisar como o Supremo
Tribunal Federal vem se posicionando acerca do tema relacionado ao voto impresso, sendo que
atualmente vem se demonstrando desarrazoado por não considerar e trabalhar todos os
argumentos referentes ao tema, como o princípio constitucional da publicidade, previsto no
artigo 37 da Constituição quanto à verificação dos votos, que estão restritos aos técnicos e não
ao cidadão médio, além da insegurança jurídica que está sendo discutida na sociedade e no
Congresso Nacional que está sendo rejeitada pelos por todos esses anos na Suprema Corte do
país.
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REFERÊNCIAS
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