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Vitória
2009
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_____________________________________________________________
Anjos, José Luiz dos.
A599e Educação física, corpo e movimento / José Luiz dos Anjos. -
Vitória, ES : Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educa-
ção Aberta e à Distância, 2009.
55 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN:
1. Educação física. 2. Corpo e mente. 3. Educação pelo movimento.
I. Título.
CDU: 796.011
51 Referências
54 Glossário
Barbie, com seu corpo magro, duro e rígido, foi feita para posar
em milhares de modos e servir de musa inspiradora para inúmeros
trabalhos de célebres estilistas. A boneca, diferentemente de outras
que são feitas para brincar e ninar, tem seu visual constantemente
reconfigurado a fim de servir como estampa de novos espaços
publicitários direcionados ao público infantil. Barbie é sempre
atualizada para não ficar com uma imagem de simples boneca,
mas de uma pessoa real: Em 1964 a boneca ganhou olhos que
abriam e fechavam, em 1965 dobrava as pernas, em 1968 foi
dotada de voz e atualmente já pode ser vista com uma tatuagem
de borboleta no ventre. À Barbie são dadas identidade e presença
no mundo.
Os textos a seguir destacam as notícias e os fatos dos órgãos de Na escola inicia o processo de desvalorização
informação. Os discursos da Internet, dos jornais e dos programas dos atributos individuais, que interferem
de TV são os objetos de análise. Vejamos a oportunidade que temos na construção da identidade da criança,
para falar desse assunto na escola. São exemplos do cotidiano que tomando posições de sua corporeidade.
podemos levar aos nossos alunos. São textos que tratam de novos [...] Esse posicionamento foi decorrente da
comportamentos, ditados pelos “estilos de vida”, que completam os internalização de que “embranquecer” seria
noticiários da TV e das informações cotidianas. Cada vez mais esses o único meio de ter acesso ao respeito e à
“comportamentos” têm acometidos os jovens e adolescentes. Vamos dignidade. Esse ideal de embranquecimento faz
fazer a leitura desses textos e argumentar as possíveis intervenções com que a criança deseje mudar tudo em seu
que podemos realizar na escola. Essas argumentações podem ser de- corpo (MENEZES, W. acesso em 22. nov. 2008).
senvolvidas na própria sala com participação/mediação do professor
tutor presencial.
Madonna
Anjos e Rodrigues (2008) identificaram a autoridade e a força da Quem os alunos imitam? É possível pensar a
tradição ao estudarem as representações das tradições culturais dos imitação dos gestos dos ídolos esportivos, das
descendentes de imigrante italianos de Venda Nova do Imigrante/ passarelas e do mundo fashion nos movimentos
ES, no processo de aprendizagem da bocce e do canto religioso. Os corporais e de comportamentos dos alunos? Há
autores, analisando os discursos, perceberam que a aprendizagem hierarquia na “imitação” dos gestos corporais
se traduz na força da tradição de determinadas técnicas corporais, locais e os gestos difundidos pela mídia?
como afirma Daolio (1995, p.103) “[...] por meio do processo de
imitação prestigiosa é possível perceber a força da tradição de um
determinado valor ou costume cultural local”.
Em efeito, as técnicas corporais são assim formas de expressão
de cada grupo social específico, e a partir delas podemos tanto iden-
tificar ou diferenciar um grupo, singularmente. As técnicas expres-
sam significações que ultrapassam o puro ato motor, cada técnica
expressa, conforme o grupo social que a produziu e a reproduz, seu Gruppo Di Ballo Granello Giallo. Foto por E. J. Manzi.
próprio sentido, significado e eficiência, pois são construídas na
relação com o outro e com o meio, sustentados pela tradição. 6. Por exemplo, um gesto técnico, como a
O meio social, no qual os corpos se constituem culturalmente, conhecida “pedalada”, protagonizado pelo
refletem as relações históricas num determinado espaço geográfico o jogador de futebol Robinho (ex-jogador do
qual possibilitou a simbiose entre diferentes formas individuais de ex- Santos Futebol Clube e atuante no Real Madrid,
pressões e coletivamente de manifestações corporais. Ao estudarmos da Espanha), é, certamente, dotado de eficácia
as danças tradicionais regionais e locais queremos construir saberes simbólica para aqueles que prestigiam o jogador
sobre a cultura local e ampliarmos as referências para uma educação e é logo retirado do seu local de origem para
física que valorize as expressões populares no contexto escolar, prin- ser transformado, geralmente pelos meios de
cipalmente nos conteúdos da Educação Física e do ensino das Artes. comunicação, em um referente universal. Nesse
Saberes e expressões que constituem as maneiras de ser de um povo, contexto, certas técnicas corporais tornam-se
que no contexto das relações cotidianas garantem a sobrevivência da referentes que são postos na dinâmica mundial e
comunidade e de regiões interioranas desprovidas de bens sociais. tendem a ser universalizadas (DAOLIO, 2008).
Percepções do corpo
Ferreira e Magalhães (2005) 7 estudaram um grupo de mulheres
em uma região urbana sem as devidas estruturas sociais numa re-
gião metropolitana. Perceberam que o corpo das mulheres denun-
ciava as situações adversas a que estão submetidas em seu cotidia-
no de vida. A batalha diária de vida inclui os afazeres domésticos,
os cuidados com os filhos, o gerenciamento da alimentação da fa-
mília, o trabalho formal e, ainda, a rotina de subir e descer escadas.
Em meio a esse cotidiano de vida, o corpo das mulheres se revela
como um corpo para a produção, muitas vezes despercebido pelo
grupo. Nesse sentido, as mulheres apreendem a obesidade de múlti-
7. As citações que se encontram em itálico são plas formas e, até mesmo, afastando-se das concepções usualmente
transcrições do texto pertencente a Ferreira presentes no campo da saúde e da nutrição. A obesidade é uma
e Magalhães (2005), encontrado no artigo categoria comumente empregada no meio acadêmico, mas pode não
intitulado “Obesidade e pobreza, o aparente expressar os diferentes contornos sociais para as mulheres.
paradoxo: um estudo com mulheres da Favela As percepções acerca do corpo revelaram que o excesso de peso
da Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil”. Caderno de no grupo se relaciona essencialmente com o aparecimento de sinto-
Saúde Pública, v. 21, n. 6, nov./dez. 2005. mas clínicos diversos, com a menor agilidade e a menor disposição
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A disciplina e as táticas
no universo escolar
A disciplina constitui um elemento intraescolar que sustenta a
escola. Foucault (1997, p. 118) define disciplina como “[...] métodos
que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que re-
alizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõe uma relação
de docilidade-utilidade”.
O sucesso da disciplina precisa de pouco: olhar hierárquico,
castigo normalizador e “normatizador” e uma combinação que é
especifica do castigo, o exame. Isso compõe o poder disciplinar e
suas técnicas minuciosas, às vezes íntimas, mas com considerável
importância.
É fácil constatar essas minúcias no cotidiano escolar. Um olhar,
um psiu! A batida do apagador no quadro ou na mesa, o nome es-
crito no quadro, o encaminhamento à coordenação, os cinco minu-
tos sem recreio, as observações na caderneta, as notas no boletim,
o uso de óculos escuros em dia de avaliação... Tudo isso são táticas
usadas com frequência para garantir a “normalidade”.
Outras relações de poder, como as chamadas dos professores,
as conversas de alerta também são comuns, assim como os instru-
mentos de punição: suspensão etc. Já com os pais, o poder presente
no discurso apresenta todos os registros sobre o estudante e ante-
cipa a reprovação ou sua saída da escola. Essas ações são pequenas
astúcias dotadas de um grande poder (p. 120).
Foucault (1997, p. 120) fala que a “[...] disciplina é uma anato-
mia política do detalhe”. Em outras palavras, a disciplina se torna a
forma estruturada e organizada das relações humanas por meio dos
detalhes. Os mínimos detalhes constituem a política de controle e
utilização dos homens que vêm se desenvolvendo desde a era clás-
sica, com técnicas, processos, saberes, descrições, receitas e dados.
Foucault (1997) acredita que, em meio disso tudo, nasceu o homem
moderno.
Os mecanismos de controle
Nas reuniões com a coordenação pedagógica com professores, o
centro das discussões centra-se em elaborar meios ou mecanismos
para que os alunos possam estudar com disciplina e cumprir a pro-
gramação anual.
De acordo com Foucault (1977, p. 141),
“[..] o corpo, do qual se requer que seja dócil até em suas míni-
mas operações, opõe e mostra as condições de funcionamento pró-
prio a um organismo. O poder disciplinar tem por correlato uma
individualidade não só analítica e ‘celular’, mas também natural e
‘orgânica’.”
10. A aprovação no processo seletivo [...] micropenalidades do tempo (atrasos, ausências, interrupções
(vestibular) é uma vigilância social indireta das tarefas), da atividade (desatenção, falta de zelo), da maneira de
sobre o professor e sobre a instituição escolar. ser (grosseira, desobediência), dos discursos (tagarelice, insolência), do
Os exames estaduais e nacionais garantem a corpo (atitudes incorretas, gestos não conformes, sujeira), da sexuali-
amplitude da vigilância em rede e contínua. dade (imodéstia, indecência) (FOUCAULT, 1977, p. 159).
Trata-se de uma vigilância interinstitucional:
Estado/Governo x Escola/Universidade. São inúmeros os exemplos que caberiam nessas colocações, pois,
11. No Módulo III, estaremos abordando no cotidiano escolar, esses fatos permeiam a maioria das relações.
questões sobre o uniforme escolar. Constatada a transgressão à norma, a penalidade é uma consequ-
Em Foucault, encontramos possibilidades de teorizar acerca do O técnico colocava um jogador que dormia
processo de domínio do corpo. As instituições sociais modernas, e acordava cedo com um jogador problema...
como a escola e a universidade contemporânea disciplinam o indi- aqueles que dormem tarde. A norma era a
víduo, manipulam e controlam o corpo. A ordem social moderna se seguinte: quem acordar primeiro, chama o
sustenta na sua capacidade de comando e direção, permitida pelo outro... Um vigiava o outro... (ANJOS, 2003).
conjunto de instituições e organizações administrativas. A manipu-
lação ocorre pelo disciplinamento por meio das instituições sociais.
O esporte moderno pode ser considerado como instituição discipli-
nadora dos corpos. Essa concepção integra a obra de Muller, Dieguez
e Gabauer, conforme Bracht (1997), o que nos possibilita investigar
o esporte como instituição disciplinadora de corpos.
A idéia de poder que se estende ao conjunto de esferas sociais [...] a ordem não tem que ser explicada, nem
pode ser aplicada ao esporte, especialmente as relações de controle mesmo formulada; é necessário e suficiente
social, condicionamentos físicos, técnicos e táticos, ordenamentos e que provoque o comportamento desejado. Do
hierarquia das posições. O técnico revela seu poder por meio dos es- mestre de disciplina àquele que é sujeito, a
quemas. A instituição estabelece o que deve ser cumprido. Assim, o relação é de sinalização. O que importa não é
treinamento não é substancialmente um espaço de tempo para disci- compreender a injunção, mas perceber o sinal
plinar tática e tecnicamente, antes de tudo, trata-se de um poder dis- e reagir logo a ele, previamente (FOUCAULT,
ciplinar em forma de técnicas, dispositivos, métodos de controle do 1997, p. 77).
corpo e dos atos dos indivíduos, almejando rendimento e utilidade.
A disciplina produz maneiras de agir e comportamentos, fabri-
ca o homem necessário a determinadas funções. O poder disciplinar 13. Para Saldanha (1997, p. 38), a
trabalha o corpo no sentido de torná-lo força de trabalho, capaz de concentração de vários dias não traz nenhum
proporcionar os melhores rendimentos possíveis. efeito benéfico. A profissão de jogador de
A disciplina pode ser entendida como obediência à técnica e futebol já pode ser considerada como um
à tática, uma disciplina corporal e moral. O poder disciplinar se fim em si mesma, e não, como antigamente,
manifesta das seguintes formas: a) a disciplina é um tipo de or- um meio para abrir caminho. Esse fato leva a
ganização do espaço (espaço das concentrações); b) distribui os que o jogador brasileiro, e também de outros
corpos em espaços específicos e individuais (quarto... quem dorme países, tenha uma consciência profissional
com quem!); c) classifica-os, conforme determinadas funções (líder bem amadurecida. Não se pode tratá-los como
da equipe... sinal de exemplo!). delinqüentes.
“Os jogadores serão mais cobrados. Serão O Palmeiras, em 1993, elaborou um material de conduta para
tratados como verdadeiros profissionais, como os seus jogadores. Em 1996, no São Paulo, quando técnico, Telê
em uma empresa” (FOLHA, 1996). Santana disse que não queria saber de indisciplina e, para isso se
tornar possível, ele distribuiu uma cartilha aos jogadores. De fato,
o manual de conduta adotado pelos clubes brasileiros insere-se no
conjunto de sistemas disciplinares, conforme podemos encontrar em
Foucault.
- Não quero que o senhor tome isso como uma desculpa para a
derrota de ontem, herr Schoen. Mas esse isolamento, essa prisão,
já vem durando quatro semanas e está minando nossos nervos.
Schoen olhou Beckenbauer de frente.
- Muito bem, Beckenbauer. O que você sugere?
- Sugiro que o senhor modifique esse regime de concentração e
permita que os jogadores tenham, pelo menos, meia liberdade!
- E o que você entende por meia liberdade?
- Para começar, os casados devem poder estar com suas mu-
lheres e filhos, mesmo nas vésperas dos jogos. Os solteiros, da
mesma forma, devem poder sair com suas namoradas, sempre
que lhes der vontade. Liberdade com responsabilidade é o que
chamo de meia liberdade. Somos jogadores de futebol, mas so-
mos, antes de tudo, seres humanos.
A democracia corinthiana
[...] Em 1981 após um semestre de muita derrota e vergonha e
após a entrada de um novo diretor de futebol, Adilson Monteiro,
resolvemos instalar uma democracia no Corinthians, pois tínha-
mos como anseio alcançar nossos objetivos. A partir daí votáva-
mos tudo que se relacionava ao clube, desde a questão polêmica
da concentração até a escolha de treinadores. A respeito da con-
centração, votamos facultativo, assim aquele que achasse inte-
ressante concentraria ou não [...] (WLADIMIR, 1999, p. 91).
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Depoimento de Gabriele Andersen
http://pt.weshow.com/categories/editorial/esportes/video/maratona-
de-1984
REFERÊNCIAS 53
GLOSSÁRIO
Ações discursivas
Ações discursivas são interações consideradas como constituintes do
processo de construção de significados. São levados em conta os aspectos
culturais e sociais
Arquitetura de Bentham
Ao final do Século XVIII, o arquiteto Jeremy Bentham apresentou
um modelo de sistema penitenciário que anos depois viria a ser anali-
sado pelo filósofo Michel Foucault, o qual descreve essa arquitetura em
“Vigiar e Punir”. Os ocupantes das celas seriam controlados, isolados
uns dos outros por paredes e expostos para serem examinados coletiva e
individualmente por um observador, que não poderia ser visto, em uma
torre central.
Corpos dóceis
Para Foucault, o poder em todas as sociedades está ligado ao corpo. É
sobre ele que se impõem as obrigações, as limitações e as proibições. Daí
surge a noção de docilidade. Ocorpo dócil pode ser submetido, utilizado,
transformado, aperfeiçoado em função do poder.
Disciplina
Foucault estuda os mecanismos da disciplina como poder exercido
sobre os corpos, corpo que se manipula, modela, treina, que obedece,
responde e, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam. O corpo se torna
objeto e alvo de poder.
Disciplina corporal
Discurso
Diz e faz referência ao conjunto de regras e práticas que constroem
uma versão da realidade ao produzir representações sobre certos obje-
tos e conceitos e definir aquilo que se pode dizer sobre aqueles objetos
e conceitos, num momento histórico específico (FOUCAULT, 1987). Por
exemplo, as representações sobre a loucura (tema caro ao pensador fran-
cês, do qual ele se ocupou nos seus primeiros trabalhos) constroem-se
no interior de discursos que, num determinado período histórico e numa
determinada cultura, definem as regras que possibilitam articular certo
conhecimento sobre a loucura definem uma posição para o sujeito que
personifica aquele discurso (o louco; a mulher histérica); consubstan-
ciam práticas institucionais para se lidar com aqueles sujeitos; e definem
posições de autoridade para aqueles que articulam o discurso sobre a lou-
cura; (o médico; o psiquiatra). Ex.: Padrão corporal atual é um discurso,
às autoridades que articulam discursos: profissionais da educação física,
médicos, revistas, nutricionistas etc.
54 GLOSSÁRIO
Imitação prestigiosa
Segundo Mauss, o processo pelo qual as técnicas corporais são pre-
servadas chama-se “imitação prestigiosa”: as pessoas imitam atos bem-
sucedidos que elas viram serem efetuados por outros em quem confiam
ou que possuem autoridade sobre elas. Só que, a partir desse processo,
não acontece apenas a preservação de técnicas corporais, mas também a
sua transformação.
Olhar panóptico
No final do século XVIII, Bentham criou o panóptico (um prédio cir-
cular com uma torre central) idealizado para melhor vigiar os prisio-
neiros. Esse mesmo modelo foi usado para loucos, doentes, estudantes
e operários. O panóptico (literalmente, visão total) dissocia o par ver x
ser-visto, e faz do sujeito não um ser que vê, mas um ser visto que está o
tempo todo sob o foco do olhar do outro, engaiolado na pirâmide visual
do outro. Com esse artifício, o panóptico torna o olhar, ao mesmo tempo
totalizador (e totalitário) e particularizado para cada um. O olhar é para
todos universal e, para cada um, singular.
Poder
O conceito de poder trabalhado por Michel Foucault se dá por meio de
um sistema disciplinar disperso, que funciona anonimamente, por meio
de um controle incessante que se faz valer de práticas discursivas para
aplicar-se sobre os sujeitos. Em cada relação social, guarda em si uma
possível relação de poder. Assim, o poder é móvel e pulverizado sobre as
diversas relações, pode ser positivo quando é necessário e contém uma
função social.
O autor não vê o poder localizado somente no governo, nem no Estado,
como visualiza a concepção marxista, mas presente em todos os lugares,
em todas as classes sociais e atinge todas as pessoas. Ele se dissemina e
se articula não exercendo um papel puramente repressivo, mas também
produtivo. Não existe poder único, porém práticas de poder no cotidiano,
espalhadas por todas as estruturas sociais através de um conjunto de
mecanismos, a disciplina
GLOSSÁRIO 55
José Luiz dos Anjos
Licenciado em Educação Física, pela
Universidade Metodista de Piracicaba
– UNIMEP, Mestre em Filosofia da
Educação, pela mesma instituição e
Doutor em Ciências Sociais, pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo PUC/
SP. Atualmente professor adjunto do
Centro de Educação Física e Desportos,
no Departamento de Desportos. É
membro fundador do CESPCEO, onde
orienta alunos e professores nas
temáticas: Práticas Corporais e Estudos
Socioantropológicos do Esporte.
De 2004 a 2008, foi vice-diretor do CEFD
e, nesse período, coordenou os projetos de
extensão do CEFD/UFES.