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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

-EMERJ-

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROGRAMA DO CURSO

CPIV C 1 2019 – TÉCNICA DE SENTENÇA

As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 18/3, 11/4 e


10/5.

SESSÃO IV: Dia 11/4/2019 - 20h 10min às 22h

Prof. Dr. Ricardo Coimbra da Silva Starling Barcellos

TEMA: Direito Administrativo. Responsabilidade do Município em conceder


transporte para tratamento médico.

CASO CONCRETO:

Joana Austin ajuizou ação de obrigação de fazer com pedido de tutela


antecipada em face do Município de Teresópolis. A autora narra que, em virtude
de ter se submetido a transplante renal há dezesseis anos, necessita de rigoroso
acompanhamento clínico para evitar a rejeição do órgão.
Alega a autora que, durante todo esse período em que realiza o
tratamento, teve à sua disposição viatura fornecida pelo próprio Município de
Teresópolis. Entretanto, na véspera da consulta marcada para 3 de maio de
2017, foi informada sobre a interrupção dos serviços de transporte. Em que pese
a autora tenha remarcado a consulta médica para o mês seguinte, na esperança
de ver revertida a sua situação extrajudicialmente, a postura do réu foi mantida.
Joana Austin afirma não ter condições financeiras de se deslocar até o
Hospital Universitário Clementino Braga Filho, localizado na Ilha do Governador,
onde realiza o acompanhamento, tendo em vista que vive com um salário-
mínimo. Além disso, deve ser ressaltado que a autora é portadora da Síndrome
de Giullian Barré, o que impossibilita que faça uso de transporte público. Por
causa das limitações físicas oriundas da doença, a autora necessita de viatura
adequada para ser transportada em segurança.
Dessa forma, diante da imperiosa necessidade de continuar o
tratamento e da recusa do réu em disponibilizar meio de transporte adequado, a
autora recorre ao Judiciário, pois entende que teve violado o seu direito
fundamental à saúde, e que o panorama narrado, principalmente no que tange à
perda de consultas, gerou-lhe danos de ordem moral.
Pelos motivos expostos, Joana Austin pede que o réu seja condenado
a promover o transporte do autor de sua residência até o Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho, com direito à acompanhante, sempre quando houver
consulta médica marcada, sob pena de multa no valor de R$ 10.000,00 para cada
consulta perdida. A autora pede, ainda, a condenação do réu ao pagamento de
R$ 50.000,00, a título de danos morais, além de confirmação dos efeitos da
antecipação de tutela, que formula nos mesmos termos do pedido principal.
Em contestação, preliminarmente, o Município de Teresópolis suscita a
ausência de interesse da autora, uma vez que a Lei Municipal n. 0123 garante a
concessão de passe livre a quem dele necessita por questão de saúde. Por isso,
está nítido que a autora já tem à disposição transporte coletivo gratuito, de modo
que a presente demanda perde a razão de existir.
No mérito, o réu alega que a pretensão autoral não pode prosperar por
problemas de orçamento. Em virtude da crise financeira que atinge todo o país, o
réu, atualmente, vê-se perante uma realidade diversa, isto é, atualmente não se
encontra em condições financeiras para manter o serviço de transporte da autora.
Em caso de condenação, haverá o risco de a educação e de outros tratamentos
médicos de maior urgência serem preteridos.
O réu afirma ser necessário ressaltar que o Judiciário não tem
conhecimento da complexidade em que consiste a organização dos cofres
públicos, além de não poder condenar o Executivo a cumprir determinada
política, sob pena de desrespeito ao pacto federativo, consubstanciado no art. 2º
da Constituição Federal.
O réu narra que concedia cartão de passe livre a todas as pessoas
que, por questões de saúde, diziam ter necessidade de tal benefício, todavia,
esse programa gerou inúmeras fraudes, motivo pelo qual, hoje, a entrega dos
cartões, conquanto continue, passou a depender de perícia médica. Assim, tendo
em vista que basta ao autor que se submeta à perícia para o uso do transporte
público gratuito, não há de se falar, por conseguinte, em dano de naipe moral.
Pelos motivos expostos, o Município de Teresópolis pede que, caso a
preliminar não seja conhecida, os pedidos da autora sejam julgados totalmente
improcedentes.
O pedido de tutela antecipada foi deferido para garantir o transporte à
autora, nos termos do pedido na petição inicial, sob pena de pagamento de R$
3.000,00 para cada consulta perdida.
Elabore a sentença. Não há necessidade de relatório.

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