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Engenharia na Agricultura

Boletim Técnico n008


ISSN 1518-9953

Manual de Construção da
Abanadora Mecânica com
Acionamento Manual para Café

Cristiane Pires Sampaio1


Marise Cotta Machado2
Roberta Martins Nogueira3
Juarez de Sousa e Silva4

1
Enga Agrícola, D.S. Pesquisadora do CBP&D-café, cpsampaio@ufv.br
2
Enga Agrícola, M.S. Doutoranda em Engenharia Agrícola, mcmachado@ufv.br
3
Estudante de graduação em Engenharia Agrícola,
4 o
Eng Agrônomo, Prof. Titular Voluntário-DEA/UFV, juarez@ufv.br

Todos os direitos são reservados à


Revista Engenharia na agricultura
Associação dos Engenheiros Agrícolas de Minas Gerais
1. INTRODUÇÃO

A busca por qualidade é hoje uma das maiores preocupações


nos diversos segmentos produtivos do Brasil.
O café é um dos poucos produtos cujo valor cresce com o
nível de qualidade, ou seja, quanto melhores a aparência, a
sanidade e a qualidade da bebida, maiores serão os preços pagos
pelo produto.
Além da condução da lavoura, os processos de preparo,
secagem e armazenagem são fundamentais para a manutenção da
qualidade do produto após a colheita, sendo, portanto, muito
importantes na escolha correta da infra-estrutura para atender à fase
final da produção do café.
O Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade
Federal de Viçosa, com o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa
e Desenvolvimento do Café (CBP&D-Café), vem trabalhando na
busca de alternativas tecnológicas, viáveis em diversas escalas de
produção, que contribuam para a manutenção da qualidade do café.
No Brasil, em virtude do método de colheita empregado, o
café colhido é constituído de uma mistura de frutos verdes, maduros
(cereja e verdoengos), passas e secos, folhas, ramos, torrões e
pedras. Após a colheita por derriça ao chão, no pano ou
semimecanizada, o café deve ser submetido ao processo de
separação das impurezas, o que pode ser feito por peneiramento
manual ou por máquinas de pré-limpeza. Depois da colheita, este é
o primeiro passo para atingir a qualidade desejada pelo mercado
externo.
2
Para se proceder a essa operação, no caso de colheita
manual, a UFV/CBP&D-Café desenvolveu e apresenta, neste
manual, uma abanadora mecânica com acionamento manual (Figura
1), cuja proposta é deixar ainda na lavoura grande parte das
impurezas, além de reduzir o esforço físico e a insalubridade,
quando comparada com o convencional e ineficiente processo de
abano por peneiras (Figura 2).
Minas Gerais e Espírito Santo são Estados líderes na
produção cafeeira no país. Seus cafezais, em grande parte, estão
localizados em regiões montanhosas e são gerenciados por
pequenos e médios cafeicultores. Assim, este segmento da
agricultura tem importância significativa na participação da renda e
na geração de emprego destes Estados.

Figura 1 - Abanadora portátil com acionamento manual.

3
Figura 2 – Processo convencional de abano por peneiras.

Em geral, nessas pequenas e médias lavouras de café, onde


são usados os mesmos recursos e, muitas vezes, sob condições de
cultivo semelhantes, tem-se notado a obtenção de produtividades e
qualidades diferentes. Esse fato revela a necessidade de melhores
tecnologias e de treinamento para uso mais adequado dos recursos,
tanto técnicos quanto financeiros, e gerenciamento mais eficiente da
propriedade.
A melhoria da produtividade e da qualidade do café implica
eficiência no uso de insumos, da mão-de-obra e dos tratos culturais,
no transporte, na separação e na escolha adequada das técnicas de
secagem, armazenamento e beneficiamento dos grãos.
De maneira geral, a colheita do café no Brasil é feita
predominantemente pelo processo de derriça manual. Neste caso, o
café é derrubado no chão ou no pano, recolhido, abanado e posto a
secar em terreiros ou secadores mecânicos e, muitas vezes, sem
nenhum tratamento prévio.
Do tempo gasto nas operações de colheita manual, 60 a 70%
é utilizado na derriça, 20 a 30% no recolhimento e 10 a 15% na
abanação (RIGITANO, 1975). Durante todo o processo de colheita
por derriça, seja no pano ou no chão, ou mesmo por colheita
4
semimecanizada, a separação da impureza é de suma importância
para obtenção de cafés de alta qualidade. É na pré-limpeza que são
eliminadas as principais impurezas que normalmente acompanham
o café logo após a colheita. Além de evitar as indesejáveis
contaminações por microrganismos e suas conseqüências, a
eliminação das impurezas evitará os constantes transtornos nas
operações de secagem, armazenagem e beneficiamento, em razão
do gasto excessivo de energia e mão-de-obra e do desgaste
desnecessário dos equipamentos envolvidos nessas operações.
Apesar de a pré-limpeza por abanação manual ou mecânica
ser de extrema importância, não é suficiente para obtenção de cafés
de qualidade. A separação dos diferentes tipos de café (cerejas,
bóias e verdes) e destes das impurezas residuais pode ser feita por
meio de lavadores (lavador portátil, lavador maravilha e lavador
mecânico). A limpeza do café pode ainda ser feita por máquinas que
utilizam peneiras ou seletores (máquinas de peneiras e
ventiladores).
Se o café não foi submetido a uma pré-limpeza no campo,
antes de ser levado ao separador hidráulico, deve obrigatoriamente
passar pelo sistema de peneiras mecânicas localizado a montante
do lavador. O restante das impurezas é separado na bica e
eliminado por meio de um dispositivo próprio de cada lavador.
A abanação manual, conforme Figura 2, é uma operação de
baixo rendimento. Nem sempre existe ventilação natural que auxilie
na eliminação de folhas, cascas, ramos e frutos chochos. Como dito
anteriormente, a contaminação do produto com paus, folhas, terra
etc. aumenta a probabilidade de ocorrência de micotoxinas (toxinas
produzidas por fungos), aspecto qualitativo ao qual o mercado
internacional tem, atualmente, dado grande importância.
Independentemente de ser executada por homem ou mulher,
a abanação com peneiras é trabalho penoso. Além de requerer
resistência física, necessita de muita habilidade para a sua execução
e é altamente prejudicial à saúde.
As máquinas utilizadas para separar o produto de impurezas
ainda no campo facilitam muito o trabalho de colheita manual. A
passagem do café colhido por máquinas de ar e peneira antes do
sistema de lavagem pode resultar numa sensível redução no
consumo de água pelos lavadores e no aumento da eficiência de
5
separação desses equipamentos. Com a dificuldade de contratação
de mão-de-obra, a tendência natural é a expansão do sistema misto,
ou seja, o emprego equilibrado de mão-de-obra e máquinas,
principalmente nas regiões de cafeicultura de montanha, que
possuem fatores limitantes para a colheita mecanizada.
Tendo em vista a necessidade de melhorar o desempenho da
colheita, evitar a degradação do solo, reduzir as fontes de
contaminação e diminuir a mão-de-obra nas etapas de preparo,
desenvolveu-se uma máquina para abanação e separação de frutos
de café, que será apresentada detalhadamente neste boletim, cujo
objetivo é ensinar ao cafeicultor ou ao pequeno empresário as
técnicas de construção de uma pequena máquina de pré-limpeza de
café, que deverá ser utilizada na lavoura, logo após a derriça das
cerejas, e, ainda, quando da coleta do café de varrição. Trata-se de
um equipamento portátil, de baixo custo, fácil de transportar e
operar, aqui denominado “Abanadora manual para café”.

2. A ABANADORA

A abanadora manual para café (Figura 3a,b) é um


equipamento constituído por um conjunto de duas peneiras
oscilantes e uma móvel (opcional), dispostas de forma a separar
impurezas maiores (folhas, paus, torrões) do café cereja e de frutos
muito pequenos ou mal formados.
A vibração das peneiras é obtida por meio do acionamento da
manivela e de um conjunto de polias. O carregamento é feito no
depósito localizado na parte superior da máquina. Deste
reservatório, o material (café + impurezas) passa pela peneira
superior, onde são retidas as impurezas maiores (folhas, paus etc.),
que são direcionadas para as calhas, situadas nas extremidades das
peneiras. O refugo (frutos de pequenas dimensões) pode ser
recolhido na peneira (opcional) localizada na parte inferior da
máquina.

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(a) (b)
Figura 3 - Vistas frontal (a) e lateral (b) da abanadora manual para
café.

3.CONSTRUÇÃO DA ABANADORA

Neste manual são apresentados todos os detalhes para a


construção de mais uma tecnologia adaptada pela Universidade
Federal de Viçosa, em parceria com o CBP&D-Café, com o objetivo
de melhorar os aspectos referentes ao segmento da pós-colheita e
contribuir de forma significativa para a produção de café com
qualidade.
Vale ressaltar que todos os componentes da abanadora serão
descritos de forma detalhada, para que o interessado possa, de
maneira rápida e com baixo custo, construir um equipamento útil não
apenas para o café, mas para outros tipos de grãos agrícolas. Na
Figura 4 são mostrados, em perspectiva, todos os componentes
essenciais da abanadora.

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1

2
5
3

Figura 4 - Vista detalhada dos componentes da abanadora manual


para Café.

1- Reservatório de café da roça;


2- Peneira superior (crivos maiores ou de 15 a 20 mm):
separação das impurezas, como torrões grandes, pedras,
galhos e folhas;
3- Peneira inferior (crivos menores que 5 a 7 mm): separação do
café limpo;
4- Polia e manivela para o acionamento das peneiras;
5- Base de sustentação dos componentes da abanadora,
construída em metalon de perfil quadrado de 50 mm ou
similar.

3.1. Base de sustentação ou chassi (Figura 5).

As dimensões e os detalhes para a construção da base da


abanadora podem ser observados nas Figuras 6, 7 e 8.

8
Figura 5–Base para sustentação ou chassi da abanadora.

Materiais: além de polias, manivela, eixos e peneiras, devem ser


adquiridos:

• Cantoneira: cantoneira de 25 x 25 mm;


• Tubo retangular: metalon de 20 x 30 mm;
• Tubo quadrado: metalon de 50 x 50 mm;
• Material para solda elétrica.

Figura 6

9
Figura 7

Figura 8

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3.2. Peneiras

3.2.1.Peneira para impurezas grossas

Esta peneira possui como objetivo fazer a separação das


impurezas, como: paus, pedras, folhas, torrões e terra do café
colhido na roça. Os detalhes e dimensões poderão ser vistos nas
Figuras 9 e 10.

Materiais:

• Parafuso: 3/8”;
• Barra chata: de 3/16” x 1 ¼”;
• Tubo de metalon: quadrado de 70 x 50

Figura 9
11
Figura 10

3.2.2. Peneira para impurezas finas

Esta peneira possui como objetivo fazer a separação das


impurezas mais finas do café vindo direto da roça. Maiores detalhes
podem ser observados nas figuras a seguir.

Materiais:

• Tubo: de metalon quadrado de 70 x 50 mm;

Figura 11

• Chapas perfuradas das peneiras (detalhe).

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Figura 12

3.3. Moega

Figura 13

13
3.3.1. Corte das chapas

Figura 14

3.3.2. Detalhe da abertura da moega

Figura 15

14
Figura 16

3.3.3. Montagem da moega

Figura 17

15
4. Polia

Figura 18

Esticador da correia – corte


Figura 19

16
5. Eixo da manivela

Figura 20

Manivela – Detalhes
Figura 21

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Manivela – Detalhes
Figura 22

Manivela – Detalhes
Figura 23

18
Figura 24

Figura 25

Figura 26

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6. Teste no campo

No Quadro 1 são apresentados os resultados obtidos para a


amostra-padrão, com as percentagens das impurezas e de café
limpo, além do teor de umidade média das amostras avaliadas. A
partir dessa referência, considera-se que a amostra de café está
limpa se forem retirados 5,7% de impurezas da massa total da
amostra.
Os resultados obtidos para a proporção de impurezas
retiradas das amostras iniciais nos processos de pré-limpeza
(abanadora mecânica) e abanação manual são apresentados no
Quadro 2. Observa-se que em ambos os processos foram retiradas
menos impurezas que no processo de limpeza manual (padrão). Não
houve variação na quantidade de impurezas retiradas entre a
abanação manual e a abanação mecânica. Em ambos os processos,
a eficiência na limpeza, em relação à quantidade de impurezas
removidas, é praticamente a mesma.
Quanto à capacidade de pré-limpeza, a abanadora mecânica
apresentou valores superiores aos da abanação manual. Esses
resultados podem ser observados no Quadro 3. Além da maior
capacidade da abanadora mecânica, o esforço requerido pelo
operador no protótipo é bem menor que o requerido na abanação
manual.

Quadro 1 – Padronização da amostra de café colhido por derriça ao


pano

Amostra Café Folhas Refugo Sujeira Total de Teor de


Limpeza limpo impurezas umidade
manual (b.u.)
100% 94,3% 0,6% 3,1% 2,0% 5,7% 67,03%

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Quadro 2 – Proporção média de impurezas nas amostras de café
processadas na abanadora mecânica e na abanação
manual

Teste Amostra Proporção de


impurezas
Abanadora mecânica 100% 4,3%
Abanação manual 100% 4,2%

No Quadro 3 pode ser observada a capacidade de pré-


limpeza da abanadora mecânica e da operação de abanação
manual. Analisando esses resultados, percebe-se que a abanadora
mecânica é bem mais eficiente que a operação manual, o que torna
esse protótipo uma máquina viável na otimização do processo de
pré-limpeza do café recém-colhido.

Quadro 3 – Média de produto limpo (kg) na operação de abanação,


por unidade de tempo

Teste Capacidade de pré-limpeza


(kg/min)
Abanadora mecânica 19,90
Abanação manual 4,30

Dados do campo

Abanação mecânica Tempo (min) Café limpo


Café de derriça no pano 1:68” 50 L
Café de chão* (varrição) 3:17” 50 L
*Observação: reservatório= 192Ló50 L café limpo abanado

Café de chão (varrição) - repasse

Tempo (min) Café limpo Sujeira (terra)


59:65 50 L 24 L
Observação: café abanado na peneira manual e repassado na
abanadora mecânica.
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Abanação manual (peneira)

Tempo (min) Café Limpo


21:75 50 L

Pode-se observar que a abanadora mecânica apresentou


grande eficiência em relação à abanação manual convencional.

Fotos de campo

Figura 27-Abanadora mecânica sendo utilizada no campo.

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Figura 28- Trabalhadores manuseando a abanadora mecânica no campo

Figura 29- Café limpo que foi abanadora pela abanadora mecânica

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