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Éva Hegedűs

Relações bilaterais entre Angola e a Hungria nos anos 70 e 80

Introdução

Especialistas e bolseiros, autocarro Ikarusz, medicamentos, pinto do dia, tratamento


médico – só alguns momentos das relações bilaterais que outrora eram bem intensivas
entre Angola e a Hungria. Demais, tanto a liderança húngara como a angolana planeava-
as a longo prazo e afagava grandes esperanças para elas. Mas a mudança do regime e a
consequente extinção da ligação ideológica que tinha unido os dois países, e também a
crise económica e financeira em ambos os lados, irromperam.
Este estudo apresenta as relações húngaro-angolanas dos anos 70 e 80: o que
“incentivou” a Hungria a tomar os contactos oficiais com Angola, como isso se ajustou
à então política externa húngara, de que serviu e porquê. O estudo analisa também como
o espírito empreendedor húngaro foi diminuindo e as relações bilaterais foram descendo
pouco a pouco até ao nível mínimo depois da mudança do regime.

Ideologia comum e estabelecimento de relações

Como a capital de Angola, Luanda, estava nas mãos do MPLA (o Movimento


Popular de Libertação de Angola) à meia-noite de 10 de Novembro de 1975, foi ele que
pôde declarar a independência do país e organizar um governo. O MPLA era um
movimento socialista, assim começou a estabelecer um estado de sistema socialista, e
esta opção implicou a “adesão ideológica” à comunidade socialista que estava à sombra
da União Soviética e levou ao desenvolvimento das relações com os países que
pertenciam a esta comunidade.1
Sendo um país anexo ao bloco socialista, a política externa húngara também se teve
de acomodar ao ideário da política externa soviética e o país teve de estar presente nas
relações e na economia externa de Angola. Segundo um documento da época: “As
relações que nos liga[ra]m à República Popular de Angola [foram] determinadas pelos
princípios da nossa política externa, a prática delas ajeit[ou]-se à estratégia

1
concertada dos países socialistas amigos.”2 Um dos princípios desta política externa foi
o alargamento das relações com os países em desenvolvimento que optaram pelo
socialismo, nomeadamente com o Afeganistão, Angola, o Benin, a Etiópia, Iemen,
Congo e Moçambique.3
No entanto, as relações entre Angola e a Hungria não datam da obtenção da
independência. A Hungria prestava auxílio ao MPLA já desde 1967 e ajudava o
movimento na sua luta libertadora contra os portugueses através da Comissão de
Solidariedade da Hungria, com remessas de ajuda militares, formação de bolseiros e
tratamento de feridos. Esta ajuda militar continuou depois de 1975 também, até à
mudança do regime, durante a guerra civil que rebentou entre o MPLA e a UNITA e até
à sua desintegração, estendendo-se à FNLA logo depois da independência e durou com
menores e maiores interrupções até 2002.4

Depois de Angola ter ascendido à independência, a Hungria reconheceu a


constituição da nova República Popular já a 12 de Novembro, no dia seguinte à sua
proclamação. Em 1976 fundou uma embaixada e em 1977 uma Delegacia Comercial do
Ministro do Comércio Exterior. Nos anos seguintes, as delegações partidárias e militares
foram e vieram entre Budapeste e Luanda e um grande número de acordos foi celebrado
entre os dois países entre 1977 e 1979. Além do Tratado de Amizade e de Cooperação
para duas décadas, celebrámos um Acordo de Cooperação Técnico-Científica e os
Acordos Comercial, Agrícola, Interbancário, Cultural, de Saúde, de Cooperação das
Televisões, de Cooperação dos Partidos, de Cooperação entre a Secretaria de Estado dos
Antigos Combatentes e Veteranos da Guerra e a fundámos Associação de Guerrilheiros
Húngaros, só para mencionar alguns.5
Quais foram as motivações que levaram a Hungria a desenvolver as relações com
Angola? A carta do Comité Central do Partido Socialista Operário Húngaro ao Conselho
de Ministros de 24 de Fevereiro de 1976 sobre a decisão de fundar uma embaixada
resumiu bem quais foram estes interesses: 6 “Angola [era] rica em minerais, pod[ia] ser
um mercado significante para os nossos produtos, encontra[va]-se num lugar
estrategicamente importante do ponto de vista do destino da região sul-africana,
perante as suas costas passa[va]m aqueles percursos marítimos que rode[ava]m a
África, [tinha] ligação às costas orientais do continente por meio de três linhas de
caminho de ferro e após certos países africanos também os países socialistas europeus
iam estabelecer uma representação.”7

2
Em suma, a liderança angolana apreciou a ajuda e a cooperação húngaras, mas na sua
política externa utilizou categorias e o país ficou na segunda categoria. 8 À primeira
pertenceram Cuba, a União Soviética, a Polónia, a República Popular de Alemanha e a
Jugoslávia. Na segunda categoria ficaram ainda a Roménia, a Checoslováquia e até
mesmo a Bulgária, apesar de os búlgaros estarem muito mais na vanguarda do
desenvolvimento das relações bilaterais do que os húngaros.9

A exportação da perícia húngara – envio de especialistas e recepção de bolseiros

As relações bilaterais entre Angola e a Hungria basearam-se praticamente na


Cooperação Técnico-Científica que significava envio de especialistas e recepção de
bolseiros. No tempo do socialismo a Hungria fez um Acordo de Cooperação Técnico-
Científica com quase 57 países em desenvolvimento, entre eles com Angola a 2 de
Setembro de 1977. A organização e a coordenação da “entrega da massa cinzenta
húngara” foram tarefa da empresa estatal Tesco (Agência da Cooperação Técnico-
Científica Internacional) que tinha uma representação local também em Luanda entre
1977 e 1982.10

Entre 1977 e 1989 a Hungria enviou perto de 140 peritos para Angola, entre outros
cooperantes de indústria de borracha, desenhadores técnicos, peritos de indústria
moleira, de construção de máquinas, metalúrgicos, geólogos-hidrólogos, farmacêuticos,
cirurgiões, ginecologistas, virólogos, professores universitários, agricultores,
avicultores, peritos piscícolas, treinadores de natação e de futebol. José Eduardo dos
Santos, o presidente angolano, aventou a sua ideia a János Kádár, numa consulta de
círculo restrito em 1981, segunda a qual os dois países tinham de cooperar em forma de
empresa mista: os países socialistas asseguravam os quadros dirigentes para 5 a 10 anos
e nesse período formavam o suprimento angolano.11 Mas na realidade os cooperantes
húngaros foram precisos na maioria das vezes não só para aconselhamento, mas
também para trabalho operatório pois os angolanos em geral não tinham conhecimentos
nem sobre o lado técnico da produção.
Convém notar também que o número de especialistas enviados foi muito mais baixo
do que a Hungria assumiu. Na reunião do COMECON em Abril de 1977 os países
membros acordaram que iam enviar 900 peritos em 1977 e no total quase 6000 até 1980
para Angola como ajuda. A Hungria comprometeu-se a delegar 50 e 150 especialistas,

3
respectivamente, mas até 1980 conseguiu enviar só 33 e nos anos seguintes o número
dos enviados reduziu-se continuamente.12 A causa principal desta redução via-se já
desde o início: “A parte angolana não [estava] devidamente preparada para a recepção
dos cooperantes estrangeiros, respond[eu] devagar às matérias profissionais oferecidas,
e dificilmente consegu[iu] assegurar o emprego e as condições técnicas por causa das
deficiências da organização interna.”13 Por tudo isso, como também István Bene, um dos
então directores-gerais da Tesco descreveu mais tarde num dos seus relatórios, “não era
possível para Hungria para enviar cooperantes em número maior, visto que a parte
angolana não podia assegurar nem sequer os seus compromissos mais fundamentais – a
casa e a viação”.14 Mas à imagem completa pertence também o facto de que muitas
vezes a Hungria não ofereceu outras pessoas em vez das que cancelaram a viagem, não
enviou as matérias profissionais a tempo e não conseguiu recrutar as pessoas
adequadas.15 Contudo, contra as circunstâncias e os perigos, muitos teriam assumido a
delegação, porque os salários eram bastante atraentes e um serviço no exterior
significava grande prestígio.16 Em vez do regresso antecipado para casa, a intenção de
prolongamento foi frequente. Se houve um problema, esse foi o conhecimento da língua
pois naquele tempo o domínio do português era ainda raro na Hungria.
O maior êxito teve a delegação do Banco Nacional da Hungria, liderada por György
Tallós e composta por economistas húngaros.17 Entre 1984 e 1990 os membros da
delegação deram conselhos nas consultas em Luanda e em Budapeste em questões de
política cambial, de organização bancária, de orçamento, de organização de comércio
externo, e em assuntos de imposto, de seguro e de alfândega. Além disso, proferiram
numerosas conferências, por exemplo sobre a organização bancária húngara, as
experiências húngaras nas instituições monetárias internacionais, e tiveram também um
papel importante na elaboração do programa de reforma económica angolana em 1987.
Como György Tallós resumiu em 1988, os dois maiores resultados do trabalho deles
foram que por um lado conseguiram “convencer Angola de que o modelo da economia
planificada centralizada não [era] aplicável com êxito de modo nenhum nas condições
angolanas”, e na Primavera de 1984 “impediram uma troca monetária precipitada,
economicamente não fundamentada e tecnicamente não preparada pelas suas
observações, imediatamente antes da sua introdução.”18 Embora nos últimos dois anos a
cooperação já não fosse tão fluente, e tacitamente acabasse em Julho de 1990 depois de
Angola não ter preparado os documentos necessários para o encontro e também ter
efectuado uma outra troca monetária, contrariada pelos economistas húngaros, 19 o

4
aconselhamento serviu o interesse da Hungria também. Devido a esta cooperação, a
Hungria foi o único país a que, por um curto tempo, Angola não deveu.20

Além do envio de especialistas, a Hungria recebia um grande número de bolseiros


angolanos todos os anos. A recepção de bolseiros que vieram para cursos médios, pós-
graduais, de curta ou longa duração foi organizada pela TESCO, mas as bolsas
universitárias pertenciam ao Departamento dos Bolseiros Estrangeiros do Ministério da
Cultura. Os bolseiros estudaram nas áreas mais diversas, como avicultura, farmacologia,
electrotécnica, engenharia mecânica, química alimentícia, economia política, direcção
do empreendimento, cartografia, de geofísica, e assim por diante.
O capítulo de maior volume da recepção de bolseiros foi a formação de oficiais por
quatro anos e a de suboficiais por dois anos na Escola Superior Técnico Militar Zalka
Máté em Budapeste, no Escola Superior Militar Kossuth Lajos em Szentendre e no
Centro da Instrução Antiaérea em Debrecen. 21 Entre 1983 e 1992 mais de 100 oficiais e
suboficiais angolanos fizeram os seus estudos nas instituições militares húngaras, e
depois de terem voltado para casa alcançaram em geral altas posições. As especialidades
eram as mais diversas, como fuzileiro automatizado, serviço de comunicações, raquete
antiaéreo, locador de rádio, técnica blindada e de veículo, intendência, defesa química,
assuntos financeiros militares. A sua formação ajustava-se às condições no país de
origem, uma vez que eles não precisavam, por exemplo, de aprender tiro em tantas aulas
como os estudantes húngaros, pois a maior parte deles sentou-se no banco escolar vinda
directamente do campo de batalha e tinha já atirado em fogo real enquanto que ali só
praticavam.22 Até 1990 a formação dos suboficiais era gratuita, mas a seguir ambas as
formações eram prestadas por reembolso.23 Como a partir dos meados dos anos 80 os
problemas financeiros de Angola se agravaram, o país já não conseguiu pagar a
formação dentro do prazo e em montante completo, e as suas dívidas foram
aumentando. Finalmente, em Agosto de 1992 os 82 bolseiros militares que ainda
estudavam na Hungria foram convocados com a alegação de que o MPLA queria evitar
ser acusado pela UNITA de ter reservas militares no estrangeiro.24 Assim a formação dos
oficiais e suboficiais angolanos na Hungria acabou sem que a dívida de 600 mil dólares
(quase 46 milhões florins em valor de então) fosse saldada.25

5
Também a perícia húngara no terreno era atraente para Angola: a partir de 1965 a
Hungria recebeu regularmente soldados feridos para tratamento médico gratuito, na
maioria das vezes para suplemento das extremidades e reabilitação posterior. 26 Os que
esperavam uma prótese preferiam os hospitais húngaros porque lá tinham acesso a
instrumentos de boa qualidade e produzidos pela tecnologia da Alemanha oriental a um
custo comportável. Assim por exemplo a moderna prótese bioeléctrica que se ligava às
terminações nervosas e com a qual o seu proprietário conseguia retomar os
movimentos.27

O envio de peritos e a recepção de bolseiros – além de terem ajudado a nível do


desenvolvimento da economia angolana e do capital humano – terão servido de
publicidade informal também para dar a conhecer a economia húngara, procurar
mercados para os produtos húngaros e adquirir diversas matérias-primas de que o país
não dispunha. Na realidade as ideias só em parte se realizaram. Mesmo que os
cooperantes húngaros tenham ajudado para o estabelecimento das relações comerciais e
a Hungria se tenha esforçado por pôr os bolseiros ao corrente dos “sucessos” da sua
produção económica, isso não se fez sentir espectacularmente na circulação comercial
entre os dois países. E a aquisição das matérias-primas de que a Hungria necessitava
não se realizou devido à falta da mercadoria angolana, mais precisamente, devido à falta
de minerais trazidos para cima das entranhas da terra e à falta de produtos agrícolas
colhidos. Em duas palavras duas coisas teriam sido essencialmente precisas para obter
resultados concretos: maior capital e mais tempo.

Autocarro Ikarusz, telecomunicação e outros produtos – Angola como mercado


potencial

Uma vez que se esperava que a Hungria participasse como membro do COMECON
na actividade do bloco socialista em Angola, a liderança húngara tentou fazê-lo de modo
a que fosse vantajoso para si também e esforçou-se por encontrar mercado para os seus
produtos industriais e agrícolas em Angola. A asseveração duma cooperação na base de
vantagens mútuas ficou particularmente enfatizada a partir dos meados dos anos 80
paralelamente à agravação da situação económica húngara e à acumulação das dívidas
de Angola. Mas até à mudança do regime as relações comerciais foram bastante

6
unilaterais, praticamente só a Hungria exportava, em geral no valor de quatro a cinco
milhões de dólares por ano.28

O negócio mais significativo e lucrativo foi a montagem e a reparação de


autocarros.29 Em Viana, a 40 quilómetros de Luanda montava-se carroçaria de autocarro
Ikarusz para chassis Volvo e Scania com a ajuda de especialistas húngaros enviados. 30
Num outro estabelecimento chamado “Manauto 3” especialistas húngaros da fábrica
Pannonauto de Pécs reparavam estes autocarros. O governo angolano tinha grandes
planos com a cooperação de autocarros. Já o primeiro presidente, Agostinho Neto, tinha
planeado organizar o tráfego de Luanda com os autocarros Ikarusz e estabelecer uma
rede de serviço com pessoal formado pelos especialistas húngaros. Mas também a
Hungria arquitectava grandes planos: queria criar uma grande empresa com fábricas em
Angola e em Moçambique com que pudesse vir a abastecer toda a África do Sul com
autocarros Ikarusz. Por fim, nada disto se realizou porque, no momento da mudança do
regime, quer a empresa angolana quer a empresa estatal Mogürt que organizou todo o
negócio ficaram cada vez mais insolventes e assim suspenderam os fornecimentos a
crédito.
O ramo segundo mais lucrativo das relações comerciais foi o fornecimento de
diferentes artigos de telecomunicações, instalações de ondas ultracurtas e componentes
da central telefónica, produzidos na Fábrica Radiotécnica de Budapeste, pela empresa
Budavox. A Budavox realizou a segunda maior circulação atrás da Mogürt, com uma
exportação no valor de 152 mil e 2,5 milhões dólares por ano dependendo da solvência
de Angola.31 Uma outra maior partida da exportação húngara, importando em cerca de
15 % dela, foi o fornecimento dos pintos do dia e ovos incubados através da empresa
Bábolna, com o avião de carga IL-18 da MALÉV a voar para uma granja avícola em
Cacuso, Malanje.32 O quarto âmbito principal do comércio externo bilateral foi o
fornecimento de medicamentos acondicionados e aparelhos médicos, pela empresa
Medimpex e Medicor, respectivamente, no valor total de cerca de 15 % da exportação
húngara. De facto, a exigência angolana teria sido múltipla já que a indústria
farmacêutica nacional era quase inexistente e a assistência médica estava num nível
catastrófico. Mas devido às dificuldades no pagamento por parte de Angola, os negócios
ficaram parados por volta dos finais dos anos 80.

7
Depois da mudança do regime - relações em descida

Os negócios ficaram parados de facto em todas as áreas: em 1988 a exportação


húngara foi ainda de 8,1 milhões de dólares, mas dentro de pouco tempo, após a
mudança do regime, os nossos fornecimentos desceram praticamente ao zero. 33
Igualmente, também as relações políticas se tornaram mais frouxas. As causas disso
foram as seguintes: depois da mudança do regime a política externa húngara determinou
novas prioridades para o futuro, nomeadamente a adesão às instituições integracionistas
ocidentais, a consolidação das relações com os países vizinhos e a validação dos
interesses da minoria húngara que vivia lá. 34 Como a ligação ideológica em que as
relações com Angola se tinham baseado foi extinta, havia também uma intenção de
reduzir os contactos institucionais com os anteriores membros do bloco soviético.
Para além disso, nos princípios dos anos 90 Angola era cada vez menos capaz de
pagar os fornecimentos das empresas húngaras. As suas dívidas aumentavam35 e a
actuação em Angola –iniciada sob a pressão da política externa soviética – já não era
nada remunerativa para a Hungria. Como a partir do início dos anos 80 também a
própria Hungria se defrontou com graves dificuldades económicas, caindo numa cilada
de dívida, se bem que por razões diferentes das de Angola, decidiu reduzir o volume das
relações comerciais deficitárias em todas as áreas. A 30 de Junho de 1993 a Hungria
fechou a sua Embaixada luandense, por um lado por causa da nova explosão de
combates armados em Luanda, mas muito mais porque custava caro em comparação
com o nível das relações.36

Assim Angola saiu quase inteiramente do campo de visão da política externa


húngara. Também nos nossos dias não pertence ao seu foco. Nos últimos anos não
houve avanços verdadeiramente significativos a nível oficial no (re)desenvolvimento
das relações. Ao mesmo tempo, como a Hungria aderiu à União Europeia, veio a ser
signatária do Acordo de Cotonou, celebrado em 2000 entre a União e 48 países
subsaarianos e 29 países das Caraíbas e do Pacífico, assim com Angola também. Os
objectivos desta cooperação, que é uma das dimensões da cooperação internacional para
o desenvolvimento da União Europeia, são basicamente a ultrapassagem da pobreza e o
desenvolvimento sustentável dos países do Terceiro Mundo.
A cooperação dos anos 70 e 80 entre a Hungria e Angola, mas ajustada naturalmente
às condições e possibilidades actuais, podia servir como uma óptima base para a

8
participação húngara no desenvolvimento de Angola no âmbito dessa cooperação
internacional e na reconstrução do país após a guerra civil que chegou ao fim em 2002.
De resto, segundo a decisão mais recente da política húngara para o desenvolvimento
internacional, a Hungria vai pôr um maior ênfase na região subsaariana na selecção dos
projectos de desenvolvimento.37
Em Setembro de 2004 Angola abriu embaixada na Hungria, o que sem dúvida podia
facilitar a cooperação bilateral. Como o actual embaixador do país declarou em relação
à cooperação futura entre os nossos países: “Não se trata de pedirmos dinheiro,
absolutamente nada. Angola é um país imenso que está na fase da reconstrução. É
preciso reconstruir a infra-estrutura destruída, as aldeias pequenas, reorganizar as
escolas, a agricultura, é preciso dar uma certa direcção. E estamos à procura de
parceiros, engenheiros, médicos, geólogos, etc. que participem nessa reconstrução.”38

9
1
Notas
As relações entre o MPLA e a União Soviética começaram a desenvolver-se já antes da independência de Angola. A
superpotência apoiava a luta libertadora do MPLA contra Portugal com armas e dinheiro, e a grande parte dos dirigentes do
movimento fez os seus estudos na União Soviética.
2
Arquivo Nacional da Hungria 003789/9 de Outubro de 1987. (tradução própria)
3
Árgyelán, Sándor (1983): A szocialista orientáció kialakulása és fejlődése a volt portugál gyarmatokon, különös tekintettel
az Angolai Népi Köztársaságra – Tese de Doutoramento (Budapest, Magyar Szocialista Munkáspárt Politikai Főiskolája
Nemzetközi Politika Tanszék) pp. 185.
4
Para a ajudar o MPLA a Hungria enviou várias vezes remessas de auxílio militares que continham vestuário, bandagem,
diferentes víveres, tendas, e forneceu um grande número de armas, munição e aparelhos militares. Além disto a Cruz
Vermelha Húngara também enviou quase anualmente remessas humanitárias e através dela prestava auxílio o Ministério dos
Negócios Estrangeiros também. Entre 1975 e 1985 o valor total da ajuda humanitária húngara importou mais de 50 milhões
de florins. Fonte: Arquivo da Cruz Vermelha da Hungria 122/1 de Fevereiro de 1986.
5
Arquivo Nacional da Hungria 004813/19 de Julho de 1982.
6
Arquivo Nacional da Hungria 001306/13 de Fevereiro de 1976. (tradução própria)
7
A União Soviética, Cuba, a República Democrática da Alemanha, a Jugoslávia e a Bulgária já estavam prontas para abrir a
sua embaixada e também a Roménia enviou um grupo de diplomatas.
8
Arquivo Nacional da Hungria 00754/1/6 de Maio de 1978.
9
Dos documentos do Arquivo Nacional da Hungria não se aclara quais foram os pontos de vista da categorização.
Provavelmente as anotações internas de então do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Angola dariam uma resposta a
isso.
10
Depois de a representação ter-se fechado, o representante em Maputo, Moçambique, passou para a capital angolana três a
quatro vezes por ano, mas só até 1986 quando a agência em Moçambique também veio a ser extinta.
11
Arquivo Nacional da Hungria 002389/44/3 de Dezembro de 1981.
12
Arquivo Nacional da Hungria 003702/21 de Maio de 1980. (Anual Relatório de Embaixador)
13
Arquivo Nacional da Hungria 005985/3/14 de Dezembro de 1977. (tradução própria)
14
Arquivo Nacional da Hungria 003329/8 de Agosto de 1989. (tradução própria)
15
Arquivo Nacional da Hungria 00670/23 de Janeiro de 1980.
16
Entrevista pela autora com Ágoston Zács, relator internacional de então da Tesco, 25 de Outubro 2006.
17
Entre os membros foram p.e. Mihály Kupa e Lajos Bokros também que chegaram a ser mais tarde ministros das finanças
da Hungria.
18
Arquivo Nacional da Hungria 00364/3/21 de Setembro de 1988. (tradução própria)
19
Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria, 793/7 de Janeiro de 1991.
20
Arquivo Nacional da Hungria 00364/2/28 de Março de 1988.
21
Esta formação foi organizada não pela Tesco, mas pela empresa do comércio externo “Technika” que representava o
Ministério da Defesa da Hungria.
22
Entrevista pela autora com István Szigetvári, Relator angolano de então da Secção de Cooperação Internacional do
Ministério da Defesa, 23 de Novembro, 2006.
23
A formação dos ulteriores já a não podíamos prestar gratuitamente a partir de 1990, porque o governo proibiu o subsídio.
Fonte: Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria 272/1992. (nota de 7 de
Novembro de 1991.)
24
Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria 6628/28 de Agosto de 1992.
25
Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria 272-3/1992. (nota de 7 de
Novembro 1991.)
26
Arquivo Nacional da Hungria 003343/16 de Maio de 1983.
27
Embora a imitação da mão nem sempre fosse sempre perfeita. Aconteceu que alguns feridos de cor receberam um novo
braço de cor branca e não estiveram dispostos a voltar para casa depois de feito o curativo até a pele do novo membro ter
sido pintada. Fonte: Entrevista com István Szigetvári, Relator angolano de então da Secção de Cooperação Internacional do
Ministério da Defesa, 23 de Novembro, 2006.
28
Além do café as empresas húngaras de comércio exterior pediram oferta também de sisalana e diamante industrial, mas
Angola conseguiu oferecer só café. Este mesmo compraram-no apenas até 1980. O Monimpex comprou a vez seguinte
apenas em 1986 e só em quantidade muito pequena porque Angola não podia pagar com outro produto.
29
Arquivo Nacional da Hungria 002295/7 de Abril de 1987.
30
No começo usaram-se chassis Ikarusz também, mas estes autocarros não aguentaram “o terreno luandense”. Quando as
pessoas se encurralaram na parte de trás, por causa do peso em excesso, o chassi partiu-se em dois e a traseira do autocarro
caiu.
31
Arquivo Nacional da Hungria 003918/29 de Setembro de 1988.
32
A Hungria fundou também um estabelecimento de porcos em Kada, e os especialistas da empresa de comércio exterior
Agroinvest e da Escola Superior de Agricultura em Szarvas puseram em marcha um estabelecimento de piscicultura de água
doce em Huambo. Estes foram menos bem sucedidos que a granja avícola. Fonte: Arquivo Nacional da Hungria 002699/1
de Abril de 1980.
33
Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria 4087/17 de Abril de 1991.
34
Pritz, Pál (2004): “Magyarország külpolitikája a 20. században” in Magyar külpolitika a 20. században ed. por Ferenc
Gazdag e László J. Kiss (Budapest, Zrínyi) pp. 12.
35
Consoante os últimos dados disponíveis (do Ministério das Finanças) a dívida de Angola subira já para um total de 14
milhões de dólares (2,7 milhões de dólares com as diferentes multas por atraso de pagamento) em 1998. Fonte: Arquivo de
Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria 2767/9 de Março 1998.
36
Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Hungria 8821/9 de Outubro de 1995.
37
“A Nemzetközi Fejlesztési Együttműködési Kormánybizottság ülése” (A reunião do Comité Inter-Ministerial da
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento), 9 de Abril, 2008. Ministério dos Negócios Estrangeiros, Budapeste.
38
Entrevista pela autora com João Miguel Vahekeni, o Embaixador de agora de Angola em Budapeste, 25 de Outubro, 2006.

Bibliografia
“A Nemzetközi Fejlesztési Együttműködési Kormánybizottság ülése” (A reunião do Comité Inter-Ministerial da Cooperação
Internacional para o Desenvolvimento), 9 de Abril, 2008. Ministério dos Negócios Estrangeiros, Budapeste. Accesível
http://www.kulugyminiszterium.hu/kum/hu/bal/Kulpolitikank/Nemzetkozi_fejlesztes/nemz_fejl/080409_nefe_kormanybizo
ttsag_ules.htm

Apáti, Sándor (1981): Angola – múlt, jelen, jövő, Budapest, Kossuth Könyvkiadó.

Árgyelán, Sándor (1983): A szocialista orientáció kialakulása és fejlődése a volt portugál gyarmatokon, különös tekintettel
az Angolai Népi Köztársaságra – Tese de Doutoramento, Budapest, Magyar Szocialista Munkáspárt Politikai Főiskolája
Nemzetközi Politika Tanszék.

Pritz, Pál (2004): “Magyarország külpolitikája a 20. században” in Magyar külpolitika a 20. században ed. por Ferenc
Gazdag e László J. Kiss, Budapest, Zrínyi.

Documentos da Embaixada da Hungria em Luanda de 1975 a 1989 – Arquivo Nacional da Hungria, 5º Departamento dos
Documentos dos Órgãos Governamentais Políticos (1945–) e do Partido dos Trabalhadores Húngaros - Partido Socialista
Operário Húngaro, Budapeste.

Documentos da Embaixada da Hungria em Luanda de 1990 a 2002 – Arquivo de Documentos do Ministério dos Negócios
Estrangeiros da República da Hungria, Budapeste.

Documentos de 1975 e 2002 da Cruz Vermelha da Hungria – Arquivo da Cruz Vermelha da Hungria, Budapeste.

Entrevista pela autora com:


– Szigetvári, István – relator angolano de então da secção de cooperação internacional do Ministério de Defesa (23 de
Novembro, 2006)
– Zács, Ágoston – relator internacional da Tesco (25 de Outubro 2006)
– Vahekeni, João Miguel – Embaixador de agora de Angola na Hungria (25 de Outubro, 2006)

Outras entrevistas no presente artigo não referidas:


– Árgyelán, Sándor – antigo Embaixador da Hungria em Luanda (4 de Novembro, 2005; 18 de Outubro, 2006; 21 de
Novembro, 2006)
– Deák, Miklós – antigo cônsul e diplomata da Hungria em Luanda (7 de Dezembro 2006)
– Gulyás, András – antigo Embaixador da Hungria em Luanda (24 de Novembro, 2006)
– Kolesza, Sándor – antigo Embaixador da Hungria em Luanda (24 de Outubro, 2006)
– Perjés, Sándor – antigo conselheiro comercial (27 de Novembro, 2006)
– Virágh, Attila e a sua mulher – delegado empresarial da Budavox (8 de Novembro, 2006; 6 de Dezembro, 2006)

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