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O estudo dos pronomes em

Benveniste e o projeto de uma


ciência geral do homem
Marlene Teixeira*

Pode-se então prever hoje a constituição de


uma ciência da cultura, que se apoiaria, por
certo, em disciplinas diversas, porém todas
aplicadas em analisar, em diferentes níveis
de descrição, a cultura como uma língua
(Roland Barthes, 1988, p. 32).

Resumo
Introdução
Este trabalho propõe que o estu-
do dos pronomes de Benveniste re- Meu encontro com Benveniste foi
presenta um lugar privilegiado para absolutamente acidental. Eu o conhe-
mostrar que sua teoria da enunciação
ci estudando a teoria de Jacqueline
contém o projeto de uma ciência geral
do homem. Authier-Revuz (1995), que lhe confere
lugar fundamental na constituição de
Palavras-chave: Pessoa. Não pessoa. sua reflexão, por permitir-lhe transitar,
Enunciação. Ciência geral do homem. com Saussure, da língua à enunciação e
ao discurso, desse modo, resguardando a
noção saussuriana de língua como ordem
própria, tão cara a seu projeto.1 A leitura
incipiente que fiz de alguns textos do

*
Professora e orientadora no Programa de Pós-Gra-
duação em Linguística Aplicada e no curso de Letras
(Unisinos-RS) e pesquisadora do CNPq (Processo:
305608/2009-6). E-mail: martei@terra.com.br

Data de submissão: mar. 2012 – Data de aceite: maio 2012

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autor, na ocasião, não me autorizava a me senti convocada a ir atrás de indica-
enunciar nada a seu respeito que já não ções presentes em pensadores como, por
estivesse devidamente pontuado por exemplo, Paul Ricoeur, Roland Barthes
Authier-Revuz. e Jacques Lacan, que perceberam desde
Meu batismo de fogo como leitora sempre que Benveniste não se ocupa
de Benveniste deu-se quando aceitei o apenas de aspectos avulsos de morfolo-
convite de Valdir do Nascimento Flores gia e sintaxe. Sob a descrição linguística
(UFRGS) para organizar, juntamente miúda e pormenorizada, estão colocadas
com Leci Borges Barbisan (PUCRS), o questões de interesse muito amplo.
Colóquio Leituras de Émile Benveniste,2 Minha participação no colóquio, que
ocorrido na PUCRS em agosto de 2004. A integrou a mesa sobre aspectos episte-
ideia era tentar recuperar o princípio da mológicos da linguística de Benveniste,
intersubjetividade na discussão acadê- constituiu-se em uma busca no texto
mica, que julgávamos estar se perdendo do autor de elementos para, a título de
nos grandes eventos, caracterizados por ensaio, propor sua teoria como o terceiro
conferências sobre temas abrangentes gesto que Kerbrat-Orecchioni3 diz faltar
para plateias imensas, seguidas de ses- à linguística (TEIXEIRA, 2004, p. 107).
sões simultâneas de apresentação de Desde então, de um modo ou de ou-
trabalhos, que, por serem numerosas, tro, venho trabalhando no sentido de
frequentemente, resultam esvaziadas. demonstrar a pertinência dessa ideia.
O colóquio, com um número restrito de Em várias incursões sobre a teoria de
participantes, proporcionou a abertura Benveniste, tenho proposto o desloca-
de textos inacabados ao exercício da es- mento da interpretação que a restringe
cuta do outro. Ali estávamos não como ao estudo das marcas da subjetividade
plateia, mas como atores comprometidos na linguagem no âmbito intralinguístico,
em colocar a “mão na massa” (TEIXEI- na direção das atividades significantes
RA, 2004, p. 7). dos homens em qualquer tipo de intera-
Esse “colocar a mão na massa” me fez ção social.4
redescobrir Benveniste. Mergulhar em A reflexão aqui trazida não foge desse
parte de seus textos que constituem os intento. Ela resulta do contato com os
dois volumes de Problemas de linguística últimos desdobramentos da recepção de
geral (doravante, PLG), por minha conta Benveniste em relação à amplitude do
e risco, teve uma repercussão profunda escopo de sua teoria enunciativa, corro-
não só em minha atuação acadêmica, borados em passagens do próprio autor,
como também no modo de compreender a e por comentários precocemente feitos
própria experiência humana. Desde esse por R. Barthes (1988) nessa direção.
momento, impressionou-me a extraordi- Detenho-me particularmente no estudo
nária potência do pensamento do autor, e dos pronomes desenvolvido ao longo de

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PLG I e PLG II para mostrar seu poten- recoloca a dimensão mentalista, forte-
cial heurístico no terreno das chamadas mente afastada de cena pelos estudos
ciências humanas. bloomfieldianos; Benveniste, na França,
que reabilita o interesse pela discursi-
Um linguista à parte vização, no próprio quadro da herança
saussuriana. Enquanto Chomsky se
A recepção da obra de Émile Benve- inscreve, de algum modo, numa tradição
niste segue um caminho pouco comum. formalista, colocando a ênfase no estudo
Conforme relato de F. Dosse (1994, p. 61), da competência, Benveniste opera uma
até a publicação de “O aparelho formal ruptura, ao atribuir a fatores da perfor-
da enunciação” na revista Langages em mance uma importância que não lhes
1970, Benveniste não teve escuta entre era reconhecida (TEIXEIRA; FLORES,
os linguistas, embora sempre tenha en- 2010, p. 416-417).
contrado espaço no âmbito mais amplo Se levarmos em conta a fraca difusão
das chamadas ciências humanas. Temos5 da obra de Benveniste fora da França6
comentado a circulação de seus artigos (cf. BRUNET; MAHRER, 2011, p. 20),
em revistas de psicologia, antropologia, essa afirmação pode parecer exagerada,
psicanálise, sociologia, filosofia, linguís- no que diz respeito a ele. No entanto, o
tica, atribuindo esse fato não apenas à expressivo número de colóquios e publi-
falta de acolhimento entre os linguistas cações7 sobre sua obra (ou nela inspira-
de sua época, mas, sobretudo, à natureza dos) atesta a potência e a originalidade
de seu pensamento sobre a linguagem de seu pensamento sobre a linguagem.
cuja repercussão ultrapassa os limites da Benveniste já transita bem entre linguis-
linguística (cf., por exemplo, TEIXEIRA, tas e continua a interessar estudiosos em
2012). outros campos, como o demonstra a uti-
Passados mais de trinta anos de sua lização de suas formulações por filósofos
morte, pode-se dizer que Benveniste é como Dufour (2000) e Agamben (2008) e
hoje uma das maiores referências em antropólogos como Castro (1996).
linguística. O texto de apresentação do Nessa argumentação sobre a atuali-
Colóquio Internacional de Linguística dade e a amplitude da obra de Benve-
Enunciativa Les théories énonciatives niste, vale destacar a publicação recente
aujourd’hui: Benveniste après un demi- de seus manuscritos sobre a poética de
-siècle, realizado na Université Paris Baudelaire (BENVENISTE, 2011), or-
Est-Marne La Vallée em novembro de ganizada por C. Laplantine, nos quais o
2011, aponta dois grandes nomes cujas autor aprofunda a proposição feita em “A
teorias são “molas propulsoras” do que forma e o sentido na linguagem” sobre
se faz hoje no campo da linguística: a necessidade de uma linguística nova
Chomsky, nos Estados Unidos, que para tratar da poética.8 Na esteira de

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H. Meschonnic, Laplantine insiste sobre da linguística” (BENVENISTE, PLG II,
“a dimensão antropológica da reflexão p. 29). Nessa mesma entrevista, Benve-
de Benveniste, em jogo em toda a enun- niste declara que “o nível significante
ciação, mas singularmente investida na uniu o conjunto das ciências do homem”
poesia” (cf. BRUNET; MAHRER, 2011, (PLG II, p. 38), deixando entrever o
p. 26). projeto de formação de uma “grande an-
Além disso, em abril de 2012, vem tropologia”, isto é, de uma “ciência geral
a público uma obra que reúne as últi- do homem” que integre todo o conjunto
mas lições de Benveniste no Collège de das ciências humanas.
France (1968-1969), organizada e apre- Talvez esse projeto é que faça de
sentada por Jean-Claude Coquet e Irène Benveniste um linguista à parte, como
Fenoglio.9 Encontra-se aí o testemunho afirma Dessons (2006, p. 16), 12 que
dos momentos derradeiros de sua inten- percebe a repercussão dos trabalhos do
sa atividade intelectual até o acidente autor no domínio da linguística geral na
cerebral, ocorrido em 6 de dezembro paisagem das ciências humanas. Nessa
de 1969, que não lhe permitiu mais a mesma perspectiva, Brunet e Mahrer
comunicação verbal. Essa edição dá ao (2011, p. 210) afirmam que a definição
leitor a oportunidade de desvelar uma de significação – como a relação que a
faceta menos comum de Benveniste: o linguagem tem por finalidade instaurar
dinamismo e a solidez do professor, em entre o enunciador, o mundo, os outros
sua vontade de estabelecer uma teoria sistemas simbólicos e a sociedade – co-
da linguagem.10 loca a linguística de Benveniste no nível
No pouco que conhecemos dessas pro- de uma ciência da cultura.
duções de Benveniste mantidas à sombra Com mais ênfase podemos hoje afir-
até há pouco tempo, encontramos reforço mar que Benveniste representa um ter-
para a afirmação de R. Barthes, em texto ceiro gesto13 nos estudos da linguagem,
escrito em 1966: o saber de Benveniste uma saída possível para a polarização
“responde com clareza e força às ques- entre o objetivismo e o subjetivismo que
tões de fato que todos aqueles que têm domina não só a linguística, mas “nossa
algum interesse pela linguagem podem cultura ocidental desde os pré-socráticos”
propor-se” (BARTHES, 1988, p. 181). (LAKOFF; JOHNSON, 2002, p. 305).
O próprio Benveniste é bastante claro O estudo dos pronomes, desenvolvi-
nesse sentido, na resposta à questão de do em vários textos de PLG I e PLG II,
Guy Dumur11 sobre o que distingue a talvez se apresente como o ponto crucial
linguística da gramática, da filologia por onde essa abertura da teoria de Ben-
e da fonética: “A linguística pretende veniste se deixa ver. É a ele que dedica-
englobar tudo isto e o transcender. Tudo mos nossa atenção, neste artigo, embora
o que diz respeito à linguagem é objeto cientes de que o potencial de Benveniste

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deve ser examinado no conjunto de seu elementares, independentes de toda de-
sistema de pensamento. terminação cultural e nas quais vemos a
experiência subjetiva dos sujeitos que se
colocam e se situam na e pela linguagem
Os pronomes e a (PLG II, p. 68).

instauração da experiência O traço universal da categoria de


humana pessoa leva Barthes (1988) a afirmar, em
texto apresentado no colóquio Johns Ho-
Em item que refere o reconhecimento pkins, em 1966, a ligação dessa categoria
de Benveniste fora do campo linguístico, com a antropologia da linguagem. Nesse
Dosse (1994, p. 62) salienta o fato de ele texto, ele assim resume as formulações
ter destacado o caráter indissociável da de Benveniste:
noção de pessoa e de verbo como um dado Toda linguagem, como já mostrou Benve-
niste, organiza a pessoa em duas oposições:
universal.
uma correlação de personalidade que opõe a
De fato, as formulações do autor sobre pessoa (eu ou tu) à não-pessoa (ele), signo da-
os pronomes têm chamado a atenção quele que está ausente, signo da ausência;
de estudiosos de diferentes áreas, que e interior a essa primeira grande oposição,
uma correlação de subjetividade opõe duas
nela buscam inspiração para reflexões pessoas, o eu e a pessoa não-eu (isto é, o tu)
significativas em seus respectivos cam- (BARTHES, 1988, p. 34).
pos. Destacamos, neste item, algumas
Barthes destaca três pontos impor-
dessas incursões, ao mesmo tempo em
tantes trazidos por Benveniste. O pri-
que trazemos o testemunho do próprio
meiro diz respeito à transcendência de eu
Benveniste sobre o modo como suas
sobre tu, aspecto relacionado à questão
formulações sobre os pronomes podem
da inversibilidade. Para Benveniste, eu
ser tomadas. Recorremos não só a seus
é trascendente a tu no sentido de que é
artigos clássicos sobre esse tema, mas a
sempre eu que enuncia e implanta o tu
um texto de 1965, que tem o sugestivo
diante de si. Como essas posições são
título de “A linguagem e a experiência
inversíveis, isto é, os lugares de eu e de tu
humana” (PLG II, p. 68-80).
são intercambiáveis nas trocas verbais,
Benveniste inicia esse texto reafir-
essa transcendência é temporal, não
mando a universalidade dessa categoria
implicando hegemonia de eu sobre tu.
linguística:
O segundo destaque feito por Barthes
Todas as línguas têm em comum certas cate- é a definição do eu linguístico de “manei-
gorias de expressão que parecem correspon-
der a um modelo constante. As formas que ra apsicológica”, ou seja, não mais como
revestem essas categorias são registradas o “lugar onde se restitui inocentemente
e inventoriadas nas descrições, mas suas uma pessoa previamente guardada”
funções não aparecem claramente senão
quando se estuda no exercício da língua e
(1988, p. 35). Para o autor, Benveniste
na produção do discurso. São categorias leva a perceber que o eu de quem escre-

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ve eu não é o mesmo eu que é lido por ma unidade de ordem mais elevada de
tu, o que é de grande interesse para a complexidade. Barthes vê, nessa reflexão
literatura, por instituir, nesse campo, a de Benveniste, o anúncio de uma ciência
preocupação com a intersubjetividade. do texto.14
O terceiro ponto é a descrição do ele, G. Agamben (2008), em obra publi-
ou não pessoa, como situada fora da ins- cada no ano de 1978 em Torino, apoia-
tância de discurso, e, portanto, “marcada -se nos estudos de Benveniste sobre
pela ausência daquilo que faz especifica- as pessoas do discurso para mostrar
mente (quer dizer, linguisticamente) eu onde o homem encontra sua in-fância.
e tu” (1988, p. 35). O filósofo destaca o fato de Benveniste
Desse “esclarecimento linguístico”, ter mostrado a impossibilidade de uma
Barthes deriva sugestões para uma “representação imediata de si” (2008,
análise do discurso literário, adiantan- p. 56), o que permite sustentar que deve-
do já o projeto de uma translinguística, mos renunciar a um conceito de origem
anunciado no final de “Semiologia da que separaria no tempo “um antes-de-si
língua” (PLG II, p. 67). e um depois-de-si” (2008, p. 60).
Adam (2011, p. 137) relata que, em O que particularmente chama a aten-
curso ministrado em Genebra, em 1970, ção de Agamben é Benveniste ter dado
inspirado em “Os níveis de análise lin- a conhecer a consistência puramente
guística” (PLG I, p. 127-140), Barthes linguística de eu, termo que não pode
enuncia uma ideia que poderia parecer ser identificado senão na instância de
surpreendente: “Benveniste é o único lin- discurso, designando seu locutor. Em
guista textual”, acrescentando ser ele o “A natureza dos pronomes” Benveniste
responsável pela “junção entre a linguís- ensina que o eu não denomina entidade
tica e a textologia”. A noção de nível, re- lexical alguma, tampouco se refere a um
conhecida por Benveniste como elemento indivíduo singular, pois se assim fosse,
essencial de análise linguística, permite “existiria na linguagem uma contradição
não só definir os elementos constitui- permanente e, na prática, a anarquia”
dores da língua, como também traçar (AGAMBEN, 2008, p. 57), conforme se
fronteiras metodológicas pertinentes a pode ler no excerto abaixo:
uma análise linguística (DELLA MEA, Se cada locutor, para exprimir o sentimento
2009, p. 25). A partir da reflexão sobre que tem de sua subjetividade irredutível,
o sistema linguístico em todos os níveis, dispusesse de um “indicativo” distinto (no
sentido de que cada estação radiofônica
ele chega à unidade que considera ser emissora possui o seu “indicativo” próprio),
necessária delimitar na linguagem em haveria praticamente tantas línguas quan-
ação: a frase (SILVA, 2009, p. 218), que, to indivíduos e a comunicação se tornaria
estritamente impossível. A linguagem pre-
embora compreenda constituintes, não vine esse perigo instituindo um único signo
pode, em contrapartida, integrar nenhu- móvel, eu, que pode ser assumido por todo
locutor, com a condição de que ele, cada vez,

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só remeta à instância do seu próprio discur- entrar na língua como sistema de signos
so [...]. É essa propriedade que fundamenta sem transformá-la radicalmente, sem
o discurso individual, em que cada locutor
assume por sua conta a língua inteira (BEN- constituí-la como discurso” (AGAMBEN,
VENISTE, PLG I, p. 281). 2008, p. 68).
A linha que separa semiótico e se-
Em um complexo raciocínio, que não
mântico, na visão de Agamben, separa
vamos reproduzir aqui, o filósofo deriva
natureza e cultura. O semiótico “não é
das formulações de Benveniste ele-
mais que a pura língua pré-babélica da
mentos para afirmar que a experiência
natureza”; já o semântico existe “apenas
“não é um paraíso que, em determinado
na emergência momentânea do semiótico
momento, abandonamos para sempre a
na instância de discurso cujos elementos,
fim de falar”, isto é, a experiência não
depois de proferidos – recaem na pura
precede cronologicamente a linguagem,
língua, que os recolhe em seu mudo dicio-
mas coexiste originalmente com ela,
nário de signos” (2008, p. 68). O homem,
constitui-se “na expropriação que a lin-
conclui o filósofo, nada mais é que esta
guagem dela efetua, produzindo, a cada
“passagem da pura língua ao discurso; e
vez, o homem como sujeito” (AGAMBEN,
este instante é a história”15 (2008, p. 68).
2008, p. 59). “É através da linguagem,
Na interpretação de D.-R. Dufour
portanto, que o homem como nós o co-
(2000) sobre o estudo dos pronomes,
nhecemos se constitui como homem, e
em Benveniste encontramos também o
a linguística, por mais que remonte ao
reconhecimento de uma amplitude que
passado, não chega nunca a um início
autoriza a transcender o âmbito da lin-
cronológico da linguagem, a um “antes
guística como tal.
da linguagem” (2008, p. 60).
Dufour contraria a interpretação de
Para Agamben, a cisão entre língua
que Benveniste constitui um modelo de
(semiótico) e discurso (semântico), tal
dois termos fundado na oposição estru-
como formulada por Benveniste, carac-
tural eu, tu / ele. Procura mostrar que
teriza de modo exclusivo e fundamental
o autor, além da definição de eu por um
a linguagem do homem. Essa cisão toca
axioma unário, fornece uma definição
numa problemática importante, “com a
negativa do eu segundo um conjunto de
qual terá de medir-se toda futura ciência
três termos: eu não é nem tu, nem ele
da linguagem” (AGAMBEN, 2008, p. 63).
(2000, p. 49). É necessário um conjunto
Se os animais não entram na língua por
de três para a constituição do um.
estarem desde sempre nela, o homem
A interpretação de Dufour encontra-
não é desde sempre falante. Para falar,
-se corroborada nas palavras de Benve-
ele precisa constituir-se como sujeito da
niste: “Desde que o pronome eu aparece
linguagem, deve dizer eu. “Na medida
num enunciado, evocando – explicita-
em que possui uma infância, em que não
mente ou não – o pronome tu para se
é sempre já falante, o homem não pode

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opor conjuntamente a ele, uma experi- Dufour lê na afirmação de Benveniste
ência humana se instaura de n o v o 1 6 e de que “ele” pode ser uma infinidade de
revela o instrumento linguístico que a sujeitos ou nenhum, a proposição de uma
funda” (PLG II, p. 69). ausência radical, da ordem do irrepre-
A tese que o filósofo deriva de Benve- sentável. Assim considerada, a teoria
niste é que existe uma trindade natural benvenistiana deixa ver não apenas uma
imanente ao ato de falar. Qualquer pes- heterogeneidade re-presentada (ele sem
soa que fale põe em ato uma figura trini- barra), mas uma heterogeneidade radi-
tária (2000, p. 17). Esse dado, ao mesmo cal (ele barrado).17
tempo trivial e fundamental, determina O sistema de pronomes é, na visão do
a condição do homem na língua. Para filósofo, uma espécie de língua de acesso
apreender a propriedade trina, basta à língua. Pelo caráter de inversibilidade
evocar o espaço mais banal possível: a do par eu-tu, aquele a quem falo adotará
conversação. É por essa singular rela- espontaneamente esse sistema, mesmo
ção de três que a língua se precipita em que discorde de mim ou não compreenda
discurso (2000, p. 72). o que eu digo.
Dufour assinala que, depois de ha- E o que se troca nessa inversão? Infor-
ver formulado o conjunto trinitário dos mações, talvez, mas não principalmente.
pronomes pessoais, Benveniste cliva sua O que se troca é, antes de tudo, a qua-
definição em dois subconjuntos binários: lidade específica do eu, imediatamente
por um lado, analisa a díade formada transferida àquele designado como tu.
pelo par eu e tu; em seguida, opõe eu e Dufour (2000) destaca que eu e tu são
tu a ele. A primeira díade é o lugar da conchas vazias que se preenchem na
relação da comunicação intersubjetiva, enunciação. Falar consiste em trocar a
mas, para que dois estejam aqui e agora capacidade de utilizar eu; em preencher
copresentes, é necessário que outro este- essas conchas vazias. É essa possibili-
ja lá, ausente (2000, p. 91), pois nenhum dade que buscamos em todas as nossas
espaço de simbolização é possível sem conversas. Até porque, nessa troca, asse-
uma demarcação de ausência (2000, guramo-nos de nossa própria presença. O
p. 92). Não se está mais diante de uma processo de comunicação intersubjetiva
díade, mas de uma nova relação, impos- é uma consequência desse trabalho que
sível de decompor em relações diádicas: os interlocutores cumprem mutuamente
a tríade eu-tu/ele. Ele designa o que não sem nem mesmo perceberem.
está aqui e agora quando eu e tu falam. Na cena enunciativa, os papeis de eu
Sendo aquele que não está, ele se refe- e de tu são inversíveis (BENVENISTE,
re, portanto, à ausência, uma ausência PLG I). Eu e tu se asseguram de sua
re-presentada no campo da presença presença mutuamente e por contraste.
(2000, p. 107). Usar eu é reconhecer-se com direito à

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fala, ou seja, é dar-se um lugar no espa- Encontramos aí mais um atestado
ço simbólico, mas para isso é necessário de que o estatuto particular das formas
que alguém se institua como tu. Se o pronominais, na teoria de Benveniste,
outro falta ou se não dá crédito a meu transborda o âmbito da descrição es-
dizer, minha fala se transforma em pura tritamente linguística para tocar em
fonação desprovida de eficácia. O eu problemas de ordem mais geral, cujo
esvazia-se, de imediato, da substância alcance revela uma “concepção forte e
que havia adquirido no ato. A leitura de original das relações entre a linguagem
Dufour evidencia que, em Benveniste, as e o homem” (DESSONS, 2006, p. 26).
línguas reservam espaço simbólico para Essa breve notícia sobre a referência
que o homem se constitua. feita a Benveniste nesses trabalhos de-
Para encerrar, fazemos um rápido monstra que, mais do que uma descrição
comentário sobre o célebre artigo de E. V. de categorias fundamentais da língua,
Castro (1996), que tematiza a concepção seu estudo sobre os pronomes coloca-
comum a muitos povos do continente, -nos no âmago de uma problemática da
segundo a qual a apreensão do mundo interlocução, pois essas categorias são
pelas diferentes espécies de pessoas que precisamente aquelas em que se amar-
o habitam, humanas e não humanas, se ram as relações do eu com aquilo que
dá a partir de pontos de vista distintos é privado da marca do eu. E, mais do
(1996, p. 115). O antropólogo submete que isso, coloca em evidência a relação
a uma crítica etnológica rigorosa a dis- radical da linguagem com o homem. É
tinção clássica entre natureza e cultura na estrita relação com o humano que a
para descrever “dimensões ou domínios linguagem é definida, assim como o hu-
internos a cosmologias não-ocidentais”. mano é definido na estrita relação com a
Para Castro, essas categorias, no pensa- linguagem (DESSONS, 2006, p. 44). Por
mento ameríndio, não coincidem com as retirar da linguagem a condição de mero
de seus análogos ocidentais. instrumento, “utilitário ou decorativo do
Com base nos estudos benvenistia- pensamento” (BARTHES, 1988, p. 31),
nos sobre os pronomes, o autor (1996, a teoria de Benveniste contrapõe-se ao
p. 134-135) afirma que: “Entre o ‘eu’ lugar comum filosófico que define
reflexivo da cultura (gerador do conceito o homem por sua capacidade de
de alma ou espírito) e o ‘ele’ impessoal comunicar.18
da natureza (marcador da relação com O homem não preexiste à linguagem, nem
a alteridade somática), há uma posição filogeneticamente nem ontogeneticamen-
faltante, a do ‘tu’, a segunda pessoa, ou te. Jamais atingimos um estado em que o
homem estivesse separado da linguagem,
o outro tomado como outro sujeito, cujo que elaboraria então para “exprimir” o que
ponto de vista serve de eco latente ao nele se passasse: é a linguagem que ensina
do ‘eu’.” a definição de homem, não o contrário (BAR-
THES, 1988, p. 31-32).

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Essas palavras de Barthes parecem direção” (PLG II, p. 39); ou quando ele
definir por onde o pensamento de Ben- define a linguística como uma epistemo-
veniste transborda os limites da linguís- logia (PLG II, p. 38); ou ainda quando
tica para ligar-se a uma antropologia da afirma seu interesse pela convergência
linguagem. entre várias ciências (PLG II, p. 39).
Benveniste localiza o ponto em que
Palavras finais a linguística pode ser útil para outros
campos de estudo. Passar por ela, se-
Estamos cientes de que a apresen- gundo o autor, “dá ao espírito uma certa
tação sucinta dos autores aqui trazidos formação”, permite-lhe tomar uma certa
está longe de atingir a complexidade distância. Ele considera os estudos lin-
de seu pensamento. Nosso intuito foi guísticos como formadores, sobretudo,
apenas o de ilustrar a repercussão da por destruírem ilusões sobre o valor
teoria de Benveniste fora do âmbito da absoluto da língua, sobre os valores
linguística, especialmente ligada ao fato absolutos que cada um encontra em sua
de ele dar a ver a dialética singular pela própria língua em relação a outras (PLG
qual o locutor acessa a língua como uma II, p. 40).
“experiência central da qual se determi- A categoria dos pronomes, em Ben-
na a possibilidade mesma do discurso” veniste, é estudada no âmbito de uma
(PLG II, p. 69). teoria da enunciação, o que confere à
Parece que não se pode ver em Ben- noção de enunciação, que não se con-
veniste nem a parcialização do objeto funde nem com a de enunciado nem com
nem o reducionismo arbitrário típicos do a simples constatação da presença da
conhecimento produzido pela chamada subjetividade na linguagem, um papel
ciência moderna. Está em seu projeto a determinante nesse empreendimento em
expressão da necessidade de reunir os direção a uma ciência geral do homem.
conhecimentos sobre o homem. Ele está É pelo ato de enunciação, sempre reno-
ciente dos poderes de uma ciência que vado, que o locutor se apropria da língua
se ocupa da linguagem, mas, como bem para enunciar sua posição de sujeito,
o diz Barthes, não se constitui como seu sujeito que, no dizer de Barthes (1988,
proprietário, reconhecendo nela “o germe p. 183), não é anterior à língua, pois só
de uma nova configuração das ciências se torna sujeito na medida em que fala.
humanas” (BARTHES, 1988, p. 180). Reafirmamos que, em Benveniste,
Isso é particularmente visível na en- encontra-se a fundação de uma linguísti-
trevista a Dumur, no ponto em que Ben- ca nova, que, num primeiro momento, foi
veniste admite que, na elaboração de seu identificada apenas como a possibilidade
estudo, faz uso “do desenvolvimento de de descrever, na língua/na linguagem,
todas as ciências que seguem a mesma as marcas da subjetividade, mas que

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assume, hoje, outro estatuto, com muito 5
A preferência pelo “nós” daqui em diante deve-se ao
fato de que as reflexões sobre a amplitude da teoria de
ainda a ser desvelado. Benveniste vêm sendo feitas na interlocução com Valdir
Barthes (1988, p. 181) tem razão ao do Nascimento Flores.
6
Em livro dedicado a examinar a recepção atual de
dizer que “tudo é claro no livro de Benve- Problemas de linguística geral, Brunet e Mahrer (2011)
niste, tudo nele pode ser imediatamente salientam que, no mundo anglo-saxão, a recepção de
Benveniste é praticamente nula. Em contrapartida,
reconhecido como verdade; e, no entanto, destacam os autores, no Brasil, “onde a conjunção teó-
tudo também nele não faz mais do que rica das ciências da linguagem é muito próxima da que
se faz na França”, a presença de Benveniste é visível,
começar”. como atesta o Colóquio Leituras de Émile Benveniste,
realizado em Porto Alegre, que se encontra registrado
na revista Letras de Hoje (2004).
L'étude des pronoms chez Benveniste 7
Na França: Dessons (2006); Ono (2007); Laplantine
et le projet d'une science générale (2011); Brunet; Mahrer (2011). No Brasil: Flores;
Teixeira (2005). Flores et al. (2008). Flores; Barbisan;
de l'homme Finatto; Teixeira (2009); Silva (2009).
8
Em “A forma e o sentido na linguagem”, Benveniste
Résumé afirma: “Nosso domínio será a linguagem dita ordi-
nária, a linguagem comum, com exclusão expressa da
Ce travail propose que l'étude des linguagem poética, que tem suas próprias leis e funções
próprias. A tarefa, concordarão, é ainda assim já bastan-
pronoms de Benveniste représen- te ampla. Mas tudo o que se pode esclarecer no estudo
te un lieu privilégié pour montrer da linguagem ordinária será de proveito, diretamente
que sa théorie de l'énonciation con- ou não, para a compreensão da linguagem poética tam-
bém” (PLG II, p. 221-222). Mas é em “Semiologia da
tient le projet d'une science générale
língua” (PLG II, p. 43-67) que o caráter radicalmente
de l'homme. específico da significância artística é colocado com maior
clareza, quando Benveniste distingue a significância da
Mots-clés: Personne. Non-personne. língua da significância da arte.
Énonciation. Science générale de 9
BENVENISTE, É. Dernières leçons – Collège de France
(1968-1969). Paris: Éditions EHSS, 2012.
l'homme.
10
Conforme material de divulgação. Disponível em:
<http://www.seuil.com/libre-97820210719779.htm>.
Notas 11
Acesso em: 22 mar. 2012.
Escritor, crítico literário, que viveu de 1921 a 1991. Em
1964, tornou-se colaborador de Le Nouvel Observateur
1
Sabemos que, embora reconheça a ordem da língua (popularmente referido como Le Nouvel Obs), onde se
como afetada por elementos que lhe são “exteriores”, notabilizou por realizar uma série de entrevistas com
Authier-Revuz não concorda que se deixe o objeto da personalidades de destaque no universo da ciência e
linguística aí se perder, isto é, o estudo da enunciação das artes.
proposto por ela não promove a dissolução do objeto tal 12
“A exceção francesa” de que fala Dosse (1994, p. 61).
como é definido por Saussure (cf. TEIXEIRA, 2000).
13
Cf. Teixeira (2004).
2
Os trabalhos apresentados nesse colóquio estão dis-
poníveis em Letras de Hoje de dezembro de 2004 (cf. 14
Na visão de Adam, Barthes contribuiu muito para a
bibliografia). difusão dos trabalhos de Benveniste na direção do que
se pode entender como “a translinguística dos textos
3
No breve panorama com que Kerbrat-Orecchioni (s.d.,
e das obras” (BENVENISTE, PLG II, p. 67). Muitas
p. 9-15) inicia sua conhecida obra sobre a subjetividade
de suas afirmações são confirmadas pelo que hoje está
na linguagem, em que ela argumenta em torno da
sendo tornado acessível por C. Laplantine sobre a poé-
necessidade de extensão dos poderes da linguística
tica de acordo com Benveniste (ADAM, 2011, p. 138).
para além de seus dois gestos fundadores: Saussure e
Chomsky, ela declara que a linguística não encontrou 15
No que se refere à relação enunciação e história, Des-
ainda seu “terceiro fundador”. sons (2006, p. 110) faz uma observação importante. A
enunciação não pode ser entendida como um produto,
4
Cf. Teixeira; Cabral (2009, 2010), entre outros trabalhos
mas como a própria condição da história. De fato,
ainda não publicados.
ela funda a história ao fazer com que cada falante se

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individualize em uma instância de discurso sempre réceptions actuelles des Problèmes de Lin-
nova, relativa cada vez à situação de fala na qual ele guistique Générale. Bruxelles: Academia,
se inscreve e que não se repete.
coll.“Sciences du langage: carrefours et
16
Em francês “à neuf”. Dessons (2006) destaca ser esta
uma expressão importante em Benveniste, pois ela traz
points de vue”, n. 3, 2011. p. 15-39.
a crítica da subjetividade como permanência, afastando- CASTRO, E. V. Os pronomes cosmológicos e
-a da concepção filosófica idealista.
o perspectivismo ameríndio. Mana, v. 2, n. 2,
17
O que está em Authier-Revuz por outra via.
p. 115-144, 1996.
18
Ele também contraria concepções idealistas do sujeito,
bem como concepções representacionistas da relação DELLA MÉA, C. H. P. Delocutividade: uma
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