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Doutor em Filosofia (Unisinos), professor e diretor pedagógico no Instituto Superior de Filosofia Berthier
(IFIBE). Contato: carbonari@ifibe.edu.br
responsabilidade a processos que se ajustem funcionalmente ao sistema. Mas se se quiser
tomar a vítima ao encargo de outro modo, de um modo crítico, então teria que haver a
possibilidade de pensar e de realizar a responsabilidade de modo outro, de modo
transformador das realidades que geram as vítimas no sentido de que já não sejam
produzidas. As questões aqui expostas tomarão como subsídio as elaborações de Enrique
Dussel e pontualmente abrirão diálogo com Amartya Sen.
É POSSÍVEL A RESPONSABILIDADE COM AS VÍTIMAS?
Uma reflexão ética e jurídico-política sobre direitos humanos no contexto atual
Doutor em Filosofia (Unisinos), professor e diretor pedagógico no Instituto Superior de Filosofia Berthier
(IFIBE). Contato: carbonari@ifibe.edu.br
humana que se caracteriza pela privação contínua ou crônica dos recursos, das
capacidades,das opções, da segurança e do poder necessários para disfrutar de
um nível de vida adequado e de outros direitos civis, culturais, econômicos,
políticos e sociais” (E/C.12/2001/10, párr. 8).
Em sentido ético, a responsabilidade emergiria do tomar ao encargo
aquele/a outro/a que sofre a violação ou cuja situação o/a deixa vulnerável aos
diversos riscos sistêmicos, requerendo, de alguma forma, relações de
reconhecimento, de proximidade e de presença. Mas, como viabilizar a
responsabilidade deste modo em contextos de dessubjetivação, de
despersonalização e de massificação?
Em sentido polítíco/jurídico se poderia dizer que a responsabilidade
emerge da possibilidade de, por um lado, agir para que não venham a ocorrer
vítimas de violação de direitos, na perspectiva da promoção, e, por outro, no
caso dos/as que estejam em risco ou tenham sido vitimados/as, a ação de
proteção e de reparação. Este é o conceito que forjou todo o sistema protetivo
de direitos humanos hoje existente. Todavia, sua base se centra nos
compromissos dos Estados nacionais e na frágil ação coercitiva da comunidade
internacional. Num contexto de transnacionalização como ficam estas
possibilidades?
2) EXIGÊNCIAS
O sistema diz que a vítimas são efeito indireto da ação direta. Admitir que
são efeito direto da ação direta significaria ter que aceitar que há agentes que
produzem vítimas de forma imediata, sem se entranhar em mediações
quaisquer.
Tomemos o exemplo clássico do agente nazista que comandava e operava
o campo de extermínio, é ele responsável (vide caso de Eichmann estudado por
Arendt)?
Tomemos outro caso, no envenenamento resultante do consumo de
alimentos produzidos com alto volume de agrotóxicos, como fica a
responsabilidade: estaríamos diante de um efeito indireto, pois o
envenenamento do consumidor de alimentos não é uma ação direta das
empresas produtoras do veneno, nem mesmo do produtor dos alimentos, mas é
um efeito que o consumidor assume ao adquirir o alimento para seu próprio
consumo [afinal, no mercado capitalista, lhe assiste a possibilidade de escolha
por não consumir produtos produzidos com alto volume de agrotóxicos, mesmo
que isso pareça não eximir a indústria de agrotóxico de ter participado do
processo de envenenamento sofrido pelo consumidor]?
3) POSSIBILIDADES