2008
Em 2008 continuará a distribuição bimestral do informativo Cefar em Notícias, sempre com um tema de importância relacionado à
microbiologia. De destaque, temos as seguintes matérias:
• Esterilização: dando continuidade a série sobre limpeza, será abordada a esterilização, com uma visão geral dos principais métodos
utilizados e suas aplicações.
INFORMATIVO CEFAR DE MICROBIOLOGIA
Assepsia
• Cefalosporinas: uma breve revisão sobre esse grupo de antibacterianos, desde sua descoberta, focando nas gerações destes compostos
e suas aplicações.
Além disse, a partir de 2008, podem ser enviadas sugestões de temas para publicação. Tais sugestões devem ser encaminhadas ao e-mail
sacc@cefar.com.br. Assepsia
Consulte também outros produtos da linha Cefar: discos para antibiograma, O controle ambiental não é o único fator relevante ao se consi-
meios de cultivo, laminocultivos gerais e específicos, bactérias - padrão, derar possíveis fontes de contaminação. Os indivíduos envolvi-
sistemas para identificação bacteriana, indicadores biológicos, entre outros. dos nos processos são uma origem relevante de contaminação e
assim também ser observados e controlados. Essa prática recebe
o nome de assepsia.
Existem diferenças fundamentais entre a assepsia e a desin-
fecção. Apesar de ambas objetivarem o mesmo ponto, a redução
da presença de microrganismos. Os métodos empregados para
tanto seguem regras diferentes, já que a saúde e bem estar do in-
divíduo também deve ser levadas em conta não só a curto como
também a longo prazo. Tal fato pode representar um problema
quando se busca eficácia máxima na eliminação de microrga-
nismos. Por outro lado, existe a vantagem de que o próprio in-
divíduo pode colaborar para manter e avaliar as condições de
controle de contaminação, auxiliando assim na manutenção
das mesmas. Dessa forma, ao se utilizar métodos e práticas que
visem diminuir e controlar a expansão de contaminantes, o in-
divíduo funciona como um fator de regulação, ao mesmo tempo
monitorando a situação e tomando as medidas necessárias para
garantir a condição de redução de contaminantes.
Anti-sépticos
Muitos anti-sépticos também podem ser utilizados como
desinfetantes, dado que seu efeito permite a utilização em
Cefar Diagnóstica Ltda. humanos e animais. O mecanismo de ação destes fica inal-
Pesquisas Clínico Farmacêuticas e Produtos para Diagnóstico Microbiológico
terado quanto utilizado em uma função ou outra assim, para
Av. Engenheiro Alberto Zagottis, 635 - Jardim Anhangüera - SP
Cep: 04675-085 - Tel (0xx11) 5521 9244 - Fax (0xx11) 5548 5132 maiores informações, sugerimos consultar esta matéria jun-
e-mail: sacc@cefar.com.br - site: www.cefar.com.br tamente àquela publicada na edição de Setembro/Outubro.
Caso não tenha acesso a esta solicite a Cefar ou acesse nosso
site (www.cefar.com.br) no link de notícias.
Editorial:
CEFAR EM NOTÍCIAS é uma publicação bimestral de Cefar Diagnóstica Ltda. Álcoois: Um dos principais agentes antisépticos empregados
Diretoria Científica: Produção e Controle de Qualidade
tendo em vista sua eficiência, baixa toxicidade e rápida evapo-
Dr. José Ximenes Dr. Nelson Kioshi Higuti
Assessor Técnico: Gerência Administrativa: ração. Muitos álcoois podem ser utilizados, como o etanol e o
Dr. Luis Otávio C. Kosmiskas Ernani José Alves iso-propanol. A concentração empregada é a mesma que para
Vendas: Compras: desinfecção de ambientes: 60-90% em volume, no caso do eta-
Carlos Eduardo Machado dos Santos Irênio José da Silva
nol. Os álcoois possuem em efeito secante sobre a pele, desta
(vendas@cefar.com.br) (compras@cefar.com.br)
forma existem no mercado formulações que contém álcool e um
agente hidratante e/ou emoliente. Estas formulações permitem
REDE DE DISTRIBUIÇÃO EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL
Ano III - Ed. 24 - Nov/Dez/2007 - Circulação Bimestral
um uso freqüente na assepsia sem provocar maiores problemas
na pele.
Compostos de amônia quartenária: Compostos que estão
presentes em diversos produtos utilizados no dia a dia, muitas
vezes como um composto coadjuvante em um produto. A grande
questão da utilização destes compostos para assepsia está no fato
dos mesmos serem inibidos por surfactantes e outros compos-
tos aniônicos, como os presentes no sabão e detergentes. Desta
forma, deve-se avaliar o protocolo utilizado na assepsia para que
não ocorra este conflito.
Clorexidina: Utilizados por médicos e dentistas, também está
presente em produtos veterinários e de uso rotineiro, como
líquidos para enxágüe bucal. Tem efeito bactericida tanto contra
Gram-positivos quanto Gram-negativos além de apresentar efei-
to bacteriostático. Não apresenta efeito contra esporos, exceto
em altas temperaturas, e Micobactérias são apenas inibidas. A
ação sobre fungos é variada. O exato mecanismo de ação ainda
não foi elucidado, sendo que a proposta mais recente indica que
este atue desestabilizando a membrana celular. Outro mecanis-
mo proposto anteriormente se baseia na inativação de enzimas
responsáveis pelo fornecimento de energia aos microrganismos.
O principal problema destes compostos está no fato de alguns
indivíduos apresentarem reações alérgicas ao seu uso, além de
que algumas evidências apontam que este colabora para com-
plicar algumas patologias bucais. Além disso, alguns microrga-
nismos podem colonizar soluções de clorexidina, colaborando
assim para disseminar os patógenos. Existem relatos de colo-
nização por Pseudomonas aeruginosa, Burkholderia cepacia,
Proteus mirabilis e Serratia marcescens.
Peróxido de hidrogênio: Com uso doméstico consagrado, o
peróxido de hidrogênio apresenta bom efeito anti-séptico gra-
ças a capacidade de oxidação. Contudo, a utilização deste em
ferimentos não é aconselhada, já que este pode afetar o tempo
de cicatriação ou induzir a formação de cicatrizes. Além disso,
em áreas com sangue, o peróxido pode ser degradado pela cata-
lase presente neste, gerando um efeito conhecido de “fervura”.
Nestes casos o composto foi degradado antes de poder exercer
sua ação anti-séptica e assim o ideal é que a área seja limpa antes
de utilizar o peróxido. A toxicidade é baixa, porém o peróxido
possui um efeito clareante que pode manchar roupas e superfí-
cies.
Iodo: Os compostos iodóforos foram um dos primeiros anti-
sépticos a serem empregados, aparecendo na forma de Tintura
de Iodo, uma solução alcoólica. Apesar da eficiência, o uso
desta forma não é indicado, pois pode levar a formação de cica-
trizes e aumentar o tempo de regeneração dos tecidos, no caso
da limpeza de ferimentos. Além disso, a presença de material
orgânico, como sangue, diminui a eficácia destes; Atualmente
são empregados compostos de PVP-I, ou polivinilpirrolidona-
iodo, que além de fornecer íons para o meio, evita os problemas
de cicatrização da tintura de iodo e possuí um efeito persistente,
atuando ainda por um tempo após a aplicação.
Compostos fenólicos: Dos diversos compostos fenólicos dis-
poníveis, o Triclosan é que tem o maior uso atualmente. Está
presente em inúmeras formulações, de sabonetes a líquidos para
higiene bucal. A principal ação destes compostos é sobre mi-
crorganismos Gram-positivos, quanto empregado na concentra-
ção usual de 1%. A ação contra Gram-negrativos, fungos, mico-
bactérias é limitada. Dados de pesquisa sugerem que o triclosan
apresenta um boa ativadade contra vírus envelopados, tais como
HIV-1 e herpes simplex 1 porém não é eficaz contra vírus não
envelopados, . Soluções deste composto apresentam uma ação
residual e não foram encontradas correlações da utilização com
o desenvolvimento de câncer, doenças ou alergias. O mecanismo
de ação sugere que o composto atue sobre diversos alvos celula-
res, levando a uma desestabilização do microrganismo. Já foram
relatados casos de resistência ao triclosan, contudo acredita-se
que este mecanismo esteja correlacionado a outros de resistência
e estudos não conseguiram compravar a existência de uma rela-
ção entre a exposição e o desenvolvimento de resistência.
Técnicas de assepsia
Além da utilização de produtos para promover a eliminação de
microrganismos, é possível utilizar técnicas que levam a uma
redução da carga microbiológica e/ou evitam a propagação da
contaminação.
Limpeza das mãos: Sem dúvida o principal ponto a ser con-
trolado em qualquer individuo e um dos mais difíceis de man-
ter a adesão, as mãos servem como ponto para disseminação de
contaminantes não só microbiológicos como também físicos ou
químicos. No caso dos contaminantes microbiológicos, um in-
dicativo da não adesão ou de uma limpeza pouco eficiente, pode
ser observada com o monitoramento periódico por meio de teste
de crescimento, onde se avalia a carga microbiológica presente
nas mãos. A limpeza pode ser feita de várias maneiras, depen-
dendo do objetivo ou da natureza do trabalho a ser realizado. Na
maioria dos casos, a limpeza com um agente anti-séptico, como
o álcool, é suficiente para manter o controle da microbiota, con-
tudo sem eliminá-la por completo. No caso de um procedimento
cirúrgico, por exemplo, o ideal é que além da lavagem das mãos
e antebraço com antiséptico recomendado, uma escovação in-
tensa das unhas se faz imprescindível. Nestes casos o objetivo é
eliminar totalmente a microbiota, evitando assim qualquer risco
ao paciente.
Equipamentos de Proteção Individual: Apesar dos EPIs visa-
rem proteger os indivíduos de riscos inerentes ao laboratório, a
utilização destes também colabora para evitar a contaminação.
Não exatamente um método de assepsia propriamente dito, con-
tudo os EPIs funcionam por criar uma barreira que impedem
que a microbiota dos indivíduos entre em contato com materiais
do laboratório ou com pacientes, evitando assim uma possível
disseminação da contaminação. Contudo, um dos pontos mais
importantes da utilização de EPIs está no fato destes poderem
estar contaminados. Isso é um problema, pois em muitos casos
a utilização de EPIs gera um falso sentimento de segurança, fa-
zendo que o indivíduo não tome os cuidados necessários para se
evitar que se contamine. Um exemplo comum é de indivíduos
utilizarem aventais em áreas contaminadas e circularem com es-
tes em outras áreas de contaminação controlade e vice e versa.
Nestes casos ocorre um transito de microrganismos de uma área
para outra, promovendo uma chance de contaminação e de dis-
seminação de doenças. O uso de EPIs portanto deve ser restrito
a área em que são necessários e seu uso requer treinamento e
atenção por parte do usuário.
Técnicas anti-sépticas: Em diversas áreas é comum se adotar
uma série de procedimentos que visam impedir a contamina-
ção de se espalhar ou de ocorrer. Tais técnicas são muitas vezes
específicas de cada situação e foram desenvolvidas baseadas
nas necessidades particulares de cada técnica. Um exemplo é
a utilização de bico de chama nas práticas microbiológicas. Tal
chama visa criar uma área livre de contaminação onde se pode
manipular materiais sem risco. Estas técnicas normalmente são
utilizadas em paralelo a outras, visando criar uma margem de
segurança e minimizar riscos de contaminação.
Bibliografia
BLOCK et al. Disinfection, Sterilization and Preservation, 4th
Ed,
MURRAY, P. et al. Manual of Clinical Microbiology, 9th Ed,
Washington,DC: ASM Press, 2007.
WIKIPEDIA – Enciclopédia on-line. Antiseptic. Disponível
em http://en.wikipedia.org/wiki/Antiseptic . Ultimo acesso:
12/11/2007.