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Congresso
XII Congresso Internacional e XVIII Seminário Nacional do INES
Educação de Surdos em Países de Língua Portuguesa
“Há línguas em português”
(José Saramago)
De 23 a 27 de setembro de 2013
XII Congresso Internacional
XVIII Seminário Nacional
INSTITUTO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO DE SURDOS
23 a 27 de setembro de 2013
Rio de Janeiro – RJ
Ministério da Educação
GOVERNO DO BRASIL
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Aloizio Mercadante
E TECNOLÓGICO
ANAIS DO CONGRESSO
EDIÇÃO
Instituto Nacional de Educação de Surdos — INES
Rio de Janeiro — Brasil
CONSELHO EDITORIAL
Camila Lopes Nascimento
Gilmara Almeida dos Santos
Maria de Fátima dos Santos Cardoso
Mônica Azevedo de Carvalho Campello
Paulo Roberto do Nascimento
Priscilla Fonseca Cavalcante
Sarah Miglioli da Cunha Alves
Simone Ferreira Conforto
PRODUÇÃO/DIGITALIZAÇÃO ELETRÔNICA
Barra Livre Eventos e Promoções Ltda.
PROGRAMAÇÃO VISUAL
Claudia Duarte
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Fátima Souza de Oliveira
TIRAGEM
900 exemplares eletrônicos – pen drives
S olange M ar ia da R och a
D i r e to r a G e r a l do I N E S
Sumário
Co n f e r ên c i a I nt e r na c i o n a l
16 O m undo lus ófono
G i l v an Mulle r de Olive ira
Me s a re d o n d a I nt e r na c i o n al
19 Multilinguis m o na r ealidad e e sco l a r de M o ça mbi que
Sa m ima Ama de P a t e l
M ar ia L uisa Ma ngua na
46 E c om o a es c ola entr a na l í ngua
Sh i rle y Vilha lva
Sam ina Ama de P a t e l
F er na nde s do s S a nt o s F a ç o n y V iú m e
53 L ín gua de Sinais em m últipl o s co nte xto s l i nguí sti co s
M a r ta Mo rga do
St e l la S a ve lli
San dra P a t ric ia F a ria do N a scim en to
66 E d u c aç ão de s ur dos em paíse s d o co n ti ne nte a fri ca no
F er na nde s do s S a nt o s
H el e na August a L o pe s Ta va res
A m a ré S o a re s
80 Pro j etos bilíngues e o tr adu to r i nté rp re te
I s a a c G o me s Mo ra e s de S o u za
L au ra J a ne Me ssia s
Sar a F ilipa L o ure iro S ilva M oreira d e Sou sa
102 A bor da gens de ens ino de L P p a ra su rd o s
Su sa na Te re sa C. A. S a nt o s Reb elo
M ar ia Crist ina P e re ira
M ar ia L uísa Ma ngua na
Sim p ó si o
124 D oc um entár io s obr e a Língua d e Si na i s da Gu i né Bi ssa u
M a r ia na Ma rt ins
M ar ta Mo rga do
127 Man uár io ac adêm ic o: dic io ná ri o te rmi no l ó gi co d o Cu rso d e
Pe d a gogia Bilíngue
J a n e t e Ma nde lbla t t
W il ma F a vo rit o
131 O IN ES em Angola
E l a i ne da Ro c ha Ba pt ist a
M ar ia L úc ia Cunha
Ve r a L úc ia Emiliã o
135 E du caç ão de s ur dos im planta do s
Susa na Ca pit ã o
C ar i na Re be llo Cruz
152 A qu is iç ão de lingua gem por cri a nça s su rd a s
Pa t r íc ia Ca rmo
C ri st ina Aguirre
156 L in gua gem Ma tem átic a
M a r ia D o lo re s Ma rt ins da Cun h a
Sil e ne P e re ira Ma da le na
M an o e la do Va le de Olive ira
162 O s ur do c om o intér pr ete
We sle i Ro c ha
F la via ne Re is
171 Ma ter iais bilíngues
Ter e sa S ique ira Rude
M ar ta Mo rga do
C l e l ia Re g ina Ra mo
180 H is tór ia da educ aç ão de s u rd o s: o q ue d i ze m a s fo n te s do cume n ta i s
So l a nge Ma ria da Ro c ha
Pau lo Va z de Ca r va lho
193 L ín gua de s inais no c ur r íc ul o
H e l e na August a L o pe s Ta va res
A ma ré S o a re s
M ar ia na Ma rt ins
198 A e s c r ita em difer entes c on te xto s
M a r ia He le na P ire s S a nt o s
C hr i st ina L o ure nç o L e a l
Susa na Te re sa S a nt o s Re be lo
214 Modelos de inter v enç ão pr eco ce
Su sa na Ca pit ã o
Val é ria Ba pt ist a
Co m u n i c a ç ã o o ra l
E ix o: Te c no l o gi a s e n ovas lig u ag en s
223 A s nov as tec nologias e a incl usã o di gi ta l d o s su rd o s
G l a uc ie lle Ce le st ina de S á
Vari aç ão lexic al na Libr as no i d e nti fi ca do r de si na i s
R o d rigo F e rre ira
J a n ine Olive ira
R o n ic e Mulle r de Q ua dro s
237 Pro j eto de im plantaç ão à a ce ssi bi l i da de co muni ca ti va n o s mu se u s –
u m a par c er ia c om a FENEIS/M G
N a t há lia Vie ira Ma rque s
E ix o: P o r t u g u ê s c o mo seg u n d a lín g u a
291 Port uguês c om o s egunda lí n gua : e m b usca da ca ra cte ri za çã o d a s
e s t r a tégias de leitur a utiliza da s po r i ndi ví duo s su rd o s
A n d re ia Cha ga s Ro c ha To f f olo
E li d é a L úc ia Alme ida Be rna rd in o
306 “ Aí eu olho, es c r ev o e a pr en do ”...na rra ti va s de e studa nte s su rd o s
s o b r e a pr endiza gem e ens ino d a L í n gua Po rtugue sa (e scri ta ) n o
C o légio de A plic aç ão do Insti tuto Na ci o na l d e E duca çã o d e Surd o s
M a r ise P o rt o G o me s
333 Pro pr iedades da inter língua de surd o s a pre n di ze s d e Portuguê s L 2: o
c a s o dos quantific ador es tod o e tudo
R a m o n Co rrê a Mo t a
R o z a na Re igo t a N a ve s
H e l o ísa Ma ria Mo re ira de L ima- Salles
347 A ( d es ) c ons tr uç ão de expr essõ e s me ta fó ri ca s p o r su rd o s co m o a p o i o d o
e n s i no de por tuguês L2
I s a b e l Re is de Olive ira
R a mô n Co rre ia Mo t a
Pol l ya na Bra z
361 A s r elaç ões do s ujeito s ur do co m a L í ngua Po rtugue sa e scri ta
L u c ima r Biz io
372 E str a tégias par a o ens ino da L í ngua Po rtugue sa co mo L 2
L ú c ia de F á t ima F igue ire do Lacerd a
E ix o: P ro d u ç ã o de ma terial d id ático
E ix o: M ul t i l i n g u i s mo
387 B us c ando r epr es entaç ões so ci a i s n o s j o ve ns su rd o s no I NES
Si m one Co nf o rt o
424 S urd os : c ontr adiç ões na incl u sã o cul tura l e i d e nti tá ri a na e sco l a
Si l v ana Elisa de Mo ra is
L u i z André Brit o Co e lho
E l i a ne da s G ra ç a s S a nt o s D u tra Lin s
R o n aldo Q uirino S ilva
E ix o: C ur r í c u l o
O Mundo Lusófono
C ON F ERÊN C I A I N TERN AC I ON AL
As f onias são os conjuntos de países que compartilham uma língua comum, e a lusof onia o
conjunto de países que optaram por esta língua na sua constituição esta tal, ainda que sejam,
como todos os países do mundo, plurilíngues e multiculturais, fa to cada vez mais aceito e cada
vez mais importante para a convivência do português com as outras 339 línguas faladas pelos
cidadãos dos Estados Membros da CPLP.
Novas perspectivas de futuro a brem-se para essa língua a partir do início do século XXI (a pós
2004), pelas mudanças da situação econômica e da inserção internacional dos oito países que
têm o português como idioma oficial. Este novo quadro geopolítico gera, consequentemente, maior
interesse pelo uso e a prendizado da língua, o que conduz à necessidade de pensar e criar modos
de gestão adequados para a situação emergente.
O Acordo Ortog ráfico da Língua Portuguesa de 1990, que começa a ser implementado a partir de
2009, inaugura a possibilidade desta ‘virada’ paradigmática, autorizando a ela boração de uma
série de instrumentos novos, multila terais, policêntricos e comunitários para o português como,
por exemp lo, o Voca bulário Ortog ráfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), que pela primeira vez
17 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
incorpora o léxico de todos os oito países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
de modo sistemático, ou o Portal do Professor de Português como Língua Estrangeira/Segunda
Língua (PPPLE), pla taf orma c onstruída por equipes técnicas dos oito países, e que disponibilizará
recursos d idáticos para o ensino-a prendiza gem da língua segundo as oito variedades linguísticas
nacionais, superando assim a dicotomia Português Europeu vs. Português Brasileiro, que tem
dividido os esf orços de ensino da língua no mundo.
Estes projetos são desenvolvidos pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), a gência
linguística da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), manda tado pelo Plano de
Ação de Brasília para a Promoção, Difusão e Projeção da Língua Portuguesa (PAB), documento
da política linguística comum dos países de Língua Portuguesa, produzido na I. Conferência
Internacional sobre o Futuro do Português no Sistema Mundial, ocorrida em Brasília em março e
a bril de 2010, e a provado pelos Chefes de Estado e de Governo de Língua Portuguesa na Cimeira
de Luanda, em julho do mesmo ano.
Por Norma tização Convergente, entretanto, não se deve entender a opção por uma única norma
do português, como se concebia no passado. A convergência refere-se ao modo de gestão comum
da língua e das suas diversas normas – gestão esta que deve ser compartilhada, comunitária e
coopera tiva, passo essencial para a projeção do português no mundo multipolar do século XXI,
para benefício dos seus falantes e para uma internacionalização em português.
18 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
de Moçambique – O Ensino da
Língua Portuguesa em Contextos
Multilíngues em Moçambique
Samima Amade Patel
I n tro d uç ã o 1
1
O texto está escrito na variante do Português de Moçambique.
2
1A FRELIMO surgiu da unificação de três movimentos nacionalistas, a MANU (União Nacional Africana de
Moçambique), UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique) e UNAMI (União Nacional Africana para a
Independência de Moçambique) em 1962.
20 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n t e x t o g e r a l d o e s t u d o
N es t a parte, a p resentam -se alg uns e l e m e nto s s o br e o c o nte x to s o c i o hi s tó r i c o e
s o cio linguístico, com enf oq ue ed ucac i o na l , i ne r e nte s a o e s tudo .
A s língua s Ba nt u de Mo ç amb iq u e
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
A não especificação das políticas linguísticas aos mais diversos níveis tem sido
apontada como uma estratégia de adiamento do reconhecimento efectivo da relevância da
educação bilíngue no ensino primário. Apesar de o amo ser visto como uma dificuldade
para a definição de políticas linguísticas para a educação, isso não significa que a mesma
seja insuperável. É, assim, que em Moçambique passados vinte e cinco anos depois da
independência nacional, o discurso oficial finalmente reconheceu a importância do uso das
línguas moçambicanas no ensino formal e não-formal, como aponta Ngunga (2005: 2):
Em 1983 o Português era falado por 1.2% como língua materna e 24% como
língua segunda, em contextos urbanos. Dados do recenseamento geral da população
25 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
(população de mais de cinco anos), apenas 6.4% falava o Português como língua
m a t e r n a , e m z o n a s u r b a n a s e 1 . 2 % e m z o n a s r u r a i s . Tr i n t a e n o v e p o r c e n t o ( 3 9 % )
da população total (população de mais de cinco anos) falava o Português como língua
segunda.
Teoricamente, a questão poscolonial é colocada por Bhabha (1994) como uma análise
desconstrucionista regulada por uma semiologia poscolonial embasada na resignificação
das posições do sujeito em relação aos conceitos como linguagem, ideologia, geopolítica,
raça, género, orientação sexual, de entre outras (BHABHA, 1994, p. 23).
Esta questão leva, por sua vez, ao campo da pesquisa sobre língua, linguagem,
o bilinguismo e a educação bilíngue. Neste estudo opero numa visão de linguagem
dialógica e discursiva e no reconhecimento de bilinguismo e educação bilíngue em
contextos minoritários, minoritarizados e invisibilizados, ou seja, um bilinguismo
excludente em que ainda se valorizam as línguas hegemónicas, como aponta Cavalcanti
(1999, 2011).
maioria das vezes, os falantes não possuem a fluência linguística que os definem
como proficientes na variante de prestígio, incluindo os próprios professores, torna-se
inviável caracterizar o perfil de um falante fluente em todos os saberes linguísticos e
comunicativos, como é o caso de Moçambique. Em contextos deste tipo, não se pode
esperar que os alunos, sobretudo os de zonas rurais, desenvolvam “plenamente” a L2.
não pode ser dissociada do contexto social em que se realiza, sobretudo se o mesmo é eivado
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
É importante indicar que inicialmente esta temática foi discutida em aula presencial
na qual observei que as discussões sobre o bilinguismo e a educação bilíngue iam além
das definições teóricas, isto é, era também importante discutir os seus significados
no contexto moçambicano, o porquê da sua introdução em Moçambique e como isso é
feito, e o que significava em termos de formação de formadores de professores.
estruturalistas e comunicativistas.
A discussão, tendo por base a questão proposta pela professora, inicia com uma
colocação de Danilo (Excerto1), sobre as teorias bilíngues, mais propriamente, sobre
como considerar um indivíduo bilíngue e se seria ou não um bilíngue equilibrado.
E x c e rto 1
E x c e rto 2
33 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
E x c e rto 3
Olha Faruk,
E x c e rto 4
E x c e rto 5
let ra mento é m uito lig ado ao con cei to de l í ngua pa dr ã o , que r s e tr a te da s l í ngua s B a nt u ,
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
E x c e rto 6
E x c e rto 7
Subjacente aos depoimentos nos Excertos 6 e 7 pode-se obser var uma visão de
letramento/literacia restrita aos objectivos de se ensinar a língua pela língua, sendo que
essa língua tem que ser padrão. Por exemplo, a escolha lexical ‘bilíngues subtractivos’
(Excerto 6) usada como um índice avaliativo pela formadora para se referir aos professores
ecoando os conceitos da literatura internacional sobre o bilinguismo e a educação bilíngue
vigente em Moçambique como já referi neste trabalho, indicia que, para ela, os professores
têm que possuir o domínio da L1 (línguas moçambicanas padrão) e da L2 (Português
padrão) para que sejam bons professores, ou seja, não podem ser ‘bilíngues subtractivos’
(ou semilíngues) o que parece ser a preocupação da formadora Zefa.
equilibrado’ , o qu e qu er d iz er “ d om i na r ” a m ba s a s l í ngua s da m e s m a m a ne i r a . P a r a
es t a f o rmadora as fron teiras entre a L 1 e a L 2 de v e m e s ta r be m c l a r a s , po i s s e i s s o
nã o acontecer pod erá ocorrer uma “ c o nta m i na ç ã o ” i nde s e j á v e l , pr i nc i pa l m e nte do
Port uguês, pelas lín gu as Bantu. Com e fe i to , c o m o r e fe r e a f o r m a do r a , o s pr o fe s s o r e s q u e
já t ra balh am há algu m tempo com a e duc a ç ã o bi l í ngue j á nã o fa ze m ‘ tr a duç õ e s l i te r a i s’ ,
de s envolvem ‘ con sciência ling uístic a ’ que é o m e s m o que di ze r ‘ c o ns c i ê nc i a g r a m a ti c a l -
comunica tiva’ em cada u m a das língua s . Em o utr a s pa l a v r a s , j á s ã o bo ns pr o fe s s o r e s d e
educação b ilín gu e.
E x c e rto 8
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
Pelas razões apontadas acima, que mostram que os formadores dos IFPs se
orientam por um viés de letramento ligado ao conceito de língua padrão valorizando o
41 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ex c e r t o 9
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Os questionamentos relacionam-s e c o m a s c o nc e pç õ e s a r r a i ga da s e m m o de l o s de
ens ino t ran sp ostos da origem sem se c o ns i de r a r o c o nte x to s o c i o l i nguí s ti c o e c ul tur a l d os
locais onde são a plicad os, com o o c a s o de M o ç a m bi que , po r e x e m pl o . C o ns ti tui e x e m pl o
dis s o as d iscussões sob re os concei to s de “bi l i ngui s m o e qui l i br a do ” e “s e m i l i ngui s m o ” ,
que rot ulam , n o caso ed ucacional, os a l uno s de a c o r do c o m o s pa dr õ e s de fi ni do s pa r a
alunos monolin gu es ideais, em cont e x to s o nde s ur g i r a m e s ta s te o r i a s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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44 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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46 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Shirley Vilhalva
Re s u mo
O objetivo d este estud o consiste e m i ni c i a r o de ba te s o br e a s po s s í v e i s r e l a ç õ e s
no cont e xto ling uístico em diferente e s pa ç o e s c o l a r o nde s e fa z pr e s e nte a s l í ngua s
bras ile iras n as modalid ades orais, e s c r i ta s e de s i na i s , i nc l ui ndo a s l í ngua s e s tr a nge i r a s .
I n tro d uç ã o
Como a escola entra na língua é um assunto muito instigante para iniciarmos nossa
reflexão durante o XII Congresso Internacional do Instituto Nacional de Educação de Surdos
– INES, setembro/2013, que trata da Educação de Surdos em países de Língua Portuguesa.
Como coloca a Diretora Geral do INES, Prof a . Dra. Solange Rocha em sua apresentação
sobre o Congresso: No filme de Victor Lopes Língua: vidas em português, o escritor José
Saramago nos diz que há línguas em português. Alinhados a essa compreensão, estaremos
debatendo e apresentando projetos desenvolvidos e a serem desenvolvidos no Brasil,
Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, relativos à
educação de surdos em que do mesmo modo há línguas em língua de sinais.
Os estudantes hoje que chegam a escolas públicas em sua maioria são filhos de
t r a b a l h a d o r e s e u m g r a n d e n ú m e r o d e b e n e f i c i á r i o s d a b o l s a e s c o l a . 4*N u m a r e a l i d a d e
muitos estudantes estão vivenciando a ausência de uma comunicação sistemática e
necessária ao desenvolvimento acadêmico que pode ser ofertado pelos familiares.
Com a rede sociofamiliar deficitária dialogicamente o aprendiz ouvinte das línguas
acaba sendo incluído entres os que têm necessidades educacionais especiais, embora
o serviço existente no Brasil tenha em suas legislações vigentes que as ofertas do
serviço específicos são para as pessoas com deficiências. Na oferta de oportunidade
da educação bilíngue para os estudantes surdos, especificamente no ensino das
línguas brasileira de sinais como L1 (língua de sinais como língua materna) e escrita
(Língua Portuguesa como segunda língua), descrevendo conforme a Convenção sobre
os Direitos da Pessoa com Deficiência. As falas são diversas e, deparando com os
canais de mídias de comunicação e de informações audiovisual é evidenciado a Língua
Portuguesa oral em relação a língua de sinais ou até mesmo a língua escrita em molde
de legendamento.
Os aprendizes surdos das línguas visuais quando são filhos de surdos já chegam na
escola com a língua de sinais, ficando em aguardo que seus demais colegas aprendam o
que ele já sabe, o que ele vem aprender é o conteúdo dentro do ensino de língua e o que se
oferta na escola ainda é a comunicação e expressão que o mesmo já possui internalizado.
Nesse processo a Língua Portuguesa escrita da escola entra de forma contrária, fazendo que
o estudante surdo sinalizante aprenda do português oral para o português escrito, sendo que
o caminho de acessibilidade linguística acontece com duas modalidades para o ensino de
língua, há o ensino visual que sãos as línguas de sinais e a escrita e o ensino oral auditivo.
4
Leitura sugerida do Decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004 (Bolsa Família) e Lei n º 10.219, de 11 de abril
de 2001 (Bolsa Escola).
48 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A Língua Brasileira de Sinais como primeira língua na escola tem mostrado que o
estudante surdo tem necessidade de encontrar um ambiente visualmente interativo na
língua de sinais, cabendo a escola proporcionar momentos de convivência e manter a
comunicação e expressão que lhe falta em casa. No panorama de ensino de língua, o
objetivo é mostrar como a língua de sinais funciona e quais os usos que ela tem, para
isso, há necessidade de contar com vários profissionais bilíngues, principalmente com
os professores bilíngues, instrutores surdos e instrutores mediadores bilíngues em
língua de sinais/Língua Portuguesa para que o processo dialógico se evolua.
49 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A s l í n g u a s b r a s i l e i r a s e a s línguas es t rangeiras
Um novo olhar se inicia com a po l í ti c a l i nguí s ti c a . O B r a s i l s e m pr e f o i c o ns i de r a do
um país m onolín gu e, ind epen den te do fa to de e x i s ti r e m m a i s de duze nta s l í ngua s
minorit á rias usadas em seu territóri o . Es te fa l s o c o ns e ns o de uni da de é um m i to
alime nt ad o qu e esta b elece u m a norm a pa dr ã o , a dv i nda de um a po s i ç ã o pr e c o nc e i tuo s a
que perpetua o ciclo vicioso d a in ju s ti ç a s o c i a l , na m e di da e m que s ó a a l guns é da da
leg it imidade d e discu rso via recon he c i m e nto l i nguí s ti c o (B A G N O , 2 0 0 5 ). P r o po ndo a s s i m
um e s t udo sistema tiz ado sobre as P o l í ti c a s L i nguí s ti c a s , de L o ui s -J e a n C a l v e t (2 0 0 7 ):
(...) nas duas últimas décadas, entretanto, o panorama das reivindicações dos
movimentos sociais, a diversificação de suas pautas, o crescimento das questões
étnicas, regionais, de fronteira, culturais, tornaram muito mais visível que o Brasil
é um pais constituído por mais de 200 comunidades linguísticas diferentes que, a
seu modo, têm se equipado para participar da vida política do país. Emergem em
vários fóruns o conceito de “línguas brasileiras”: línguas faladas por comunidades
de cidadãos brasileiros (...) independente de serem línguas indígenas ou de
imigração, línguas de sinais ou faladas por grupos quilombolas. 5†
5 Sugestão de leitura: CALVET, Louis Jean: As políticas linguísticas. Tradução: DE OLIVEIRA, Isabel Jonas Tenfen e
BAGNO, Marcos. Prefácio: DE OLIVEIRA, Gilvan Muller, São Paulo-SP: Parábola Editorial, IPOL, 2007.
50 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Cu rrí c u l o
O Currículo na Educação Básica na Educação Bilíngue para Surdos em uma perspectiva
intercultural, visual e digital deverá ser construído com os valores e interesses das
comunidades surdas. Ser componente pedagógico dinâmico, flexível, adaptado ao contexto
socioculturais e linguísticos da educação de Surdos. E, que o trabalho com a Língua
Portuguesa escrita como segunda língua seja planificado de forma que todas as escolas
tenha conhecimento dessa singularidade linguística manifestada pelo estudantes surdos.
51 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P ro j e to s p o l í t i c o s p e d a g ó g icos
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
Da a v a li a ç ã o
Os professores q ue a tu arão n o e ns i no da L í ngua P o r tugue s a c o m o s e gunda l í ngua
pa ra s urd os d everão adotar con f orme o A r t. 1 4 do D e c r e to 5 6 2 6 / 2 0 0 5 , m e c a ni s m o s de
a valiação coeren tes com a p ren diz ad o de s e gunda l í ngua , na c o r r e ç ã o da s pr o v a s e s c r i t as ,
v a lo riza ndo o aspecto semântico e r e c o nhe c e ndo a s i ngul a r i da de l i nguí s ti c a m a ni fe s ta d a
no as pecto f orm al d a Lín gu a Portug ue s a e a pl i c a r o s m e c a ni s m o s a l te r na ti v o s pa r a a
a valiação de con hecim entos expres s o s e m L i br a s , de s de que de v i da m e nte r e g i s tr a do s em
v ídeo o u em outros m eios eletrôn icos e te c no l ó g i c o s . Es ta pr o po s ta te m a pl i c a bi l i da de
s e es t a belecer critério d e reg istro d a i nte r pr e ta ç ã o e tr a duç ã o e s c r i ta r e a l i za da pe l o
es t uda nt e d o vídeo d a Lib ras para L í ngua P o r tugue s a c o m o s e gunda l í ngua .
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
O es t udo d e profission ais su rd os e o uv i nte s , o r i undo s de pa í s e s de L í ngua
Port uguesa, fa vorecerá a troca d e e x pe r i ê nc i a s f o r ta l e c e ndo um a no v a pr o po s ta de
educação b ilín gu e no Brasil prin cip a l m e nte no c a m po da e duc a ç ã o de s ur do s que é a
cons olidação do en sino b ilín gu e e o a c e s s o a o s c o nte údo s da pr o duç ã o a c a dê m i c a , do
ent ret enimen to e d a cultu ra con f orme o o bj e ti v o pr o po s to no X I I C o ng r e s s o I nte r na c i o nal
do Ins t it u to Nacion al d e Ed ucação d e S ur do s – I N ES .
educação especial. Atua no Ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para surdos.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é e como se faz? São Paulo: Loyola, 2005.
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e a valiação na escola: de alunos com necessidades educacionais
especiais. Porto Aleg re:Mediação,2005
CALVET, Louis Jean. As políticas linguísticas. Tradução: DE OLIVEIRA, Isa bel Jonas Tenfen e
BAGNO, Marcos. São Paulo-SP: Parábola Editorial, IPOL, 2007.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências (2007). Brasília: Secretaria de Direitos
Humanos, Secretaria Nacional de Promoção de Direitos da Pessoa com Deficiencia, 2011.
LEI 10.436 de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005.
VILHALVA, Shirle y. Índios surdos: ma peamento das línguas de sinais do Ma to Grosso do Sul.
Petrópolis: Arara Azul, 2012.
ZUIN, Poliana Bruno. O ensino da língua ma terna: dialogando com Vygotsky, Baktin e Freire/
Poliana Bruno Zuin, Claudia Raimundo Re yes. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2010.
53 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
H u mo r e m L í n g u a G e s t u a l Port ugues a
O hum or em líng ua g estual, seja qua l f o r o pa í s , pa r e c e a pr e s e nta r s e m pr e a s
me s ma s c aracterísticas. E ste tipo li te r á r i o da s l í ngua s ge s tua i s pe r de o s e u v a l o r e
qualida de se f or tradu z ido p ara a lí ngua o r a l o u e s c r i ta . P a r a c o m pr e e nde r o s e nti do do
cont e údo de u m bom hu m or em líng ua ge s tua l é ne c e s s á r i o s e r f l ue nte na que l a , c a s o
cont rário , dificilm ente percepcionará a s s ubti l e za s l i nguí s ti c a s .
A n e d o ta s e m L í n g u a G e s t u al Port ugues a
Ane dotas qu e vão p assand o de mã o e m m ã o e de pa í s pa r a pa í s , e ntr e o s s ur do s .
Hoje e m dia, é p ossível faz er in terc â m bi o de a ne do ta s pe l a i nte r ne t, ha v e ndo s í ti o s
de dicado s só a isso, como o Deafjok e s . tv, que i nc l ui a ne do ta s e m l í ngua ge s tua l , e s c r i t as
ou em ba nda d esen had a. E m Portug a l , te m o s o e x e m pl o da tr a duç ã o da o br a fr a nc e s a
de Ma rc R enard e Yves La palu, Surdo s , c e m pi a da s (Edi to r a S ur d’ U ni v e r s o ), que a bo r da
ane dot as sobre as d esvanta g ens de s e r s ur do , a c o m uni c a ç ã o c o m o uv i nte s , o s a pa r e l h os
audit iv o s , as ajud as técnicas, as va nta ge ns de s e r s ur do , a l í ngua ge s tua l , o s i nté r pr e tes
de língua g estual, etc.
E m b o r a o t e a t r o r e p r e s e n t e u m a f o r m a d e a r t e e m L G P, a p o u c a f r e q u ê n c i a e
convívio entre surdos nas associações nos dias de hoje, têm feito com que o teatro
e m l í n g u a g e s t u a l v e n h a , i n f e l i z m e n t e , a d i m i n u i r. C o m a s n o v a s t e c n o l o g i a s e o m a i o r
a c e s s o à L G P, o s s u r d o s p a s s a r a m a f r e q u e n t a r m e n o s o c o n v í v i o n a s a s s o c i a ç õ e s ,
preferindo alargar os seus encontros a espaços diferenciados. Deste modo, as idas
às associações perderam a importância, remetendo para segundo plano os pretextos
que aproximavam os surdos num espaço comum, como o teatro ou o desporto
(MORGADO, 2008).
A editora Cuckoo, em cola boração com a Associação de Surdos do Porto, lançou três livros d’
As a venturas do gorila Zé Reguila e do chimpanzé Barna bé . Uma coleção de livros com tradução em
LGP por um docente surdo de LGP.
57 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Acessibilidade Científico/Cultural:
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
Se pensarmos n o nosso d ia a d i a , na s a ç õ e s m a i s r o ti ne i r a s , po de m o s o bs e r v a r
no s s a s preferências em utiliz ar algu ns o bj e to s e m r e l a ç ã o a o utr o s m e no s e r go nô m i c o s ,
as s im como elevadores e/ou ram pas e m v e z de e s c a da s pa r a c he ga r m o s a a l gum
lugar, s inaliz ações qu e nos aju dam na l o c o m o ç ã o m a i s fa c i l m e nte e tc . S ã o e x e m pl o s
pa ra pensar o Desenh o Un iversal com o a po s s i bi l i da de de a te nde r a to da s di fe r e nte s
cara ct e rísticas d o ser hu m ano d a m e l ho r f o r m a po s s í v e l . D e fi ni do pe l a C o nv e nç ã o
Int e rna cion al sobre os Direitos das P e s s o a s c o m D e fi c i ê nc i a s de 2 5 de a go s to de 2 0 0 6 ,
ra t if icada pelo Brasil em 2008 com o :
“Na exposição, o visitante é a relação com o mundo que ela trata, não pela mediação
abstrata da linguagem, mas pela mediação perceptiva e corporal dos objetos e do espaço.
Os objetos são elementos que pertencem ao mundo da exposição e que vieram de alguma
maneira até o visitante, enquanto a organização da exposição, sua concepção faz com
que esses mesmos objetos sejam para o visitante o meio de ser, de alguma maneira,
‘transportado’, ‘imerso’ durante o tempo da visita a este mundo” (DEVALLON, 2010, p. 25).
Es t e projeto teve rep ercu ssões mui to po s i ti v a s , ta nto no núm e r o de v i s i ta nte s s ur dos
acompanhad os p or escolas qu anto na v i s i ta ç ã o e s po ntâ ne a , o que é be m m a i s di fí c i l
de v e r. F oi reg istrado n o caderno d e v i s i ta ç ã o o de po i m e nto m ui to g r a ti fi c a nte de um
cas a l, no q ual um deles surdo, diz ia te r ti do a o po r tuni da de de us ufr ui r da que l e e s pa ç o
com aut o nomia, pod end o entend er o que e s ta v a s e ndo a bo r da do e pa r ti c i pa r c o m m a i s
int e res s e e p raz er. E ste é um dad o m ui to i m po r ta nte pa r a e s ti m ul a r pr o j e to s c o m o
es t e em d iversos ambientes cu ltura i s . A f o r m a ç ã o de um i ndi v í duo pa s s a pe l o a c e s s o
à e duca ção, à inf orm ação e à cultu r a , um tr i pé i m po r ta nte pa r a a c o ns tr uç ã o de um
cida dão c rítico e com possibilidad e de c r e s c e r pr o fi s s i o na l m e nte .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ACESSIBILIDADE A MUSEUS. Cadernos Museológ icos vol. 2. Reg ina Cohen, Cristiane de S. Duarte,
Alice de Barros H. Brasileiro. IBRAM, Brasília, 2012.
Re s u mo
Uma líng ua surge d e f orma na tu r a l na i nte r a ç ã o de um i ndi v í duo c o m o o utr o . D e s s a
int e ração su rg e um sistem a com ple x o c o m v á r i a s e ng r e na ge ns c o ns ti tuí da s de s e gm e nt os
es t rut ura i s, acompan had os d e eleme nto s c o gni ti v o s , ps i c o s s o c i a i s e c ul tur a i s , tr a duzi dos
do eu de cada u m de seus falantes e do i nc o ns c i e nte c o l e ti v o que a br a nge o g r upo
que f a la essa líng ua. Em face d essa c o ns ta ta ç ã o , r e c o nhe c e m o s que a s l í ngua s nã o
s ã o s is t em as isolados, an acrôn icos, ne m fi x o s ; o utr o s s i m , s ã o s i s te m a s pe m e á v e i s que
ev o luem com seu s falan tes, n o tempo e no e s pa ç o .
h t t p : / / w w w. g o o g l e . c v / i m g r e s
Ob j e c ti v o s
– So ci aliz ar a situ ação de Ca b o Ve r de fa c e à e duc a ç ã o do s s ur do s .
– Re colher contribu tos para m el ho r i a de e duc a ç ã o de s ur do s e m C a bo Ve r de .
– Se nsib iliz ar e mobiliz ar parcei r o s pa r a a po i o na e fe c ti v a e duc a ç ã o do s s ur do s e m
Ca b o Verd e.
67 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re s u l ta d o s e s p e r a d o s
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6
http://www.minedu.gov.cv
7
§ http://www.ine.cv
8
Escolaridade básica organizada em três fases de dois anos cada
68 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Em 2003 um grupo de três pessoas ouvintes e uma surda, a Helena Tavares, participaram
numa formação em Educação de Surdos no Instituto Jacob Rodrigues Pereira da Casa Pia
de Lisboa, durante 6 meses. Após o regresso dessa formação de curta duração, o Ministério
da Educação destacou a Helena Tavares 9** para trabalhar com as crianças surdas na AADICD,
em substituição do Jonas. Várias formações foram realizadas pelo Ministério da Educação e
AADICD nas diferentes ilhas/concelhos para sensibilização dos agentes educativos sobre a
educação dos surdos. De 2005 a 2009 a Helena participou numa formação de formadores de
Língua Gestual a convite da Associação Portuguesa de Surdos.
9
Antes, a Helena trabalhava como dactilógrafa na secretaria do liceu Domingos Ramos.
10
Turmas multisseriadas.
11
Escola de Formação de Professores do Ensino Básico – Instituto Pedagógico de Cabo Verde.
69 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
numa das escolas básicas. Nas escolas secundárias Teixeira de Sousa, na ilha do Fogo e
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Olavo Moniz, na ilha do Sal existem alunos surdos nas escolas secundárias e para todos
esses casos foram realizadas sessões de formação de professores das respectivas escolas.
S i tu a ç ã o d e L í n g u a G e s t u a l em Cabo Verde
Em Cabo Verde a maior expressão de língua gestual verifica-se na escola básica,
Eugénio Tavares e na escola secundária Pedro Gomes, na Praia, onde existem as turmas
de alunos surdos. Entretanto, constatam-se dois tipos principais de comunicação: a língua
gestual durante as aulas de língua gestual com a utilização da Língua Portuguesa escrita
e nas outras aulas, uma mistura de comunicação gestual, Língua Portuguesa oral e escrito
e a língua cabo-verdiana (crioulo) mais os sinais caseiros em simultâneos. Pode-se dizer
que existe uma situação de diglossia, português e crioulo, no que se refere à alfabetização.
Á excepção das escolas, Eugénio Tavares e Pedro Gomes, o ensino é feito em Língua
Portuguesa, sobretudo oral, nas demais escolas onde estudam os alunos surdos.
O Ministério d a Ed ucação n o âm bi to do P r o j e c to Es c o l a de To do s e l a bo r o u um
do cume nto orientador para líng ua g e s tua l , e m de c o r r ê nc i a do qua l j á f o i e l a bo r a do um
pla no de acção a ser implem entado c o m v i s ta a um a l í ngua ge s tua l c a bo -v e r di a na .
Dois anos mais tarde cria-se o Departamento Nacional para a Educação Especial
(decreto nº 40, 80) de 14 de Maio - Estatuto orgânico do MED, artigo 17º. A partir
desta data começou efectivamente o atendimento das pessoas com necessidades
educativas especiais.
E d u c a ç ã o d o s s u r d o s e m A ngol a
A e duc ação dos su rd os em ang o l a de s de a s ua i m pl e m e nta ç ã o no s pr i m e i r o s
mo ment o s era feita pelo m étod o oral i s ta e l e i tur a l á bi o fa c i a l , a po i a do no da c ti l e m a
Port uguês on de as crianças à partir do s 4 a no s i ng r e s s a v a m pa r a a c l a s s e s e ns o r i a l
e inicia vam a estimulação precoce o nde r e c e bi a m no ç õ e s s o br e o a l fa be to , a s v o ga i s ,
os núme ros, os dias d a semana, os m e s e s do a no , po r f o r m a a s e gui r e m pa r a o s ní v e i s
s ubs equen tes.
Co o p e ra ç ã o I n t e r n a c i o n a l
Com o Acord o Básico d e Coop er a ç ã o Ec o nô m i c a , C i e ntí fi c a e Té c ni c a e ntr e o G ov er no
d a R ep ú blica F e de ra tiva do Bra sil e a R ep ú b lica d e A n g ola, a s s i na do e m 1 1 de j unh o
de 1980 e p romulgad o em 5 de ou tubr o de 1 9 9 0 .
Ou tra s a c ç õ e s r e a l i z a d a s f o ra do project o
• Particip ação na Repú blica Fede r a ti v a do B r a s i l , Es ta do de P e r na m buc o C i da de
Recif e por intermédio da JICA e a r e de TA M P O P O no P r o g r a m a de Tr e i na m e nto
e f ormação de activistas, sobre Prev e nç ã o da s D TS , H I V / S I D A , pa r a A ngo l a no s e
Mo ça mbic an os com su rd ez p a trocina do pe l a J I C A e a r e de Ta m po po .
Pe rs p e c t i v a s
Criação d o Cen tro Nacion al de O r i e nta ç ã o P s i c o s o c i o pe da gó g i c o pa r a a te nç ã o a s
pe s s o a s surdas
N º 1- E sp eran ça de vid a.
D AD OS E STATISTICOS DE ACT UA L I Z A D O S
1. Luan da 976
3. Ben go 249
4. Bié 377
5. Ca b in da 290
7. Hu íla 519
8. Huambo 469
13. L. Su l 251
1. Luan da 2
2. Beng uela 1
3. Ben go 1
4. Bié 1
5. Ca b in da -
6. Cun ene 1
7. Hu íla 1
8. Huambo 1
9. K. Kub ang o 1
11. Cuan z a Su l 1
12. L. Norte -
13. L. Su l 1
14. Namib e 1
15. Malan je -
16. M oxico -
17. Uíge -
18. Zaire -
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
Dicionário Dig ital da Língua Gestual Angolana, Carlos Moncada. Valdez e Marcelina Domingos
Ferreira M anuel, Luanda 2005.
Surdez, Educação e Sociedade, Carlos Moncada Valdez, Luanda 2006. “Comunicação Pessoal”, F.
Galcerán, 1999. INEE 2004...2008.
80 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A Atuação de Tradutores/Intérpretes
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
de Libras/Português no Projeto
Bilíngue do Colégio de Aplicação
do Instituto Nacional de Educação
de Surdos
Isaac Gomes Moraes de Souza
e estruturados para surdos, que a língua de sinais seja a língua de instrução e que a
comunidade escolar seja usuária dessa língua, entre outros elementos.
14
Disponível em http://www.cultura-sorda.eu/resources/Reconocimiento_Libras.pdf; acessado em 15/02/2013).
83 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P o r t a n t o , a s a ç õ e s d o Tr a d u t o r / I n t é r p r e t e d e L i b r a s / P o r t u g u ê s n o p r o j e t o d e
Educação Bilíngue do CAp/INES não se restringem apenas à intermediação nas salas de
aula, como nos modelos inclusivos. Entende-se que esse profissional é parte integrante
do processo educativo e que pode, e deve, contribuir para as reflexões pedagógicas
da instituição. Deste modo, um novo olhar sobre a ação desse profissional vem sendo
construído paralelamente à construção de uma Educação Bilíngue para surdos nos
últimos anos.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL. M inistério da Educação. Secre taria de Educação Especial. Lei nº 10.436, de 24 de a bril
de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e dá outras providências.
FREIRE, Paulo. A educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 2008
FAVORITO, W. O difícil são as pala vras: representações de/sobre esta belecidos e ‘outsiders’ na
escolarização de jovens e adultos surd os. 2006. 256 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) –
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
FENEIS. A educação que nós, surdos, queremos. Rio Grande do Sul, 1999.
em 15/08/2013.
S E N A D O F E D E R A L . L í n g u a B r a s i l e i r a D e S i n a i s “ U m a C o n q u i s t a H i s t ó r i c a ” . B r a s í l i a - D F, 2 0 0 6 .
D i s p o n í v e l e m h t t p : / / w w w. p r e f e i t u r a . s p . g o v. b r / c i d a d e / s e c r e t a r i a s / u p l o a d / p e s s o a _ c o m _
deficiencia/arquivos/Libras_Uma_conquista_historica.pdf; acessado em 15/08/2013.
85 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d u çã o
Pes qu isas sobre as lín gu as d e s i na i s j á dã o c o nta que e s ta s l í ngua s s ã o c o m pa r á v ei s
em complexid ade e expressivid ade a qua i s que r l í ngua s o r a i s , po de ndo m a ni fe s ta r-s e e m
dis cus s õ es sob re filosofia, litera tura o u po l í ti c a , e s po r te s , tr a ba l ho , m o da , i de i a s s uti s ou
complex a s e a bstra tas. O s a trib utos e s té ti c o s c o nfe r i do s na s i nte r pr e ta ç õ e s po é ti c a s , n as
es t ó rias , tea tro e hu m or, torn am -n a s pe r fe i ta m e nte c o m pr e e ns í v e i s e , c o m o to da l í ngua,
t êm acre scid o em seu s voca b ulários c o m no v o s s i na i s i ntr o duzi do s pe l a s c o m uni da de s
s urdas em resposta às m ud anças cul tur a i s e te c no l ó g i c a s .
15
Língua Brasileira de Sinais – modalidade de língua viso-espacial, símbolo por excelência da surdez (FERREIRA-
BRITO, 1995), cuja lei 10.436/2002, regulamentada pelo decreto-lei 5.626/2005, reconhece e assegura como a
língua das comunidades surdas dentre outras atribuições.
86 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
21
Centro de Referência da Educação Inclusiva do Município do Rio de Janeiro.
22
Os Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais – Libras educacionais e os Instrutores Surdos de Libras pertencem ao quadro
funcional da ITILS – Instituto de Tradutores e Intérpretes de Línguas de Sinais, empresa essa contratada sob regime de licitação.
23
No Município do Rio de Janeiro oferece-se curso de Libras para os professores de Atendimento Educacional Especializado
(AEE); encontros de capacitação da Educação Especial/AEE dinamizados pelos profissionais do Laboratório de Libras e do
Específico de Surdez do IHA, nas onze Coordenadorias Regionais de Educação (CRE).
88 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
24
Primeiro ator surdo a se profissionalizar no Brasil, estudante no NTD - National Theatre of the Deaf de Nova Iorque,
pesquisador de Língua de Sinais, Mestre em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC,
graduado em Letras-Libras pela UFSC e em Cinema pela Universidade Estácio de Sá. Possui certificação PROLibras-
-MEC-UFSC como professor de nível superior e é autor/coautor de 15 livros em Libras. Tem experiência na área de Le-
tras, com ênfase em Língua de Sinais Brasileira. Para currículo completo, ver http://lattes.cnpq.br/5120615815365350.
89 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
†††††
O int érp rete edu cacion al d eve c o ns i de r a r a s ta nta s s i gni fi c a ç õ e s e c o nte x to s po s s í vei s
re s ult a nt es dos/n os en un ciad os como um de te r m i na nte pa r a um bo m de s e m pe nho
(BEL ÉM, 2010), d urante a realiz ação de s e u tr a ba l ho . Es s e pr o fi s s i o na l po de s e de pa r a r
Na definição de Santaella (1993, págs.1-2) também nos comunicamos através de objetos, sons musicais, gestos,
25
expressões, cheiro e tato, através do olhar, do sentir e do apalpar. Somos capazes de nos constituir como seres sim-
bólicos, em seres de linguagem, que historicamente é confundida como língua. A língua como fonte única forma de
conhecimento, de saber e interpretar o mundo. Semiótica é uma ciência de toda e qualquer linguagem, as linguagens
verbais e não-verbais. Em www.portaldetonando.com.br – Projeto democratização da Leitura – PDL, acessado em
15/09/2013.
90 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ALVES, Denise de Oliveira; GOTTI, Marlene de O.; GRIBOSKI, Claudia Maf fini e DUTRA, Cláudia
Pereira. Sala de Recursos multifuncion ais: espaços para a tendimento educacional especializado.
Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.
BELÉM, Laura Jane Messias. A a tuação do intérprete educacional de Língua Brasileira de Sinais no
ensino médio. 139 p. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Metodista de Piracica ba
– UNIMEP, Piracica ba-SP, 2010.
CLOT, Yves. A Função psicológ ica do tra balho. Tradução de Adail Sobral. Petrópolis-RJ: Editora
Vozes, 2006.
FERNANDES, Eulália (Org.). Surdez e bilinguismo. Porto Aleg re: Editora Mediação, 2005.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Intérprete de Libras: em a tuação na educação infantil e no
ensino fundamental. Porto Aleg re: Editora Mediação, 2009.
LODI, Ana Claudia B.; HARRISON, Ka thr yn M. P. e CAMPOS, Sandra. R.L. Letramento e surdez:
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
um olhar sobre as particularidades dentro do contexto educacional. In: LODI, Ana Claudia et all.
Letramento e minorias. Porto Aleg re: Editora Mediação, 2003.
QUADROS, Ronice Muller de. O tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua
Portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Prog rama Nacional de Apoio à Educação de Surdos.
2ª edição. Brasília: MEC/SEESP, 2004.
QUINTANA, Mario. Quintana de bolso / Mario Quintana – Porto Alegre: Editora L& PM, 2006, 168 p.
SOBRAL, Aldair. Dizer o “mesmo” a out ros: ensaios sobre tradução. São Paulo: Editora SBS, 2008,
p.128-130.
SOBRAL, Aldair. O tradutor é um autor. – SBS – e-talks (Published on June 27th, 2005/ b y E-talks)
Disponível em https: //www. sbs.com.br/e-talks/o-tradutor-e-um-autor/. Visitado em 09/09/2013.
Intérprete
Sara Filipa Loureiro Silva Moreira de Sousa
Re s u mo
Em Portu gal a a tuação d o In térpr e te de L í ngua G e s tua l P o r tugue s a (I L G P ) é di fe r e nt e
da de s envolvid a por pares p rofissio na i s no B r a s i l . C o m e s ta c o m pa r a ç ã o te nta m o s i r
no s e nt ido de en contrar novos cami nho s e de a l a r ga r ho r i zo nte s . A e s c r i ta de s te a r ti go
na s ce no âm bito d esta partilh a, d e c o nhe c e r e de s e da r a c o nhe c e r, s e m pr e num a
a t it ude proa tiva de a prend iz a g em e c r e s c i m e nto pr o fi s s i o na l .
A b s tra c t
In Portugal, the performance of portugueses sign language intérpreters is different from
the one developed by fellow Brasilian intérpreters. With this comparison we are trying to
find new paths and broaden horizons. This article is originated from the shared experiences,
always with a proactive learning approach and with a sense of professional growth.
94 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
Com esta com un icação p retend e -s e a bo r da r a a tua ç ã o do I L G P no s e ns i no s bá s i c o e
s upe rior, bem com o a su a particip aç ã o na c r i a ç ã o e e l a bo r a ç ã o de m a te r i a i s bi l í ngue s ,
pa ra o s alu nos su rd os, em cola bora ç ã o c o m o s do c e nte s .
alunos surdos que é escassa no nosso país. É no dia-a-dia do trabalho com os alunos surdos
e em colaboração com os docentes das diferentes disciplinas, com os docentes surdos, com
os terapeutas da fala e com os docentes de educação especial, que nos deparamos com as
dificuldades dos alunos bem como com a falta de material para trabalhar com eles. É nesta
direção e por forma a colmatar estas lacunas que faz todo o sentido a produção de materiais
bilíngues, sempre em estrita parceria na equipa multidisciplinar especializada.
1 - Fo rm a ç ã o a c a d ê m i c a d o I LG P
D uran te m uito tem po, as fun çõe s de I L G P “f o r a m de s e m pe nha da s po r fi l ho s de pa i s
s urdos , f amiliares, am ig os ou viz inh o s , s e m c a r á c te r pr o fi s s i o na l e e m s i tua ç õ e s po ntu ai s
e e s po rád icas” (Fernan des & Car val ho , 2 0 0 5 , p. 1 4 3 ). C o m um a m a i o r pa r ti c i pa ç ã o da s
pe s s o a s surdas na socied ade h ouve a ne c e s s i da de do s I L G P te r e m m a i s c o m pe tê nc i a s
t ant o a nível d e léxico g estual com o de c o nhe c i m e nto s da c ul tur a e i de nti da de s ur da s
(Pere ira, 2 011). Assim, a f orm ação pr o fi s s i o na l do s I L G P s ur g i u e m 1 9 9 6 c o m a c r i a ç ã o
do curs o Técn ico-Profissional de ILG P pe l a A s s o c i a ç ã o P o r tugue s a de S ur do s , e m L i s boa,
e e m 199 7, pela Associação d e Surdo s do P o r to .
2 - O i nt é r p r e t e e d u c a t i v o
O intérprete educativo é o profissional que desempenha as suas funções enquanto
intérprete de língua gestual na educação. Mas não basta estar presente no contexto educativo
para se ser intérprete educativo uma vez é necessário ter em consideração as necessidades
educativas dos alunos surdos (há alunos surdos com diferentes níveis de LGP dentro da mesma
sala de aula, há alunos surdos com perturbações associadas,…). Nesta linha de raciocínio,
o ILGP tem de conhecer bem a população com quem trabalha diariamente para que o seu
trabalho seja levado a cabo com o mínimo de falhas e de prejuízo para os alunos surdos.
rápido, mas sem ser automático. Este profissional tem de compreender a mensagem que é
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
s u r d a » 26 e m q u e e s t e j a m p r e s e n t e s a L G , a i d e n t i d a d e e a c u l t u r a s u r d a s ” ( S O U S A ,
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
‡‡‡‡‡
26
Segundo Karnopp (2010, p. 161), «literatura surda» é definida como sendo “a produção de textos literários em [gestos], que
traduz a experiência visual, que entende a surdez como presença de algo e não como falta, que possibilita outras representa-
ções de surdos e que considera as pessoas surdas como um grupo linguístico e cultural diferente”.
100 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n cl u s ã o
Ao lo ngo d esta a p resentação f om o s de s c o r ti na ndo a fi gur a e a l gum a s funç õ e s do
ILG P na c omun id ade d e su rd os e, m a i s e s pe c i fi c a m e nte , e m c o nte x to e s c o l a r. N a s
últ imas décadas, com o recon hecim e nto pr o g r e s s i v o do s di r e i to s da s pe s s o a s s ur da s
po r part e do E stado e com uma m ai o r pa r ti c i pa ç ã o de s ta s na s o c i e da de m a i o r i tá r i a ,
lev o u a uma aceitação da LGP n a soc i e da de e na e duc a ç ã o do s s ur do s . N e s te s e nti do , é
de t odo p ertin ente a presen ça do IL G P na s á r e a s e duc a c i o na i s , um a v e z que há po uc o s
prof es s ores com petentes em LGP pa r a a s s e gur a r e m a s a ul a s s e m i nté r pr e te .
surdos se torne uma realidade cada vez mais transparente, livre de preconceitos, de
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
barreiras e que a igualdade de oportunidades seja uma realidade e não uma utopia. A
v o n t a d e d e q u e r e r f a z e r m a i s e m e l h o r, a s s i m c o m o a e n t r e g a p e s s o a l e p r o f i s s i o n a l
dos técnicos de LPG faz com que a criação dos materiais bilíngues seja uma constante
e esteja neste momento a dar os ‘primeiros passos’, existindo ainda um longo percurso
a p e r c o r r e r. U m d o s c a m i n h o s p o r o n d e o s I L G P p o d e m e d e v e m e n c a m i n h a r- s e é
no sentido de aproveitar e explorar as experiências que vão adquirindo e irem-se
atualizando, aprofundando e enriquecendo esses conhecimentos para se especializarem
ainda mais, porque todos os dias se aprendem novos gestos e se ‘reinventam’ novas
formas de tradução e interpretação.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
AFONSO, C. UAS – Realidade ou utopia?, In: Orquídea Coelho (coord.) Prescrutar e escutar a surdez. Santa Maria da
Feira: Edições Afrontamento, Coleção Caleidoscópio 2, 119-123, 2005.
COELHO, O. Da lógica da justificação à lógica da descoberta. Ser surdo num mundo ouvinte: um testemunho
autobiográfico. Cadernos de Educação. Pelotas, 36, 197-221, 2010.
FERNANDES, R. & CARVALHO, J. Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa, da formação à prática real. In: Orquídea
Coelho [Coord.]. Perscrutar e escutar a surdez. Santa Maria da Feira: Edições Afrontamento, 2005, pp. 139-151, 2005.
LACERDA, C. Tradutores Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais: Formação e Atuação nos Espaços Educacionais
Inclusivos. Cadernos de Educação. Pelotas, 36, 133-153, 2010.
PEREIRA, T. Intérprete de Língua Gestual Portuguesa, Sobre a Sua (In) Visibilidade no Sistema Educativo. Porto,
2011. 210 f. Dissertação de Mestrado (Educação e Surdez) – Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade do Porto.
REIS, A. O papel do Intérprete Educativo no apoio ao estudo. Porto, 2012. Dissertação de Mestrado (Tradução e
Interpretação em LGP) - Escola Superior de Educação do Porto.
SÃO PEDRO, P. Desenvolvimento e implementação de material bilíngue de Ciências Naturais para alunos surdos.
Porto, 2012. Dissertação de Mestrado (Tradução e Interpretação em LGP) – Escola Superior de Educação do Porto.
SOUSA, S. (2011). Narrativas biográficas de mulheres surdas e educação: reconhecer experiências, culturas,
identidades e percursos. Porto, 2011. 325 f. Dissertação de Mestrado (Educação e Surdez) – Faculdade de Psicologia
e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
PORTUGAL. Constituição da República Portuguesa, Lei Constitucional nº 1/97, artigo 74º, alínea h), de 20 de Setembro (1997).
PORTUGAL. Lei nº 89/99, de 5 de Julho, Diário da República, I série-A, nº 104, Assembleia da República.
102 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Surdos
Susana Teresa Santos Rebelo
Re s u mo
D e t o das as q uestões qu e se col o c a m r e l a ti v a m e nte à e duc a ç ã o de s ur do s , é o
ens ino - a p ren diz a gem da lín gu a esc r i ta , l í ngua da c o m uni da de o uv i nte do pa í s e s e gund a
língua do sujeito su rd o, q ue, sem dúv i da , s e c o ns ti tui c o m o pr i nc i pa l pr o bl e m á ti c a
que, por ser tran sversal a todas as o utr a s á r e a s e s c o l a r e s , e ful c r a l na v i da s o c i a l e
prof is s ional do surdo, se p retend e v e r de ba ti da e a m pl a m e nte a na l i s a da .
O presente artigo tem como objetivo fazer uma breve descrição do Programa de
Português Língua Segunda para Alunos Surdos, documento homologado em 2011, e que
se institui como o eixo norteador das práticas docentes da disciplina de Português,
língua segunda para alunos surdos, em Portugal. Apresenta-se também uma reflexão
sobre o tema central, partindo da caraterização da população escolar surda do CED
Jacob Rodrigues Pereira e propõem-se linhas de atuação, tendo em conta as atuais
necessidades da didática desta disciplina, no contexto português, para os ensinos
Básico e Secundário.
I n tro d uç ã o
A mudan ça de p arad ig m a edu ca ti v o , nã o s ó e m P o r tuga l c o m o e m o utr o s pa í s e s ,
de co rre nte d as p rop ostas d as inves ti ga ç õ e s c i e ntí fi c a s da s úl ti m a s dé c a da s na s
áre a s das ciên cias m édicas, das ciênc i a s da l i ngua ge m e da s c i ê nc i a s da e duc a ç ã o ,
v e io proporcionar ao alu no surdo u m e ns i no que l he r e c o nhe c e o di r e i to à di fe r e nç a ,
as s egura ndo o p len o desenvolvimento c o gni ti v o e c o m uni c a ti v o , e ga r a nti r o di r e i to de
igualda de no acesso ao cu rrícu lo e, po r e x te ns ã o , à v i da na s o c i e da de o uv i nte .
27
DECRETO-LEI nº 3/2008, publicado no Diário da República -I série, n.º4, de 7 de Janeiro. Fonte: http://dre.pt/ .
103 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Um o l h a r s o b r e o p r o g r a m a de P L2 para s urdos
O Pro g rama de PL2 f oi ela borado pa r a o 1 º, 2 º e 3 º c i c l o s do Ens i no B á s i c o e Ens i n o
Secundá rio, estrutura-se nu m a m a tr i z c o m um e nã o s e v e r i fi c a um a v i s ã o e s ta nque do s
qua t ro cic los, antes se eviden cia u m a pr o g r e s s ã o e ntr e e l e s . C a da c i c l o é v i s to c o m o
uma unidade d entro d a qu al se dist r i bue m o s v á r i o s c o nte údo s pr o g r a m á ti c o s , e a ge s t ão
do Pro g ram a é realiz ada p or cad a e s c o l a a uto no m a m e nte que o a r ti c ul a e i m pl e m e nta ,
lev a ndo em consid eração o Projeto Educ a ti v o , o P r o j e to C ur r i c ul a r de Tur m a e o P r o g r ama
Educa t iv o Ind ivid ual.
28 ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, Lisboa, 2011.
104 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
–>
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
–>
Promover uma educação bilíngue e bicultural, de modo a f ormar cidadãos
competentes e integ rados, tanto na comunidade surda, como na ouvinte.
–>
Promover o desenvolvimento das competências comunica tivas, tanto em LGP
como em LP, a fim de f ormar cidadãos inter ventivos e ca pazes de intera g ir em
sociedade, com sucesso e autonomia.
–>
Munir os alunos de competências que lhes permitam ser pensadores críticos,
cria tivos e ref lexivos, ca pazes de tomar decisões e de resolver problemas,
cooperando e cola borando efectivamente uns com os outros a fim de alcançarem
objectivos comuns em situações de vida e de g rupos que ref lectem diferenças
culturais, sociais e académicas.
–>
Contribuir para facilitar o início de um projecto de vida baseado nos seus
interesses, ca pacidades e características, incorporando o conhecimento e a defesa
dos seus direitos e mobilizando os recursos disponíveis para uma realização
pessoal efectiva.
Fon t e: M E / D G I D C , P ro g ra m a d e P o rtu g u ê s L 2 p ara Alu n os S u rd os , E n s in os Bás ico e S ecu n d ário, op .cit, p .23.
O s q u a t r o c i c l o s a p r e s e n t a m D o m í n i o s Te m á t i c o s d e R e f e r ê n c i a , e i x o s q u e
contextualizam as aprendizagens e em torno dos quais se aglutinam os temas de
comunicação, pressupondo a adoção de uma metodologia próxima da que é utilizada
n o e n s i n o d a s l í n g u a s e s t r a n g e i r a s . P a r a o s 1 º , 2 º e 3 º c i c l o s , o s D o m í n i o s Te m á t i c o s
de Referência são os mesmos. No Ensino Secundário, para cada um dos três anos, são
contemplados outros temas de maior abrangência e complexidade sendo que a lógica
que preside à sua articulação é igualmente a de progressão.
105 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Fonte: ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário,
o p . c i t . 29
29
São apresentadas as propostas contempladas no Plano Nacional de Leitura para alunos surdos. A seleção dos
textos deve considerar o nível de proficiência dos alunos, os domínios temáticos e o projeto curricular de turma.
Plano Nacional de Leitura. Fonte: http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt.
30
ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, op.cit.
107 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
30
QUADROS, R.,M. & SCHMIEDT, M., L., P. Ideias para ensinar Português para alunos surdos, Brasília: MEC, SEESP,
2006.
31
DUARTE, I. O conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística, Lisboa: DGIDC, 2007.
32
No decurso da sua intervenção pedagógica junto de alunos surdos do Ensino Secundário, no âmbito da realização
do curso de Mestrado em Ensino, Martins concebeu e desenvolveu uma Oficina Gramatical sobre os conetores
sintáticos que emanam dos possíveis nexos estabelecidos pela conjunção coordenativa “e”. Os resultados obtidos
permitem constatar a pertinência da utilização da Oficina Gramatical, pelas dinâmicas de análise aprofundada e
contrastiva gerada no decurso da mesma. Martins, M, Ensino de Conexões Complexas a Alunos Surdos do 10ºano de
Escolaridade, ainda no prelo, 2012.
108 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
33
ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, op.cit, p.152.
109 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
M a i o r a r t i c u l a ç ã o e n t r e d o cent e de P L2 e docent e de LG P
D e acordo com os vários estu dos r e a l i za do s ne s ta á r e a , é ho j e i nque s ti o ná v e l que o
proces s o d e ensin o e a p ren diz a gem de um a s e gunda l í ngua be ne fi c i a e x po ne nc i a l m e nte
o a luno , se h ouver u m a pla taf orma l i nguí s ti c a de ba s e o nde r e a l i za r a nc o r a ge ns do
que vai a p ren den do e, m ediado p elo pr o fe s s o r, a s a ná l i s e s c o ntr a s ti v a s r e a l i za da s
ent re a s duas líng uas perm item qu e o a l uno a dqui r a um a v i s ã o m a i s a br a nge nte e
s ignif ica t iva do fenómeno lin gu ístic o . P o r o utr o l a do , de s e j a ndo -s e que a s dua s l í ngua s
s e ja m co mp lementares, n o contexto e s c o l a r, é ne c e s s á r i o que ha j a a r ti c ul a ç ã o e ntr e
os do ce ntes das du as d iscip linas: P L 2 e L G P. Te m á ti c a s a bo r da da s na a ul a da pr i m e i r a
língua (L1) p odem ser retom adas, p a r a e fe i to s de r e g i s to e s c r i to , na a ul a de s e gunda
língua (L2). Particu larid ades g rama ti c a i s de um a da s l í ngua s po de m s e r a l v o de um a
re f lex ã o e d iscussão n a tu rma, send o c o nte x tua l i za da s pe l o pr o fe s s o r que , a o a pr e s e nt ar
ex e mplo s de u so d esses aspetos d o func i o na m e nto da l í ngua , po de r á s a l i e nta r a (s )
dif e rença (s) ou analog ias na ou tra l í ngua . P e l o e x po s to a nte r i o r m e nte , to r na -s e e v i de n t e
que para existir esta articu lação é n e c e s s á r i o que o s do i s pr o fe s s o r e s te nha m um
bo m domí n io d a líng ua-alvo para qu e a s a bo r da ge ns e c ha m a da s de a te nç ã o pa r a a s
pa rt icula ridad es sejam cred íveis e be m s us te nta da s .
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
A e duc ação do sujeito su rd o, n o s e u s e nti do l a to , e a f o r m a ç ã o e s c o l a r, num a
pe rs pet iv a mais restrita, sobretu do o s pr o c e s s o s de e ns i no e a pr e ndi za ge m do s s ur do s
na s vária s d iscip linas curriculares tê m c o ns ti tuí do o s e i x o s e s tr utur a nte s de di v e r s o s
t ra ba lhos cien tíficos q ue trad uz em a pr e o c upa ç ã o do s pr o fi s s i o na i s da e duc a ç ã o e da s
po lít ica s ed uca tivas em m elh orar as pr á ti c a s do c e nte s e a de quá -l a s à fi l o s o fi a bi l í ngue
que a t ua l m ente norteia a edu cação do s s ur do s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
AZEVEDO, F., SOUZA, R., J., (Org.), Géneros Textuais e Práticas Educa tivas, Lisboa: LIDEL, 2912.
MARTINS, M., Ensino de conexões complexas a alunos surdos do 10ºano de Escolaridade, ainda no
prelo, 201 2.
ME/DGIDC, Prog rama de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, Lisboa,
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NASCIMENTO, S., P, F, Português como língua segunda para surdos III, Lisboa: Universidade
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QUADROS, R. M. & SCHMIEDT, M. L. P., Idéias para ensinar português para surdos, Brasília: MEC -
SEESP, 2006.
SOLÉ, I, Estra tég ias de leitura, 6 ed., Porto Aleg re: Artmed, 1998.
112 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Concepções de Língua e
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
Doutora em Linguistica.
Professora titular da Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Linguista do Instituto Educacional, São Paulo – Iesp – Escola de educação bilíngue para surdos
da Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação – DERDIC/PUC-SP.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
KOCH. I. V. A inter-ação pela lingua gem. 6ª Ed. São Paulo: Editora Contexto, 2001.
GERALDI, J. W. Portos de passa gem. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
116 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Surdos
Maria Luísa Manguana
Bacharelato em Psicologia Escolar.
Formadora de Língua de Sinais de Moçambique.
Técnica do Departamento de Educação Especial do Ministério da Educação de Moçambique.
Re s u mo
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa intitulada “Modelos Educativos para
Alunos com Necessidades Educativas Especiais de Carácter Auditivo”, focaliza um
grupo de alunas que apresentava perda auditiva heterogénia, incluíndo as áreas
em que sofreram erosão. O estudo tinha como objectivo desenvolver modelos
educacionais para alunos com Necessidades Educacionais Especiais de carácter
Auditivo (NEEA), de forma a optimizar o seu processo de ensino e aprendizagem,
tendo em conta a sua situação psicossocial e financeira, assim como da escola.
A nossa hipótese partia da ausência da definição clara de Modelos Educacionais
a observar no ensino de alunos com NEEA provenientes de famílias ouvintes não
gestuantes, pois têm uma fraca exposição linguística durante a primeira infância, o
que pode levar ao empobrecimento da sua memória a longo prazo. Contudo, essa
ausência não obsta o desenvolvimento cognitivo das crianças com NEEA provenientes
dessa famílias, pois a escola usa a Língua Moçambicana de sinais (LSM) como meio
de ensino. Em Moçambique, os programas do Ensino Básico foram concebidos para os
alunos sem Necessidades Educativas Especiais, no entanto, o Plano Estratégico para
a Educação 2012/2016 permite que os professores possam adaptá-lo de acordo com
as especificidades dos seus alunos, paradoxalmente estes não estão suficientemente
capacitados na LSM para efectuar esse exercício. A abordagem metodológica
subjacente a este trabalho foi qualitativa e o quadro teórico apresenta os factores
que potenciam o desenvolvimento das faculdades cognitivas, a discriminação das
p a r t i c u l a r i d a d e s d a p e r d a a u d i t i v a , i n c l u í n d o o s s i n a i s d e a l e r t a . Te o r i c a m e n t e o
trabalho teve o aporte dos seguintes autores: Capa (1999); Coll et al Marchesi,
Palácios e colaboradores (2004); Cruz e Fonseca (2002); Marchesi (1998) e outros. A
partir do marco teórico e da análise dos dados chegamos às seguintes conclusões: Os
Modelos Educativos a adoptar para optimizar o PEA das alunas participantes devem
ser individualizados e combinados.
I n tro d uç ã o
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
P ro b l e m a
N a pesq uisa, preten de-se traz er um a pr o po s ta de e nr i que c i m e nto de um m o de l o
educa t ivo p ara op tim iz ar o PE A d os s ur do s ba s e a da na r e a l i da de e m r e l a ç ã o a o s r e c ur sos
huma nos , à situação p sicossocial do s a l uno s e fi na nc e i r a da E. E. E. N ° 1 . D a í que s e
lev a nt a o segu in te p rob lema: q ue Mo de l o s Educ a ti v o s s e po de m a do pta r pa r a a e duc a ç ão
do s a lunos com NEE A?
J u s ti fi ca t i v a
A escolha do tema surge no contexto da autora conviver com a comunidade surda
pertencente à E.E.E.Nº 1 e membros da Associação dos Surdos de Moçambique
(ASUMO), ter constatado que os mesmos têm dificuldades no consumo e na produção de
escritos em Português e os alunos com NEEA inscritos na primeira classe nesta escola
serem filhos de pais ouvintes não gestuantes, daí o seu desenvolvimento linguístico –
g e s t u a l , a q u a n d o d a s u a e n t r a d a n a e s c o l a , s i t u a r- s e n u m n í v e l l i m i a r, a t a l p o n t o q u e
118 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ob j e c ti v o s
O objectivo g eral era sistema tiz a r um m o de l o e duc a ti v o pa r a di na m i za r o s M o de l o s
Educa t iv os para alu nos com NEE A. E c o m o o bj e c ti v o s e s pe c í fi c o s pr e te ndi a -s e : i )
Ana lis ar a Estra tég ia d o M odelo Proc e s s a m e nto de i nf o r m a ç ã o ; i i ) I nc o r po r a r a l guns
procedimen tos da E stra tég ia do Mode l o P r o c e s s a m e nto de i nf o r m a ç ã o no m o de l o bi l í ng u e
pa ra s urd os; iii) Fornecer um dia g nó s ti c o ps i c o pe da gó g i c o do s a l uno s e m e s tudo ; i v )
Te s t ar a sistema tiz ação do modelo pr o po s to ; v ) P r o po r pr o c e di m e nto s pa r a m e di a r o P E A
do s a lunos em estud o.
Fundamentação teórica
O us o d a exp ressão Necessidad e s Educ a ti v a s Es pe c i a i s (N EE) pr e s s upõ e que o a l uno
ne ce s s it a d e a p oio p eda góg ico esp e c i a l pa r a te r a c e s s o a o c ur r í c ul o . A s N EE po de m s e r
de cará cter tem porário ou d efinitivo (B A U TI S TA, 1 9 9 7 e C o l l e t a l l , 2 0 0 4 ).
S u rd e z
As alu nas estud adas m anifestam N EE di v e r s i fi c a da s , po i s o g r a u de pe r da a udi ti v a é
he t e rogé nio assim com o os ou tros p r o bl e m a s a s s o c i a do s . L i ngua ge m , M e m ó r i a , a v a l i a ç ão
ps icope da g óg ica, Estilos de a prend i za ge m , M o de l o s Educ a c i o na i s .
M e to d o l o g i a d a i n v e s t i g a ç ão
Numa primeira fase foi usado o método filológico, que consistiu na colecta e
sistematização de leitura sobre psicologia educacional em geral, necessidades educativas
especiais e modelos educativos para surdos. Seguiu-se a fase de trabalho de campo cujo
objectivo era a colecta de material para se poder constituir o corpus necessário para a
elaboração do trabalho de pesquisa de modelos educativos para surdos que, na verdade, é
um modelo para a diversidade educacional para surdos, onde cruzam o oralismo combinado
com a dactilologia e o gestual-bilíngue. Nesta fase, foi predominante o método de
entrevista a pessoas surdas e ou a pessoas que, sendo ouvintes, lidam com pessoas surdas
no seu dia-a-dia, por razões profissionais ou familiares e experimentação.
Di s c u s s ã o
Os nomes u sad os são fictícios pa r a i de nti fi c a ç ã o da s a l una s e m e s tudo .
Um dado importante a reter é que eles perceberam que para comunicar têm
que encontrar uma maneira de se fazer entender pelos não gestuantes. Expostas
ao mundo gestuante elas adquirem facilmente a linguagem gestual, sua linguagem
natural. Para a operacionalização do seu PEA adoptou-se os modelos Oralismo
combinado com o gesto e/ou dactilologia e o Bilinguismo, que chamamos de gestual-
bilíngue para diferenciá-lo do bilinguismo usado para os ouvintes. De salientar
que todos os meios de ensino estão escritos em Português (L2), língua oficial de
Moçambique, usa-se a LSM como meio de ensino. A professora tem um domínio
insuficiente da LSM. Quanto à adaptação do programa não nos foi apresentada,
pois esta é feita ao acaso, sem um modelo. Contudo, é visível a preocupação da
professora em encontrar um método para viabilizar o PEA dos seus alunos, apesar de
não possuir uma linguagem gestual sistematizada, daí que ela traz material didáctico
coerente com os objectivos traçados para a aula.
Co n cl u s ã o
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
S u g e s tõ e s
To mand o em consid eração o fac to de que a e s c o l a te m tr i pl a s ubo r di na ç ã o e é a ne xa
a EPCE N º 2 qu e também tem um psi c ó l o go , de v e m a nte r a i nte r v e nç ã o que s e i ni c i o u
com a poio de u m a equ ip a constitu íd a po r :
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ASHEN.B.A & Poser. E. Autismo, esquizofrenia y a traso mental. Madrid, 1989.
BA UTISTA, Rafael & coletivo de autores. Necessidades educa tivas especiais. Dinalivro. Lisboa,
1997.
COLL, César; Marchesi, Álvaro e Palácios, Jesus e cola boradores. Desenvolvimento psicológ ico e
educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades educa tivas especiais. Artmed Editora.
Porto Aleg re, 2004.
122 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
HENRIQUES, Androula Christofides. Jogar e compreender. Instituto Pia get. Lisboa, 2001.
M ESA RED ON D A I N TERN AC I ON AL
MARCHESI, Álvaro. El Desarrollo Cognitivo y Linguístico de los Niños Sordos. Alíanza Psicolog ia.
Espanha, 1998.
NIELSEN, Lee Bra ttland. Necessidades educa tivas especiais na sala de aula. Porto editora.
Portugal, 1999.
VIGOTSKY, L.S. Obras completas (Tomo V), S.S.G-SL, Madrid, España, 1985.Disponível em: www.
news-medical.net/health/Autism-Classifica tion-(Portuguese).aspx.
Simpósio
124 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Com m enos frequ ência, acon tec i a m e nc o ntr o s l o c a i s e ntr e pe que no s g r upo s de
s urdos , que se procura vam na tu ralm e nte pa r a pa r ti l ha r um a f o r m a de c o m uni c a ç ã o
comum. No entanto estes g rup os ac a ba r a m po r s e r e v e l a r i ns ufi c i e nte s na c o ns tr uç ã o
complex a de u m a líng ua.
Di c i o n á r i o e s c o l a r d e L í n g ua G es t ual G ui neens e
A língua gestu al é a lín gu a adq ui r i da e uti l i za da na tur a l m e nte pe l o s s ur do s e m
qualquer parte d o m un do. Tod a via, a m o ti v a ç ã o pa r a c r i a r o s ge s to s pe r te nc e nte s a uma
língua ge stual está f ortem ente dep e nde nte da c ul tur a e nv o l v e nte . A s s i m , a f o r m a de
v iver, de estar e de p ensar d e uma de te r m i na da c o m uni da de v a i i nf l ue nc i a r o l é x i c o da
língua . O q ue é comum é a utiliz açã o e s po ntâ ne a de c o nfi gur a ç õ e s m a nua i s c o m v á r i a s
orie nt ações, com localiz ações d istinta s no e s pa ç o ge s tua l e c o m um a g r a nde v a r i e da de
de mo vim entos e d e exp ressões fac i a i s .
A únic a inf luên cia d a Lín gu a Ges tua l P o r tugue s a na L í ngua G e s tua l G ui ne e ns e f o i o
alf a bet o gestual e o gesto p ara “ n om e ge s tua l ”. O pr i m e i r o de v e u-s e à uti l i za ç ã o de um
po s t er da APS no início d a escolariza ç ã o do s a l uno s s ur do s da G ui né -B i s s a u e o s e gun d o
f o i a pre e nd id o du ran te a f orm ação de 2 0 0 5 , po i s o s a l uno s uti l i za v a m no m e s ge s tua i s ,
ma s não os iden tifica vam enq uan to ta l .
A recolha dos gestos utilizados pelos surdos guineenses foi realizada em duas fases.
Numa primeira fase, em 2005, com um grupo selecionado de uma dezena de surdos, dos
cinco aos vinte e cinco anos, em que se discutiram conceitos concretos, sobretudo a partir
de imagens. Os gestos acordados pelo grupo foram então fotografados. Este primeiro registo
fez-se em apenas dois dias, tendo sido documentados um pouco mais de duzentos gestos.
A segunda fase, em 2006, foi alargada a um grupo bem maior de surdos de várias
idades e os temas discutidos foram provocados naturalmente e registados em vídeo. Em
126 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
seguida foram enumerados quinhentos e vinte gestos e fotografados por duas crianças
S I M P ÓS I O
127 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Terminológico do Curso de
Pedagogia Bilíngue
Janete Mandelblatt
Wilma Favorito
I n tro d uç ã o
O presente rela to visa compartil ha r o tr a ba l ho que v e m s e ndo de s e nv o l v i do , de s de
2011, por um g ru po d e pesqu isa do D e pa r ta m e nto de Educ a ç ã o S upe r i o r (D ES U ) do
Ins t it ut o Nacional de E du cação de S ur do s (I N ES ), c o m o i ntui to de e l a bo r a r um di c i o ná r i o
t ermino lóg ico b ilín gu e Portug uês – L i br a s de te r m o s a c a dê m i c o s us a do s no C ur s o
Bilíngue d e Peda gog ia (CBP) desta i ns ti tui ç ã o .
34
Áreas curriculares do Curso Bilíngue de Pedagogia: História, Sociologia, Filosofia e Psicologia da Educação; Língua
Portuguesa; Educação de Surdos; Didática; Currículo e Avaliação; Gestão Escolar; Estudos da Linguagem (Educação
Bilíngue para Surdos, Alfabetização e Letramento em Primeira e Segunda Língua para Surdos); Libras; Práticas
Pedagógicas de Língua Portuguesa; Matemática; Estudos Sociais; Ciências.
128 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
professor surdo Valdo Nóbrega (INES), surgiu a partir do grande desafio enfrentado
p o r d o c e n t e s , e s t u d a n t e s s u r d o s e i n t é r p r e t e s d o C B P, e n v o l v i d o s p e l a e x p e r i ê n c i a
efetiva de bilinguismo que o curso desde seu início em 2006 se propôs a desenvolver:
lidar com a linguagem acadêmica nos dois idiomas, de forma que tanto a Libras
q u a n t o a L í n g u a P o r t u g u e s a v e n h a m a s e c o n f i g u r a r, e f e t i v a m e n t e , c o m o l í n g u a s
de instrução, oferecendo igualdade de condições de acesso ao conhecimento aos
discentes surdos e ouvintes.
N es s e cen ário, con sta tou-se q ue a fa l ta , de s c o nhe c i m e nto o u c o nf l i to na uti l i za ç ã o d e
s inais prop icia a utiliz ação excessiv a do r e c ur s o de m o r a do , e po r v e ze s po uc o pr o duti v o,
da da t ilolog ia, assim se mantend o a s tr a di c i o na i s ba r r e i r a s l i nguí s ti c a s e a c a r r e ta ndo , ao
aluno s urd o, restrições ao en ten dim e nto da s a ul a s , o bs tá c ul o s à l e i tur a e c o m pr e e ns ã o
de t ex t o s em portu gu ês e d ificu ld ade s na pr o duç ã o de tr a ba l ho s a c a dê m i c o s e m L i br a s .
V is ando c riar um in stru m ento qu e po s s a c o ntr i bui r pa r a r o m pe r c o m e s s a s ba r r e i r a s , o
G rupo do M anu ário se con stituiu.
H i s tó ri c o
O contexto bilíng ue d o Cu rso de P e da go g i a do I N ES , c o m a pr e s e nç a de i nté r pr e te s
em t oda s as au las e a tivid ades corre l a ta s e m pa r c e r i a c o m o tr a ba l ho pe da gó g i c o do s
prof es s ores, fa voreceu , d esd e a f or m a ç ã o da s pr i m e i r a s tur m a s , o s ur g i m e nto e s po ntâ n eo
de s inais referentes ao con teú do d a s di v e r s a s di s c i pl i na s da g r a de c ur r i c ul a r.
Es s e mesmo am biente propiciou a “i m po r ta ç ã o ” de s i na i s a c a dê m i c o s c r i a do s e m
out ros cu rsos de n ível sup erior, p rinc i pa l m e nte no L e tr a s -L i br a s da U F S C , do qua l o I N E S
f o i po lo e n o qu al vários alun os e al guns i nté r pr e te s do C B P ta m bé m v i e r a m a s e g r a du ar.
Com o passar do tem po, fen ôm e no s l i nguí s ti c o s i m po r ta nte s pa s s a r a m a o c o r r e r : a
ut ilização d e diferentes sin ais para no m e a r o m e s m o a uto r / pe ns a do r o u pa r a tr a duzi r o
me s mo conceito teórico, a circu lação de s i na i s s e m que ho uv e s s e um a a c e i ta ç ã o ge r a l ,
prov o ca ndo d iscussões entre os alu no s s ur do s e ge r a ndo po l ê m i c a s c o m o s i nté r pr e te s ,
e a t é mesmo a perda d e determin ado s s i na i s be m a c e i to s , c a us a da pe l a fa l ta de r e g i s t r o
de s s e s novos iten s lexicais.
As s im, evid encia va-se a necessi da de de s e pr o duzi r um e s f o r ç o no s e nti do ta nto de
v a lo riza r o surg imento de n ovos sina i s qua nto de s e de s e nv o l v e r um i ns tr um e nto que
lev a s s e à leg itimação e reg istro d es s e s pr o c e s s o s e s po ntâ ne o s de c r i a ç ã o .
Em um primeiro m om ento, p enso u-s e na c r i a ç ã o de gl o s s á r i o s po r di s c i pl i na , m a s
de ba t e s e d iscussões entre os profes s o r e s a pr o x i m a r a m -no s c a da v e z m a i s da s que s tõ es
envolv idas n a construção d e uma lingua ge m a c a dê m i c a e m L i br a s , l e v a ndo -no s , e ntã o , a
v is ar a f ormação de u m g ru po p ara de s e nv o l v e r um tr a ba l ho m a i s pr o fundo e c i e ntí fi c o
com o o bjetivo d e produ z ir u m Dicio ná r i o Te r m i no l ó g i c o P o r tuguê s – L i br a s , a br a nge ndo as
divers as áreas cu rricu lares d o Cu rso B i l í ngue de P e da go g i a .
129 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
M e to d o l o g i a d a p e s q u i s a
S I M P ÓS I O
S i tu a ç ã o a t u a l
Os s in ais a té o presen te validad o s j á f o r a m l i be r a do s pa r a di v ul ga ç ã o i nte r na ,
po dendo ser acessados pelos alun o s , do c e nte s , i nté r pr e te s e de m a i s pr o fi s s i o na i s do
Curs o , no Ambiente Virtu al d e Aprendi za ge m (c o m l i nk no s i te do I N ES ).
35
Para maiores inf ormações, FAVORITO, W.; MANDELBLAT, J.; FELIPE, T. A.; BAALBAKI, A. Processo
de expansão lexical da Libras: estudos preliminares sobre a criação terminológ ica em um curso de
Peda gog ia. In: LSI: Lengua de Señas e Interpretación, nº 3, p.89-102. Montevidéu, 2012.
131 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
36
Elaine da Rocha Baptista – Professora de Educação Básica do INES.
37
Vera Lúcia Emilião – Professora de Educação Básica do INES.
38
Maria Lúcia Cunha – Professora de Educação Básica e Coordenadora da Escola de Cinema do INES.
132 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
outros espaços, que resultou na fragmentação das famílias. A convivência foi afetada
S I M P ÓS I O
[...] – Avó?
− Gosto muito de ti – a Avó não falou nada e continuou a andar, mas a pertou minha mão
deva garinho. – Gosto muito das nossas conversas mesmo quando às vezes nem conseguimos
dizer nada.
− És u m amor. E quando cresceres – ela baixou para falar comigo, olhou-me nos meus olho s
com um olhar quieto – quando cresceres, tens que te lembrar de todas estas estórias.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
COUTO, M. E se Obama f osse africano? – Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
CHAVES, R. A propósito da narra tiva contemporânea em Angola: notas sobra a noção de espaço em
Luandino Vieira e Ruy Duarte Car valho. In: SECCO, C.T. África, escritas literárias. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 2010.
GOMES, N. A questão racial na escola: desafios colocados pela implementação da Lei 10.639/03.
In: MOREIRA, A e CANDA U, V.M. Multiculturalismo – Diferenças culturais e práticas peda góg icas.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010.
GOMES, N. Movimento neg ro no Brasil: lutas, desfios e conquistas. Revista Nueva América n° 127.
Afro-la tino-americanos, 2010.
ONDJAKI. AvóDezanove e o seg redo do soviético. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Re s u mo
A criação d e Escolas de Referênc i a pa r a a Educ a ç ã o B i l í ngue de A l uno s S ur do s
(EREBAS) constitu i u m m arco n o âm bi to da s po l í ti c a s e duc a ti v a s , a s s um i ndo -s e de s ta
f o rma uma m ud ança d o paradigma e duc a c i o na l e m P o r tuga l . A o s a l uno s s ur do s é da da
a pos s ibil idad e de comun icar e cresc e r e m dua s l í ngua s : a L í ngua G e s tua l P o r tugue s a
(LG P) e a Líng ua Portu gu esa. O pres e nte a r ti go a bo r da o pe r c ur s o e a tua ç ã o pr o fi s s i o nal
do s t e ra peu tas da fala n a EREBAS d o di s tr i to do P o r to , j unto do s a l uno s s ur do s c o m
implant e coclear (IC), in serid os n o m o de l o bi l í ngue . Es te g r upo pr o fi s s i o na l i nte g r a um a
v a s t a e quipa d a qu al faz em parte d o c e nte s c o m f o r m a ç ã o e s pe c i a l i za da na á r e a da
s urdez, docen tes su rd os d e LGP e i nté r pr e te s de L G P, e m a r ti c ul a ç ã o e c o l a bo r a ç ã o c o m
os do ce ntes do en sino regu lar e, d e f o r m a pr ó x i m a , c o m a s fa m í l i a s do s a l uno s s ur do s .
N a EREBA S estes p rofissionais p romo v e m o de s e nv o l v i m e nto de c o m pe tê nc i a s na s á r e a s
da comunicação, lin gu a g em e fala, num a pe r s pe ti v a futur a de v i da a dul ta c o m a uto no mi a
e inde pend ência na socied ade. O s t e r a pe uta s da fa l a e s tã o a te nto s a o pe r fi l c o m uni c a t i vo
do aluno, p rocu ran do con hecer as sua s c a r a te r í s ti c a s , que r a ní v e l c l í ni c o que r a
nível s ocial, nu m a persp etiva h olísti c a , pa r a m e l ho r r e s po nde r à s s ua s ne c e s s i da de s
e pro mov er a sua fun cion alidad e e pa r ti c i pa ç ã o . N o c a s o do s a l uno s s ur do s c o m I C é
import a nte g aran tir q ue con seg uem o bte r o m á x i m o be ne fí c i o do m e s m o , de s e nv o l v e nd o
t oda s a s su as p oten cialid ades ao ní v e l da a udi ç ã o e da fa l a . A e x pe r i ê nc i a na ER EB A S
mo s t ra que o a tual g ru po d e alu nos s ur do s c o m I C nã o é ho m o gé ne o e ne m s e m pr e e s t á
ga rant ida a u tiliz ação d a aud ição e da fa l a c o m o m e i o s pr i v i l e g i a do s de c o m uni c a ç ã o .
D es t a f o rma, as necessidad es e var i á v e i s a c o ns i de r a r pa r a c a da a l uno s ã o di v e r s a s e as
re s po s t as ed uca tivas e percursos educ a ti v o s s ã o ne c e s s a r i a m e nte di s ti nto s .
136 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
S I M P ÓS I O
Algumas crianças são avaliadas por colegas terapeutas da fala que trabalham noutros
locais e que então os encaminham para o atendimento na escola pública. É também
d e r e f e r i r, a p e s a r d e a i n d a s e r r e d u z i d o , o e n c a m i n h a m e n t o p o r p a r t e d o s h o s p i t a i s e
outros serviços de saúde.
1 . Ca ra t e r i z a ç ã o d o s a l u n o s com I C
D a t o talid ade d e 88 alu nos com s ur de z de s ta ER EB A S , no a no l e ti v o de 2 0 1 2 / 1 3 , 2 3
ut ilizam IC (26%), 31 prótese aud iti v a e 3 4 nã o us a m qua l que r a j uda a udi ti v a . N o g r á fi c o
1 pode - s e ob ser var q ue existem alu no s c o m I C e m to do s o s ní v e i s de e ns i no , c o m m a i or
incidência no 1º e n o 2º ciclos.
Gráfico 1: Distribuição dos alunos por tipo de ajuda auditiva e por nível de ensino. FBP:
F r e q u ê n c i a B i l í n g u e P r e c o c e ; P r é - E s c : P r é - E s c o l a r.
O contexto familiar dos alunos é uma variável essencial, podendo nascer numa família
com pais ouvintes ou com pais surdos, havendo famílias onde existe mais do que
um filho surdo. Apesar de existirem alunos na EREBAS que estão institucionalizados,
vivendo afastados da sua família, esse não é o caso de nenhum dos alunos com IC.
Observando-se o gráfico 2, verifica-se que, mesmo ao nos referirmos unicamente ao
grupo de alunos com IC, a grande maioria tem pais ouvintes.
139 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
S I M P ÓS I O
G r á f i c o 2 : D i s t r i b u i ç ã o d o s a l u n o s c o m i m p l a n t e c o c l e a r p e l o c o n t e x t o f a m i l i a r. F B P : F r e q u ê n c i a
B i l í n g u e P r e c o c e ; P r é - E s c : P r é - E s c o l a r.
A atitude dos pais perante a surdez e a qualidade da comunicação pais-criança são dos
fatores mais influentes no desenvolvimento da criança. Muitos pais, quando chegam a esta
EREBAS, partilham a preocupação de a LGP vir a prejudicar o seu filho com IC. É essencial
que a equipa consiga junto das famílias clarificar o que podem esperar do ensino bilíngue
e qual a sua influência no desenvolvimento atual e futuro do seu filho. Uma proposta
bilíngue na educação de surdos pressupõe uma proposta bicultural, isto é, que desenvolva
competências linguísticas e sociais dentro da comunidade surda (minoria à qual pertence) e
da comunidade ouvinte (maioritária e na qual também atua). A nível do ensino, o bilinguismo
propõe tornar acessível à criança duas línguas, privilegiando a aprendizagem da LG como
língua de aquisição natural e o ensino da língua do país. Salienta-se uma preocupação em
privilegiar o contacto com adultos surdos e com a cultura surda e, simultaneamente, respeitar
a autonomia de cada uma das línguas. Desta forma, a criança terá oportunidade de ir
desenvolvendo a sua identidade, uma vez que tem acesso a uma comunidade cultural, social
e linguística de referência. Nos casos em que a criança bilíngue é exposta simultaneamente
às duas línguas, com pares fluentes em cada uma delas, observa-se um desenvolvimento
linguístico paralelo em cada uma das línguas e uma capacidade de processamento das
duas modalidades de forma equivalente. O próprio conceito de Bilinguismo compreende um
espectro entre a competência mínima e a competência nativa, paralelamente aos conceitos
de falante tardio e falante nativo. Bilíngue é todo aquele que, em maior ou menor grau, lê e/
ou escreve e/ou fala a Língua Portuguesa, assim como utiliza a LG. Tornar-se bilíngue é uma
apropriação individual e particular que cada criança faz das línguas.
140 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
É de salientar o caso dos alunos com IC cujos pais são surdos e, logo, comunicam
S I M P ÓS I O
em LG. Muitas vezes estes pais também sentem que estão a prejudicar o sucesso
do IC do seu filho por usarem LG. Precisamos, também aqui, de desmistificar
estas conceções já que é essencial que pais e filhos consigam comunicar entre
s i e c r i a r l a ç o s d e e f e t i v a v i n c u l a ç ã o . N o c o n t e x t o e s c o l a r, p r o c u r a - s e p r o m o v e r o
desenvolvimento das duas línguas e o contacto com ambas as culturas – surda e
ouvinte – para que a criança consiga integrar a surdez na sua identidade. No entanto,
observa-se que a relação entre estas crianças e os seus pais que são surdos e usam
apenas a LGP para comunicar cria muitas vezes conceções alteradas nas crianças
sobre as competências de comunicação dos seus pais, sendo uma questão em que
temos centrado as nossas atenções nos últimos anos. Ao frequentarem a EREBAS, estes
alunos têm a oportunidade de contactar e interagir com adultos surdos para terem
outros exemplos para além dos seus próprios pais e poderem construir a sua visão
da pessoa surda. Incentiva-se também a frequência de associações de surdos onde
este aspeto pode ser potenciado, dando-se às famílias a principal responsabilidade de
promover este tipo de interações sociais.
Gráfico 3: Distribuição dos alunos com IC por turma de ensino regular e por turma bilíngue nos
v á r i o s n í v e i s d e e n s i n o . P r é - E s c : P r é - E s c o l a r.
141 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
No presente ano letivo, apenas existiram alunos em turma do ensino regular nos níveis
S I M P ÓS I O
do 1º e 2º ciclo, sendo de referir que no ano letivo anterior houve alunos nessa situação
no nível pré-escolar. Estas respostas educativas existem de acordo com as necessidades
dos alunos, sendo de realçar que fazem parte das turmas de ensino regular não só alunos
com IC mas também alunos que usam prótese auditiva e ainda, em grande maioria, alunos
ouvintes. Estas turmas têm cerca de 20-25 alunos, professores que não são especializados
(no 1º ciclo é apenas um professor e no 2º/3º ciclo são os vários professores das
disciplinas), com apoio de professor especializado na área da surdez e terapeuta da
fala. Existe também um docente surdo de LGP que semanalmente ensina toda a turma a
comunicar através desta língua. Por sua vez, as turmas bilíngues têm cerca de 5 a 10
alunos surdos. No Pré-escolar e no 1º ciclo, o professor titular de turma é especializado
na surdez e faz par pedagógico com o docente surdo de LGP durante todo o tempo de
aulas. Nas turmas bilíngues do 2º/3º ciclo, os professores das várias disciplinas não são
especializados, mas existe um professor especializado que acompanha a turma. A LG é uma
disciplina que integra o currículo dos alunos, sendo lecionada pelo docente surdo de LGP.
Os alunos também têm terapia da fala. A existência de perturbações associadas à surdez
condiciona o desenvolvimento de alguns dos alunos com IC acompanhados nesta EREBAS.
São de referir as perturbações de hiperatividade e défice de atenção, défices cognitivos,
perturbações do espectro autista, dispraxia dos membros e verbal, surdocegueira, paralisia
cerebral, e dificuldades de aprendizagem. A presença destas perturbações associadas
condiciona o domínio linguístico não só da língua dominante na sua vertente oral e escrita,
como também da LGP. Estes alunos que usam IC mostram-nos que não basta ouvir para
entender e depois falar, nem basta ver para se tornar um falante fluente em LGP.
2 . A i n te r v e n ç ã o d o t e r a p e ut a da f al a
O acompanhamento dos alunos com IC em terapia da fala implica a avaliação, diagnóstico
e intervenção da existência de perturbações da comunicação, linguagem e fala existentes.
Normalmente realiza-se duas vezes por semana, sendo essencial que pelo menos um dos
elementos da família participe nas sessões de intervenção. Existe também uma colaboração
estreita com os docentes para uma maior compreensão do funcionamento do aluno com IC,
resolver de problemas técnicos com o IC, bem como identificar e implementar estratégias
e atividades que promovam um acesso otimizado ao som, facilitem a sua participação em
sala de aula e o seu desenvolvimento linguístico. Estas adequações podem tratar-se de
modificações no local onde o aluno fica sentado, uso de materiais adaptados, uso de Sistema
FM, redução do ruído em sala de aula, entre outras estratégias mais específicas.
em melhorar a sua produção em cada língua por estarem envolvidos num projeto de grupo.
S I M P ÓS I O
Pela participação em projetos deste tipo, procura-se promover o contacto entre os alunos
surdos, principalmente no caso dos alunos que não estão em turma bilíngue, passando o dia
com os seus pares ouvintes, encontrando os pares surdos no recreio. Desta forma, conseguem
também ter momentos formais de interação com pares e adultos surdos, facilitando-se a
construção da sua identidade enquanto pessoa surda. Outro projeto existente é o da Formação
em LGP. Para as famílias e para os funcionários da escola, é disponibilizada formação em LGP
semanalmente, com os docentes surdos da EREBAS. No sentido de adequar as metodologias e
estratégias no ensino do Português como Língua Segunda, está implementado no 2º/3º Ciclo
o Projeto Níveis Comuns de Referência no Português L2 para alunos surdos, de que fazem
parte os alunos das turmas bilíngues até ao 8º ano de escolaridade. Existe ainda o Projeto
“Recursos Educativos Digitais na Educação de Surdos” (REDES), que funciona como um Centro
de Recursos Multimédia para a educação bilíngue de alunos Surdos, sendo uma das suas
faces visíveis um site onde os visitantes têm acesso a notícias, atividades e informações sobre
o funcionamento da EREBAS – Porto e onde são colocados materiais bilíngues produzidos por
alunos e membros da equipa multidisciplinar especializada.
Co n cl u s ã o e p e r s p e t i v a s f ut uras
A pro posta edu ca tiva b ilín gu e supõ e um a pl a ni fi c a ç ã o de qua tr o tó pi c o s funda m e nta i s :
a criação de u m am biente a p rop riado à s f o r m a s pa r ti c ul a r e s de pr o c e s s a m e nto
comunica tivo, ling uístico e cog nitiv o da s c r i a nç a s s ur da s , o s e u de s e nv o l v i m e nto
s o cio e mocion al em id entificação com a dul to s s ur do s , a po s s i bi l i da de de de s e nv o l v e r e m
um co nhecimento do mun do q ue as r o de i a e um a c e s s o c o m pl e to à i nf o r m a ç ã o c ur r i c ul ar
e cult ural. Pensand o esp ecificamente no s a l uno s c o m I C , a no s s a e x pe r i ê nc i a ne s ta
EREBAS mostra-n os q ue o facto d e us a r e m o m e s m o a pa r e l ho a udi ti v o ne m s e m pr e fa z
com que este g rup o de alun os seja ho m o gé ne o . Ve r i fi c a m o s que dua s c r i a nç a s c o m I C
po dem t er percursos edu ca tivos mui to di s ti nto s , te ndo e m c o nta um a s é r i e de v a r i á v e i s
já e le ncadas, n ão sen do o IC, por s i s ó , ga r a nti a de uti l i za ç ã o da a udi ç ã o e da fa l a c o mo
me io s privileg iad os d e com un icação. É de r e a l ç a r que qua ndo um a fa m í l i a de c i de o pta r
pe lo IC para o seu filh o com su rd ez s e v e r a a pr o funda e s tá funda m e nta l m e nte a a c r e di t ar
na po s s ibilidad e de d esen volvim ento da c o m uni c a ç ã o e da l i ngua ge m a tr a v é s da a udi ç ã o
e da f a la . A m aior parte d os p ais es tã o ba s ta nte e nv o l v i do s no pr o c e s s o de a pr e ndi za gem
do s s eus filhos m as n em sempre têm a c e s s o a to da s a s i nf o r m a ç õ e s pa r a a dqui r i r e m
uma vis ã o h olística d a pessoa com s ur de z a nte s de fa ze r e m e s s a to m a da de de c i s ã o .
Além dis so, pou cos en contram na sua zo na de r e s i dê nc i a o s r e c ur s o s pr o fi s s i o na i s
es pecializ ados na área da surdez par a m e l ho r a c o m pa nha r e m o s s e us fi l ho s . A no s s a
f unção e nqu anto tera p eutas d a fala de ntr o de um a ER EB A S é e s s e nc i a l m e nte a de
ga rant ir que a crian ça consegu e obte r o m á x i m o be ne fí c i o do s e u I C , de s e nv o l v e r to da s
as s uas potencialidad es e inter vir es pe c i fi c a m e nte no de s e nv o l v i m e nto da l i ngua ge m
a t ra vés da aud ição e d a fala. Integ r a do s num a e qui pa da ER EB A S , e s ta m o s ta m bé m
a t e nt os ao perfil comun ica tivo d o al uno e à s c o m pe tê nc i a s l i nguí s ti c a s que v ã o s e ndo
145 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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146 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Atendimento Fonoaudiológico
S I M P ÓS I O
39
Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos por Mitchell e Karchmer (2002), 96% das crianças surdas são
de famílias sem pais surdos (4% são de famílias com pais surdos). A prevalência em relação à porcentagem de
crianças surdas filhas de pais surdos e de pais ouvintes no Brasil não foi encontrada.
147 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
40
O termo bimodal está sendo usado aqui para referir os contextos em que pessoas crescem com duas línguas
com modalidades diferentes (auditiva-oral e visuoespacial). No âmbito da educação de surdos o termo bimodal
está relacionado ao uso do português sinalizado. Neste contexto o termo bimodal não está relacionado ao uso do
português sinalizado.
148 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
oral desde o nascimento nem exposição à língua de sinais. Meses ou anos passam para
S I M P ÓS I O
To o h e y ( 2 0 1 0 ) i n v e s t i g o u a a q u i s i ç ã o f o n o l ó g i c a d e t r ê s c r i a n ç a s K O D A S c o m f a i x a
e t á r i a e n t r e 2 : 0 41 e 3 : 6 , e c o n s t a t o u q u e a s c r i a n ç a s K O D A S n ã o a p r e s e n t a r a m d e s v i o s
em relação à fonologia, à estrutura de sílaba nem em relação ao inventário fonético. No
B r a s i l , u m d o s e s t u d o s d o P r o j e t o ‘ D e s e n v o l v i m e n t o B i l í n g u e B i m o d a l 42 s o b r e a q u i s i ç ã o
fonológica também constatou aquisição fonológica do Português esperada para a faixa
etária em todas as 24 crianças KODAS avaliadas (CRUZ e FINGER, 2013). Petitto et al.
(2001) compararam os processos de aquisição da linguagem de três crianças expostas
à Língua de Sinais de Quebec (LSQ) e ao Francês, e de três crianças expostas ao
Francês e ao Inglês, com idade aproximada de 1:0, 2:6 e 3:6 (por grupo). Os resultados
revelaram que em ambos os grupos as crianças atingiram estágios linguísticos no
mesmo período (similarmente a monolíngues), produziram um número substancial
de palavras/sinais em cada uma das suas línguas e demonstraram sensibilidade ao
interlocutor selecionando as suas escolhas linguísticas. As autoras ressaltam que a
aquisição bilíngue pode ocorrer de forma adequada, sem prejuízos, independentemente
da modalidade em que a língua se apresenta.
Os estudos com crianças bilíngues bimodais surdas usuárias de implante coclear são
muito recentes. Dois estudos realizados no Brasil, no Projeto ‘Desenvolvimento Bilíngue
Bimodal’ comparam o desempenho de crianças KODAS com crianças surdas usuárias de
implante coclear. Entre os participantes usuários de implante coclear há crianças surdas
filhas de pais ouvintes e uma criança filha de pais surdos. Os dois estudos publicados são
na área da fonologia, sendo um deles sobre a memória fonológica no Português e na Libras
(QUADROS, CRUZ e PIZZIO, 2012) e o outro sobre a aquisição da fonologia no Português
(CRUZ e FINGER, 2013). No primeiro estudo a criança surda usuária de implante coclear
com acesso irrestrito à língua de sinais (filha de pais surdos) apresentou desempenho
superior quando comparado às crianças surdas usuárias de implante coclear com acesso
restrito à língua de sinais (filhas de pais ouvintes), e no segundo estudo esta criança
surda apresentou desempenho análogo às crianças KODAS e às crianças monolíngues. Os
resultados desses estudos sugerem que a aquisição de uma de uma língua de sinais, por
crianças surdas usuárias de implante coclear, pode trazer vantagens para o processo de
aquisição da língua oral, pois a criança inicia a aquisição da língua oral com experiência
linguística (na língua de sinais) e sem atrasos no processo de aquisição da linguagem.
41
Anos: meses.
42
O projeto “Desenvolvimento bilíngue bimodal”, analisa o desenvolvimento simultâneo de uma língua de sinais
e uma língua oral utilizadas por crianças surdas usuárias de IC e por crianças KODAS, sendo coordenado pela
pesquisadora Dra. Diane Lillo-Martin (University of Connecticut) e pelas co-pesquisadoras Dra. Debora Chen Pichler
(Gallaudet University) e Dra. Ronice Muller de Quadros (Universidade Federal de Santa Catarina). Informações
disponíveis em: http://bibibi.uconn.edu/BP/People.html.
150 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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153 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Construir e se Constituir
Cristina Aguirre
Linguagem Matemática
S I M P ÓS I O
Pode-se dizer que, segundo o senso comum, este é um processo que ocorre
“naturalmente” para crianças com desenvolvimento típico, mas como será o percurso da
construção do pensamento matemático para quem não adquire a linguagem de forma natural?
Ao entrar na escola é preciso que a criança surda tenha acesso, o mais cedo
possível, às informações que as crianças ouvintes adquirem informalmente,
minimizando desta forma a defasagem dos conceitos iniciais que irão dar suporte à
aprendizagem da Matemática.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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162 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
de sinais seja brasileira ou de outro país, e outros tipos de comunicação, como a visual
S I M P ÓS I O
e tátil, utilizadas por indivíduos que são surdos, com dificuldades de audição ou visual,
e os surdocegos. Como uma pessoa surda, o Intérprete Surdo seria um profissional com
um conjunto distinto de experiências linguísticas e culturais, organizados ou por seu
próprio estilo de vida ou pela formação que tenha, o que permite uma compreensão
diferenciada na promoção de uma interação em ampla gama de linguagem visual e
formas de comunicação influenciadas pelas suas características regionais, culturais e
i d e n t i t á r i a s ( D e a f I n t é r p r e t e r I n s t i t u t e – h t t p : / / w w w. d i i n s t i t u t e . o r g / – WA S L I ) .
A s u rd o c e g u e i r a o u o s u j e i to s urdocego
Es t a t erm in olog ia, su rd ocegu eira o u s ur do c e go s, o u pe s s o a s ur do c e ga, num a
ex pre s s ã o ún ica, vem sen do freq uente m e nte a do ta da , no i ntui to de di s s o c i a r do c o nc e i t o
de múlt ip la d eficiên cia q ue, entend e s e r um a a s s o c i a ç ã o , no m e s m o i ndi v í duo , de dua s
ou ma is deficiên cias primárias (m enta l / v i s ua l / a udi ti v a / fí s i c a ) e , s e gundo no v a s di r e tr i zes
ins t it uídas jun to ao CO NADE , n o rec o nhe c i m e nto de nã o s e tr a ta r de um s o m a tó r i o de
de f iciê ncias (con f orme conceito d o M EC , 1 9 9 4 ), pr e s s upõ e -s e que o i ndi v í duo c o m
de f iciê ncia múltipla constitu i-se d e f o r m a di fe r e nte , s i ngul a r.
O Grupo Brasil 49 define ainda a surdocegueira como “uma deficiência singular que
apresenta perdas auditivas e visuais concomitantemente em diferentes graus, levando
a pessoa surdocega a desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e
interagir com as pessoas e o meio ambiente; proporcionando-lhes o acesso a informações,
uma vida social com qualidade, orientação, mobilidade, educação e trabalho”.
49
Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial. Rede de organizações, com profissionais
especializados, surdocegos e famílias, criado em 1997 e institucionalizada como organização civil, de caráter social,
sem fins lucrativos em 22 de outubro de 1999, com sede na cidade de São Paulo.
164 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P o r c u l t u r a s u r d a , a i n d a u m e n i g m a p a r a a s p e s s o a s o u v i n t e s c o n f o r m e S t r o b e l 50
(2012) menciona em suas fala, pode ser compreendida como uma cultura marcada por
comportamento, valores, regras e crenças que permeiam e preenchem as comunidades
surdas. As incursões dessa pesquisadora nas diversas comunidades surdas visitadas
resultaram numa coletânea, onde a autora se refere a esses dados como artefatos
culturais, e segundo ela, são experiências visuais e linguísticas reveladas como
essenciais para o povo surdo. Ela cita como exemplo, a forma de como é chamada uma
pessoa surda, que diferentemente das pessoas ouvintes, por não ouvirem, não se deve
gritar e sim, tocá-la levemente no braço ou no ombro, ou acenar para ela, chamando
sua atenção.
50
Professora surda, militante voluntária das comunidades surdas, autora do livro sobre a cultura surda, As imagens
do outro sobre a cultutra surda, publicada pela Editora da UFSC, SC.
165 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
51
Método de comunicação utilizado pelas pessoas surdocegas, onde elas levam a mão ao rosto da pessoa que irá se
comunicar com ela. O polegar é colocado em uma extremidade da boca do falante e os dedos ao longo do queixo. O
dedo indicador, muitas vezes acompanha ao longo das bochechas do falante e o dedo mindinho ‘pega’ as vibrações
emitidas pelo falante. Às vezes é referido como “leitura labial tátil”. Esse método foi desenvolvido na Escola Perkins
para Cegos, localizado em Massachusetts, EUA, onde se esperava que os alunos aprendessem a falar, reproduzindo
o que eles sentiram no rosto do falante e garganta enquanto tocavam o seu próprio rosto. Difícil de aprender e usar
e raramente utilizado. No entanto, um pequeno número de pessoas surdocegas utiliza-o com sucesso. O termo
Tadoma vem a ser, a junção dos nomes dos filhos da professora Sophie Alcorn, inventora do método (Winthrop “Tad”
Chapman e “Oma” Simpson). Helen Keller usou também uma forma de Tadoma e no Brasil temos como referência
nessa comunicação, a surdocega, Cláudia Sofia.
166 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ob j e t i v o s
S I M P ÓS I O
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e Língua Portuguesa / Secretaria de
Educação Especial; Prog rama Nacional de Apoio à Educação de Surdos – Brasília: MEC ; SEESP,
2004.
Educação Especial; Prog rama Nacional de Apoio à Educação de Surdos – Brasília: MEC; SEESP,
2004. 94 p. : il.Deaf Intérpreter Instituto http: / / w w w. di i ns ti tute . o r g/ .
Flaviane Reis
Mestra e Doutoranda em Educação.
Intérprete Surda de Sinais Internacionais.
E-mail: flavianereis@yahoo.com.br.
Na reflexão, tem muitas pessoas que não reconhecem os surdos como intérprete de
Sinais Internacionais que utilizam a sua tradução de Libras para Sinais Internacionais. A
interação entre intérprete surdo de Libras, o intérprete surdo de Sinais Internacionais e
palestrante estrangeiro surgem uma nova construção de conceitos como feedback, como
tradução consecutivo e como tradução simultâneo, que sejam reconhecidas como intérprete
profissional quanto aos intérpretes ouvintes de Língua de Sinais Brasileira. A reflexão
demonstra que, nessa interação, o intérprete surdo pode usar de uma forma como tradução
cultural com base nas condições referenciais e tradutórias do intérprete surdo.
Co n cl u s ã o
Pa ra finaliz ar, h á uma discu ssão e x te ns a e i nte ns a s e m fi m que a i nda fa ze m
neces s ári as. O q ue p odemos d estac a r a s pr i nc i pa i s do s i nté r pr e te s s ur do s a s e to r na r e m
co mo pro fissionais d os Intérp retes S ur do s de m o ns tr a m a s e gui nte r e da ç ã o , c ul tur a ,
co municação e com petências críticas pa r a a e fe ti v a i nte r a ç ã o c o m o s s ur do s e o uv i nte s
co m que m ele / ela p ode tra balhar:
– Competência na tivo ou na tiva, c o m o e m L i br a s , e / o u um a s e gunda l í ngua de
s ina is , inclu in do o u so espon tân eo de c a r a c te r í s ti c a s pr a gm á ti c a s e s o c i o l i nguí s ti c o da
L ibra s , e / ou u m a seg un da lín gu a.
– D is c u rso da lin gu a g em , incluindo a pr o s ó di a , o s o ta que , o s m a r c a do r e s de
t rans ição, marcad ores discu rsivos.
– Pro ficiência e f lexib ilid ade n o tr a ba l ho a tr a v é s de um a s é r i e de r e g i s tr o s , gê ne r o s e
varia çõ e s d a Libras, e / ou uma segunda l í ngua , a tr i buí v e l à i da de do s ur do , gê ne r o , e t n i a
e cult ura l , reg ião, sta tus socioeconô m i c o , s a úde fí s i c a e c o gni ti v a , e ní v e i s da e duc a ç ão;
– Ca pacid ade d e recon hecer e ne go c i a r c o m po r ta m e nto s c ul tur a i s , v a l o r e s , c o s tum es ,
e as características e estilos para um a c o m uni c a ç ã o e fi c a z di s c ur s o ;
– Cria tividad e e f lexib ilid ade n a uti l i za ç ã o de e s tr a té g i a s a l te r na ti v a s de c o m uni c a ç ão
vis ual para tran smitir conceitos com pl e x o s pa r a o s s ur do s e o uv i nte s , i nc l ui ndo de s e nh o,
mímica , exp ressão facial e corp oral , S i na i s I nte r na c i o na i s , e tc ;
– Ca pacid ade d e ler e escrever po r tuguê s pa r a tr a duç ã o de v i s ta de f o r m ul á r i o s e
ins t ruçõ e s (p or exem plo, a intern aç ã o , o c o ns e nti m e nto i nf o r m a do , pe di do s de e m pr e go,
s eguro s , fa tu ramento, ) e trad ução es c r i ta de r e s po s ta s do s ur do ;
– Ca pacid ade d e exp licar e d isc uti r o s s e gui nte s c o nc e i to s pa r a um a v a r i e da de de
part e s interessadas, d e f orma profis s i o na l a r ti c ul a da de f o r m a e fi c a z:
– Pro c esso de a valiação d o su rd o ; pa l e s tr a nte s ur do o u o uv i nte e a s r a zõ e s pa r a a
ut iliza çã o d e determin adas estra tég i a s de i nte r pr e ta ç ã o e i nte r v e nç õ e s ;
– Pa péis, fu nções e processos d a e qui pe de i nte r pr e ta r ;
– Jus tifica tiva para a decisão d e us a r c o ns e c uti v o s o u i nte r pr e ta ç ã o s i m ul tâ ne a ;
– Me did a em qu e a neg ociação l i nguí s ti c a do s i nté r pr e te s e r e s tr i ç õ e s de l í ngua de
s ina is do su rd o pod e lim itar o u so d a s pa r te s i nte r e s s a da s a pr o pr i a do de po r ç õ e s da
int erpre t ação.
171 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Materiais Bilíngues
S I M P ÓS I O
Marta Morgado
Assim nasceu “A Turma do Dinis”, em que cada personagem representa uma criança
surda real. Por exemplo, o protagonista Dinis é uma criança orfã que vive no lar da escola. O
amigo David veio de África para ter uma educação bilíngue. A colega Inês tem um implante
coclear e o Manuel é filho de pais surdos. A partir destas crianças fictícias, constatou-se que
os alunos surdos manifestavam bastante interesse nas histórias contadas pelos textos.
S I M P ÓS I O
“A Turma do Jacob” também mudou de nome para “A Turma do Dinis” para que o
material não fosse associado a nenhuma escola em particular e para que todas as crianças
surdas portuguesas pudessem, assim, crer que esta Turma podia ser a sua própria turma.
S I M P ÓS I O
Português
Clelia Regina Ramos
E uma aula de vinicultura. Fiquei sabendo, por exemplo, que a região só vem cultivando
uvas e fazendo vinhos há pouco mais de dez anos! E já recebeu medalha de ouro, prata e
bronze em inúmeras competições nacionais e internacionais.. Como isso pode acontecer?
Te rro ir: esta pala vra fran cesa, c o m o r i ge m no l a ti m que po de s e r tr a duzi da po r “um a
ex t e ns ã o lim itada d e terra con sidera da do po nto de v i s ta de s ua s a pti dõ e s a g r í c o l a s ,
pa rt icula rmente à produ ção vitícola. ” A l i á s . . . m a i s um a i nf o r m a ç ã o que e u de s c o nhe c i a :
v it icult ura d iz respeito à p lan tação da s v i de i r a s (o u pa r r e i r a s , pl a nta s que ge r a m a s uv as )
e vinicult ura à produ ção dos vinh os .
E m 2 0 0 2 / 2 0 0 3 , a p a r t i r d e a p o i o d a FA P E R J / F u n d a ç ã o d e A m p a r o à P e s q u i s a d o
Estado do Rio de Janeiro, foi desenvolvido o projeto de tradução de textos literários
para Libras, por uma equipe multidisciplinar de profissionais, que desenvolveu
metodologias e estratégias para edição deste trabalho. A parte teórica, que deu origem
ao projeto, foi desenvolvida entre os anos de 1992 e 2000, na Faculdade de Letras da
UFRJ/ Universidade Federal do Rio de Janeiro, nos cursos de mestrado e doutorado em
Ciência da Literatura.
Apesar de já ter visto em vídeos americanos feitos por surdos, a narração de histórias, foi
a primeira vez que vi, ou que pude compreender, por conhecer um pouco mais da Libras, o
que atualmente posso denominar com certeza de Língua de Sinais poética, em ação.
53
Programa de televisão para crianças surdas, exibido pela TV Educativa do Rio de Janeiro, com 17 programas de 20
minutos, totalmente falado em Libras e com Português oral em off, que foi ao ar em 1994 e 1995.
177 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
O conc eito de tradu ção cultu ral e s tá funda m e nta do na a pr o x i m a ç ã o de dua s l í ngua s e
S I M P ÓS I O
2 . O l i vr o d i d á t i c o d i g i t a l b i língue
A aprovação do trabalho por parte de professores, técnicos e alunos surdos
gerou um convite para apresentação à SEESP/MEC do projeto-piloto LIVRO DIDÁTICO
D I G I TA L E M L i b r a s , e a a q u i s i ç ã o e m 2 0 0 6 , d e 1 5 m i l k i t s c o m o s d e z t í t u l o s j á
publicados da Coleção Clássicos da Literatura em Libras/Português em CD-ROM para
178 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
3 . Co l e ç ã o P i t a n g u á
N o mês de a bril de 2007, a equ i pe que de s e nv o l v e u a pr o po s ta do L I V R O D I D Á TI C O
D IG ITAL EM Lib ras fez a proposição de m a i s um pr o j e to j unto à S EES P / M EC : a e di ç ã o
do s 20 v olumes d a Coleção Pitang uá, e di ta da a nte r i o r m e nte s o m e nte e m P o r tuguê s
es crit o e em pa pel pela Ed itora Mode r na , a br a nge ndo a s qua tr o s é r i e s i ni c i a i s do Ens i n o
Funda mental, nas disciplin as Portu guê s , M a te m á ti c a , H i s tó r i a , G e o g r a fi a e C i ê nc i a s .
Considero que a centralidade que essas críticas vêm assumindo nessas narrativas
da história da educação de surdos opera inúmeros apagamentos, comprometendo
dentre outras a percepção das interações do campo da educação de surdos com o da
educação geral.
Para Bloch ,
Uma nomencla tura imposta ao passado acarretará sempre uma def ormação, caso tenha
por proposta ou a penas por resultado pespegar suas ca tegorias às nossas, alçadas,
para a ocasião, à eternidade. Não há outra a titude razoável a tomar em relação a esses
rótulos senão eliminá-los. (BLOCH, 2002, p.145).
182 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
54
Em decorrência do projeto do ascendente Estado Moderno burguês de criar escolas e popularizar a educação, e do
trabalho de religiosos católicos e protestantes, inúmeros institutos foram fundados, primeiro na Europa; depois na
América, EUA, México e Brasil.
183 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
cultural dominado pela escrita: Na Idade Média, mesmo a cultura erudita é toda
S I M P ÓS I O
penetrada pelo oral; a partir do século XVI, mesmo a cultura popular é dominada
pela escrita (NÓVOA, 1991, p. 113).
Portanto entendo que no Brasil não foi o campo da educação de surdos que não
dialogou com a educação regular ou com as políticas nacionais, como se tem dito.
184 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
O que não há é pesquisa sobre esses diálogos. Faço então algumas sugestões de
S I M P ÓS I O
estudos para que possamos remover o entulho ideológico que aprisiona o campo.
Podemos pesquisar os diálogos do Instituto com instituições similares em outros
países, a presença do pensamento educacional brasileiro no Instituto, a atuação de
M e n e s e s V i e i r a 55 n a i n s t i t u i ç ã o , a c i r c u l a ç ã o d e i d e i a s a b o l i c i o n i s t a s n o I n s t i t u t o , o
perfil dos alunos do Instituto, a questão de gênero, a criação da fonoaudiologia no
Brasil, a alfabetização das camadas populares, o ensino profissionalizante, dentre
outras. A relevância desses estudos no âmbito do Instituto é por ter partido dele,
principalmente, por mais de um século, o sentido da educação de surdos no Brasil.
Ta m b é m d e m a n d a m p e s q u i s a s o s m o d o s p e l o s q u a i s o s s u r d o s d e c l a s s e s m a i s
abastadas desenvolveram seus estudos, inserindo nessa investigação os respectivos
projetos educacionais, e com quais resultados.
55
Menezes Vieira nasceu em São Luís do Maranhão, em 1848. Estudou Humanidades em sua cidade natal e
Medicina no Rio de Janeiro. Especializou-se em otorrinolaringologia no ano de 1873 defendendo a tese Da Surdez
produzida por lesões materiais; acústica; aparelho da audição; sinais tirados da voz e da palavra. Embora tivesse
um consultório dentro de uma farmácia na Rua da Carioca, exerceu a medicina por pouco tempo. Sua grande
disposição era para o magistério. Em 1871, ainda estudante de medicina, assumiu a cadeira de Linguagem
Escrita do então Instituto de Surdos-Mudos. Juntamente com sua mulher Carlota de Menezes Vieira, fundou o
Colégio Menezes Vieira, em 1875, localizado na Rua dos Inválidos, nº 26. No livro A Cor da Escola, de Maria
Lúcia Rodrigues Muller (2008) há um registro fotográfico do dia da inauguração de seu Colégio mostrando a
presença de negros e brancos dentre os seus profissionais. A fotografia de autoria de Augusto Malta apresenta os
professores e a diretora da escola. Vieira criou o primeiro Jardim de Infância do Brasil o qual denominava Jardim
de Crianças espaço, segundo ele, de transição suave e racional da família para a escola (pg. 570, BASTOS). Foi
autor de diversas obras sobre educação geral e educação de surdos. Dentre estas se destacam: Do surdo-mudo,
considerado do ponto de vista físico, moral e intelectual. Conferência Literária. Rio de Janeiro: Tip. Cinco de Março,
1874; O Ensino prático da língua materna para uso dos surdos-mudos. Rio de Janeiro: Tip. Pinheiro, 1885; A
imagem da palavra. Rio de Janeiro, 1886; Almanaque dos amigos dos surdos-mudos. Rio de Janeiro: Tip Pinheiro,
1888. Foi também o primeiro diretor do Pedagogium, fundado, já no período republicano por Benjamim Constant
quando Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos.
185 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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___________. Memória e história: a inda gação de Esmeralda. Petrópolis, Rio de Janeiro: Arara
Azul, 2010.
Re s u mo
At é a o fin al d o sécu lo XIX, a h isto r i o g r a fi a m undi a l a s s e nta v a num a m e to do l o g i a
po s it iv is t a de explicar a história. E r a a hi s tó r i a do s fa c to s , da s da ta s e do s he r ó i s . N o s
ano s 20 d o sécu lo XX surge a ch am a da N o v a H i s tó r i a , um c o nc e i to i ni c i a do po r L uc i e n
Feb v re e Marc Bloch e qu e se intitul o u a “Es c o l a do s A nna l e s ”. Es ta c o r r e nte c ha m a v a à
a t e nção para a h istória d os h om ens v i v e ndo e m s o c i e da de e c o ndi c i o na do s po r a s pe c to s
po lít ico s , econ óm icos, sociais, psic o l ó g i c o s e ntr e o utr o s .
M é to d o s e Fo n t e s e m H i s t óri a
S I M P ÓS I O
anónimos que alterou a estrutura da própria história não foi ainda contada. As obras
S I M P ÓS I O
publicadas no final dos anos 80 e ao longo dos anos 90 do século XX que abordam aspetos
da História da educação de surdos e da comunidade surda é uma história política que
ser viu um lovável propósito- a reabilitação do método gestualista- mas apenas conta uma
parte da história. Metodologicamente é uma história-tribunal, inquisidora e que julga de
forma descontextualizada atribuindo o título de vilões aos ditos defensores dos métodos
oralistas e de heróis aos defensores dos métodos gestualistas. Não vislumbramos diferença
entre estes e aqueles que fizeram a história da educação de surdos no final do século XIX
que proporcionaram o congresso de Milão de 1880 transformando em vilões os defensores
do método gestualista e em herois os defensores do método oralista.
– f ontes escritas;
Co n cl u s ã o
A his t ória da ed ucação d e su rd o s e da c o m uni da de s ur da te m s i do c o ns tr uí da s o br e
uma bas e d icotóm ica e d e cariz p os i ti v i s ta que r e s ul to u num a hi s tó r i a m a ni que í s ta e
po uco is en ta. A utiliz ação dos vários ti po s de f o nte s hi s tó r i c a s pr i m á r i a s te m s i do po uc o
ut ilizada e q uan do são utiliz adas, sa l v o r a r a s e x c e ç õ e s , s ur ge m de s c o nte x tua l i za da s
e normalm ente não são alvo de u m a c r í ti c a i nte r na . Ta m bé m o r e c ur s o à s c i ê nc i a s
auxiliare s da h istória n ão é feito d e f o r m a c o e r e nte e e fi c a z.
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(1774-1780). Notice sur s a vie et ses tra vaux et anal yse raisonée de sa méthode précédées de
l’Eloge de sa méthode par Buf f on. Paris: J.B.Baillére, Libraire de l’Académie Royale de Medicine
193 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Mariana Martins
Mestre em Educação de Surdos e Língua Gestual Portuguesa (LGP) pela Universidade Católica Portuguesa.
Docente de Linguística na Licenciatura em Terapia da Fala da Escola Superior de Saúde Egas Moniz.
Professora de Língua Portuguesa como segunda língua a adultos surdos na Associação Portuguesa de Surdos.
I n tro d uç ã o
O prog ram a curricular d a discipl i na de L í ngua G e s tua l P o r tugue s a (L G P ) s ur ge c o m o
principal propósito de p ôr em prátic a o s pr i nc í pi o s l e ga i s que de fe nde m a s ua uti l i za ç ão
pa ra a igualdad e de op ortun id ades, no a c e s s o à e duc a ç ã o .
Es t a lí n gu a deve ser recon hecida e di gni fi c a da pe l o s e u r e a l e s ta tuto , e nqua nto
prime ira l ín gu a da Com un id ade Su r da , s e ndo , do r a v a nte , e po r di r e i to , uti l i za da no e ns i n o
do s a lunos Surdos. E ntend e-se por S ur do (c o m l e tr a m a i ús c ul a ) to do o i ndi v í duo que ,
po r não ou vir, é p len am ente visu al, a c e de ndo po r i s s o , na tur a l m e nte , à l í ngua ge s tua l d a
re s pe t iva comun id ade, construind o a s s i m um a I de nti da de c ul tur a l pr ó pr i a .
Em 19 54, n a Con ferência Geral da O r ga ni za ç ã o da s N a ç õ e s U ni da s , um a da s
Res o luções afirm a qu e a líng ua ma t e r na -na tur a l c o ns ti tui a f o r m a i de a l pa r a e ns i na r uma
cria nça. Ob rigar um g ru po a u tiliz ar um a l í ngua di fe r e nte da s ua , (… ) c o ntr i bui pa r a qu e
es s e g rupo, vítima de u m a proib ição, s e s e g r e gue c a da v e z m a i s da v i da na c i o na l .
São s eg uidas diretriz es a nível i nte r na c i o na l e na c i o na l pa r a que a l í ngua ge s tua l fa ç a
pa rt e int eg rante da ed ucação d e Sur do s , no m e a da m e nte :
– O documento A2-302/87 do P a r l a m e nto Eur o pe u a pe l a a o s G o v e r no s do s Es ta do s
Me mbros para qu e sejam recon heci da s a s l í ngua s ge s tua i s e pa r a que a l í ngua ge s tua l d e
cada pa ís p asse a faz er p arte in teg r a nte da e duc a ç ã o do s S ur do s ;
Po p u l a ç ã o - a l v o
O prog ram a curricular d a discipl i na de L G P de s ti na -s e a to da s a s c r i a nç a s S ur da s ,
indepe nden temente do tip o e g rau de s ur de z, da i da de e m que a a dqui r e m (s e num a fas e
ant e rior, simultân ea ou p osterior à a qui s i ç ã o da l i ngua ge m ) e da po te nc i a l i da de pa r a a
re a bilit a ç ão áu dio-oral.
O c u rrí cu l o d e L G P
N ão s e p retend e qu e a LGP seja um a po i o à e duc a ç ã o de S ur do s , ne m ta m po uc o
a pena s um a p oio à a prend iz a g em da L í ngua P o r tugue s a . P r e te nde -s e s i m que o s e u
ens ino s eja u nif ormiz ado p ara toda a po pul a ç ã o S ur da e s c o l a r, e m te r m o s de o bj e ti v o s
propo s t os e com petências a a ting ir, c o ns o a nte o ní v e l de e s c o l a r i da de do a l uno ,
procurando motivar o alu no p ara as a pr e ndi za ge ns ne c e s s á r i a s .
195 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Á re a s nuclear es
O prog ram a curricular d a discipl i na de L G P pr e te nde s e r um i ns tr um e nto r e gul a do r
da s ua a quisição e do seu d esen vol v i m e nto , e nqua nto pr i m e i r a l í ngua da C o m uni da de
Surda , nas com pon entes d e In teraçã o e m L G P, L i te r a c i a e m L G P, Es tudo da L í ngua , L G P e
Comunidad e e Cu ltura, in stituídas c o m o c o m pe tê nc i a s nuc l e a r e s de s ta di s c i pl i na .
196 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
In te raç ão em LG P
S I M P ÓS I O
E s tu do da Língua
Esta componente abrange a formação de gestos, as unidades mínimas (parâmetros dos
gestos), as classes de gestos, os campos semânticos (desenvolvidos a partir do primeiro
ciclo), o vocabulário, a estrutura frásica, a correção linguística, a variação da LGP (estas
duas com menor relevo no primeiro ciclo), a comparação entre línguas gestuais (desenvolvida
a partir do segundo ciclo), o alfabeto gestual (até ao pré-escolar) e a dactilologia (a partir do
primeiro ciclo) e a comparação com a LP (sobretudo no primeiro e segundo ciclos). O ensino
secundário visa, sobretudo, a formação de gestos, os campos semânticos, a estrutura frásica,
a correção linguística, a comparação entre línguas gestuais e os sistemas de transcrição.
L G P, C om unidade e Cultur a
A Co mu nidad e e Cu ltura in clu i os a s pe to s r e l a c i o na do s c o m a i de nti fi c a ç ã o (a té a o
prime iro c iclo), a iden tidad e e org ul ho , a v a l o r i za ç ã o da L G P, a di v e r s i da de , a c o m uni dad e
na cio nal e in ternacional, a h istória, a s te c no l o g i a s , a m ul ti c ul tur a l i da de e a c i da da ni a
(es t a s s eis a partir d o primeiro ciclo ). O e ns i no s e c undá r i o v i s a , s o br e tudo , a i de nti da d e
197 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co mp e t ê n c i a s g e r a i s
A L G P é a lín gu a oficial da Com uni da de S ur da P o r tugue s a , a l í ngua que , po r di r e i to ,
de ve s er dad a à criança Su rd a com o l í ngua m a te r na e a o a l uno S ur do c o m o l í ngua de
es co la rização. A LGP é decisiva p ar a o s e u de s e nv o l v i m e nto i ndi v i dua l , no a c e s s o a o
conhecim ento, n o relacion am ento s o c i a l , no s uc e s s o e s c o l a r e pr o fi s s i o na l e no e x e r c í c i o
ple no da cid adan ia.
Já não é recente a proposta de ensino que coloca o texto, nas aulas de Língua
Portuguesa, como objeto primeiro de análise. Evidentemente, não se podem ignorar os
exercícios estruturais de análise linguística, entretanto a leitura e a produção de variados
textos caracteriza um ensino de língua mais preocupado com a formação completa do aluno.
E x emplo 1
E x emplo 2
E x emplo 3
S I M P ÓS I O
Texto in icial:
“ Pa to
Mãe dele esta va g rávid a e que nte .
Ovo qu ebrou e mãe dele gos ta de pa to s l i ndo s (. . . )
Mãe dele ficou ch a tiad a! Fi m ! ”
Texto fin al:
“ Hom em e m ulher
Há tempo muito, a mulher tava sozinha e chorando na escola e homem encontrou
a mulher (...) Ele se apaixonou e pediu em namoro. A mulher disse “sim”. (...)
Final – feliz es para sempre. ”
Susana Rebelo
Re s u mo
Tendo como pano de fundo a problemática do ensino e práticas da escrita a alunos
surdos, este artigo procura, num primeiro momento, contextualizar o tema no cenário
educativo português. Em seguida, à luz da filosofia educativa de cariz bilíngue vigente em
Portugal, fazemos emergir as propostas de produção escrita relativas ao 3ºciclo e ensino
secundário 56 que estão contempladas no Programa de Português L2 para Alunos Surdos,
******
documento estruturante e normativo mais atual para o ensino desta disciplina curricular.
56
É de salientar a opção por estes dois ciclos de estudo advém não só do contexto em que nos movemos profissionalmente e
também porque estamos cientes de que uma abordagem mais ampla, que contemplasse todos os anos e ciclos do sistema de
ensino português, implicaria elaborar um documento que, em tempo de pesquisa bibliográfica e em extensão de composição
textual, desvirtuaria o objetivo para o qual este artigo foi concebido. De igual forma, apenas tratámos dos alunos surdos, cuja
surdez é congénita ou precoce, não incluindo neste artigo a situação dos alunos surdos implantados, tema que merece outro
enfoque e tratamento concetual, uma vez que cada vez mais são uma realidade no contexto escolar.
57
NIZA, S., Sérgio Niza escritos sobre educação, Lisboa: Tinta-da-China, 2012.
58
SIM-SIM, I., A criança surda: contributos para a sua educação, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005.
204 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
S I M P ÓS I O
59
SIM-SIM, I., A criança surda: contributos para a sua educação, op.cit.
60
MENEZES, D.,C., A escrita em uso na educação de surdos. In: Anais do Evento PG Letras 30 Anos, Vol. I, Fonte: http://www.
pgletras.com.br
61
CAPOVILLA, F., C. & Capovilla, A., S., Educação da criança surda: o bilinguismo e o desafio da descontinuidade entre a língua
de sinais e a escrita alfabética. Revista Brasileira de Educação Especial, 8 (2), 2002.
62
Língua Segunda – Consideramos para esta reflexão a definição que Ançã nos propõe: “Língua segunda é definida como uma
língua de natureza não materna (e aqui encontra o domínio da língua estrangeira), mas com um estatuto particular (…) Língua
Segunda é língua oficial e escolar, enquanto língua estrangeira, apenas pertence ao espaço da aula de língua. Decorrentes deste
aspecto, há uma série de factores de afastamento da língua estrangeira da língua segunda (imersão, contexto, motivações,
finalidades da aprendizagem da língua), cruzando-se, assim, o espaço de língua segunda com o da língua materna.”In: Da língua
materna à língua segunda, Noesis nº51, Jul/Set 1999. Fonte: http://area.dgidc.min-edu.pt/. A Língua Portuguesa será sempre a
sua segunda língua, pois é aquela que ela só conseguirá aprender de forma sistematizada, sobre uma outra língua já adquirida.
(Carmo et al, 2008).
63
ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, Lisboa, 2011.
64
Goodman salienta que a aprendizagem eficaz da leitura e da escrita passa pela importância que for dada aos primeiros
contactos que a criança tem com o uso da escrita, nomeadamente, pela observação de como aqueles que a rodeiam utilizam a
leitura e a escrita. GOODMAN, Y., O desenvolvimento da escrita em crianças pequenas, In: Ferreiro, E., Palácio, M., Os processos
de leitura e escrita, Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1988.
205 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
compreensão da língua, pela reflexão que implica, ou seja, o sujeito toma consciência do
repertório linguístico que possui da escrita, determina que estruturas pode ou não utilizar,
organiza o léxico, opta pelo uso de determinadas palavras, confronta aspetos gramaticais da
língua escrita com os da sua língua, a gestual. Escreve, lê, relê o que escreve, reescreve.
Enquanto a actividade de ler não implica escrever, já toda a actividade de produção escrita
contém e integra em si a leitura. Deste pressuposto podemos inferir que a escrita pressupõe
uma dupla abstração para a criança surda, primeiro em relação aos possíveis vínculos com a
oralidade, e em segundo em relação ao interlocutor (…)”. 67 ††††††††
E v i d ê n ci a s d o t e r r e n o
O re conh ecimento pela Con stitui ç ã o da R e públ i c a , da L í ngua G e s tua l P o r tugue s a
(LG P), e m 1997, en qu anto líng ua d a c o m uni da de s ur da po r tugue s a , a c r i a ç ã o e a pl i c a ç ão
65
NIZA, S. A produção da linguagem escrita como uma actividade intrínseca à comunicação e à aprendizagem. In: Escrita, guião
de implementação do Programa de Português do Ensino Básico, Versão Final – Janeiro de 2011. Fonte: http://www.dgidc.min-edu.
pt/ensinobasico/
66
NIZA, S. A produção da linguagem escrita como uma actividade intrínseca à comunicação e à aprendizagem, op.cit.
67
SILVA, I., R., et alii (Org.). Cidadania, surdez e linguagem: desafios e realidades, São Paulo: Plexus, 2003.
ROSA, C., F., G. A estrutura da narrativa na escrita dos alunos surdos, Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Superior
68
através da leitura (que requer operações cognitivas de natureza distinta das de escrita) e da
escrita. Os alunos surdos portugueses são avaliados nas diversas disciplinas curriculares
69
Conforme está expresso “Na nova legislação, DL nº 3/2008, o modelo bilíngue para a educação de alunos surdos em
escolas de referência destrinça claramente, de outras opções educativas, a opção por um modelo específico de educação de
alunos surdos em que a língua primeira é uma língua oficial portuguesa minoritária: a língua da comunidade surda portuguesa.
Na modalidade específica de educação expressa no artigo 23º do Decreto-Lei nº 3/2008, todo o ensino e as aprendiza-
gens se desenvolvem em língua gestual portuguesa existindo um programa curricular desta língua primeira (LGP). O por-
tuguês (LP) é aprendido e ensinado como língua segunda e as turmas de alunos surdos são reconhecidas, na sua essên-
cia, pela igualdade de oportunidades dada aos alunos no acesso ao ensino e às aprendizagens na sua língua primeira e
com os seus pares surdos. Nessas escolas verifica-se uma concentração de turmas de alunos surdos, de docentes sur-
dos e de docentes e técnicos com competências em língua gestual portuguesa promotoras da criação de uma comunidade
linguística de referência. A Língua Portuguesa será ensinada e aprendida como segunda língua, na sua forma escrita e,
eventualmente, falada.” In: Currículo e Programas Educação Especial. Fonte: http://www.dgidc.min-du.pt/educacaoespecial/
70
NIZA, S. A produção da linguagem escrita como uma actividade intrínseca à comunicação e à aprendizagem, op.cit, (p.15).
207 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
inf ormação e sa bed oria” , tan to mai s que a i ntr o duç ã o r e c e nte do P r o g r a m a de P L 2 na s
es co la s portug uesas, qu e não a brange u a i nda um c i c l o de e s tudo s , nã o pe r m i te um a
a valiação ju sta do p rocesso d e ensi no -a pr e ndi za ge m da s c r i a nç a s e j o v e ns s ur do s , à l u z
da s prá t ic as p eda góg icas recom end a da s e da s o r i e nta ç õ e s m e to do l ó g i c a s r e l a ti v a m e nte
às t rê s com petências específicas d o P L 2 .
71
ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, op. cit, p.20.
72
SIM-SIM, I, A criança surda: contributos para a sua educação, op.cit.
208 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
73
ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, op. cit.
209 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P ro p o s t a d e l ó g i c a s d e a ç ão
Ent endemos q ue, antes d e m ais, o pr o fe s s o r P L 2 , pa r a a l é m de s e r um m o de l o de s t a
língua , deve p ossuir u m bom conh ec i m e nto l i nguí s ti c o da L G P, nã o s ó e m te r m o s de
v o ca bulário m as tam bém no q ue res pe i ta à s ua e s tr utur a g r a m a ti c a l 7 5 . A c o m pe tê nc i a ¶¶¶¶¶¶¶¶¶
orie nt ações metod ológ icas con stant e s e m Educ a ç ã o B i l í ngue de A l uno s S ur do s 7 8 e no ‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡
75
ME/DGIDC, Programa de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário, op.cit.
76
GOMES, M.C., O ensino da Língua Portuguesa num contexto de educação bilíngue dos alunos surdos, In: Diversidades, 25, 10-17, Ma-
deira: Secretaria Regional de Educação e Cultura – Direção Regional de Educação Especial e Reabilitação, 2009.
77
NIZA, S., Sérgio Niza escritos sobre educação, op.cit.
78
SIM-SIM I, A. Criança surda: contributos para a sua educação, op.cit.
79
ME/DGIDC, Educação Bilíngue de Alunos Surdos, Manual de Apoio à Prática, Lisboa, 2009.
210 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
O do mínio da lín gu a escrita, n a hi s tó r i a da H um a ni da de e na hi s tó r i a de c a da
indiv íduo , d esempen ha u m pa pel cr uc i a l e nqua nto po r ta de a c e s s o à m e di a ç ã o
da inf ormação e, con seq uen temente , a o po de r. É pe l a e s c r i ta que pr o duzi m o s ,
t ra ns f ormamos e tran smitimos con he c i m e nto s a o utr o s i ndi v í duo s , di s ta nte s de nó s no
es paço e n o tempo, qu e temos acess o e que di v ul ga m o s i nf o r m a ç ã o e que po de m o s
pa rt icipa r a tiva e criticamente nos v á r i o s g r upo s , fa m i l i a r e s , s o c i a i s e pr o fi s s i o na i s .
80
BROCHADO, S., M., D. A apropriação da escrita por crianças surdas usuárias da Língua de Sinais Brasileira, Tese de Doutorado apresen-
tada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP, 2003. Fonte: http://www.ronice.cce.prof.ufsc.br/.
81
BROCHADO, S., M., D. A apropriação da escrita por crianças surdas usuárias da Língua de Sinais Brasileira, op.cit.
82
NIZA, S., Sérgio Niza escritos sobre educação, op.cit.
83
SIM-SIM, I, A criança surda: contributos para a sua educação, op.cit.
211 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ANÇA, M. H. Da língua ma terna à língu a segunda, Noesis nº 51, Jul/Set 1999. Fonte: http://area.
dg idc.min-edu.pt/.
FERREIRO, E., Palácio, M., Os processos de leitura e escrita, Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1988.
__________. A escrita como fenômen o visual nas práticas discursivas de alunos surdos. In:
84
SIM-SIM, I. A criança surda: contributos para a sua educação, op.cit.
85
NIZA, S. Os fluxos de escrita que nos transformam, In: Sérgio Niza, escritos sobre educação, op.cit.
212 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
divers ida de . Porto Aleg re, RS: Editora Mediação, 2004, 39-49.
GOMES, M .C. O ensino da Língua Portuguesa num contexto de educação bilíngue dos alunos
surdos, In: Diversidades, 25, 10-17. Madeira: Secretaria Regional de Educação e Cultura –
Direção Regional de Educação Especial e Reabilitação, 2009.
ME/DGIDC, Educação Bilíngue de Alunos Surdos, Manual de Apoio à Prática, Lisboa, 2009.
___________, Prog rama de Português L2 para Alunos Surdos, Ensinos Básico e Secundário,
Lisboa, 2011.
MENEZES, D.C. A escrita em uso na educação de surdos. I n: Anais do Evento PG Letras 30 Anos
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NIZA, S. Criar o gosto pela escrita. Lisboa: Ed. Ministério da Educação, Departamento da Educação
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_________. A língua gestual na educação dos surdos, In: Gestuário. Lisboa: Secretariado
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S ILVA, M. P. A. Construção de sentidos na escrita do aluno surdo. São Paulo: Plexus, 2001.
SILVA, I., R., et alii (Orgs.) Cidadania, surdez e lingua gem: desafios e realidades. São Paulo:
Plexus, 2003.
__________. A criança surda: contrib utos para a sua educação. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2005.
213 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
E-mail: glauciellec@gmail.com.
Re s u mo
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t ecno lo g ias p ara acesso a inf orm aç ã o po r pe s s o a s c o m s ur de z. P r o c ur a -s e a pr e s e nta r
como s e dá o p ercu rso de ing resso de s s a s te c no l o g i a s na v i da s o c i a l do s uj e i to s ur do ,
como as exp eriências visuais d o su j e i to s ur do po de m fa v o r e c e r o a c e s s o a no v a s
t ecno lo g ias, o qu e os surdos bu scam dur a nte s ua na v e ga ç ã o na I nte r ne t, qua i s s ua s r e ai s
ne ce s s idad es d urante uma na veg aç ã o na I nte r ne t e po r fi m qua i s a s po s s i bi l i da de s de
int e ração com un ica tiva com pessoas o uv i nte s e s ur da s . A tr a v é s de pe s qui s a bi bl i o g r á fi c a
e a plica ção de q uestionário, procura m o s c o nhe c e r que m é o i ndi v i duo da no s s a pe s qui sa,
qual o s e u g rau d e in stru ção, como é o s e u a c e s s o à s no v a s te c no l o g i a s e qua i s
dif iculda des ele encon tra para utiliz a r a I nte r ne t.
A b s tra c t
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t o a cce s s inf orm a tion b y d eaf p eopl e . S e e k s to pr e s e nt ho w i s the r o ute o f e ntr y o f thes e
t echnolog ies in the social life of th e de a f, a s v i s ua l e x pe r i e nc e s o f the de a f c a n fa c i l i ta t e
acces s t o n ew techn olog ies, wh a t th e de a f s e e k dur i ng y o ur i nte r ne t br o w s i ng, w ha t
t he ir real need s d urin g an In ternet br o w s i ng a nd fi na l l y the po s s i bi l i ti e s o f i nte r a c ti v e
communica tion with d eaf an d h earing pe o pl e . Thr o ugh a l i te r a tur e r e v i e w a nd a ppl y i ng a
ques t io nn aire, we know wh o th e in di v i dua l o f o ur r e s e a r c h, w ha t y o ur e duc a ti o n l e v e l , a s
is it s access to new tech nolog ies and w ha t di f fi c ul ti e s he e nc o unte r s to us e the I nte r ne t .
Re s u mo
Quando falamos d e in ter venção pr e c o c e pe ns a m o s na s fa m í l i a s c o m o c e ntr a i s
no processo de d esen volvim ento do s e u fi l ho , s e ndo um e l e m e nto e s s e nc i a l ne s ta s
equipa s ed uca tivas. E m Portug al exi s te um a r e de de s e r v i ç o s de i nte r v e nç ã o pr e c o c e n a
inf â ncia organ iz ada a n ível n acion al a o m e s m o te m po que e s tã o c r i a da s a s Es c o l a s de
Ref erê ncia p ara a E du cação Bilíng ue de A l uno s S ur do s (ER EB A S ). N e s te a r ti go , de s c r e v e-
s e o f unci onamento da Frequ ência B i l í ngue P r e c o c e na ER EB A S do di s tr i to do P o r to ,
de t a lhando-se os modelos teóricos que e s tã o na ba s e da i nte r v e nç ã o e de s c r e v e ndo -s e
as cara t erísticas ún icas das famílias do s a l uno s c o m s ur de z. P o r fi m , r e a l ç a m -s e a l gun s
de s af ios q ue aind a estão por ultra p a s s a r qua ndo fa l a m o s de e ns i no bi l í ngue e m be bé s
do s 0 aos 3 anos.
I n tro d uç ã o
Com a criação da E scola de Refer ê nc i a pa r a a Educ a ç ã o B i l í ngue de A l uno s S ur do s
(EREBAS) hou ve u m a m aior concen tr a ç ã o de a l uno s c o m s ur de z no A g r upa m e nto
de Es colas Eu gén io d e And rad e – P o r to . I ni c i a l m e nte , a pe na s e x i s ti a um a r e s po s ta
es t rut ura da para as crian ças a p art i r do s 3 a no s , m a s r a pi da m e nte ho uv e a ne c e s s i da d e
de a t e nder tam bém os b ebés cujas fa m í l i a s pr o c ur a v a m i nf o r m a ç õ e s e a j uda j unto de s t as
equipa s especializ ad as n a área d a s ur de z. A s s i m , e m 2 0 0 9 / 2 0 1 0 pa s s o u a func i o na r
a F requência Bilíng ue Precoce, com um a do c e nte s ur da de L G P, um a te r a pe uta da fa l a
e uma educadora de infância esp ec i a l i za da na á r e a da s ur de z. A tr a v é s da tr o c a de
t es t e munhos entre fam ílias e entre pr o fi s s i o na i s , f o i c o m e ç a ndo a s e r c r i a da um a r e de d e
enca minham ento de alun os, cada ve z e m i da de s m a i s pr e c o c e s e e m núm e r o c r e s c e nte
ao lo ngo d os an os.
215 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A nível nacional estão criadas Equipas Locais de Inter venção (ELI) que são constituídas
por vários profissionais (Educadores de infância de IP; Enfermeiro(s); Médico( s) de
família/pediatra(s), outros; Assistentes sociais; Psicólogos; Terapeutas, e outros) com
a responsabilidade de identificar as crianças e famílias elegíveis para o SNIP, elaborar
e implementar o Plano Individual de Inter venção Precoce de acordo com o diagnóstico,
identificar necessidades e recursos das comunidades, articular com os docentes das
creches e jardins-de-infância onde as crianças estejam integradas, entre outras, sendo um
documento que permite organizar toda a informação recolhida, registar todos os aspectos
da inter venção bem como o processo que conduz à sua implementação.
Ao longo dos anos, obser vou-se uma evolução dos modelos teóricos de suporte à
atuação na IPI. A abordagem tradicional, suportada no modelo médico, centrava-se na
criança e na tentativa de tratar a sua deficiência, tendo sido substituída por abordagens
mais amplas, condizentes com o modelo de inter venção centrada na família. A constatação
de que a abordagem tradicional não é aplicável ao trabalho com famílias e a contribuição
das Teorias Ecológicas forneceram uma melhor compreensão sobre a influência do meio, da
sociedade (valores, crenças,...), das interações sociais e dos contextos físicos que rodeiam
os indivíduos no seu desenvolvimento, ser vindo de base para uma abordagem centrada na
família e contextos. Assim, defende que a inter venção precoce deverá ser contextualizada
216 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
e desenrolar-se nos ambientes naturais que a criança frequenta, com a participação ativa
S I M P ÓS I O
2. A I nter v enç ão P r ec oc e na su rd e z
A Frequência Bilíngue Precoce da EREBAS do Agrupamento de Escolas Eugénio de
Andrade procura desenvolver ser viços orientados pelos modelos de Inter venção Precoce
na Infância descritos no Decreto-Lei 281/2009 supramencionado. Ao mesmo tempo, é feita
a adequação desses ser viços à especificidade do atendimento das crianças com surdez
e suas famílias segundo um modelo bilíngue, tornado possível numa EREBAS, tal como
pode ler-se no Decreto-Lei 3/2008 “A concentração dos alunos surdos, inseridos numa
comunidade linguística de referência e num grupo de socialização constituído por adultos,
crianças e jovens de diversas idades que utilizam a LGP, promove condições adequadas ao
desenvolvimento desta língua e possibilita o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem
em grupos ou turmas de alunos surdos, iniciando-se este processo nas primeiras idades e
concluindo-se no ensino secundário”. No seguinte gráfico pode obser var-se o crescimento
do número de alunos atendidos pelos nossos ser viços até ao presente ano letivo:
Gráfico 1: Distribuição dos alunos a tendidos pela Frequência Bilíngue Precoce entre 2008/2009 e 2012/13
217 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Gráfico 2: Distribuição dos alunos atendidos pela Frequência Bilíngue Precoce em termos de
grau de surdez.
sua família”. Assim, muitas vezes o uso da ajuda auditiva adequada também não é
feito atempadamente, havendo uma grande demora no processo não só de diagnóstico
m a s t a m b é m d e c o l o c a ç ã o d e p r ó t e s e a u d i t i v a o u i m p l a n t e c o c l e a r, s e n d o e s t e u m d o s
principais motivos para haver um grande número de crianças atendidas pela FBP que
não usa qualquer ajuda auditiva (ver gráfico 3).
Gráfico 3: Distribuição dos alunos atendidos pela Frequência Bilíngue Precoce em termos de
ajudas técnicas para a audição.
promo vem a gen eraliz ação das a p rendi za ge ns a o utr o s c o nte x to s . O e duc a do r de i nfâ nc i a
S I M P ÓS I O
Neste âmbito do trabalho com famílias, não poderia ser esquecida a questão da
articulação e colaboração família–escola, e vice-versa, factor essencial no processo
educativo de qualquer criança, ainda mais na situação da criança surda. Este processo,
nem sempre fácil, constitui um grande desafio e implica mudanças nas atitudes de
todos, pais e profissionais que, atualmente, constituem as equipas pluridisciplinares
das EREBAS. O objectivo é conseguir a verdadeira participação e colaboração ativa nas
decisões e na elaboração do programa educativo do seu filho. Na legislação que define
as EREBAS esta questão fundamental também é realçada ao referir que “as respostas
educativas devem ser flexíveis, assumindo carácter individual e dinâmico, e pressupõem
uma avaliação sistemática do processo de ensino e de aprendizagem do aluno surdo, bem
como o envolvimento e a participação da família”. Na FBP desenvolve-se uma inter venção
conjunta com base num modelo de equipa interdisciplinar, no qual os pais participam na
identificação de competências dos seus próprios filhos com base no modelo de Toni Linder
(o que a criança é capaz de fazer, o que está preparada para fazer a curto prazo). Há uma
preocupação grande da equipa em concretizar com os pais o que o seu filho é capaz,
sempre numa forma positiva, adequada ao nível de formação dos pais, pretendendo-se
o seu envolvimento desde o início do processo de uma forma participada e informada.
São definidos objetivos concretos, trabalhados no momento presencial de sessão com
os pais, de forma a desenvolver neles competências para darem continuidade em casa.
Pais e outros cuidadores estão sempre presentes nas sessões. Nestas idades, nem
220 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
processo de mudança e adaptação constante até chegar ao que é ideal para a criança.
Assim, é necessário regularmente e de forma sistemática adequar o plano de inter venção
às caraterísticas funcionais da criança e da sua família, no sentido de encontrar o que
promove o seu desenvolvimento.
Co n cl u s ã o e p e r s p e t i v a s f ut uras
Ta l com o f oi exposto, há u m a g r a nde di v e r s i da de de s i tua ç õ e s a te ndi da s pe l a
FBP, ine rente à própria n a turez a d es ta r e s po s ta e duc a ti v a que nã o s e e nc e r r a na
cria nça, alarg and o-se à família e aos s e us c o nte x to s de v i da . É ne c e s s á r i a um a g r a nde
f le xibilidad e d e resp ostas qu e se ad e qúe m à s c a r a te r í s ti c a s da c r i a nç a s e à s e x pe c ta tivas
da f amília, alg o qu e só é p ossível a tr a v é s de um a a ti tude c r í ti c a e r e f l e x i v a c o ntí nua .
To rna - s e um desafio constan te con s e gui r de s e nv o l v e r pr o c e s s o s de a v a l i a ç ã o c o nj unta ,
re a lça ndo-se o en volvim ento das fam í l i a s , no s e nti do da to m a da de de c i s õ e s e m e qui pa.
Apesar do número crescente de crianças atendidas por esta equipa ao longo dos anos,
considera-se que ainda há muito a fazer para tornar mais eficaz o processo de referenciação
e encaminhamento para a FBP. Deste modo, é imprescindível a articulação entre serviços
e a definição de protocolos inter-ministeriais, nomeadamente entre as equipas médicas
(situadas nos Centros Hospitalares) e a equipa multidisciplinar especializada (localizada na
escola). A partilha de informação e de objetivos para cada criança surda individualmente
e para a sua família poderá traduzir-se em medidas concertadas de apoio. Daí a grandiosa
importância de se definir e decidir em função do melhor interesse da criança a partir da
vontade dos pais, com o objetivo principal da aquisição da autonomia por parte da mesma.
Esta parceria inter-ministerial possibilita a avaliação e o encaminhamento, de forma a iniciar
o mais precocemente possível a aquisição de formas de comunicação mais eficazes face às
características e capacidades da criança e sua família.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
Decreto-Lei nº 3/2008. Diário da República 2008.
BORGES, L. et al. A família na inter venção precoce, da filosofia à acção - projecto integ rado do
distrito de Coimbra. Coimbra: Ediliber Gráfica, 1995.
Decreto-Lei n.º 281/2009. Diário da República 2009.
GRONITA, J. E. A. Os nossos filhos são diferentes: como podem os pais lidar com uma criança com
deficiência. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 2009.
221 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
SERRANO, A. M.; CARVALHO, M. L. Oportunidades de Aprendiza gem para a criança nos seus
S I M P ÓS I O
DUARTE, I. Igualdade de Oportunidades na Criança Surda In: BISPO, M.; COUTO, A., et al (Ed.). O
Gesto e a Pala vra I – Antolog ia de textos sobre a surdez. Lisboa: Editorial Caminho, 2006.
Comunicações
223 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
E-mail: glauciellec@gmail.com.
Introdução
As no vas tecnolog ias tornaram -se fe r r a m e nta i ndi s pe ns á v e l na c o m uni c a ç ã o e no
envolv imen to en tre nações e socieda de s de m a s s a . A i nc l us ã o di g i ta l é ne c e s s á r i a
e muit o im portan te n as socied ades, po i s é a pa r ti r de l a que o s uj e i to te r á m a i o r e s
opo rt unid ades, seja n a vida social o u pr o fi s s i o na l .
S u r d e z : h i s t ó r i a , i d e n t i d a d e e c ultura
EIXO : TEC N OL OG IAS E N OVAS L I N G UAG EN S
e n t ã o a C o m u n i c a ç ã o To t a l . P a r a G o l d f e l d ( 2 0 0 2 ) “ C o m u n i c a ç ã o To t a l é o p r o c e s s o
EIXO : TEC N OL OG IAS E N OVAS L I N G UAG EN S
os surdos geralmente s ã o e s te r e o ti pa do s pe l a s o c i e da de c o m o a g r e s s i v os
e d escon fiados, porqu e e l e s te m e m m ui ta o pr e s s ã o , há m ui to a nta go ni smo
e m antêm uma a titud e de r e s e r v a e m r e l a ç ã o a o s o uv i nte s . P o i s o s s ur d os
sen tem-se em uma posi ç ã o i nfe r i o r pe r a nte a o s o uv i nte s po r nã o s a be r e m l er
e escrever, também por e l e s te r e m c o nta to pe r m a ne nte m e nte c o m um di s c u r s o
ouvin tista.
Foi somente em abril de 2002 através da Lei nº 10.436, que a língua de sinais
passou a ser reconhecida no Brasil e teve como finalidade proporcionar ao sujeito
surdo a possibilidade de se comunicar em sua própria língua, possibilitando assim seu
desenvolvimento linguístico, social e intelectual. Além de favorecer ao surdo o acesso ao
conhecimento cultural-científico, bem como a integração no grupo social ao qual pertence.
As redes digitais têm evoluído bastante, porém no que tange a acessibilidade digital
para pessoa com surdez ainda não encontramos grandes avanços, esta ainda é precária.
Em uma simples navegação em sites governamentais, educacionais, por exemplo, é
possível perceber que estes, em sua maioria, não oferecem ferramentas opcionais para a
pessoa com surdez, estes ainda são obrigados a pedir ajuda para um parente, amigo ou
para um desconhecido, para que os auxiliem a realizar, por exemplo, uma inscrição em um
vestibular, ou para saber o que a presidência esta pronunciando. Diante disso percebemos
que, apesar de existir uma Constituição Federal, que trás em seu texto alguns direito e
deveres, por exemplo, o Art. 5, inc. XIV- “é assegurado a todos o acesso à informação
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”, podemos
obser var que isto ainda não acontece na integra, atualmente com a Lei nº 10.436 que
reconhece a Libras como língua existe uma proposta de mudança, porem estas mudanças
levam tempo e a sociedade infelizmente ainda não sabe lidar com o sujeito surdo, este
ainda é visto como “anormal” aos olhos desta sociedade dita “normal”.
A inclusão digital se faz necessário devido a sociedade se tornar cada vez mais a
sociedade da informação. Silveira (2005) afirma que os agrupamentos sociais que não
souberem manipular, reunir, desagregar, processar e analisar informações ficarão distantes
da produção do conhecimento, estagnados ou vendo se agravar sua condição de miséria.
Dados da pesquisa
A pes qu isa se d eu a tra vés d a a p l i c a ç ã o de que s ti o ná r i o o nl i ne , v i s a ndo a s s i m
que o s s u rd os d e tod o o Brasil p ud e s s e r e s po nde r a pe s qui s a , e s te fi c o u no a r um
mê s , para q ue os objetivos da p esq ui s a f o s s e m a l c a nç a do s , ti v e m o s e m m é di a 4 0 0
v is ua lizad ores, d estes som ente 86 que c l i c o u no bo tã o EN TR A R . P o de -s e a s s i m pe r c e ber
232 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Figura I: Questionário
Sobre a pesquisa observamos que, a maiorias dos participantes eram do sexo masculino,
figura I, 45% ainda estavam cursando o ensino superior, sendo que estes tinha idade igual ou
superior a 27 anos. Esta realidade se deve, provavelmente, ao fato dos surdos enfrentarem
grandes dificuldades para terem acesso à educação. Estes por muitos anos tiveram como
método de ensino o Oralismo, onde o sujeito surdo não podia se comunicar na sua própria
língua, isso os deixavam frustrados e, em alguns casos, agressivos, isto fazia com que eles
se sentissem diferentes, inferiores aos ouvintes se isolando da sociedade, ou por decisão da
família, eram isolados e privados do contato com o mundo em que vivem.
233 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n c l u sã o
EIXO : TEC N OL OG IAS E N OVAS L I N G UAG EN S
Referências bibliográficas
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Sena do 1 988.
PINTO, Mariê Augusta de Souza, GOMES, Aldalúcia Macêdo dos Santos, NICOT, Yuri Ex pó s i to .
A experiência visual como elemento facilitador na educação em ciências para alunos surdos.
236 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
In tro d u ç ã o
Em con cern ência com isso a Cul tur a e m M ã o s , que c o m o j á a l udi m o s a nte s , é um a
empre s a qu e visa a acessibilidad e c o m uni c a ti v a e m e s pa ç o s c ul tur a i s , a pr e s e nto u à
FEN EIS ( Federação Nacion al d e Ed uc a ç ã o e I nte g r a ç ã o do s S ur do s ) de M i na s G e r a i s
a pro pos ta de p arceria n o Projeto d e I m pl a nta ç ã o à A c e s s i bi l i da de C o m uni c a ti v a no s
Mus e us , pois é essen cial qu e o pú bl i c o -a l v o pa r ti c i pe a ti v a m e nte de s s e pr o c e s s o . P a r a
que o po vo su rd o (incluind o os surdo c e go s ) s e j a r e pr e s e nta do a tr a v é s de s ua pr i nc i pa l
ex pre s s ã o cultu ral, sua lín gu a, a Libr a s , de v e e s ta r de v i da m e nte pr e s e nte . A s s i m , a
de mocra t iz ação d a cultu ra acon tecer á e m a s pe c to s m ul ti c ul tur a i s , ga r a nti ndo o a c e s s o
de s s e s ci dad ãos às produ ções cu ltur a i s da s o c i e da de a que pe r te nc e m .
E, visto que, a FENEIS MG diz ter como “VISÃO: Manter o reconhecimento como entidade
que trabalha nas áreas da educação, saúde, assistência social, prestação de ser viços e
fomentação da Língua Brasileira de Sinais – Libras”, como “MISSÃO: Desenvolver ações
que promovam a qualidade de vida dos surdos nas áreas pessoal, profissional e social,
valorizando seu potencial humano” e prega os “VALORES: Ética e Responsabilidade Social”
percebemos que nos completávamos em nossos objetivos e estabelecemos a parceria.
J u s ti fi ca t i v a
É na t ural q ue os m useus, como m o r a da da c ul tur a e da a r te , te nha m i ntr í ns e c a
em s ua defin ição a p rincipal das razõ e s pe l a s qua i s m o bi l i za m -s e e s f o r ç o s e r e c ur s o s
em prol de projetos d e acessib ilid ade c o m o e s te . O pr ó pr i o C a de r no s M us e o l ó g i c o s :
Aces s ibili d ade a Museus exp ressa i s to de f o r m a e l o que nte a o de c l a r a r :
239 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Além disso, a demais legislação vigente também assegura o direito das pessoas surdas à
acessibilidade comunicativa, pela Lei N°10.098, de dezembro de 2000, cuja regulamentação
foi feita através do Decreto N° 5626, de dezembro de 2005. Essa Lei também respalda
os direitos das pessoas cegas e das pessoas surdocegas ao garantir no seu Capítulo VII a
240 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Intérpretes de Libras e dos Braillistas em espaços públicos e/ou privados”. (BRASIL, 2005).
Ademais, a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989 dispõe sobre o apoio às pessoas com
deficiência, sua integração social através da Corde (Coordenadoria Nacional para Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência) apoderando esta a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas, além de disciplinar a atuação do Ministério Público,
definindo crimes e tomando outras providências (FUNDEP, 2008, p. 43).
E, po r fim, a Lei 11. 904, d e 14 de J a ne i r o de 2 0 0 9 , a o c r i a r o I ns ti tuto B r a s i l e i r o d e
Mus e us esta belece em seu Artig o 2 º “o de s e nv o l v i m e nto de pr o g r a m a s , pr o j e to s e a ç õ es
que ut ilizem o pa trimônio cultu ral c o m o r e c ur s o e duc a c i o na l e de i nc l us ã o s o c i a l ” a l é m
de f irmar “ o com prom isso com a ges tã o de m o c r á ti c a e pa r ti c i pa ti v a ”. (B R A S I L , 2 0 0 9 ).
E, em pertinên cia com o disp ost o na l e g i s l a ç ã o , e s pe r a -s e que to da s a s i ns ti tui ç õ e s
pública s e/ou privadas tomem provi dê nc i a s pa r a a s s e gur a r o di r e i to de s s a s pe s s o a s ; o
que, o b viamente, inclui os museus.
D iv e rsas in stituições, com o a Funda ç ã o Va l e , do M e m o r i a l Va l e M i na s , a fi r m a r e tr a t ar
uma “Min as polifônica, as várias cul tur a s , a s v á r i a s l i ngua ge ns , o s v á r i o s te m po s , o s
v á rios níveis de realidad e, [o] d iálogo da s di v e r s i da de s ” (VA L E: N O S S O S VA L O R ES). Es s as
ins t it uiçõ es não p odem se escusar de s s e m o v i m e nto s o c i a l .
Por is so, esp eramos q ue n ossa pr o po s ta s e j a a c o l hi da , po i s v i s a m o s , c o m o P r o j e to d e
Implant a ç ão à Acessib ilid ade Com uni c a ti v a , i de nti fi c a r a s ba r r e i r a s c o m uni c a ti v a s , bus c ar
e impla nt ar soluções tecn ológ icas, m e to do l ó g i c a s e de s e r v i ç o que a s s upe r e m .
Como com entado acim a, ações tê m s i do a pr e s e nta da s e m funç ã o da de m a nda
cre s cent e e cada vez mais urgen te de m e di da s de a c e s s i bi l i da de a o s m us e us e m ge r a l .
O IBRAM (Institu to Brasileiro de Mus e us ) te m de m o ns tr a ndo s ua r e s po ns a bi l i da de e m
re la çã o à in clu são p or d ispor em seus “P l a no s de A ç ã o A nua i s ” o “P r o g r a m a M us e us
e Aces s ibilidad e” e já d esen volver a ç õ e s que po de m s e r l i s ta da s c o m o “di a gnó s ti c o s ,
projet os b ásicos e an tep rojetos, p roj e to s e x e c uti v o s , i nte r v e nç õ e s fí s i c a s pa r a
ada pt a çõ es d os ed ifícios d os museus ” e o utr a s m a i s .
Uma g ran de vanta g em do n osso pr o j e to e m r e l a ç ã o à que l e s a té e ntã o r e l a ta do s é uma
v is ão mais a van çada em relação à i nc l us ã o c o m uni c a ti v a , a c o m pa nha ndo a s te ndê nc i a s
e pre o cupações in ternacionais, m ai s e s pe c i fi c a m e nte c o m a s pe s s o a s c o m m úl ti pl a
de f iciê ncia sensorial como os surdoc e go s . (C O H EN / D U A RTE/ B R A I L EI R O , 2 0 1 2 , p. 1 2 ).
E o próprio Decreto 6.949, já supracitado, nos diz sobre a importância de auxilio
técnico especifico para alcançar a tão sonhada democratização da cultura, quando nos fala:
O Projeto de Implantação à
EIXO : TEC N OL OG IAS E N OVAS L I N G UAG EN S
Acessibilidade Comunicativa
nos Museus
Nathália Vieira Marques
A p e rg un t a é : c o m o a l c a n ç ar de f a t o es s a aces s i bi lidade?
Bem, nossa equipe responde a essa pergunta aceitando os desafios da
universalidade de utilização dos espaços museais, buscando inspiração no Design
Universal e acreditando que ao perseguir esse conceito de acessibilidade, que muitos
consideram inatingível, promovemos um processo de melhoramento continuado na
sociedade e no meio.
244 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P ro c e s s o d e i m p l e m e n t a ç ã o do projet o
As re feridas eta pas constitu em -s e i ni c i a l m e nte de i ns tr um e nto s de a v a l i a ç ã o di r i g i d os
às ques t ões d e acessib ilid ade p ara a v a l i a r e de fi ni r m e ta s e e s tr a té g i a s que m e l ho r e m
o a ce s s o e o acolh imento, crian do n o v a s po s s i bi l i da de s na pa r ti c i pa ç ã o da c o m uni da de
s urda, ce ga e surdoceg a nas exp os i ç õ e s .
Co n cl u s ã o
EIXO : TEC N OL OG IAS E N OVAS L I N G UAG EN S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ARÁOZ, Susana Maria Mana de; COSTA, Maria da Piedade Resende da. Aspectos biopsicossociais
na surdocegueira. Ver. Bras. Educ. espec. vol. 14 no. 1 Marília Jan./Abr. 2008.
BRASIL. Lei nº 7.858, de 24 de outro de 1989. Dispõe sobre o a poio às pessoas portadoras
EIXO : TEC N OL OG IAS E N OVAS L I N G UAG EN S
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248 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
V ivendo em um m un do g lob aliz ado c o m o o no s s o na da m a i s us ua l que e nc o ntr a r m o s
uma div e rsidad e de p essoas n ão co m pr e e ndi da s pe l a s o c i e da de . P e s s o a s di fe r e nte s s e
cons t it ue m sem pre objeto d e admira ç ã o , c ur i o s i da de , a s s i s te nc i a l i s m o , o que pr o v o c a
re a çõ e s em cadeia de todos os segm e nto s da s o c i e da de .
A língua de sinais
A s urdez é vista pela sociedad e e m ge r a l c o m o um a i nc a pa c i da de a udi ti v a que
acarret a dificu ld ades na recepção, pe r c e pç ã o e r e c o nhe c i m e nto de s o ns , o c o r r e ndo
em dif e ren tes g rau s, do mais leve (que i nte r fe r e na a qui s i ç ã o da fa l a , m a s nã o i m pe de
o indivíduo de se com un icar por m e i o da l i ngua ge m o r a l ), a o m a i s pr o fundo (que po de
impedir o ind ivíd uo d e adq uirir a lin gua ge m o r a l ) (S I LVA ; P ER EI R A ; Z A N O L L I , 2 0 0 7 ).
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 1,5% da população mundial
possuem algum tipo de comprometimento auditivo (CORDE, 1996). No Brasil, estima-
se que 10 milhões de pessoas possuem perdas auditivas (IBGE, 2010), um número
bastante significativo em termos de saúde pública, uma vez que, se estes sujeitos não
receberem um atendimento adequado e desenvolverem uma competência linguística,
terão sérios problemas para constituírem-se como sujeitos ativos e participantes de
uma sociedade.
Co e s ã o t e x t u a l
D iant e dessa p erspectiva, p retendo , ne s te a r ti go , de s e nv o l v e r a l guns pa s s o s r um o a
uma s is t em a tiz ação geral d e asp ecto s o bs e r v á v e i s na pr o duç ã o , c o ns tr uç ã o e r e c e pç ã o
de t ex t o s p rod uz id os p or surdos. Me u i nte r e s s e é m a i s pr á ti c o que te ó r i c o , te ndo c o m o
obje t ivo o a p roveitam ento da lin gu ísti c a te x tua l e m funç ã o do e ns i no de um a l í ngua no
as pect o t extu al.
A e la boração de u m texto d e qu a l i da de i m pl i c a no do m í ni o de di v e r s a s ha bi l i da de s ,
ent re e la s a d os p roced imentos d e c o nhe c i m e nto da l í ngua e de m undo , a l é m de a s pe c t os
como coesão e coerên cia.
A coesão sequencial, tema a ser abordado nesse trabalho, segundo Koch (2001) diz
respeito aos procedimentos linguísticos por meio do quais se estabelecem entre eles
segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos e mesmo sequências
textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz
o t e x t o p r o g r e d i r.
De s e n vo l v i m e n t o d a p e s q u is a
Part ici p ou d este estud o descritiv o qua l i ta ti v o , um (0 1 ) a dul to s ur do s i na l i za do r,
f luent e s em Lib ras, d a com un id ade s ur da da c i da de do Es ta do de P e r na m buc o , i ndi c a do
ne s s a pe sq uisa como P1. On de f oi a pr e s e nta do a o s uj e i to um v í de o s o br e o a s s unto l i x o
elet rô nico e em seg uida f oi solicitado s ua o pi ni ã o s o br e o e nte ndi m e nto do v í de o . Es s e
diá lo go f oi mediado p elo p esq uisad o r que po s s ui f l uê nc i a na L i br a s .
Re s u l ta d o s e d i s c u s s ã o
Os resu ltados obtid os n este estudo e s tã o de a c o r do c o m o s a po nta do s e m o utr a s
pe s quis a s sobre as p rod uções dos s ur do s . É i m po r ta nte a po nta r a e x i s tê nc i a de s s e s
da dos pa ra com un id ade ou profissiona i s que tr a ba l ha m c o m o s s ur do s , m o s tr a ndo a e l es
a int erf e rência da Libras n a produ çã o do di s c ur s o , po r pa r te de s ur do s .
Tra n c r iç ão:
P1: o i tud o bem eu ver víd eo pouc o e x pl i c a r l i x o e l e tr ô ni c o c o m o j o ga r (M o v i m e nto
de mã o como se estivesse jogan do num c e s to ) s uj a r, pe r c e be r a go r a c l a r e a r m e nte .
Import a nte exem plo câm era f otog ráfi c a , pi l ha (m o v i m e nto da m ã o r e pr e s e nta ndo um
de pós it o ) só própria jogar (Movim ento de m ã o c o m o s e e s ti v e s s e j o ga ndo num c e s to )
s ujar s i m istu rar (movim ento de mã o r e pr e s e nta ndo um m i s tur a i nte ns a ) r ui m m e l ho r
255 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n cl u s ã o
A co mpetência da ela b oração d e um te x to m o s tr o u-s e a de qua do s a um o ní v e l
de es co laridad e e seu domín io d a L i br a s , o que s e e v i de nc i o u no pa r ti c i pa nte de s s a
pe s quis a .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ALMEIDA, E. O. C. (2000). Leitura e surdez: um estudo com adultos não oralizados. Rio de Janeiro:
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Brasileira na Formação de
Estudantes da Área da Saúde
da Universidade Federal de Juiz
de Fora
Carlos Henrique Rodrigues
Re s u mo
Com a m ud ança d a concep ção de s a úde , o no v o m o de l o de a s s i s tê nc i a pa s s a a te r
o pacient e com o o centro d o cuidad o , r e s s a l ta ndo a i m po r tâ nc i a da r e l a ç ã o m é di c o -
us uá rio, que ocorre p rincipalm ente a tr a v é s da c o m uni c a ç ã o . Q ua ndo e s s a c o m uni c a ç ã o
ocorre de f orm a in adeq uad a afeta a c r i a ç ã o do v í nc ul o e po r c o ns e quê nc i a , to da s a s
ações em saú de. Dian te d a necessida de de e s ta be l e c e r um a c o m uni c a ç ã o e fi c i e nte
com os s urd os e d e cumprir o Decreto 5 . 6 2 6 / 0 5 , s ur ge o C ur s o de Ex te ns ã o da U F J F
“L ibra s e saú de: acessib ilid ade n o a te ndi m e nto c l í ni c o ”. N e s te te x to , a na l i s a m o s o
impact o do primeiro curso d e extens ã o e m r e l a ç ã o a o s c o nhe c i m e nto s da á r e a da
s urdez adq uiridos pelos cu rsistas. P a r a ta nto , a pl i c a m o s que s ti o ná r i o s a o s 4 4 c ur s i s ta s
– a ca dêmicos da área da saúd e – p r e s e nte s no úl ti m o di a de a ul a . A na l i s a m o s a s
260 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A b s tra c t
Wit h t he ch ang e of the con cept o f he a l th, the ne w m o de l o f he a l thc a r e s ta r t to
cons ide r th e pa tient as the cen tre o f the c a r e , e m pha s i zi ng the i m po r ta nc e o f the do c to r-
us er re la tionship, wh ich occurs ch ief l y thr o ugh c o m m uni c a ti o n. Whe n i t i na de qua te l y
af f e ct s t he crea tion of th e bon d, and c o ns e que ntl y a l l the he a l th a c ti o ns . G i v e n the
ne e d t o esta blish ef fective comm un i c a ti o n w i th de a f pe o pl e , a nd c o m pl y w i th the
D ecre e 5, 626/05, comes the UFJF Ex te ns i o n C o ur s e ‘ L i br a s (B r a zi l i a n S i gn L a ngua ge )
and healt h : accessibility in clinical c a r e . ’ I n thi s pa pe r, w e a na l y ze d the i m pa c t o f
t he f irs t extension course regarding the k no w l e dge a bo ut the de a fne s s fi e l d a c qui r e d
b y t he cou rse particip ants. T heref or e , w e a ppl i e d que s ti o nna i r e s to 4 4 a tte nda nts –
he a lt hcare un iversity stu den ts – p res e nt o n the l a s t da y o f c l a s s . We a na l y ze d the
obje ct ive q uestions, systema tiz ed in g r a phi c s , a nd the o pe n-e nde d que s ti o ns ba s e d
on t he con stru ction an d iden tifica tion o f c a te go r i e s . We o bs e r v e d tha t 7 0 . 4 5 % o f the
pa rt icipa nts had th eir first con tact w i th L i br a s i n the e x te ns i o n c o ur s e . R e ga r di ng the
de f init ion of Lib ras, we noticed a par a di gm s hi ft i n r e l a ti o n to the c o nc e pt o f s i gn
langua ge after a tten ding th e course. The m a j o r i ty o f the pa r ti c i pa nts (8 8 . 6 4 %) m e nti o n ed
Libras as the ideal resource f or comm uni c a ti ng w i th the de a f dur i ng a m e di c a l s e r v i c e ;
27.27% of the stu den ts sp oke a b out the he l p o f a n i nté r pr e te r, o nl y 2 . 2 7 % o pte d f o r th e
Port uguese as a p rop ria te, an d 93. 1 8 % j udge d the c o ur s e o f L i br a s a s e s s e nti a l to the i r
g ra dua t ion. We con clu de tha t the exte ns i o n c o ur s e w a s e s s e nti a l to c ha nge the c o nc e p t s
a bout de afn ess am ong health care stude nts a nd s i nc e the i r a tte nda nc e m a na ge d to a r o u s e
int e res t f or th e best care f or d eaf p a ti e nts . We ho pe tha t thi s w o r k s e r v e s a s m o ti v a ti o n
f o r o t her medical schools to develop s i m i l a r i ni ti a ti v e s .
Hoje eu a tin g i o r e i no da i m a ge m , o r e i no da de s pa l a v r a . (. . . )
Daq ui vem q ue to do s o s po e ta s de v e m a um e nta r o m undo c o m s u as
metáf oras. (. . . ) D a qui v e m que o s po e ta s po de m c o m pr e e nder o
mun do sem c o nc e i to s . Q ue o s po e ta s po de m fa ze r o m undo p or
im a g em , p or e f l úv i o s , po r a fe to .
Manue l de B a r r o s e m “D e s pa l a v r a ” – Ens a i o s F o to g r á fi c os .
Introdução
Nesse estudo nos debruçamos sobre as representações discursivas de artistas surdos e
ouvintes no que se refere as suas concepções de uso do movimento pelo gesto como elemento
manipulável em suas composições. Dessa maneira o movimento é aqui compreendido como
matéria-prima, e será analisada como ação de pensamento, como pensamento do corpo. Nesse
modo de conceber o movimento pelo gesto, se reconhece também uma condição fundante do
pensamento que toma gesto como operador semântico primal; e institui a possibilidade de um
pensar por movimento em contraposição e ampliação do pensar por palavras.
Já o segundo caso, é uma situação de luta entre forças e mais ainda das interpretações
EIXO : LÍN G UAS DE SIN AIS EM C ON TEX TOS BI L Í N G UES
Contudo, não nos enganemos, tais formulações conceituais nada tem de ingênuas.
EIXO : LÍN G UAS DE SIN AIS EM C ON TEX TOS BI L Í N G UES
No entanto, não somos educados a saber o consciente como uma delimitação provisória, movente
e dinâmica, mas como um encerramento do pensamento sobre si mesmo, e comumente de um
pensamento imputado nas condutas do corpo sem qualquer indicio de reflexão.
Tomar a consciência e a razão por um único modelo de pensamento é partir do pressuposto que a
vida resida fora dos corpos, fazendo deles apenas receptáculos para captura de coisas externas a
ele. Todo modo de crer que significa o pensamento como causa anterior à própria carne, figura no
sujeito a falta e a culpa de ser incompleto como parte, a não ser que pense como “Todo”. Por isso,
só bem exercerá suas funções sociais na particularidade identitária que lhe cabe se os sujeitos
assumirem a “rostidade” que lhe for atribuída. Só se recompensará aquele que pensar corretamente
“cobrindo os traços”, ou “seguindo os passos”, do modo correto de conceber sua própria existência.
E como dissemos, isso é o que funda a sociedade majoritária constituída por ouvintes, e por mais
que as comunidades surdas tenham ferramentas para incitar a denúncia dessa invenção, o que se
parece desejar é apenas um espaço para ser normal tal como se inventou ser.
E ent ão, sem f orça cria tiva, com pr e e nde m o s a e s fe r a pr o funda da qui l o que
de nunciamos com um rep rod utivíssi m o, nã o s ó di s c ur s i v o , m a s c o gni ti v o. P o i s nã o é
s o ment e edu cação para a reincidên c i a do s pa dr õ e s de c o m po r ta m e nto , m a s a nte s de
ma is nada, a rein cid ência e homogene i za ç ã o de pa dr õ e s de pe ns a m e nto .
2
Cf. a segunda citação na abertura desse artigo.
268 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ana Vitória aponta que seu desejo de dramaturgia segue a necessidade de qualidades
orgânicas, uma dramaturgia orgânica, diz ela. E a obra só os alcançaria essa qualidade
pelas associações livremente feitas num espaço que ultrapassa interioridades e
exterioridades. Na indicação de Boraetto, um ótimo modelo dramatúrgico venha da
obser vação dos acontecimentos ao nosso redor. Acho que precisa se construir uma conexão
muito forte entre essas ideias e o real. (...) [E] são todas essas ações uma questão de
imaginação. Acredito que qualquer modalidade de arte, se qualifica, ou não, pela maneira
como explicita as questões culturais mais gerais que cercam o contexto dessas obras. E
essas questões envolvem língua, grupos, enfim, tudo de maneira integral. Creio que são
essas coisas que trazem qualidade e prazer no momento da obser vação da obra.
obje t ivo naq uilo q ue eles g ostariam de c o m uni c a r. Entã o i nda ga m o s “C o m uni c a r o que ?” .
E no s pareceu un anim e qu e o desej o s e m pr e r e l e v a o s uj e i to , s ua s que s tõ e s pe s s o a i s d e
leit ura e com preensão do mun do com o c e ntr a l i da de do pr o c e s s o . A na V i tó r i a di z: “M e u
de s ejo é com un icar Ana Vitória. ”. E a s s i m s e r e fe r i ndo na te r c e i r a pe s s o a do s i ngul a r a
int e nção pod e a té nos parece egocêntr i c a . N o e nta nto , a s i nc e r i da de de s s a fa l a s e r e pe t e
de mo do diferen te n a fala dos outros e ntr e v i s ta do s .
Ma nuel d e Barros (2010) nos diz que “i nv e nta r a um e nta o m undo ” (p. 3 5 7 ) e que c a b e
ao poet a “au m entar o mun do com s ua s m e tá f o r a s ” (p. 1 2 9 ); N i e tzs c he (a pud S O U S A ,
2010) nos diz algo p arecido, qu and o a fi r m a que : “O ho m e m , e m úl ti m a a ná l i s e , s o m e nt e
re e ncont ra n as coisas aqu ilo qu e el e m e s m o ne l a s i ntr o duzi r a : o a to de r e e nc o ntr a r
cha ma- s e ciên cia; o a to d e in trodu zi r de no m i na -s e a r te . ” (p. 5 3 ).
Para Ana Vitória, buscar atualizar seus próprios ideais como artista é estar em
contato com seus próprios desejos, e assim fazer manutenção de tudo aquilo que
c i r c u l a n o p l a n o é t i c o d e q u e m t e n t a r e a l i z a r- s e e m m e i o a “ v o n t a d e d o m u n d o ”
( c o m o n a t u r e z a , c u l t u r a e o r d e n a ç ã o t e c n o l ó g i c o - s o c i a l ) . B o a r e t t o a f i r m a : “P o s s o
a t é t er algu ns procedim entos q ue se r e pe te m , m a s a c r e di to ni s s o c o m o r e g r a . F a ç o a s
274 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n c l u sã o – P a r a p e n s a r p or entendim entos
EIXO : LÍN G UAS DE SIN AIS EM C ON TEX TOS BI L Í N G UES
No qu e o h o m e m s e to r ne c o i s a l , c o r r o m pe m -s e ne l e o s v ei os
comun s d o e nte ndi m e nto . (. . . ) I ns ta l a -s e um a a g r a m a ti c a l i da d e
q uase in san a , que e m po e m a o s e nti do . A f l o r a um a l i ngua ge m d e
d ef loram ento s , um i na ugur a m e nto de fa l a s .
M a nue l de B a r r o s e m O G ua r da do r de á gu as.
D essa maneira, um pen same nto qua ndo e l a bo r a do po r e nte ndi m e nto s / , po r
s e ns a çã o d e ima g em (ou ima g em de s e ns a ç ã o ) s e tr a ta da bus c a de o utr o s s í m bo l o s
que pudessem recod ificar a vida rei na ugur a ndo -a a c a da o l ha r, a c a da no v a e nunc i a ç ã o .
Quando estam os falan do d e um m odo de fa ze r a r tí s ti c o funda do no m o v i m e nto , e s ta m o s
f alando – com o já d issemos – da com pr e e ns ã o da v i da c o m o di nâ m i c a de c o m po s i ç ã o . E
de s s a maneira, entend end o a com po s i ç ã o c o m o um pe ns a m e nto m a ni fe s to no e s pa ç o d a
cria çã o de novos símbolos ma teriai s do s e nti m e nto hum a no (L A N G ER , 2 0 0 6 ).
Sejam su rd os ou ouvin tes, o mov i m e nto é a qui l o que i ndi s ti nta m e nte a to do s i nc l ui
po r dif eren ça e não p or p adroniz ação ; fa ze ndo e m e r g i r a f o r ç a e m c o l e ti v o s / c o m uni da d es
que s e f orm am nas log icas d a seme l ha nç a e da di s ti nç ã o e nã o po r ge ne r a l i da de e
cre nça na ig ualdad e su bstan cial dos s e r e s . E s e e s s e a r ti go nã o c o o pe r a pa r a r a ti fi c a ç ão
da ide nt idad e com o fixação (seja de s ur do s o u o uv i nte s ), é po r que c r e m o s que to da l uta
que a s s im faz , op era p or lóg icas de fi x a ç ã o do s e r c o m o s e e l e pude s s e c o ns ta nte m e nt e
re t o rna r i g ual a si m esmo. Ou seja: to da l uta que di s ti ngue o o utr o de s i , é po r que a i nd a
nã o compreen deu qu e o prin cíp io d a di s ti nç ã o é a l go que i nc i de pr i m e i r a m e nte no s e r
s o bre s i mesmo, e aind a qu e essa f o r ç a (e nã o a i de nti da de no m i na l c o m o i nv e nç ã o de
as s egura men to p or im pressão de p a r a ge m , ) é o que fa z da v i da po tê nc i a de v i ta l i da de –
como be m n os en sina o a to cria tivo do fa ze r a r tí s ti c o o r i e nta do po r a fe to s , da pr o duç ã o
de conhecim ento com o produ ção de s i .
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279 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
Um dos g rand es d esafios na ed uc a ç ã o de s ur do s r e fe r e -s e à a l fa be ti za ç ã o . M ui to s
s urdos desejam a p ren der a ler e a e s c r e v e r, po r é m a c ha m que e s s e é um pr o c e s s o
ina lca nçável. Con siderand o qu e a s ur de z nã o te m i nf l uê nc i a di r e ta na s di fi c ul da de s
de a pre nd iz a g em , p odemos inferir q ue o fr a c a s s o na e s c o l a r i za ç ã o do s ur do e s tá
prof unda mente relacion ado com as pr á ti c a s pe da gó g i c a s que nã o c o ns i de r a m a s
ne ce s s idad es d as crian ças surdas e o nã o us o da l í ngua s i na i s pe l o pr o fe s s o r pa r a
me diar os p rocessos de a prend iz a g e m .
Assim, este artigo analisa um recorte de um dos eventos que compõem a pesquisa
realizada em uma escola municipal de Vitória, ES, no período letivo de 2008, cuja finalidade foi
compreender a apropriação da linguagem escrita por crianças surdas, mediadas pela língua de
sinais. As atividades foram desenvolvidas na sala de atendimento educacional especializado e
culminaram com a produção de texto por uma das crianças, com a nossa participação.
280 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Op ç ã o te ó r i c o - me t o d o l ó g i c a
EIXO : LÍN G UAS DE SIN AIS EM C ON TEX TOS BI L Í N G UES
No campo teórico, é importante assinalar que este trabalho está inserido em um grupo de
pesquisas da área de “Educação e Linguagens”, que tem como objetivo investigar as práticas
de alfabetização no Estado do Espírito Santo. Considerando o arcabouço teórico que norteia
essas pesquisas, acreditamos na possibilidade de articular a concepção bakhtiniana de
linguagem e a perspectiva histórico-cultural aos estudos na área da educação de surdos.
281 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
CAS, o aluno que participou da pesquisa, estava com nove anos. Morava com a
mãe, o pai e quatro irmãos e a família residia no bairro onde está situada a escola. Os
responsáveis não concluíram o Ensino Fundamental e a renda mensal declarada estava
na faixa de um a dois salários mínimos. Com relação à linguagem, CAS é filho de pais
ouvintes e, portanto, aprendeu a língua de sinais na escola. No contexto da pesquisa,
embora os pais afirmassem não conhecer a língua de sinais, adotavam caminhos
alternativos.
(CASTILHO, 1986) e o sistema de notação por glosas (FERREIRA BRITO, 1995, p.207-
209), registrando os enunciados, em língua de sinais, com letras maiúsculas e a
ocorrência da datilologia (alfabeto manual) com letras maiúsculas, separadas por hífen.
Os registros, em letras minúsculas, referem-se às citações de palavras ou frases em
Língua Portuguesa.
D e s e n v o l v i me n t o
O ent end imento de q ue a u nidad e de s i gni fi c a ç ã o nã o s ã o o s s i na i s o u a s pa l a v r a s
is o la das , m as os textos em líng ua d e s i na i s o u e s c r i to s , c o ntr i bui u pa r a pe ns a r m o s o
de s envolvimento do tra balho d e pro duç ã o de te x to s c o m a c r i a nç a . N e s s a pe r s pe c ti v a ,
a e xemplo de Frein et (1979), propu s e m o s à s c r i a nç a s , a c o nfe c ç ã o de um l i v r o ,
de nominado “ Livro da Vida” , n o qu a l s e r i a m gua r da do s o s r e l a to s e a s m e m ó r i a s do
g rupo . As sim , a p rop osta de p rod uç ã o do te x to e s c r i to r e fe r e -s e à s c o m e m o r a ç õ e s do D i a
da Cria nça, realiz ad as n a qu adra da e s c o l a no di a 1 1 de o utubr o , no tur no v e s pe r ti no ,
que, junt am ente com as f otos q ue já fa zi a m pa r te da s m e m ó r i a s da tur m a , pa s s o u a
compor o livro.
Da ta Atividades
10/11 Sala de inf ormática: conversa sobre o Dia da Criança a partir do filme
Caça-pala vras
Durante essa atividade, CAS manteve uma atitude reser vada, exceto nos momentos
em que ZEN aparece nas fotos, já que ambos mantinham uma profunda relação afetiva e
identitária. Relação essa também evidenciada pelos outros alunos surdos, que viam em ZEN
a possibilidade de estabelecer vínculos sociais por meio de uma língua compartilhada.
Ao concluir essa atividade, a PB2 e CAS voltaram ao AEE e fizeram a produção coletiva
escrita do texto. A partir das provocações da PB2, CAS lembrou as experiências vividas nas
comemorações do Dia da Criança, tornando mais claro o seu discurso em língua de sinais.
Nesse contexto, podemos afirmar que ele não estava repetindo um sinal memorizado, mas
estava materializando no sinal elementos de sua vivência. Assim, foi possível observar que a
língua se constitui entre sujeitos que carregam os seus significados.
A partir das considerações feitas até aqui, foi importante observar a tomada de
consciência de CAS em relação ao trabalho de produção escrita. Mesmo não sendo ele
o escriba, engajou-se fazendo inferências, questionando, enfim, relacionando-se com a
atividade como sujeito ativo e não um mero reprodutor. Dessa forma, acreditamos que a
produção textual não é um processo inacessível à criança surda. A reflexão que se faz
necessária é: ele seria capaz de desenvolver uma atividade dessa natureza sem a mediação
da professora? Acreditamos que, talvez, não conseguisse desenvolver o trabalho sem a
mediação da professora. Dessa forma, a mediação/colaboração é essencial nesse processo.
CAS- PALHAÇO . .
PESQ- CERT O . . .
CAS- NO M E?
CAS- P - A . . .
PESQ- L. . .
CAS- O . . .
PESQ- H. . .
CAS- E?
PESQ- Ç. . .
Z EN - NÃO. . .
PESQ- O . . .
Z EN - NO M E MULHER. . .
Z EN - C AM?
CAS- C -A -M
EIXO : LÍN G UAS DE SIN AIS EM C ON TEX TOS BI L Í N G UES
PESQ- L. . .
PESQ- CAM O Q UÊ ?
CAS- FALTAR. . .
PESQ- FALTAR?
CAS- DAÍ DO ENT E MÉDICO. . . ((lem br o u-s e de D A Í , a l una da s e gunda s é r i e , que fa l tou
a um pa s seio an terior por m otivo d e do e nç a ))
Z EN - NO M E FALTAR. . .
CAS relacionou o fato de CAM ter faltado à festa do Dia da Criança com a ausência de
DAÍ em um passeio feito anteriormente pelo grupo. É importante destacar que, de acordo
com Bakhtin (1992, p. 128), um enunciado não é um ato isolado, fruto da subjetividade do
indivíduo, mas, ao contrário, “Qualquer enunciação, por mais significativa e completa que seja,
constitui apenas uma fração de uma corrente de comunicação verbal ininterrupta (concernente
à vida cotidiana, à literatura, ao conhecimento, à política, etc)”. Quando CAS traz, para o seu
discurso, elementos concernentes às situações vividas pelo grupo, ele confere ao seu texto
um caráter dialógico, não apenas em relação às outras vozes que o constituíram, mas as
que a antecederam. Não ignoramos o fato de que as intervenções anteriores, mediadas por
ZEN e pela PB2, foram fundamentais para que CAS elaborasse seu pensamento e refinasse o
seu discurso. Ainda assim, os dados evidenciam que sua produção não é uma mera cópia ou
repetição do texto coletivo, mas uma produção discursiva em língua de sinais. Esses fatos não
podem ser abstraídos em condições estanques ou alheios ao contexto de produção.
PESQ- Q UE PENA. . .
Para encerrar a sua produção, CAS ainda se propõe a escrever sobre ZEN e sobre ele próprio.
Co ns ideran do q ue a compreensã o do pr i nc í pi o a l fa bé ti c o nã o e x i s te pa r a a c r i a nç a
s urda, t o das as ten ta tivas de u so d a l í ngua de v e m pa r ti r de c o nte x to s s i gni fi c a ti v o s .
D es s a f orma, p odemos afirm ar q ue C A S ta m bé m s e a po i a v a no c o nte x to pa r a e s ta be l e c er
re la çõ e s i mportan tes em direção à a pr e ndi za ge m . A pr o duç ã o fi na l de C A S fi c o u a s s i m :
CAMILA FALTOU
ZEN IL DO DANÇA
Co n s id e r a ç õ e s f i n a i s
A obs er vação d as p ráticas de al fa be ti za ç ã o c o m um g r upo de c r i a nç a s s ur da s de u-n os
a pos s ibil idad e de compreend er como e s s a s c r i a nç a s s e de s e nv o l v e m e a i m po r tâ nc i a d a
educação escolar em su as vid as. Ne s s e pr o c e s s o , a do ta m o s a l guns pr o c e di m e nto s c o m
289 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Referências bibliográficas
EIXO : LÍN G UAS DE SIN AIS EM C ON TEX TOS BI L Í N G UES
Leitura e surdez
O processo ed ucacional de surdo s é m a r c a do po r di fe r e nte s e s tr a té g i a s de e ns i no
que o bjet ivam a alfa b etiz ação d essa s pe s s o a s . A l guns e duc a do r e s s e ba s e i a m a pe na s
na lingua gem oral, ou tros d efen dem a l í ngua de s i na i s , e há a bo r da ge ns que uti l i za m
múlt iplo s recu rsos p ara comun icação , ta i s c o m o : ge s to s , s i na i s , fa l a , a l fa be to m a nua l 1 e *
1
Alfabeto manual, soletração digital ou datilologia em Língua de Sinais (LS) podem ser comparados à soletração
em línguas orais. Faz-se a correspondência de uma letra da grafia de uma língua oral com uma configuração de mão
(CM) de uma língua de sinais. (ex.: em português a palavra “bom” em datilologia é ).
2
Língua Brasileira de Sinais.
292 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ler e escrever se apresentam como tarefas árduas para o surdo, em sua vida acadêmica
e profissional. Nesse sentido, pode-se pensar em um risco permanente de vulnerabilidade
dos surdos, pois não aprender a língua majoritária de seu país traz inúmeras consequências,
influenciando fatores sociais, psíquicos, políticos, cognitivos, linguísticos e, inclusive,
econômicos no contexto em que esses indivíduos estão inseridos (SOARES, 2005).
P r o c e s sa me n t o d e l e i t u r a
A Ps icolog ia Cogn itiva tem gerado di v e r s a s te o r i a s s o br e a a qui s i ç ã o e
de s envolvimento da leitura e da esc r i ta , s e ndo a l gum a s de l a s e l a bo r a da s c o m ba s e na
a borda gem de p rocessamento de inf o r m a ç ã o . A g r a nde m a i o r i a do s m o de l o s di v i de o
proces s o d e aqu isição e d e desenvo l v i m e nto de s s a s ha bi l i da de s e m v á r i o s e s tá g i o s o u
f as e s . ( para d etalhes sob re essas fas e s e m c r i a nç a s br a s i l e i r a s o uv i nte s , v e r P i nhe i r o ,
2008 e Pinh eiro, Scliar-Ca bral, Goe tr y & D y s l e x i a I nte r na c i o na l , 2 0 1 2 , pa r a um a v i s ã o
ma is universal).
3 Pala vras regulares são aquelas em que as correspondências entre grafemas e fonemas na leitura e entre
fonemas e grafemas na escrita são previsíveis e se submetem aos princípios do sistema alfabético de uma dada
língua escrita. Por exemplo, no nosso idioma, a palavra “viva” –> /’viva/ é regular tanto para a leitura quanto para
a escrita. Já as pala vras irregulares contêm uma ou mais correspondências grafema-fonema e/ou fonema-
grafema não controladas por regras, ou seja, um ou mais grafemas que não são pronunciados como na maioria das
palavras e/ou um ou mais fonemas que não são escritos como na maioria das palavras, como é o caso das palavras
com “x” em posição intervocálica (ex., “máximo”, “sintaxe”, “tóxico”), salvo depois de “e” no início de palavra, quando
o “x” começa sílaba (este último valor é totalmente previsível como em “exame” e “exercício”). (Pinheiro, Scliar-
Cabral, Goetry & Dyslexia Internacional, 2012.).
4 Pseudopalavras são sequências de letras que seguem o padrão ortográfico de uma dada língua, mas que não
possuem significado (ex.: “taracol”).
294 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ha b i l i d ad e s f o n o l ó g i c a s
É possível obser var que os estudos convergem para a importante relação do
desenvolvimento das habilidades de consciência fonológica com o desenvolvimento da
295 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
5
A maioria das crianças surdas vêm de famílias ouvintes, logo, é esperado que essas famílias privilegiem a
linguagem oral, cujo aprendizado não acontece de forma natural para as crianças surdas. Por outro lado, a Língua de
Sinais é quase sempre desconhecida pela família, ocasionando um atraso linguistico em ambas as línguas.
296 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Método
6
A escola bilíngue prioriza o ensino em língua de sinais (Libras) como primeira língua e português escrito como
segunda língua.
298 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
ps eudopala vras. Cada ca teg oria poss ui 1 0 i te ns , to ta l i za ndo 7 0 que s tõ e s , 7†† r e uni da s
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
1. Pseudopala vra estranha (PPE) – um alto índice de erros indica sérios problemas de
7.
leitura, com ausência de processamento lexical, f onológ ico e, mesmo logog ráfico, não descartando
problemas com a a tenção concentrada. (ex.: assinalar como pala vra correta as pseudopala vras
“PAZIDO” e “RASSUNO”).
2. Pala vra semanticamente incorreta (PSI) – um alto índice de erros indica falta de acesso ao
léxico semântico (ex.: assinalar como item correto a pala vra “TREM” na figura de “ÔNIBUS”).
3. Pala vra correta regular (PCR) – um alto índice de erros indica sérios problemas de leitura,
com ausência de processamento lexical, f onológ ico e logog ráfico. (ex.: não reconhecimento da
pala vra “UVA” ou “FADA”).
4. Pseudopala vra com troca visual (PPV) – um alto índice de erros indica dificuldade com
o processamento f onológ ico e recurso à estra tég ia de leitura logog ráfica. (ex.: assinalar a
pseudopala vra “PAPOUE” como correta ao invés de “PARQUE”).
5. Pseudopala vra com troca f onológ ica (PPF) – um alto índice de erros indica falta de
recurso ao léxico, mas com o a g ra vante de dificuldades adicionais no próprio processamento
f onológ ico. (ex.: assinalar a pseudopala vra “OFELHA” como correta ao invés de “OVELHA”).
6. Pseudopala vra homóf ona (PPH) – um alto índice de erros indica dificuldade com o
processamento lexical (ou falta dele) n um nível ainda mais acentuado, com uma leitura mais
limitada à decodificação f onológ ica. (ex.: assinalar a pseudopala vra “MININU” como correta ao
invés de “MENINO”).
7. Pala vra correta irregular (PCI) – um alto índice de erros indica dificuldade com o
processamento lexical ou falta dele. (e x.: não reconhecimento da pala vra “AGASALHO” ou
“XADREZ”).
299 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
R e s u lt ad o s
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
Ta be la 1
N 13
Total de Média de erros por Porcenta gem de erros por
Ca tegoria Erros aluno aluno
PPH 15 1,15 11,5%
PCI 31 2,38 23,8%
PSI 8 0,62 6,2%
PPF 36 2,77 27,7%
PPV 35 2,69 26,9%
PPE 8 0,62 6,2%
PCR 20 1,54 15,4%
Total 153 11,77 16,8%
Ta be la 2
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
Ca tegorias A1 A2
PPH 9,3 7,7
PCI 9,7 6,0
PSI 9,7 8,7
PPF 9,0 5,3
PPV 9,0 6,3
PPE 9,7 9,3
PCR 9,3 7,7
Média de
acertos 9,4 7,3
Ta be la 3
N 3
Média de erros
A1 Média de
Grupos Ca tegorias aluno aluno por ca tegoria do
erros por g rupo
01 02 aluno03 g rupo A1
Grupo PPH 0 1 1 0,7
PCI 0 0 1 0,3 0,44
1
PSI 0 1 0 0,3
Grupo PPF 1 2 1 1,3 1,67
2 PPV 1 4 1 2,0
Grupo PPE 0 1 0 0,3 0,50
3 PCR 1 1 0 0,7
Total 3 10 4 0,8 0,50
Ta be la 4
301 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
N 3
A2 Média de erros por Média de
Grupos Ca tegorias
aluno11 aluno12 aluno13 ca tegoria do g rupo A2 erros por g rupo
Co m p a r a ç ã o d e r e s u l t a d o s
Comparand o os resu ltados do g rupo de o uv i nte s de 1 ª a 3 ª s é r i e de C a po v i l l a (2 0 0 5 )
com o g ru po d e alu nos qu e a p resenta r a m m e l ho r e s r e s ul ta do s no pr e s e nte e s tudo (A 1 ) ,
obs er v a - se de f orm a geral q ue os a l uno s o uv i nte s c o m e te r a m m a i s e r r o s po r c a te go r i a
de pa la v ras qu e o g ru po A1 (ver ta be l a 5 ), o que nã o c o r r o bo r a c o m o s r e s ul ta do s
compara t ivos a p resentados por Ca po v i l l a , e m que a po ntua ç ã o do s o uv i nte s na 3 ª s é r i e
f o i a pro ximadamente equ ivalen te à po ntua ç ã o do s s ur do s na 1 ª s é r i e do e ns i no m é di o
com dif e ren ça de (0, 2) p ontos.
N 3 1000
Ca tegorias A1 Ouvintes (Ca povilla, 2005)
PPH 9,3 5,9
PCI 9,7 sem equivalencia
PSI 9,7 8,8
PPF 9,0 7,9
PPV 9,0 6,9
PPE 9,7 9,2
PCR 9,3 sem equivalencia
Média de
acertos 9,4 7,7
Ta be la 6
N 3 1000
Ca tegorias A2 Ouvintes (Ca povilla, 2005)
PPH 7,7 5,9
PCI 6,0 sem equivalencia
PSI 8,7 8,8
PPF 5,3 7,9
PPV 6,3 6,9
PPE 9,3 9,2
PCR 7,7 sem equivalencia
Média de
acertos 7,3 7,7
R e s u lt ad o s d a e n t r e v i s t a
Os a lunos entrevistad os p ossuem s ur de z pr o funda , i da de e ntr e 1 4 e 1 8 a no s , s ã o
f ilho s de p ais ouvin tes e usuários da L i br a s c o m o pr i m e i r a l í ngua (L 1 ).
Discussão
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
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306 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P r i m e ir as p a l a v r a s
A pre sente com un icação é p arte da m i nha di s s e r ta ç ã o de m e s tr a do , m o m e nto e s s e , d e
inves t igação e ref lexões sobre a p rendi za ge m e e ns i no da L í ngua P o r tugue s a (e s c r i ta ) n o
ens ino f und am ental d o CAP/INES.
( ...) eu g ost o d e ler a revist a d a M ônic a, ou ent ão os livr inhos s obr e animais , eu
gosto m uit o! (Emanu el, 8 anos, estuda no I N ES de s de 2 0 0 1 ).
M- Vo c ê sa b e o qu e é Lín gu a Po r tugue s a ?
1
Essas narrativas foram apresentadas no ano de 2008, por ocasião da minha pesquisa de mestrado.
309 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ma t emática, d o fu tu ro p ra mim de 2 º a o 9 º a no e ta m bé m
Quero me f ormar.
Port ug uês.
amigos.
O pe quen o Emanu el, qu and o nos di z que o por t uguês é a língua f alada no
Brasil,dem onstra conh ecer as du as l í ngua s - po r tuguê s e l í ngua de s i na i s – que c i r c ul am
em s e us esp aços, tan to fam iliar, qu a nto na e s c o l a ( C A P / I N ES ). O fa to de po s s ui r um
irmão mais velh o su rd o e prova velm e nte , do s pa i s e s ta r e m e nv o l v i do s c o m o a pr e ndi za d o
e us o da lín gu a de sin ais, levam Ema nue l a (c o n)v i v e r e m um a m bi e nte fa m i l i a r bi l í ngue
o que contribu iu também para qu e a pr e nde s s e L i br a s , a nte s m e s m o , de c he ga r à e s c o l a.
Seu s ucesso na escola, bem com o, s ua f l uê nc i a na l í ngua de s i na i s a pe s a r do s s e us 8
ano s , é confirm ado p or Skliar (2000 ) qua ndo a po nta :
Quando sin aliz a: É mu it o f á cil es c r ever Por t uguês por que pr a mim t udo é mole!
Eu sei Port u g u ê s, e u se i escre ve r Por t uguês . Eu t ambém ent endo o que es t á es c r it o
311 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Outra questão que merece pensarmos é quando ele menciona a ajuda da mãe e
do irmão. Em casa minha mãe estuda comigo, ela me ajuda, me ensina bastante, ai
eu decoro, ai eu já sei! Meu irmão também me ajuda a fazer o Português. Emanuel
é ajudado pela mãe e pelo irmão a aprender o Português. Em seus estudos, Vygotsky
(2003) atribui grande importância ao papel da interação social no desenvolvimento do
ser humano. O autor considera, em relação ao processo de aprendizagem, dois níveis de
desenvolvimento: o nível de desenvolvimento real ou efetivo (que se refere às conquistas
já efetivadas) e o nível de desenvolvimento potencial (que situa o que a criança é capaz
de realizar, porém ainda necessita da ajuda de outra pessoa - adulto ou criança mais
experiente). Assim, a criança realiza tarefas e soluciona problemas por meio do diálogo,
da colaboração, da imitação, da experiência (com)partilhada e das pistas que lhe são
fornecidas. A distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento
potencial Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento potencial ou proximal. A mãe e o
irmão de Emanuel ajudam-no a aprender o Português. Investem nos seus ainda não-saberes
(ESTEBAN, 2001). Intuitivamente, compartilham com Emanuel o que ele ainda não sabe,
mas que é capaz de saber. Dessa forma, o ainda não saber do Emanuel não o paralisa,
impossibilitando novos saberes. Desse modo, o conceito de zona de desenvolvimento
proximal colabora para explorar a diversidade de conhecimentos e seus múltiplos processos
para sua construção, além de colaborar na construção de novos conhecimentos.
Ema nu el refere-se à escola diz endo : a pr of es s or a é boa, ela ens ina bem. Ela
ensina mu it as co isas p ara a g en t e de 1 ª à 4 ª s ér ie [2 º a o 5 º a no ]. Eu ent endo o que a
professor a en sin a , n ão t en h o d if iculdade por que pr es t o bas t ant e a t enç ão. Q ua ndo fa l a
da es co la, não m enciona a ajud a. O que po de s us c i ta r e s s a fa l a do Em a nue l ?
O pequen o Emanu el con sidera o Por t uguês (. . . ) muit o impor t ant e (. . . ), por c aus a
do trabalho , p or ca u sa d a s ou t ras dis c iplinas , da M a t emát ic a, do f ut ur o pr a mim (. . . ) .
O Portugu ê s é mu it o imp ort a n t e p r a mim. Q uer o me f or mar. A s s i m c o m o o s o utr o s
es t uda nt es p articipan tes d essa in ves ti ga ç ã o , Em a nue l ta m bé m a tr i bui s ta tus à L í ngua
Port uguesa. Su a importân cia assim c o m o s e u us o c o r r e to s ã o m e c a ni s m o s pa r a a s c e ns ão
312 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
******
V i t o r- F o i t rê s.
M - Vo c ê t inha t rê s a no s?
Educação Infantil).
M- Vo c ê en trou lá na turm a do ma te r na l ?
V- Sim.
ques t i on am ento).
His t ó ria.
V- Um pou co.
V- Te nh o.
M- A m am ãe e o pa pai te en sinam ?
V- Mais ou m enos.
divis ã o.
2
Atividade pedagógica desenvolvida pela professora Geise de Moura Freitas no ano de 2007 com participação
da turma 401, a partir do quadro Soletrando do programa de TV Caldeirão do Huck. Os alunos levavam as palavras
e perguntavam o significado para a professora, depois começavam a digitá-las (maneira de escrever a palavra
em língua de sinais, utilizando a datilologia, digitando letra - a - letra) entre si, criando regras coletivamente e
competições na sala de aula. A professora Geise percebeu a pista que os alunos traziam e passou a usar a atividade
com o objetivo de trabalhar a escrita da Língua Portuguesa. A atividade passou a ganhar corpo e as palavras se
contextualizavam a partir do projeto trabalhado. Nesse ano de 2008, foi organizado em várias etapas até a final,
com a participação das turmas de 1ª e 4ª séries e presença de suas professoras, assistentes educacionais em
Libras, direção, pais e demais convidados. Essa primeira edição foi um sucesso e os alunos já se mobilizam para
a continuidade do Digitando. Utilizo nessa nota de rodapé a nomenclatura série, pois no ano de 2008, a escola era
organizada desse modo.
315 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
V- L á em casa colocam os n om e s da s pe s s o a s e m ba i x o
******
no ano de 2002.
a pre nd er.
L- N ã o.
317 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
us a o Orkut?
po rt uguesa. . .
pa ra eu ler.
319 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
com o amig o?
uma li da.
ex e mp los.
da Môn ica.
Inda gad o sob re a escrita d a Lín gua P o r tugue s a , i ni c i a l m e nte r e s po nde di ze ndo que
nã o es creve. Até qu e pon to meu mo do de pe r gunta r nã o a j udo u L uc a s a c o m pr e e nde r
a inda ga ç ão feita? Q uan do (re)fiz a pe r gunta a r ti c ul a ndo o us o do po r tuguê s a o s e u
cot idia no, me diz : - É verd ad e, ali e u us o por t uguês . O s s e nti m e nto s que L uc a s e o s
out ros es tud antes vivem em relação a o a pr e ndi za do da L í ngua P o r tugue s a c o m o us uá r ios
da língua d e sinais são obser váveis a o l o ngo do te x to .
( ...) uma simp les p erg u n t a co mo, por exemplo: que hor as s ão? Pode c omplic ar s e
* * * * **
no vinho.
a pare c e.
do Saci Pererê.
t iv e s s e a possibilidad e de en viar m e ns a ge m de te x to , a
cois a .
as aul as.
a pre nd iz ado?
325 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
******
Bruno nos conta das suas dificuldades com a estrutura do português. O que sinto
mais dificuldade é com as preposições e com o verbo ser. O uso do de, da, do é
muito difícil para mim e nunca tive uma aula específica para a prender isso. Temos as
frases para escrever e precisamos usar essas preposições, temos a té a explicação do
significado delas, mas não temos explicações de onde colocar o de, da, do. É difícil!
Não consigo arrumar as frases direito, às vezes coloco as pala vras que quero colocar
nas frases, mas, não sei onde arrumar. Qual o local do de, do, da, das preposições.
Melhor seria se o professor explicasse especificamente isso, com mais clareza. Mais
uma vez questiono... São realmente dificuldades? Quais dificuldades? Modos próprios de
lidar com o aprendizado de uma segunda língua? Por que nós, professores e professoras,
não discutimos essas questões com nossos alunos/as? Deixamos que ocupem o lugar dos
“menos capazes”? Bruno ainda nos diz: (...) nunca tive uma aula específica para aprender
isso, ele intuitivamente denuncia os modos equivocados que nós, docentes, lidamos com o
ensino do português como segunda língua, sem a clareza do papel que essa língua ocupa.
Nesse sentido, é visível que os estudantes surdos normalmente não estabeleçam com a
Língua Portuguesa (leitura e escrita) uma relação de interação e construção de sentidos, e
sim uma postura corretiva e representativa de uma língua que é superior à sua.
(...) sempre na hora das provas parece que ainda não a prendemos o suficiente para
fazer aquela prova. Toda vez que recebemos uma prova temos a sensação do que está
sendo cobrado não foi ensinado. Na verdade, o mais legal é que as a valiações fossem
feitas parecidas com o que foi trabalhado durante as aulas.
Qu and o Brun o nos diz (. . . ) Toda vez que r ec ebemos uma pr ova t emos a s ens aç ã o
do que est á se n d o co b ra d o n ã o f o i ens inado. N a ver dade, o mais legal é que as
a v aliações f o ssem f eit a s p a recid as c omo que f oi t r abalhado dur ant e as aulas . El e
es t á a pon tan do o vácu o existente entr e o c o ns tr uí do e m s a l a de a ul a , (a tr a v é s da l í ngu a
de s inais , nas in terações alun o x al uno e pr o fe s s o r x a l uno ) e a a v a l i a ç ã o e s c r i ta e m
po rt uguê s, muitas vez es fria e sem pi s ta s pa r a um l e i to r de s e gunda l í ngua .
P i s ta s q u e a s n a r r a t i v a s s us cit aram
As na rra tivas de E m anu el, Vitor, L uc a s e B r uno s i na l i za m pi s ta s i m po r ta nte s pa r a a
prát ica peda góg ica cotidianamente r e a l i za da na e s c o l a :
Referências bibliográficas
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Plexus, 2003.
Propriedades da Interlíngua de
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
Int rodução
M e to d o l o g i a
Os dad os d e in terlíng ua an alisad o s f o r a m c o ns ti tuí do s po r m e i o de do i s te s te s
cont rolad os qu e f oram previam ente de s e nv o l v i do s c o m e s tuda nte s o uv i nte s , fa l a nte s
de po rt uguês brasileiro (PB), a fim de o bs e r v a r qua l s e r i a o us o s i ntá ti c o e s pe r a do do
quant if icad or u niversal, em com para ç ã o c o m a pr o duç ã o e l i c i a da do s te s te s a pr e s e nta d os
aos a pre ndiz es su rd os.
últ imo ca so, os conteúd os são extrem a m e nte c o nte x tua l i za do s num a di dá ti c a c o m pa tí v el
com a realidad e dos alu nos.
PA RTI C I PA N TES – EF
E nsin o An o escola r I da de a tua l I da de de I da de d e
Fundam ental a qui s i ç ã o de a qui s i ç ã o d e
LSB P o r tuguê s
A 6º 12 07 08
B 6º 12 05 07
C 7º 15 12 12
D 7º 14 13 14
E 8º 13 10 12
F 8º 27 16 20
G 9º 16 11 13
H 9º 20 13 16
I 9º 31 29 -
PA RTI C I PA N TES – EM
Ens i no Médio An o escola r I da de a tua l I da de de I da de d e
a qui s i ç ã o de a qui s i ç ã o d e
LSB po r tuguê s
A 1º 18 06 07
B 1º 21 02 03
C 2º 20 02 05
D 2º 20 07 07
E 3º 17 - -
A n á l i s e d o s d a d o s c o l e t a d os
Te s t e 1
Para o Teste 1, f oi possível coleta r 7 0 s e nte nç a s da s qua i s f o r a m e x tr a í da s 5 6
s e nt ença s con sideradas boas para a ná l i s e – a que l a s e m que o a pr e ndi z us o u o
quant if icad or u niversal com o resposta . A e x c l us ã o da s o utr a s 1 4 s e nte nç a s s e de u pe l a
aus ência d o qu antificad or n as con s tr uç õ e s s i ntá ti c a s . A fi gur a a ba i x o r e pr e s e nta o ti po
de ima ge m q ue eliciou a resp osta do s pa r ti c i pa nte s :
Figura 1 – Ep isódio 1
Figura 1 – Ep isódio 1
2
Dividiu-se o grupo EF em dois grupos: jovens e adultos. Acreditamos que há um período sensível para aquisição
de L1/L2, questão apontada por Emmorey et al (1995).
3
Para os fins desta pesquisa, no dado (6) consideramos apenas o constituinte assinalado em colchetes, visto que a
segunda ocorrência do quantificador ocorre em um contexto que não condiz com a cena do episódio, de forma que
não foi possível compreender o que o informante pretendeu dizer.
4
No caso de expressões (parcialmente) legíveis, usaremos entre parênteses o enunciado que supomos ser aquele
desejado pelo informante.
338 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
‘t udo ’ v e rsu s ‘ todo’ (e f lexões), ind e pe nde nte m e nte do a m bi e nte s i ntá ti c o . O s c r i té r i o s
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
EPISÓDIOS TOTAL DE
EP1 EP2 EP3 EP4 EP5 SENTENÇAS
EF EM EF EM EF EM EF EM EF EM EF EM EF+EM
Q
Tudo 3 2 3 3 4 2 4 1 3 2 46% 43% 45%
Modificador Núcleo
EF EM Total EF EM Total
Q
Tudo 8 7 15 (34%) 10 3 13
(81%)
Todo (e f lexões) 19 10 29 (66%) 1 2 3
(19%)
Anteposição Posposição
EF EM Total EF EM Total
Q TOTAL
Tudo 2 2 4 6 5 11 44
16. Pink fazer cozinha. Pink vi (vê) a maçã. Pink puxou [DP a maçã tudo]. (A, 1º ano, EM).
25. Ep isódio 2:
26. Ep isódio 3:
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
27. Ep isódio 4:
28. Ep isódio 5:
Te s t e 2
5
Embora fossem 14 participantes, 1 deles não realizou o teste.
343 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
**
Na tabela a seguir, apresentamos os resultados obtidos com esse teste, separados por
questão. Consideramos separadamente as ocorrências de ‘tudo’ vernacular no português e
os contextos em que o emprego de ‘tudo’ tornaria a sentença agramatical na língua alvo:
6
Notamos que a variante ‘tudo’, aceita como resposta em certos contextos, corresponde ao uso vernacular,
conforme já ressaltado anteriormente.
7
Em (3), (4), (11) e (20) acreditamos ser possível o uso vernacular de ‘tudo’, embora entendamos que a existência
de material linguístico entre o verbo e o quantificador prejudique a aceitabilidade das sentenças. Essa é uma questão
que deixaremos para pesquisa futura.
344 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Sentenças (260)
Todo Toda Todos Todas
(1) 7 1 13
(2) 5 1 3 13
(3) 5 3 2 13
(4) 3 3 1 13
(5) 3 1 4 2 13
(6) 8 1 13
(7) 1 9 1 13
(8) 2 1 6 13
(9) 11 1 13
(10) 3 3 1 1 13
(11) 6 6 13
(12) 1 7 3 13
(13) 5 1 1 13
(14) 1 6 13
(15) 10 1 13
(16) 6 1 3 13
(17) 1 10 1 13
(18) 5 1 2 13
(19) 4 1 13
(20) 2 2 3 13
No grupo de sentenças do tipo (2), (5), (8), (12) e (14), era esperada a forma flexionada
do quantificador ou a forma coloquial ‘tudo’ posposta. Dessas sentenças, tivemos: 21
ocorrências de ‘todos’, 32%; 19 de ‘tudo’, 29%; 11 de ‘todas’, 17%; 11 de ‘todo’, 17% e 3
de ‘toda’, 5%. Os resultados mostraram que o uso da forma esperada, o ‘todo’ flexionado,
obteve percentual de 32% em relação ao ‘tudo’, com 29%. Os dados revelam que, embora
o ‘tudo’ ainda apareça com grande frequência, a noção de número se torna mais saliente, o
que revela avanços no desenvolvimento linguístico na L2, por parte dos aprendizes.
345 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
O presente tra b alh o examin ou as c o ns tr uç õ e s de i nte r l í ngua de s ur do s a pr e ndi ze s d e
po rt uguê s (L2), em particular as es tr utur a s que e nv o l v e m o qua nti fi c a do r ‘ to do ’ / ‘ tudo ’ ,
inves t igan do q uestões relacion adas à f o r m a (ne utr a o u f l e x i o na da ), à funç ã o (núc l e o o u
mo dif icad or) e à ord em do q uan tific a do r (a nte po s ta o u po s po s ta a o s i nta gm a m o di fi c a d o) .
af irmando a referên cia con hecida ao s i nta gm a qua nti fi c a do (i ntr o duzi da na e s tr utur a do
enuncia do ou com o a p oio d a ima g e m ). A c r e di ta m o s , a i nda , que e s s a o r de m [D P Q ], na
int e rlíngu a, é ad qu irid a in icialmente , c o nfi r m a ndo -s e a hi pó te s e de que a a qui s i ç ã o de L2
é guia da por propried ades semântic a s , a que s e a s s o c i a um c o r r e l a to m o r f o s s i ntá ti c o .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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347 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A (Des)Construção de Expressões
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
Int rodução
c o mu n i d a d e s u r d a
Quadros (1997) con sidera qu e a l í ngua m a te r na (L 1 ) fa v o r á v e l pa r a o s ur do s e j a a
língua s inaliz ad a e não a língua o ral p or se tra tar d e u m a lín g u a n a tu ral q u e u tiliz a
c o m o r e curso o c a mpo v is o e s p acial p ara comu n icação, d iferen temen te d a ou tra,
q u e a p r e se nt a c o mo re c urso princip al a oralid ad e.
A d e spe it o da a quisiç ã o de metáf oras, assu mimos com Faria (2006) o seg u inte :
se u m a c ria nç a ro de a da de e xpressões lin g u ísticas d escon h ecid as a té en tão,
1
O input para a criança surda é captado através do canal visoespacial e não oral-auditivo.
349 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Pa r a pre pa rá -lo s a se re m c idad ãos con scien tes d e exp ressão e d e op in ião, a
e sc o l a ( p a ra se r inc lusiva ) de ve estar p rep arad a p ara essas mu d an ças. Há mu itos
p r o j e t o s e duc a c io na is e m f a se d e testes, emb ora a m etod olog ia seja p rog ressiva,
350 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n te x t o d a p e s q u i s a
A pes qu isa f oi realiz ad a nu m a e s c o l a públ i c a de e ns i no m éd io n o Distrito Fed eral
q u e a d o t a a po lít ic a de e duc a ç ã o in clu siva p ara os su rd os. A Diretoria Reg ion al
d e E d u c a ç ã o de Ta gua t inga c e deu a u m d os p esq u isad ores d ez h oras p ara a
r e a l i z a ç ão do t ra ba lho . O t e mpo f oi d ivid id o em q u a tro h oras p ara ob ser vações e
se i s h o r as pa ra a a plic a ç ã o do s Testes. 2 †
A c o n st ruç ã o do s inst rume nt os p ara a p esq u isa p roced eu d e cin co eta p as: (i)
r e g i st r o da s o bse r va ç õ e s da s a ulas (en sin o trad icion al e en sin o d e L2) p or meio
d e r e l a t ório ; ( ii) e la bo ra ç ã o de a tivid ad e d id ático- p ed a g óg ica; (iii) a p licação d o
Te st e c o m/se m re gê nc ia ; ( iv) e ntrevista com p rofessores d e L2; (v) au la ad a p tad a
c o m a p o io da L S B, e la bo ra do pe lo p esq u isad or.
2
Gostaríamos de agradecer às professoras, Sandra Patrícia Faria e Juliana Nista, por terem autorizado que a
pesquisa acontecesse em suas aulas. Gratos, também, aos informantes surdos do Centro Educacional 06 de
Taguatinga pela imensa contribuição à pesquisa.
3
Nessa escola, o ensino de português (L2) é considerado como um projeto, denominado “português para surdos”.
O estudante tem a opção de cursar essa matéria, a qual é ministrada em outra sala de aula. Caso contrário, o
estudante permanece na sala regular, com o apoio de um intérprete educacional. Essa escolha deve estar registrada
na secretária da escola, pois a metodologia de avaliação não é a mesma (Orientações Educacionais, 2010).
351 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
2. O c antor morreu.
4
Além do ensino de português, outros componentes curriculares estão sendo implementados, tal como a disciplina
de Biologia, que também utiliza mecanismos similares de ensino/aprendizagem, voltada para uma instrução
educacional contextualizada. Essa orientação pedagógica exige alta habilidade do professor para desenvolver
metodologias que atendam com competência o ensino.
5
Sigla adotada pela escola para referir-se ao projeto que atende o ensino de português como L2.
352 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
6
Dicionário Aurélio do século XXI, versão 3.0.
353 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
De acordo com as imagens, o pronome ele refere-se a duas entidades no contexto. Desse
modo, primeiramente, apresentamos a imagem do animal para explicar o termo denotativo;
em seguida, à imagem de um lutador de boxe na intenção de apresentar o conceito
conotativo e, por conseguinte, mostrar a ambiguidade causada pela sentença. Os surdos
perceberam que o sentido conotativo atribuído ao lutador estava relacionado aos traços do
animal – ressaltamos que esse assunto exige bastante cautela, pois o português como já
foi dito é a segunda língua para os surdos e, além de estarem aprendendo uma L2, estão
também aprendendo questões cotidianas – o que para uns não é fácil fazer tais distinções.
O me nino tin ha f og o no ra b o.
Ima gem (2): O menino maluquinho/ Fonte: Menino Maluquinho (2013). Disponível em: http://
omeninomaluquinho.educacional.com.br/
354 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A p ó s o s surdo s e nt e nde re m o con ceito d e m etáf ora, a p resen tam os u m mod elo
p a r e c i d o c o m o Te st e – se guindo a mesm a id eia: (d es)con stru ir.
7
Adotamos as sentenças em itálico e aspas referindo-se aos comentários dos estudantes surdos, traduzidos para o
português.
355 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Paulo é a migo da o nç a.
Ima gem (5): amigo da onça/ Fonte: GGN (2013). Disponível em: http: / / j o r na l g gn. c o m . br
Ima gem (6): chorar pelo leite derramado. Fonte: Sobre-vivendo (2013). Disponível em: http: / /
s o bre - viv end o. blogspot. com . br
357 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re s u l ta d o s
O g rá fico en contra-se estruturado da s e gui nte f o r m a : pa r a c a da m e tá f o r a (m ), te m os
qua t ro colun as, as d uas primeiras c o r r e s po nde m a o s a c e r to s o bti do s pe l o s g r upo s S 1 e
C1 e os d ois últim os relacionad os ao s e r r o s . A o s i te ns 1 3 a 1 5 , a s a be r, c o ns ti tue m a s
me t á f ora s p rop ostas p elo q uestionár i o :
M e t á f o ra ( 1 4 ) : A J a ne arm ou o m a i o r ba r r a c o n a loja.
Co n cl u s ã o
O presente estud o examin ou se o s s ur do s i nte r pr e ta m , e m e s pe c i a l , a s m e tá f o r a s d o
po rt uguê s (n a m odalid ade escrita). C o ns ta ta m o s a o c o r r ê nc i a de de s v i o s i nte r pr e ta ti v o s
do s part ic ip antes.
Consideramos, ainda, que no Brasil existem ainda muitas escolas que trabalham
com o método tradicional de ensino para os surdos. Com isso, entra em dilema a
L1 e a L2 dos estudantes, pois, na maioria das vezes, o estudante acaba sendo
prejudicado em relação à aprendizagem. A proposta negada pelo professor regente
359 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
referente à metodologia faz com que o surdo entre em conflito com as diferentes
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
C o n c luímo s no ssa disc ussã o d efen d en d o u m a ed u cação b ilín g u e e b icu ltu ral,
se n d o e l eme nt o s c ruc ia is pa ra o d esen volvim en to d a exp ressão, d a op in ião, d a
i d e n t i d a de e se us c o rre la t o s no cen ário ed u cacion al d os su rd os.
Re fe rê nc i a s
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361 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
N es t e artig o p retend o empreend e r um a di s c us s ã o no s e nti do de de s na tur a l i za r a l gu n s
conce it o s e preconceitos rela tivos à e duc a ç ã o de s ur do s , pa r a que po s s a c o ntr i bui r par a
um nov o camin ho n os estu dos rela tivo s a o e ns i no de L í ngua P o r tugue s a pa r a a l uno s s ur d os .
É n e c e s s á r i o i n t e r r o g a r, i n i c i a l m e n t e , q u e m é “ o a l u n o s u r d o ” . N ã o é p o s s í v e l
considerar que se trata de um grupo homogêneo, uma classe estabelecida a partir de
uma privação sensorial.
O ensino da Língua Portuguesa ao aluno surdo é perpassado por uma série de questões
complexas e que merecem tratamento particular. Não é possível abordar todos os aspectos
envolvidos nesta questão, mas acredito que seja possível escapar ao viés exclusivamente
362 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
ideológico, que tem marcado fortemente as pesquisas sobre a educação de surdos no Brasil.
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
Pretendo empreender uma discussão de outra natureza: colocar em questão o que é L1 e L2,
o que se considera como língua materna e, também, como esta questão se relaciona com a
entrada do surdo no universo da escrita. Considero que esta direção põe em pauta a natureza
da escrita, assim como sua relação com a língua de sinais e, até mesmo, com a fala.
As crianças surdas teriam acesso a esses modelos pela interação social e a identificação
com o modelo seria pela via da semelhança: “eu sou como esse outro”. Para Behares, essa
“identificação modélica”, definida na interpretação clássica da surdez como fenômeno social,
é bastante simplista, pois atribui ao indivíduo a possibilidade de escolha de uma identidade,
ou o surdo acaba limitado a uma identidade pelo grupo dentro do qual se socializa.
Fina lmente, Behares coloca três que s tõ e s funda m e nta i s que no s pe r m i te i nte r r o ga r o
mo do como a defin ição de líng ua m a te r na c o s tum a s e r de fi ni da no s e s tudo s s o br e a s ur d ez .
Seguem as q uestões a serem enfren ta da s :
Behares esclarece que “dizer que a criança surda aprende a língua de sinais equivale a dizer
que ela se transforma em mestre das relações significado/significante que constituem essa
língua. No entanto, esse percurso da criança em sua relação com a linguagem mostra a
inconsistência deste dizer e desta equivalência” (BEHARES, op. cit., p.143).
1
Como diz C. De Lemos (1992:128), o outro não interessa enquanto “indivíduo” senão como “discurso ou instância
de funcionamento da língua constituída”.
366 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Como vimos, muitos autores que explicam o processo de aquisição de linguagem pelo
surdo propõem uma definição de língua materna como um objeto transparente e inequívoco.
Para aqueles que consideram a língua de sinais como a língua materna desta comunidade
basta que o surdo seja exposto a ela. Já para os que apostam na vertente oralista, cabe
compensar o déficit perceptual e a exposição à fala nos dois casos a linguagem se desenvolverá
naturalmente. Desconsidera-se, assim, que há outras articulações em jogo que ultrapassam
o entendimento da língua materna como a primeira de uma série possível de línguas.
3
Remeto o leitor aos trabalhos de Mota (1995) e Callil(1995). Ambos fazem uma leitura verticalizada das diferentes
concepções relativas à aquisição da escrita.
369 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
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Surdos I (Org.), Ed. Arara Azul, 2006.
3.
Sobre isso ver Katz (2004).
371 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
LIER-DeVITTO, M. F. Pa tolog ias da lingua gem: sobre as “vicitudes de falas sintomáticas. In: Lier-
EIXO : PORTUG UÊS C OM O S EG UN D A L Í N G UA
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372 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Portuguesa como L2
Lúcia de Fátima Figueiredo Lacerda
1
As pesquisas atuais mostram que 90% dos surdos nascem em famílias de pais ouvintes, assim eles não têm as
condições necessárias para desenvolver a aquisição de uma língua naturalmente em seu lar, já que seus pais utilizam
uma língua oral-auditiva e os surdos possuem um impulso linguístico natural para a gestualidade (línguas gesto-
visuais).
374 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
A escola inclusiva é uma realidade no Brasil, porém, deve-se ressaltá-la, não como
uma escola regular inclusiva, o que não lhe propicia exclusividade em se dedicar
apenas a educandos com necessidades especiais ou, ainda, de proceder a uma inclusão
onde alunos surdos e ouvintes convivem escolarmente em um ambiente de respeito
entre as diferenças.
A primazia pela igualdade de chances faz com que haja uma reformulação profunda de
pensamentos e conceitos na sociedade, implicando um novo olhar acerca das necessidades
376 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
educacionais de alunos. Dessa forma, a legislação brasileira dispõe pelo atendimento dos
EIXO : PROD UÇ ÃO D E M ATERI AL D I D ÁTI C O
A existência de estudos sobre o assunto traz à tona as dificuldades do aluno com surdez,
e contribui em diversos segmentos como: a ciência – em razão do tino científico e da
utilização de metodologias prontas; para a escola que toma conhecimento das necessidades
do aluno surdo e da produção de adaptações necessárias ao seu aproveitamento escolar;
para o aluno, principal beneficiado; para a sociedade como um todo, que poderá ter nos
alunos surdos atuais, futuros cidadão, prontos para o mercado de trabalho.
Dentro deste contexto, o presente estudo teve como foco principal verificar como se dá
o constructo da aprendizagem para alunos surdos incluídos em escolas regulares inclusivas.
M e to d o l o g i a
A met od olog ia utiliz ada f oi uma r e v i s ã o de l i te r a tur a , o nde f o r a m e nc o ntr a da s 5 0
produções cien tíficas q ue a bordam a pr e s e nte te m á ti c a e a pó s um a tr i a ge m f o r a m
ut ilizado s 30 q ue estão referenciado s ne s s e e s tudo .
377 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
(. . . ) essa da ta ain da é le m br a da c o m o a m a i s s i ni s tr a de s ua hi s tó r i a : c o m o s e
f osse mesmo o ‘ 11 de s e te m br o ’ de l e s qua ndo de s a ba r a m a s to r r e s gê m e a s d a
cultu ra e d a líng ua d e si na i s , a do m é to do m i s to e a do m é to do m a nua l i s ta p ar a
edu cação dos su rd os. Al i c o m e ç o u um a l o nga e a m a r ga ba ta l ha pa r a de fe n d er
o direito d e vida d e líng ua de s i na i s . (J O N ATH A N R ÉE, 2 0 0 5 , p1 )
378 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Uma estra tég ia utiliz ada p elo sur do pa r a nã o s e nti r-s e c o ns tr a ng i do di a nte do
prof es s or e d os colegas ouvin tes, ta m bé m é c o m pa r ti l ha da po r H i g g i ns (1 9 8 0 ) a pud
BOTEL HO (2005) é a de exterioriz ar e s i m ul a r que c o m pr e e nde a qui l o que e s tá s e ndo
ex pos t o .
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Es t e t ra balho d em onstrou p elas a ná l i s e s do s da do s c o l e ta do s , c o m bi na da s e
a poiada s pela fu nd am entação técn i c o -te ó r i c a i ns e r i da e m s ua c o nte x tua l i za ç ã o , que a
hipót es e preconiz ad a f oi con firmada e m s ua pl e ni tude , o u s e j a , que , e m s ua m a i o r i a
os prof es sores e as escolas n ão ada pta m e s tr a té g i a s e m a te r i a i s , v i s a ndo a te nde r
aos s urdos em su a pecu liaridad e linguí s ti c a , a fi r m a ndo s e r e m o s m e s m o s c a pa ze s de
compre e nder a tra vés somente da inte r v e nç ã o do i nté r pr e te . P o r c o ns e gui nte , po de -s e
af irmar t ambém, q ue o ob jetivo gera l e s ta be l e c i do f o i a ti ng i do e que f o i a v e r i gua r s e a
me t o dolog ia e ma teriais usados na e s c o l a e s tã o s e ndo e fi c a ze s pa r a a e fe ti v a ç ã o de s u a
inclus ã o escolar.
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I n tro d uç a o
Bus can do investig ar n o cam po d a s r e pr e s e nta ç õ e s s o c i a i s e s ur de z, a pe s qui s a do r a
bus co u qu estion ar q ue tip o de repre s e nta ç õ e s e s tá a nc o r a do no s a pr e ndi ze s s ur do s , no
que diz respeito ao seu olhar sob re a s ua c o ndi ç ã o e c ul tur a .
A pesquisa consistiu em fazer com os alunos, grupos focais, discutindo o que é ser
surdo e as implicações da surdez. E depois, por meio de aulas de inter venção, comparamos
e verificamos se houve realmente mudanças nas representações sociais dos surdos.
A p e s q ui s a
Atuando nessa Instituição como professora de História no Ensino Fundamental e Médio,
tenho oportunizado discussões sobre temas como cidadania, direitos dos surdos, cultura
surda, língua e linguagem, entre outros, durante as aulas. Percebo que, nesses momentos,
é possível contribuir para a construção de uma consciência crítica em relação ao “já
pensado”, de modo a poder reconstruí-lo, conforme o desejo e a necessidade, incentivando
os alunos surdos a debaterem sobre sua própria inserção na sociedade ouvinte.
Re fe rê nc i a s
1
A etnografia é um tipo de investigação adequada aos estudos das desigualdades e exclusões sociais.
389 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A educação de surdos
N a a t u alidad e, a maioria d os p rofi s s i o na i s de di c a do s à e duc a ç ã o de s ur do s , s e
po s iciona em defesa d e qu e esta se r e a l i ze a pa r ti r do que c o m um e nte s e de no m i na de
“co nhe cimentos n egociados” , ou se j a , po r m e i o de um a l í ngua c o m pa r ti l ha da , no c a s o a
Língua de Sin ais (Libras). Neste caso , a e x pe r i ê nc i a v i s ua l pa s s a a s e r s i gni fi c a ti v a m e n t e
re le vant e , não tend o a variação n o g r a u de s ur de z um a g r a nde i m po r tâ nc i a . D e s s e m o d o,
embora n ão seja requ isito para admi s s ã o de pr o fe s s o r e s o c o nhe c i m e nto de té c ni c a s de
“o raliza ção” , o domín io d a Libras ou c ur s o s e s pe c í fi c o s na á r e a , o fa to é que a pr e nde r a
Libras po de ser con siderado p rim or di a l pe l o pr o fi s s i o na l o uv i nte , pa r ti c ul a r m e nte fa c e à
dif iculda de de comun icação com seus r e s pe c ti v o s a l uno s .
M e to d o l o g i a
A pes qu isa qu alita tiva 2 † com enf o que te ó r i c o -m e to do l ó g i c o na s r e pr e s e nta ç õ e s s o c i ai s
aqui a presen tad as teve p or ob jetivo bus c a r i ndí c i o s da s r e pr e s e nta ç õ e s s o c i a i s de s e r
s urdo, produ z idas por 23 m oças e 3 4 r a pa ze s (N = 5 7 ) na fa i x a e tá r i a de 1 2 a 1 8 a no s ,
alunos de d uas tu rmas d e 5ª série e dua s tur m a s de 6 ª s é r i e s do Ens i no F unda m e nta l e
que e s t ão ma triculados no Institu to N a c i o na l de Educ a ç ã o de S ur do s , R i o de J a ne i r o , no
ano de 2007.
2
As pesquisas qualitativas “compreendem um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a
descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e
expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado; entre
teoria e dados; entre contexto e ação” (NEVES, 1996, p. 1).
391 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A n á l i s e d e c o n t e ú d o d o s g rupos f ocai s
A a nálise de con teú do é u m conj unto de i ns tr um e nto s m e to do l ó g i c o s que s e a pl i c a m
a “dis cursos” extrem am ente diversifi c a do s . C o ns i s te na m a ni pul a ç ã o de m e ns a ge ns
393 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Tra n s c r i ç ã o d o s g r u p o s f o cai s
Para f az er a análise, film am os c a da g r upo f o c a l . D e po i s tr a ns c r e v e m o s e s ta s fi ta s
com o a uxílio fun damental d o in térpr e te , s e ndo que e u e s c r e v i a , e l e m e di zi a , e u
olha v a , revíamos, ele escrevia, eu d i zi a , pe r guntá v a m o s : é i s s o ? D e po i s , r e fa zí a m o s ,
ex a us t ivamente, essa p rática. A prin c í pi o , e r a um a fa l a de ni ngué m que i a s e f o r m a ndo ,
nã o era u m texto, íamos ou vind o de no v o , v e ndo o s s i na i s , o c o nte x to . D e po i s , f o m o s
cria ndo u m a fala por tu rma, jun tan do o que e r a s e m e l ha nte e tr a ze ndo o que e r a
pa recido . Esta f oi a transcrição dos g r upo s f o c a i s .
Ao não desejar aprender a língua dos surdos, não desejando se comunicar com eles, os
ouvintes acabam por serem vistos de uma forma negativa. Os surdos vêem este não saber
a língua de sinais como uma forma de “maus-tratos”, e, desse modo, como uma violência.
Co n s i de r a ç õ e s f i n a i s
Conhecend o-se a lóg ica da repre s e nta ç ã o s o c i a l s e gundo a ne c e s s i da de da s
pe s s o a s de tran sf orm ação do n ão-fa m i l i a r e m fa m i l i a r, pa r e c e na tur a l que o s ur do f o s se
cons ide rad o com o um “ não-ouvin te” , pa s s a ndo , de s s e m o do , s e gundo a c o nc e pç ã o
ouvint e hegemônica, a ter d e se suj e i ta r à s no r m a s , pa dr õ e s , pa r a di gm a s , e tc . , do m un d o
do s “o uv intes” .
395 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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16:38:45.
6 Alguém familiarizado com o estruturalismo que, também de acordo com o estruturalismo, em função de
considerar esta “lógica natural” como um princípio estrutural, decorrente da forma como entendemos e
estruturamos mentalmente a realidade, a partir de uma forma binária. Por exemplo: positivo/negativo; bom/mau,
branco/preto, cru/cozido, etc. Sobre isso, ver “As idéias de Levi Strauss”. LEALE. M. São Paulo, Cultrix, 1980. No
entanto, sem quereremos entrar numa discussão mais aprofundada acerca da teoria da representação social e do
estruturalismo, diríamos que, se há alguma familiaridade nesse ponto, cessam aí a familaridade entre estas duas
vertentes teóricas.
397 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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398 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Surdos na Arquitetura:
EI X O : M ULTI L I N G UI S M O
I n tro d uç ã o
N a história, o su jeito surdo está r o tul a do pe l a i de o l o g i a , po de r e i nte r e s s e s
ouvint is t as. Ain da q ue os discu rsos c o nte m po r â ne o s e a s po l í ti c a s públ i c a s i nv i s ta m e m
de ba t e s que d efen dem uma sociedade e e duc a ç ã o i nc l us i v a , a s ur de z e o s ur do , nã o
t êm out ra f orm a de u su fruírem de se us di r e i to s a nã o s e r pe l a s po l í ti c a s da de fi c i ê nc i a,
ma s cara nd o id entid ades e a “ difere nç a l i nguí s ti c a ”. A s ur de z e nte ndi da pe l a de fi c i ê nc i a
imo biliza e cala “ a voz ” , n ega as id e nti da de s , a s c a r a c te r í s ti c a s c ul tur a i s c o m o o us o ,
import â ncia e completu de q ue carac te r i za a l í ngua de s i na i s br a s i l e i r a (S K L I A R 2 0 0 5 ;
STROBEL , 2008). Há entre p esq uisado r e s a que l e s que r e m e te m a s ur de z à s que s tõ e s
clínica s t era p êuticas e de certa f orm a de s c a r ta m a s po s s i bi l i da de s de a pr e ndi za ge m e
de s empenh o in telectu al ad equ ado, po r pe s s o a s c o ns i de r a da s s e ns o r i a l m e nte a no r m a i s .
No e s p a ç o a c a d ê m i c o
A s ocied ade f orm ada p ela h egemo ni a o uv i nte te nde a bus c a r a pr o x i m a r o s ur do da s
ne ce s s idad es e p rioridad es d e qu em o uv e , que r e ndo a da ptá -l o s a s pr á ti c a s c o ns i de r a d as
s o cia lmen te n ormais, em tempos onde a l e g i s l a ç ã o pr e ga o bi l i ngui s m o , pr e o c upa m -s e
com re a bi litação de fala, implantes c o c l e a r e s , us o de a pa r e l ho s pa r a s ur de z; po r é m o s
s urdos buscam a norm alidad e pau tada num a v i s ã o da di fe r e nç a na l í ngua , c ul tur a e no
próprio pen samento.
400 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
V igot ski (1998b ) d edica a tenção pa r ti c ul a r a l i ngua ge m e nte ndi da c o m o funda m e ntal
a t o do g ru po h umano, ela borado n o c ur s o da hi s tó r i a s o c i a l , que o r ga ni za o s s i gno s
em 2090 estruturas complexas e des e m pe nha pa pe l i m pr e s c i ndí v e l na f o r m a ç ã o da s
cara ct e rísticas p sicológ icas h umanas . A tr a v é s a l i ngua ge m é po s s í v e l a bs tr a i r, a na l i s a r
e gene raliz ar as características d os o bj e to s , s i tua ç õ e s pr e s e nte s na r e a l i da de e f o r ne c e
conce it o s de orden ar o real em ca te go r i a s c o nc e i tua i s . A i nda s e gundo o a uto r, l i ngua gem
t em f unção com un ica tiva en tre os h o m e ns que ga r a nte pr e s e r v a ç ã o e tr a ns m i s s ã o
de ex periências e inf orm ações acu m ul a da s a o l o ngo da hi s tó r i a pe l a hum a ni da de é a
es s ência da mem ória hu m ana.
Este projeto tem como objetivo anexar aos termos específicos da Língua Portuguesa
existente do curso de arquitetura , imagens sinalizadas com Libras para facilitar a
compreensão dos surdos numa proposta pedagógica com maior eficiência, como também
402 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
libras como também o profissional intérprete da Libras na sua atuação em sala de aula
auxiliando-o com recurso de palavras ( sinais ) ainda não conhecida por este profissional,
efetivando assim uma educação bilíngue de qualidade ou caminhando para isso.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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403 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Convite à Reflexão
Armando Guimarães Nembri
I n tro d uç ã o
O a pren diz ad o a tual do sujeito s ur do , c o m o e m to da a s ua hi s tó r i a , nã o di fe r e do
a pre ndizad o do sujeito ouvin te; ambo s o s a pr e ndi za do s v i v e nc i a m di fi c ul da de s no tó r i a s ;
com re la ç ão ao su jeito surdo, um outr o o bs tá c ul o pa r e c e , a i nda , s e r pe r pé tuo . . . pa r e c e
s e r, qua s e, “ cláu su la p étrea” , a exc l us ã o o u a i nc l us ã o que ta r da e i m põ e “do s e s e m a i s
do s es ” de incon f ormism o e de d ece pç ã o c o m a v i s ã o a i nda s e c tá r i a da s o c i e da de que ,
inf e lizme nte, p arece d escon hecer o m undo s ur do . U r ge a r e f o r m ul a ç ã o do c e ná r i o que
s e a pre s en ta com a f ormação e a in f o r m a ç ã o de qua dr o s que m e l ho r c o m pr e e nda m o
“modus v i vend i. . . op eran di” da cu ltur a s ur da , s ua a tua ç ã o e s ua c o m uni c a ç ã o , be m c o mo
me lhor com preend am a a b ord a g em m e to do l ó g i c a que , ta l v e z, c o ntr i bua – há e x e m pl o s
claro s de seu êxito – para qu e a in s e r ç ã o pl e na do s s uj e i to s s ur do s po s s a s e r s o nha da e,
o que é mais im portan te. . . p remente , c o nc r e ti za da .
Creio que para que se possa realizar a educação para a diferença é necessário
aprimorar a nossa atitude em relação aos alunos especiais. E de que maneira? Antes
de mais nada aceitando a diferença, estabelecendo novas formas de relação, de
afetividade, de escuta e de compreensão, deixando de lado os nossos preconceitos.
(...) O que tenho observado (...) que uma preparação exaustiva de base e uma técnica
razoável não bastam para incluirmos esses alunos especiais. Os professores precisam
participar das desventuras desses alunos, aceitá-los como são, criar laços de ternura,
“cativá-los” para que eles consigam realizar o melhor do seu potencial e sintam
v o n t a d e d e p e r t e n c e r e e s t a b e l e c e r r e l a ç õ e s a f e t i v a s c o m a s p e s s o a s a o s e u r e d o r. S e
assim não fizerem assistirão, no máximo, ao triunfo de teorias pseudo-científicas que
humilham esses alunos.
406 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
O q u e pa r e c e s e r u m a e v i dênci a...
N inguém m elh or d o qu e o in divíduo s ur do pa r a c o nhe c e r o s pr o bl e m a s que c e r c e i a m
o s eu de sen volvim ento na Sociedad e D o m i na nte , M a j o r i tá r i a , O uv i nte , s e j a na e duc a ç ã o,
s e ja no m ercad o de tra balho, seja no s a s pe c to s que c a r a c te r i za m um a c o m uni da de
prós pera , a tuan te e, prin cip almente , i -n-c -l -u-í -d-a .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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409 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Reconhecimento da Diferença e a
Banalidade do Mal
Pâmela S. M. Esteves
Introdução
Bullying é um termo de origem inglesa utilizado para descrever atos de violência física
ou psicológica que ocorre entre estudantes no espaço escolar. Para fins deste estudo, o
bullying é definido como atitudes agressivas de todas as formas, praticadas intencional
e repetidamente, que ocorrem sem motivação evidente, são adotadas por um ou mais
estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e são executadas dentro de uma
relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre pares (estudantes), a ausência
de motivação relevante e a assimetria de poder são as características essenciais do
bullying. Os atos de bullying podem variar de uma simples gozação às formas mais radicais
de violência na escola, tais como: colocar apelidos, ofender, agredir, machucar, extorquir,
ameaçar o colega, até ao vandalismo, a delinquência, a fobia ao extremo, a provocação, a
vitimização, a ataques e chacotas de uns para com outros.
O b u l l y in g e n t r e o s s u r d o s
Há incontáveis exem plos d e g ru po s v í ti m a s de pr e c o nc e i to ; po r é m , de s ta c a m o s a
ques t ã o d os surdos. Foram perseg ui do s e a s s a s s i na do s e m no m e de um a pe r fe i ç ã o
ide a lizada pelos seres h umanos, uma v e z que o ho m e m f o i c r i a do à i m a ge m e s e m e l ha n ç a
de um D eu s. Desp rovid os d e aud ição , o s s ur do s nã o s e e nc a i x a v a m no i de a l , l o go , e r a m
a bandonados, exclu íd os ou m ortos. L a ne (1 9 9 2 ) de nunc i a que a i nda há s o c i e da de s e m
que a s urd ez é en carad a com o resul ta do de um a de fi c i ê nc i a m o r a l da s m ã e s do s s ur dos .
de definirmos nossa própria identidade, como, por exemplo, o “respeito à vida, à integridade,
ao bem-estar e também à prosperidade dos outros” que estão unidos quase sempre a uma
perspectiva que leva em conta uma dada ontologia do ser humano.
2
As avaliações fortes (strong evalua tions) são aquilo que dizem respeito a “discriminações acerca do certo
ou errado, melhor ou pior, mas elevado ou menos elevado, que são avaliados por nossos desejos, inclinações ou
escolhas, mas existem independentemente destes e oferecem padrões pelos quais podem se julgados” (TAYLOR,
1997, pp. 16, 17).
414 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Em Origens do Totalitarismo, o tema do mal aparece dentro da reflexão kantiana sobre o mal
radical. Kant percebeu que o mal pode ter origem não nos instintos ou na natureza pecaminosa
do homem e, sim, nas faculdades racionais que o fazem livre. Dessa forma, o mal não possui
dimensão ontológica, mas contingencial. Ele acontece a partir da interação e da reação das
faculdades espirituais humanas às suas circunstâncias. O mal no pensamento kantiano é
radical, pois trata-se de uma espécie de rejeição consciente ao bem e está atrelado, ainda, ao
uso dos seres humanos como meios, instrumentos, e não fim em si mesmo.
418 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Os c a mi n h o s d a t o l e r â n c i a
Educar para tolerân cia n ão sign i fi c a a pe na s pe r m i ti r que o utr o e x i s ta . O c o nc e i to
de t olerâ ncia é a tu almente visto com o ne ga ti v o , o s e ns o c o m um e nte nde que a a ti tude
de t olera r inferioriz a o ou tro, coloca -o e m um a po s i ç ã o de s ubm i s s ã o e s uj e i ç ã o . Es s a
re s is t ê ncia está presen te tam bém no di s c ur s o a c a dê m i c o que c o m pr e e nde a to l e r â nc i a
como “uma a titu de n eutra d e qu em nã o que r a c e i ta r e m ui to m e no s a m a r o o utr o , m a s
a pena s ‘t olerar’ , perm itir, com o u m fa v o r de c o nde s c e ndê nc i a , que e l e e x i s ta ”. (MENEZES,
1997p, 40).
a def es a da tolerância enq uan to u m v a l o r-a ti tude s e c o nc r e ti za qua ndo e s tuda nte s s e
EI X O : M ULTI L I N G UI S M O
Co n s id e r a ç õ e s f i n a i s
Cultivar a tolerância é o primeiro passo, visto que o ato de tolerar se expressa no
combate a intolerância. Na escola essa ação promove o respeito às diferenças e a luta contra
o bullying. A tolerância é um ponto de partida, um mínimo ético exigido para que as relações
sociais possam se desenvolver em meio a uma sociedade marcada pelo multiculturalismo.
Quando os indivíduos compreendem que tolerar a diferença do outro não é um favor,
mas sim uma atitude ética de respeito, torna-se mais factível que o agir comunicativo
que caracteriza cada um de nós desenvolva-se para o entendimento mútuo. Uma vez que
realizado esse processo o reconhecimento da diferença passa a ser plausível, trata-se de um
reconhecimento permeado pela alteridade, pela ideia que a diferença do outro é fundamental
para o meu convívio social, esse tipo de reconhecimento está além da tolerância, mas não
pode ser alcançado sem uma educação voltada para o pensamento e para reflexão.
Re fe re nc i a s b i b l i o g r à f i c a s
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424 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Professora da rede pública do município de Curitiba, especialista em educação especial, graduada em pedagogia,
com cursos adicionais em educação infantil e deficiência da áudio comunicação, intérprete de Língua de Sinais
Brasileira nível superior – FAEL.
E-mail: nanylins1@yahoo.com.br.
Ronaldo Quirino Silva
I n tro d uç ã o
Nas vivências cotidianas, no ambiente educacional e nos diferentes espaços sociais,
pode-se obser var sem restrições a sinalização, a produção de discursos, o fluir da cultura
e múltiplas identidades surdas, as quais até aproximadamente a década de 80 do século XX
permaneciam à margem, sem o devido valor linguístico e identitário que merecem.
425 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
em favor de seus direitos, repensando o modo de ensino, ganhando vez e voz, onde antes a
sociedade compreendia como silêncio; atuando como reais agentes de mudança.
A i n cl u s ã o e s t á p o s t a ?
Segundo a LDB 9394/96 (BRASIL, 1988, LDB n. 9.394/96), a educação é direito de todos,
para tanto não oferece apenas o acesso, mas deve garantir a qualidade e a permanência para
os estudantes da nação independente da idade ou de necessidades especiais. Assim, não é raro
deparar-se com gestores que se orgulham em declarar que a instituição que gerenciam trata-
se de ambiente de educação inclusiva, mesmo que não tenham conhecimento aprofundado de
quem se inclui e das reais necessidades que apresentam.
Anterior ao século XVI, os surdos, assim como as demais pessoas com deficiência eram
excluídos socialmente, até mesmo exterminados dependendo da cultura de cada região,
não eram considerados como cidadãos, portanto, impedidos de casar-se, receber heranças,
participar de comunhão e não se acreditava na potencialidade surda para a aprendizagem.
1
Entende-se educação bilíngue como a educação que corresponde aos anseios e necessidades dos surdos, onde a
língua de instrução seja a Língua de sinais e a Língua Portuguesa escrita seja trabalhada enquanto segunda língua, o
Decreto 5626/05 (BRASIL, 2005), trata do assunto.
427 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Cu l tu ra s u r d a e c a r a c t e r í s ticas s urdas
A cult u ra surda sem pre f oi motiv o de de ba te s , m a r c a da po r e s te r e ó ti po s , ba s e s
que bus ca vam esta b elecer uma com pr e e ns ã o no s r e fe r e nc i a i s o uv i nt e s , i m po ndo um a
no rma lização qu e lim ita, im ped e e to r na o s uj e i to r e a l m e nte de fi c i e nte , i gno r a ndo
s uas es pecificid ades, assim sen do, nã o s ur pr e e nd e que a i nda s e di ga que nã o há
cult ura s urd a, a socied ade a tu al, não v a l o r i za a c ul tur a do o utr o , c o m pr e e ndi do c o m o
‘dif ere nt es’ .
No a mb i e n t e e s c o l a r
Há um desejo en tre os sujeitos q ue s e de fi ne m c o m o s ur do s , e m s e r e m
compre e ndidos com o pessoa surda e nã o de fi c i e nte c o nf o r m e de s ta c a o D e c r e to
5626/05, de ter sua cu ltura e líng ua v a l o r i za da s . S e gundo S k l i a r (2 0 0 5 ) a s ur de z
ent e ndida pela deficiência imobiliz a e c a l a a v o z, ne ga a s i de nti da de s e a s
cara ct e rísticas cu lturais, como o uso , i m po r tâ nc i a e c o m pl e tude que c a r a c te r i za a l í ngu a
de s inais b rasileira.
3
. Utiliza-se aqui a palavra outros e semelhantes (em itálico), porque uma identidade também pode ser um
princípio de contradição: ou seja; aquele com quem eu me identifico, ou não. Portanto, embora defendamos
que a identidade se constrói no encontro surdo/surdo, entendemos que ela tem início no encontro com a
língua de sinais, até mesmo através de outros (não surdos) usuários da língua de sinais e pertencentes à
comunidade surda, aqueles que se posicionam na situação de sujeito bilíngues e biculturais, que valorizam as
características surdas e embora pertencentes também a outras comunidades. Ao desenvolver uma identidade
própria, ele (o surdo), determina, comprova sua própria identidade, percebe afinidades e vai compartilhar
ideias, sentimentos e até comportamentos com alguém, com o qual se identifica e buscará agir, pensar e
comportar-se diferente daquele cuja identidade não lhe parece par.
431 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
4
Para conhecer e compreender as diferentes identidades surdas ver: PERLIN, Gladis. In: SKLIAR, 2005, p.62 a 66.
432 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Para tanto, uma sugestão é que o professor organize suas aulas no modelo de
slides (PowerPoint), com figuras, imagens e as reutilize na organização de avaliações para
5
. Entrevistas que podem ser encontradas na totalidade em: SCHUBERT (2012 e 2012b).
433 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
que o surdo possa recorrer a sua memória visual. Quanto às avaliações em sala de aula:
EI X O : M ULTI L I N G UI S M O
“As avaliações são difíceis de responder, eu nem sempre entendo o que perguntam, mes
mo sendo muito boa em Língua Portuguesa. Ficaria melhor se fossem avaliações objetivas,
para marcar verdadeiro, falso, ou com muitas imagens.” (AG.17, 2012).
Pesq u isa d o ra: Você u s a a par elho audit ivo? C ons ider a impor t ant e o u s o
EI X O : M ULTI L I N G UI S M O
Co n s i d e r a ç õ e s p a r a n ã o f i nalizar
Para con clu ir, ou melh or p ausar e s s e tr a ba l ho , fa z-s e o c o nv i te pa r a pe ns a r a
inclus ã o dos su rd os como hoje se a pr e s e nta , de s ta c a ndo a e ntr e v i s ta de E. 5 4 :
surdos uma mesma aula? Não. Então é colocado um intérprete na sala e pronto,
EI X O : M ULTI L I N G UI S M O
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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Entrevistados:
SCHUBERT (2012):
L.33.Entrevistado (surda), estudante de direito e Letras Libras. Curitiba, 2011; E. 54. Entrevistado
(surda) g raduada em peda gog ia, pós g raduada em educação bilíngue para surdos e cursando
Letras Libras. Curitiba, 2011.
SCHUBERT (2012b):
AG.17. Estudante surdo – ensino médio. (2012); AM.20. Estudante surda – Peda gog ia. (2012);
J.28. Graduada (surda) – Letras-Libras. (2012); JZ.25. Graduado (surdo) – Letras-Libras. (2012)
439 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Clarissa Fernandes
O autor espanhol desenvolveu seu texto fazendo uma análise da educação espanhola
explicitando a injustiça que a escola reproduz em relação à diferença/diversidade.
A análise aqui, buscará permear as estratégias apontadas por Santomé fazendo um
paralelo com a educação nas escolas públicas de Belo Horizonte que atendem crianças
e jovens surdos.
De acordo com o autor, a segregação é uma estratégia adotada pela escola para
ordenar os alunos em grupos de acordo com habilidades, gênero, classe social e etnia. Por
tradição os surdos foram considerados deficientes e por isso, educados em instituições
de ensino intituladas escolas especiais. A prática pedagógica destas instituições são
consideradas pobres, nivelam por baixo as competências dos alunos, contribuindo para a
exclusão social dos mesmos. Uma escola especial é diferente de uma escola de surdos ou
uma escola bilíngue. A terminologia neste caso revela uma diferença linguística e cultural.
Ser surdo não é ser especial e necessitar de um atendimento especial. Ser surdo é ter
direito a uma educação que valorize sua língua e cultura. Uma educação que tenha a língua
de sinais como língua de instrução e não somente como parte integrante do currículo. A
língua é o currículo como educação é cultura. O movimento surdo em defesa da escola
bilíngue é o reflexo do acesso desigual dos surdos à educação. O movimento surdo almeja
construir uma educação que valorize o reconhecimento e a representação do Ser Surdo.
Uma educação que promova a alteridade.
443 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Um currículo que não incorpora as minorias culturais e busca silenciar essas minorias
é uma estratégia camuflada de exclusão adotada pelas instituições de ensino. As escolas
silenciam a cultura do “outro” quando estimula um único modelo de cultura. As culturas
existentes no bojo do espaço escolar são desconsideradas e os alunos não se sentem
reconhecidos porque suas especificidades são negligenciadas pela escola. Conceber
que o surdo percebe o mundo diferente das pessoas ouvintes é para muitas escolas
incompreensível. O olhar sobre a pessoa surda ainda é carregado de etnocentrismo. A
diferença é aceita mas não é reconhecida e por consequência, não é vivida.
Quem tem o poder de narrar o outro, dizendo como está constituído, como
funciona; que atributos possui, é quem dá as cartas da representação, ou seja, é
quem estabelece o que tem ou não tem estatuto de realidade. Costa (2005, p.42)
A educação deve ser pensada na diferença. Não existem modelos de currículos ouvintes
que caibam no currículo da educação de surdos. Construir um currículo com o olhar do
surdo é desconstruir o olhar etnocêntrico do outro, ouvinte. É o momento de entendermos
que educação se constrói na troca na parceria, no diálogo, na negociação e não à frente
do outro. Não se pode falar sobre o que não é vivido, nem sentido. A pessoa surda quer
construir uma educação com o seu olhar, com o seu jeito de ver e perceber o mundo.
Entender que a dialética entre a consciência de ser surdo e o mundo estão em consonância
e não separados. Ter consciência de que educar é libertar o outro para a vida.
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Co n s i d e r a ç õ e s i n i c i a i s
A Educação de Su rd os, nos últim o s a no s , te m s i do a l v o de m ui ta s r e f l e x õ e s , e m
es pecial o en sino d a Lín gu a Portug ue s a na m o da l i da de e s c r i ta . I s to s e de v e a o fa to do
Bra s il t e r recon hecido a Líng ua Bras i l e i r a de S i na i s , po r m e i o da L e i nº 1 0 . 4 3 6 de 2 0 0 2 ,
como a primeira líng ua d a com un id a de s ur da e a L í ngua P o r tugue s a , a s e gunda l í ngua .
L i b ra s : A f i n a l , q u e L Í N G U A é es s a?
Muit as p essoas acreditam qu e a s L í ngua s de S i na i s s ã o a pe na s um c o nj unto de
ge s t os , utiliz ados com o in tu ito de i nte r pr e ta r a s l í ngua s o r a i s . Entr e ta nto pe s qui s a s
cons t a t a m qu e estas lín gu as são co m pa r á v e i s e m c o m pl e x i da de e e x pr e s s i v i da de a
quais que r líng uas orais, exp ressan do i de i a s s uti s , c o m pl e x a s e a bs tr a ta s (F EL I P E, 2 0 0 7 ) .
As articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e em algumas
situações aos morfemas, são denominadas parâmetros, que, nas línguas de sinais,
são divididos em: Configuração das Mãos ( CM ), Movimento ( M ), Ponto de Articulação
( PA ) e Orientação ( O ). Além dessas características, ainda podem ser considerados os
componentes não manuais dos sinais, tais como as expressões facial e/ou corporal, o
movimento da cabeça e do corpo (QUADROS e KARNOPP, 2004).
Figura 1
Figura 2
Quadro 1
EI X O : C URRÍ C UL O
Figura 31
1.
Ferreira Brito 2010, p. 73
453 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Figu ra 42
EI X O : C URRÍ C UL O
2.
Quadro e Karnopp 2004.
454 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
a. A crian ça chora va de f o m e . (c a us a )
c. Aq uela cadeira é d e pl á s ti c o . (m a té r i a )
a. O vestid o de Alice ch e go u.
(verb o + preposição)
c. E le é d epen den te d e dr o ga s .
De acordo com Castilho (2010, p.584) as preposições, em seu sentido básico, tem
a função de localizar no espaço ou no tempo os termos que elas ligam. Numa abordagem
cognitiva elas funcionam como predicados que “perfilam uma relação entre duas entidades”:
O rg a ni za çã o da
Cat eg or ia Pa pé i s se mâ nti c o s
c a te go r i a co gni ti va S ubc a te go r i a s c o gni ti va s
c o g n it iva de r i va do s
espaço
P ro xi m i da de no
E ix o lon g e / p ert o /p rox im al/ ~ /d is t al/
e s pa ço
Tex t o 2
4.
A opção pelo termo texto deve-se ao fato de que o objetivo da imagem é o de reproduzir o texto integral.
459 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
EI X O : C URRÍ C UL O
Te xt o 3
Te xt o 4
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Ainda h á m uito q ue d iz er a resp e i to do e ns i no de L í ngua P o r tugue s a na m o da l i da de
es crit a para alu nos su rd os. Neste tra ba l ho ho uv e a pr e te ns ã o de tr a ze r a pe na s um a
brev e re f lexão sob re o en sino p ara e s te g r upo de m i no r i a l i nguí s ti c a , te ndo e m v i s ta a s
cont ribuições d a Lin gu ística Cog niti v a e da S e m â nti c a pa r a o c o nte x to de c o ns tr uç ã o e
a pre ndiza gem de u m a seg un da lín gua .
inf ormais , são f ontes ricas em eleme nto s g r a m a ti c a i s , po s s i bi l i ta ndo um g r a nde núm e r o
de propo stas didáticas, como por ex e m pl o , di s c uti r a po s i ç ã o / o r ga ni za ç ã o l ó g i c a , e m
uma e s t rutu ra frasal, de acordo com a i nte nç ã o que pr e te nde m da r.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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E-mail: ufpalan1979@gmail.com.
M á r c i o C l e y t o n d a F o n s e c a M esquita
I n tro d uç ã o
O processo de i nc l us ã o de a l uno s c o m de fi c i ê nc i a s , no e nsi n o
regu lar, exig e m uda nç a s de pa r a di gm a s no s i s te m a e duc a c i o n al ,
q ue nos rem e te ta m bé m a um a no v a c o nc e pç ã o do a to de e ns in ar
e a p ren der. Es s a s m uda nç a s i m pl i c a m e m um no v o o l ha r, um novo
compreend er e fa ze r e duc a ç ã o . El a a po nta pa r a a c o ns tr uç ã o d e
u m a escola l i v r e de pr e c o nc e i to s , que v a l o r i za a i nte r a ç ã o e n t r e
d iferen ças e a c o ns tr uç ã o do c o nhe c i m e nto c o m o pa r te c o ns tr ut i va
d o sujeito, o nde o s c o nte údo s de v e m c o nte m pl a r à r e a l i da de d o
alun o, sua c ul tur a , s e us l a ç o s a fe ti v o s e s ua i de nti da de . D e n t r e
esses su jeitos e nc o ntr a -s e o s ur do (M A N TO A N , 2 0 0 2 ).
para alunos com esta deficiência no sistema regular de ensino, uma vez que a maior
EI X O : C URRÍ C UL O
c. Que estra tég ias p odem ser des e nv o l v i da s no s e nti do de c o ntr i bui r pa r a um e ns i n o
de G eog rafia qu e se a proxim e da re a l i da de do s a l uno s s ur do s .
A escola inclusiva deve ter como meta em seu projeto pedagógico ações que
possam atender as necessidades fundamentais dos alunos surdos, desenvolvendo a
comunicação, planejando os conteúdos a serem ministrados, levando em consideração a
sua aplicabilidade e relevância no âmbito social. Nesse sentido, auxiliar o desenvolvimento
das relações sociais, desenvolver materiais facilitadores da prática educativa e desenvolver
os métodos avaliativos com as responsabilidades e nas mesmas bases que os ouvintes, ou
seja, não basta que a escola matricule o aluno, pois, na perspectiva da educação inclusiva,
não se espera mais que a pessoa com deficiência se integre por si mesma, e sim que a
escola se transforme para possibilitar essa inserção (CAMPBELL, 2009).
465 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Hi s t ó r i a d a e d u c a ç ã o d e s u rdos
Ao lo ngo d a história, h ouve difer e nte s c o nc e pç õ e s e m r e l a ç ã o à s pe s s o a s c o m s ur d ez ,
na ma io ria d elas, os su rd os eram tra ta do s c o m o s e r e s nã o hum a no s e a s s i m fi c a v a m a
ma rge m da socied ade. Nas p rim eira s c i v i l i za ç õ e s , a pr e s e nç a de pe s s o a s c o m s ur de z
era ma rcante. E m m uitos lu gares el e s e r a m c o ns i de r a do s o m e i o c o m a s di v i nda de s
466 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Seguindo as discussões acerca da história do surdo, Strobell (2008, p.95) assegura que
na Grécia, os sujeitos surdos eram considerados inválidos e incômodos para a sociedade,
por isso eram condenados à morte – lançados abaixo do topo de rochedos de Taygéte, nas
águas de Barathere sobreviventes viviam miseravelmente como escravos ou isolados.
Na Idade Moderna, começam a surgir trabalhos iniciais com o intuito de oferecer uma
educação mais formal para a criança surda. Um dos precursores foi Gerolamo Cardano
467 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
(1501-1576), foi o que considerava que a escrita ser viria para representar graficamente
EI X O : C URRÍ C UL O
os sons emitidos por meio da fala, ou ideias do pensamento, ainda que fosse a sonoridade
mais adequada. Na parte pedagógica, Cardamo utilizava o espelho como o objetivo de
proporcionar a seus alunos surdos a associação de sons com imagens escritas, era de fato
a tentativa da leitura labial, entretanto mesclando com a língua de sinais.
sociedade negligenciou a surdez enquanto identidade. As pesquisas nesta área eram muito
poucas, somente na década de 1960 que se começou a desvendar trabalhos dedicados aos
surdos. Um dos responsáveis foi Wiliam Stokoe começou a se compreender como o surdo
aprende e a importância da língua de sinais, como um instrumento propriamente linguístico.
M é to d o
A pre sente pesqu isa analisa com o v e m s e da ndo a s a ul a s de ge o g r a fi a na r e de
es t a dua l de en sino p ara alun os com s ur de z te ndo c o m o l ó c us um a e s c o l a l o c a l i za da na
cida de de Belém , on de f oi possível di a l o ga r c o m o s a ge nte s e nv o l v i do s , e a s s i m , o bte r
os da dos n ecessários p ara sub sidia r e m a pr e s e nte i nv e s ti ga ç ã o . O s a po r te s te ó r i c o s
ba s eado s para respaldarem a presente a bo r da ge m f o r a m : S k l i a r (2 0 0 9 ), Q ua dr o s (2 0 0 4 ) ,
Ma nt oan (1999). Essas referên cias s e r v i r a m pa r a c o nfr o nta r c o m a r e a l i da de , e m bo r a
que nem sempre as teorias explicam o s fa to s r e a i s . M a s de m o do ge r a l a s te o r i a s
a pre s ent ad as sub stanciaram e nortea r a m o c o ti di a no i nc l us i v o da e duc a ç ã o de s ur do s
L ó c u s da Pes quis a
O t ra balho f oi realiz ado em uma e s c o l a de e ns i no um a e s c o l a de e ns i no m é di o
e f undamen tal ligad a a secretaria es ta dua l de e duc a ç ã o na c i da de de B e l é m / PA . A s
469 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
S u j e itos
N o pri meiro m om ento f oi a presenta do o te m a a ge s to r a da e s c o l a pe s qui s a da ,
s o bre os m otivos do estu do. Posteri o r m e nte c o m a a uto r i za ç ã o , à s e ntr e v i s ta s pude r a m
s e inicia r, com a gestora, p rofessor e s , di s c e nte s a e x pl i c i ta r c o m o s e c o ns ti tue m o s
re s ult a dos d essa prática de p esq uis a , f o i ne c e s s á r i o e s c l a r e c e r a na tur e za qua l i ta ti v a d a
re a lidade in vestigad a, o modelo de r e l a ç ã o e ntr e i nv e s ti ga do r-i nv e s ti ga do e o m o do c o mo
s e obt iveram o conh ecimento do p robl e m a e o s a s pe c to s i ntr i ns e c a m e nte r e l a c i o na do s .
Re s u l ta d o s e d i s c u s s õ e s
A a nálise dos dad os ocorreu , fun da m e nta l m e nte , na a ná l i s e da s r e s po s ta s da s
ent rev is t as, bu scan do-se esta belece r r e l a ç õ e s de c a us a e e fe i to c o m o s de m a i s
ins t rume ntos: d ocumentos, entrevista s e r e fe r e nc i a l te ó r i c o . O s r e s ul ta do s da pe s qui s a
corrobo ram o a tend imento aos ob jeti v o s da i nv e s ti ga ç ã o .
A E s c ola
N o q u e se re f e re à e duc a ç ã o d e su rd os n a red e estad u al d e en sin o, in clu íd os
e m c l a ss e s re gula re s, o nde a maioria é ou vin te. A escola, d e acord o com a
g e st o r a pe squisa , se mo st ra sa t isfa tória com o vem se d an d o a in clu são d os
su r d o s. S e gundo a dire t o ra ( 2 0 13), “Seria im p ortan te q u e tod os os p rofessores
so u b e sse m a libra s, f ic a ria ma is fácil à com u n icação en tre eles”. De acord o
c o m e ssa s pa la vra s, a ge st o ra recon h ece a falta d e con h ecimen tos d e m u itos
f u n c i o n á rio s a re spe it o da ide nt id ad e su rd a, isto é, recon h ecer a Lib ras com o
l í n g u a m a t e rna da pe sso a surda q u e é colocad a em u m a classe reg u lar, p ossu ind o
d i f i c u l d a de s e m se e xpre ssa r e s en d o vista como alg u ém com d eficiên cia e
m u i t a s l i mit a ç õ e s, pa ssa ndo , inevita velmen te, p or p recon ceitos e sen d o, p or fim ,
e x c l u í d a . S e guindo e ssa s pre mis sas, Man toan (2003, p .19).
470 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Pro f es s or es
A política ed ucacional vigen te te m tr a zi do c r i a nç a s e a dul to s s ur do s à s i ns ti tui ç õ e s
pública s e particulares no en sino re gul a r. O s a l uno s s ur do s , a i nda s e de pa r a m c o m
alguns o bstáculos, entre os qu ais o pr e c o nc e i to no a m bi e nte e duc a c i o na l e o de s pr e pa r o
de alguns edu cadores em lidar com s ua s ne c e s s i da de s de a pr e ndi za ge m .
Alunos
Em relaçao a pesqu isa feita com o s a l uno s s ur do s f o i c o ns ta ta do que to do s
a pre s ent am certa dificuldad e para a pr e nde r c i ê nc i a s c o m ê nfa s e e m bi o l o g i a m e s m o c o m
o a po io da p rofessora itinerante à s e ndo a úni c a que do m i na L i ngua B r a s i l e i r a de S i na i s .
D e a co rdo, com o alu no L. C. D. S, mui to s pr o fe s s o r e s di r e c i o na m s ua s a ul a s pa r a o s
ouvint e s , n ao há n enh uma preocup a ç ã o c o m o s s ur do s . El e s fa l a m m ui to , ho r a s e ho r a s :
C o n s i d e r aç oes finais
precis a assumir.
O não conhecimento da identidade surda por muitos docentes acaba por deixar
em segundo as especificidades do aluno surdo. Os professores vão construindo ideias
muitas vezes equivocadas a partir de informações do senso comum. Em parte, esse
processo pode ser associado à própria formação docente, onde tais questões são
periféricas, se são discutidas. Skliar (1998) ressalta que o problema não é a surdez,
não são os surdos, não são as identidades surdas, não é a língua de sinais, mas sim as
representações dominantes, hegemônicas e “ouvintistas” sobre as identidades surdas, a
língua de sinais, a surdez e os surdos: “Dessa forma, a nossa produção é uma tentativa
de inverter a compreensão daquilo que pode ser chamado de normal ou cotidiano”
(SKLIAR, p. 30, 1998).
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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477 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Como Fazer?
Claudio de Assis
UNIBAN.
E-mail: claudiodeassis@hotmail.com.
Marcio Hollosi
ESPM.
E-mail: marcio_libras @hotmail.c om.
I n tro d uç ã o
A pre ocup ação com o ensin o de m a te m á ti c a é s e m pr e c o l o c a do e m pa uta e a s
re inv indic ações q ue emerg em das no v a s te c no l o g i a s que e x i ge m m a i s ha bi l i da de s e
ra cio cino m a tem áticos. Pensand o entã o no s a l uno s s ur do s , us uá r i o s de um a l í ngua
dif e rent e q ue raramente é a m esma de s e u pr o fe s s o r c o m o s e da r á e s te a pr e ndi za do ?
1
Por tanto, la formula general de la pedagogía comparativa del niño normal y del niño anormal se adecua por
completo al problema de la pedagogía de la colectividad infantil que nos interesa.
478 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
f ra cio nári a, a/b , p ossui uma rep rese nta ç ã o de c i m a l , e que r e pr e s e nta um v a l o r na r e ta
numé rica. Para compreend er esse subc o ns tr uto , o a l uno pr e c i s a e nte nde r que há dua s
f o rma s para represen tarm os u m nú m e r o r a c i o na l , i s to é , a f o r m a fr a c i o ná r i a e a f o r m a
de cimal. P or exemplo, à represen taç ã o de c i m a l 0 , 5 0 na f o r m a fr a c i o na r i a é 1 / 2 .
O e n s i no d e f r a ç õ e s
EI X O : C URRÍ C UL O
O s p r oblem as
N os s o intuito é interp retar os di fe r e nte s s i gni fi c a do s a s s o c i a do s a o s núm e r o s
ra cio nais n a su a rep resentação frac i o ná r i a po r m e i o de pr o bl e m a s que a bo r da m o
s ubco ns t ru to p arte-todo. Com isso pr e te nde m o s o bs e r v a r s e e x i s te a l gum a r e l a ç ã o
ent re o s sinais em Lib ras e os sig ni fi c a do s a bo r da do s . Es c o l he m o s a l guns pr o bl e m a s
a pre s ent ad os p or Malaspina (2007) e D a m i c o (2 0 0 7 ), po i s s ã o c o nhe c i do s na c o m uni da d e
acadê mica e já f oram a p licados e e s tuda do s po r o utr o s pe s qui s a do r e s .
2
Americ an Sig n Lan gu a g e.
482 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re a l i z a ç ã o d a a t i v i d a d e e col et a de dados
EI X O : C URRÍ C UL O
Notamos nas figuras acima (2a, 3 e 4) o uso do espaço como elemento de ligação nesta
construção, fazendo com que uma sinalização específica para a barra de frações se faça
desnecessária. Este uso do espaço segundo Quadros e Karnopp (2004) é um dos elementos
centrais das línguas de sinais, que as diferenciam claramente das línguas orais.
Co n cl u s õ e s
N os s as análises a pon tam qu e a s di fi c ul da de s i de nti fi c a da s a s r e pr e s e nta çõ e s
f ra cio nári as, n o caso d esta pesqu isa , nã o e nv o l v e m ne c e s s a r i a m e nte a fa l ta de s i na i s
es pecíf icos em Lib ras. Assim com o ta m bé m o bs e r v a do po r S i l v a e A s s i s (2 0 1 3 ) i nv e r s õ es
da s representações ma tem a ticamente a c e i ta s , o u m e l ho r s ur ge m a pe na s qua ndo
procuram os sin tetiz ar o con texto d e um pr o bl e m a , us a ndo a l i ngua ge m m a te m á ti c a . N os
proble mas aqu i d iscutid os p erceb em o s que o s pa r ti c i pa nte s , de m o do ge r a l , s a bi a m qu al
re s po s t a deveria ser d ada, e a rep r e s e nta v a m de f o r m a que ti v e s s e s e nti do pa r a e l e s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ARA UJO, M. J. O ensino de números fracionários: problemas e perspectivas. João Pessoa: UFPB,
2010. 116p. Dissertação (Mestrado) – Prog rama de Pós-Graduação em Educação, Centro de
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CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W.D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais
brasileira. – 3º ed. – Ed. Edusp, São Paulo: 2008.
FELIPE, T. A. – Libras em contexto: Curso Básico: Livro do Estudante / Tan ya A. Felipe. 8ª. edição.
Rio de Janeiro: WalPrint Gráfica e Editora,2007
fundamental. São Paulo, 12, 13 e 14 set. 2012. Seminário proferido aos alunos do Prog rama de
Pós-Gradu ação em Educação Ma temática.
QUADROS, R. M.; KARNOPP, L.B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. 1ª. Ed. Porto
Aleg re: ArtMed, 2004.
RODRIGUES, M. A. S. Explorando números reais a tra vés de uma representação visual e sonora:
Um estudo das interações dos alunos do Ensino Médio com a ferramenta MusiCALcolorida. São
Paulo: UNIBAN, 2010. 243 p. Dissertação (Mestrado) – Prog rama de Pós-Graduação em Educação
Ma temática, Universidade Bandeirantes de São Paulo: São Paulo, 2010.
PIMENTA, S. G. A organização do tra balho na escola. Revista de Ande, São Paulo: v. 5, n. 11, p.
29-36, 1986.
SILVA, E. L., ASSIS, C. O que falta no ensino de números racionais para os alunos surdos? In:
Encontro Nacional de Educação Ma temática, 11 Curitiba, 2013.
I n tro d uç ã o
O presente tra b alh o tem com o tem a “A i m po r tâ nc i a da s m e to do l o g i a s no e ns i no de
jov e ns e ad ultos su rd os” . A motivaç ã o pe l o e s tudo s e de u no c o nta to c o m o s a l uno s
s urdos da E JA n a escola esp ecializ a da e m s ur de z. Q ua ndo pa r ti c i pe i do c ur s i nho
prepa ra t ório ao PRO Lib ras, 1 * con vivi di a r i a m e nte c o m o s e duc a ndo s , j á que o s m e s m o
f azia m o cu rsin ho e tam bém estud a v a m na EJ A , no pe r í o do de m a r ç o a m a i o de 2 0 1 1 .
1
Exame Nacional para Certificação de Proficiência no uso e no ensino da Libras e para Certificação de Proficiência
na tradução e interpretação da Libras/Português/Libras.
488 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ob j e ti v o s
A pes qu isa tem com o problem áti c a a s e gui nte que s tã o : a s m e to do l o g i a s uti l i za da s
pe lo s pro fessores d a EJA na ed ucaç ã o de S ur do s c o ntr i bue m pa r a a a pr e ndi za ge m do s
cont e údo s curriculares pelos ed ucando s ?
M e to d o l o g i a
A pes qu isa de campo realiz ad a é de a bo r da ge m de c a r á te r qua l i ta ti v o que te m c o m o
principal objetivo interp retar o fenôm e no que o bs e r v a na pr á x i s . D e a c o r do c o m L udk e e
André (1986, p. 11) “ a pesqu isa qu al i ta ti v a te m o a m bi e nte na tur a l c o m s ua f o nte di r e ta
de da dos e o pesqu isador com o seu pr i nc i pa l i ns tr um e nto . ” A pr i o r i f o i r e a l i za do na fa se
ex plora t ória um levantam ento bibliog r á fi c o a c e r c a do te m a pe s qui s a do , c o ns i de r a ndo q u e
es t e “le vantam ento b ib liog ráfico bem fe i to pe r m i te a o pe s qui s a do r pa r ti r do c o nhe c i m e n t o
já e xis t e nte [. . . ] d os con ceitos b em tr a ba l ha do s que v i a bi l i ze m s ua o pe r a c i o na l i za ç ã o n o
campo das h ip óteses f orm uladas” (MI N AYO 2 0 1 0 , p. 6 1 ).
procurand o estruturar no v a s f o r m a s de e ns i no m a i s a j us ta da s à r e a l i da d e
EI X O : C URRÍ C UL O
N es t e caso:
Figura I
2
Semiótica Imagética é a parte da semiótica geral ou uma ciência geral dos signos, um dos sistemas de
significação
3
. Obra de Platão.
493 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
F igura II
Em decorrência de tudo que já foi exposto, aponta-se para o fato de que nas práticas
metodológicas na EJA com educandos Surdos, a aprendizagem poderá se dar, de maneira
efetiva e satisfatória, se os usos das metodologias adotadas no ensino estiverem de acordo
com as necessidades do educandos surdos, em ordem psíquica, social, afetiva, linguística
e cognitiva. Isto significa que a metodologia será a ferramenta utilizada para alcançar a
aprendizagem de forma significativa, se for pautada em uma concepção de educação que
atenda as necessidades dos alunos surdos e bem aplicada em termos práticos.
Re s u l ta d o s d a p e s q u i s a
N es t a secção an alisarem os e ob s e r v a r e m o s o s da do s c o l e ta do s na s e ntr e v i s ta s ,
acerca das m etod olog ias n o ensin o de j o v e ns e a dul to s s ur do s , de um a e s c o l a
es pecializ ada em Belém . As ca tegori a s s i s te m a ti za da s no de c o r r e r de s ta s e c ç ã o ,
s e divide em: Form ação e Experiên c i a da s pr o fe s s o r a s da EJ A c o m a l uno s s ur do s ,
Plane ja mento, Metod olog ia, Avaliaç ã o da A pr e ndi za ge m .
2) Planejam ento
As entrevistadas planejam ju ntas a s a ul a s no s e u ho r á r i o pe da gó g i c o , a c e r c a do
currículo reg ular d a EJA faz end o sem pr e a s a da pta ç õ e s ne c e s s á r i a s pa r a c o m o publ i c o
que s e t ra b alh a. Nas entrevistas fic a c l a r a a ne c e s s i da de do pl a ne j a m e nto . A na r e l a ta
que qua ndo tra balha va com a EJA pa r a o uv i nte s , j á ti nha um c r o no g r a m a a s e gui r, m a s
com educand os surdos é bem difere nte , nã o dá pa r a r e a l i za r um a a ti v i da de s e m pl a ne j ar,
já que necessita ad equ ar os conteúdo s c ur r i c ul a r e s à s ne c e s s i da de s do s a l uno s .
planejar suas atividades, que irão trabalhar com os educandos surdos, no decorrer
das aulas. Além disso, o H.P ser ve para pesquisar novas metodologias, trocar
experiências e ajuda mutua entre os profissionais da educação envolvidos com a
modalidade de ensino da EJA com educandos surdos. Segundo Libâneo (2008 ):
D e s s e m odo:
Durante toda a entrevista foi sempre mencionada à adaptação curricular, o uso das
metodologias de ensino, que conduzem a aprendizagem do educando. Neste víeis a
adequação curricular se faz importante, pois leva em consideração o aluno especial, suas
limitações, suas possibilidades e principalmente sua peculiaridade no ensino-aprendizagem.
Significando que “os conceitos de adequação curricular e adaptações curriculares expressam
essa visão instrumental e flexível do currículo”(OLIVEIRA, 2004, P.61)
497 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
3) M e todologia
EI X O : C URRÍ C UL O
Ambas entendem metodologia como caminho que leva a aprendizagem, por isso
acreditam que os métodos de ensino estão ligados diretamente com a melhor forma de
conseguir fazer com que o educando surdo aprenda, levando em consideração os recursos
didáticos e adaptando o conteúdo programático com a necessidade do seu aluno.
Levantou os dois braços, com as mãos esquerda e direita a baixando, com as palmas
das m ãos u m pou co fech a da s e fe c ho u a s pe r na s . c o m a m ã o di r e i ta , m o s tr ou o
processo da pen etração do pê ni s no m e i o da s pe r na s . A s pe r na s r e pr e s e nta m a
figu ra do canal va g inal e na e j a c ul a ç ã o , o s e s pe r m a to zó i de s e ntr a m po r e le e
vão su bind o a té o an teb r a ç o e s que r do e di r e i to , que r e pr e s e nta m a s tr o m p as .
A mão esq uerda ou direi ta s o l ta um ó v ul o e e s pe r m a to zó i de c r uza v a m -s e e v ão
descend o a té o tronco, que na fi gur a r e pr e s e nta o ‘ s a c o v a g i na l ’ e s e fi x a m n o
útero. Algu m as semanas de po i s , o e m br i ã o c o m e ç a a c r e s c e r e , m o s tr a ndo o
tronco vai crescen do, engo r da ndo pa r a f o r a , ge r a ndo um a c r i a nç a de ntr o del e.
Ap ós nove meses, a ca be ç a s a i pe l o c a na l v a g i na l e ntr e a s pe r na s , na s c e n d o.
(CAMPELLO, 2007, p . 10 4 e 1 0 5 )
A utilização da pedagogia visual, não é gesto nem mímica, ela está pautada na
representação de signos. O educador faz uso de imagens, figuras, e da incorporação teatral,
isto é, dramatiza com o corpo, o que deseja mostrar e ensinar aos educandos surdos.
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
O es t udo f oi realiz ado em uma e s c o l a e s pe c i a l i za da e m s ur de z e l e v a nta a te m á ti c a
da s a dequações m etod ológ icas n o e ns i no a o s e duc a ndo s s ur do s , po i s o c o nte údo
curricular q ue a Sed uc d ispon ib iliz a a EJ A , nã o e s tá de a c o r do c o m a s ne c e s s i da de s
educa t ivas esp eciais, dos edu cand o s . D e s s a f o r m a , a s e duc a do r a s ne c e s s i ta m
cons t ant em ente adeq uar o conteúd o e bus c a r m é to do s e fi c a ze s pa r a e ns i ná -l o s .
Obser vei que, as educadoras da EJA têm um papel de extrema importância, que vai
desde a busca pelo saberes pedagógicos até os conhecimentos culturais, sobre a educação
dos surdos. Dessa forma, necessitamos de uma modificação curricular, metodológica e
didática aliada e entrelaçada aos conteúdos que serão ministrados aos educandos.
Em decorrência de tudo que já foi exposto, aponta-se para o fato de que nas práticas
metodológicas na EJA com educandos Surdos, a aprendizagem só dará de maneira efetiva
e satisfatória, se os usos das metodologias adotadas no ensino estiverem de acordo com as
necessidades do educandos surdos, em ordem psíquica, social, afetiva, linguística e cognitiva.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BARCELOS.Valdo. Educação de Jovens e Adultos: currículo e práticas metodológ icas. 2 a ed, Rio de
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500 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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EI X O : C URRÍ C UL O
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501 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
À primeira vista, parece-n os q ue a bo r da r que s tõ e s que g i r e m e m to r no do “c ur r í c ul o
de Língua Brasileira d e Sin ais” seja fá c i l , s e c o ns i de r a r m o s tã o s o m e nte que a c o nj unt u r a
a pós a s an ção da Lei 10. 436/2002 e do D e c r e to 5 . 6 2 6 / 2 0 0 5 s e j a fa v o r á v e l . Te m o s
pe rcebido qu e, a p artir da p romulgaç ã o de l e i s e s pe c í fi c a s pa r a o c a m po da l í ngua
502 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
No s s a co n c e p ç ã o d e c u r r í c ul o
Inicia l mente, a presen tarem os alguns c o nc e i to s que e s tã o i ne x tr i c a v e l m e nte
re la cio nados a nossa con cepção d e c ur r í c ul o . É r e l e v a nte po ntua r que e s s e s c o nc e i to s
f o ram de su m a importân cia p ara o n o s s o tr a ba l ho e , c o ns e que nte m e nte , pa r a a
cons t rução d a nossa p rop osta curric ul a r.
Silva (2001 apud MOITA, 2004) apresenta quatro visões de currículo e de teoria
curricular: (1) a visão tradicional – numa perspectiva humanista, essa visão concebe a
idéia de uma cultura conser vadora (estável e fixa) e o conhecimento é visto como um
fato, como informação, a escola e a educação são consideradas sob a ótica conser vadora;
(2) a visão tecnicista – em alguns aspecto, essa visão se assemelha à tradicional, no
504 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
No s s a m e t o d o l o g i a
EI X O : C URRÍ C UL O
No s s a pr o p o s t a c u r r i c u l a r
EI X O : C URRÍ C UL O
EI X O : C URRÍ C UL O
EI X O : C URRÍ C UL O
EI X O : C URRÍ C UL O
EI X O : C URRÍ C UL O
EI X O : C URRÍ C UL O
EI X O : C URRÍ C UL O
Apresentar a História dos Surdos no Mundo, especialmente a História da Educação dos Surdos
nos diferentes momentos históricos (idade antiga, média, moderna e contemporânea);
Apresentar tópicos de interesse para a discussão acerca da Cultura e Identidade Surda;
Demonstrar os diferentes tipos de tecnolog ias que podem ser úteis para as pessoas Surdas;
Discutir a História dos Surdos de Salvador;
Pontuar a importância das associações de Surdos;
Pontuar a importância dos movimentos Surdos para valorização da Língua de Sinais,
principalmente no que se refere à Lei da Libras.
Conteúdos/Voca bulário: Gramática:
EI X O : C URRÍ C UL O
Apresentar a História dos Surdos no que se refere aos diferentes momentos históricos (Idade
Antiga, Média, Moderna e Contemporânea);
Apresentar tópicos de interesse para a discussão acerca da Cultura e Identidade Surda;
Demonstrar os diferentes tipos de meios de comunicação que podem ser úteis para as pessoas Surdas.
Deba ter sobre o discurso da mídia sobre o surdo;
Pontuar a importância das associações de Surdos;
Pontuar a importância dos movimentos Surdos para valorização da Língua de Sinais.
EI X O : C URRÍ C UL O
Compreender os princípios das tecnolog ias de comunicação e da inf ormação que estão
acessíveis às pessoas surdas;
Deba ter a respeito do audismo e outras f ormas de exclusão/discriminação das pessoas surdas;
Discorrer a respeito das leis, decretos, mercado de tra balho e a importância dos movimentos
surdos para a implantação e implementação de documentos legais;
Discutir temas relacionados à ética, pontuando aspectos concernentes à polidez e ao
comportamento;
Pontuar as semelhanças e diferenças entre as metáf oras das línguas orais e das línguas
sinalizadas;
Respeitar as diferentes manifestações de lingua gens de diferentes g rupos sociais.
Conteúdos/Voca bulário: Gramática:
com sinais simples ou sentenças formadas com 2 sinais; uso de vocabulário básico ou
específico que esteja adequado ao nível de compreensão dos alunos; utilização de “flash
cards” para trabalhar a ampliação lexical; grupos de discussão/debate; seminários temáticos
apresentados pelos próprios alunos ou por membros da Comunidade Surda convidados.
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Enf im, con stru ir um currículo par a a di s c i pl i na de L i br a s a i nda s e c o ns ti tui um
de s af io, ten do em vista qu e ain da n ã o s e po de c o nta r c o m do c um e nto (s ) l e ga l (i s ) que
leg is le s obre a org aniz ação ou oferta de s s e c o m po ne nte c ur r i c ul a r.
Re fe rê nc i a b i b l i o g r á f i c a s
BARRETO, M.; BARRETO, R. Escrita de sinais sem mistérios. V. 1. Belo Horizonte: Edição do Autor, 2012.
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517 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
FELIPE, T. A. Libras em contexto: Curso Básico. 9 a ed. Rio de Janeiro: WalPrint Gráfica e Editora, 2009.
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MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as a borda gens do processo. 14 a reimpr. São Paulo: EPU, 2005.
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Representações Sociais de
EIXO : TRAD UÇÃO E IN TERPRETAÇ ÃO EM L Í N G UA D E S I N AI S
I n tro d uç ã o
N o co ntexto ed ucacional desde a dé c a da de 9 0 , e m funç ã o da i m pl a nta ç ã o da po l í ti c a
de inclus ão na E du cação Especial aum e nta r a m s i gni fi c a ti v a m e nte o núm e r o de c r i a nç a s
s urdas ma triculadas na escola regu l a r e , c o ns e que nte m e nte , a pr o c ur a po r I nté r pr e te s
Educa cio nais – IE s ou In térpretes de L í ngua s de S i na i s – I L S . To da v i a c o m o nã o ha v i a
núme ros d e profission ais f ormados, pa r a a tua r ne s ta á r e a , qua l que r pe s s o a que s o ube s s e
Língua de Sin ais e se d ispu sesse ao tr a ba l ho e r a po te nc i a l m e nte um i nté r pr e te .
Ob j e ti v o s
Objet iva-se neste estu do:
M e to d o l o g i a
Es t e estud o se con stitui em uma pe s qui s a de c a m po qua l i ta ti v a que de a c o r do c o m
Ludke e An dré (1986, p. 12) “ o ‘ sig ni fi c a do ’ que a s pe s s o a s dã o à s c o i s a s e à s ua v i da
s ã o f o co s de a ten ção esp ecial pelo pe s qui s a do r. ”
Q uad ro 1 – P e r fi l do s s uj e i to s da pe s qui s a
No m e Id ad e S ex o S ér ie
F ic tício
Ana 15 F 9 º a no
a no s
Ra y 16 M 6 º a no
a no s
Fonte: processo de coleta de dados – 2013
F u n d a m e n t a ç ã o Te ó r i c a
Seg un do as Leg islações sob r e a e duc a ç ã o de S ur do s - L e i nº 1 0 . 4 3 6 , L e i nº
12.319, é obrig a tória a existência do I nté r pr e te de L í ngua de S i na i s (I L S ) na s e s c o l a s
re gula res qu e possu em em seu qu adr o de a l uno s , e s tuda nte s s ur do s . To da v i a , o
de s empenh o técn ico d este profissiona l c o m o s i m pl e s tr a duto r pa r e c e nã o s e r f o r m a
s uf icient e para garantir a in clu são e duc a c i o na l do s e duc a ndo s s ur do s .
um viés para comunicar-se e compreender seu contexto a partir do que é conhecido. Assim,
a prática do Intérprete de Língua de Sinais no ambiente escolar gera símbolos, “significados
construídos coletivamente, compartilhado pelo grupo social e reinterpretado pelos subgrupos
e seus sujeitos, que estão sempre em atividade representacional, ou seja, constituído novos
sentidos que se ligam aos já existentes” (SILVA 2012, p.99).
Re s u l ta d o s e D i s c u s s ã o
D es t e m odo:
1
Disponível :http://www.google.com.br/search?hl=pt- Acessado em: 12/08/2013
525 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A c e s sibilidade ao es paç o es co l a r
O entrevistado Ray narrou as limitações de comunicação vivenciada na escola com os
demais alunos ouvintes e professores, afirmando que o dialogo “é difícil, porque a maioria
das pessoas não sabe libras. Tento perguntar algo e elas não entendem, só consigo que me
entendam quando estou com a intérprete de libras”. A entrevistada Ana expressou o mesmo
discurso do Ray sobre a dificuldade de comunicação com os atores sociais da turma.
sinais na sala de aula, abre-se a possibilidade do aluno surdo poder receber a informação
escolar em língua de sinais, por meio de uma pessoa com competência nesta língua”.
A e duc and a Ana corrob orou a fal a de R a y a fi r m a ndo que é “di fí c i l um po uc o , po r que
nã o cons ig o entend er tud o” .
d e f e n d e a h e t e r o g e n e i d a d e n a c l a s s e e s c o l a r, c o m o s i t u a ç ã o p r o v o c a d o r a
de interações entre crianças com situações pessoais as mais diversas.
Além desta interação, muito importante para o fenômeno das aprendizagens
recíprocas, propõe-se e busca-se uma pedagogia que se dilate frente às
diferenças do alunado.
A escola inclusiva, então, deve reorganizar o seu projeto político pedagógico, acabar
com os entraves de acessibilidade, capacitar os professores para trabalharem com os
diferentes alunos, não só os deficientes, mas todos em geral, respeitando e valorizando suas
identidades culturais. Na prática do ensino-aprendizagem, pesquisar novas metodologias que
conduzam o aluno ao conhecimento, para que este seja significativo, prazeroso e ativo.
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
As imagens das linhas entre os olhos do ILS e do educando e das mãos grandes do
intérprete estão ancoradas às características da Língua de Sinais, como língua visual-
espacial. Além disso, o professor de costa e a ausência dos alunos representa a objetivação
de uma situação vivida pelo aluno surdo na escola de não interação/comunicação com os
atores educacionais, cuja consequência é a dificuldade de aprendizagem dos conteúdos
escolares e um distanciamento no processo de inclusão escolar.
Re fe rê nc i a s
BEYER, Hugo Otto. Da integração escolar à educação inclusiva: implicações pedagógicas. In: BAPTISTA,
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Aleg re: Tomo Editorial, 2000. Disponível : http: / / w w w. go o gl e . c o m . br / s e a r c h? hl =pt- Acessado
em: 12/08/2013.
530 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Pôster
531 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Professores
Carla Rejane de Paula Barros Caetano
I n tro d uç ã o
O presente artig o almeja, a p rese nta r a r e l e v â nc i a da di s c i pl i na L í ngua B r a s i l e i r a de
Sina is ( L i bras) na f orm ação e prátic a c o ti di a na de a l uno s do c ur s o de pe da go g i a , da
Faculdade de Viçosa (FDV) e su a co l a bo r a ç ã o pa r a m uda nç a de po s tur a e m r e l a ç ã o a o
s urdo, den tro ou f ora do ambiente e s c o l a r. R e c o nhe c e ndo a i nda :
O g ra u de sa tisfação em relação à pr o po s ta da di s c i pl i na e a s ne c e s s i da de s di á r i a s d e
comunicação com su rd os
O c o n te x t o d a p e s q u i s a
A população estu dad a f oi con sti tuí da po r 3 0 a l uno s m a tr i c ul a do s na di s c i pl i na L í ngu a
Bra s ileira de Sinais n a Faculdad e de V i ç o s a (F D V ), no s e gundo s e m e s tr e de 2 0 1 0 . E
a unidade de ob ser vação f oi a sala de a ul a o nde a di s c i pl i na f o r a m i ni s tr a da . P a r a s e
alcança r os ob jetivos p rop ostos u til i zo u-s e da P e s qui s a do c um e nta l , r e c o r r e ndo -s e a
f o nt es bibliog ráficas relacion adas a o te m a , e l e v a nta m e nto a tr a v é s da a pl i c a ç ã o de
ques t io nários por acred itar q ue este r e c ur s o pe r m i te m e di r a s i nf o r m a ç õ e s c o l e ta da s e
ao mes mo tempo ref letir sob re as m e s m a s .
Os c u m p r i m e n t o s l e g a i s
A L i b ra s e m q u e s t ã o n o p r o ces s o de f ormação
Conf orm e alg umas p esq uisas há um a e s tr a té g i a , po r pa r te de i ns ta nc i a s
go vernam entais de u sar a Lib ras par a , s e gundo L o pe s (I n: L U C A S e M A D EI R A 2 0 1 0 )
incut ir na “ alm a” brasileira q ue som o s um pa í s bi l í ngue e que v i v e m o s s e m ba r r e i r a s
de aces s ibilidad e. Há portan to, auto r e s que r e c e i a m que a L i br a s e s te j a s e ndo um a
f errame nta política usada contra os s ur do s . U m a v e z que pe l o fa to de a L i br a s , a tr a v é s d o
de cret o Nº 5626/2005, se con stitui r e m di s c i pl i na o br i ga tó r i a no s c ur s o s de l i c e nc i a tur a,
com carga h orária g eralm ente de 40 h/ a , po de pa r e c e r s ufi c i e nte pa r a a f o r m a ç ã o de
prof es s ores com conh ecimento da si ngul a r i da de l i nguí s ti c a do s ur do , o que e s tá l o nge
de s e r. Como pod e ser obser vad o na c o ns ta ta ç ã o de que m a i s de 9 0 % do s pa r ti c i pa ntes
da pe s quisa afirm aram sen tir n eces s i da de de da r c o nti nui da de à di s c i pl i na c o m m a i s u m
s e mes t re. O qu e fica eviden ciad o no s de po i m e nto s a s e gui r, a r e s pe i to da ne c e s s i da de d e
cont inuidad e dos estud os d a discipl i na :
O que não parece se configurar de fato, com a inclusão da Libras num curso
para formação de professores, tal como o objeto deste artigo. Uma vez que conforme
os relatos apresentados 40 horas/aula mostram-se insuficientes para resultar em
um professor bilíngue tal como a legislação prevê para a educação infantil e anos
iniciais do ensino fundamental . Mesmo perante a constatação de que praticamente
uma maioria absoluta afirmou não está satisfeito com a carga horária da disciplina,
pôde-se observar que para muitos, dos sujeitos pesquisados, a disciplina mudou-lhes
o comportamento em relação ao sujeito surdo e sua realidade. O que se percebe na
declaração a seguir:
Com relação às dificuldades apresentadas pelos alunos, além da questão da carga horária
da disciplina destaca-se a teoria da Libras, onde um dos aspectos apontado foi em relação
à complexidade e a forma de exposição, dizendo-se ser cansativo e extenso. Também, em
relação à aula prática destacaram-se a velocidade em que os sinais são apresentados e
a necessidade de uma carga horária maior para treino dos sinais. No entanto, nenhum
respondente se mostrou insatisfeito com a disciplina, sendo que uma média de 23,4% dos
respondentes disse estar plenamente satisfeitos com a disciplina, 68% disseram estar
satisfeitos e apenas 10% afirmaram estar razoavelmente satisfeitos com a disciplina. Dos 30
participantes da pesquisa, 16 eram do 1º período de pedagogia e 14 eram do 8º período do
mesmo curso. A maioria destes ainda não atuavam na educação básica e muitos afirmaram
nunca fizeram uso dos sinais apresentados na disciplina, por não terem conato com surdos
ou por ainda não darem aula. E apenas 10% afirmaram usar eventualmente os sinais, sendo
que mesmo não dando aula, utiliza-se dos sinais com filhos ou irmãos ouvintes e amigos.
O que provavelmente colaborou para com algumas insatisfações foi o espaço curto de um
semestre. Principalmente numa turma com quase 50% de formandos, que na maior parte das
vezes se ausentavam ou tinha dificuldade em se reunirem para realização de trabalho, como
contação de histórias em Libras, onde ter-se-ia a oportunidade de aprender a língua por
meio de um discurso situado. E se tivesse sido possível uma maior interatividade, é provável
que deixar-se-ia de lado uma pedagogia centrada no código, que conforme GAGNÉ, 2002(
In: BAGNO, 2002) o foco está na qualidade da língua normativa e frequentemente purista,
para uma pedagogia centrada no uso do código, onde numa perspectiva sociolinguística
admite-se o caráter arbitrário de todo código linguístico, (o que é muito comum na Libras)
e coexistência de variedades de uso. Todavia o ensino teórico da Libras, dentro de uma
abordagem reflexiva, possibilita, conforme Gimenez, In: Freire(2005), possibilita a articulação
teórica-prática. Onde ( PIMENTA, 2002: 26) In: Freire (2005: 193), ressalta que:
O p a p el da teoria é ofe r e c e r a o s pr o fe s s o r e s pe r s pe c ti v a s de a ná l i s e p ar a
com preend erem os p roces s o s hi s tó r i c o s , s o c i a i s , c ul tur a i s , o r ga ni za c i o na i s e s i
m esmos como profission a i s , no s qua i s s e dá s ua a ti v i da de do c e nte , pa r a ne l es
in terferir, transf ormand o -o s . . .
Co n s i d e r a ç o e s f i n a i s :
A in clu são d a disciplin a de Li br a s na g r a de c ur r i c ul a r do s c ur s o s de l i c e nc i a tur a
cons t it uiu em m ais um passo em fa v o r da a c e s s i bi l i da de do s ur do na e duc a ç ã o . M e s m o
nã o t ornan do os professores efetivam e nte bi l í ngue s , o que de m a nda r i a o utr o ti po de
f o rma çã o , a d iscip lina tem fa voreci do a um a pe r c e pç ã o di fe r e nc i a da a r e s pe i to do s ur d o
e da s urd ez . M itos a resp eito do sur do e da l í ngua de s i na i s v e m s e ndo s upe r a do s e
o co nhe ci m ento sob re a cu ltura su r da te m s e di fundi do c o nf o r m e f o r a a pr e e ndi do no
t ra ns co rrer do tra balho realiz ad o. De s ta f o r m a o s pr o fe s s o r e s m e s m o nã o po de ndo s e
cons ide rar bilíng ues, p odem efetiva m e nte s e to r na r a ge nte s de i nc l us ã o .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
GAGNÉ, Gilles. A norma e o ensino da língua ma terna. In: BAGNO, Marcos. Língua ma terna,
letramento, variação e ensino. São Paulo. PARÁBOLA Editorial, 2002.
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Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Brasília, DF.
LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: O que dizem alunos,
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GESSER, Audrei. Libras? Que língua é esta?crenças e preconceitos em torno da Língua Brasileira
de Sinais e da realidade surda. Parábo la Editorial. São Paulo, 2009.
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pesquisadores defendem bilinguismo e peda gog ia surda. Revista da Feneis, Belo Horizonte, Nº 41,
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OLIVEIRA, Nádia de Fátima. Metodolog ia da pesquisa científica. São Paulo: Know How, 2010.
537 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
do Desenvolvimento do Raciocínio
Matemático em Alunos Surdos
através da Utilização do vmt-chat
Aline Terra Salles
Re s u mo
A e duc ação de surdos tem conq ui s ta do e s pa ç o s i gni fi c a ti v o no que s e r e fe r e à
re a lização de p esq uisas a b ord and o o de s e nv o l v i m e nto de s s e s s uj e i to s . To da v i a , o núm e r o
de pe s quisas realiz adas, tem se mo s tr a do i nc i pi e nte , pr i nc i pa l m e nte no que c o nc e r ne m
as prát icas ped a g óg icas direcionad a s pa r a e s s a pa r c e l a da s o c i e da de (A L M EI D A , 2 0 1 3 ) .
Em co ns on ância com tais argu m ento s , e s te e s tudo v i s a a pr e s e nta r o s r e s ul ta do s de uma
inves t igação interp elan do a u tiliz aç ã o de um a m bi e nte v i r tua l de a pr e ndi za ge m no e ns in o
de ma t emática (BAIRRAL, 2007) p ar a a l uno s s ur do s . O a m bi e nte v i r tua l de a pr e ndi za ge m
ut ilizado f oi o Virtu al Ma th Team s – (V M T-C ha t) que é um c ha t s i ngul a r c o m po s to de
duas pa rt es fu nd am entais: u m a desti na da à i ns e r ç ã o de m e ns a ge ns g r á fi c a s e a s e gun d a
a pro dução escrita. Com base na te o r i a hi s tó r i c o -c ul tur a l , s o br e tudo no s e s tudo s de
V ygo t s ky (1989), eleg em os como lóc us da pe s qui s a um a e s c o l a da r e de públ i c a m uni c ip al
de D uque d e Caxias localiz ada n a B a i x a da F l um i ne ns e , no Es ta do do R i o de J a ne i r o .
Part iciparam da p esq uisa, seis alun o s s ur do s do 8 º a o 9 º a no de e s c o l a r i da de e um a
prof es s ora d a sala de recursos m ulti func i o na l . U ti l i za m o s c o m o r e fe r e nc i a l m e to do l ó g i c o
o e s t udo d e caso, qu e conf orm e Ponte (2 0 0 6 ) te m c o m o o bj e ti v o c o m pr e e nde r
minucio s am ente uma entid ade b em de fi ni da , e x po ndo s ua i de nti da de e c a r a c te r í s ti c a s ,
ma s pre ci samente nos asp ectos qu e i nte r e s s a m o i nv e s ti ga do r. Es ta ndo e s te de a c o r do
com os pressup ostos d a pesqu isa qua l i ta ti v a (M I N AYO , 2 0 0 0 ; G L AT E P L ETS C H , 2 0 0 9 )
da qual, c on stituíram-se in stru m ent o s de c o l e ta de da do s : 1 ) o bs e r v a ç ã o pa r ti c i pa nte
538 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A b s tra c t
The deaf edu ca tion has become i nc r e a s i ngl y m o r e s i gni fi c a nt i n r e l a ti o n to the
conduct of research ad dressin g the de v e l o pm e nt o f the s e s ubj e c ts . H o w e v e r, the
number of research carried ou t h as be e n s ho w n i nc i pi e nt, e s pe c i a l l y r e ga r di ng te a c hi ng
pract ices d irected to this p ortion of s o c i e ty (A L M EI D A , 2 0 1 3 ). I n a c c o r da nc e w i th the s e
arguments, this stu dy aims to present the r e s ul ts o f a n i nv e s ti ga ti o n i nte r pe l l a ti ng the
us e o f a virtual learning environment i n m a the m a ti c s te a c hi ng (B a i r r a l , 2 0 0 7 ) to de a f
s t ude nt s . Th e virtual learning enviro nm e nt us e d w a s the V i r tua l M a th Te a m s - (V M T-C ha t )
is a unique ch a t wh ich is com posed o f tw o m a i n pa r ts : o ne f o r the i ns e r ti o n o f pi c tur e
me s s a ge s, and th e secon d to th e w r i tte n pr o duc ti o n. B a s e d o n the c ul tur a l -hi s to r i c a l
t he o r y, esp eciall y in the stu dies of V y go ts k y (1 9 8 9 ), w e e l e c te d a s the l o c us o f r e s e a r c h ,
a public school loca ted in Duq ue d e C a x i a s i n the B a i x a da F l um i ne ns e , i n the S ta te o f Ri o
de Jane iro. T he p articipan ts were s i x de a f s tude nts fr o m 8 th to 9 th g r a de a nd a te a c her
f ro m t he multifu nction al resou rce ro o m . We us e the c a s e s tudy a s the m e tho do l o g i c a l
f ra mework , wh ich as Pon te (2006) ai m s to tho r o ughl y unde r s ta nd a w e l l de fi ne d e nti ty,
ex pos ing its id entity an d ch aracteris ti c s , but pr e c i s e l y the a s pe c ts tha t i nte r e s t the
re s earcher. T his, being in accord anc e w i th the a s s um pti o ns o f qua l i ta ti v e r e s e a r c h
(MIN AYO, 2000; GLAT E PLET SCH, 2 0 0 9 ) w hi c h, w e r e the i ns tr um e nts o f da ta c o l l e c ti o n :
1) part icipant obser va tion (diar y n ote s fi e l d), 2 ) v i de o s ho o t ; 3 ) s e m i -s tr uc tur e d
int e r view and 4) tran scrip ts of text m e s s a ge s a nd g r a phi c a l fr o m the c ha t. The c o l l e c ted
da t a we re su bjected to con ten t an al y s i s tha t ha s a s r e fe r e nti a l B a r di n (1 9 9 7 ). We a l s o
highlight th a t th e results point to the r e -s i gni fi c a ti o n o f m a the m a ti c a l c o nc e pts a s w e l l as
t he ef f e ctiveness throug h the u se of v i r tua l e nv i r o nm e nts a nd i n pe r s o n m e di a ti o n.
I n tro d uç ã o
O presente texto tem por objetiv o a pr e s e nta r a s pe c to s de um a pr á ti c a do c e nte
inclus iva com alu nos da E du cação de J o v e ns e A dul to s (EJ A ), do I ns ti tuto de Educ a ç ã o
Pro f e s s o r Ismael Coutin ho (IE PC), lo c a l i za do e m N i te r ó i , R i o de J a ne i r o .
A docen te em pau ta ing ressou, e m 2 0 0 5 , na r e de Es ta dua l de Ens i no , no I ns ti tuto d e
Educa çã o Professor Ism ael Coutin ho (I EP I C ) c o m o pr o fe s s o r a de M a te m á ti c a e de pa r o u- s e
com alunos su rd os em su a sala de a ul a . Er a um de s a fi o , po i s e m s ua f o r m a ç ã o nã o ha v i a
re ce bido q ualqu er orien tação sobre e s s a pe r s pe c ti v a pr o v á v e l e m s ua v i da pr o fi s s i o na l .
Em 20 12, iniciou um conta to com a l uno s da EJ A e e m fe v e r e i r o , de s te m e s m o a no ,
inicio u t ra b alh o com as turm as 601 e 7 0 1 . A pó s a na l i s a r o pe r fi l da s tur m a s e v e r i fi c a r
que t ra balh aria com sete su rd os, doi s a uti s ta s que s ã o e s qui zo fr ê ni c o s e um a s ur da qu e
é a ut is t a ela se pergu ntou: “ e a g ora? ”
Partindo desta pergunta, sistematizamos a experiência e podemos afirmar que o objetivo
deste trabalho foi verificar a importância da visita dirigida ao museu interativo da matemática
através do tateamento experimental. Sabíamos que este poderia proporcionar caminhos para
a resolução de situações-problemas, despertando o interesse pela Matemática e tornando a
aprendizagem sobre a geometria mais significativa. Era nosso objetivo de ensino desenvolver
o raciocínio lógico e estimular a curiosidade dos alunos através da visita dirigida ao
Museu interativo da Matemática, interligando o estudo da Matemática com o cotidiano dos
540 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
dispostos. A nossa prática tem nos mostrado bons resultados na Pedagogia Visual, através de
projetos em parceria com a Universidade Federal Fluminense.
A l g u ma s q u e s t õ e s h i s t ó r i c a s
A Co nstituição Federal d o Brasil (1 9 8 8 ) e s ta be l e c e que “a e duc a ç ã o é di r e i to de to d os
e dev e r do E stado e d a família. . . ” e a i nda , que o e ns i no funda m e nta l é o br i ga tó r i o e deve
s e r g ra t uito, sen do sua oferta garanti da pa r a to do s o s que a e l e nã o ti v e r a m a c e s s o na
ida de próp ria.
A ma temática é geralmente tida como uma disciplina extremamente difícil, que lida
com objectos e teorias f o r te m e nte a bs tr a c ta s , m a i s o u m e no s i nc o m pr e e ns í v ei s .
Para algu ns se salienta o s e u a s pe c to m e c â ni c o , i ne v i ta v e l m e nte a s s o c i a do ao
cálcu lo. É u m a ciên cia u s ua l m e nte v i s ta c o m o a tr a i ndo pe s s o a s c o m o s e u q u ê
de especial. Em tod os e s te s a s pe c to s po de r á e x i s ti r um a pa r te de v e r da d e,
m as o facto é q ue em co nj unto e l e s r e pr e s e nta m um a g r o s s e i r a s i m pl i fi c a ç ão,
cujos efeitos se projecta m de f o r m a i nte ns a (e m ui to ne ga ti v a ) no pr o c e s s o d e
ensin o-a prend iz a g em .
1
CAT - Comitê de Ajudas Técnicas. Ata da Reunião VII, de dezembro de 2007 do Comitê de Ajudas Técnicas.
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (CORDE/SEDH/PR), 2007. Disponível em:
<http:// http://www.mj.gov.br/corde/comite.asp Acesso em: 16 set. 2009.
543 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
apoio especial. No caso da matemática, infelizmente no Brasil, raros são os que não estão
P ÔS TER
nesta situação. Os autores nos chamam a atenção também para o fato de que as tecnologias
assistivas são um conjunto de ações que não demandam somente o uso de recurso material.
Era preciso saber se essa prática docente seria bem recebida pelo turno da noite,
nas turmas de EJA. A opinião dos alunos sobre a possibilidade de fazermos um
turismo pedagógico foi perguntada, pois muitos iniciam sua jornada de trabalho às
quatro horas da manhã e retornam às suas casas somente por volta de meia noite.
Eles aceitaram a proposta.
Co n cl u s ã o
A vis ita ao M useu p rop iciou aos a l uno s da EJ A um a a ti v i da de c ul tur a l que m ui to s
nã o ha v iam exp erim entado, pois a ma i o r i a do s no s s o s a l uno s s ã o tr a ba l ha do r e s que
a bandonaram a escola há muitos ano s a tr á s . A s s i m e s ta a ti v i da de nã o po de r i a te r s i do
me lhor!Podemos con trib uir p ara a q ue br a de ba r r e i r a s c o m o f o i o c a s o da a l una que é
s urda e au tista. E la tem 29 anos e f o i a pr i m e i r a v e z que e l a s a i u s e m a m ã e . El a e s ta va
ra diant e . Assim qu e cheg am os ao mus e u e l a i nte r a g i u c o m o s m a te r i a i s po r l i v r e e
es pont â nea von tad e. Particip ou e ac e r to u m ui ta s a ti v i da de s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BARBIERI, José Carlos. Produção e transferência de tecnolog ia. São Paulo: Ática, 1990.
DOMINICK, Rejan y dos Santos. Projeto de Pesquisa As “artes de fazer” a educação em ciclos:
tecnolog ias e f ormação de Peda gogos II. Universidade Federal Fluminense, Mímeo: 2012.
ROCHA, Aila Narene Dahwache Criado; DELIBERATO, Débora. “Tecnolog ia assistiva para a
criança com paralisia cerebral na escola: identificação das necessidades”. Rev. bras. educ.
545 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
______. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educa tivas especiais.
Bra s ília: U NESCO , 1994.
546 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A Construção do Currículo de
P ÔS TER
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduada em Matemática pela
Universidade Luterana do Brasil e em Letras/Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora de
Matemática e Língua de Sinais.
Graduado em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor de Matemática.
A língua é a prin cip al marca d a di fe r e nç a e ntr e s ur do s e o uv i nte s , s i m bo l i za a c ul tu r a
s urda, é a rep resentação da comun i da de s ur da , c o nf o r m e o s e s tudo s de L o pe s e Ve i ga -
N et o ( 200 5). A Lib ras é a líng ua n a tur a l do s s uj e i to s s ur do s e f o i s e de s e nv o l v e ndo
de nt ro das com un id ades su rd as com o pa s s a r do s a no s . D i fe r e -s e da l í ngua o r a l po r ter
uma modalid ade g estual-visual, ou s e j a , é c o m po s ta de e x pr e s s õ e s fa c i a i s e c o r po r a i s
(QUAD ROS e KARNOPP, 2005). Hoje, e m no s s o pa í s , a L i br a s é r e c o nhe c i da c o m o pr i m e i r a
língua do s surdos brasileiros, tend o o po r tuguê s – na m o da l i da de e s c r i ta – c o m o
s e gunda lín gu a. Ao falarm os d e edu c a ç ã o de s ur do s , a ní v e l po l í ti c o , é pr e c i s o to m a r a
Libras com o in stru m ento fu nd am ent a l de c o m uni c a ç ã o pa r a o e ns i no ; a ní v e l pe da gó g i c o,
ex is t em ain da ou tros fa tores qu e dev e m s e r l e v a do s e m c o ns i de r a ç ã o , ta i s c o m o c ul tura,
ide nt ida de, alteridad e, d iferen ça, en fi m , o s di fe r e nte s m o do s de s e r s ur do , c o m o
cara ct e riz a T homa (2013) a seg uir:
I d e n ti d a d e e c u l t u r a s u r d a s
A co nstrução d a id entid ade d o s ur do v a i s e ndo f o r m a da no us o da l í ngua de s i na i s ,
onde e le p ode trocar in f ormações, c o ns tr ui r c o nhe c i m e nto e m o s tr a r s e nti m e nto s de
ma neira seg ura e eficaz . Perlin (20 1 3 ) r e a fi r m a a e x i s tê nc i a de um a c ul tur a s ur da –
dif e rent e d a cultu ra ou vinte – e mo s tr a a i m po r tâ nc i a da v i s ua l i da de , f o r ta l e c e ndo a
língua de sin ais com o prin cip al mar c a da c ul tur a s ur da .
E l e me n t o s n e c e s s á r i o s p a r a um currículo adequado
Através de nossas experiências como professores de surdos e aluna surda, 1* percebemos
que o ensino de matemática requer estratégias adequadas na sala de aula, que valorizem
a recepção visuo-gestual, com o uso de materiais concretos, jogos e aulas que desafiem o
aluno a pensar, a levantar questões e encontrar respostas. Sobre currículo, percebemos que
os objetivos podem ser os previstos no PCN e com o mesmo número de etapas, mas devendo
haver a possibilidade de adaptações ou ordenamento diferenciado, com práticas que prezem
a cultura surda. Nesse sentido, a escola Beta tem um currículo adequado.
1 O autor é ouvinte, professor de surdos; a autora é surda, professora de surdos. Neste capítulo mostramos um
misto de experiências como professores (no caso de ambos os autores) e como aluna (no caso da autora).
550 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Após as análises dos currículos e discussões, percebemos que a educação matemática
na educação de surdos deve focar na cultura visual dos alunos, com material ilustrativo,
abusando das cores para marcar as diferenças, destacando tópicos e proporcionando o
diálogo em Libras, ao mesmo tempo que encoraja o aprendizado do português. O uso de
uma metodologia específica, com planejamento de aulas atendendo as diferenças culturais
e a criação de projetos que envolvam esses educandos faz com que eles possam construir
seus próprios conceitos, pensar suas necessidades. Assim, o aluno poderá pensar o
conteúdo, entender e elaborar suas perguntas, formulando suas próprias conclusões.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
P ÔS TER
L O PE S, Ma ura Co rc ini; VEIG A-N E T O, Alfred o. Marcadores culturais surdos: quando eles se
constituem no espaço escolar. F lo ria n óp olis: PE RSPE CT IVA, v. 24, n . E sp ecial, ju l/d ez
2006. P. 8 1 -1 0 0 .
PERLIN, Gladis Teresinha. Identidades surdas. In: SKLIAR, Carlos. (Org.) A surdez: um olhar sobre
a diferença. Porto Aleg re: Mediação, 2005.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos
linguísticos. Porto Aleg re: Artmed, 2004.
THOMA, Adriana da Silva. Educação Bilíngue para surdos no contexto da educação inclusiva. In:
MORAES, Salete Campos de. (Org.). Educação inclusiva: diferentes significados. Porto Aleg re - RS:
Editora Evang raf, 2011. (p. 129-140)
Bolsista Proatec/UERJ.
I n tro d uç ã o
A partir d o sécu lo XVIII, a parece m a s i nf o r m a ç õ e s de s ur do s e m s i tua ç õ e s
educacionais. Con f orme rela ta Sá (2 0 0 2 , p. 5 2 ), a e duc a ç ã o de s ur do s i ni c i o u-s e e m
Paris , 175 6, com um g ru po d e crianç a s s ur da s , qua ndo o P a dr e A b bé l ’ Épé e i nte r e s s o u -
s e pe la in stru ção daq uelas crian ças . A pe que na e s c o l a c r e s c e u; r e c e be u o a po i o r e a l
e a s s im gan hou fama in ternacional. R o c ha , a pud S a c k s (1 9 9 8 ), no s c o nta que o a ba de ,
as s ociando sin ais a figu ras e pala vr a s e s c r i ta s , e ns i no u o s s ur do s a l e r e c o m i s s o de u -
lhe s o acesso aos con hecim entos e à c ul tur a do m undo .
Brito (1993, p. 4) relata que a primeira escola para surdos no Brasil foi fundada pelo
imperador D. Pedro II em 1856, o Instituto dos Surdos-Mudos (ISM), influenciado pela obra
do francês Huet. Segundo Rocha, apud Jannuzzi (2006), o educador Eduard Huet, surdo
congênito, ficou incumbido pelo imperador de organizar o primeiro educandário para o
ensino dos surdos e, complementando essa ideia, relata que o Instituto teve a denominação
alterada por duas vezes: em 1857 para Instituto Nacional dos Surdos-Mudos (INSM) e,
posteriormente, em 1957 para Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
2 . M e to d o l o g i a
Executou-se a proposta de criação dos modelos didáticos tridimensionais centrados
em embriologia e histologia, sendo confeccionados o sistema reprodutor feminino interno
e fases do desenvolvimento embrionário humano, adequando-se aos temas transversais
como, por exemplo, saúde e orientação sexual. E também um vídeo didático explicativo
sobre os materiais produzidos. Segundo Krasilchik (2004), o uso de diferentes modalidades
didáticas é sempre recomendável, uma vez que cada uma delas exige soluções próprias no
processo ensino aprendizagem, além de conseguir chamar a atenção dos alunos, sanando
as dificuldades individuais de cada um, tornando o ensino mais dinâmico e atraente. Sob
orientação, foram produzidos modelos biológicos tridimensionais, coloridos, para que possam
ser utilizados como facilitadores no processo ensino-aprendizagem, complementando o
conteúdo escrito nos livros-textos em libras. Além do lado visual do modelo, o estudante
pode manipular o material, o que torna a aula atraente e compreensível.
3 . Di s c ut i n d o a s a p l i c a ç õ e s ma t erial produzi do
A ut iliz ação de modelos d id ático s , c o nfe c c i o na do s e m m a s s a de bi s c ui t, é um ó ti m o
re curs o para o ensin o de b iolog ia, e po de s e r a do ta da pe l o s pr o fe s s o r e s pa r a uti l i za r
t ant o com alu nos ouvin tes com o não o uv i nte s , de v i do à fa c i l i da de de m a ni pul a ç ã o
e pre paração d o m a terial. Além disso , de a c o r do c o m A gui a r (2 0 0 3 ), e s s e m a te r i a l
a pre s ent a cu stos b em red uz id os, o que to r na a pr o duç ã o de s s e s m o de l o s ba s ta nte
aces s ív e l a qu alq uer edu cador.
4 . Co n cl u s ã o
Es pe ra-se qu e o m a terial d id átic o pr o duzi do e pr o po s to c o m o i ns tr um e nto de e ns i no
po s s a con trib uir efetivamente para a f o r m a ç ã o de c o nc e i to s po r e s tuda nte s s ur do s ,
f a vore ce nd o com petências, a resolu ç ã o de pr o bl e m a s , e a c o ns tr uç ã o e a pr e e ns ã o
de conce i tos relacion ados à Biolog i a . Es pe r a -s e , a i nda , que c o ntr i bua ta m bé m pa r a a
f o rma çã o in icial d e professores q ue, di a nte da s no v a s m uda nç a s e duc a c i o na i s , po s s a m
f aze r us o dos m odelos como uma es tr a té g i a de e ns i no .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
AGUIAR, L. C. C. Modelos biológ icos tridimensionais em porcelana fria – alterna tiva para a
confecção de recursos didáticos de baixo custo. In: Anais: II Encontro Reg ional de Ensino de
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556 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
KRASILCHIK, M. Pra tica de Ensino de Biolog ia. 4ª ed. São Paulo: EDUSP, 2004.
ORLANDO, T. C. et al. Planejamento, monta gem e a plicação de modelos didáticos para a borda gem
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Amazonas, 2002.
SACKS, O. Vendo vozes: uma via gem ao mundo dos surdos. Tradução de Laura Teixeira Motta. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998.
- TV, chat’s para conversação, biblioteca, filmoteca, mapoteca, jogos pedagógicos e sociais;
559 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
ent re o ut ras);
Citamos o caso do aluno Xande¹ que começou a ter apoio no CAS em 2009: a família
deste aluno procurou a coordenadora para conversar, uma vez que ele já estava com 33
anos, não sabia ler e escrever, além de não possuir nenhuma forma de comunicação, a
não ser através de gestos criados pela família. E para piorar a situação não conseguia
emprego. A coordenadora orientou a família de Xande a matriculá-lo numa escola de ensino
regular (EJA), no turno noturno, para que o mesmo fosse incluído no ensino regular.
Re s p o ns a b i l i d a d e s
A implan tação d o CAS implica aç õ e s i nte g r a da s e ntr e o M i ni s té r i o da Educ a ç ã o
(MEC), Secretarias d e Ed ucação d os Es ta do s e D i s tr i to F e de r a l o u do s M uni c í pi o s , c o m
compet ências p reesta belecid as p ar a c a da e s fe r a a dm i ni s tr a ti v a .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL. M inistério da Educação. Secre taria de Educação Especial. “Política Nacional de Educação
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VIEIRA-MACHADO, Lucyenne Ma ttos da C. “Traduções e marcas culturais dos surdos ca pixa bas
: os discursos desconstruídos quando a resistência conta a história”. Dissertação (mestrado) –
Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Educação:Vitória, 2007
FELIPE, T.A. “Políticas Públicas para a Inserção da Libras na Educação de Surdos”, Revista
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LODI, Ana Claudia b. e LACERDA, Cristina B. F. de (Org.), “Uma Escola, Duas Línguas: Letramento
em Língua Portuguesa e Língua de Sinais nas Eta pas Iniciais da Escolarização”. Porto
Aleg re:Mediação, 2009.
QUADROS, R.M. (Org.). “Estudos Surdos I”, Petrópolis, RJ: Arara Azul,pp14-37, 2006.
ROCHA, S. M. da, “O INES e a Educação de Surdos no Brasil”. Vol 1, 2ª edição (dez/2008) – Rio de
Janeiro: INES/2008.
562 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
E s tra té g i a s d e e n s i n o
O camin ho p ara a escola Bilín gu e , c o nf o r m e pr e v ê o D e c r e to N . 5 6 2 6 de 2 0 0 5 , e s tá
em andam ento em m uitos estados do B r a s i l , no e nta nto , a i nda há um a l o nga j o r na da pa r a
que realmente seja efetivada, devid o a i núm e r o s fa to r e s . P o r ta nto , a S e c r e ta r i a M uni c i p al
de Educa ç ão - SE M ED, de Cam po Gr a nde no M a to G r o s s o do S ul , te m bus c a do e s tr a té g i as
pa ra melhor a tend er aos alu nos su r do s e m e s c o l a s de e ns i no c o m um i nc l us i v a s , a té qu e
a e s cola Bilíng ue seja d e fa to u m a r e a l i da de . D e s s a f o r m a , a S EM ED c o nta c o m a D i v i s ão
de Educa ç ão Especial - DEE , q ue a tr a v é s da e qui pe do N úc l e o de A po i o P e da gó g i c o a o
563 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
É relevante destacar que, segundo Fernandes (2006), a meta da leitura para alunos
surdos deve ser a compreensão, o que significa trabalhar com textos e não com vocábulos
isolados e declara, “ler não é reconhecer palavras isoladas, mas, sim, compreender e
negociar sentidos na interação com o texto escrito” (2006,p.10). Para Fernandes:
Re l a to d e e x p e r i ê n c i a
Para alcançar o desafio da leitur a , c o m pr e e ns ã o e i nte r pr e ta ç ã o de te x to do s a l uno s
s urdos , f oi criado p ela eq uipe d e Fe r na nde s , um r o te i r o de l e i tur a , que c o m pr e e nde c i n c o
et a pas , quais sejam:
565 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ALV EZ, C. B. ; FE RREIRA, J; DAMÁ Z I O , M . A bo r da ge m B i l í ngue na Es c o l a r i za ç ã o de
Pes s oas com Surdez . Vol. 4. Coleção : A Educ a ç ã o Es pe c i a l na P e r s pe c ti v a da I nc l us ã o
Es colar. M in istério d a Ed ucação: Bra s í l i a ; U ni v e r s i da de F e de r a l do C e a r á : F o r ta l e za ,
2010.
Anexo I
P ÔS TER
Ane xo I
Ca mp o G r a n d e
Campo Gran de é u m m un icípio do B r a s i l e a c a pi ta l do e s ta do de M a to G r o s s o do S u l ,
na reg ião Centro-O este.
Anexo II
P ÔS TER
a ( ) Cu ib á b ( ) Cam po G r a nde c ( ) D o ur a do s
a ( ) E m 26 de a gosto d e 1 8 9 9 .
b ( ) E m 25 de a gosto d e 1 8 9 9 .
c ( ) E m 26 de a gosto d e 1 8 6 9 .
a ( ) Cidad e Preta b( ) C i da de M o r e na c ( ) C i da de
Ve r m e l ha
a ( ) 108 anos b ( )1 1 1 a no s c ( )1 0 7 a no s
570 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Margareth Diniz
Tradutora e Intérprete de Libras-Português da Universidade Federal de Juiz de Fora, graduada em Letras com
habilitação em Libras pela UFSC e membro do Grupo de Estudos em Educação de Surdos (Gees).
I n tro d uç ã o
V á rias p olíticas lin gu ísticas tem s i do i m pl e m e nta da s no B r a s i l a o l o ngo da hi s tó r i a ,
s e limit a nd o, p orém, a con ferir ao P o r tuguê s o l uga r de úni c a l í ngua . N ã o r e c o nhe c e nd o
que s ão falad os a proxim adamente o utr o s 2 0 0 i di o m a s m ui to s de nó s s o m o s l e v a do s
a a credit ar qu e no Brasil fala-se som e nte o P o r tuguê s . C o ntudo , a po nta ndo pa r a a
divers ida de ling uística b rasileira, é po s s í v e l e num e r a r di v e r s o s g r upo s l i nguí s ti c o s , c o mo
as comun id ades in dígen as, com un id a de s de i m i g r a nte s , c o m uni da de s e m r e g i õ e s de
f ro nt eira (n a m aioria h ispan o-falan te s ) e a s c o m uni da de s de s ur do s (C AVA L C A N TI , 1 9 9 9 ) .
A s a t i v i d a d e s d e s e n v o l v i d a s n o p r o j e t o C o n h e c e n d o e P r a t i c a n d o Tr a d u ç ã o e
Interpretação de Libras-Português na UFJF são: acompanhamento e apoio durante
os eventos em que as traduções e interpretações sejam solicitadas; observação
das atividades desenvolvidas pelas tradutoras da universidade; atuação junto às
tradutoras/ intérpretes em pequenos eventos, como cursos de extensão, atendimento
ao público surdo, pequenas palestras, entre outros; reflexão teórica sobre os
processos envolvidos nos momentos das traduções e interpretações. Os objetivos
deste projeto são o de propiciar a formação e o conhecimento (prático e teórico)
dos alunos da UFJF sobre Libras, educação de surdos e tradução/ interpretação
de Libras-Português; promover o aperfeiçoamento das habilidades de tradução e
interpretação dos alunos da UFJF; motivar a reflexão sobre os efeitos de modalidade
(língua de sinais-língua oral/ escrita) na tradução/ interpretação; propiciar a
participação dos alunos nos momentos de tradução e interpretação. E os critérios
para participação no projeto é que o aluno esteja regularmente matriculado em
algum curso da UFJF; tenha fluência em Libras comprovada por meio de entrevista;
a p r e s e n t e h i s t ó r i c o e s c o l a r, c o m p r o v a n d o b o m d e s e m p e n h o a c a d ê m i c o ; e t e n h a
disponibilidade de 12 horas semanais.
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
P ÔS TER
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL. Decreto n. 5.626, publicado no D.O.U. em 22 de dezembro de 2005.
JUNIOR, L., MARTINS, M. C. (Comp.). História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência
no Brasil. - Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos
Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010. 443p. : il. 28X24 cm.
QUADROS, R. M.; PATERNO, U. Políticas linguísticas: o impacto do decreto 5.626 para os surdos
brasileiros. Espaço, v. 25, p. 19-25, 2006.
Pimentel Alexsander
Letras CCAA/RJ.
Moreira Douglas Gonçalves
I n tro d uç ã o
Muit o se fala d e in clu são d e pess o a s c o m de fi c i ê nc i a no tr a ba l ho e na e duc a ç ã o , m as
po ucas s ão as pessoas qu e têm postur a de a c e i ta ç ã o di a nte de l a s . N a v e r da de , o que
ocorre é o qu e destaca Sou z a e Goes (1 9 9 9 ):
Assim, vemos que falta a adoção de uma postura de adaptação que diz respeito a dar voz
a esses que chegam para que possam expressar seus pensamentos e a verbalizar o que é
bom pra eles. Mas não é só dar voz, pois depois de saber as especificidades, é preciso ter
uma postura de inclinação à prática de atendimento às necessidades que foram levantadas.
No meio educacional esta tem sido a grande dificuldade, pois apesar de ser o espaço
onde se humaniza, muitas vezes é o lugar onde mais se exclui, onde as diferenças são
apagadas e a diversidade é ocultada, tudo isso em busca de uma padronização de ser, dizer e
pensar.
1
Cinesiologia é o estudo do movimento humano e Libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais.
578 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
O s u rd o n o e n s i n o s u p e r i o r
É ca da vez m aior o nú m ero d e e s tuda nte s s ur do s que i ng r e s s a m no e ns i no s upe r i o r
no Bra s il. Seg un do d ados do Min isté r i o da Educ a ç ã o , e m 2 0 0 3 , a pe na s 6 6 5 s ur do s
580 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
O s u rd o d a e d u c a ç ã o f í s i c a
Segun do SOARE S ( 92), Cultu ra C o r po r a l do M o v i m e nto H um a no é um
A Educação Física trabalha, num sentido amplo, com prevenção de determinadas doenças
e também é fundamental na formação básica do ser humano, devido sua atuação no contexto
psicossocial do conhecimento corporal, suas possibilidades de ação e limitações. É a área de
atuação do profissional formado em uma Faculdade de Educação Física.
O s u r d o n a s a u l a s d e c i n e s i olog ia
F a remos u m a breve exposição d a C i ne s i o l o g i a a o l o ngo de s ua hi s tó r i a , e c o m o ho j e
po de s er u tiliz ad a com o m eio p ara c o m pr e e nde r a s f o r ç a s que a ge m s o br e o c o r po
huma no. C inesiolog ia é a ciência qu e e s tuda o m o v i m e nto hum a no . Q ua nto a e ti o l o g i a , o
t ermo é u m a ju nção d e pala vras g rega s : “k i ne i n”, que s i gni fi c a m o v e r e “l o go s ” e s tuda r
(FERREIRA, 2004).
A o r ig e m e o d e s e n v o l v i me n to da c inesiolog ia:
Aris t óteles (384-322, a. C), o “ pa i da c i ne s i o l o g i a ”, f o i o pr i m e i r o a de s c r e v e r a a ç ão
do s mús cu los. (RASCH & BURKE , 19 7 7 ). A s e gui r, A r qui m e de s (2 8 7 -2 1 2 a . C ) e o s s e us
princípios h id rostáticos esclarecera m o m e c a ni s m o de f l utua ç ã o do s c o r po s . O pr i m e i r o
a def ender q ue o movim ento hu m ano e r a r e s ul ta nte da c o ntr a ç ã o m us c ul a r f o i G a l e no
(131- 202 d. C). Posteriormente, h ouv e um pe r í o do e m que na da f o i a c r e s c e nta do a o s
es t udo s da cinesiolog ia. Depois d e m a i s de 1 0 0 0 a no s , L e o na r do da V i nc i (1 4 5 2 -1 5 1 9 )
re t o mou o estud o da relação movim e nto , c e ntr o de g r a v i da de , e qui l í br i o c o r po r a l e c e nt r o
de re s is t ência. RASCH & BURKE (19 7 7 ) .
O S u rd o e s t u d a n d o c i n e s i o l ogi a
Com base nestas dificuldad es, a pr o fe s s o r a de c i ne s i o l o g i a , o a l uno s ur do e o
int é rpret e Libras p assaram a reu nir-s e dua s v e ze s po r s e m a na , po r c e r c a de m e i a ho r a
ant e s do h orário d a aula. Com eçaram a a na l i s a r o s c o nc e i to s a pa r ti r do s m e m br o s
s upe riores, então a partir d a exp lica ç ã o da pr o fe s s o r a , c o m m e di a ç ã o do i nté r pr e te , o
aluno s urd o deveria in ven tar um sina l que f o s s e a pr o pr i a do a que l e c o nte x to .
P ÔS TER
P ÔS TER
P ÔS TER
P ÔS TER
P ÔS TER
O s u rd o c o m a c i n e s i o l o g i a nas mãos
D ura nte o d esen volvim ento do p r o j e to , o a l uno s ur do j á e s ta v a s upe r m o ti v a do
e e nv o lvid o, p ois a a p ren diz a gem pa s s o u a s e r s i gni fi c a ti v a , e l e de i x o u de s e r um
s e r pas s ivo em sala de au la e teve a po s s i bi l i da de de c o ns tr ui r s e u pr ó pr i o s a be r. O
int é rpret e tam bém se sentiu m uito m a i s e fi c i e nte e m s ua s i na l i za ç ã o e m s a l a , po i s a o
ouvir as p ala vras d itas p ela p rofesso r a nã o m a i s pr e c i s a r e c o r r e r a o r e c ur s o do a l fa be t o
ma nua l, m as sim aos sin ais convenc i o na do s . A pr o fe s s o r a , da m e s m a f o r m a , e m c o nta t o
com a realidad e da p essoa su rd a, p o de m e m o r i za r a l guns s i na i s e s pe c í fi c o s . R e l a to s
da s t rês p artes d e qu e a professora , e nqua nto fa l a v a c o m o s a l uno s o uv i nte s s o br e o
eix o ho riz ontal, aca b a va faz end o o s i na l , j á que fe z pa r te da pe s qui s a e c r i a ç ã o e s a bi a
que e s t e tin ha sid o convencionad o. C o m i s s o , nã o s ó a a pr e ndi za ge m do a l uno s e to r no u
muit o mais eficiente, mas tam bém a r e l a ç ã o e i nte r a ç ã o c o m o pr o fe s s o r s e fe z m e l ho r.
591 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P ÔS TER
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Muit o se fala d e in clu são h oje em di a , m a s po uc a s s ã o a s a ç õ e s e fe ti v a m e nte
de s envolvid as em prol d esta causa. I s s o po r que , de fa to , nã o s e s a be a o c e r to o que
f aze r. Is s o não n os f oi ensin ado n a g r a dua ç ã o e tã o po uc o ti v e m o s o po r tuni da de s s o c i ai s
de de s envolver h a b ilid ades de con v i v ê nc i a c o m pe s s o a s c o m de fi c i ê nc i a o u qua i s que r
ma nif es t ações d e diversidad e. E ntão o que no s c o ns o m e é um a po s tur a pr e c o nc e i tuo s a
dia nt e destas situ ações. E sa b em os que a i nc l us ã o é um m o v i m e nto s o c i a l e que a s m i c r o
ações de vem somar-se a outras para c r i a r f o r ç a s e a s s i m a ti ng i r o bj e ti v o s c o m um no q u e
s e re f e re à vid a dign a e hu m ana.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL, Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005. Brasília: Presidência da República, Casa Civil,
Subchefia para assuntos jurídicos
BISOL. Cláudia Alqua ti. VALENTINI, Carla Bea tris; SIMIONI, Janaína Lazzarotto; ZANCHIN,
Jaqueline. Estudantes surdos no ensino superior: ref lexões sobre a inclusão. Cad. Pesqui. vol.40
no.139 São Paulo Jan./Apr. 2010
BURKE, Roger K; RASCH, Philip: Cinesiolog ia e Anotamia Aplicada. 5ª edição. Editora Guana bara
Koogan, 1983.
KENDALL, F.P. Músculos: provas e funç ões. 5ª edição. São Paulo: Manole, 2007.
KAPANDJI, A.I. Fisiolog ia articular. vol 1, 2 e 3. 5ed.São Paulo: Panamericana; Rio de.Janeiro:.
Guana bara.Koogan,.2000.
593 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
SILVA, Lídia Língua Brasileira de Sinais – Libras. Curitiba: Editora Fael, 2010.164p.
P ÔS TER
SKLIAR, Carlos (Org.). A Surdez: u m olhar sobre as diferenças. 2ª. ed. Porto Aleg re: Mediação,
2001, p. 7-32.
SMITH, Laura K.; Weiss, Eliza beth L.; LEHMKUHL, L. Don. Cinesiolog ia Clínica de Brunnstrom. 5ª
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Soares, C. L. et al. Metodolog ia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992, p.38.
SOUZA, R.M. e GÓES, M.C.R. O ensino de surdos na escola inclusiva: considerações sobre o
excludente contexto da inclusão. In: C. SKLIAR (Org.): Atualidades da educação bilíngue para
surdos. V.1, Porto Aleg re: Mediação, 1999.
594 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
O presente tra b alh o tra ta-se de um a a ná l i s e de um pr o j e to r e a l i za do pe l a s
prof es s oras e alu nos de u m a Escola M uni c i pa l de Educ a ç ã o B i l í ngue pa r a S ur do s (EM EB S )
na cida de de São Pau lo.
s a udá vel; lista gem dos in g red ien tes da r e c e i ta ; e s tudo do m e i o no s upe r m e r c a do pa r a
P ÔS TER
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
O emprego de estratégias que contemplem a sequência didática e estudos
do meio pode tornar a apropriação mais significativa da L1 e da L2, já que também
p r o m o v e a i n t e r a ç ã o s o c i a l e a a m p l i a ç ã o d e c o n h e c i m e n t o d e m u n d o . Te n d o e m
vista que, as atividades proporcionaram aos alunos certa conscientização sobre a
importância de uma alimentação saudável em seu cotidiano ao demonstrarem que
internalizaram o que aprenderam em relatos que compreendiam a divulgação e o
compartilhamento de informações com outros colegas da escola que não faziam parte
do projeto e com seus familiares.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ARAÚJO,U. F. Temas tranversais e a estra tég ia de projetos. São Paulo: Moderna, 2003.
FERNANDES, S. É possível ser surdo em português? Língua de sinais e escrita: em busca de uma
a proximação. In: SKLIAR, C. (Org.). Atualidades da educação bilíngue para surdos. 3ed. Porto
Aleg re: Mediação, 2009. v.2. p. 59-81.
598 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
linguagem. In: FERNANDES, E. (Org.) et al. Surdez e bilinguismo. 3ed. Porto Alegre: Mediação, 2010.
GUARINELLO, Ana Cristina. O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus, 2007.
LOPES, C. S.; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: teoria e prática. Revista Geog rafia, Londrina ,
v. 18, n 2, p.173-191, 2009. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geog rafia/
article/view/2360. Acesso em: 23 a go. 2013
QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Luciane Rangel
I n tro d uç ã o
Segun do Martin s, vários fa tores i nc l ui ndo o s e c o nô m i c o s , s o c i a i s , po l í ti c o s e
acadê micos contribu iram para a f or m a ç ã o da pó s -g r a dua ç ã o no B r a s i l . Es ta é o r i unda
de uma intrincad a in teração qu e co nto u c o m a pa r ti c i pa ç ã o da c o m uni da de c i e ntí fi c a , d o
corpo docente das in stituições d e e ns i no e pe s qui s a e do Es ta do . C o ntudo , no a s pe c to
do a t e ndi m ento com o um tod o do p úbl i c o que e s tá e m bus c a de f o r m a ç ã o e m ní v e l de
pó s - g ra duação, o qu e in clu i ind istinta m e nte pr o fi s s i o na i s da s m a i s di fe r e nte s á r e a s e
com dif e ren tes necessidad es com um a pe r s pe c ti v a c l a r a m e nte i nc l us i v a e que a te nde
a t o da uma diversidad e, os prog rama s de pó s -g r a dua ç ã o a tua i s a i nda s e a pr e s e nta m
ex t rema men te limitados.
A c ri a ç ã o d o C M PD I
As discu ssões sobre a criação do C ur s o de M e s tr a do P r o fi s s i o na l e m D i v e r s i da de
e Inclus ão (CM PDI) se iniciaram no I ns ti tuto de B i o l o g i a da U F F a pó s o s uc e s s o do
Pro g rama d e Exten são E scola de Inc l us ã o (http: / / w w w. uf f. br / e s c o l a de i nc l us a o / ) d o
Ins t it ut o d e Biolog ia e da Facu ld ade de Educ a ç ã o da U F F (D EL O U e t a l . , 2 0 1 2 ), o r i undo
a part ir da d em and a do Curso d e Gr a dua ç ã o e m C i ê nc i a s B i o l ó g i c a s que te m c o m o
ba s e f ilo sófica conceitu al San tomé e s e u l i v r o c l á s s i c o i nti tul a do G l o ba l i za ç ã o e
Int e rdis ciplin aridad e .
ne ce s s idad es especiais.
P ÔS TER
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
MARTINS C.B.A. Ca pes e a f ormação do sistema nacional de pós-g raduação. In: Ferreira MDM,
Moreira RDL, organizadores. CAPES, 50 anos: depoimentos ao CPDOC/FGV. Brasília: CAPES; 2002.
DELOU, C. M. C. ; MACHADO S.; MAZZA I.; MARINHO L.; MARIANI R.; VASCONCELOS K.; CASTRO,
H.C. School of Inclusion: The contribution of a Federal University to the Inclusive Educa tion.
Advances in educa tion, v. 1, p. 4-6, 2012.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei n.º 9.394, promulgada em 20
de dezembro de 1996). Disponível no site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/L9394.htm.
Cristina Delou
Dilvani Santos
I n tro d uç ã o
D if eren tes percepções são d etec ta da s na l i te r a tur a qua ndo s e fa l a do te m a
Sex ualidade. Experimentada d esd e a i nfâ nc i a , e s ta s e de fi ne pe l a bus c a de pr a ze r e s , n ão
ne ce s s a riam ente envolvend o os orgã o s s e x ua i s . P o de i nc l ui r a ne c e s s i da de de a dm i r a ç ão
e a preciação p elo p róp rio corp o, se ndo ge r a l m e nte pa r te i nte g r a nte da s r e l a ç õ e s i ntr a e
int e rpe s s oais. Pode tra tar-se tam bém de um a f o r m a úni c a de c a da i ndi v í duo pa r a v i v e r
s uas re la ç ões (GHE RPE LLI, 1996, CO S TA , 2 0 0 2 ).
M a te ri a l e m é t o d o s
P ÔS TER
Re s u l ta d o s e d i s c u s s ã o
N e s t e tra b alh o id entificamos 92 pa l a v r a s / s i na i s no A m e r i c a n S i gn L a ngua ge – A S L ,
ut ilizando com o f onte o livro “ Sig ns O f S e x ua l B e ha v i o r, A n I ntr o duc ti o n To S o m e S e x -
Rela t e d Voca b ular y In American Sign L a ngua ge ”. D o s 9 2 s i na i s a m e r i c a no s , 4 9 s i na i s
nã o f o ram localiz ados na Libras ( aus ê nc i a de te r m o s > 5 0 %) pr e s e nte no D i c i o ná r i o
Aces s o Brasil em f orma to m ultim íd i a (e d. 2 0 0 8 ) (Ta be l a 1 ).
Ta be la 1: C a t e g o r i z a ç ã o d o s s i n a i s i d e n t i f i c a d o s n o A m e r i c a n S i g n L a n g u a g e – A S L , u t i l i z a n d o -
P ÔS TER
s e c o m o f o n t e o l i v r o “ S i g n s O f S e x u a l B e h a v i o r, A n I n t r o d u c t i o n To S o m e S e x - R e l a t e d
Vocabulary In American Sign Language” (n=92) e localizados na Língua Brasileira de Sinais –
Libras localizados no Dicionário Acesso Brasil em formato multimídia (n=41).
ASL Libras
Ca tegoria Definição da Ca tegoria
8 7
Ana tomia do corpo humano, especificamente sinais
Partes do corpo correspondentes ao sistema reprodutor ou sistema
genital feminino e masculino.
11 4
Estímulos sexuais - a excitação sexual como
Excitação Sexual momento em que o corpo se prepara fisiolog icamente
para o a to sexual a tra vés de estimulações.
5 3
A masturbação como estimulação dos órgãos
genitais, por via manual ou a tra vés do uso de objetos,
Masturbação para obter prazer sexual podendo ou não a ting ir o
clímax – orgasmo. Prática sexual sem penetração,
auto a plicável ou a plicada no parceiro sexual.
3 1
Sinais correspondentes à prática de sexo oral.
Sexo oral é considerado uma a tividade sexual onde a
estimulação dos genitais é realizada com a utilização
Sexo Oral
da boca e da língua, quando é realizado no homem é
intitulado como felação e na mulher cunilíngua, pode
ser realizado como preliminares antes do a to sexual.
7 1
Sinais relacionados aos variáveis tipos de
Relações relações sexuais, englobando também as relações
homoafetivas/homossexuais.
16 7
Sinais relacionados as questões de gênero
Indivíduos e
que englobam a homossexualidade e as relações
Relacionamentos
homoafetivas
9 5
Sinais correspondentes ao controle de na talidade.
O controle de na talidade são as ações que reduzem
a propensão de g ra videz, tais como dispositivos e
Controle de
medicamentos, são popularmente conhecidos como
Na talidade
métodos anticoncepcionais, podemos considerar esta
ca tegoria de ordem fundamental para o planejamento
familiar.
20 7
Sinais relacionados a três ca tegorias incluindo
Saúde, Hig iene e funções do ser hu mano, menstruação, g ra videz e
Função a borto na tural; hig iene como ducha e a bsor vente e no
campo da saúde sífilis e gonorreia.
608 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
7 4
P ÔS TER
P ÔS TER
Figura 1: A n á l i s e p e r c e n t u a l d a d i s t r i b u i ç ã o ( a c i m a ) e c o m p a r a ç ã o d o n u m e r o a b s o l u t o ( a b a i x o )
dos sinais identificados no American Sign Language – ASL, utilizando-se como fonte o livro
“ S i g n s O f S e x u a l B e h a v i o r, A n I n t r o d u c t i o n To S o m e S e x - R e l a t e d V o c a b u l a r y I n A m e r i c a n
Sign Language” (n=92) e localizados na Língua Brasileira de Sinais – Libras localizados no
Dicionário Acesso Brasil em formato multimídia (n= 41).
Co n cl u s õ e s
O presente tra b alh o su gere a nec e s s i da de da c r i a ç ã o de s i na i s e nv o l v e ndo o te m a
s e xua lidade p ara q ue seja viável a m o nta ge m de um m a te r i a l que pe r m i ta a a bo r da ge m
do t ema com a am plitud e necessári a qua ndo s e a bo r da e s pe c i fi c a m e nte a s a úde da
mulhe r. A n ecessid ade d e pesqu isar o s m a te r i a i s j á e x i s te nte s pa r a que s e r e s pe i te a s
aut o rias e n ão se g ere ma teriais des ne c e s s á r i o s , po r j á e x i s ti r o utr o s c o m a m e s m a
ide nt ida de, e o de se obser var com o uti l i za r um a l i ngua ge m fa c i l i ta da ta nto pa r a a
comunidade médica com o para a co m uni da de s ur da , e v i ta ndo o de s c a r te pe l a di fi c ul da d e
de aces s o ou m anipu lação, são aspe c to s a s e r e m c o ns i de r a do s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educa tivas especiais.
Brasília: U NESCO, 1994.
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MARINHO, Margareth La tt. O ensino da Biolog ia o intérprete e a geração de sinais. Disertação de
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610 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
SANTANA,J. E. R. e de Santana,F.J. S.B. Dicionário Virtual Bilíngue : uma proposta para o ensino
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WOOD WA RD, Jam es. Signs Of Sexual Beha vior: A n I ntr o duc ti o n To S o m e S e x R e l a te d
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611 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
O t ermo inclusão in vad iu o cenár i o po l í ti c o e e duc a c i o na l c o m a fi na l i da de de
promo ver cond ições e oportu nidad e s i gua i s , do po nto de v i s ta e duc a ti v o , e de a ti v i da de s
s o cia is mais am plas às pessoas com de fi c i ê nc i a s . N e s te s e nti do , a e duc a ç ã o de v e
ocorrer em um am biente com o m eno r núm e r o de r e s tr i ç õ e s po s s í v e i s e o a te ndi m e nto às
ne ce s s idad es ind ivid uais d eve ser re a l i za do pr e fe r e nc i a l m e nte na e s c o l a r e gul a r.
potencial humano. Nas interações sociais com os adultos pode ocorrer o aprendizado
de regras, normas, valores que proporcionam experiências que serão transpostas
para a vida cotidiana. Nesta relação, pode-se criar também o espaço da interlocução,
da enunciação e do diálogo que favorecerá a significação do sujeito, levando-o a
construir relações com seus parceiros por meio de brincadeiras e múltiplas atividades
cooperativas e competitivas.
Port a nto, p retend e-se enfa tiz ar que o m a te r i a l di dá ti c o -pe da gó g i c o qua ndo
de vida men te ad a p tad o possibilita ma i o r e s po s s i bi l i da de s de um bo m de s e m pe nho
educa t ivo d os alun os surdos. Contudo , é ne c e s s á r i o o a pr o funda m e nto te ó r i c o de s s a s
ques t õ e s a tra vés d a imersão do p rofe s s o r-pe s qui s a do r, no e s pa ç o e duc a c i o na l , pa r a
obs er v a r o modo p elo q ual esse tra ba l ho é c o nc e bi do e i ns ta ur a do , a fi m de r e f o r m ul a r
no vas prop ostas d e m a teriais didáti c o s a da pta do s pa r a a te nde r a e s pe c i fi c i da de s do s
alunos s urdos, com base na an álise, r e f o r m ul a ç ã o o u c o m pl e m e nta ç ã o do l i v r o di dá ti c o .
S o b re o C A S - N a t a l / R N
D e a cordo com reg im ento in terno do C A S -N a ta l / R N e m s e u a r ti go A r t. 2 º, pá g i na 2 ,
af irma qu e:
m esmo;
P ÔS TER
Figura 2 – Aluno surdo realizando a atividade com história em sequência com e sem auxílio
da professora de Libras. Recurso didático-pedagógico adaptado pela professora de Libras de
Natal-RN
P ÔS TER
Figura 4 - O aluno sinalizando hora do recreio da escola/ lanche. Essa atividade pode ser
desenvolvida diariamente.
a ) D om inó das c or es
D es crição dos m a teriais: madeira, 4 c m de c o m pr i m e nto e 1 c m de l a r gur a , ti nta l a v á v el .
Aplica bilidade n a facilitação e n a no m e a ç ã o da s c o r e s , na di s c r i m i na ç ã o v i s ua l e a
corres pon dên cia u m a um. As peças a m pl i a da s pe r m i te m m e l ho r m a nus e i o a o s a l uno s
com dif iculdad e de p reen são. O m a te r i a l po de s e r hi g i e ni za do de v i do à ti nta l a v á v e l
(Figura 5).
F i g u r a 5 – D o m i n ó e m c o r e s . A d a p t a d o p o r Ta b a n e z ( 2 0 0 2 ) , p u b l i c a d o n o f a s c í c u l o d o P o r t a l d e
A j u d a s T é c n i c a s ( M E C : S E E S P, 2 0 0 2 ) .
Ma t eri al alterna tivo: cartolina, 4 c m de c o m pr i m e nto e 1 c m de l a r gur a , te s o ur a , l á p i s
de cera e cola.
P ÔS TER
Figura 6 – Adaptado por Moraes (2002), extraído do fascículo do Portal de Ajudas Técnicas
( M E C : S E E S P, 2 0 0 2 ) .
d ) D o m inó de textur as
D es crição do ma terial: m adeira, l ã , te c i do , v e l udo , m a l ha , br i m , s e da . P e r m i te o
de s envolvimento da d iscrim in ação v i s ua l de pa dr õ e s e di s c r i m i na ç ã o tá ti l , r e qui s i to s
import a ntes para alu nos qu e ten ham a l te r a ç õ e s s e ns o r i a i s e di fi c ul da de s pa r a
620 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
g ) C or r es pondênc ia um a um
D es crição do ma terial: m adeira, ti nta l a v á v e l . P e r m i te r e l a c i o na r o num e r a l c o m a
quant idade. Con feccionad o para alu no s c o m di fi c ul da de de m a nus e i o de l á pi s e pa pe l ,
em ex e rcícios d e “ ligar” , faz end o a c o r r e s po ndê nc i a e ntr e o num e r a l e s ua r e s pe c ti v a
quant idade.
F i g u r a 1 0 - A d a p t a ç ã o o r i g i n a l d e Ta b a n e z ( 2 0 0 2 ) . E x t r a í d o d o f a s c í c u l o d o P o r t a l d e A j u d a s
T é c n i c a s ( M E C : S E E S P, 2 0 0 2 ) .
Co me n t á r i o s f i n a i s
Entende-se que em muitos casos de insucesso no processo educativo das pessoas com
surdez tem suas raízes, em geral, associadas às concepções pedagógicas inadequadas
adotadas pelos profissionais que atuam com alunos surdos. Assim, o foco do trabalho
dos docentes deve ser pautado em práticas inclusivas, que possibilidade compreender o
educando surdo como um ser dialógico, transformacional, inconcluso, reflexivo, síntese de
múltiplas determinações em um conjunto de relações sociais, com capacidade de idealizar
e criar e aprender, quando exposto a materiais didáticos apropriados.
Sendo assim, espera-se que por meio do uso contínuo de recursos didáticos adaptados
os alunos surdos do CAS-Natal/RN possam contribuir na socialização, na autonomia e na
confiança no seu potencial de aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BONETI, R. V. F. A organização escolar e a inclusão das diferenças na sala de aula: só as
ada ptações curriculares resolvem? [Resumo] Ca p. IX (pp. 85-91
Brasil. Secretaria de Educação Especia l. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento
e ma terial peda góg ico para educação, ca pacitação e recreação da pessoa com deficiência física:
recursos p eda góg icos ada ptados / Secretaria de Educação Especial - Brasília: MEC: SEESP. 1º
fascículo. 2002
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QUADROS, R.M.; KARNOPP, L. Língua d e sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Aleg re:
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SEVERINO, A. J. Metodolog ia do tra balho científico. Editora: rev. e a tual. São Paulo: Cortez. 2007
623 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Int rodução
1
Os sons de /r/ também podem ser chamados róticos, aportuguesamento do inglês rhotics. Róticos ou sons
de /r/ não podem ser identificados através de características articulatórias comuns, mas por outros fatores, como
sinal ortográfico utilizado ou - com acentuada frequência – pela posição que ocupam nas estruturas silábicas de
diferentes línguas (LADEFOGED; MADDIESON, 1996).
624 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Es pe ra-se qu e esta pesqu isa pos s a c o ntr i bui r no a te ndi m e nto f o no a udi o l ó g i c o de
indiv íduo s su rd os, oportu niz an do u m c o nhe c i m e nto m a i o r da s v i br a nte s do P B , na
mo dalida de oral, enriq uecen do as e s tr a té g i a s te r a pê uti c a s uti l i za da s . O o bj e ti v o de s ta
pe s quis a é investig ar n o su rd o bilíngue , a r e a l i za ç ã o da s v i br a nte s e m fi na l de s í l a ba
t ônica , em final de síla b a tôn ica ou á to na e m m e i o de v o c á bul o , e m do i s c o nte x to s
linguís t icos: frases-veícu lo e carta.
Mé t o do
Re s u l ta d o s
A a nálise esta tística dos dad os f o r ne c e , a tr a v é s da s ta be l a s , à m é di a , m e di a na ,
mínimo e máxim o da d uração n° 1 e n° 2 da fr a s e e da c a r ta , s e gundo o g r upo de s ur d os
e o uv int es e o correspon den te n ível de s c r i ti v o (p v a l o r) do te s te de M a nn-Whi tne y. A s s i m,
na Ta bela 1 ob ser vou-se, qu e n ão ex i s te di fe r e nç a s i gni fi c a ti v a ( a o ní v e l de 5 %) na
dura çã o da realiz ação d a vibrante / r / e m s í l a ba tô ni c a fi na l de c a da pa l a v r a da fr a s e e
cart a ent re os g ru pos su rd os e ou vi nte s .
Di s c u s s ã o
P ÔS TER
Co n cl u s ã o
Com base nos resultad os alcanç a do s e na di s c us s ã o , c o nc l ui -s e que :
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
P ÔS TER
BOERSMA, Paul; WEENINK, David. Praat: doing phonetics by computer. Phonetic Sciences, University
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MELO, T.; CUNHA, C.; RODRIGUES, D. A vibrante em coda silábica nos Atlas Reg ionais do Brasil. In:
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Márcia et al. Estudo sobre os ambientes fa voráveis à produção da líquida não la teral /r/ no
tra tamento do desvio f onológ ico Rev Soc Bras Fonoaudiolog ia, v. 12, n. 1, p. 48-54, 2007.
Re s u mo
O presente tra b alh o se p rop õe a um e s tudo s o br e a r e l a ç ã o da pe s s o a s ur da c o m o
mundo qu e é ouvin te, a b ran gen do a que s tã o da s ba r r e i r a s po s ta s pe l a c o m uni c a ç ã o , o u
pe la f alt a dela, e, a dificuldad e de i nte i r a ç ã o no â m bi to s o c i a l , fa m i l i a r e pr o fi s s i o na l .
Es t amo s c onsid eran do esta p opu laç ã o e nqua nto s uj e i to de di r e i to s , o que s i gni fi c a a
lut a pe rm anen te p ela sua con dição de c i da da ni a na s o c i e da de . C o m o f o r m a i nc l us i v e d e
compre e nder a cond ição d e exclusã o e a s po s s i bi l i da de s de i nc l us ã o s o c i a l da pe s s o a
s urda, destacamos o tra balho d o/a a s s i s te nte s o c i a l j unto a e s s a po pul a ç ã o na de fe s a
de s e us d ireitos, ten do como fu nd am e nto o s e u c o m pr o m i s s o c o m a uni v e r s a l i da de de
direit os e com a ju stiça social.
O primeiro momento apresenta um breve histórico sobre a condição das pessoas surdas
na sociedade em geral, destacando a situação deste grupo no Brasil, identificando a
631 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
trajetória dos movimentos sociais em defesa da referida população na luta pelo acesso aos
P ÔS TER
direitos que foram conquistados arduamente e lhes são garantidos por lei. Para desenvolver
esta análise, nos baseamos em autores como: Sacks, Quadros, Strobel e Hora.
2011, p . 2).
As Diretriz es Curricular e s pa r a o c ur s o de P e da go g i a a pl i c a m -s e à f o r m a ç ão
in icial p ara o exercício d a do c ê nc i a na Educ a ç ã o I nfa nti l e no s a no s i ni c i a i s d o
En sino Fu nd am ental, nos c ur s o s de Ens i no M é di o , na m o da l i da de N o r m a l , e em
cursos de E du cação Prof i s s i o na l na á r e a de s e r v i ç o s e a po i o e s c o l a r, be m c omo
em outras áreas nas qu a i s s e j a m pr e v i s to s c o nhe c i m e nto s pe da gó g i c o s .
e um de les Libras. Sa b em os q ue o P e da go go , a o f o r m a r nã o po s s ui ha bi l i da de s e
compet ên cias teóricas e m etod ológ i c a s pa r a a tua r j unto à s P e s s o a s S ur da s , s e j a e m
es co la s reg ulares ou b ilín gu es.
Somos formados a partir de uma diversidade de disciplinas, que tem por objetivo
abarcar todas as áreas de ensino, mas que devido a diversos fatores, dentre esses
o currículo do curso, não permite que tenhamos a quantidade ideal de discussões
e informações para nossa atuação, recaindo em uma prática desadequada, no que
tange o trabalho com Pessoas Surdas, o que vai de encontro ao que foi discutido na
reunião que ocorreu na Defensoria Pública (Defensoria Pública do Estado da Bahia,
e m S a l v a d o r, l o c a l i z a d a R u a P e d r o L e s s a , 1 2 3 - C a n e l a , n o d i a 2 9 d e m a i o d e 2 0 1 3 ) ,
em que estiveram presentes representantes da comunidade ouvinte e da comunidade
surda, ambos com o intuito de lutar pela oferta de uma educação de melhor
qualidade, adequada às necessidades das pessoas surdas. Gerou entre nós, futuros
pedagogos, novas reflexões acerca da formação docente no que tange a atuação
n e s s e c o n t e x t o e s c o l a r.
N es s e sentid o, p erceb em os a n e c e s s i da de de m a i o r e s di s c us s õ e s e de ba te s c o m
re la çã o a esse tema no cu rso de Peda go g i a . A c r e di ta m o s que i s s o de v a o c o r r e r nã o
a pena s e m cong ressos e sem in ários , a e x e m pl o do I , I I e I I I S e m i ná r i o de Educ a ç ã o
Bilíngue p ara Su rd os, proposto p ela pr o fe s s o r a do C o m po ne nte C ur r i c ul a r L i br a s -
She ila B. M . S. R. da Costa, d esta uni v e r s i da de e s e m pr e te ndo c o m o o r ga ni za do r e s o s
alunos destas tu rmas d e Lib ras, g er a l m e nte do 8 º s e m e s tr e do c ur s o de L i c e nc i a tur a
Plena em Peda gog ia. Pois, em bora e s s e s e j a um m o m e nto i m po r ta nte e r e l e v a nte pa r a
no s s a f o rm ação, n ão é ca p az d e a b r a nge r to da s a s di s c us s õ e s pe r ti ne nte s a o e ns i no
ne s s a modalid ade: com petência ling uí s ti c a , r e fe r e nc i a l , te ó r i c a , m e to do l ó g i c a , di dá ti c a,
indenit á ria, cultu ral e ima g ética. E nte nde -s e que é pr e c i s o no v a s di s c i pl i na s no
currículo, com o in tu ito qu e haja m a i o r e s de ba te s te ó r i c o s e m e to do l ó g i c o s , pa r a que
as s im po ssam os ter u m a a tuação d e qua l i da de c o m a que l e s que a i nda s e a pr e s e nta m
ma rg ina lizados edu cacion almente.
COSTA, Roberto César Reis da. Por Uma Educação Inclusiva Ref lexiva. 2011. Disponível em: www.
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636 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
A Importância da Aprendizagem de
P ÔS TER
M e to d o l o g i a
O t ra balho em qu estão é de cara c te r í s ti c a s qua l i ta ti v a s , o nde o que s e bus c a m a pe ar
a impo rt ân cia d o professor com o fac i l i ta do r do pr o c e s s o de i nc l us ã o .
De s e n vo l v i m e n t o
Ainda h oje, nu m a sociedad e qu e s e pr e ga a i nc l us ã o , v e r i fi c a m o s que na pr á ti c a o
que o co rre é muito d iferen te. Seja p o r fa l ta de e s tr utur a , c a pa c i ta ç ã o o u m a te r i a i s , s e ja
pe la f alt a de interesse d o próprio p r o fe s s o r.
O professor que possui conhecimento sobre a língua materna do aluno surdo auxilia na
troca de informações, na compreensão da disciplina, na capacidade de construção de auto-
imagem positiva, na formação de confiança e consequentemente no processo de inclusão.
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
A inclu são d os alun os surdos tendo c o m o m e di a do r o pr o fe s s o r bi l í ngue (po r tuguê s
e L ibra s ), perpassa p or aspectos so c i o i nte r a c i o ni s ta s e c o nv e r ge pa r a um a e s c o l a
v e rda deiram ente in clu siva. A obrig a to r i e da de da i ntr o duç ã o da L i br a s no c ur r í c ul o
es co la r, au xiliou n a m elh ora d a qu a l i da de da e duc a ç ã o do s s ur do s . C o m a pa r ti c i pa ç ã o d a
f amília , q u e costuma ter envolvimento c o m o s na ti v o s da l í ngua de s i na i s , a e s c o l a uti li z a
um ins t ru m ento efetivo de comun icaç ã o c o m o s a l uno s s ur do s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
MACHADO, P. C. Integ ração/Inclusão na escola regular: um olhar do eg resso surdo. In: QUADROS,
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P ÔS TER
QUADROS, R. M.; PERLIN, G. (Org.). Estudos Surdos I. Petrópolis: Arara Azul, 2006.
639 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
N a con temporaneidad e, estamo s a c o m pa nha ndo r á pi da s m o di fi c a ç õ e s gl o ba i s e
s o cia is . Neste sentid o, p assam os a da r v i s i bi l i da de a g r upo s de s uj e i to s , que , v í ti m a s
da es t rut ura d a sociedad e de d eterm i na da s é po c a s hi s tó r i c a s , e s ti v e r a m e x c l uí do s
do processo social. É fun damental a c o m pr e e ns ã o de que a hum a ni da de e s tá e m
de s envolvimento, e, com esse entendi m e nto , a fa s ta m o s a i de i a de que , c o m e s s a s
colocações, tem os a intenção d e a tr i bui r um j ul ga m e nto e / o u fa ze r a c us a ç õ e s ; m ui to
pe lo cont rário, estamos p rop ond o um a r e f l e x ã o s o br e o c e ná r i o a tua l c o m o po s s i bi l i da d e
de cons t ruir camin hos para pen sar um a po l í ti c a l i nguí s ti c a pa r a m i no r i a s , s e j a m
elas de com un id ades su rd as, contex to s de fr o nte i r a s , c o m uni da de s de i m i g r a nte s o u
comunidades in dígen as.
Assim, o reconhecimento dos sujeitos surdos como sujeitos culturais é atual. Esse
movimento ganhou visibilidade com o advento do processo de globalização aliado ao
cenário atual dos Direitos Humanos, no qual está pautada a condição de igualdade
como condição humana, compreendida neste trabalho pelo viés da diferença. São,
portanto, no nosso entendimento, as condições de possibilidades do momento histórico
que vivemos que propiciam estas discussões. Embora se possa afirmar que há avanços,
tanto nas discussões sobre questões tão caras aos surdos, como as línguas de sinais e
a educação de surdos num ambiente bilíngue, este processo ainda é frágil. Entendemos
que a mudança tenha que ser feita para muito além da implantação da Libras nas
escolas, passo legal, necessário, que oportunizou avanços, mas também oportunizou
afirmativas duvidosas, como o entendimento simplificado de que há bilinguismo quando
o que temos é apenas a situação de duas línguas estarem envolvidas nas escolas, no
caso, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a língua oral (Língua Portuguesa).
vigentes, que, por vezes, “mudam” o slogan, aderindo o discurso “novo” (da moda), mas, na
P ÔS TER
maioria das vezes, as escolas seguem uma proposta tradicional, conforme a perspectiva teórica
adotada, ou seja, “de acordo com o conjunto de teorias linguísticas e pedagógicas que vigoram,
desde determinadas épocas e contextos do passado” (KARNOPP, 2010).
let ra mento dos su rd os, vind os tanto da pa r te de o uv i nte s , qua ndo a fi r m a m a l í ngua o r al
P ÔS TER
As palavras dos autores nos provocam a refletir sobre a problemática das atuais escolas
de surdos, as quais se originaram do espaço da escola especial. A escola de surdos não
se constituiu num primeiro momento como espaço pedagógico, mas como um espaço de
normalização, onde o objetivo primeiro era fazer o surdo falar, trazer o surdo para a normalidade.
93
Em Chiella(2007), na recorrência de enunciados presentes nas narrativas surdas, sugeri a presença das
seguintes marcas culturais: a língua de sinais, a luta surda, a presencialidade, a temporalidade, o olhar, a nostalgia
de ser surdo, a surdez e o constrangimento surdo.
647 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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A Importância de Eventos
P ÔS TER
Científicos na Perspectiva da
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Ruth Mariani
Helder Carvalho
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Graduanda em Pedagogia.
Monitora da disciplina Libras.
Bolsista PIBID/Capes Universidade Federal de Viçosa- UFV
Érica Rodrigues Fonseca
Pedagoga.
Especialista em Metodologia Cientifica e Epistemologia da
Pesquisa-Universidade Estadual de Montes Claros- Unimontes.
Ana Luisa Borba Gediel
Professora Adjunta /
Departamento Letras /Universidade Federal de Viçosa – UFV.
Roselia A. Gonçalves
I n tro d uç ã o
A pre sente pesqu isa Realid ade A c a dê m i c a e R e a l i da de P r á ti c a do s pr o fe s s o r e s da
educação b ásica no tra balho com a L í ngua B r a s i l e i r a de S i na i s - L i br a s te m c o m o te m a
cent ral a q uestão d a Lib ras na esco l a o i nte r e s s e po r e s s e te m a s ur g i u po r pa r ti c i pa r
do projet o “ Formação In icial e Conti nua da de P r o fe s s o r e s : A bo r da ge m I nc l us i v a na
Educa çã o Básica” qu e bu sca d iscuti r a que s tã o do e ns i no da L i br a s pa r a o s pr o fe s s o r e s
da educação b ásica, p rofessores em e x e r c í c i o e pr o fe s s o r e s e m f o r m a ç ã o . o o bj e ti v o
cent ral do estud o é Faz er uma anali s e c o m pa r a ti v a da f o r m a ç ã o i ni c i a l e c o nti nua da
do prof essor da ed ucação b ásica qu a nto a s m uda nç a s de c r e nç a s de m e to do l o g i a s
de pe rcepções a p ren didas com o cur s o de c a pa c i ta ç ã o e m L i br a s . E c o m o o bj e ti v o s
es pecíf icos: Investig ar as a p ren diz a ge ns o s pr o fe s s o r e s a pa r ti r do c ur s o de c a pa c i ta ç ã o
em Libras en qu anto; Id entificar e ana l i s a r a s m uda nç a s e v o l uti v a s de a pr e ndi za ge m da
Libras do s professores d a edu cação bá s i c a ; I nte r pr e ta r c o m o o c o r r e o de s e nv o l v i m e nto e
a a prendiz a gem do p rofessor q uan to a o a pr e ndi za do da L i br a s .
658 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe re nc i a l t e ó r i c o
P ÔS TER
M e to d o l o g i a
Es t a pesqu isa qu e encon tra-se e m a nda m e nto te m c o m o ba s e a na tur e za qua nti -
qualit a t iva. Sen do ela dividida em dua s e ta pa s , o nde a pr i m e i r a é de c unho bi bl i o g r á fi c o
pa ra f undam entação teórico metod o l ó g i c a do tr a ba l ho , que di ga m r e s pe i to a o o bj e to
de es t udo e d e cam po, estão sen do c o ns ul ta do s a uto r e s c o m r e c o nhe c i da c o ntr i bui ç ã o
no que s e refere à tem ática da p esq ui s a , ta i s c o m o , G o f fm a n (1 9 9 8 ), G um pe r z (1 9 9 9 ),
Ma t he us (2006; 2008; 2010), Q uad r o s (2 0 0 6 ; 2 0 0 7 ) de ntr e o utr o s .
A segunda etapa está sendo realizado coleta de dados. A pesquisa está sendo desenvolvida
em uma Escola Municipal da Cidade de Viçosa-MG, visualizando os aspectos referentes ao
currículo, discursos e os saberes contextualizados, tomando como base a importância da
formação em Libras. Para a coleta de dados serão utilizadas as técnicas de entrevista, visitação
e observação. Além disso, será utilizado métodos como notas de campo, filmagens e relatos
para auxiliar na discussão posterior de analise sobre o desenvolvimento dos professores quanto
suas estratégias de ensino para incluir o aluno surdo em sala de aula.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de Setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para
a Educação Especial na Educação Básica. Disponível em: portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/
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CARVALHO, Rosita Edler. Cartog rafia do tra balho docente na e para a educação inclusiva. Revista
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661 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
O presente tra b alh o bu sca d iscuti r a m e di a ç ã o do c o nhe c i m e nto c i e ntí fi c o c o m
es t uda nt es su rd os a p artir da articul a ç ã o de no v a s l i ngua ge ns r e l a c i o na da a o us o da
t ecno lo g ia e exp erim entação. É impo r ta nte a dm i ti r que e s s e s r e c ur s o s po de m fa v o r e c e r
o maior d esen volvim ento sócio-cog ni ti v o do s s ur do s , s o br e tudo qua ndo s ã o uti l i za do s d e
f o rma com plem entar à lín gu a de sin a i s na s i nte r a ç õ e s e s ta be l e c i da s e m s a l a de a ul a .
bom domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) pode favorecer esse desenvolvimento e,
P ÔS TER
1
Projeto destinado aos estudantes surdos das Escolas Públicas da cidade de Viçosa (MG), com objetivo de
proporcionar a eles um ensino de Ciências diferenciado, de modo que na realização das aulas, os aspectos inerentes
à sua cultura fossem levados em consideração.
2
Local dedicado à realização das atividades de extensão relacionadas à divulgação e popularização da Ciência –
Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa (DEQ-UFV).
3
O PIBID representa uma iniciativa governamental para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores na
Educação Básica. O programa concede bolsas a estudantes das licenciaturas participantes de projetos de iniciação à docência
em escolas públicas. Os projetos buscam promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o
início da sua formação acadêmica, para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da
licenciatura e de um professor da escola.
664 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re s u l ta d o s e d i s c u s s õ e s
Inicialmente, o professor mostrou aos estudantes um frasco de vidro que continha
água e outro com álcool. Porém, eles se confundiram inicialmente ao ver que os frascos
continham líquidos incolores. A princípio, eles não conseguiram entender que o termo
líquido se referia à categoria estado físico das substâncias utilizadas no experimento e não
ao nome delas. Essa mesma dificuldade de associação foi constatada com terminologias
trabalhadas em aulas anteriores, quando foram abordados outros conteúdos científicos.
Figura 1. E s t u d a n t e s a c o m p a n h a n d o o p r o c e s s o d e s e p a r a ç ã o d a m i s t u r a ág u a + álcool p e l o
m é t o d o d a D e s ti l a çã o
665 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
um papel de filtro. Os estudantes logo associaram ao que se tem em casa para filtrar o
café. No momento em que o professor colocou uma pequena quantidade de car vão ativo
no interior do papel de filtro, eles perguntaram se aquilo era café. O professor, então,
explicou o que era aquele composto utilizado na atividade experimental. Ao finalizar a
filtração com o car vão, percebeu-se que o refrigerante, cuja cor inicial era alaranjada,
havia se tornado praticamente incolor. O professor incentivou os estudantes a elaborarem
algumas hipóteses para explicar o que havia acontecido durante o processo de filtração.
Porém, foi necessária a mediação junto aos estudantes para esclarecer que a função do
car vão ativo no experimento era a de a ds o r v e r o corante do refrigerante. Esse processo de
ads orçã o retirou parte do corante da solução, ficando este fixado na superfície do car vão.
D uran te essa aula, p erceb eu-se que pa r a m e di a r o c o nhe c i m e nto c i e ntí fi c o j unto
aos es t udan tes su rd os, é imprescindí v e l a uti l i za ç ã o de r e c ur s o s v i s ua i s , a l é m de
s e es t a belecer ações d ialogad as d ur a nte a s a ti v i da de s , de f o r m a que fa v o r e ç a o
ent e ndimen to d os assu ntos estu dad o s . Entr e ta nto , ho uv e di fi c ul da de e m e nte nde r c e r tos
conce it o s com o, p or exem plo, aq uel e r e fe r e nte a s di fe r e nte s s ubs tâ nc i a s que po de m te r
o mes mo estado físico. O u aind a, q ue um m e s m o fe nô m e no , no c a s o da e bul i ç ã o , po de
s e r realiz ad o pelo f ogo ou por uma c ha pa de a que c i m e nto , e m que o f o go nã o i nc i de
diret ame nte sobre o sistem a exp erim e nta l .
Assim, é necessário que haja uma interação efetiva entre o professor e os estudantes,
e que esta seja preferencialmente realizada em Libras. Quando não houver sinais
específicos para tais assuntos, o uso de classificadores se torna necessário (BERNARDINO,
2012), para que seja possível articular as ideias expostas e, posteriormente, ocorrer a
internalização dos novos conteúdos científicos discutidos em sala de aula (VYGOTSKY,
2001). Isso permitiria a eles se incluírem como protagonistas no processo de construção
social do conhecimento, que seria articulado de forma a respeitar os limites dos surdos e
acreditando no potencial que eles apresentam para apre(e)nder novos saberes.
Co n cl u s ã o
A língua de sinais e os diferentes recursos visuais utilizados em sala de aula
pelo professor durante a mediação do conhecimento científico permitiram promover o
desenvolvimento social e intelectual dos surdos. Isso aconteceu a partir das interações
estabelecidas durante a realização das atividades experimentais propostas em sala de aula.
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667 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Fonoaudióloga,
Especialista em Língua Brasileira de Sinais.
Mestranda em Saúde da Comunicação Humana – UFPE.
Professora de Libras da Faculdade São Miguel.
I n tro d uç ã o
A educação in clu siva tem n ortea do a i ns e r ç ã o de a l uno s s ur do s na s e s c o l a s r e gul a r es .
Pa ra a t en der as n ecessid ades dess e s a l uno s , f o r a m c r i a da s a l te r na ti v a s pa r a m e l ho r
a t ençã o dos alu nos su rd os. Dentre e l a s a c i r c ul a ç ã o da l í ngua de s i na i s e m s a l a de a ul a,
( e mbo ra não se constitu in do a lín gu a de i ns tr uç ã o ), a pr e s e nç a de i nté r pr e te s e o e ns i n o
da L íngua Portu gu esa como 2ª líng ua , o que to r na e s s e a m bi e nte s o c i o l i ngui s ti c a m e nte
co mple xo.
Fundamentação teórica
A partir d os an os 80, seg uind o a te ndê nc i a m undi a l de i nte g r a ç ã o / i nc l us ã o , a do to u-
s e no va orientação no campo d a educ a ç ã o de s ur do s : a m e ta que a s e s c o l a s pa s s a r a m
a s e co lo c ar u ltra passa va o campo c l í ni c o / te r a pê uti c o , e ngl o ba ndo o c a m po pe da gó g i c o
e linguís tico n uma persp ectiva integ r a c i o ni s ta que e nc o ntr o u r e s pa l do fi l o s ó fi c o , l e ga l e
po lít ico - ed ucacional na Constitu ição da R e públ i c a F e de r a ti v a do B r a s i l (1 9 8 8 ).
emo cio nais, cogn itiva e ling uística do i ndi v í duo , e c o m o s e gunda , a l í ngua de m o da l i dad e
P ÔS TER
Felix (2008), por sua vez, discute que, é um problema presente em muitas escolas
inclusivas o fato de a língua de instrução na sala de aula ser o português. Em muitas
dessas instituições, ainda não se leva em consideração o fato de muitos surdos serem
usuários de línguas de sinais e não se comunicarem em português oral, insistindo-se
em transmitir todo o conhecimento através do intérprete por meio da língua dominante,
enquanto, curiosamente, se questiona o porquê de esses alunos não conseguirem aprender.
A e s t ruturação da ed ucação d e s ur do s no s m o l de s pr o po s to s pe l o m o de l o i nc l us i v i s t a
t ra z o bili ng uismo com o orientador da s a ç õ e s que de v e m s e de s do br a r da í , m a r c a r a m
muda nças rad icais n a vida d o su rd o , e da e s c o l a que te v e a i nc um bê nc i a de i m pl a nta r u m
t ra ba lho ped a g óg ico voltado p ara a e fe ti v a ç ã o de s s a pr o po s ta , be m c o m o , o pr o fe s s o r d e
Língua Portug uesa, incluind o aqu i, o s futur o s do c e nte s .
M e to d o l o g i a
A e nt revista f oi composta p or p e r gunta s o bj e ti v a s s o br e a a tua ç ã o do e ntr e v i s ta
como professor e con ta to com a Lib r a s e de dua s pe r gunta s no r te a do r a s . A e ntr e v i s ta
f o i re a lizada d iretamente com os aluno s , que r e c e be r a m i nf o r m a ç õ e s do que s e tr a ta v a
669 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re s u l ta d o s e d i s c u s s ã o
Para melh or en ten derm os o p úb l i c o a l v o , i ni c i a l m e nte f o i i nda ga do a o s e ntr e v i s ta do s
s e já a t ua vam com o professor e, em c a s o a fi r m a ti v o , po r qua nto te m po . D o s 2 5
ent rev is t ados 13 (trez e) afirm aram j á a tua r e m c o m o pr o fe s s o r, s e ndo o te m po m é di o de
a t uação de 2 anos e 8 m eses. O q ue no s i ndi c a um a bo a e x pe r i ê nc i a e m s a l a de a ul a ,
me s mo ain da send o licenciand os. Em r e l a ç ã o a o c o nta to c o m a L í ngua B r a s i l e i r a de
Sina is , inda gamos se já teriam tido c o nta to , a pe na s 7 (s e te ) do s e ntr e v i s ta do s ti v e r a m
cont a t o com a Lib ras, sig nifica tivo, po i s a pe s a r de a L i br a s s e r a m pl a m e nte di fundi da n os
últ imos anos, g rand e parte d os en tre v i s ta do s a i nda nã o ti nha m ti do c o nta to c o m a l í ngu a
e, o ma is alarm ante, p or ser u m a da s di s c i pl i na s o br i ga tó r i a s do s c ur s o de l i c e nc i a tur a
e impo rt an tíssima na f orm ação do p r o fe s s o r. Ta l r e s ul ta do po s s a s e r c a r a c te r i za do pe l a
g ra nde maioria d os en trevistados ser e m de i ng r e s s o s no c ur s o .
S23: “Sim, na família tenho uma prima surda a qual foi muito amada e sempre
rodeada de pessoas que a amam, então, fui fazer um curso pela PCR 3 por 1ano e meio”
A res posta f orn ecid a por S19 rev e l a o de s c o nhe c i m e nto po r pa r te do e ntr e v i s ta do
s o bre a a tuação d o professor em sal a de a ul a , v i s to que , o pr o fe s s o r po de r á s e e nc o ntrar
dia nt e de d iferen tes situ ações, entr e e l a s , o e ns i no a o a l uno s ur do .
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
Os e s tu dan tes de Letras a p resenta m di fe r e nte s c o nc e pç õ e s a r e s pe i to do e ns i no
com os s urd os e q ue a maioria d eles r e c o nhe c e a i m po r tâ nc i a ta nto da L i br a s qua nto d a
Língua Portug uesa na escola p ara o a pr e ndi za do do s s ur do s .
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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BRASIL. Presidência da Républica. Dec reto nº 5.626. Regulamente a Lei nº 10.436 de 24 de a bril
P ÔS TER
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673 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
94 Neste trabalho, ao me referir aos surdos, falo dos que têm a Libras como primeira língua.
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formado que em sua origem teve uma base apropriada e legítima na experiência
e evoluiu como preconceito por ter sido arrastado ao longo do tempo sem
ter sido reexaminado ou revisto. Nesse aspecto, expressar um preconceito
é coisa bem diferente de “dar um palpite”. [...] O perigo do preconceito é o
fato de sempre estar ancorado no passado − tão notavelmente bem ancorado,
muitas vezes, que não só antecipa e bloqueia o juízo, mas também torna
impossíveis tanto o próprio juízo quanto a autêntica experiência do presente.
Para dissipar os preconceitos, devemos primeiramente descobrir dentro deles
o s j u í z o s p a s s a d o s , o u s e j a , d e s v e l a r a v e r d a d e q u e p o s s a m c o n t e r. ( A R E N D T,
2012, p.153-154)
ser visto: como algo facilmente descartável. O absurdo e o inimaginável ganham vida e
P ÔS TER
Em 1963, Hannah Arendt lança Eichmman em Jerusalém, livro nascido da cobertura que
fez do processo do oficial nazista. A teórica faz uma grande e polêmica análise do julgamento
de Adolf Eichmann, nazista encarregado de conduzir à morte milhares de judeus, e busca
entender o que esse burocrata criminoso trazia de inédito, já que foi assombroso o que ele
perpetrou. Arendt foi a Jerusalém buscar, no perpetrador do mal, uma natureza demoníaca.
Todavia, o que chamava a atenção da teórica alemã e a desconsertava era que estava diante
de um homem comum, inclusive um bom pai de família. O tenebroso era que muitos eram −
e são! − como Eichmann, nem pervertidos nem sádicos, mas “terrível e assustadoramente
normais” (ARENDT, 1999, p.299). Com a expressão banalidade do mal, Arendt tenta explicar o
que tinha diante de si e argumenta, em conferência pronunciada em 1970, que se refere:
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
ADORNO, T. W. Educação e Emancipação. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
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679 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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680 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Neila C. B. Bernasconi
I n tro d uç ã o
O artigo descreve sobre a importância da utilização da Língua Brasileira de Sinais
(Libras) em um Hospital Público Federal, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia/
INTO, especializado em ortopedia de alta complexidade no município do Rio de Janeiro
acreditado pela metodologia internacional da Joint Commission International – JCI.
Ainda de acordo com Junior e Santos (2009) a Constituição Federal de 1988 traz em seu
artigo 196 que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Sendo assim, os surdos
como qualquer outro cidadão têm direito ao acesso à saúde cabendo ao Estado assegurar que
este atendimento ocorra e com nível de qualidade de excelência. (BRASIL, 1988).
População total:
190.755.799 (100,0%)
Pelo menos uma das deficiências investigadas:
45.623.910 (23,9%)
Nenhuma dessas deficiências:
145.084.578 (76,1%)
Ta bela 1 – População brasileira com e sem deficiência. Fonte: IBGE, Censo Demog ráfico 2010 .
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P ÔS TER
BRASIL RJ
População residente com deficiência auditiva - não
consegue de modo algum 347.481 30.897
Justificativa
Bus can do a ten der parâm etros inte r na c i o na i s de qua l i da de no a te ndi m e nto ho s pi ta l ar,
pe rcebe mos a g rand e carên cia d e pr o fi s s i o na i s da á r e a da s a úde que , e m s ua f o r m a ç ã o,
t iv e ram n o cu rrícu lo a d iscip lina d e L í ngua B r a s i l e i r a de S i na i s .
Ob je to d e e s t u d o
Pro je to institu cion al p ara h a b ilit a r o s pr o fi s s i o na i s do I N TO a o a te ndi m e nto de
pe s s o a s surdas qu e utiliz am a Lín gu a B r a s i l e i r a de S i na i s .
683 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ob je t iv o s
P ÔS TER
Referencial teórico
O método utilizado será a revisão bibliográfica baseada na legislação vigente que rege
a inclusão de pessoas com deficiências. A literatura consultada é encontrada em artigos
científicos, no Manual de Acreditação Hospitalar/ JCI (2011) no padrão de Acesso ao
Cuidado e Continuidade do Cuidado (ACC), na Constituição Federal e leis complementares.
Metodologia
Es t e estud o é um projeto recen te m e nte i m pl a nta do no I N TO no qua l o públ i c o a l v o a
s e r co nt em plado serão todos os fun c i o ná r i o s do i ns ti tuto , e m e s pe c i a l pr o fi s s i o na i s da
áre a da saúd e e qu e realiz am a tend i m e nto di r e to a o pa c i e nte .
SEL EÇÃO
O processo seletivo para o curso f o i r e a l i za do de dua s f o r m a s : a pr i m e i r a a tr a v é s
de convit e para setores assisten ciai s e a s e gunda a tr a v é s de i ns c r i ç ã o c o m f o r m ul á r i o s
dis po nibil iz ados na intran et e p rese nc i a i s . O c o r r e u ta m bé m di v ul ga ç ã o na i ntr a ne t e e m
ba nne rs distribu íd os p elo h osp ital.
CURRÍCULO
A met od olog ia a ser utiliz ada e c o nte údo s a s e r e m e ns i na do s f o r a m ba s e a do s no
Curs o de Lib ras existente no Institu to N a c i o na l de Educ a ç ã o de S ur do s -I N ES a tr a v é s de
um f uncionário d o próprio INTO ca pa c i ta do na Tr a duç ã o e I nte r pr e ta ç ã o da L i br a s / L í ngu a
Port uguesa certificado n o PROLibra s / M EC 2 0 1 3 .
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Ao t é rmin o do cu rso será proferi do c e r ti fi c a do da pr ó pr i a i ns ti tui ç ã o a o s a l uno s que
concluíre m 75% d e frequ ência e f or e m a pr o v a do s na s a v a l i a ç õ e s .
684 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
R e s u lt ad o s
Pens and o na p rocu ra e interesse do s func i o ná r i o s e m r e l a ç ã o à a pr e ndi za ge m de um a
no va língua, esp ecialm ente pela f or m a de c o m uni c a ç ã o e públ i c o -a l v o a s e r a ti ng i do ,
f o i re a lizado u m levantam ento sob re o ti po de públ i c o que s e i nte r e s s o u pe l o c ur s o . O s
da dos s e sub dividem pelo sexo, idade , v í nc ul o c o m a i ns ti tui ç ã o e e s c o l a r i da de po de nd o
s e r o bs e r vados a b aixo:
SEXO N° %
FEMININO 82 70,1
MASCULINO 35 29,9
Co n c l u sõ e s
P ÔS TER
Referências bibliográficas
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BRASIL. Lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras
e dá outras providências.
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de deficiência, sua integ ração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integ ração da
Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou
difusos dessas pessoas, disciplina a a tuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras
providências.
CHAVEIRO, Neuma; BARBOSA, Maria Alves. Assistência ao surdo na área da saúde como fa tor de
inclusão social. Rev. Esc. Enferma gem USP. v. 39, n. 4, p. 417-422, 2005.
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Atendimento aos Surdos / Deficientes Auditivos como Forma de Humanização da Enferma gem.
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www.editora-arara-azul.com.br/revista/compar4.php Acesso em: 10 Jun 2013.
Padrões de Acreditação da Joint Commission Interna tional para Hospitais [editado por] Consórcio
Brasileiro de Acreditação de Sistemas e Ser viços de Saúde – Rio de Janeiro: CBA: 2010.
Co n s i d e r a ç õ e s i n i c i a i s
N a história d a hu m anidad e, sem pr e bus c o u-s e a tr i buto s de pe r fe i ç ã o e be l e za , c o mo
em Es pa rta, p or exem plo, q uan do n a s c i a um a c r i a nç a c o m a l gum a de fi c i ê nc i a , e , a o s e r
de t e ct a da tal “ im perfeição” , era eli m i na da o u ba ni da do c o nv í v i o s o c i a l . N a R o m a a nti g a,
os ro manos h erd aram dos Greg os a i do l a tr i a pe l a pe r fe i ç ã o fí s i c a . A s s i m , o s r e c é m -
na s cido s q ue a presen ta vam imperfei ç õ e s fí s i c a s e r a m s a c r i fi c a do s . P o de -s e a fi r m a r,
ent ret ant o q ue este d estin o não se a pl i c a v a m ui ta s v e ze s a o s be bê s s ur do s , po r que nã o
s e pe rceb ia a surdez ao nascerem, a s s i m c o m o de s c r e v e R a dutzk y (1 9 9 2 , p. 1 1 ):
Em Roma, eles eram colocados na base de uma estátua nas praças principais
e então devorados pelos cães. Por este motivo muitos historiadores pensaram
que certamente às crianças surdas não se desse tal destinação dado que,
seguramente, mesmo hoje é muito difícil fazer um diagnóstico precoce da surdez.
A esse respeito, Quadros (2006) explica que “os surdos, vêem a língua que o outro produz
por meio do olhar, das mãos, das expressões faciais e do corpo. A vivência da surdez passa
pelas vivências visuais. A visão para a pessoa surda é parte constitutiva de sua diferença
linguística e território no qual trafegam as descobertas e acontecem os diálogos e as
interrelações com os surdos, com os ouvintes e com os demais grupos humanos. Condição de
possibilidades para viver a surdez em sua dimensão bilíngue e bicultural.
Co n s i d e r a ç õ e s f i n a i s
N o Es tado d o Pará, a in serção de a l uno s s ur do s no e ns i no s upe r i o r c o m e ç o u c o m
a Univ e rs i dad e Estad ual Vale do Acar a ú e m 0 6 / 0 3 / 2 0 0 2 m o m e nto e s te e m que f o r a m
a pro vado s no an tigo Curso d e Peda go g i a e m R e g i m e e s pe c i a l 8 a l uno s e s pe c i a i s ,
ha v e ndo n este ín terim uma crescente de m a nda de a l uno s m a tr i c ul a do s e fr e que nta ndo
re gula rmente os cu rsos d e ensin o s upe r i o r s e e s te ndo a té o s di a s a tua i s , j unta m e nte
ao G rupo Ip irang a, e em pou co esp a ç o de te m po f o i a de r i da pe l o G r upo I pi r a nga , que
pa s s o u a ser a Institu ição d e En sino S upe r i o r que m a i s r e c e be a l uno s ur do a tr a v é s de
s e u pro cesso seletivo pelo fa to d e te r um pr o g r a m a de i nc l us ã o v o l ta do a o a te ndi m e nto
do aluno su rd o. O Grup o Ip irang a, obj e ti v a ndo fa v o r e c e r o de s e nv o l v i m e nto a c a dê m i c o
692 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
M é to d o / Ti p o d e Pe s q u i s a
A pes qu isa “ A im portân cia d o Pr o g r a m a de I nc l us ã o no pr o c e s s o e duc a c i o na l da s
pe s s o a s surdas nas Faculdad es Inte g r a da s I pi r a nga ”, c a r a c te r i zo u-s e c o m o um a
Dessa forma, este trabalho fornece informações para estudos sobre ações voltadas
para a qualidade do apredizado do sujeito surdo no meio acadêmico. Enfim, buscou-
se mostrar que a educação de surdos continua sendo alvo de discussões e ações
na tentativa de inserir o sujeito surdo em patamar de igualdade, tal qual objetiva o
Decreto de Guatemala.
I n s tru m e n t o s d e a n á l i s e d e dados
Foi ut iliz ado como primeiro pass o , um a pe s qui s a bi bl i o g r á fi c a s e gui da de di s c us s õ e s
pe lo g rup o q ue compõe o setor de i nc l us ã o da s F a c ul da de s I nte g r a da s I pi r a nga , po r s er
es t e , na cidad e de Belém do E stado do P a r á , a m a i o r c o nc e ntr a ç ã o de a l uno s s ur do s e m
t ão pouco espaço d e tempo n o En si no S upe r i o r.
693 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
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____________. Educação para os Surdos: entre a peda gog ia Especial e as Políticas para as
Diferenças. In: Anais do Seminário Des afios e Possibilidades na educação Bilíngue para Surdos,
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694 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
I n tro d uç ã o
O presente tra b alh o é parte d a di s s e r ta ç ã o do M e s tr a do P r o fi s s i o na l e m Ens i no de
Ciência s da Saú de e d o M eio Ambie nte a i nda e m c ur s o no C e ntr o U ni v e r s i tá r i o de Vo l ta
Redo nda – UniFO A, na cidad e de Vo l ta R e do nda , R J e s e r e fe r e à i nc l us ã o de pe s s o a s
Surda s nas institu ições de en sino n o B r a s i l . M e u i nte r e s s e s e j us ti fi c a e m funç ã o da s
pa rt icula ridad es q uan to à efetivação de s s a i nc l us ã o , s e nti da a ne c e s s i da de de a m pl i a r e
a pro f undar a discu ssão a respeito d a r e c e pç ã o e a c o l hi m e nto do s S ur do s no s a m bi e ntes
es co la res, ain da falh os, qu e deve s e r v i r c o m o c a m i nho pa r a a c o l o c a ç ã o e i nte r a ç ã o
de s s a s pessoas no mun do. Além dis s o , o s o uv i nte s e m ge r a l , e e ntr e e l e s o s pr o fe s s o r e s ,
ra rame nt e têm conh ecimento e domí ni o de L i br a s , o que r e s ul ta e m pr o bl e m a a o
re ce bere m alun os Su rd os em su as t ur m a s . Es s e s s ã o a l guns do s que s ti o na m e nto s que
mo s t ra m a complexidad e da q uestão .
É com este olhar que o trabalho se volta para o tema da inclusão do Surdo na escola,
pois considerando que essa deve preparar os alunos para conviverem e se integrarem na
sociedade, é importante dar ênfase a todas as maneiras de otimizar a entrada, a permanência
e o aproveitamento do Surdo nas instituições de ensino. Este trabalho pretende sensibilizar
todos os envolvidos no dia a dia da escola, sejam diretores, professores, funcionários das
mais diversas funções, alunos e seus familiares, a compreender a importância de conviver
com as diferenças, no caso específico desta pesquisa, a pessoa Surda.
Essa convivência deverá favorecer o surgimento de uma sociedade com valores como a
troca, a tolerância, a paciência, a atenção, a delicadeza, entre muitos outros, e a escola,
desse modo, estará cumprindo com seu papel de espaço ideal de verdadeira educação.
M e to d o l o g i a d a p e s q u i s a
Es t a é uma pesqu isa qu alita tiva, c o m a l guns pr o c e di m e nto s qua nti ta ti v o s . Es tá
s e ndo re aliz ada em uma escola da R e de M uni c i pa l de Educ a ç ã o de Vo l ta R e do nda , R J . A
pe s quis a dora tra balha n o m un icípio v i zi nho , B a r r a M a ns a , e m e s c o l a que a te nde a l uno s
s urdos , m as p referiu faz er a in vesti ga ç ã o e m o utr o l o c a l bus c a ndo um c e ná r i o m a i s
no vo, que p ossib ilitasse um olh ar ma i s a te nto e um a m e l ho r, a i nda que j a m a i s to ta l ,
obje t ividade.
O u so de du as ou m ais vi s õ e s da m e s m a c o i s a , de m o do que o s da do s de f o n t es
diferentes possam ser usa do s pa r a c o r r o bo r a r, e l a bo r a r o u tr a ze r l uz à pe s qu i s a
em qu estão. (1990, a pu d V i nc i pr o v a F o ns e c a , 2 0 0 3 , p. 5 4 )
Co n cl u s ã o e m a n d a m e n t o
Os a s pectos legais d a in clu são d o s a l uno s S ur do s no s i s te m a e duc a c i o na l e s tá be m
organizado, am parado p or ampla leg i s l a ç ã o . M a s s a be -s e que a r e a l i da de da s i ns ti tui ç ões
es co la res é ou tra.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
GLAT, R. PLETSCH, M. D. Inclusão Escolar de Alunos com Necessidades Especiais. Rio de Janeiro:
EdUERJ, 2011.
LUDKE e ANDRÉ. Pesquisa em educaçã o: a borda gens qualita tivas. São Paulo: EPU, 1986.
95
De acordo com o Decreto nº 5.626/05, considera-se pessoa surda aquela que apresenta uma perda auditiva
bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais (perda moderada, profunda ou severa), aferida
por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz, e que se utiliza da Libras como meio de
comunicação.
699 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Ob j e ti v o g e r a l d o PR O S U R D O
Of e recer escolariz ação às p esso a s s ur da s que ga r a nta o s e u pl e no de s e nv o l v i m e nto
cognit iv o , físico, afetivo, ling uístico, de r e l a ç ã o i nte r pe s s o a l e i ns e r ç ã o s o c i a l , é ti c o e
es t é t ico , tend o em vista uma f ormaç ã o a m pl a s e m de s c o ns i de r a r a e s pe c i fi c i da de do
de s envolvimento cogn itivo-lin gu ístic o a l i c e r ç a do no s di r e i to s da que l e s s uj e i to s :
Ob j e ti v o s e s p e c í f i c o s d o P RO SURD O
- Propiciar aos p rofissionais d a e duc a ç ã o a a pr e ndi za ge m bá s i c a v o l ta da pa r a a
comunicação em Lib ras, b em com o no ç õ e s a r e s pe i to da e s tr utur a l i nguí s ti c a da que l a
Língua e da esp ecificidad e social, c ul tur a l e e duc a c i o na l do s s ur do s .
- Propiciar às Famílias dos edu c a ndo s a a pr e ndi za ge m bá s i c a v o l ta da pa r a a
comunicação em Lib ras, b em com o no ç õ e s a r e s pe i to da e s tr utur a l i nguí s ti c a da que l a
Língua e da esp ecificidad e social, c ul tur a l e e duc a c i o na l do s s ur do s ;
- Of ertar o Aten dim ento Ed ucaci o na l Es pe c i a l i za do pa r a o s s uj e i to s s ur do s ,
cons ide ran do mom entos d id áticos p e da gó g i c o s e m L i br a s , de l i br a s e de L í ngua
Port uguesa n a m odalid ade escrita c o m o s e gunda l í ngua , pr e fe r e nc i a l m e nte na s s a l a s de
re curs os m ultifu ncionais ou em centr o s e s pe c i a l i za do s ;
- Ela borar, manter a tu aliz ad o e di v ul ga r o ba nc o de da do s e s pe c í fi c o da e duc a ç ã o d e
s urdos desenvolvid a na SME;
- At uar n a seleção de intérp rete/ tr a duto r de L i br a s / P o r tuguê s / L i br a s , i nte g r a ndo a ( s )
equipe (s ) d o (s) d epartamento (s) d a S M E que te m a i nc um bê nc i a pa r a ta l ;
- Encamin har ao Departamento de G e s tã o de P e s s o a l , s o l i c i ta ç õ e s de m o dul a ç ã o
ou t ra ns f erências d o profission al inté r pr e te / tr a duto r de L i br a s / P o r tuguê s / L i br a s pa r a
a t uação na fu nção em in stituições d a S M E;
- Prom over ações intersetoriais e m r e de c a pa ze s de r e s po nde r a s de m a nda s s o c i a i s
numa pe rsp ectiva d e garantia d os d i r e i to s e duc a c i o na i s do s s uj e i to s s ur do s ;
701 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
De s e n vo l v i m e n t o d o p r o g r a ma
O Pro g rama ben eficia ed ucan dos s ur do s m a tr i c ul a do s e fr e que nte s e m i ns ti tui ç õ e s
educacionais d a SM E; p rofissionais da e duc a ç ã o que a tua m na s i ns ti tui ç õ e s
educacionais, nos dep artam entos d a S M E e no s C e ntr o s M uni c i pa i s de A po i o à
Inclus ã o – CM AI; a com un id ade esc o l a r e nv o l v e ndo a s fa m í l i a s do s e duc a ndo s
s urdos . A implem entação se d á com a e x e c uç ã o de a ç õ e s e pr o j e to s , c o ns i de r a ndo a
int e rs e t o rialid ade e a intrasetorialid a de c o m o c o ndi ç ã o s i ne qua no n pa r a o a l c a nc e do s
obje t ivos propostos.
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
BRASIL. Lei n. 10.436/02. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Brasília, 2002.
DORZIAT, A. Bilinguismo e Surdez: para além de uma visão linguística e metodológ ica. In: SKLIAR,
C. (Org.) Atualidades da Educação Bilíngue para Surdos. 2 ed. Porto Aleg re: Ed. Mediação, 1999,
p.27-40.
I n tro d uç ã o
As discu ssões e os resultad os p a r c i a i s a pr e s e nta do s ne s te tr a ba l ho s ã o pa r te de um
proces s o d e pesqu isa em nível de me s tr a do na á r e a da e duc a ç ã o de s ur do s , a pa r ti r do
qual pro c uram os realiz ar um exercí c i o de c r í ti c a e m r e l a ç ã o a o fe nô m e no da i nc l us ã o
es co la r. Tal posicionamento deve-se à ne c e s s i da de de , de a c o r do c o m K a hha l e e R o s a
(2009), desna tu raliz ar os fen ôm enos , c o l o c a ndo a c r í ti c a c o m o m o do de a pr e e ns ã o ,
compre e nsão e interp retação da rea l i da de .
Ob j e ti v o s
P ÔS TER
Do s p a r t i c i p a n t e s e l o c a i s da pes quis a
A pesquisa foi realizada em uma escola inclusiva com proposição bilíngue e uma
escola bilíngue para surdos da região metropolitana de São Paulo. Participaram da pesquisa:
a) Es c ola in clu siva: 34 alu nos do 5 º. a no do Ens i no F unda m e nta l , s e ndo tr ê s a l una s
s urdas , a professora reg ente e a in té r pr e te de L i br a s ;
b) Es cola bilíng ue p ara surdos: 1 2 a l uno s s ur do s 5 º. a no do Ens i no F unda m e nta l , mai s
a pro f e s s ora reg ente.
2. Análise
Re s u l ta d o s e D i s c u s s ã o
Part imos do p ressu posto d e qu e a l i ngua ge m é c o ns ti tuti v a do s uj e i to e de que o s
s igno s f ormam a “ consciên cia ind ivi dua l ” e m pr o c e s s o s de i nte r a ç ã o s o c i a l (B R A G A ,
2000). D i an te d isso, com o objetivo de a na l i s a r a s pr á ti c a s di s c ur s i v a s de do i s c o nte x t os
educa t ivos qu e se organ iz am a parti r da pr o po s ta de e duc a ç ã o bi l í ngue pa r a s ur do s , a s
706 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Análise de fragmentos
A reflexão sobre os fragmentos realizada à luz do referencial teórico apresentado,
possibilitou elencar três linhas de leitura e interpretação dos dados: 1) o papel do
outro no funcionamento discursivo; 2) a Libras como constitutiva do aluno com surdez;
e 3 ) p o l í t i c a s d e e d u c a ç ã o p a r a s u r d o s . Ta i s e i x o s d e l e i t u r a s ã o c o n s t i t u i n t e s d o s
f r a g m e n t o s q u e s e r ã o a p r e s e n t a d o s a s e g u i r, e n t r e c r u z a n d o - s e d e d i f e r e n t e s m a n e i r a s
no processo de enunciação.
P ÔS TER
Fra g m ento 2
Qu a nd o co m e ça m a te nta r re s o l ver, a in t érp ret e au x ilia Leila e M aíra, e C laris s a f az s ozin h a. Olha ,
c or r ig e, e e xp l i ca pa ra L e i l a e M a í ra .
Co n s i d e r a ç õ e s Fi n a i s
A a nálise dos fra g m entos, à lu z da te o r i a , no s po s s i bi l i to u te c e r a té o m o m e nto
alguma s c on siderações. Dessa m ane i r a , s e r i a r a zo á v e l a fi r m a r que o F r a gm e nto 2 ,
re f e rent e a u m episód io d a escola i nc l us i v a c o m pr o po s i ç ã o bi l í ngue , c a r r e ga e l e m e nto s
que pode mos relacion ar com o tod o do fe nô m e no da i nc l us ã o e s c o l a r. U m a a ná l i s e
ma is det alhad a pod e nos levar a u lt r a pa s s a r a a pa r ê nc i a de e fi c i ê nc i a da a de qua ç ã o de
s e r viços p ara o a ten dim ento edu cac i o na l do a l uno s ur do e c o ns ta ta r m o s a pr e s e nç a de
um “des con f orto” revelad o pelo não-di to e o s i l ê nc i o e x i s te nte na r e l a ç ã o e s ta be l e c i da
ent re a professora, a intérp rete e as a l una s s ur da s . D ua s l í ngua s e s tã o pr e s e nte s , m a s
o s ilêncio se faz con tu nd ente. “ (. . . ) o s i l ê nc i o é ga r a nti a do m o v i m e nto do s s e nti do s .
Sempre se diz a p artir do silêncio” (O R L A N D I , 2 0 0 7 , p. 2 3 ). D e s s a f o r m a , c o ns i de r a m o s
710 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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712 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Da Letra à Palavra
P ÔS TER
I n tro d uç ã o *
“D o rio qu e tu do arrasta, diz -se que é v i o l e nto . M a s ni ngué m c ha m a v i o l e nta s à s
ma rge ns q ue o comprimem ” . 9 6 Part i ndo -s e de s s a c i ta ç ã o do fa m o s o po e ta e dr a m a tur g o
alemã o , Bertold Brecht, é p ossível re f l e ti r a r e s pe i to da s o c i e da de e de s e us c o nf l i to s ,
que s e a rrastam na h istória d a hu m a ni da de . 97 I núm e r o s , s e nã o to do s , c o ns e que nte s da
ine f iciê ncia e desconh ecimento da pa l a v r a e de s e u us o a de qua do .
O d om ín io da líng ua tem um a e s tr e i ta r e l a ç ã o c o m a po s s i bi l i da de de pl e n a
particip ação social, pois é po r m e i o de l a que o ho m e m s e c o m uni c a , te m a c e s s o
à in f ormação, expressa e de fe nde po nto s de v i s ta , pa r ti l ha o u c o ns tr ó i v i s õ e s d e
96
Trabalho desenvolvido no âmbito da CAPES – Observatório da Educação. UFRN – CONTAR. PPGED/PPGEL/PPGECNM.
97
Tfouni em Letramento e Alfabetização (2010), analisa, define e diferencia os dois processos na concepção de
pesquisadores que tratam do tema. Nesse trabalho, consideraremos ambos processos contínuos, concomitantes e
progressivos de aquisição da língua, adquirido na interação social.
98
Koch (1997) trata da linguagem como uma forma de atividade humana, numa concepção sociointeracional, em
que, pela escolha de determinado gênero textual, o sujeito, ao se apropriar da língua, constrói sentidos necessários
à interação, considerando conhecimentos partilhados entre interlocutores, condição mínima para o êxito no propósito
comunicativo.
713 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Es t udos e p esq uisas são fun dame nta i s e m qua l que r c a m po de e s tudo . O c o nhe c i m en t o
adquirido d e geração a geração na “a r te de e ns i na r ” o u m e di a r o a pr e ndi za do é ,
cert a mente, referên cia p ara n ovas pr o po s ta s . D i a r i a m e nte s o m o s i ns ti ga do s a bus c a r
es t ra t é g ias para provocar e sed uz ir o a l uno pa r a l e v á -l o a i nte r a g i r e s e r s uj e i to no
proces s o d e a p ren diz a gem, aqu i, fa ze ndo um a a na l o g i a a P a ul o F r e i r e , e m P e da go g i a d a
Aut o nomia, (p . 118), em qu e o auto r di z: “[. . . ] m e u pa pe l funda m e nta l c o m o pr o fe s s o r,
[ ...] é incitar o alu no, a fim de q ue e l e , c o m o s m a te r i a i s que o fe r e ç o , pr o duza a
compre e nsão d o objeto em lu gar de r e c e bê -l a , na i nte g r a , de m i m [. . . ] e ns i na r nã o é
t ra ns f e rir con teú do a n in gu ém [. . . ]”.
J u s ti fi ca t i v a e f u n d a m e n t a ção t eórica
A experiência na educação, a sensação de impossibilidade diante do desconhecido
e as dificuldades percebidas por nós, professores, nos alunos em geral, em especial
o s s u r d o s , i n c i t o u - n o s a d e s e n v o l v e r, n u m a v i s ã o b i l í n g u e , e s t r a t é g i a s q u e p o d e r ã o
facilitar a alfabetização e inserir os discentes surdos na sociedade, ao desenvolver
sua língua materna, a Libras, paralelamente à aquisição de uma segunda língua, a
Língua Portuguesa.
99
O índice de analfabetismo funcional no Brasil pode ser evidenciado por meio de dados que classificam os
falantes em alfabetizados e não alfabetizados. Conforme o Inaf (2012). Esses dados estão disponíveis em: http://
www.ipm.Org.br/ipmb_pagina. php?mpg=4.02.01.00.00&ver=por
714 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
M e to d o l o g i a d e t r a b a l h o
N o t ra b alh o su gerid o, p artimos d o pr e s s upo s to de que o a l uno j á te nha a pr e ndi do em
aula s a nt eriores a rep resentação si na l i za da e e s c r i ta de c a da l e tr a e s ua c o r r e s po nde n t e
no alf a beto portu gu ês, cond ição q ue no s pe r m i te de s e nv o l v e r e s s a pr o po s ta .
101
A polifonia e o dialogismo refletem-se no enunciado, que é definido por Bakhtin como “ um elo na cadeia da
comunicação verbal. Tem fronteiras nítidas, determinadas pela alternância dos sujeitos falantes [...] o enunciado
reflete o processo verbal, os enunciados dos outros e, sobretudo, os elos anteriores, (às vezes próximos, mas
também, os distantes, nas áreas da comunicação cultural) (BAKHTIN, 1992, p. 319).
102
As propostas de Paulo Freire apontam a reformulação do ensino, questionam a mecanização do percurso e
sugerem que o aluno seja visto com um sujeito crítico, capaz de refletir e questionar a sua realidade. O conteúdo
programático deve estar vinculado ao contexto social comum aos educandos, que devem ser vistos como agentes e
se sentirem atores de transformação de sua própria cultura.
103
Ferreiro aponta, também, outro caminho que, de certa forma, revoluciona os métodos de alfabetização,
ao defender que a leitura e a escrita são processos regulares e sistematizados, que seguem etapas e não se
desenvolvem unicamente na escola, é um produto cultural. Para Ferreiro, os aspectos construtivos, além dos
processos gráficos, precisam ser considerados, visto que as representações são parte do aprendizado. O papel do
professor, na perspectiva de Freire e Ferreiro é de mediador.
104
Mendonça (2008) em Alfabetização – método sociolinguístico – consciência social, silábica e alfabética em
Paulo Freire, capítulo I, desenvolve um breve histórico do assunto.
715 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
P ÔS TER
Para o termo “VOGAL”, são considerados os dedos indicador e médio, que se sobressaem da
configuração da mão passiva na execução do sinal de “VOGAL”, que traça a imagem da letra “V”,
com a qual será iniciada, em forma escrita, a palavra vogal, e acompanhada sequencialmente
com as letras repetidas por duas vezes pelo “O” e pelo “V” virado, que será acrescentado de um
traço, tornando-o um A. Com essa ordem se formará a palavra “VOGAL”, que no final recebe
a letra “L”, que não consta na ordem proposta apoio da referida escrita. Cabe destacar que o
professor, completará a palavra com as letras que faltam, visto que, em geral, os alunos, não
sabem completá-la. Caso algum aluno já esteja alfabetizado, poderá sugerir a letra subsequente
na formação da cada palavra.
Quanto ao termo “CONSOANTE não será descrito nada referente ao sinal, sendo feita
referência a penas a memória visual da ordem “OONOOONTE”, com o a poio dessa escrita o
primeiro “O” será transf ormado em “C”, o terceiro “O” será transf ormado em “S” e último “O” em
“A”, enfa tizando que todas as letras que f ormam o referido termo será escrito por letra bastão .
Procura-se comprovar, assim, que o léxico dos signos linguísticos das línguas orais, línguas
na turais, ou seja, L1 dos ouvintes, são as pala vras, enquanto que o léxico das línguas de
sinais, língua na tural do sujeito Surdo, são os sinais. Será a presentado, também, um dicionário
da Língua Portuguesa, LP e outro da Língua Brasileira de Sinais- Libras, para comprovarmos tais
afirmações.
Finalmente, será formada o termo “SÍLABA”, por meio da sequência escrita do “SILALA’ em letras
cursivas minúsculas, sendo o último “L” da referida sequência transformado em “B”. Enfim, para a
explicação do significado do termo “SÍLABA”, será realizada a separação silábica dos termos: Letra,
vogal, consoante, sílaba e palavra. Para tal, é colocada sempre, primeiramente a consoante de cada
sílaba para serem postas a(s) vogal(s), formando assim a(s) sílaba(s). Esperamos, ao fim da atividade,
que fique compreendido que toda sílaba exigirá, necessariamente, a presença de vogal (is) para a sua
constituição.
716 Anai s do XII C o ngr e s s o Int e r na c io na l e XV III S e m i n ár i o N ac i on al d o I N E S
Co n cl u s õ e s f i n a i s
P ÔS TER
Re fe rê nc i a s b i b l i o g r á f i c a s
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Realização
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Ministério da Educação