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¨horizonte agrícola tem ligação com a mediunidade, ficando a fase pré-histórica do Espiritismo dividida em:
horizonte tribal; agrícola; civilizado; profético e espiritual.
O horizonte tribal caracteriza-se pelo mediunismo primitivo (mediunismo palavra criada por
Emmanuel para designar a mediunidade em sua expressão natural) que corresponde as práticas
empíricas da mediunidade)
Somente com o Espiritismo a mediunidade se define como uma condição natural da espécie
humana, sendo tratada de maneira racional e científica.
Convém deixar bem clara a distinção entre fatos espíritas e doutrina espírita, para deixar bem claro
o que Kardec dizia, ao afirmar que o Espiritismo está presente em todas as fases da história humana. Os
fatos espíritas – assim chamados os fenômenos ou as manifestações mediúnicas – são de todos os
tempos. AS práticas mágicas ou religiosas, baseadas nessas manifestações, constituem o Mediunismo,
pois são práticas mediúnicas. A doutrina espírita é uma interpretação racional das manifestações
mediúnicas. Doutrina ao mesmo tempo científica, filosófica e religiosa, pois nenhum desses aspectos pode
ser esquecido, quando tratamos de fenômenos que se relacionam com a vida do homem na terra e sua
sobrevivência após a morte, sua vida e seu destino espiritual.
O antropomorfismo é uma espécie de fase preparatória do animismo, o homem primitivo interpreta
todas as coisas em termos exclusivamente humanos, o princípio de Protágoras o sofista dizia: “ O Homem
é a medida de todas as coisas. ” Mas uma medida por assim dizer afetiva, sem o controle da razão. É pelo
sentimento, e não pelo raciocínio, que o homem primitivo humaniza o mundo.
Murphy, citando Rodolfe Otto, lembra que estamos diante de um processo de adoração rudimentar,
em que o homem, parece adorar a si mesmo, enquadrando-se assim o antropomorfismo na “ lei de
adoração”.
O antropomorfismo se revela por duas formas, que tanto podem ser sucessivas como simultâneas;
sucessivas como a primeira forma a vital, ou seja, aquela em que o homem primitivo projeta nas coisas o
seu sentimento vital, dando vida as coisas inanimadas; a segunda é a volitiva, esse “segundo grau do
antropomorfismo” de acordo com Murphy, em que o homem projeta também a sua vontade, e por isso
mesmo personaliza as coisas. Neste grau já nos defrontamos com o desenvolvimento do animismo, a fase
em que o homem vai dar não apenas vida e vontade aos objetos e coisas, mas a sua própria alma.
A tese espírita nos mostra que o processo do antropomorfismo é auxiliado pelos fenômenos
mediúnicos, e essa experiência implica os fatos supranormais, o contato do homem primitivo com forças
estranhas, como no caso de mana e orenda.
A adoração resulta de um sentimento inato no homem e no mundo primitivo ela tem uma escala
que pode ser descrita da seguinte forma:
No grau mais baixo, temos a litolatria ou adoração de pedras, rochas e relevos do solo;
No grau seguinte temos a fitolatria ou adoração vegetal, de plantas, flores, árvores e
bosques;
Logo a cima, a zoolatria ou adoração de animais;
E num grau mais elevado, a mitologia propriamente dita com a sua forma clássica de
politeísmo.
O processo de adoração se desenvolve a partir do reino mineral, até o humano ou hominal, é assim
que o homem carrega consigo as suas heranças através do tempo, a tendência é que o homem se liberte
progressivamente daquilo que o ajudou numa fase e o atrapalha na outra.
A adoração é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como o sentimento da
divindade, fazendo ela parte da lei natural, ou seja, do conjunto de forças naturais que constituem o
mundo, ao qual o homem naturalmente pertence e essa adoração se desenvolve até atingir a fase da
verdadeira adoração que é a do coração.
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As duas formas gerais de racionalização do Universo, que aparecem nesse momento, e que devem
constituir a base de todo o processo de racionalização anímica, são a concepção da Terra-Mãe e a do
Céu-Pai.
Essas formas aparecem bem nítidas no pensamento chinês, que conservou até os nossos dias os
elementos característicos do “horizonte agrícola”. O céu é o deus-pai, que fecunda a terra, deusa-mãe. Em
algumas regiões, como podemos ver no estudo da civilização egípcia, há uma inversão de posições: o céu
é a mãe e a terra é o pai.
O animismo do “horizonte agrícola” apresenta três aspectos distintos, quando encarados sob a luz do
Espiritismo.
Temos primeiramente o aprofundamento do animismo tribal na personalização da natureza, que
chamaremos de Fetichismo, com os fetiches básicos da Terra-Mãe e do Céu-Pai.
Depois, temos a fusão da experiência e da imaginação, com o desenvolvimento mental do homem,
no progresso natural do Mediunismo. Dessa fusão vai nascer a mitologia popular, impregnada de
magia.
Em terceiro lugar encontramos a primeira forma de religião antropomórfica, consequência da
experiência concreta de que fala Bozzano, com o culto dos ancestrais.
Os antigos haviam feito desses Espíritos divindades especiais. As musas eram personificação
alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes.
Vemos no Egito duas categorias de deuses, bem definidas: a dos deuses-cósmicos e a dos deuses-
familiares. Na primeira encontramos a tríade familiar constituída por Osíris, Isis e Hórus. Na segunda,
encontramos casos curiosos, como os referentes aos deuses Imhotep, Amenhotep e Bês o anão. Imhotep,
médico do rei Dsejer, da terceira dinastia, e Amenhotep, arquiteto e médico de Amenofis III, da décima
oitava dinastia, passam lentamente da categoria de deuses-familiares a deuses-universais.
E isso quer dizer simplesmente o seguinte: que aquilo que hoje chamamos, no Espiritismo, de
espíritos-familiares, ou seja, a manifestação mediúnica dos parentes e amigos mortos, que velam pelos
nossos lares, é a fonte da mitologia, a base do processo de racionalização e a própria origem das
religiões.
Os egípcios mantiveram-se apegados à zoolatria, como os indianos se mantêm até hoje. O
escaravelho dos amuletos a adoração do Boi Apis em Mênfis, de Ibis na bacia do Nilo, dos Crocodilos em
Tebas e do Bode de Mendes no Delta são exemplos da arraigada zoolatria egípcia. A lei de adoração de
que fala Kardec, evolui dos animais para as formas humanas, mas de maneira lenta. Os resíduos animais
se conservam ainda nas figuras dos deuses antropológicos, como nas próprias imagens de Horus, com
cabeça de falcão.
Os mitos agrários marcaram profundamente o espírito humano a ponto de quando os cristãos
proclamaram a ressurreição de Cristo, os estudiosos lembram a ressurreição de Osíris, que é como o trigo
que depois da ceifa sofre a debulha, volta a ser enterrado na semeadura e por fim renasce, esse deus
chamado também de deus-fluvial, está ligado ao cultivo da terra.
Osíris, graças a ressureição, mostrou-se capaz de superar os outros deuses egípcios, da mesma
maneira que graças a ressureição o Cristianismo superaria as demais religiosos orientais que invadiram o
Império Romano.
Encontramos em Jeová, num verdadeiro conflito, as características de deus-tribal e deus-universal, de
deus-familiar e deus-popular, de deus-lar e deus-mitológico. Como deus-tribal, Jeová é o guia e o protetor
das tribos de Israel, e como deus-universal, pretende estender suas leis a todos os povos. Como deus-
familiar, é o clássico “Deus de Abrão, Isaac e Jacó”, protetor de uma linhagem de pastores, e como deus-
popular, é o protetor de os descendentes de Abrão. Como deus-lar, é o Espírito que falava a Terá e a
Abrão em Ur, à revelia dos deuses-nacionais dos caldeus, e como deus-mitológico, é aquele que declara
na Bíblia “Eu sou o que sou”, tendo a terra por escabelo de seus pés e o céu por morada infinita de sua
grandeza sobre-humana.
Jeová o deus-agrário, transforma-se no Pai evangélico, para chegar à Inteligência Suprema, no
Espiritismo, Jeová se depura e com ele se depuram os ritos do culto, que por fim se transformam na
“adoração em espírito e verdade”, de que Jesus falava.
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O “horizonte agrícola” permanece encoberto em nossa mentalidade moderna, ainda não conseguimos
libertar-nos de suas fórmulas agrárias, de deuses e seus cultos.
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O homem que se individualiza aprende a pensar em si mesmo, a escolher, a julgar, não se
submetendo mais aos moldes coletivos. A capacidade de formulação de juízos éticos, jurídicos e
religiosos, transformou-o em juiz da tradição, do meio social e de si mesmo.
O homem civilizado eleva-se ao plano do profetismo, já não é apenas uma ovelha do rebanho
humano, é alguém que ergueu a sua cabeça sobre a turba e viu-se capaz de julgá-la.
Essa nova condição se estende mais ou menos do século nono ao terceiro antes de Cristo, das
grandes individualidades de sábios, místicos, poetas, numa vasta área de grande desenvolvimento da
civilização. Que vai da Grécia e o Egito, passando pela Palestina e a Mesopotâmia, até a Índia e a China,
vemos brilharem nesse período a filosofia grega, o profetismo hebraico, o misticismo hindu e o moralismo
chinês.
Os motivos da culminância do horizonte profético entre os hebreus considerados historicamente
são: 1º) Aceitação popular do monoteísmo, pela primeira vez na história e consequente individualização da
ideia de Deus;
2º) Acentuação dos atributos éticos de Deus;
3º) Estabelecimento de ligações diretas do Deus individual com o indivíduo humano; no caso do profeta.
A aceitação do monoteísmo por todo um povo, acorrida pela primeira vez na história, quando os
hebreus, após a relutância inevitável, admitiram que o deus familiar Abrão, Isaac e Jacó era o Ser
Supremo, os médiuns antigos adquiriram uma nova dimensão, não eram mais os instrumentos submissos
de espíritos dominadores, como o de Piton (a serpente délfica, possível representação alegórica de um
antigo tirano). Pelo contrário, instrumentos conscientes de um Deus universal, supremo racional, passaram
a falar como interpretes e não como simples aparelhos de transmissão de mensagens vocais.
Fácil perceber-se a diferença existente entre a pitonisa, que caía em transe e proferia palavras
desconexas, e o profeta hebreu, cheio de dignidade pessoal, de consciência da sua missão divina.
O profeta é um médium que rompeu o gregarismo psíquico, arvorou-se em senhor de si mesmo,
passou a responder pessoalmente pelos seus pronunciamentos mediúnicos. Acima dele, paira a razão
suprema, o Deus único e universal.
O profeta se apresenta, assim, como indivíduo em três dimensões: 1ª) temos o indivíduo social; 2ª)
o indivíduo mediúnico; 3ª) o indivíduo espiritual.
A concomitância dos horizontes agrícolas, civilizado e profético, no mundo hebraico, proporciona as
condições necessárias ao aparecimento do horizonte espiritual.
O instinto de conservação do indivíduo-social ajuda-o a concentrar-se nos bens da cultura da
civilização, mas ao mesmo tempo impede-lhe o avanço na espiritualização.
Essa capacidade de transcendência é comum a todos os homens, mas só atinge a sua plenitude
na proporção em que o indivíduo-social rompe o casulo das convenções, em que se fechou, para abrir as
asas de borboleta da individualização mediúnica, para tornar-se um indivíduo espiritual. Foi o que
aconteceu com os profetas hebraicos.
Aquilo que não pode ocorrer na Pérsia, na Índia, na Grécia ou na China – em virtude da dispersão
das forças espirituais no politeísmo – ocorreu na Palestina, em virtude da concentração dessas forças no
monoteísmo. Foi por isso que Isaías conseguiu enxergar além da utopia “concreta”, que os hebreus
puderam sonhar com a Jerusalém Celeste, enquanto outros povos sonhavam com o paraíso persa, cheio
de prazeres e delícias terrenas, e o próprio Platão idealizava uma República terena concreta.
A individualização mediúnica abriu as portas da espiritualidade para os hebreus, permitindo a
criação, na Palestina, do clima necessário ao advento do Messias. O Evangelho representou a grande
ceifa desses bens celestes, isso porque o povo hebreu poderia considerar-se como eleito.
Pisando no limiar do espírito, com a individualização social, o homem avança na espiritualidade
através do lento e vasto processo da individualização mediúnica, passando pelos horizontes tribal, agrícola
e civilizado, é neste último que surge o conflito entre o social e o mediúnico.
Jesus pregara o Reino de Deus, para confirmar a natureza espiritual do homem, que transcende a
material. E Kardec, mais tarde, daria sentido espiritual à lei da evolução, que o século dezoito descobriu,
para mostrar que o Reino de Deus é uma conquista progressiva, um avanço da humanidade, através do
deserto ilusório dos bens materiais, na direção da Canaã espiritual.
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Ao atingir a individualização mediúnica o profeta se põe em relação direta e pessoal com Deus.
Dois indivíduos se defrontam: o divino e o humano. Os intermediários, quer sociais, quer espirituais, são
afastados. O profeta não necessita mais dos sacerdotes, nem dos deuses.
A evolução espiritual é, portanto, o ápice do processo evolutivo que se iniciou com a
individualização biológica. Ao atingi-la, o homem se iguala a Deus, e pode falar com Ele como de igual
para igual.
Deus é amor, diz João o evangelista, e essa afirmação nos leva a um plano que paira muito acima
do antropomorfismo.
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Os próprios apóstolos não assimilarão suficientemente as lições do Mestre. Mas Jesus conhece um
homem que amadureceu o suficiente para fazer prevalecer a razão sobre o costume, esse homem é Paulo
de Tarso, que promoverá no Cristianismo o movimento vivo de repulsa ao predomínio do passado.
Na proporção em que a razão se desenvolve o homem aprende a pensar e a julgar, a fé cega, já
não pode satisfazê-lo. A fórmula comodista: “ Creio porque creio”, exigirá um substituto dinâmico e
fecundo: “Creio porque sei”.
O Cristianismo nascente receberá, desde a Palestina, um duplo impulso de racionalização: de um
lado, az insistência do Cristo em libertar os homens do dogmatismo fideísta dos judeus; de outro, a
influência do pensamento grego. O próprio Cristo foi transformado em mito, e suas expressões alegóricas
empregadas sempre num sentido racional.
O drama da razão da Idade Média empolga pelos lances heroicos, mas ao mesmo tempo assusta
pelo trágico de seus episódios cruéis. Descartes foi o espadachim que deu o golpe final nesse duelo de
milênios. Inspirado pelo Espírito da Verdade, segundo a sua própria expressão, o filósofo do cogito libertou
a filosofia da servidão medieval e preparou o terreno para o advento do Espiritismo.
Sabemos hoje pelo aprofundamento que o relativismo crítico realizou na doutrina das categorias de
Kant, que a razão é o sistema dessas categorias vitais, forjadas no processo de experiência renovada.
Nessa linha milenar se insere o racionalismo espírita, que surge com Kardec, em meados do
século dezenove.
Com a vitória da razão, Herculano nos revela que a religião começa a avançar rumo à libertação
completa. Mas, essa ruptura dos arcabouços religiosos não se realiza de um momento para o outro, mas
fruto de um complexo processo histórico, ainda em desenvolvimento. Pós Renascimento, apareceram as
Reformas que, por fim, no Espiritismo, cumprirá sua última fase, conforme anunciado por Jesus à mulher
Samaritana que adoraríamos a Deus “espírito e verdade”, bem como a promessa do Consolador.
Os arcabouços religiosos são os símbolos, estruturas simbólicas que impregnaram o sentimento
religiosos. Os símbolos representam ideias, servem para transmiti-las, e não raro encobrem e asfixiam
aquilo que devem exprimir.
A Reforma surge como uma luta contra esses símbolos, a fim de tentar resgatar as origens cristãs,
a essência dos evangelhos. Inicia-se com Erasmo e sua forte influência na Europa, fruto de sua enorme
capacidade intelectual, profunda cultura e confiança no poder da razão. Mas foi ainda tímida e mais no
campo das ideias. Depois e de forma mais revolucionária, temos Martinho Lutero, que provocando
vigorosa reforma contra os símbolos e os arcabouços medievais começaram a ceder ao impacto do
espírito renovador. Os dois lutadores nem chegaram a se conhecer pessoalmente, porém marcharam
juntos na luta contra os símbolos, preparando o terreno para o advento do Espiritismo e cumprindo o que
Cristo já havia predito: “Não julgueis que vim trazer paz à terra; não vim lhe trazer a paz, mas a espada”
(MT, X:34).
A mesma espada que dividiu os judeus na era apostólica, a partir da pregação do Cristo, o mesmo
fogo que lavrou no seio do Judaísmo, havia também de dividir os cristãos e calcinar o dogmatismo fideísta
da nova estagnação religiosa.
Contudo, Lutero não consegue vencer totalmente os símbolos e acaba adaptando-se em parte,
conservou os três sacramentos : o batismo, a comunhão, a penitência e a organização sacerdotal. E
Herculano nos esclarece que o mais curioso é que se operou também a substituição de uma idolatria por
outra, isto é, “em lugar dos ídolos, das relíquias, do instrumental variado do culto, do dogmatismo dos
concílios e da autoridade papal, o luteranismo consagrou a idolatria da letra, a infalibilidade dos textos
sagrados”.
De toda forma, a Reforma trouxe um grande avanço na possibilidade de conferir o acesso aos
textos bíblicos, o contato direto com as escrituras, até então, privilégio do clérigo. Essa expansão do
Evangelho propiciaria a vinda do Consolador mais tarde.
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Um ponto de reflexão é que esta Reforma obrigou a igreja a se reformar e ao movimento de
Contrarreforma que apresentou duas faces contraditórias: O Santo Ofício (Inquisição) – negativo; e o
trabalho educacional da Companhia de Jesus (Jesuítas) – positivo.
A partir do século dezoito, o clima estava preparado para o segundo grande passo do Cristianismo,
que seria dado com a superação do literalismo; a libertação do espírito. Caberia a Kardec, a serviço do
Consolador, libertar da letra que mata e o espírito que vivifica.
A ruptura dos arcabouços literais, que representava mexer nos alicerces do edifício, não foi
alcançada com as Reformas, mas com o Espiritismo, através do reconhecimento das manifestações
espíritas, o estudo desses fenômenos e a aceitação racional das comunicações esclarecedoras, dadas por
via mediúnica. Coube ao Consolador, como o próprio Cristo anunciou, a tarefa de produzir o rompimento
final.
“Em verdade vos digo- anunciou o Espírito da Verdade – que são chegados os tempos em que todas as
coisas devem ser restabelecidas no seu exato sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e
glorificar os justos”. Não só do cristianismo, mas de todos os textos tidos como sagrados e sistemas
filosóficos que encerram os gérmens de grandes verdades e podem ser libertados pelo Espiritismo, graças
a chave que fornece.
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O Espiritismo proporciona um processo de libertação das forças vitais do cristianismo, resgatando a
essência de seus ensinamentos e restabelecendo a naturalidade dos fenômenos mediúnicos, momento
em que a humanidade, em meados do século XIX, fruto do avanço da ciência, já possuía uma mente mais
arejada. Com isso, as forças vitais do Cristianismo, que emergiam da própria naturalidade das relações
mediúnicas, puderam ser libertadas. Mostrando que os Espíritos não foram inventados, pois quando o
homem primitivo encontrava nas selvas os fantasmas de seus antepassados, não estavam sonhando nem
sofrendo alucinações. O que acontecia era mais simples eles apenas se defrontavam com espíritos que
vinham a eles sem a interferência de práticas mágicas ou ritos sacerdotais, por força das leis da natureza.
Na Idade Média o formalismo europeu se condensou, o clérico e o nobre dispunham do poder
mágico dos símbolos, e dominavam o mundo. Os espíritos se tornaram propriedade das classes
dominantes, e as classes inferiores sofriam a asfixia espiritual. Toda manifestação espiritual ocorrida entre
o povo estava condenada. Os médiuns eram bruxos e deviam ser torturados ou queimados.
Somente com o desenvolvimento dos estudos científicos do Espiritismo, que se tornou possível
libertar a mente humana, revelando a naturalidade da sobrevivência humana e das comunicações.
A volta do homem a natureza começo do exterior, com a observação das manifestações, e teria
que atingir o interior. Começa, então, o que o autor denomina de “invasão organizada”, com o
aparecimento quase que simultâneo de manifestações que parecem seguir um grande plano, articuladas
entre si. Temos, assim, o aparecimento dos precursores do Espiritismo: Swedenborg; Eduardo Irving;
Jackson Davis; o Caso dos Shakers (índios pele-vermelha) da Califórnia; e as irmãs Fox em Hydesville; e
em 1854 o Prof. Hypollite Léon Denizart Rivail tinha a sua atenção despertada para as mesas-girantes,
publicando O Livro dos Espíritos já em 1857 e em 1868 com A Gênese, fechando a codificação e
revelando uma nova doutrina que oferecia um caminho seguro aos homens de retorno à espiritualidade.
O Espiritismo formou-se, como uma estrela, no seio de uma nebulosa. É a parte de uma verdadeira
galáxia, que se estende pelo infinito, a partir dos mundos inferiores, até os mais elevados. O foco mais
próximo da sua elaboração, segundo entendeu Conan Doyle, é a doutrina de Emanuel Swedenborg, de
cujo seio partem os primeiros raios de uma nova concepção da vida e do mundo.
O Sueco Emmanuel Swedenborg, dotado de grande inteligência e médium vidente notável,
antecipou de maneira confusa, a elaboração da Doutrina dos Espíritos.
Entretanto, trouxe alguns ensinamentos que puderam ser aproveitados e, portanto, o consideraram
precursor, como a revelação de que após a morte, os homens vão para o mundo espiritual e serão
julgados não por tribunais, mas por uma lei que determinará as condições em que passarão a viver, em
planos superiores ou inferiores, nas diferentes “esferas” da espiritualidade. Mas seus ensinamentos
revelam verdadeira nebulosa doutrinária.
O Espiritismo representa o momento em que o Espiritualismo, superando as fases mágicas do seu
desenvolvimento, atinge o plano da razão, define-se num esquema cartesiano de “ideias claras e
distintas”. É a estrela que saiu da nebulosa. Kardec explica, em A Gênese, que o Espiritismo tem, “por
objeto especial, o conhecimento das leis do princípio espiritual”. Ele os observa, compara, analisa, e,
remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois deduz as suas consequências e busca
as suas explicações úteis”.
Temos também Andrew Jackson Davis, precursor americano, e que 100 anos depois de
Swedenborg (1844) vai dar continuidade, trazendo novas revelações, que além da visão clara da situação
dos mortos e da verdadeira natureza do mundo espiritual, traz a possibilidade do retorno (reencarnação).
Ele teria também recebido mensagem do próprio sueco sobre os fatos que aconteceriam em Hydesville e
seria um anunciador do Espiritismo, prevendo o seu aparecimento como doutrina e prática mediúnica mais
tarde por Kardec.
Interessante que Herculano ressalta que Kardec também faz referências aos precursores filosóficos
como Sócrates e Platão, mas que haveria que ser feito ainda um longo trabalho de estudo deste processo
de evolução do conhecimento à luz da filosofia percorrendo todos os períodos, o que ainda não foi
possível.
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Capítulo 5 - FALANGE DO CONSOLADOR
O Prof. Rivail (Kardec) se interessa pelas mesas girantes em 1854, através do Sr. Fortier, que lhe
falou a respeito. Com sua formação cultural ampla e sólida de professor, autor de obras didáticas e
discípulo de Pestalozzi. Tanto que a primeira informação rebate: “só acreditarei ao vê-lo, e quando me
provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que pode tornar-se sonâmbula.
Até lá, permita-me não ver caso mais do que uma história para nos fazer dormir de pé”. Ambos eram
estudiosos do magnetismo.
Em 1855 o Sr. Carlotti lhe fala com maior entusiasmo e lhe revela sobre a intervenção dos
Espíritos, abrindo-lhe um novo universo de observações e aprendizados que resultaram mais tarde na
doutrina Espírita. Presenciou as mesas girantes, a cesta de bico, e passou então a frequentar reuniões
mediúnicas familiares na casado Sr. Baudin, que após a sua entrada começou a ter um teor mais sério,
fruto da sua missão que mais tarde seria anunciada. E foi nesses estudos que ele relata ter começado
seus estudos sérios de espiritismo, observando, comparando, deduzindo consequências; dos efeitos
remontava as causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma
explicação, senão quando resolvida todas as dificuldades desta.
Vejamos anotações intimas de Rivail: “ Um dos primeiros resultados que colhi foi que os espíritos,
não sendo mais do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência
integral. Que o saber de que dispunham se reduzia ao grau de adiantamento que haviam atingido.
Reconhecida essa verdade, ela me preservou do grave escolho de acreditar na infabilidade dos Espíritos,
e me impediu ao mesmo tempo de formular teorias prematuras.
Na sessão de 25 de março de 1856, em casa do Sr. Baudin, foi-lhe revelado que o Espírito Verdade
que lhe comunicava estava à frente, como verdadeiro guia espiritual de toda uma falange de Espíritos
Superiores, incumbida de dar cumprimento à promessa do Cristo sobre o advento do Consolador
prometido. E que deixaria de haver religião para existir apenas uma, missão de Kardec, a verdadeira,
grande, bela e digna do Criador. Era a anunciação da Terceira Revelação, o novo testamento anunciado
por Jesus como promessa e que traria uma explanação mais lógica, e mais profundamente moral dos
Evangelhos.
Interessante foi a revelação de Kardec de que o próprio Espirito Verdade informou-lhe que lhe
auxiliaria em todos os sentidos, inclusive material, dada a importância da obra. E foram vários os
colaboradores encarnados e desencarnados neste processo que nos revela um novo referencial de vida, a
Doutrina Espírita.
O Céu e a Terra estavam de mãos dadas, Kardec era o instrumento necessário a trazer o clarão da
grande alvorada através dos livros publicados sendo:
O Livro dos Espíritos – 1ª edição em 18 de abril de 1857
O Livro dos Médiuns – em 1861
O Evangelho Segundo o Espiritismo – em 1864 (1ª edição titulada de “ Imitação do Evangelho Segundo o
Espiritismo)
O Céu e o Inferno – em 1865
A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo – em 1868 (concluído assim a codificação e
desencarnando no ano seguinte em 31 de março encerrando sua missão).
Herculano neste item faz referências aos aspectos tríplices da doutrina e em comparação a outras
filosofias e doutrinas.
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Inicia nos trazendo a ideia de Kant sobre as 3 funções da consciência: teórica (elaborar uma
concepção do real); prática (estabelecer relações com estes objetos); e estética (estabelecer uma
simbiose sujeito-objeto). Para Kant o homem precisa primeiro conhecer para depois agir.
Nunca podemos fugir à realidade de fatos, que nos mostra o homem, na História, tomando
conhecimento do mundo pela existência, agindo sobre ele através de uma concepção ou representação e
procurando dominá-lo através de uma síntese afetiva, moral e religiosa.
Embora se desenvolvendo “livre do espírito de sistema” como querias Kardec, a Filosofia Espírita
se enquadra necessariamente nas exigências fundamentais da consciência e procede na linha dessas
exigências. Sua estrutura resulta dos dados da ação, elaborados na representação prática das normas de
conduta e atividade, dos princípios que levam como acentua Kardec, às consequências morais. Sua
realização encontra-se na fusão do saber e da ação, nesse momento vital em que o Espiritismo exige todo
o ser do adepto e o absorve numa síntese afetiva, emocional, em que razão e sentimento, mente e
coração, alma e corpo, consciência e mundo, se unificam, numa expressão de religião cósmica, universal,
e por isso mesmo religião “em espírito e verdade”.
A existência do espírito é admitida por variadas correntes filosóficas e religiosas e no espiritismo
vamos ter uma melhor noção de sua real expressão. Em seu aspecto trino, temos o espírito (princípio
inteligente); o períspirito (envoltório semi-material do espírito que dá forma ao espírito, além de ser o elo
de ligação com o corpo físico); e corpo físico veículo corpóreo de manifestação/interação com a matéria no
plano terreno. É o homem trino que se apresenta como a conjugação de três entidades distintas numa
única manifestação, nas palavras do autor.
Temos também a dualidade alma-corpo, sendo a alma, como nos explica Kardec, uma expressão
que retrata o espírito quando encarnado.
Contudo, esse homem trino é essencialmente uno pois é espírito e somente esse que define o ser.
Perispírito e corpo físico são instrumentos de manifestação.
A constituição tríplice do Universo, nos seus aspectos fundamentais, revelados em O Livro dos
Espíritos na trindade universal: Deus, Espírito e Matéria, refletem-se naturalmente na constituição tríplice
do Homem, como Espírito e Perispírito e Corpo. Outro aspecto também é o da doutrina em si, que se
revela ao mesmo tempo ciência, filosofia e religião.
A explicação mais feliz, precisa e mais didática, é a formulada pelo espírito Emmanuel, no livro O
Consolador, recebido mediunicamente por Francisco Candido Xavier “ Podemos tomar o Espiritismo,
simbolizado desse modo, como um triângulo de forças espirituais. A ciência e a filosofia vinculam, a Terra
essa figura simbólica, porém, a religião é o ângulo divino, que liga ao céu. No seu aspecto científico e
filosófico, a doutrina será sempre um campo de investigações humanas. No aspecto religioso, todavia,
repousa a sua grandeza divina, por construir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo
a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual”.
A religião dedutiva faz Deus baixar a terra e materializar-se em ritos e objetos a religião indutiva faz
o homem subir ao céu e desmaterializar sem razão e amor para encontrar a Deus.
Assim como a religião pode ser de natureza dedutiva ou indutiva também a ciência pode seguir um
desses caminhos. As ciências da Antiguidade podem ser consideradas de natureza dedutiva. Partiam de
princípios gerais de ensinos tradicionais, para aplicações dedutivas a casos particulares.
A tradição escolástica medieval é o exemplo clássico da ciência dedutiva, aristotélica, contra a qual
se processou a revolução indutiva de Francis Bacon e a revolução racionalista de René Descartes. A
experiência baconiana e a razão cartesiana representam as duas reações contra a autoridade da mística e
da tradição, despertando o homem para a necessidade de verificar a exatidão e a segurança de seus
pretensos conhecimentos.
A partir daquilo que podemos chamar “a revolução metodológica” ou ainda “a revolução do método”
- pois tanto Bacon quanto Descartes partiram da necessidade de um método para conquista do de
conhecimento verdadeiro - os caminhos da ciência foram modificados. Já não bastava a sanção das
antigas escrituras sagradas dos livros de Aristóteles ou da tradição cultura, para que a ciência se
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impusesse. Cabia ao homem equacionar de novo os velhos problemas, para encontrar as soluções mais
seguras.
Kardec admitindo que o Espiritismo iniciou o “período psicológico “destacando-se do material para
alcançar uma realidade extrafísica. Como ciência o espiritismo também aplica o método experimental e
pelo caminho da indução. Partindo da observação dos fatos positivos que o espiritismo parte para a
comprovação da realidade extrafísica.
O espiritismo é apresentado como ciência porque explica o mestre em A Gênese, capítulo primeiro:
“Como meios de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma maneira que as ciências
positivas, aplicando o método experimental. Com o Espiritismo a ciência mais complexa a da alma,
abandonou também o caminho das deduções, para entrar no caminho das induções.
A dualidade cartesiana, hoje considerada herética, tanto nas ciências quanto na filosofia, volta a se
impor, no momento mesmo em que a ciências parecem dominar soberanamente o mundo do
conhecimento.
Kardec afirmou, há mais de cem anos em o Evangelho Segundo Espiritismo, com a serenidade do
homem que realmente sabia o que estava escrevendo: “O Espiritismo e a ciência nova que vem revelar
aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, bem como as
suas relações com o mundo corpóreo”. E explica no Capítulo VII e VIII da Introdução ao Estudo da
Doutrina Espírita, que a ciência propriamente dita, tem por objeto a matéria. O Espiritismo, entretanto, tem
por objeto o Espírito ou “princípio inteligente do Universo”.
Espírito e Matéria, como sustenta a ciência espírita, são duas constantes da realidade universal.
Por isso Kardec declara do item 16 do capítulo primeiro de A Gênese: “O Espiritismo e a Ciência se
completam reciprocamente. A Ciência, sem o Espiritismo não, pode explicar certos fenômenos, somente
pelas leis da matéria. O Espiritismo sem a ciência careceria de apoio e confirmação”. Ao fazer essa
declaração Kardec teve em mira o pensamento positivo e a possibilidade de comprovar se a existência do
Espírito através dos fenômenos físicos.
Diante da validade dos princípios espirituais, afirmados e reafirmados através do tempo, como dizia
Descartes: temos em nós sementes da ciência, como sílex tem sementes de Fogo.
A chamada revolução cartesiana foi precursora da revolução espírita. A Ciência Admirável de
Descartes é a mesma ciência espiritual de Kardec, ainda em desenvolvimento por muito tempo em nosso
planeta.
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experiências levam sendo acessíveis. O homem é um processo, e na proporção em que se desenvolvem,
supera-se, superando as suas limitações.
Kardec prefere dizer: moral. Deus criou o mundo, mas como e porque, ainda não o podemos
saber.
Admitida a existência de Deus, como a “inteligência suprema causa primária de todas as coisas” -
admita essa existência uma mesma evidência em que ela se apresenta no hegelianismo e no
cartesianismo - e admitida, da mesma maneira a existência de uma lei geral evolução, a que tudo se
submete inclusive o homem.
O homem é livre para pensar, querer e agir, mas sua liberdade é limitada pelas suas próprias
condições de ser. Dentro dessa condição, porém, o homem é livre: pode ser útil ou inútil, bom ou mal,
segundo a sua própria determinação.
Podemos colocar assim o problema: há um determinismo subjetivo, que é o da vontade do homem,
e um determinismo objetivo, que é o da condição da sua própria existência. Com a morte o homem não
deixa de ser o que é. Sua essência permanece a mesma, terá de enfrentar o mesmo processo de
oposição dialética: de um lado, o determinismo da sua vontade, do seu próprio querer; de outro, o
determinismo objetivo das circunstâncias. Pouco a pouco o livre-arbítrio supera o determinismo.
Todos os seres desde a região ontológica mineral até a região vegetal, animal e hominal, estão
todos integrados no mesmo processo e submetidos às mesmas leis e ao mesmo destino. É o que vemos,
por exemplo, no final da resposta do item 540 de O Livro dos Espíritos: é assim que tudo se encadeia na
Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo”.
O homem no mundo é, portanto, um espírito em evolução. Bom ou mal, virtuoso ou criminoso,
pecador ou santo, ele está “agora” e “aqui” para desenvolver-se, para realizar-se.
As religiões são formas de reintegração do homem nas leis naturais, instituições sociais em que se
condensam assim lições espirituais que indicam ao homem o caminho de volta à Deus. As formas
religiosas se sucedem no tempo, até o momento em que elas mesmas deverão desaparecer, cedendo
lugar a religião pura, sem templos nem formalismos, a religião em espírito e verdade, que cada
consciência professará por si mesma, independentemente de sistemas dogmáticos e organizações
sacerdotais. A lei de adoração, lei natural, será o fundamento dessa religião assistemática, que o homem
do futuro instituirá na Terra.
O trabalho é lei natural (item 674), e através dele o homem progride. Fugir ao trabalho é transgredir
a lei. Trabalhar é modificar o mundo, estabelecer a interação necessária para o progresso geral. A lei da
igualdade e a lei de liberdade, unindo os homens, deverão conduzidos à prática da fraternidade. Esta se
traduzirá plenamente na lei de justiça, amor e caridade, que estabelecerá na Terra um mundo superior ao
de injustiça, ódio e egoísmo, em que hoje vivemos. “O amor e a caridade - ensina Kardec (comentário ao
item 886) - são complemento da lei porque amar ao próximo e fazer-lhe todo o bem possível, que
desejaríamos que nos fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: amai-vos uns aos outros”.
A Filosofia Espírita desemboca, assim na Moral Espírita, essa moral não é apenas individual, mas
também coletiva. Que se traduz na prática incessante do bem, única maneira de vivermos bem na
atualidade e criarmos o bem para o futuro.
As leis morais são espécies da lei natural. As religiões em todos os tempos buscaram conduzir o homem à
Deus, avançar em moralidade, num processo de educação de coletividades, mas que sofreram forte
processo de formalismo, que lhes afastou da essência/do natural.
O espiritismo, com esta proposta de religião em espirito e verdade nos traz uma nova visão da
realidade existencial, em que pelo conhecimento destas leis naturais e, portanto, também morais, nos
convida a voltar à verdadeira adoração, que é a do coração, sem a necessidade de cultos exteriores,
figuras sacerdotais e etc.
Contudo, a doutrina respeita as demais religiões e se revela como verdadeira auxiliar no processo
de trazer tais conhecimentos libertadores a estas.
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Além do mais, não prega que fora do espiritismo não haveria salvação, mas fundamenta sua
doutrina na caridade, na pratica do amor, única capaz de conduzir o homem verdadeiramente à evolução e
a Deus.
Com relação ao panteísmo, Kardec deixa claro que não há confusão de Deus (criador) com a
criação. Estamos submetidos às suas leis, integrados em seu pensamento divino, mas não somos parte
de Deus.
O Espiritismo admite apenas a imanência de Deus no Universo, como consequência de sua própria
transcendência.
A palavra teologia tem um sentido etimológico e usual bastante conhecido e claro: é a Ciência de
Deus, ou, numa interpretação mais humilde, o estudo de Deus.
A teologia espírita se estende por toda a codificação, e nem poderia ser de outra maneira, uma vez
que o Espiritismo, na sua condição de filosofia espiritualista, tem por fundamento a existência de Deus e
suas relações com o homem.
A teologia espírita é, portanto, a parte da doutrina que trata de Deus, que procura estuda-lo, dentro
das limitações da nossa capacidade cognitiva.
O Espiritismo aparece como continuador natural do Cristianismo, sua missão é a de restabelecer o
ensino do Cristo e efetiva-lo no coração e nas consciências, já amadurecidas pela evolução, preparando
assim o Reino de Deus.
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como um céu extremamente estrelado. A luminosidade constatada pelos videntes tem agora a sua
comprovação tecnológica.
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