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Capítulo 81

Formação continuada, um trabalho de equipe

Se no início do Programa não estava muito clara a necessidade da formação de


uma equipe local capacitada para a continuidade do processo de formação, hoje
ela é uma realidade cada vez mais presente. Formar educadores mais
conscientes de seus fazeres é uma tarefa importante do Capacitar. No entanto,
transformar a cultura e o funcionamento de uma instituição, é uma meta maior
que exige investimentos para além das aprendizagens individuais. Muitas das
mudanças que se mostram necessárias dependem de decisões institucionais
que possibilitem a construção coletiva e o desenvolvimento de um processo
compartilhado entre todos os profissionais da instituição. Por isso, um trabalho
específico com a equipe dirigente se faz imprescindível. É esta equipe vai liderar
a construção de uma rotina bem equilibrada, viabilizar horas para reuniões,
providenciar materiais necessários à formação, às atividades das crianças, vai
perseguir a qualidade do trabalho pedagógico e a consistência das condutas de
saúde, entre tantos outros aspectos do trabalho educativo. O investimento no
diretor e coordenador pedagógico pode garantir a consolidação e a permanência
da formação na instituição como um todo.
Durante os dois anos da fase 1 são muitas as ações de formação
específicas e no 3º ano atua-se diretamente apenas com eles, diretores e
coordenadores pedagógicos.

Uma questão de foco

Por força de inúmeros problemas, os diretores dos CEIs e mesmo os


coordenadores pedagógicos tradicionalmente buscam resolver as demandas

1
BEM-VINDO MUNDO! Criança, cultura e formação de educadores. (Carvalho S.,
Klisys A., Augusto S. organizadoras, 2006)
burocráticas, financeiras e comunitárias e têm dificuldades de atender o
primordial, que é a qualidade do trabalho com as crianças. Esses profissionais
reconhecem a si mesmos, em geral, como “apagadores de incêndio”, tratando
mais de questões emergenciais do que despendendo atenção para os processos
necessários para consolidar um trabalho educativo de qualidade. Portanto,
contribuir para que priorizem, selecionem e foquem sua ação é o grande apoio
do Capacitar Educadores.

Trilhas do diretor no processo de formação

Em geral a contratação do Programa é feita a partir do diretor em consulta


à sua equipe, portanto, desde o início está implicado diretamente no processo
que será desenvolvido. Acompanha todos os eventos do Programa como os
encontros de formação dos professores, do pessoal de apoio, participa das
reuniões específicas de gerenciamento com todos os CEIs participantes.
Ao longo do processo desenvolve projetos de ação (exemplos no CD),
para aprender a fazer fazendo e refletindo sobre o que foi feito. Desenvolve
novas competências para usar instrumentos de ação tais como: diagnósticos,
planejamentos, e supervisões que lhe permitem acompanhar melhor os
processos institucionais

Como são muitas as funções da direção no gerenciamento de um CEI. O


Programa Capacitar lida apenas com os aspectos gerenciais diretamente ligados
às questões educativas, porque para nós, formadores, o foco também é
fundamental.

Funções do diretor
No processo formativo os próprios diretores participam da construção de
um quadro de suas funções profissionais:

1- Diagnosticar as prioridades institucionais


Para o diagnóstico é de grande ajuda ao diretor a construção de uma “moldura
teórica” para olhar o CEI, que embase suas tomadas de decisões e o ajude
manter o foco. Neste sentido, os princípios de uma educação construtivista e a
concepção de saúde contribuem muito neste processo.

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Que fazer com as sobras de comida no CEI?
“O projeto teve início quando começamos a observar que as crianças
derramavam muita comida nas mesas e no chão, recusavam determinados
alimentos e sobrava muita comida nos pratos. Começamos a perceber que tinha
algo errado e partimos para as observações. Concluímos que as refeições eram
servidas pelas educadoras em pratos prontos, de modo que dificultava a livre
escolha dos alimentos e da quantidade necessária a cada criança. Para algumas
crianças já crescidinhas a comida era colocada na boca. A maneira como as
crianças pegavam os utensílios de vidro chegava a nos dar calafrios, enfim a
hora do almoço era muito formal.
Houve várias mudanças relacionadas à alimentação: os acordos antes
das refeições; educadores como modelo na hora; a estética dos pratos e a
reorganização do espaço físico também foi levada muito à sério. A implantação
do sistema de self-service facilitou a liberdade de escolha. Investimos na criação
de cardápios balanceados e nutritivos, baseados nas preferências das crianças.
Todos esses fatores contribuíram para maior autonomia e socialização e serviu
de incentivo para que as crianças passassem a se alimentar melhor e com mais
prazer. Para nossa surpresa hoje praticamente não há sobras, pois elas colocam
o tanto que querem e repetem quantas vezes for necessário.

Albertina Santos de Lima, gerente e Maria Ivanete Cabral dos Santos,


coordenadora. Associação de Moradores dos Jardins. Capacitar 5.

2-Liderar a construção do projeto educativo pedagógico do CEI


O diretor lidera delegando funções, distribuindo tarefas, socializando
descobertas, procedimentos. Cuidando também da formação constante da
equipe, imprimindo uma marca mais colaborativa de trabalho. Em parceria com
o coordenador pedagógico apoia e estimula a equipe a construir um projeto
educativo pedagógico compartilhado e apropriado por todos.
3-Supervisionar diariamente o trabalho do CEI
A criação de rotinas de supervisão permite acompanhar o que acontece em
todas os grupos e espaços da instituição, desde que seu “passeio habitual” seja
feito também a partir de focos específicos como por exemplo:
- organização do espaço
- rotina do brincar
- limpeza do CEI
- Manutenção de livros, materiais e brinquedos
- Exposição de trabalhos das crianças, etc
Após a “caminhada”, faz o seu registro com apontamentos do que precisa
encaminhar com a equipe em momentos próprios para reunião, buscando
socializar questões e democratizar em grupo as decisões.

4- Selecionar novos profissionais 2


Saber selecionar bons profissionais para sua equipe a partir da elaboração dos
perfis que cada função necessita, instituir critérios de avaliação,
acompanhamento e eventual dispensa de funcionários também fazem parte das
funções do diretor. Em muitas unidades participantes do Capacitar os diretores
procuram criar bolsa de recursos humanos, sistema de estágios, integrados ou
não com instituições que selecionam estagiários no mercado.

5- Providenciar recursos materiais


Estar a par do que a instituição precisa buscando no mercado, melhores
condições de custo para poder suprir os mais diferentes materiais pedagógicos,
de consumo, higiene, etc. é uma de suas funções. Em Osasco, SP, por exemplo,
os diretores de vários CEIs se unem para comprar produtos diretamente do
fabricante ou editoras, com preços mais baixos, consequentemente tendo
melhores condições de renovar acervo de brinquedos, livros e ter produtos de
melhor qualidade. Muitos CEIs, inclusive buscam parcerias de grandes redes de
supermercados, entrepostos comerciais (CEASA), lojas, para ajudar a compor
as necessidades materiais da instituição.

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No caso de diretores de instituição privada, na rede pública esta função não é do diretor uma vez que
em geral há concursos públicos para provimento de cargos.
6-Gerenciar parcerias diversas
A identificação, mobilização de diferentes instâncias parceiras é também tarefa
do gerenciamento, preocupado em compor com outros setores sociais que
compartilham a responsabilidade e o interesse pela educação da criança, sem,
no entanto, perder a sua especificidade e seu papel neste processo. Assim,
compreende-se o estabelecimento de parcerias como uma ação compartilhada,
derivada de competências diferentes, em prol de um objetivo comum.
a) Família
As famílias são parceiras prioritárias do processo educativo principalmente em
se falando de crianças pequenas. Considera-se a família como uma instituição
plural, que apresenta diferentes composições, dinâmica, não harmônica, onde
emergem sentimentos, necessidades e interesses nem sempre coesos. A ideia
de parceria, prevê tornar a instituição um ambiente acolhedor e receptivo às
famílias por meio das seguintes ações:
- Considerar o conhecimento, cultura das famílias como parte integrante do
processo educativo
- Planejar cuidadoso da entrada da criança no equipamento
- Contatos prazerosos entre ambas as instituições
- Reuniões em pequenos grupos para discutir o currículo, atividades e demais
assuntos
- Participação e organização de eventos
- Participação nos projetos pedagógicos
- Abertura para comissões de pais que porventura sejam criadas
O importante é manter canais abertos de comunicação entre ambas as
instituições, permitindo uma cooperação significativa e enriquecedora para
ambos.

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A visão das mães está mudando muito
... porque a gente está começando a passar para elas que as crianças hoje ficam
na creche não para serem só alimentados pelas “tias” e sim que elas também
estão participando de um aprendizado. Muitas mães gostam, elas elogiam e
falam: — “nossa, ele chegou em casa, ele falou isso, ele aprendeu isso, ele sabe
aquilo”! A Creche hoje em dia está mudando muito, não muito naquilo só de
passar o dia inteiro a criança ser cuidada e ser alimentada, a creche também
está muito empenhada... Antigamente o que eu achava da creche era o que as
mães mesmo achavam que era: a criança vinha na creche para ser cuidada
pelas tias, que a gente estava ali fazendo o papel de mãe, enquanto a mãe não
estava, a gente teria que estar cuidando dela, dando carinho para elas, cuidando
bem delas para quando a mãe delas chegasse a criança estar ali bem
arrumadinha, sem machucado, e hoje em dia não, eu estou vendo que a creche
mudou bastante, porque a creche realmente era bem isso, muitas creches
continuam nesse ritmo. Eu percebo que o meu papel hoje está como professora
da criança, trazer o que eu estou aprendendo... Eu estou aprendendo muito,
porque eu não fiz o magistério, eu ainda estou fazendo
Regina Scarpa. Era Assim agora não. Depoimento da professora Marisa,
Considerações finais, pág. 113.

B) Com as instituições de saúde


Embora o CEI e suas famílias compartilhem momentos diários de cuidados a
pareceria com centros de saúde e demais unidades do setor se faz necessária.
As ações mais especializadas do campo da saúde, devem ser realizadas por
profissionais específicos que promovem a saúde, previnem e tratam os
problemas que ameaçam ou alteram a integridade física e psíquica. Esses
profissionais também monitoram o processo de crescimento e desenvolvimento
infantil procurando identificar possíveis problemas que possam ser
contornados, solucionados e superados. Esse cuidar é de competência e
responsabilidade dos serviços de saúde, a partir da demanda das famílias ou
instituições que são responsáveis pelas crianças.

c) Instâncias governamentais

A construção de uma relação de parceria com o poder público, responsável legal


pela garantia do acesso da criança à educação, capaz de contribuir com a
missão institucional, subsidiar financeira e tecnicamente precisa ser também
planejada. É importante lembrar que a intersecção dos esforços, em direção a
um mesmo objetivo, não isenta a sociedade civil do dever de buscar, avaliar e
exigir da ação governamental, aquilo que lhe é pertinente. Os vários serviços na
comunidade centros de saúde, casas de cultura, bibliotecas, deverão ser
contatados permanentemente para uma atuação conjunta, evitando
sobreposição de ações.

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c) Instituições sociais e culturais


As salas de cinema, de teatro, os jornais, as associações comerciais, os
sindicatos, os empresários etc. são parcerias não tão comuns mas muito
promissoras. A efetividade para atuação conjunta dependerá de ações da
instituição em busca de relações criativas que possam garantir a qualidade da
educação oferecida às crianças.

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Novos horizontes para as equipes de apoio


Dirigir uma instituição de Educação Infantil significa gerenciar diferentes projetos
de formação que, embora tenham todos um objetivo comum – o de proporcionar
uma Educação Infantil de qualidade para as crianças – trabalham de forma
específica com os diferentes atores. A parceria entre gerentes e/ou diretores e
coordenadores pedagógicos que planejam juntos as ações de formação garante
harmonia e coerência da proposta educativa como um todo. Exemplificando essa
atuação conjunta apresentamos o Projeto de Ampliação Cultural para as equipes
de apoio (auxiliares de limpeza e de cozinha) e educadores dos Centros de
Educação Infantil (CEIs) Dom José Gaspar e Isabel Ribeiro, na capital Paulista,
que teve como objetivos, o acesso aos equipamentos culturais da cidade, e
propiciar maior habilidade com a leitura e a escrita, visando uma melhor
integração com a atuação da área pedagógica. Aproveitando o aniversário de
450 anos de São Paulo, em 25 de janeiro 2004, nós, as gerentes Maristela e
Elizabeth, elaboramos uma série de visitas a marcos culturais da cidade. Ao
Pátio do Colégio e as suas imediações: Catedral da Sé, Solar da Marquesa e
Mosteiro São Bento, etc. As exposições Picasso, na Oca, no Parque do
Ibirapuera; (Re)conhecendo o Centro e O Acervo do Solar Crespi Prado, ambas
no Museu da Casa Brasileira; A Escrita da Memória, no Espaço Cultural Banco
Santos. Além de visitar os locais, as equipes informavam-se previamente sobre
o assunto a ser conhecido, realizando pesquisas sobre textos e informes
relativos ao tema enfocado. As visitas aos locais históricos e à exposição “O
Acervo do Solar Crespi Prado, no Museu da Casa Brasileira”, ofereceram a
possibilidade das profissionais conhecerem os hábitos, utensílios, móveis e o
cotidiano da vida brasileira de outros tempos, confrontando-o com a organização
e o modo de vida atual. Em seus relatos, vemos como chamou-lhes a atenção a
beleza dos móveis antigos, das pratarias e os modos de decoração de outrora.
Todos os locais visitados eram desconhecidos das profissionais das equipes de
apoio, embora fossem moradoras da cidade de São Paulo. Muitas delas
afirmaram não ter coragem de sair de casa para visitar esses lugares, vistos
como muito distantes e diferentes daqueles que estavam acostumadas a ir. Esta
etapa do projeto também as colocou em contato com novos horizontes, abrindo-
lhes a possibilidade de vir a frequentá-los por conta própria, acompanhadas de
familiares e amigos.
Embora esta etapa fosse bem interessante, o projeto não se esgotava aí,
pois era necessário que todo esse conhecimento fosse transmitido aos
educadores da creche, às crianças e aos pais.
Detalhes no CD-ROM CEIS D. José Gaspar e Isabel Ribeiro Capacitar 9

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