Вы находитесь на странице: 1из 4

UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA

Estudante: Leonardo Pontes Ferreira


Disciplina: Tópicos Antropológicos IV – Pós-
estruturalismo nas Ciências Sociais
Docentes: Lorena / Marcos

Resenha do Capítulo “A estrutura, o signo e o jogo no discurso das Ciências Humanas” -


Jacques Derrida

Esta presente resenha é um esforço teórico, de síntese e compreensão do pensamento e da


crítica empreendida por Jacques Derrida no artigo “A estrutura, o signo e o jogo no discurso das
Ciências Humanas”1. O artigo discute a história do conceito de estrutura, como um paradigma que
norteou e organizou a ciência, a filosofia e a episteme ocidentais. A discussão se orienta para
delimitar qual foi o momento em que despontou, nas Ciências Humanas, uma reação de crítica e
superação do estruturalismo, dos binarismos e das oposições que configuraram a lógica do
pensamento clássico.
Esse momento, ou esse acontecimento teria a forma de uma ruptura no interior da própria
filosofia ocidental, que pensou a estrutura e sua estruturalidade a partir de um centro, que deveria
orientar, equilibrar e estabelecer o princípio organizativo para limitar o jogo, ou seja, o movimento e
a dinâmica dos elementos no interior de uma estrutura.
Assim, para o pensamento clássico, o centro seria um local onde não haveria possibilidade
de transformação, de substituição e de deslocamento, então, a estrutura e sua estruturalidade
estariam reduzidas a uma interdição. O centro, pensado a partir dessa lógica, escaparia à própria
estruturalidade que ele possibilita existir, podendo estar dentro e fora da estrutura que organiza,
portanto, a estrutura têm seu centro noutro lugar, e não nela mesma.
Quando Derrida afirma enfaticamente que “o centro não é o centro” (DERRIDA, 2011, p.
408), ele quer dizer que a presença do centro sempre está fora do jogo, que ele funda e o encerra em
si mesmo: O jogo já nasce fundado em sua própria imobilidade fundadora. O que se analisa é que o
pensamento clássico da estrutura lida com uma história de transposições, de centro para centro.
Dessa forma, a história da metafísica ocidental tem de ser pensada como uma cadeia de
transposições, de centro para centro, de metafísica para outra. O centro seria pois, todos os grandes
paradigmas, conceitos e metáforas do ocidente, sempre recebendo seus nomes a partir da
determinação do ser como presença:

1 O artigo integra o livro “A escritura e a diferença”, publicado no Brasil em 2011 pela editora Perspectiva, São
Paulo.
“Poder-se ia mostrar que todos os nomes do fundamento, do princípio ou do
centro, sempre designaram o invariante de uma presença (eidos, arquê, télos,
energeia, ousia, [ essência, existência, substância, sujeito] aletheia,
transcendentalidade, Deus, homem, etc.).” (DERRIDA, 2011, p. 409)
Isto posto, para localizar e esboçar na história da estrutura o acontecimento de ruptura
enunciado anteriormente, foi necessário resgatar os fundamentos que possibilitaram toda e qualquer
crítica, portanto precisou-se esboçar o paradigma que começou a ser questionado, então, coloca-se
novamente a questão: Que acontecimento marcou a ruptura dentro da história das estruturas do
pensamento ocidental?
Para começar a trabalhar essa questão, Derrida aponta que essa ruptura aparece no
momento em que a estruturalidade da estrutura, como a lei da presença central começou a ser
pensada e questionada: Se o centro não é o centro, como concebê-lo em sua fixidez? E mais
profundamente: Será que existe de fato, um centro como sendo-presente, natural e fixo? Não se
trataria pois, de um centro como uma função, ou seja, um não-lugar onde ocorrem substituições de
signos?
A delimitação de uma doutrina, de um campo do saber ou de uma produção bibliográfica
que identifica e caracteriza esse acontecimento, pertence e se encontra no interior – ou no ápice – da
totalidade de uma época. Mas para exemplificar e dar uma forma mais precisa a essa ruptura,
Derrida aponta alguns autores que estiveram mais próximos dessa virada crítica, assim, temos
Niezstche e sua crítica à metafísica, e Freud, com sua crítica da presença em si (DERRIDA, 2011,
p. 410).
Tal acontecimento, no entanto, se encerra num círculo onde a própria metafísica – seus
conceitos, paradigmas e linguagem – produz a partir de si, a possibilidade do surgimento de uma
crítica destruidora. Nesse círculo se encerram então, a base epistêmica que se pretende escapar e a
crítica dessa própria base. Portanto, esse acontecimento, antes de ser simplesmente um fato isolado
dentro da história da estrutura, se relaciona especificamente aos conceitos clássicos que sustentam a
metafísica ocidental e abrem a possibilidade para o despontamento da crítica.
Sendo assim, Derrida insere em seu texto um elemento-chave para se compreender a crítica
da metafísica da presença, que como foi colocada, se manifesta no jogo de oposição entre elementos
diferentes entre si: É nesse momento da argumentação que aparece o conceito de signo. Pois então,
o signo, como significante e significado se refere a uma oposição, a um sistema de diferenças onde
o conceito e seu referente material não são a mesma coisa, esse sistema de diferenças se refere
também, aos binarismos de modo geral (Sensível/Inteligível, Natureza/Cultura, etc) que orientam o
pensamento ocidental.
Dessa forma, como é possível superar a oposição do sensível e do inteligível a partir do
conceito de signo?
“Pois há duas maneiras heterogêneas de apagar a diferença entre significante
e significado: uma, a clássica, consiste […] em submeter o signo ao
pensamento; a outra, a que a aqui dirigimos contra a precedente, consiste em
questionar o sistema no qual funcionava a precedente redução.” (DERRIDA,
2011, p. 411)
Observa-se pois, uma multiplicidade de discursos destruidores, todos orientados para
superar metafísica, e isso não quer dizer que tais discursos abandonaram os conceitos derivados do
que se pretendia superar. O que houve foi um esforço de pensar e operar, desde a metafísica o
empreendimento crítico de seus fundamentos.
Em continuação, Derrida chega ao ponto central de seu texto, onde discorre sobre a
localização, ou melhor, a relação das Ciências Humanas dentro da história das estruturas. Para isso,
analisou-se principalmente a Etnologia, como uma ciência humana “mais privilegiada” dentro da
crítica à metafísica.
A etnologia nasce a partir de um descentramento, onde a Cultura europeia é deslocada de
seu lugar, deixando de ser considerada a cultura de referência. Por isso, a Etnologia como ciência,
só poderia ter surgido com a crítica ao etnocentrismo, crítica essa, formulada mais ou menos no
mesmo momento da crítica à história da estrutura.
Mas a Etnologia é derivada dos problemas e conceitos da tradição clássica do pensamento,
assim, as premissas do etnocentrismo são evocadas toda vez em que se faz uma etnologia, mas essa
é uma necessidade da qual não se pode escapar, pois o pensamento clássico abriga em si a
necessidade de sua crítica. Portanto, é de dentro da linguagem que a crítica de linguagem é pensada.
As Ciências Humanas têm pois, uma responsabilidade crítica de pensar os próprios referenciais, os
próprios discursos e paradigmas para atacá-los e destruí-los.
Derrida, após apresentar e delimitar o problema de sua reflexão teórica acerca do
surgimento da crítica no interior da episteme ocidental, apresenta as contribuições e os esforços de
Levi-Strauss em realizar uma crítica da linguagem a partir do uso de uma linguagem crítica nas
Ciências Humanas (DERRIDA, 2011, p. 413).
Com isso, usou-se do exemplo da oposição Natureza/Cultura, trabalhada por Levi-Strauss,
que pensava ser preciso evocar esses conceitos, para verificar como o constaste entre eles foi
ressaltados, fortalecido ou negado no decorrer da história das ideias. Assim, a crítica a essa oposição
pode caminhar em dois caminhos diferentes: 1 – questionando a história dos conceitos colocados
em oposição e deixar transparecer a hierarquia em que um é colocado em relação ao outro; e 2 –
conceber um posicionamento crítico, denunciando os limites desses conceitos e pensá-os como
instrumentos metodológicos;
No caso de Levi-Strauss portanto, a oposição que pretendia se combater foi utilizada pelo
seu valor metodológico e não pelo seu estatuto de verdade. O discurso desse método seria em Levi-
Strauss o que ele chamou de bricolagem, ou então, o uso dos elementos que se tem a disposição, em
um heterogêneo arranjo metodológico. Haveria então, uma resignificação dos próprios instrumentos
teóricos, conceitos e paradigmas.
O esforço de Levi-Strauss se relaciona a uma tentativa de estabelecer uma Etnologia que
escapasse aos centros de referência e que não se construísse a partir de sujeitos historicamente
privilegiados, por isso, a Etnologia deveria estar sempre voltada para o que ela pretende fugir:
“É devido a esta ausência de qualquer centro real ou fixo do discurso mítico
ou mitológico que se justifica o modelo musical escolhido por Lévi-Strauss
para a composição de seu livro. A ausência de centro é aqui a ausência de
sujeito e a ausência de autor.” (DERRIDA, 2011, p. 419)
Portanto, ao se abandonar o centro como um referencial para se fazer uma Etnologia,
pontuou-se duas proposições: 1 – De que os mitos não têm privilégio referencial; e 2 – que os mitos
não têm uma unidade ou formas absolutas, pois o discurso mitológico deve ter a forma daquilo que
ele fala – dos mitos e das bricolagens em si mesmos.
E ainda, que os mitos não podem ser considerados como totalidades, já que nenhum
esforço totalizador será capaz de alcançar a totalidade das coisas de que falam os mitos, pois estes,
não são realidades fechadas, mas que estão abertas ao jogo ininterrupto dos elementos, que estão em
um constante processo de substituições infinitas, num eterno movimento de suplementariedade.
Esse movimento deriva-se de uma falta sempre existente, devido a uma finitude que têm as
coisas, por isso, cada movimento de significação vem acompanhado de outro, e de outro e que esse
outro, vem acompanhado de outros complementos, e assim, o jogo deixa aberta a significação das
coisas.

Вам также может понравиться