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SCHWARCZ, M. Lilia. STARLING, M. Heloísa.

No fio da navalha: ditadura, oposição


e resistência In SCHWARCZ, M. Lilia. STARLING, M. Heloísa Brasil: uma biografia.
Companhia das Letras, São Paulo – SP, p. 437-466.

Nesse capítulo as autoras se concentram nas tensões e tratativas necessárias para


manter a legalidade e a posse de João Goulart como presidente após a renúncia de Jânio
Quadros e, no seu governo as estratégias para vencer as amarras impostas pelo modelo
parlamentarista adotado às pressas. Elas acompanham em seguida, os acontecimentos
políticos que contribuíram para colocar a bandeira da legalidade nas mãos de setores
golpistas que já se articulavam.
Em um segundo momento, o foco são os governos militares que se sucederam no
poder, bem como a construção de uma institucionalidade e uma legalidade dentro da
exceção ainda nos primeiros governos ditatoriais que asseguraram o seu funcionamento
ao longo de duas décadas. Por fim, o texto se detém na resistência artística e também nos
grupos de oposição que optaram pelas armas, as guerrilhas urbanas e rurais.

UM PRESIDENTE EQUILIBRISTA
O plano de Goulart era as reformas de base mas, assumindo o cargo restava o
problema do parlamentarismo que dava maiores poderes ao Legislativo em detrimento do
Executivo. Para lidar com isso, o presidente teria que recompor a aliança PSD-PTB para
ter estabilidade política e desgastar o parlamentarismo. Além disso, teria que conter as
alas radicais de ambos os partidos e trazer para o seu lado as forças heterogêneas de uma
esquerda que crescia em demandas e pressionava pelas reformas a qualquer custo.
Goulart estabeleceu um “gabinete da conciliação” composto por políticos do PTB,
PSD e UDN e se manteve na defensiva buscando a aprovação das reformas – o que não
ocorreu.
O contexto econômico era preocupante: uma inflação alta e problemas herdados
de governos anteriores acrescidos de outros estruturais do país como a questão agrária.
Para piorar, os EUA inconformados com a política externa independente iniciada por
Jânio Quadros em pleno cenário de Guerra Fria, faziam sanções ao Brasil.
Nos campos do nordeste as disputas em torno da questão agrária se acirravam,
fazendo o tema entrar na agenda política no momento. O líder das Ligas Camponesas,
deixou claro que a reforma agrária era sinônimo de desapropriação de terras improdutivas,
superiores a quinhentos hectares, pagas com títulos da dívida pública, diferentemente do
que era assegurado pela Constituição de 1946, que determinava o pagamento em dinheiro
à vista – o que para eles era negócio e não reforma. Além disso, queriam a concessão de
terras devolutas aos camponeses sem custo e a entrega dos títulos de propriedade aos
posseiros, bem como o estímulo às cooperativas.
Contudo, a reforma agrária, principal pauta de uma coalisão feita pelas esquerdas
não foi aceita pelo Congresso em 1961. O PSD, base do governo era composto por
representantes dos latifundiários que viam com ojeriza a proposta e tinha pavor aos
sindicatos rurais. Com as propostas de reforma agrária e o avanço das lutas no campo eles
se armaram.
Para conter as pressões em ambos os lados, Jango cria a Superintendência de
Política Agrária (SUPRA) com poderes de desapropriação e função de planejar e
promover a reforma agrária. Ao mesmo tempo, criou os sindicatos e estendeu a categoria
de trabalhador rural, que poderiam receber os benefícios a eles ligados. Nas cidades surgiu
o Comando Geral dos Trabalhadores (CTG), responsável pela promoção de greves que
passaram a assolar o país, fortalecendo as esquerdas heterogêneas e pressionando o
governo pelas reformas de base.
Além dessas medidas Jango propôs a reforma do estatuto do capital estrangeiro,
regulando a remessa de lucros para o exterior e estatizou o setor industrial estratégico. As
outras reformas na esteira como a urbana, interferiria no crescimento das cidades e no
acesso às periferias, combatendo a especulação imobiliária; a reforma bancária prescrevia
uma estrutura financeira sob o controle do Estado; a reforma política mudaria os critérios
de voto, permitindo a participação dos analfabetos; e a reforma universitária, além de
acabar como regime de cátedra ainda reorientava o eixo de ensino e pesquisa para o
atendimento das necessidades nacionais.
Os setores golpistas se articulavam em torno do Instituto Brasileiro de Ação
Democrática (Ibad) e da Agência Central de Informações (Central Intelligence Agency,
CIA), que financiavam candidatos e campanhas no legislativo, junto a outras empresas
multinacionais, que objetivavam construir uma frente de oposição no Congresso. O
Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (ipes), fundado por empresários do Rio de Janeiro
e São Paulo e a Escola Superior de Guerra (ESG) tinham o mesmo propósito e atuavam
por vias distintas. Esta ultima por exemplo, formada pelo alto-comando das Forças
Armadas, tinha inspiração no National War College norte-americano, pretendendo
aproximar militares e empresários para construir o desenvolvimento do país.
Eles também modificaram a concepção de segurança nacional, adotando
estratégias norte americanas do período da guerra fria, através da noção de guerra interna
que, se não controlada através dos serviços de inteligência, atrapalhariam o
desenvolvimento e o progresso.
O Ipes orquestrou campanhas anticomunistas e bancou manifestações públicas
contra o governo, bem como outros grupos de direita para desestabilizá-lo e planejou
subsidiar um novo projeto de governo e de desenvolvimento para o país, aberto ao capital
estrangeiro.
Esse é o plano de fundo do governo e dos grupos contrários a ele, no entanto, até então
não havia motivações suficientes que legitimassem a tomada do poder e a transgressão da
legalidade. Alguns acontecimentos envolvendo diretamente o governo acabam passando
a bandeira da legalidade para os golpistas, são eles:
 Sentimento de autossuficiência das esquerdas, sobretudo após negada a reforma
agrária. Leonel Brizola, um forte nome que unificava as esquerdas e conhecido
pela campanha da legalidade, reclamava que o governo devia endossar a política
de confronto. Para ele, as reformas teriam que ocorrer, mesmo que isso custasse a
democracia e a constitucionalidade, afinal, entendia a Constituição de 1946 como
ultrapassada e as instituições democráticas, meras ilusões.
 A Rebelião dos Sargentos ocorrida em 1962, um ato de insubordinação de
sargentos da Aeronáutica e da Marinha que, inconformados com as más
condições, baixos salários e a falta de participação política, ocuparam o prédio do
Supremo Tribunal Federal e prenderam o presidente do supremo. A rápida
liquidação do movimento pelos comandantes militares, o choque causado pela
insubordinação, a facilidade de isolamento da capital e, sobretudo, a neutralidade
com que o presidente se posicional em relação ao evento e aos rebeldes, causaram
espanto e começou aí, a inversão da legalidade, causando instabilidade no
governo.
 A entrevista concedida pelo opositor udenista, Carlos Lacerda a um
jornalista norte americano, a qual Jango reagiu mal, pedindo ao congresso
permissão para decretar Estado de sítio e intervir no Estado da Guanabara, pedido
duramente hostilizado.
 O Comício da Central do Brasil, ocorrido no Rio de Janeiro em 1964, preparado
simbolicamente próximo aos realizados por Vargas durante o Estado Novo com o
intuito de mostrar a união das esquerdas e o avanço e apoio dos trabalhadores ao
governo. Nele, o presidente discursou de improviso a mais de 150 mil pessoas,
dizendo que a hora das reformas havia chegado dependendo apenas da
conciliação. Dois dias depois sua agenda de reformas foi enviada para o
Congresso e um plebiscito para aprova-la, além disso, ele pediu extensão de
poderes do legislativo para fazer alterações na Constituição de 1946, o que causou
receio no Congresso que passou a temer o fim da legalidade institucional
democrática.
 A Marcha da família com Deus pela liberdade que ocorreu em São Paulo era a
comprovação de que havia uma frente de oposição ao governo, constituída
principalmente por uma classe média conservadora insatisfeita com a política
econômica, com o alto custo de vida; marcha essa ignorada pelas esquerdas que
em sua autossuficiência, não enxergava nela o povo.
 Motim na Marinha ocorrido em represália as demissões feitas pelo ministro da
Marinha devido as comemorações feitas pelo aniversário da Associação de
Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) que, de caráter sindical, não
era reconhecida. O objetivo das demissões foi justamente iniciar uma crise para
comprometer a autoridade do governo e conseguiu, pois, Jango às pressas nomeou
novo ministro e assumiu as negociações acertando o fim do motim através de
anistia. O episódio de indisciplina sacudiu os quartéis. Em 30 de Março Jango
ainda foi discursar na diretoria da Associação dos Sargentos ao lado de lideranças
do motim.
Para o golpe faltava apenas a unificação dos quartéis, agora só dependia da finalização
dos detalhes entre os principais comandos militares. Nos EUA, uma força tarefa
aguardava autorização para dar início à operação Brother Sam, um plano preparado para
dar apoio logístico aos militares brasileiros em caso de resistência prolongada.
Durante a madrugada de 31 de março, o general Olympio Mourão Filho, decidiu
descer sua tropa de Minas Gerais em direção ao Rio para tentar tomar de assalto o
Ministério da Guerra e depor o presidente. Goulart tinha alternativas de resistência, mas
nem ele nem seus opositores esperavam o prolongamento do governo militar, todos
achavam que se tratava de um período curto e que as eleições de 1965 estava assegurada,
temia também uma possível guerra civil e ninguém tomou a iniciativa de resistir
Em 2 de Abril o presidente do Senado, percebendo a desintegração do governo
precipitou os acontecimentos e depôs Gooulart que ainda estava no país. Ninguém previa
o prolongamento de uma ditadura nem que uma facção entre os golpistas tinha agenda
própria que faria com que o país vivesse duas décadas sob o regime militar.
QUANDO UM GOLPE VIRA GOVERNO
Logo após o golpe houveram disputas entre militares e empresários do Ipes pelos
bastidores para neutralizar os demais núcleos que atuaram de forma mais ou menos
autônoma na deposição de Goulart e o Ipes se concentrou em criar circunstâncias para
transformar a quartelada em golpe e o golpe em governo, através da ocupação de cargos
da estrutura de planejamento governamental e de definição de política econômica – que
se tornaram reduto de civis- pelos seus associados e colaboradores.
Vários deputados considerados de esquerda tiveram seus mandatos cassados e foram
proibidos de participar da política e o que sobrou do congresso participou das eleições
indiretas de apenas um candidato para assumir a presidência. Eleito, Castelo Branco jurou
defender a constituição mas, na prática, promoveu uma completa mudança no sistema
político junto a colaboração de civis e militares comprometidos com o projeto de
modernização e desenvolvimento através da industrialização e crescimento econômico,
modificando para isso, as configurações jurídicas e montando um aparato de informação
e repressão política que se utilizaria da censura como ferramenta de desmobilização e
supressão do dissenso. Institucionalizou-se então a ditadura e suas soluções
discricionárias que limitavam os demais poderes e os mecanismos de repressão que,
expandidos sustentariam o regime.
Contudo, a passagem de um governo a outro foram marcadas por crises que
demonstram as disputas de diversos setores dentro dos quartéis e que buscavam maior
participação em um sistema que ajudaram a instituir.
TEMPO DE DITADURA
Em termos gerais o canal entre os militares e empresários era aberto e isso fica
explícito ao analisar a política econômica implementada já desde o governo de Castelo
Branco que ergueu as bases econômicas e financeiras que deslancharam o modelo de
desenvolvimento, dando prioridade ao estímulo a investimentos estrangeiros e
incentivando as exportações através da desvalorização do cruzeiro em relação ao dólar.
Além disso, houve estabilização econômica através do controle dos salários, redução da
idade mínima de trabalho legal, fim da estabilidade no emprego através da criação do
FGTS, repressão aos sindicatos e proibição de greves.
Não obstante, houve greves como a de Contagem em Minas Gerais no sindicato dos
metalúrgicos e em Osasco, que foram duramente reprimidos. Porém, no momento de
intensificação da repressão houve o apogeu do crescimento econômico denominado de
“milagre econômico” que assegurou o regime e seus métodos repressivos e autoritários,
principalmente por causa da intensa propaganda ufanista dos feitos da ditadura, como as
obras da Transamazônica – que se encaixava perfeitamente no projeto de
desenvolvimento da ESG focada no desenvolvimento e segurança nacional das fronteiras.
O crescimento se deu através do subsídio governamental, diversificação de
exportações, desnacionalização da economia com entrada de empresas estrangeiras,
controle de presos e fixação centralizada dos reajustes de salários. Ele não acompanhou
uma política de distribuição de renda, contribuindo para a maior concentração e ocasionou
também o aumento da dívida externa e vulnerabilidade às alterações no cenário
internacional como a crise do petróleo na década de 1970, que minou o crescimento.
TEMPERATURA SUFOCANTE
Nesse enxerto são apresentados os atos institucionais, responsáveis por estruturar e
assegurar o regime em seus diferentes momentos e governos:
 AI nº1: trata-se do primeiro ato institucional e tinha prazo de validade
estipulado para 31 de janeiro de 1966 que seria o fim do mandato de Goulart.
Foi o responsável por liquidar as expectativas de eleições em 1965, pois
prorrogou o mandato de Castelo Branco;
 AI nº2: Mudava as regras do jogo político suprimindo as eleições por voto
direto e popular para presidente da República e extinguia partidos políticos.
Por causa desse decreto, Carlos Lacerda passou à oposição e lançou o
manifesta da Frente Ampla que reunia representantes da esquerda e da direita
em prol da democracia e foi logo colocado na ilegalidade;
 AI nº3: Ainda no governo de Castelo Branco o decreto acabou com eleições
diretas para governadores e com um Ato complementar instituiu apenas dois
partidos sendo um de apoio e o outro de oposição (consentida) ao governo.
Por causa desse decreto, houve a formação da Arena e do MDB – que mesmo
dócil, concentrou oposicionistas dos extintos PSD, PTB e UDN em torno da
democracia, participando de passeatas e greves, denunciando arbítrios, perda
de direitos e o processo de desnacionalização;
 AI nº 5: instituído em 1968, quando estoura vários movimentos de estudantes
pelo país, o documento de onze artigos fechava o congresso por tempo
indeterminado, suspendia a concessão de habeas corpus, proibia as franquias
constitucionais de liberdade de expressão e reunião, permitia demissões
sumárias, cassações de mandatos e de direitos de cidadania, e determinava
que o julgamento de crimes políticos fosse realizado por tribunais militares
sem direito a recurso. O pretexto de sua instituição foi a recusa do Congresso
Nacional em autorizar o processo judicial contra um deputado que havia feito
discurso ofensivo às Forças Armadas. Tratava-se de uma ferramenta de
intimidação pelo medo, empregado contra a oposição e a discordância,
enquadrado pelos militares num arcabouço jurídico para inseri-lo, assim
como os demais, numa legalidade plantada no arbítrio – uma legalidade de
exceção. Segundo as autoras, por esse motivo, se utiliza atualmente o termo
“revolução” para falar do período quando a repressão se institucionalizou de
forma legitimada.
A MÁQUINA DE MATAR GENTE

Nesse ponto as autoras se concentram em especificar as instituições pré-existentes ou


criadas para exercer a repressão pela ditadura. Entre as já existentes estão os
Departamentos de Ordem Política e Social (Dops), subordinado às Secretarias de
Segurança Pública e os policiais civis lotados nas delegacias, muito utilizados até 1967,
entre os novos estava o Serviço Nacional de Inteligência criado pelo general Golbery,
ministro da fazenda ligado ao Ipes. Além disso, a máquina de repressão tomou forma com
a criação do Centro de informações do Exército (CIE) que atuava na coleta de
informações e na repressão direta de forma letal e o Centro de Informações da Marinha
(Cenimar) criado em 1957, junto ao Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica
(Cisa), montada em 1970.
Em São Paulo no ano de 1969 foi criada a Operação Bandeirante (Oban), organismo
formado por oficiais das três forças, por policiais civis e militares e financiado por
empresas multinacionais com o objetivo de coletar informações, interrogar e fazer
operações de combate que serviu de modelo para a criação no ano seguinte dos Centros
de Operação e Defesa Interna (Codi) e Destacamentos de Operação Interna (DOI) que
estavam ambos, sob o comando do ministro do Exército e conduziam a maioria das
operações de repressão.
As autoras apontam a quebra da legalidade de exceção da ditadura com as torturas e
atos sumários que não eram uma exceção promovida por desequilíbrios individuais, pois
para se efetivar necessitava da contribuição e omissão de juízes, médicos, polícia, entre
outras instituições . Inicialmente o principal alvo era as forças da esquerda que apoiavam
o governo de Jango, em seguida os estudantes viraram alvo, bem como os movimentos
de esquerda urbanos ou rurais que, mesmo em menor número e com forças reduzidas,
optaram pela saída armada como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) conhecida
pela dissidência de Lamarca e seu roubo de armas do quartel para formar uma guerrilha
no campo; Carlos Marighella que liderava a Aliança Libertadora Nacional (ALN), uma
guerrilha urbana; a minúscula Dissidência Universitária da Guanabara, conhecida pelo
sequestro do embaixador norte americano em troca de presos políticos; e a Guerrilha do
Araguaia no Pará, composta por guerrilheiros e camponeses que foi duramente
massacrada.
Elas ainda apontam a violência cometida pelas populações indígenas, conhecidas
através do Relatório Figueiredo, um documento produzido pelo Estado em 1967 e que até
2013 estava desaparecido. Ele comprova um extermínio de etnias inteiras através de
assassinatos, sevícias, trabalho escravo, desvio de recursos do patrimônio indígena, uso
de dinamites atiradas de aviões ou ainda inoculações propositais de varíola em populações
isoladas. Essas populações representavam um empecilho ao projeto estratégico de
ocupação do território brasileiro concebido pelo Ipes e ESG.
CALE-SE!
Nesse trecho o foco é a censura às artes realizadas principalmente por instituições
existentes desde a Constituição de 1946, como a Divisão de Censura de Diversões
Públicas (DCDP) e uma lei de censura prévia para livros e publicações de 1970. Os
produtores artísticos utilizaram as táticas do fraco – como diz Michel de Certeau – para
burlar o sistema de censura que não conseguia dar conta da demanda. No teatro, nas
músicas, nos cartuns, na poesia, nos livros houve adaptações e críticas feitas nas
entrelinhas, além da criação de grupos como O Tropicália, Clube de Esquina que
produziam atividade política por meio das canções protesto e incomodavam.

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