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Centro Universitário do Leste de Minas Gerais

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Danielle Tofaneli Tótola

DESENVOLVIMENTO DE MOBILIÁRIO URBANO PARA IPATINGA


UTILIZANDO DO DESIGN PARTICIPATIVO E EMOCIONAL COMO
METODOLOGIA DE PROJETO

Coronel Fabriciano, Junho de 2011


DANIELLE TOFANELI TÓTOLA

DESENVOLVIMENTO DE MOBILIÁRIO URBANO PARA IPATINGA


UTILIZANDO DO DESIGN PARTICIPATIVO E EMOCIONAL COMO
METODOLOGIA DE PROJETO

Monografia apresentada ao Curso de


Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais,
como requisito parcial para obtenção do
título de Arquiteto e Urbanista, orientada
pela Prof. Carla Paoliello.

Coronel Fabriciano, Junho de 2011


Para Jacqueline e Jailson.
Agradeço a Deus pela vida.
A meus pais, pela dedicação, apoio e amor incondicionais.
Aos meus irmãos, minha família e principalmente aos meus avós,
pelos conselhos e palavras de sabedoria.
Ao meu namorado, pela paciência, carinho e ajuda durante este período.
A minha amiga Érika, pelas conversas, discussões, e por dividir comigo todas as
conquistas e todos os momentos difíceis.
Aos meus fiéis amigos de faculdade, com quem compartilhei idéias e sorrisos.
A todos meus professores, em especial a minha orientadora Carla, pelo carinho,
atenção e apoio nesta etapa e em todos os períodos da faculdade.
"Teoria é quando se sabe tudo e nada
funciona. Prática é quando tudo funciona e
ninguém sabe o porquê."

Autor desconhecido
RESUMO

A cidade é o lugar no qual temos o maior número de espaços, que por sua vez tem a
maior variedade de usos e usuários. Portanto, o ambiente urbano é possesso de
grande variedade de sensações causadas por estes diversos espaços, onde os
elementos urbanos ocupam grande importância nesta relação de usuário e cidade.
Os mobiliários urbanos são os objetos que equipam as cidades e que se relacionam
de forma direta e constante com todos os habitantes. A proposta deste trabalho é o
desenvolvimento de mobiliário urbano, tendo como metodologia de processo o
design emocional e participativo. O primeiro corresponde à relação ou estudo
emocional entre os usuários e os produtos, propondo assim além da união entre
urbanismo e design o entendimento entre objeto e usuário; já o segundo processo
citado, tem como objetivo valorizar a participação dos usuários durante o processo
de desenvolvimento dos produtos. Desta forma, o usuário assume o papel de
cidadão, participa da criação dos bens culturais, exercita a crítica e atua
politicamente na sociedade. Primeiramente, delimitou-se as praças como local de
estudo e buscou-se um entendimento das funções e usos através de uma análise de
áreas residenciais e comerciais de diferentes regionais da cidade de Ipatinga.
Através desta pesquisa, notou-se que a grande quantidade de elementos urbanos
implantados não supre as necessidades de seus usuários. Para o TCC2, decidiu-se
utilizar todos os dados coletados para projetar elementos urbanos capazes de
corresponder às necessidades locais, desenvolvendo por fim um catálogo de novos
mobiliários para a cidade de Ipatinga.

Palavras-chave: design urbano; mobiliário urbano; design participativo; design


emocional.
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13
1.1 Proposta ............................................................................................... 13
1.2 Objetivos ............................................................................................... 14
1.3 Justificativa ........................................................................................... 15
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 17
2.1 ESPAÇO PÚBLICO .............................................................................. 17
2.1.1 Introdução ..................................................................................... 17
2.1.2 Espaço público: definições ........................................................... 18
2.1.3 Espaço público: desenho e projeto .............................................. 19
2.1.4 Espaço público: tipologias ............................................................ 20
2.1.5 Praças: tipologia adotada como estudo ....................................... 21
2.1.6 Espaço público: características de projeto ................................... 22
2.2 DESIGN URBANO................................................................................ 24
2.2.1 Introdução ao Design.................................................................... 24
2.2.2 Design Urbano .............................................................................. 25
2.2.3 Metodologias de Design Urbano .................................................. 26
2.2.4 Design Participativo ...................................................................... 28
2.3 DESIGN EMOCIONAL ......................................................................... 30
2.3.1 Introdução ..................................................................................... 30
2.3.2 Design emocional: definições ....................................................... 31
2.3.3 Design emocional: três níveis de design ...................................... 33
2.3.4 Usabilidade ................................................................................... 39
2.3.5 Agradabilidade .............................................................................. 40
2.3.6 Ferramentas ................................................................................. 41
2.4 MOBILIÁRIO URBANO ........................................................................ 44
2.4.1 Introdução ..................................................................................... 44
2.4.2 Mobiliário urbano: definições ........................................................ 46
2.4.3 Mobiliário urbano: funções ........................................................... 47
2.4.4 Classificação do mobiliário urbano ............................................... 48
2.4.5 Relação com o design .................................................................. 50
2.4.6 Relação com o espaço público e os usuários .............................. 54
2.5 DESIGN EM AÇO ................................................................................ 55
2.5.1 O material ..................................................................................... 55
2.5.2 Possíveis técnicas de utilização ................................................... 56
2.5.3 Design em aço .............................................................................. 62
2.6 OUTRAS REFERÊNCIAS .................................................................... 65
3.METODOLOGIA ......................................................................................... 70
3.1 ÁREA DE ESTUDO: CIDADE DE IPATINGA ....................................... 70
3.2 METODOLOGIA DE TRABALHO ........................................................ 70
3.3 MAPEAMENTOS .................................................................................. 71
3.3.1 Definição da área de estudo: bairros e praças ............................. 71
3.3.1.1 Cariru: Praça Natsuo Isak ......................................................... 73
3.3.1.2 Horto: Praça Sândalos .............................................................. 75
3.3.1.3 Cidade Nobre: Praça João Teófilo Pereira ................................ 78
3.3.1.4 Centro: Praça 1º de maio .......................................................... 81
3.3.1.5 Canaãzinho: Praça da Av. Galiléia ............................................ 84
3.3.1.6 Bethânia: Campo do Itamaraty .................................................. 86
3.3.1.7 Bom Jardim: Praça Valdomiro Serafim da Costa ...................... 88
3.4 RESULTADO E ANÁLISE DOS MAPEAMENTOS .............................. 90
3.4.1 Praças mapeadas ......................................................................... 90
3.4.2 Mobiliário urbano .......................................................................... 92
3.4.3 A relação e o desejo do usuário ................................................... 97
4.CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ............................................ 100
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 103
6.ANEXOS ................................................................................................... 108
6.1 QUESTIONÁRIO PRAÇAS ................................................................ 108
6.2 QUESTIONÁRIO DESIGN EMOCIONAL ........................................... 109
6.3 LIVRO MOBILIÁRIO URBANO – IPATINGA/MG ............................... 110
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Design Participativo ......................................................................... 28


Figura 2. Erveiras em uma oficina do projeto realizado com a Associação Ver-
as-Ervas ........................................................................................................... 29
Figura 3. Os moradores participando do projeto em Bombaim (Índia) ........... 30
Figura 4. Função prática - Cadeira jantar das comunidades Shaker, EUA,
1850 ................................................................................................................. 34
Figura 5. Função estética - Poltrona Garden Egg, design Peter Ghyczy,
1968.. ............................................................................................................... 34
Figura 6. Função simbólica - Poltrona Wassily, design Marcel Breuer, 1925 35
Figura 7. Os três níveis de elaboração das emoções referentes aos
produtos... ........................................................................................................ 36
Figura 8. Saleiro/Pimenteiro e o design visceral. ........................................... 37
Figura 9. Ralador e o design comportamental ................................................ 38
Figura 10. Cadeira Ball e o design reflexivo ................................................... 39
Figura 11. Primeira versão do programa PrEmo com 14 emoções ............... 43
Figura 12. Nova versão do programa PrEmo com 12 emoções..................... 43
Figura 13. Imagens de alguns tipos de mobiliário urbano (Ipatinga/MG)..... .. 45
Figura 14. Design como símbolo identificativo – Barcelona ........................... 50
Figura 15. Design como símbolo identificativo – Londres .............................. 51
Figura 16. Design como símbolo identificativo – Rio de Janeiro .................... 51
Figura 17. Diversidade de postes ornamentais nas cidades .......................... 52
Figura 18. Diversidade de bicicletários nas cidades ....................................... 53
Figura 19. Máquina de corte a laser. .............................................................. 57
Figura 20. Produto executado através do corte a laser .................................. 58
Figura 21. Máquina de corte a jato d‟água ..................................................... 59
Figura 22. Máquina de corte a jato d‟água da Indústria Mecânica Líder
(Ipatinga/MG)...... ............................................................................................. 59
Figura 23. Produtos executados através do corte à jato‟água. ...................... 60
Figura 24. Processos de quinagem. ............................................................... 61
Figura 25. Processo de calandragem e calandra. .......................................... 61
Figura 26. Coleção Open Design Chairs de Ronen Kadushin. ...................... 62
Figura 27. Processo de montagem de uma cadeira. ...................................... 62
Figura 28. Eclipse Lamp – Ronem Kadushin ................................................. 63
Figura 29. Metallic Business Card – Sam Buxton .......................................... 64
Figura 30. MikromanJungle – Sam Buxton ..................................................... 64
Figura 31. Mikro Cube Garden – Sam Buxton ................................................ 65
Figura 32. Banco El Poeta. Empresa: b.d Barcelona Design. Designer Alfredo
Häberli ............................................................................................................. 66
Figura 33. Banco Berta. Empresa: Vilagrasa. Designer Franc Fernández (dia
e noite). ............................................................................................................ 66
Figura 34. Suporte para bicicleta key. Empresa: Santa & Cole, Design: Studio
Lagranja.2007. ................................................................................................. 67
Figura 35. Suporte para bicicleta. Empresa: Wolters. Design: Roel
Vanderbeek ..................................................................................................... 68
Figura 36. Coletor de lixo. Design: Alexander Lotersztain.............................. 68
Figura 37. Coletor de lixo. Design: Alexander Lotersztain.............................. 69
Figura 38. Mapa da cidade de Ipatinga e suas regionais ............................... 72
Figura 39. Uso da praça Natsuo Isak - aposentados ..................................... 73
Figura 40. Uso da praça Natsuo Isak durante a noite .................................... 74
Figura 41. Quantitativo de equipamentos da Praça Natsuo Isak, no bairro
Cariru ............................................................................................................... 74
Figura 42. Uso da praça Sândalos durante o dia ........................................... 76
Figura 43. Quantitativo de equipamentos da Praça Sândalos, no bairro
Horto... ............................................................................................................. 76
Figura 44. Mobiliário particular instalado na praça ......................................... 77
Figura 45. Mobiliário particular instalado na praça ......................................... 78
Figura 46. Mobiliário infantil instalado na praça ............................................. 79
Figura 47. Pequeno número de áreas sombreadas durante o dia ................. 79
Figura 48. Poste responsável pela iluminação da praça ................................ 80
Figura 49. Quantitativo de equipamentos da Praça João Teófilo Pereira, no
bairro Cidade Nobre ........................................................................................ 80
Figura 50. Feira livre ....................................................................................... 81
Figura 51. Evento religioso ............................................................................. 82
Figura 52. Uso da praça para descanso ......................................................... 82
Figura 53. Quantitativo de equipamentos da Praça 1º de Maio, no bairro
Centro .............................................................................................................. 83
Figura 54. Praça como local de descanso ...................................................... 84
Figura 55. Brechó realizado na praça ............................................................. 85
Figura 56. Quantitativo de equipamentos da Praça da Av. Galiléia, no bairro
Canaãzinho ...................................................................................................... 85
Figura 57. Parque instalado na praça ............................................................. 86
Figura 58. Aproveitamento das áreas sombreadas ........................................ 87
Figura 59. Quantitativo de equipamentos da Praça do Campo do Itamaraty,
no bairro Bethânia ........................................................................................... 87
Figura 60. Mulheres fazendo unha na praça .................................................. 88
Figura 61. Feira ao redor da praça ................................................................. 89
Figura 62. Instalação de brinquedos infantis na praça ................................... 89
Figura 63. Quantitativo de equipamentos da Praça Valdomiro Serafim da
Costa, no bairro Bom Jardim ........................................................................... 90
Figura 64. Diferentes modelos de abrigos de ônibus existentes .................... 92
Figura 65. Diferentes modelos de bancas de jornal existentes ...................... 93
Figura 66. Mesas degradadas ........................................................................ 94
Figura 67. Bancos destruídos ......................................................................... 94
Figura 68. Quantitativo geral de equipamentos das sete praças mapeadas . 95
Figura 69. Único modelo de lixeira pública existente na cidade ..................... 95
Figura 70. Improviso em postes ornamentais ................................................. 96
Figura 71. Pesquisa características importantes – 1º lugar ........................... 97
Figura 72. Pesquisa características importantes – 2º lugar ........................... 98
Figura 73. Pesquisa características importantes – 3º lugar ........................... 98
Figura 74. Pesquisa características importantes – 4º lugar ........................... 98
Figura 75. Pesquisa características importantes – 5º lugar ........................... 99
Figura 76. Modelo questionário Design Emocional ...................................... 102
13

1. INTRODUÇÃO

1.1 Proposta

Arquitetura, urbanismo e design. Qual seria a relação entre estes três


conceitos? A proposta principal deste trabalho é mostrar através de pesquisa e
projeto como essa interação pode acontecer. A verdade é que estes conceitos estão
intimamente ligados, um precisa do outro e complementa o outro.
De acordo com Alain Botton, em “Arquitetura da Felicidade”, todos nós somos
vulneráveis ao ambiente que nos cerca, a cor das paredes, o formato do sofá, o
desenho do tapete, tudo influencia o nosso humor, mesmo que a gente não saiba. O
autor nos mostra que somos afetados por cada espaço que freqüentamos e logo
pelos objetos que pertencem a estes espaços. Esta relação foi explicada também
pela arquiteta Flávia Nacif
[...] o espaço deve ser construído pela experiência, a qual existe na relação
entre sujeito e objeto. É como se somente fosse possível experimentar a
espacialidade após constatar a presença dos objetos. Portanto, manipular a
função de determinado objeto ou mesmo modificar a maneira de inseri-lo
num lugar poderá significar a modificação das relações do usuário com o
espaço.
A cidade é o lugar no qual temos o maior número de espaços, que por sua
vez tem a maior variedade de usos e usuários. Portanto, o ambiente urbano é
possesso de grande variedade de sensações causadas por estes diversos espaços,
onde os elementos urbanos ocupam grande importância nesta relação de usuário e
cidade. Os mobiliários urbanos são os objetos que equipam as cidades e que se
relacionam de forma direta e constante com todos os habitantes.
A proposta deste trabalho é o desenvolvimento de mobiliário urbano, tendo
como metodologia de processo o design emocional, que corresponde à relação ou
estudo emocional entre os usuários e os produtos, propondo assim além da união
entre urbanismo e design o entendimento entre objeto e usuário.
O design emocional, processo de projeto escolhido para o trabalho, é o
pensamento de que o design de produtos deve ir além da simples resolução de um
problema. A utilidade e a usabilidade são importantes, mas sem diversão e prazer,
alegria e emoção, até a ansiedade, o medo e a raiva, nossas vidas estariam
14
incompletas. Emoção é uma qualidade central da existência humana, e nosso
comportamento e pensamento são influenciados e enriquecidos pelas
emoções. Além disso, para o autor Donald A. Norman, em Design Emocional, “de
fato a emoção torna você inteligente”.

1.2 Objetivos

O principal objetivo é trabalhar a relação entre a cidade e os usuários, na


criação de produtos que ultrapassem a funcionalidade e que possam gerar
sensações, quer pela beleza estética ou pelo valor reflexivo. Considerando o local
de estudo, a cidade de Ipatinga, outro ponto importante do trabalho é a utilização do
aço como principal matéria-prima para a criação dos elementos urbanos, já que este
material está relacionado não só com a economia da região, mas já está consolidado
na nossa cultura.
O estudo acontece a partir da compreensão do espaço urbano, primeiramente
do entendimento das funções e usos através de uma análise de possíveis locais de
implantação. Inicialmente, esta análise foi feita em áreas residenciais e comerciais
de diferentes regionais da cidade, onde foi observada a situação dos equipamentos
existentes. O objetivo foi descobrir também como os espaços são vistos pelos
usuários, de qual forma são utilizados, por quem são freqüentados, e as sensações
destes para com os ambientes estudados.
O processo de projeto acontece de acordo com o pensamento de Norman
(2005), onde ele distribui o processo de desenvolvimento de produtos em três níveis.
No design de produto, o nível visceral é voltado para a aparência do produto
(processamento imediato); o comportamental (nível intermediário) está ligado aos
aspectos funcionais, cujo prazer está associado ao uso e desempenho do produto.
Por fim, o reflexivo que se relaciona aos significados que os objetos representam
para o usuário. Em síntese, o visceral é algo que parece, o comportamental é como
funciona e o reflexivo é o que o produto significa para você. Estes “três níveis de
design” sempre estão presentes em qualquer produto, mas depende de cada
usuário senti-los ou não.
15
A finalidade será desenvolver mobiliários urbanos que sejam funcionais,
ergonômicos, fáceis de usar que, além da sua utilidade, tenham valor estético e
signifiquem algo para aqueles que usam a cidade.

1.3 Justificativa

A idéia do tema surgiu a partir da percepção que há uma desvalorização dos


elementos urbanos na região, além da diversidade de mobiliários que possuem
linguagens distintas que acabam por não criar uma identidade única no ambiente
urbano da cidade. De acordo com o Censo 2010, o colar metropolitano do Vale do
Aço registrou nos últimos 10 anos um crescimento populacional de 9,2%. Estes
dados são importantes para o entendimento de que com este crescimento, há
consequentemente um aumento das áreas urbanas das cidades, do fluxo comercial,
gerando também uma procura maior por áreas de lazer. Tudo isso faz com que
cresça a necessidade de instalação de mobiliários urbanos na cidade. Para o melhor
conhecimento de tal necessidade aconteceu uma pesquisa relacionada às
referências espaciais da cidade como praças, igrejas, feiras e parques.
O espaço urbano é responsável pelo encontro de pessoas, é um espaço de
convivência, onde pode-se distinguir hábitos, usos e ações diversas. Os elementos
pertencentes a ele devem ter caracterísiticas que interajam em harmonia com os
habitantes e as práticas neles desenvolvidas. O cidadão deve ser livre para utilizar
estes espaços. A acessibilidade é um importante fator para que seja possível essa
interação, deve-se garantir não somente a estética, mas a segurança e conforto de
todos os usuários. De acordo com Ruskin Marinho, um dos autores do livro “Infra-
estrutura da Paisagem”, os elementos urbanos podem ser classificados segundo as
necessidades básicas que atendem, tais como: descanso, lazer, proteção,
acessibilidade, comunicação, limpeza. O autor afirma também que “um conjunto de
elementos, pode dar identidade a uma rua, ou fazer referência à cultura de uma
cidade, através da utilização de signos que contribuam para a evocação do
imaginário da população.”
Para se ter uma dimensão de quais elementos fazem partem da cidade,
podemos citar como exemplo de mobiliários urbanos: bancos, mesas, brinquedos,
aparelhos de ginástica, cercas, grades, defensas, coberturas, cabines, semáforos,
16
painéis, lixeiras, placas, entre outros. Existe uma variedade muito grande de
elementos que em sua maioria estão degradados e pouco explorados na região.
Podemos citar os pontos de ônibus como um dos elementos mais utilizados e pouco
explorados, resultando em um grande descaso com os cidadãos. Visando que no
Brasil os ônibus funcionam como transporte de massa e, especificamente na região
do Vale do Aço, é o único transporte público disponível, tais meios carregam a
importante responsabilidade de realizar a conexão entre os moradores dos
diferentes locais. Pelo fato das cidades como Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo
serem próximas, a movimentação de pessoas entre elas é alta, o que resulta em
uma necessidade maior de abrigos de ônibus que consigam dar um pouco mais de
conforto aos usuários destas cidades.
Após a análise de diversos fatores, aconteceu a escolha do aço como
principal matéria-prima para desenvolvimento dos produtos. Primeiramente, a
economia da região gira em torno de grandes siderúrgicas, a Usiminas em Ipatinga e
a Aperam em Timóteo. Esta proximidade faz com que haja maior facilidade de
obtenção do material e grande quantidade de mão-de-obra especilizada. Outro
importante motivo é a experiência já adquirida sobre o material, através de
experiência profiissional em uma empresa do ramo, onde foi obtido conhecimento
não só do material mais de diversas técnicas utilizadas na conformação de peças.
Mesmo com todo o estudo de forma e função que será necessário, o trabalho
irá buscar relacionar estímulos e experiências sensoriais dos usuários com os
produtos. Os seres humanos são principalmente emocionais e não racionais, como
estamos acostumados a pensar, então porque não criar peças de design que unem
usabilidade e criam nas pessoas uma maior sensação de bem-estar?
Enfim, o estudo teve como foco inicial uma investigação detalhada sobre o
papel do mobiliário urbano na região, nos espaços destinados a circulação de
pedestres, acessibilidade, funcionalidade, racionalidade e emotividade, segundo os
princípios do urbanismo e do design emocional. Levou-se em consideração as
características sócio-culturais e ambientais da cidade, procurando qualificar estas
áreas para o uso, além de contribuir para a criação de uma identidade urbana
inexistente nas áreas urbanas.
17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ESPAÇO PÚBLICO

2.1.1 Introdução

Espaço público pode, em geral, ser conceituado como um conjunto de lugares


de domínio coletivo situado nas áreas urbanas e geridos por instituições
governamentais. Tal definição é demasiadamente generalizada, levando-se em
conta que estes são os espaços que assumem e caracterizam nossas cidades.
Assim, não deveriam ser limitados a simples “lugares”, são sistemas contínuos que
através dos usos e usuários modificam e determinam a identidade dos locais onde
vivemos em comunidade. É visto, também, como espaço simbólico, espaço da
reprodução de diferentes idéias de cultura e da subjetividade que relaciona todos os
cidadãos.
É importante também ter conhecimento e entendimento das condições (físicas,
sociais, econômicas e ambientais) e dos agentes que influenciam os espaços da
cidade, para não resultar em uma uniformização das paisagens. Entretanto, por
questões de economia e criação de uma identidade municipal, sugere-se a
padronização das tipologias, dos materiais e técnicas construtivas e dos modelos de
equipamento urbano adotados.
Atualmente, o crescimento populacional e a melhora na qualidade de vida da
população brasileira têm intensificado cada vez mais o crescimento das cidades e o
surgimento de outras. As cidades necessitam promover sua identidade e suas
qualidades para se afirmarem e diferenciarem numa rede urbana cada vez mais
competitiva. Segundo Brandão (2002), autor do livro “O chão da cidade – Guia de
Avaliação do Design de Espaço público”,

[...]os espaços públicos de qualidade podem ajudar as cidades a criar e


manter locais de forte centralidade, qualidade ambiental, competitividade
econômica e sentido de cidadania.

O estudo envolvendo o espaço público é relevante, pois, envolve toda uma


análise da dinâmica urbana e das mudanças da cidade. É, no espaço público, que
18

se manifestam com mais freqüência e intensidade as crises e o movimento da


cidade, resultando, conseqüentemente em uma análise produtiva para se entender
os processos e propor melhorias.

2.1.2 Espaço público: definições

O espaço público é o espaço por excelência da/na cidade. Conhecemos a


cidade através do espaço público. Nele aprendemos a caminhar e a ver a cidade.
Indovina (2002) justifica o espaço público como a cidade e considera que o espaço
público constitui um fator importante de identificação, que conota os lugares,
manifestando-se através de símbolos e em segundo lugar, refere o espaço público
como o lugar da palavra, como lugar de socialização, de encontro e também onde se
manifestam grupos sociais, culturais e políticos que a população da cidade exprime.
Para esclarecer e delimitar melhor o significado de espaço público coloca-se a
seguir definições de autores diversos:

“O espaço público é o espaço de representação, no qual a sociedade se


faz visível” (BORJA, 2001)
“Os espaços públicos são um elemento nuclear da vida urbana. A
qualidade dos espaços públicos é uma condição necessária para que a
sociedade consiga desenvolver um elevado nível de convivialidade e para
que os cidadãos se identifiquem neles” (RAMONEDA, 1999)
“Os espaços públicos são o palco sobre o qual o teatro da vida urbana se
desenvolve” (CARR et al, 1992)
“O espaço público é o elemento fundador da forma urbana, é o espaço
„entre edifícios‟ que configura o domínio da socialização e da vivência
comum, como bem coletivo da comunidade (...)os espaços públicos
traduzem uma interação equilibrada entre o homem e o meio, ostentando
uma singularidade que os homens reconhecem facilmente”
(BRANDÃO,2007)
“A cidade não é apenas um lugar para morar, fazer compras, sair e levar
seus filhos para brincar. É um lugar onde cada um tem sua ética, cada um
desenvolve seu senso de justiça, onde cada um aprende a conversar e
aprender com pessoas que são diferentes de si mesmo, que é como um
ser humano se torna humano.” (SENNET, 2001 – tradução livre da autora)
19

“Espaço urbano é também o território onde pessoas lutaram por algo ou


sofreram por algo. É um significado de que politicamente aconteceu algo
ali” (SENNET, 2001 – tradução livre da autora)
“No âmbito dos códigos das leis, o espaço público é um conceito jurídico:
um espaço submetido a regulamentação específica por parte da
administração pública, a qual garante a acessibilidade a todos e define as
condições de utilização.” (BORJA, 1998)

O que é o espaço público? De qual forma ele é visto? Qual sua importância
para a cidade e seus habitantes? São perguntas que podem ser respondidas por
diferentes pontos de vista, o que ao final da análise de todas, percebe-se que cada
uma das opiniões, mesmo divergentes, se completa. Sua definição é tão pública e
variada quanto sua realidade. O espaço público é um lugar de liberdade, convivência
e tolerância, mas também é onde acontecem conflitos e onde se encontram as mais
variadas diferenças.
Percebe-se, portanto, que a importância dos espaços públicos vai muito além
da estrutura física, social, econômica e ambiental das cidades, eles funcionam
também como símbolos, tendo um papel importante na memória destas, construindo
assim uma identidade social.

2.1.3 Espaço público: desenho e projeto

O bom desenho do espaço público valoriza o patrimônio arquitetônico e


urbanístico da cidade. A publicação By Design (2000) sugere que, na análise de
espaços púbicos e futuros locais de intervenção, devem ser considerados: Estrutura
urbana (grelha de ruas e espaços); Grão urbano (padrão de quarteirões, lotes e
edifícios); Paisagem (forma, contorno, ecologia e características naturais);
Densidade e Diversidade de usos (quantidade de desenvolvimento e diversidade de
usos); Escala (altura e volumetria); Fisionomia (detalhes e materiais).
Além da análise do contexto físicos destes locais, deve-se ter conhecimento
também das características sociais, econômicas e culturais da região ou local de
estudo.
Para o desenvolvimento de projetos para o espaço urbano é necessário
realizar uma avaliação e considerar os aspectos econômicos e de mercado. Brandão
20

(2002) afirma que a redução dos custos de manutenção é também um fator de


durabilidade e, portanto, de sustentabilidade dos investimentos.
Outro importante aspecto a ser considerado que antecede uma modificação do
espaço público é o envolvimento da comunidade na tomada de decisões, fator
também exemplificado pelo mesmo autor, uma vez que os usuários são os principais
pontos a serem analisados, pois são eles os responsáveis pela apropriação e
utilização destes locais.
Para se poder debater a importância do urbanismo e dos projetos de
intervenção do espaço público, é importante também entender como a forma
influência na apropriação dos espaços públicos. A exemplo disso, RIBEIRO (2000)
aponta que a perda de vivência do espaço público está relacionada com a difusão
de uma sensação de insegurança perante espaços demasiado abertos e pouco
controlados, revelando uma concentração da população em áreas suburbanas
distantes das zonas centrais.

2.1.4 Espaço público: tipologias

Os espaços públicos desempenham diversas funções para a cidade. Entre


elas, estão: Recreação; “Respiro” para o ambiente urbano; Identidade para bairros
ou até mesmo cidades inteiras; Embelezamento do espaço urbano; Possibilidade de
interação e convívio social; entre outros.
Os espaços públicos podem ser classificados segundo seu porte, raio de
abrangência e tipos de usos que abriga. Kelly e Becker (2000) apresentam a
classificação proposta pela National Recreation and Park Association, podendo ser
adaptada da seguinte forma:
 Espaços públicos de vizinhança, que são aqueles de pequeno porte e
que atendem a um pequeno conjunto de quadras e lotes, servindo
como unidade básica do sistema de espaços públicos e abrigando
especialmente atividades relacionadas ao convívio e ao lazer
cotidianos;
 Espaços públicos de bairro, que são aqueles de médio porte e que
atendem a um número maior de atividades, incluindo aquelas de
interesse comunitário, de conservação ambiental e de recreação, entre
outros;
21

 Espaços públicos municipais, que são aqueles de grande porte e


que atendem a todo o município, podendo abrigar uma grande
diversidade de atividades, especialmente aquelas relacionadas ao
lazer esporádico e à preservação e conservação ambiental.
De acordo com Brandão (2002), os espaços públicos podem ser organizados
em categorias, lembrando que não podem ser vistos isoladamente, mas sim como
estruturas contínuas. Esta classificação pode seguir as seguintes categorias:
parques urbanos, jardins públicos, áreas ajardinadas de enquadramento; avenidas e
ruas; praças, largos, pracetas, terreiros e recintos multifuncionais; espaços canais
(vias férreas, auto-estradas e vias rápidas); parques de estacionamento e margens
fluviais e marítimas.
Para este trabalho será especificado somente a categoria a qual o estudo
realizado pertence, lembrando que o mapeamento fotográfico geral realizado na
cidade abrange todas as categorias aqui mencionadas. Este mapeamento aparecerá
em formato de um livro anexo a este trabalho, com imagens variadas de como
são/estão os mobiliários urbanos na cidade de Ipatinga. Por fim, os jardins públicos e
as praças foram as categorias escolhidas para a realização dos mapeamentos mais
detalhados.
Segundo Brandão (2002), os jardins públicos são espaços livres de dimensão e
composição muito variadas, constituídos por áreas ajardinadas geralmente extensas.
Estas áreas são intercaladas por áreas de recreio com equipamentos de jogos
infantis, áreas de repouso, fontes, quiosques e a sua área de influência faz-se sentir
ao nível do bairro. As praças, segundo o autor, são espaços livres por excelência na
cidade tradicional. Podem ter formas e dimensões diversas, são lugares de forte
centralidade e contêm freqüentemente mobiliário urbano.

2.1.5 Praças: tipologia adotada como estudo

Como elemento urbano, as praças representam espaços de sociabilidade


propícios ao encontro e ao convívio. Segundo Kostof (1992), o espaço da praça,
apesar de assumir papéis distintos e apresentar uma diversidade morfológica, possui
em sua gênese, o caráter de espaço coletivo, lugar de manifestação, de culto e de
ritos, propício à interação social.
22

De acordo com Kostof (1992), como elemento urbano, as praças


representam espaços de sociabilidade propícios ao encontro e ao convívio. Toda
cidade possui uma praça que se destaca como símbolo urbano, palco de eventos
históricos, espaço agregador, ou local de confluência. As praças são espaços
permanentes no desenvolvimento das cidades. Sua função e morfologia, porém,
estão atreladas aos processos de formação política, social e econômica próprios da
gênese urbana.
Assim, pode-se observar que a praça se apresenta como um local privilegiado
da cidade, principalmente considerando todo seu caráter multifuncional, mesmo com
a variedade de configurações urbanas existentes. Atualmente, são vistas com
enorme prestígio, uma vez que os projetos de revitalização urbana se tornam mais
freqüentes, aumentando assim a qualidade de vida dos cidadãos. Fazem parte
também, dos constantes debates que envolvem o ambiente urbano contemporâneo.
Como resultado, as praças aparecem como elemento fundamental da cidade, onde,
através delas, busca-se resgatar valores históricos, e evidenciar o significado de
onde estão inseridas.
Entender o “lugar do espaço praça”, seus usos e transformações, a partir da
noção de espaço de uso coletivo são importantes não somente para um pensamento
de projeto da praça em si, mas também para os elementos que a compõem.

2.1.6 Espaço público: características de projeto

O desenvolvimento de projetos para o espaço público deve seguir alguns


critérios, mesmo para desenvolvimento de mobiliário urbano, tema deste trabalho.
Existem diversas ferramentas e métodos para avaliar tais projetos. Para Amado,
Ribeiro e Pinto (2007) os princípios orientadores para projetar espaços públicos
foram estruturados nos seguintes fatores ou áreas de estudo: identidade; fatores
biofísicos; fatores sociais; fatores econômicos; mobilidade / acessibilidade;
continuidade / permeabilidade; desenho urbano inclusivo; funções; segurança e
conforto; materiais e participação cidadã. Para estes autores, estes fatores têm a
finalidade de guiar a concepção do espaço público nas diferentes escalas territoriais,
desde o contexto territorial em que se insere, ao entorno da área trabalhada, até a
sua área de ocupação propriamente dita.
23

Seguindo praticamente os mesmos princípios, Brandão (2002) explicita que


os principais critérios a serem seguidos são: Identidade, Continuidade, Mobilidade,
Acessibilidade, Permeabilidade, Segurança, Conforto e Aprazibilidade, Inclusão
social, Legibilidade, Diversidade, Adaptabilidade, Robustez, Durabilidade e
Sustentabilidade.
Analisando alguns destes critérios, para o projeto de espaço público deve
sempre respeitar a identidade local e a paisagem existente, promovendo assim a
cultura da área. Segundo o mesmo autor, “a paisagem de uma área reflete a sua
história, funções e afinidades com as áreas adjacentes. Respeitar estas
características pode contribuir para aumentar o interesse e riqueza da intervenção”.
Outro ponto de vista que deve ser pensado para o desenvolvimento de projetos
no espaço urbano é a permeabilidade; não criar divergências entre os espaços é um
critério básico a ser seguido. Assim, todos os elementos dos espaços devem estar
ligados segundo a lógica do local. A acessibilidade está de certa forma interligada
com a permeabilidade, além de ser necessário que ocorra esta integração dos
espaços, estes devem ser acessíveis para todos os grupos da população.
Continuando com este mesmo pensamento, deve-se levar em consideração além
desta igualdade de uso, a igualdade social e a inclusão/coesão social. Todos os
indivíduos da população, independente do sexo, idade, nível social, raça, etnia,
convicção política ou religiosa, devem utilizar e usufruir dos espaços públicos da
mesma maneira.

[...] O projeto de espaço público deve contribuir para a criação de espaços


multifuncionais que possibilitem a sua utilização simultânea por pessoas de
diferentes idades e com interesses e motivações distintos. Deve ainda
prever a possibilidade de os espaços poderem vir a ser facilmente
adaptados a novas finalidades ou usos, como resposta a uma possível
mudança nos hábitos e necessidades da população. (BRANDÃO, 2002)

Por fim, a segurança, o conforto e a aprazabilidade são critérios fundamentais


a serem considerados ao projetar um espaço público, desenhar espaços e
equipamentos com tais peculiaridades são de extrema importância para a melhor
utilização e vivência da cidade. Para assegurar estas características é necessário
que sejam analisadas e pensadas situações de: manutenção, resistência,
iluminação, escolha certa de mobiliário urbano, fatores climáticos, qualidade
24

acústica, qualidade visual, qualidade do ar, ergonomia, segurança,


conservação/limpeza, entre outros.
Todos os agentes citados caracterizam e completam as necessidades sociais,
econômicas e ambientais das cidades, contribuindo para o aumento da qualidade de
vida da população. A apropriação dos espaços públicos segundo Amado, Ribeiro e
Pinto (2007) envolve necessariamente a interação recíproca usuário/espaço, na qual
o usuário age no sentido de moldar os lugares segundo suas necessidades e
desejos e o seu contexto social. Os lugares, em contrapartida, tornam-se receptivos.
Essa influência mútua entre usuário/espaço é a razão pela qual as pessoas e os
grupos encontram, ou não, sua identidade nos diversos lugares em que vivem.

2.2 DESIGN URBANO

2.2.1 Introdução ao Design

[...] Nos últimos dois séculos, o poder humano de controlar e dar forma ao
ambiente que nos cerca e no qual habitamos aumentou progressivamente:
hoje, é lugar-comum falar de um mundo feito pelo homem. O instrumento
desta transformação foi a indústria mecanizada: de suas oficinas e fábricas
saiu o verdadeiro dilúvio de artefatos e mecanismos para satisfazer as
necessidades e desejos de parte cada vez maior da população mundial. A
mudança não foi apenas quantitativa, mas alterou também radicalmente a
natureza qualitativa da vida que vivemos ou desejamos viver. (HESKETT,
1998)

O uso do termo inglês, design, pode ser definido de uma forma geral como uma
atividade desenvolvida pelo homem com o desejo de criar algo novo, que pode estar
relacionado a inúmeras questões, por exemplo: de uso, mercado, produção,
utilidade, estética, industrial, dentre outras. O design apresenta-se como uma das
características essenciais na qualidade de vida, afetando o cotidiano da sociedade e
proporcionando aos usuários a descoberta de novas tecnologias e formas de
utilização dos objetos do dia-a-dia.
Baxter (2003), explica que o design é um desenvolvimento com o objetivo de
produzir princípios de projeto para um novo produto, satisfazendo as exigências do
consumidor e diferenciando este produto de outros existentes no mercado. Este
25

conceito atribuído aos projetos pode ser definido também pelas palavras de
Cardoso (2007):

“O que antes era um simples pedaço de pau adquire uma função e um


significado específico pela existência prévia de um conceito. Ou seja,
informar também é fabricar”.

Para o ICOGRADA (International Council of Graphic Design Association): “O


Design Industrial ou Design de Produto caracteriza-se pelo universo de bens de
consumo e de capital capazes de auxiliar o ser humano no desempenho de suas
mais variadas tarefas”.
O design não deve ser entendido como simplesmente um produto ou
materialização de algo visual, e sim como um processo que tem por finalidade a
obtenção deste produto ou imagem. Trata-se de análises de procedimentos, dados,
compreensão e solução de problemas, desenvolvimento de modelos, enfim de todo
um processo relacionando o homem, o produto e o ambiente.
Hiratsuka (1996) define design como a atividade intelectual de projetação com
características multidisciplinar e interdisciplinar. O design consiste na concepção de
produtos como forma de resolução de problemas técnicos, ergonômicos, sociais,
mercadológicos e produtivos. O produto do design visa atender as necessidades do
homem, e o meio de expressão do designer é a forma, ou seja, aquilo que transmite
ou constitui informação.
Enfim, Norman (2006) afirma que “bons designs incluem prazer estético, arte,
criatividade – e ao mesmo tempo são usáveis, de fácil operação e prazerosos”, tal
afirmação pode ser complementada pelas palavras de Papanek (1995) e Damazio
(2005), quando afirmam que: “[...] o design é básico em todas as atividades
humanas. Planejar e programar qualquer ato visando um fim específico, desejado e
previsto isto constitui o processo de design”.

2.2.2 Design Urbano

O termo inglês urban design foi traduzido para português como desenho
urbano. Segundo ASSUNÇÃO (1999), o termo representa o campo de tratamento
das questões ambientais da cidade, através da inter-relação de seus sistemas físico
26

(espacial) e humano (de atividades), procurando assim, entender, planejar,


projetar e gerir as “ambientações” de uso público nas cidades.
A cidade é hoje uma área de estudo onde se manifestam cada vez mais
problemas de centralidade, acessibilidade, densidade, identidade e diversidade,
onde um bom desenho faz a diferença. É cada vez mais necessário começar o
desenho do espaço urbano pelo desenho do espaço público, servindo assim como o
início de uma urbanização e não apenas como um “embelezamento” da cidade. Para
Del Rio (1990), a prática do desenho urbano envolve a dimensão físico-ambiental da
cidade, enquanto conjunto de sistemas físico-espaciais e sistemas de atividades que
interagem com a população, através de suas vivências, percepções e ações
cotidianas. O desenho urbano trata da natureza dos elementos urbanos e suas inter-
relações.
O compromisso do Design Urbano é caracterizado pelo estudo do espaço
urbano não como um objeto isolado, mas interligado a todas as atividades
relacionadas com o espaço estudado. Segundo Alexander (1977), os problemas de
design, mais do que de ordem projetual, são de natureza contextual. Com isso, para
um projeto de design urbano, é necessário um estudo ambiental, uma análise das
inter-relações entre ambiente e usuário, uma investigação do interesse público na
proposta, e por fim, o projeto proposto deve satisfazer o usuário em três níveis:
visual, funcional e comportamental.
Além disso, o design pensado para o espaço público deve seguir os mesmos
preceitos já definidos em projeto urbano. O desenho de equipamentos que
considerem questões de identidade, continuidade, mobilidade, acessibilidade,
permeabilidade, segurança, conforto e aprazibilidade, resulta em projetos que terão
maior usabilidade entre os usuários da cidade, e que conseqüentemente funcionarão
melhor. A participação cidadã, resultado de um processo de design participativo, é
de extrema importância nesse contexto, pois possibilita um desenvolvimento
centrado no usuário final, além de contribuir para uma melhor definição de conceitos
e formas a serem seguidas.

2.2.3 Metodologias de Design Urbano

Pensar, criar e desenvolver projetos para cidade requer uma boa e abrangente
análise dos locais a serem trabalhos. O “bom design” do espaço urbano é o
27

resultado do entendimento do lugar e do contexto ambiental, cultural, social,


econômico e político. Para tal, é necessária uma análise dos fatores dinâmicos
(fluxos de pessoas e veículos) e estáticos (características físicas do ambiente).
Assunção (1999) sintetizou a atuação do desenho urbano da seguinte forma:
1. Identificação das qualidades físico-espaciais do ambiente urbano;
2. Interpretação dos valores e das necessidades dos indivíduos e dos grupos;
3. Utilização de técnicas e instrumentos de controle do desenvolvimento do meio
ambiente construído;
4. Resolução de problemas interdisciplinares;
5. Desenvolvimento de meios de implementação;
Para o autor, deve-se realizar uma análise subjetiva pautada por aspectos
físicos, sociais e comportamentais, uma vez que “o „que‟ e „como‟ os usuários
percebem e experimentam o lugar deles é que deve nortear a organização físico-
espacial da análise”.
Toda esta análise é feita através de mapeamentos da área em estudo, a forma
como este mapeamento ocorre varia de acordo com o pesquisador e sua
metodologia de trabalho. Para LYNCH (1982), este deve ser realizado por meio de:
percursos (fluxos e elementos mais importantes); limites (seqüência de elementos
que marcam os limites do percurso); setores (grupamentos de elementos segundo
pertinências nas áreas pesquisadas); pontos focais e marcos (centros de atividade,
locais estratégicos, de concentração ou convergência, pontos destacados na
paisagem).
Algumas das principais preocupações do desenho urbano atualmente seriam de:
criar espaços suficientemente dimensionados, que permitam a circulação e ao
mesmo tempo propiciem áreas de estar e lazer, quando conveniente e possível;
projetar e distribuir equipamentos, que, além de serem funcionais e de estética
agradável, devem promover durabilidade e segurança em seu uso; prever um
sistema de informação e sinalização, que auxilie as pessoas a dirigirem-se ao seu
destino, assim como tomar conhecimento dos serviços e elementos do espaço
público; adequar todas as soluções projetuais aos diferentes usuários, procurando
atender a maior parte das expectativas e aspirações da população-alvo.
Enfim, o design urbano e o desenho urbano trabalham com o processo que tem
por resultado um produto, seja este um mobiliário urbano ou a cidade em si. A
relação entre o design e a cidade, resulta na união de metodologias que podem ser
28

aplicadas do desenvolvimento de produtos industrializados, levando em


consideração as características de equipamentos urbanos de acordo com o contexto
e ambiente determinados.

2.2.4 Design Participativo

A proposta do Design Participativo para este trabalho estará integrada às


metodologias do design urbano já especificadas. O objetivo desta metodologia é
valorizar a participação dos usuários durante o processo de desenvolvimento dos
produtos, no caso, dos mobiliários urbanos. Desta forma, o usuário assume o papel
de cidadão, participa da criação dos bens culturais, exercita a crítica e atua
politicamente na sociedade.
O objetivo é dar maior atenção as etapas estratégicas do processo de design,
anteriores a etapa de criação em si, que são essenciais para demonstrar que o
design vai muito além que uma concepção da forma em si e que representa um valor
estratégico na resolução de problemas. Para isso, um dos métodos a ser utilizado é
a promoção de oficinas para construir colaborativamente conceitos e novos
desenhos para o mobiliário da cidade.

FIGURA 1: Design Participativo


29

Sanders (2006) explica que, está cada vez mais evidente que as pessoas
não estão satisfeitas em serem “consumidores”, todos os dias estas pessoas
também querem ser “criadores”. Segundo a autora, “as pessoas gostam de fazer
coisas e sentir-se criativas em seu cotidiano. Todo mundo é criativo, mas os níveis
de domínio das experiências de suas vidas variam”.
O projeto brasileiro realizado com a Associação Ver-as-Ervas, é um exemplo
da participação de diversas pessoas em um projeto único, neste exemplo específico
os ervateiros precisavam se organizar quanto grupo e se apresentar visualmente à
sociedade. Com isso, foi desenvolvida a identidade visual do grupo junto á uma
equipe de design contratada para o trabalho. O resultado dessa união foi o
reconhecimento da identidade da associação, valorização do seu universo e o
fortalecimento do grupo.

FIGURA 2: Erveiras em uma oficina do projeto realizado com a Associação Ver-as-Ervas


Fonte: <http://blog.forminform.com.br>

O projeto de melhoria de habitações existentes em Bombaim, na Índia,


desenvolvido pelo arquiteto português Filipe Balestra, também convida a
comunidade a participar no processo de reconstrução das suas casas. Este
envolvimento favorece uma melhor aceitação de mudança, além de contribuir para a
melhora da qualidade de vida dos envolvidos. A estratégia reforça certa
informalidade que permite acelerar o processo de reconstrução e legalização.
30

FIGURA 3: Os moradores participando do projeto em Bombaim (Índia).


Fonte: <http://www-urbano.blogspot.com>

Por fim, pretende-se utilizar do design participativo para que os produtos a


serem desenvolvidos estejam de acordo com a necessidade e desejo dos usuários,
uma vez que estes são os principais elementos julgadores do que será mais bem
aceito e conseqüentemente funcionará melhor no ambiente urbano. O
desenvolvimento de produtos para a cidade deve ser gerado pela cidade, com o
olhar de quem a utiliza, não diminuindo o papel do designer de absorver tudo isso e
através de sua experiência criar um produto único.

2.3 DESIGN EMOCIONAL

2.3.1 Introdução

Os profissionais de design têm buscado cada vez mais compreender como


ocorre a escolha dos produtos por parte dos usuários, sendo este um processo
complexo e em grande parte ligado a subjetividade. Os usuários nem sempre são
capazes de descrever o motivo pelo qual preferem um determinado produto, no
entanto a decisão é tomada, selecionando-se o produto desejado.
A emoção está relacionada a estas sensações de escolha, nesta relação do
homem com a novidade, o que pode desencadear o riso, o medo, a angustia, a
saudade, que são emoções do instante, quando o homem se depara com algo que
31

não conhece, ou que não reconhece, ou seja, durante um momento de


contemplação. O estudo e resultado desta conexão emocional entre o usuário e o
produto é o que é chamado atualmente como design emocional, que vêm sendo
utilizado cada dia mais pelas empresas que buscam alternativas mais eficientes para
se comunicar com o consumidor, na tentativa de minimizar a concorrência do
mercado atual.
Norman (2005) explica que tudo o que fazemos está tingido de emoção.
Nossas emoções servem como guia constante para o nosso comportamento. O
autor ressalta que a emoção é uma parte necessária da vida, afetando o modo como
nos sentimos, como nos comportamos e pensamos. Segundo o autor, “a emoção faz
você vivo”, uma vez que estas são “cruciais na tomada de decisões diárias”.
Max Bruinsma (1995) chamou de “o lado invisível do design”, ao afirmar que o
design não precisa de novas formas, e, sim, de uma nova mentalidade.

2.3.2 Design emocional: definições

O Design emocional é um desafio constante para os designers, que ao


projetar um produto precisam configurá-lo de forma a despertar o interesse do
público para o qual se destina; um produto que tenha o estilo almejado por esse
público-alvo e que atenda aos seus desejos e necessidades. Segundo o autor
Krippendorff (2000), os designers perceberam que não se tratava apenas de projetar
coisas, mas que esta ação estivesse relacionada a “práticas sociais, símbolos e
preferências”, com o pensamento de que as pessoas para as quais projetavam não
eram apenas “usuários racionais”. Portanto, como ressalta o autor, “não reagimos às
qualidades físicas das coisas, mas ao que elas significam para nós”.
O psicólogo Norman (2004) acrescenta que os objetos são “mais que meras
posses materiais. Nós temos orgulho de objetos, não necessariamente porque
mostram nosso poder ou status, mas devido aos significados que eles trazem a
nossas vidas”. Damásio (1996) ensina, também, que alguns objetos são
“emocionalmente competentes por razões evolucionárias”, enquanto outros se
transformam em estímulos emocionais competentes ao longo de nossas vivências
pessoais. Ente autor frisa, ainda, que “podemos decidir quais objetos e quais as
situações que podem ou não fazer parte do nosso ambiente, quais objetos e quais
situações nos quais queremos investir tempo e atenção”.
32

O campo do design e emoção pode ser reconhecido, também, a partir de


alguns termos, como Experience Design ou Design Experiencial, o qual se entende
que sua prática busca atender não somente às necessidades imediatas dos
usuários, “mas entender e preencher as motivações humanas em relação ao
produto, estando relacionado às pequenas e grandes experiências da vida”.
(Padovani e BuccinI, 2005)
Para Jordan (2000), o prazer associado aos produtos é como um benefício que
tanto pode ser um benefício prático, um benefício emocional ou um benefício
hedonístico. Para o autor, o prazer é um conceito relativo, tendo em vista que
decorre da interação do produto com a pessoa e é uma característica extrínseca ao
produto. Divide o prazer em quatro tipos: fisiológico, social, psicológico e ideológico.
Em relação aos produtos, Jordan relaciona o prazer fisiológico ao conforto; o prazer
social ao status e interação social; o prazer psicológico à usabilidade (proporcionado
por produtos fáceis de usar e que reduzam sensações desagradáveis); e o prazer
ideológico ocorre de acordo com a cultura de uma pessoa e a representa nesse
sentido.
A relação das pessoas com os objetos pode ser estabelecida se os produtos
“provocam, comunicam, reconhecem, ou associam emoções no contexto do uso”
(Gave e Kurtgözü, 2003). Estes autores concluem que “a agenda do „Design &
Emoção‟ envolve projetar não apenas produtos funcionais, mas produtos com foco
na experiência” ou, ainda, como define Overbeeke et AL; Kurtgözü (2003),
“desenhar um contexto para a experiência”. Segundo este último autor, “o conceito
de experiência, onde o sujeito e o objeto se encontram e se fundem um com o outro,
se torna um assunto-chave para projetar objetos com significado emocional”.
A autora Damazio (2005) acredita que a idéia de que é possível desenhar
formas capazes de despertar reações emocionais é nova e transformadora, e
desvela frentes de atuação e campos do conhecimento igualmente inéditos para o
design. Segundo a autora: “O mundo está mudando. E com ele estão mudando as
necessidades, os problemas, os anseios, as expectativas, as preocupações, os
sonhos e as demandas da sociedade”.
Conclui-se que o design emocional é o processo de pensamento para o
desenvolvimento de produtos o qual ao fim gera emoções em seus usuários,
podendo estas serem boas ou não. É algo essencial na diferenciação de produtos
33

nos dias de hoje, é o desejo e a melhor aceitação de um determinado produto


pelo consumidor. Padovani e Buccini (2005), concluem que:

[...] o Design Experiencial pode servir para promover sistemas e produtos


mais amigáveis, prazerosos e que tenham forte identificação com os
usuários, tornando a experiência de uso não só eficiente, mas também
emocionalmente positiva.

2.3.3 Design emocional: três níveis de design

O conhecimento do designer sobre as etapas que relacionam este contato


entre o produto e o usuário, pode ser definido de diferentes maneiras por diferentes
autores. Desta forma, Löbach (2001) afirma que “os aspectos essenciais das
relações dos usuários com os produtos industriais são as funções dos produtos, as
quais se tornam perceptíveis no processo de uso e possibilitam a satisfação de
certas necessidades”. Tais funções são classificadas pelo autor como práticas,
estéticas e simbólicas.
Para o autor, as funções práticas são as relações entre produto e usuário que
se encontram no nível orgânico-corporal, envolvendo os aspectos fisiológicos de
uso. Tal função está relacionada a assegurar o correto funcionamento de um
produto para satisfazer as necessidades físicas do usuário. O sucesso de tais
produtos é medido quase sempre pelo seu faturamento. A Figura 4 apresenta um
modelo de cadeira produzida pelas comunidades Shakers1, local onde se priorizava
o funcionalismo.

1
Sociedades religiosas que se estabeleceram nos Estados Unidos (1775), com objetivo de realizar o
reino de Deus sobre a Terra em comunhão de fé, vida e trabalho (LÖBACH, 2001).
34

FIGURA 4: Função prática - Cadeira jantar das comunidades Shaker, EUA, 1850.
Fonte: adaptado de Löbach (2001).

O encosto em ângulo reto, o assento trançado, a estrutura são características


que transmitem estabilidade e firmeza necessárias para o uso. O material
empregado e a existência de poucos detalhes estéticos traduzem uma aparência
satisfatória de uso prático e de boa qualidade. Por fim, tais características
configuram um produto com função prático-funcional.
Já para classificação de funções estéticas, estão relacionados todos os
aspectos psicológicos de percepção sensorial durante o uso dos produtos. Tal
função age diretamente sobre os sentidos (visuais, táteis e sonoros), fazendo com
que os usuários comuniquem-se e identifiquem-se com o produto. A forma e a
aparência tornam-se fatores decisivos de compra. Para exemplificar esta função, a
Figura 5 apresenta a poltrona Garden Egg, do designer Peter Ghyczy.

FIGURA 5: Função estética - Poltrona Garden Egg, design Peter Ghyczy, 1968.
Fonte: adaptado de Löbach (2001).
35

O material (fibra de vidro) utilizado na fabricação, a pintura automotiva em


cores fortes, a superfície lisa, bem acabada, diferenciada, o formato e o conceito
utilizado do desenvolvimento deste produto, evidenciam sua característica estética.
O forte apelo visual cria um visual irreverente, divertido, jovial, alegre e colorido.
Sendo assim, o objeto lembra mais um objeto de arte do que um móvel com função
de assento, priorizando a função estética.
Quanto às funções simbólicas, são determinadas por aspectos espirituais,
psíquicos e culturais de uso de um produto. Elas derivam da associação da forma,
cor, texturas, com as memórias e idéias de seus usuários, podendo assim, lhes
conferir status e/ou valores culturais e sociais. A Figura 6 exemplifica esse prestígio
de possuir um determinado objeto, através de uma estética reconhecida.

FIGURA 6: Função simbólica - Poltrona Wassily, design Marcel Breuer, 1925.


Fonte: adaptado de Löbach (2001).

A poltrona Wassily é uma das mais famosas peças do mobiliário moderno. Os


materiais empregados, a forma e montagem traduzem uma idéia de produção em
larga escala, além de aderirem ao produto aspectos de conforto, ergonomia, bom
acabamento e qualidade. Por fim, tais características conferem ao produto um
aspecto formal, nobre e elegante, símbolo de poder e status.
Desse modo, Löbach (2001) considera que produtos que não envolvam, de
alguma forma, aspectos estéticos e psíquicos, e que apresentem “[...] aparência
pobre em informação, são rapidamente apreendidos e despertam pouco interesse.
Com o tempo, acabam ficando monótonos”. Nota-se, assim, a importância da
emoção na relação produto e usuário. Produtos atraentes despertam em nosso
cérebro a ideia de algo bom e funcional, escolhendo-se os objetos que nos parecem
mais bonitos e agradáveis e não, necessariamente, os mais simples e úteis.
36

Seguindo os mesmos preceitos, pode-se citar também os 3 níveis de


elaboração das emoções segundo Norman (2008), no que se refere a interação
objeto/usuário. Para o autor, o primeiro contato seria o sensorial, passando por um
dos três diferentes níveis, reflexivo, comportamental ou visceral, resultando ao fim,
em ações, pelo sistema motor, como exemplifica a Figura 7.

FIGURA 7: Os três níveis de elaboração das emoções referentes aos produtos.


Fonte: Adaptado de Norman (2008).

O nível visceral está relacionado com a aparência do produto, é quando


ocorre o julgamento imediato do usuário, automaticamente ativado pelo cérebro, que
percebe se o objeto lhe é atraente ou não. Na percepção da forma e aparência do
produto estão englobados diversos itens, desde o material com que é feito,
passando por sua geometria e cores utilizadas.

“O nível visceral é rápido: é feito por julgamentos instantâneos do que é


bom ou ruim, seguro ou perigoso (...) Esse é o começo do processo afetivo.
É algo biologicamente determinado, podendo ser inibido ou realçado de
acordo com o que nosso cérebro ordena. “(NORMAN, 2004)

Para exemplo de design visceral, a Figura 8, mostra o apelo para os sentidos,


estimulando o bom humor. O saleiro e pimenteiro Space Invaders, desenvolvido pelo
designer Anderson Horta, faz referência aos anos 80 e à cultura pop, transformando
uma simples refeição em um momento inusitado.
37

FIGURA 8: Saleiro/Pimenteiro e o design visceral.


Fonte: <http://www.cultpop.com.br>

O nível comportamental relaciona-se com as atividades do cotidiano, e está


ligado diretamente com a funcionalidade e usabilidade do produto. É saber como o
produto funciona, se ele é fácil de ser utilizado, se ele cumpre corretamente as
funções para o qual ele foi concebido. Existe uma preocupação de como a função é
percebida pelo consumidor. A forma (nível visceral) ajuda na função (nível
comportamental) e vice-versa. Um produto, determinadas vezes, pode apresentar
defeitos ou o seu funcionamento pode não ser o mais adequado. Contudo, esse
produto sendo visualmente agradável, o consumidor tende a aceitar melhor erros de
funcionalidade.
Na figura 9, é possível se identificar a função do produto (ralador) no momento
em que se estabelece o primeiro contato, seja visual ou tátil. O material empregado
no objeto, polímero e aço, remetem a praticidade que este produto oferece, sendo
de fácil limpeza e de boa durabilidade.
38

FIGURA 9: Ralador e o design comportamental.


Fonte: http://www.ipcal.com.br/importados/utilidades.htm

O nível reflexivo, por sua vez, se relaciona com a satisfação, a marca, o


prestígio e o valor que o produto agrega à imagem pessoal do usuário perante as
outras pessoas. Neste nível, o ser humano passa a analisar o produto, não de
imediato, mas leva em consideração o status ou a realização pessoal que o produto
pode lhe oferecer, ou ainda, quais lembranças este produto lhe traz. Esse nível é o
que mais se aproxima com os conceitos de marketing e publicidade, nele o produto
não carrega consigo apenas a forma e sua função, mas também todos os valores da
marca de seu fabricante, o que pode ajudar ou não o produto de acordo de como ela
é percebida pelo consumidor.
Como na figura 10, a Ball Chair, cadeira criada em 1963, pelo designer Eerio
Aarnio que foi um designer ícone dos anos 60, faz desta cadeira um objeto de
desejo até os dias de hoje. Além de ser muito confortável, confere ao usuário, o
prestígio de obter não apenas uma cadeira confortável, como também, exibir em sua
casa uma cadeira/escultura, assinada por um artista renomado.
39

FIGURA 10: Cadeira Ball e o design reflexivo.


Fonte: http://www.criadesignblog.pop.com.br

Através da análise destes níveis, conclui-se que o interessante do design


emocional é que estes tanto podem funcionar ou conquistar de forma isolada os
consumidores, bem como podem trabalhar todos juntos. Há pessoas que consomem
produtos apenas por eles serem bonitos, outras por gostarem de como o objeto
funciona e outras pelo valor simbólico do produto que pode ser agregada a sua
imagem pessoal. Quanto mais próximo um produto se aproxima do desejo do
usuário, maior a chance de ser um projeto bem sucedido.

2.3.4 Usabilidade

O termo usabilidade pode ser considerado o início do caminho para chegar às


ideias do design emocional, em síntese, está relacionado com a medida na qual um
produto pode ser usado por usuários específicos, para alcançar objetivos específicos
com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico de uso. Pode-se
entender como usabilidade o uso amigável dos objetos. Para Jordan (2000), ao
longo das décadas, os aspectos ergonômicos tornaram-se parte integrante do
processo de design, incorporando assim questões de usabilidade, que para este
autor, está relacionado à facilidade de se utilizar um determinado produto.
Tal característica pode ser definida também como uma composição entre
aspectos objetivos e subjetivos, relacionando o modo de pensar e se comportar do
40

usuário. Para tal composição um produto deve seguir as seguintes metas: ser
eficaz, eficiente e seguro no uso; ser de boa utilidade; ser fácil de aprender; ser fácil
de lembrar como se usa. Tais características vêm da norma ISO 9241-11, através
classificação proposta pela ISO (Internacional Standards Organisation ou
Organização Internacional de Padrões), para o termo usabilidade.
Jordan (2000) também ressalta que o fato de um produto ser facilmente usado
por uma pessoa não significa necessariamente que poderá ser utilizado da mesma
forma por outro indivíduo. Desenvolver um projeto tendo como base a usabilidade,
significa projetar especificamente para aqueles indivíduos que irão utilizar o produto
em questão. Sendo assim, o conhecimento e compreensão sobre quem são os
usuários finais do produto, e suas características são de extrema importância para o
sucesso de um produto.

2.3.5 Agradabilidade

Utilizar somente a usabilidade como única forma de abordagem, acabada


resultando em uma limitação do produto, pois exclui questões de estética,
semântica, os elementos sensoriais e os valores que um produto pode expressar.
Para Jordan (2000), a agradabilidade não diz respeito simplesmente a uma
propriedade de um produto, mas à interação do usuário com este. Esta interação
deve ocorrer de forma emocionalmente agradável e ter como resultado algum tipo de
prazer para o usuário. Para o mesmo autor, o termo pode ser entendido a partir da
estrutura de quatro prazeres, elaborada pelo antropólogo Lionel Tiger:
a) prazer físico – relacionado ao corpo humano, sendo derivado dos sentidos
(tato, paladar, audição, olfato e visão). Esse prazer está ligado diretamente às
propriedades sensoriais dos produtos como, por exemplo, textura e cheiro;
b) prazer social – referente às relações interpessoais, à autoimagem e ao
status. Pode ser gerado por produtos e/ou serviços que facilitam a interação
social;
c) prazer psicológico – relacionado às reações e ao estado psicológico das
pessoas durante o uso de produtos. Esse prazer é gerado por objetos de uso
descomplicado que despertam emoções positivas;
41

d) prazer ideológico – relacionado aos valores pessoais, incluindo gosto,


questões morais e aspirações sociais. Relaciona-se à estética e aos
significados que os objetos carregam e despertam.
Atribuir conceitos de agradabilidade, adquirir tais conhecimentos sobre o
conceito de prazeres, torna mais importante o estudo do usuário do produto a ser
desenvolvido, considerando assim, os significados, experiências e emoções
promovidas pelo objeto, além de sua forma e função.

2.3.6 Ferramentas

Foram pesquisados diversos tipos de ferramentas que relacionavam o objeto e


o usuário, para a análise das emoções envolvidas nestes processos. Serão
especificados a seguir dois tipos de ferramentas distintas, primeiramente dos autores
Lera e Garretta-Domingo e posteriormente de Pieter Desmet.
O trabalho desenvolvido por Lera e Garretta-Domingo (2007), pode ser
resumido em um conjunto de diretrizes para eficiência, facilidade e baixo custo de
uma avaliação do estado afetivo dos usuários, analisando as reações expressivas
destes durante uma interface com o produto. Portanto, para estes autores medir com
precisão as emoções dos usuários enquanto eles estão aprendendo e usando um
produto proporciona uma janela para a qualidade da experiência do usuário.

“Em „Dez Emoções Heurísticas‟, nosso objetivo é encontrar metodologias


de avaliação que são fáceis de implementar e de baixo custo, mas não
requer habilidades especiais ou equipamentos caros.” (LERA, 2007)

A ferramenta utilizada para avaliar a dimensão emocional é o uso das


expressões faciais, segundo Lera a técnica é baseada na observação. Um conjunto
de características foi identificado durante a interface produto e usuário, o que
resultou na construção de uma lista das expressões mais comuns durante estas
avaliações.

“Melhor que qualquer parte do corpo, os nossos rostos revelam emoções,


opiniões e humores. No entanto, usamos todo nosso corpo na comunicação
não-verbal. Assim, a lista inclui alguns recursos que não estão diretamente
42

relacionados com as expressões faciais.” (LERA, 2007 – tradução livre


da autora)

Para um melhor entendimento deste método, será disposta a seguir a lista com
as 10 expressões analisadas e seus respectivos sentimentos relacionados a elas, de
acordo com os autores:
1. Franzindo a testa: concentração, desagrado ou falta de clareza.
2. Levantando a sobrancelha: reação negativa, surpresa, incerteza.
3. Olhar longe: decepção, derrota, vergonha, culpa ou submissão.
4. Sorrindo: satisfação, alegria.
5. Comprimir os lábios: frustração, confusão, nervosismo.
6. Movendo a boca: sinal de estar perdido, incerteza.
7. Expressões vocais: frustração ou decepção.
8. Tocando o rosto com a mão: confusão, incerteza, usuário perdido ou
cansado.
9. Arredando a cadeira para trás: desejo de ficar longe da situação atual.
10. Inclinando o tronco para frente: depressão, frustração, atenção.
A análise desta dimensão afetiva no design é importante, pois tal avaliação
fornece aos profissionais da área um quadro mais preciso na compreensão da
experiência de uso, que resulta na produção de interfaces e produtos centrados nos
usuários.
Outra abordagem para avaliar a emoção é o instrumento desenvolvido por
Desmet (2003), denominado PrEmo (Product Emotion Measurement instrument),
que mede um conjunto de 14 emoções. Cada emoção é retratada com um
personagem de desenho animado por meio de dinâmicas de tratamento facial,
corporal e expressão vocal em uma interface de computador. Os usuários
comunicam suas respostas, selecionando aquelas animações que correspondem
com a emoção sentida ao visualizar a imagem de um determinado produto a ser
analisado. Para o autor a qualidade de experiência emocional de um produto está
cada vez mais importante, uma vez que estes têm se tornado semelhantes no que
diz respeito às características técnicas, de qualidade e de preço.
Na concepção do instrumento, as 14 emoções foram dividas da seguinte forma:
sete emoções são agradáveis (desejo, surpresa agradável, inspiração, diversão,
43

admiração, satisfação e fascinação); e sete são desagradáveis (indignação,


desprezo, nojo, surpresa desagradável, descontentamento, desilusão e tédio).

FIGURA 11: Primeira versão do programa PrEmo com 14 emoções.


Fonte: Pieter Desmet,2003. p.5

FIGURA 12: Nova versão do programa PrEmo com 12 emoções.


Fonte: <https://www.measuring-emotions.com/demo>
44

O autor afirma que os resultados do programa confirmam a idéia de que no


desenvolvimento de produtos, as diferenças culturais são reconhecidas, e que tais
diferenças são difíceis de prever e explicar. Segundo ele, as empresas devem
sempre estar cientes dessas diferenças e talvez desenvolver estratégias de design
diferentes para culturas diferentes, em vez e tentar comercializar produtos idênticos
em países diversos.

“A força de PrEmo é que ele combina duas qualidades: mede distintas


emoções e pode ser usado em diversos países, porque não é necessário
que os entrevistados verbalizem suas emoções. Além disso pode ser usado
para medir emoções misturadas, ou seja, mais que uma emoção
experimentada simultaneamente, e a operação não exige equipamentos
caros, nem conhecimentos técnicos.” (DESMET,2003)

A partir do estudo de tais ferramentas, confirma-se a importância da melhor


observação do contato entre produto e usuário, confirmando assim a necessidade
de um estudo nesta área para os produtos a serem desenvolvidos na segunda etapa
deste trabalho. Esta pesquisa acontecerá ao final de todo processo de criação, para
que se possa conseguir um resultado de quais emoções foram despertadas nos
usuários da cidade.

2.4 MOBILIÁRIO URBANO

2.4.1 Introdução

A cidade é hoje uma área de estudo onde se manifestam os problemas e a


vivência de seus habitantes, por isso, seu desenho pode ter como resultado uma
diversidade de características, como: centralidade, acessibilidade, identidade
densidade, diversidade, entre outros. Os mobiliários urbanos funcionam como os
objetos que valorizam os espaços das cidades, pois são responsáveis por destacar o
significado e valor das cidades como cultura urbanística.
Estes objetos são instalados nos espaços públicos com o propósito de oferecer
serviços específicos, possuindo usos e funções diferenciados, que surgem de
acordo com as necessidades de seus cidadãos tais como: descanso, comunicação,
limpeza, limitação e ordenação dos espaços para pedestres.
45

Na figura 13, é possível visualizar alguns exemplos de mobiliário urbano


encontrados na cidade de Ipatinga: equipamento infantil, lixeira, banco, bicicletário,
ponto de ônibus, protetor de pedestres, mesas e bancos, placas de sinalização,
banca de jornal.

FIGURA 13: Imagens de alguns tipos de mobiliário urbano (Ipatinga/MG)

Segundo Serra (1997), o mais adequado é denominar tais objetos de


“elementos urbanos”, uma vez que estes utilizam e se integram na paisagem urbana
e devem ser compreensíveis para o cidadão. Uso, integração e compreensão são
conceitos básicos que valorizam todo o conjunto de objetos que se encontram nos
espaços públicos da cidade. Para Mourthé (1998),

O mobiliário urbano está presente no espaço público de qualquer cidade.


Esses equipamentos - telefones públicos, latas de lixo, bancos de praça,
bancas de jornal, postes, abrigos de ônibus, placas de sinalização, entre
outros, tem uma função de grande importância na qualidade de vida das
cidades. Seu papel interativo entre os espaços públicos e usuários
influencia e é influenciado pelos comportamentos sociais e culturas
regionais. (MOURTHÉ, 1998)
46

2.4.2 Mobiliário urbano: definições

É grande a variedade de definições de mobiliário urbano, para Assunção


(1999), “a urbanização pode começar antes, mas não estaria completa sem
mobiliário urbano”. Para este autor, “as melhores definições são muito abrangentes e
pouco sintéticas”. Para esta análise, seguem a seguir algumas definições de autores
diversos:

“O mobiliário urbano é um conjunto de objetos úteis que se integram à


paisagem urbana e devem ser compreensíveis para o cidadão.”
(SERRA,1997)
“O mobiliário urbano situa-se na dimensão setorial, na escala da rua, não
podendo ser considerado de ordem secundária, dadas as suas implicações
na forma e equipamento da cidade. É também de grande importância para o
desenho da cidade e a sua organização, para a qualidade do espaço e
comodidade.” (LAMAS,2000)
Mobiliário urbano (urban furniture, mobilier urbain, mobilaje urbana).
Conjunto de elementos materiais localizados em logradouros públicos ou
em locais visíveis desses logradouros e que complementam as funções
urbanas de habitar, trabalhar, recrear e circular: cabinas telefônicas,
anúncios, idealizações horizontal, vertical e aérea; postes, torres, hidrantes,
abrigos e pontos de parada de ônibus, bebedouros, sanitários públicos,
monumentos, chafarizes, fontes luminosas etc. (FERRARI, 2004)
“Mobiliário urbano é todo equipamento que guarnece espaços de uso
público, sistematizando a complementação da urbanização básica.”
(ASSUNÇÃO, 2009)

Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), precisamente na


norma NBR 9283, defini o mobiliário urbano como: “ Todos objetos, elementos e
pequenas construções integrantes da paisagem urbana de natureza utilitária ou não,
implantada mediante autorização do poder público, em espaços públicos e
privados”.
Levando em consideração a relação usuário e lugar, o mobiliário urbano
assume um importante papel na urbanização e paisagismo das áreas públicas,
aderindo a elas valor simbólico e cultural. Por fim, são parte integrante de algo maior
chamado cidade, já que há muito tempo faz parte da sua estrutura e vem
acompanhado sua evolução no desenvolvimento urbano, seja na adequação de
47

usos, seja na inserção de novas funções, seja na mudança da sua estrutura, e no


uso de materiais e tecnologias diferentes na sua fabricação.

2.4.3 Mobiliário urbano: funções

A conceituação do termo mobiliário urbano ainda não o define exatamente,


considerando mais o valor utilitário dos objetos do que propriamente suas funções
intrínsecas de uso, estética e simbólica, podendo assim, serem interpretadas
superficialmente sobre o papel que desempenham e sua importância para a cidade.
De acordo com o Manual de Procedimentos para Intervenção em Praças
(2002: 55), da Prefeitura Municipal do Recife,

A expressão mobiliário designa, de modo análogo ao conjunto de móveis


utilizados no interior de um edifício, os objetos que, no espaço público, se
destinam a oferecer comodidade e conforto aos habitantes, notadamente o
pedestre, complementando desse modo, o ambiente construído no qual
estão inseridos.

Tal definição exemplifica alguns conceitos que dificultam ainda mais a


compreensão das funções dos objetos urbanos, associando estes ao mobiliário
doméstico como sofás, mesas e cadeiras, analisando sua função de acordo com o
conforto e comodidade que oferecem à aqueles que os utilizam.
Citando Mourthé (1998),

[...]“a função destes equipamentos é muito mais ampla do que


simplesmente a de decorar ou mobiliar a cidade – eles têm funções de
grande importância na qualidade de vida das cidades. Seu papel interativo
entre espaços públicos e usuários influencia e é diferenciado pelos
comportamentos sociais e expressões culturais regionais – que têm de ser
levados em conta.

Existe certa dificuldade em se definir as possíveis funções destes


equipamentos, uma vez que o tipo de usuário, o horário e o tipo de uso destes
variam muito. Assunção (1999), afirma que podem ocorrer excesso e sobreposição
de funções, como: lazer, prazer e orgulho (lagos, jardins e estátuas, etc.); conforto e
conveniência (bancos, lixeiras, bebedouros e banheiros públicos); vendas,
48

publicidade e informação (máquinas de venda automática, placas e painéis


luminosos); comunicação, serviços ou intermediação (telefones públicos, caixas de
coleta de correspondência, abrigos de ponto de ônibus e quiosques de bancos
automáticos); melhoria de tráfego (sistemas de estacionamento, sinais de trânsito,
passarelas, mirantes, bicicletários, placas, etc.)
Para o mesmo autor, “o mobiliário urbano se presta à complementação da
urbanização de uma comunidade, ele varia conforme as possibilidades dessa
comunidade”. Com isso, conclui-se que, o mobiliário urbano de cada cidade deve ter
uma identidade. A função desses objetos deve ser entendida e a estética percebida
de forma a comunicar sensações ao usuário. A forma do objeto deve de alguma
maneira se integrar no contexto urbano e ao mesmo tempo ser única e insubstituível,
não esquecendo que a primeira utilidade de um mobiliário urbano é cumprir uma
função específica além de compor um espaço físico.

2.4.4 Classificação do mobiliário urbano

Existem divergências quanto à classificação dos mobiliários urbanos por parte


de diversos autores pesquisados, decorrente dos diferentes tipos de conhecimentos
e idéias sobre o assunto. Classificar sob o ponto de vista da função dos objetos é o
método mais utilizado e, portanto, serão dispostos a seguir alguns autores que
utilizaram esta característica como base para classificação.
Em estudos da Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro, defendeu-se a idéia de que o mobiliário urbano tem sua
especificidade própria na organização do espaço público. Sendo assim, o dividiram
em seis categorias:
a) estruturas – conjunto de dois ou mais elementos que se completam para
desempenho de uma função. Exemplos: postes de distribuição de energia,
postes de telefone, sinalização de trânsito, hidrante, telefone público, caixa
coletora de lixo, parquímetro;
b) engenhos publicitários – elementos usados como objetos independentes um
do outro com a função de anunciar produtos, serviços, estabelecimentos e
campanhas políticas. Exemplos: outdoor, relógio digital, painel luminoso,
tabuleta, painel eletrônico, identificador de logradouros;
49

c) cabines e quiosques – guardam semelhança com a arquitetura e


proporcionam proteção dos meios naturais e conforto às pessoas, são
facilmente identificáveis pela sua finalidade. Exemplos: banca de jornal,
abrigo de ponto de ônibus, sanitário público, cabine de telefone, carrocinha
ambulante, barraca de feira, barraca de camelô, quiosques com várias
funções.
d) Separação de meios – elementos usados para ordenação do espaço
público que proporcionam segurança, conforto e proteção ao pedestre e ao
sistema viário. Exemplos: rampa, grade, cancela, tapume, cavalete, etc.
e) Elementos paisagísticos – incluem artefatos artísticos com um significado
simbólico para a cultura da cidade, têm função de orientação cívica ou de
composição da paisagem urbana. Exemplos: monumento, estátua, obelisco,
chafariz, protetor de árvores entre outros;
f) Equipamentos de lazer – destinados às funções esportivas e recreativas.
Exemplos: banco e mesa em praças, banco de jardim, equipamento
esportivo e equipamento infantil.
No entanto, para este trabalho irá se utilizar á divisão proposta por Mourthé
(1998), em que os mobiliários urbanos podem ser divididos nas seguintes
categorias:
- Elementos decorativos: esculturas e painéis em prédios;
- Mobiliário de serviço: telefones públicos, caixas de correio, latas de lixo,
abrigos de ônibus, cabines policiais, banheiros, balizadores, protetores de
árvores, postes de iluminação, bicicletário;
- Mobiliário de lazer: bancos de praças, mesas de jogos, projetos para idosos,
projetos para crianças, projetos para atletas e jovens;
- Mobiliário de comercialização: bancas de jornal, quiosques, barracas de
vendedor ambulante, cadeiras de engraxate, entre outros.
- Mobiliário de sinalização – placas de logradouros (ruas), placas informativas,
placas de trânsito e sinalização semafórica.
- Mobiliário de publicidade – outdoors e letreiros computadorizados.
Através dessa divisão proposta, foram analisados e mapeados diversos tipos
de equipamentos de variadas categorias na cidade de Ipatinga apresentados no
pequeno livro desenvolvido em anexo.
50

2.4.5 Relação com o design

Existem, nas cidades, diferenciadas culturas e ideologias, e o design focado


no mobiliário urbano, pode responder ao princípio básico de adequação e resposta
às necessidades de produtos específicos para contextos diferenciados. Como
resultado, se obtém características distintas aos produtos, servindo em muitos casos
como ícone distintivo da identidade de uma cidade.
De alguma maneira o objeto deve refletir a identidade do profissional e ao
mesmo tempo caracterizar a estética local. Encontrar essa harmonia é um dos
maiores desafios do designer. O design é um fator de muita importância, pois
apresenta-se como um determinante essencial na qualidade de vida da população,
afetando o cotidiano da sociedade de diversas civilizações, e ao mesmo tempo,
pode realizar um intercâmbio cultural entre os diferentes centros urbanos.
Em vários exemplos, os equipamentos dos espaços públicos estão ligados à
identidade da cidade, se tornando um ícone ou símbolo da mesma, uma vez que, ao
analisarmos qualquer imagem de certo equipamento, somos automaticamente
remetidos à identificação da cidade. Seguem a seguir alguns exemplos:

FIGURA 14: Design como símbolo identificativo – Barcelona


Fonte: Google imagens
51

FIGURA 15: Design como símbolo identificativo – Londres


Fonte: Google imagens

FIGURA 16: Design como símbolo identificativo – Rio de Janeiro


Fonte: Google imagens
52

O design está presente também na diferenciação de equipamentos com a


mesma função em diferentes locais, ao compará-los nota-se as diferenças e
variedades que provêm das características e símbolos de cada cidade. Alguns
exemplos a seguir demonstram este fato, onde cada produto foi desenhado com um
princípio específico e características próprias, com bases históricas e simbólicas
associadas ao local.

FIGURA 17: Diversidade de postes ornamentais nas cidades.


Fonte: <http://presencaurbanadodesign.blogspot.com>

Outras formas de diferenciação do design de equipamentos urbanos são a


variedade de formas, a diversidade de materiais e de processos de fabricação, como
pode-se observar nas imagens a seguir.
53

FIGURA 18: Diversidade de bicicletários nas cidades.


Fonte: <http://presencaurbanadodesign.blogspot.com>

Pensar o espaço urbano e utilizar o design como método de modificação deste,


az com que seja necessário um entendimento do lugar e do contexto ambiental,
cultural, social, econômico e político. Para tal, é necessária uma análise dos fatores
de caráter dinâmico (padrão de movimento de pessoas e veículos) e caráter estático
(características físicas do ambiente). Assim, no desenho do equipamento público é
necessário levar em conta aspectos como a valorização do patrimônio arquitetônico
e urbanístico; reconhecimento do comércio existente; a identificação da cultura
urbana e também corresponder às expectativas dos usuários, considerando a
54

função de um objeto ou equipamento de modo a estabelecer o material e


dimensões a usar.

2.4.6 Relação com o espaço público e os usuários

Além das coordenadas determinadas pelos urbanistas para o projeto do


espaço público, e da arquitetura dos edifícios e parques, as características dos
equipamentos e mobiliários podem influenciar e interferir de forma marcante no
panorama urbano. Caso sejam mal projetados ou sejam instalados de forma
inadequada em locais impróprios, pode haver uma inutilização destes espaços
públicos, esconder a arquitetura local, ou desconfigurar um conceito previsto pelo
urbanista para um determinado local.
Ao planejar e projetar o mobiliário urbano, como expresso por Mourthé (1998),
faz-se necessário considerar a existência de culturas sociais em diferentes níveis, de
modo que esse se integre ao espaço onde será implantado. Importante também é
analisar o fato de que, a paisagem pode ser facilmente alterada caso o desenho
daqueles elementos do mobiliário não se adéqüem a ela, causando interferências na
estrutura, simbologia, cultura e organização da paisagem.
Além disso, as interações entre a comunidade e seu entorno devem ser
pesquisadas, interpretando as informações geradas com a finalidade de definir
conceitos ou parâmetros que possibilitem uma tomada de decisões e que estejam
relacionadas direta ou indiretamente com todo o processo projetual de
desenvolvimento do mobiliário urbano.
Os elementos do mobiliário urbano devem guardar em sua configuração certa
identidade, fazendo com que cada um deles seja entendido não apenas como um
objeto específico, mas como pertencente a uma mesma “família” de produtos que
contribuem para a sociabilização do espaço público.
No projeto ou intervenção dos espaços ou equipamentos públicos deve,
também, dar atenção a um importante fator, a acessibilidade a todos os grupos da
população. Os projetos de novos equipamentos devem estar preparados para
responder às necessidades das pessoas com mobilidade reduzida (idosos, crianças,
deficientes visuais, cadeirantes, etc.).
55

2.5 DESIGN EM AÇO

2.5.1 O material

A escolha do uso do aço para o desenvolvimento dos produtos deste trabalho


ocorreu, principalmente, pela facilidade em se obter o material e mão-de-obra
especializada na região. A existência de grandes empresas siderúrgicas na região
do Vale do Aço, como a Usiminas e Aperan, facilita esta proximidade com o material
e suas possíveis técnicas de utilização.
O aço é uma liga de metal criada através do derretimento de vários materiais
juntos. Atualmente, há mais de 2.500 tipos de aço no mundo. Existe uma família
inteira de ligas denominadas gusa, com diferentes propriedades, bastando variar a
quantidade de carbono. Aços especiais são conseguidos quando se adiciona outros
metais à liga.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, existe um número muito grande de
formas e tipos de produtos de aço. A grande variedade dos aços disponíveis no
mercado deve-se ao fato de cada uma de suas aplicações demandar alterações na
composição e forma do material. Em relação à composição química do aço, ao
processamento, controles e ensaios, além de sua utilização final, os aços podem ser
classificados da seguinte forma:
- Aços Carbono: são aços ao carbono, ou com baixo ter de liga, de
composição química definida em faixas amplas.
- Aços Ligados / Especiais: são aços ligados ou de alto carbono, de
composição química definida em estreitas faixas para todos os elementos e
especificações rígidas. Podem ser divididos em:
- Aços construção mecânica: são aços ao carbono e de baixa liga
para forjaria, rolamentos, molas, eixos, peças usinadas, etc.
- Aços ferramenta: são aços de alto carbono ou de alta liga,
destinados à fabricação de ferramentas e matrizes, para trabalho a
quente e a frio, inclusive aços rápidos.
Outra forma de classificação proposta pelo Instituto é quanto à forma
geométrica do material. Podendo assim estar divididos nas seguintes categorias:
56

- Semi-acabados: produtos oriundos de processo de lingotamento contínuo


ou de laminação de desbaste, destinados a posterior processamento de laminação
ou forjamento a quente. Exemplos: placas, blocos e tarugos.
- Produtos planos: produtos siderúrgicos, resultado de processo de
laminação, cuja largura é extremamente superior a espessura, e são
comercializados na forma de chapas e bobinas de aço carbono e especiais.
- Produtos longos: produtos siderúrgicos, resultado de processo de
laminação, cujas seções transversais têm formato poligonal e seu comprimento é
extremamente superior à maior dimensão da seção, sendo ofertados em aços
carbono e especiais.
Para o desenvolvimento de mobiliário urbano, tema deste trabalho, o aço
inoxidável é o principal tipo a ser considerado e provavelmente utilizado durante a
elaboração do projeto. A sua resistência à corrosão, suas propriedades higiênicas e
estéticas fazem deste aço um material atrativo para a utilização no meio urbano.
Para esclarecer o porquê da escolha deste tipo de aço, serão dispostos a
seguir algumas das propriedades do material que lhe conferem características
importantes, para um pensamento futuro de projeto. Algumas destas propriedades
são: alta resistência á corrosão; resistência mecânica adequada; facilidade de
limpeza/baixa rugosidade superficial; aparência higiênica; material inerte; facilidade
de conformação; facilidade de união; resistência a altas e baixas temperaturas;
resistência às variações bruscas de temperatura; diversidade de acabamentos
superficiais e formas variadas; forte apelo visual (modernidade, leveza e prestígio);
relação custo/benefício favorável; baixo custo de manutenção; material reciclável;
entre outros.

2.5.2 Possíveis técnicas de utilização

O processo de projeto utilizando o aço acontecerá de forma a conseguir


integrar a este desenvolvimento, técnicas conhecidas e já utilizadas pela autora em
outros trabalhos. Inicialmente, serão priorizadas técnicas de corte e dobra para o
trabalho com chapas e/ou tubos. Primeiramente serão explicadas duas possíveis
técnicas de corte, que poderão ser empregadas no projeto: o corte a laser e o corte
à jato d‟água.
57

O corte a laser utiliza alta tecnologia, e funciona integrado a um sistema


CAD. Dessa forma, ao desenvolver um minucioso projeto, tomando como guia um
arquivo do desenho do projeto, este será executado no material escolhido, em um
processo rápido e eficiente, não demandando o desenvolvimento de matrizes. Esta
técnica é empregada em projetos que exigem medidas e padrões exatos, podendo
ser aplicados em acrílico, madeira, MDF, couro, plástico, aço carbono, aço inox,
alumínio etc.
Uma das vantagens em utilizar esta tecnologia é a qualidade do produto, uma
vez que quase nunca é necessário um acabamento após o corte, encurtando o
trabalho da produção. Outras vantagens é a perda mínima de material, velocidade
no processo e precisão no corte, como já dito.

FIGURA 19: Máquina de corte a laser.


Fonte: http://treinamentodecorel.blogspot.com

A Figura 20 é um projeto da designer italiana Elena Manfredini, uma coleção de


banquinhos que lembram as rendas italianas, estes foram realizados em metal
cortado a laser. O produto reforça a precisão de corte oferecida pela tecnologia
adotada.
58

FIGURA 20: Produto executado através do corte a laser.


Fonte: http://www.criadesignblog.pop.com.br/tag/laser

O corte com jato de água, pura ou com abrasivo, é um processo a frio e corta
por erosão, com alta precisão e qualidade de acabamento. É, atualmente, uma das
tecnologias mais avançadas para cortar quase todos os tipos de material com
precisão, eficiência e qualidade no acabamento. O corte ocorre com a pressurização
da água em altíssima pressão, e a utilização de abrasivos acontece para o corte de
todos os tipos de metais. A tecnologia possibilita trabalhar com diversos tipos de
materiais, como: mármores, granitos, cerâmicas, vidros, acrílicos, PVC, entre outros,
assim como quaisquer materiais de alta dureza e de variadas espessuras. Algumas
das vantagens desse tipo de técnica são: corte a frio, logo não há queima do
material; corte em qualquer direção; corte de diversos tipos de materiais; não
necessita de acabamento, dependendo da utilização; não agride o meio ambiente;
não há emissão de partículas e gases perigosos.
59

FIGURA 21: Máquina de corte a jato d’água.

FIGURA 22: Máquina de corte a jato d’água da Indústria Mecânica Líder.


60

A Figura 23 exemplifica as características da tecnologia já citadas, são


produtos desenvolvidos pela autora em parceria com Érika Côrtes, para decoração
de ambientes utilizando o aço inox como principal matéria-prima.

FIGURA 23: Produtos executados através do corte à jato’água.

Outra técnica que se pretende utilizar durante o projeto, é a dobra de chapas.


Este é um processo utilizado para dar forma a peças e perfis, e será a principal
técnica responsável pela conformação do objeto, o que resultará em sua forma final.
Para realizar tais funções, poderão ser utilizados processos de dobragem/quinagem
e/ou calandragem.
61

FIGURA 24: Processos de quinagem.


Fonte: http://wiki.ued.ipleiria.pt/wikiEngenharia/index.php/Quinagem

FIGURA 25: Processo de calandragem e calandra.


Fonte: https://sites.google.com/a/catim.pt/metalopedia/conformacao/calandragem
62

2.5.3 Design em aço

Os métodos de fabricação e montagem citados podem ser relacionados a dois


designers que utilizam o aço como principal matéria-prima de seus produtos: Ronen
Kadushin e Sam Buxton.
O primeiro é um designer israelense, que utiliza muito da técnica flat-pack, em
que produtos podem ser montados facilmente por qualquer pessoa, sem uso de
ferramentas, observando apenas os encaixes de uma peça única. Sua coleção de
cadeiras “Open Design Chairs”, são feitas a partir de uma única folha de alumínio de
6mm cortada a laser. A montagem é realizada manualmente, pois a espessura do
material permite facilmente que sejam efetuadas as dobras necessárias para que a
cadeira fique pronta para utilização.

FIGURA 26: Coleção Open Design Chairs de Ronen Kadushin.


Fonte: http://www.archimodes.com/modern-design-chairs-by-ronen-kadushin-in-berlin/

FIGURA 27: Processo de montagem de uma cadeira.


Fonte: http://www.dezeen.com/2009/09/08/hack-chair-by-ronen-kadushin/
63

FIGURA 28: Eclipse Lamp – Ronem Kadushin.


Fonte: http://mocoloco.com/archives/002109.php

Em uma escala menor, o designer inglês Sam Buxton, através de seus


experimentos com a indústria química e tecnológica, criou uma fina lâmina de aço
inoxidável com vários recortes transformando seu cartão de visitas, em uma arte 3D
interativa. O cartão possui apenas 0,15 mm de espessura e dispõe de terminações
dobráveis que permitem a participação do destinatário no processo criativo da obra,
já que cabe a ele dobrar o cartão para visualizar a imagem idealizada. Após esta
primeira obra, o artista criou várias outras microesculturas para a sua coleção
intitulada Mikro World.
64

FIGURA 29: Metallic Business Card – Sam Buxton.


Fonte: http://designyoutrust.com/2010/09/08/metal-business-card-by-sam-buxton/

FIGURA 30: MikromanJungle– Sam Buxton.


Fonte: http://a-faerietale-of-inspiration.blogspot.com/2011/01/sam-buxton.html
65

FIGURA 31: Mikro Cube Garden – Sam Buxton.


Fonte: http://oliviasenger-jones.blogspot.com/2009/11/exploring-cube.html

2.6 OUTRAS REFERÊNCIAS

Os avanços tecnológicos são responsáveis pela existência de formas


arrojadas de mobiliários projetados por designers e arquitetos do mundo todo. A
seguir seguem alguns exemplos, que tem como característica a inovação formal e
funcional, que contribuem para essa relação do mobiliário com o espaço público e
usuários e que contribuem para a composição da paisagem urbana de forma
expressiva.
O primeiro exemplo é o Banco El Poeta, desenvolvido pelo designer Alferdo
Häberli, par a empresa b.d Barcelona Design.
66

FIGURA 32: Banco El Poeta.Empresa: b.d. Barcelona Design. Designer Alfredo Häberli,2005.
Fonte: < http://www.bdbarcelona.com>

O projeto possibilita múltiplas opções de uso, o que pode ser facilmente


percebido pelo usuário, despertando a identificação e valorização do mobiliário. O
desenho da superfície aplicado sobre a chapa acrescenta valor ao produto, enrique
o espaço público onde estão inseridos através de uma estética renovada. A troca de
experiência se dá diretamente entre produto e usuário através de uma proposta
multifuncional o banco permite diferentes formas de sentar a cada utilização.
Seguindo a mesma linha, o banco Berta, do designer Franc Fernández, para a
empresa Vilagrasa, é feito através de uma chapa de alumínio e pode ser pintado no
interior e equipado com iluminação LED para destacar o volume durante a noite,
como mostram as imagens a seguir.

FIGURA 33: Banco Berta.Empresa: Vilagrasa. Designer Franc Fernández (dia e noite).
Fonte: < http://www.vilagrasa.com/esp/productos>

Outro exemplo de renovação no âmbito dos elementos urbanos, é o suporte


para bicicleta Key, desenvolvido pela Studio de Design Lagranja, para a empresa
Santa & Cole.
67

FIGURA 34: Suporte para bicicleta key. Empresa: Santa & Cole, Design: Studio Lagranja.2007.
Fonte: < http://www.santacole.com>

O projeto segundo a empresa responsável teve o intuito de facilitar e encorajar


o uso de bicicletas em Barcelona. Sua estrutura circular permite que ambas as rodas
da bicicleta sejam presas a ele, sua cor proporciona um toque de renovação, suas
formas simples instigam uma interação com o espaço, e demonstra que é possível a
inserção de produtos inovadores e funcionais que ajudem a compor as áreas
urbanas e elevam a importância do mobiliário urbano.
Outro exemplo de suporte de bicicletas que agrega simplicidade de formas e
funcionalidade é proposto pelo designer Roel Vanderbeek, para a empresa Wolters.
O produto é feito em aço dobrado, com uma estrutura em perfil elegante, em
tamanho suficiente para encaixar uma roda e fornecer assim um ponto de bloqueio.
O design além de ser atraente garante economia de espaço.
68

FIGURA 35: Suporte para bicicleta. Empresa: Wolters. Design: Roel Vanderbeek.
Fonte: < http://www.core77.com>

Outro elemento urbano de grande importância na utilização dos espaços


públicos são as lixeiras. O designer Alexander Lotersztain, consegue conferir a este
produto características estéticas que melhoram a imagem deste no ambiente
urbano. O coletor de lixo feito em aço, elaborado para a empresa Street and Garden
Furniture, transmite simplicidade nas formas e a uma melhor interação com os
usuários, que através do design proposto se identificam melhor com o elemento,
facilitando sua localização e uso na cidade.

FIGURA 36: Coletor de lixo. Design: Alexander Lotersztain.


Fonte: <http://streetandgarden.com/products/sit-bin>
69

Outro modelo desenvolvido pelo mesmo designer, para Street and Garden
Furniture Company em Brisbane. também agrega as característica já citadas.

FIGURA 37: Coletor de lixo. Design: Alexander Lotersztain.


Fonte: < http://www.archimodes.com>
70

3. METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO: CIDADE DE IPATINGA

O município de Ipatinga está localizado exatamente na região em que o Rio


Piracicaba deságua no Rio Doce, na região do Vale do Aço, leste de Minas Gerais, a
217 km de Belo Horizonte, capital do Estado. O nome da cidade vem do Tupi e
significa "pouso de águas limpas".
Tratava-se de uma região completamente coberta por mata atlântica e
habitada por índios Botocudos. Aos poucos as terras foram invadidas e colonizadas
por forasteiros motivados principalmente pela vinda da EFVM (Estrada de Ferro
Vitória a Minas) por volta dos anos de 1920. O núcleo populacional original foi
mantido até o final dos anos 50 basicamente pela produção de carvão vegetal, para
alimentar as atividades siderúrgicas da Belgo Mineira e ACESITA, empresas
instaladas em municípios próximos.
Mas a explosão populacional só ocorreu, de fato, a partir do início dos anos
60, com a instalação da USIMINAS, o que resultou na emancipação do município em
21 de abril de 1964. Anteriormente as terras de Ipatinga pertenciam aos municípios
de Antônio Dias e de Coronel Fabriciano.
De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), no ano de 2010, a população do município foi contada em
239.177 habitantes, onde 99,25% vivem da zona urbana. A área do município é de
165,509 km², desse total 22,924 km² estão em perímetro urbano. O relevo
predominante varia entre montanhoso e plano, o clima é tropical e a cidade possui
um dos maiores índices de área verde por habitante do Brasil, são 127km² de áreas
verdes por habitante. Ipatinga também faz divisa com o Parque Estadual do Rio
Doce, um dos paraísos ecológicos de Minas Gerais.

3.2 METODOLOGIA DE TRABALHO

Buscou-se levantar e analisar a maior quantidade possível de informações que


levassem a compreensão da situação atual dos elementos urbanos na cidade de
71

Ipatinga e as variáveis envolvidas no contexto, com o objetivo de entender o


funcionamento da cidade e das áreas públicas.
Os métodos utilizados como estudo foram: visitas às áreas escolhidas, coleta
de dados gerais destes locais (infra-estrutura, fluxos, usos, usuários, etc.),
levantamento fotográfico, realização de entrevistas e aplicação de questionários.
Após a escolha das praças, como a tipologia de espaço público adotada, foi
necessário especificar quais destas seriam selecionadas para um estudo mais
aprofundado. Com isso, decidiu-se realizar esta escolha através das regionais
existentes na cidade, com o intuito de atingir um maior número de bairros, pessoas e
situações municipais diferentes.
Através deste mapeamento, buscou-se entender o mobiliário urbano como um
“objeto significativo” que deve estar integrado à paisagem urbana da área estudada,
já que, devido às funções que desempenham, estes poderão contribuir não apenas
para o aspecto estético e ornamental de determinados espaços, mas implicar numa
melhoria da qualidade de vida neles.

3.3 MAPEAMENTOS

3.3.1 Definição da área de estudo: bairros e praças

Partindo de uma análise de como a cidade de Ipatinga é dividida perante os


órgãos públicos, foi realizado um mapeamento geral fotográfico da maior parte dos
bairros inseridos na cidade, preferencialmente os mais populosos e onde foram
encontradas áreas públicas importantes para o estudo. Para um mapeamento mais
específico, foram escolhidas algumas das principais praças de sete das nove
regionais de Ipatinga, a saber:
 Praça Natsuo Isak – Cariru – Regional 1;
 Praça Sândulos – Horto – Regional 2;
 Praça João Teófilo Pereira – Cidade Nobre – Regional 3;
 Praça 1º de Maio – Centro – Regional 4;
 Praça da Av. Galiléia – Canãazinho – Regional 5
 Praça do Campo do Itamaraty – Bethânia – Regional 6
 Praça Valdomiro Serafim da Costa – Bom Jardim – Regional 7
72

FIGURA 38: Mapa da cidade de Ipatinga e suas regionais.

A escolha da praça a ser mapeada em cada regional se deu através de um


julgamento das áreas mais freqüentadas e do tipo de entorno a que pertencia
(comercial, residencial, serviços...), resultando assim em uma decisão dos locais
onde pudessem ser adquiridas informações relevantes para uma maior diversidade
de locais, usos e usuários.
O mapeamento aconteceu através de visitas às praças escolhidas, onde
através de um questionário (Anexo 6.1) foram anotadas e analisadas questões
como: orientação solar/vento dominante; topografia; ruídos; fluxos; equipamentos
urbanos; mobiliário urbano;sinalização; usos; usuários; entorno; entre outros. Junto a
este estudo, também foram realizadas entrevistas com os usuários dos espaços,
para que se pudesse entender a situação do ambiente visitado e as necessidades
destes. Os questionários de cada praça serão analisados nos itens seguintes, mas
poderão também ser encontrados em anexo a este trabalho. Pode-se também, ter
acesso as fotos de todas estas praças e de outros locais, pelo livro “Mobiliário
Urbano – Ipatinga/MG”, em anexo.
73

3.3.1.1 Cariru: Praça Natsuo Isak

A praça Natsuo Isak, localizada no bairro Cariru, está inserida da Regional 1,


de onde também fazem parte os bairros Vila Ipanema, Castelo e Bairro das Águas.
O nome da praça é de um comerciante que nasceu no Japão e veio ao Brasil com
nove anos, mudando para Ipatinga em 1960, sendo um dos raros nikkeis da cidade
que nunca trabalhou na Usiminas. Localiza-se no Centro Comercial do Cariru, onde
se encontra envolta a estabelecimentos comerciais.
Em um terreno plano, a praça é utilizada para passagem, lazer e descanso.
Durante o dia, o fluxo é maior em favor do comércio ao redor, e durante a tarde há a
permanência de homens, preferencialmente aposentados, que utilizam as mesas da
praça para jogos de baralho. Nos finais de semana e em alguns dias durante a noite,
é comum o uso da praça pelos bares ao redor, que durante a transmissão de jogos
de futebol, utilizam o espaço para colocação de mesas. Nesta área também se
instalam vendedores ambulantes (churrasquinho, pastel, pula-pula para crianças),
fazendo da praça um espaço de lazer para os moradores do bairro.

FIGURA 39: Uso da praça Natsuo Isak - aposentados.


74

FIGURA 40: Uso da praça Natsuo Isak durante a noite.

Com relação ao mobiliário urbano existente, a praça se encontra em péssimas


condições de uso, não somente os elementos que a compõem como toda sua
estrutura. Notou-se que os bancos não são muito utilizados, e sua conformação não
oferece uma interação entre os usuários. As mesas de jogos se encontram
degradadas e a iluminação é muito ruim, uma vez que na rua que circula a praça
não existem postes de iluminação pública. A iluminação da praça é feita por postes
ornamentais que não oferecem uma iluminação segura e confortável.

Cariru
BICICLETÁRIO 1
APARELHOS AERÓBICOS 0
MOBILIÁRIO INFANTIL 0
BANCOS 5
MESAS 8
ORELHÃO 1
LIXEIRAS 3
POSTES ORNAMENTAIS 6
PONTO COMÉRCIO/FIXO 0
BANCA DE JORNAL 1
PONTO DE ÔNIBUS 0

FIGURA 41: Quantitativo de equipamentos da Praça Natsuo Isak, no bairro Cariru.


75

De acordo com as entrevistas, há um descontentamento geral por parte dos


usuários, que reclamam do abandono e falta de manutenção da praça. Em sua
maioria, são moradores do bairro, que freqüentam a praça para lazer, encontro de
amigos ou passagem. Com relação as modificações que gostariam de fazer na área,
todos acharam necessário uma revitalização completa da praça, onde deve-se
incluir: novas mesas de jogos, bancos, lixeiras e, principalmente, postes ornamentais
que melhorem a iluminação da praça.

3.3.1.2 Horto: Praça Sândalos

A praça Sândalos, localiza-se no bairro Horto, e está inserida na Regional 2,


onde também fazem parte os bairros Bom Retiro, Imbaúbas e Bela Vista. A escolha
desta praça aconteceu pelo fato de estar localizada em uma área de intensa
movimentação de pessoas e por estar inserida em um contexto de comércio e
serviços.
Situada em terreno plano, a praça assume um importante papel no bairro, pois
durante horário comercial, seus espaços funcionam como áreas de descanso de
trabalhadores e cidadãos que por ali transitam. Pode-se encontrar também na praça,
a existência de ambulantes, que utilizam a movimentação do local para o comércio
de picolés e água-de-coco. O fluxo de pessoas durante o dia é intenso, e esse
número aumenta no horário do almoço, pois os funcionários fazem dela um
ambiente de relaxamento, aproveitando assim, da sombra e mobiliários existentes.
Os horários de menor uso da praça são durante a noite e finais de semana.
76

FIGURA 42: Uso da praça Sândalos durante o dia.

Com relação aos elementos que compõem a praça, em sua maioria, encontra-
se em boas condições, uma vez que está passou por reforma há pouco tempo. Há
um grande número de bancos, e a iluminação é boa. Faltam mobiliários que
permitam interações diferentes de seus usuários, para intensificar o uso durante
finais de semana e por outras faixas etárias (crianças e idosos).

Horto
BICICLETÁRIO 1
APARELHOS AERÓBICOS 0
MOBILIÁRIO INFANTIL 0
BANCOS 26
MESAS 4
ORELHÃO 0
LIXEIRAS 4
POSTES ORNAMENTAIS 14
PONTO COMÉRCIO/FIXO 0
BANCA DE JORNAL 1
PONTO DE ÔNIBUS 1

FIGURA 43: Quantitativo de equipamentos da Praça Sândalos, no bairro Horto.


77

Através da análise das entrevistas realizadas, nota-se que há uma


preocupação dos usuários pela manutenção da vegetação existente (poda) e o
desejo por um numero maior de lixeiras na praça. Em sua maioria, os entrevistados
mostraram-se satisfeitos com a situação atual, mas gostariam que ocorresse outras
atividades e eventos no local, para variar o uso e torná-lo mais freqüente durante os
finais de semana. Notou-se também uma vontade por parte dos usuários de
mobiliários que facilitem a interação destes, bancos que permitam uma relação
diferente do que a proposta pelo mobiliário existente.

FIGURA 44: Mobiliário particular instalado na praça.


78

FIGURA 45: Mobiliário particular instalado na praça.

3.3.1.3 Cidade Nobre: Praça João Teófilo Pereira

A Praça João Teófilo Pereira localiza-se no bairro Cidade Nobre e está inserida
na Regional 3, onde também fazem parte os bairros Ferroviários, Ideal e Iguaçu.
Através da análise do contexto existente, optou-se pela escolha desta praça por sua
característica comercial e uso intenso.
Possuindo um caráter diferente das outras praças analisadas, o fluxo de
pessoas durante a noite é maior neste local, decorrente do grande número de bares
e restaurantes nas proximidades da praça. O fluxo de pessoas durante o dia é
moderado, uma vez que é utilizada por passagem pela maioria dos moradores ou
por pessoas que utilizam o comércio próximo. Em razão da existência de alguns
mobiliários destinados a crianças, notou-se também a presença dessa faixa etária no
uso da praça. Existem poucas áreas de permanência durante o dia devido ao
pequeno número de áreas sombreadas na praça.
A localização da praça no contexto dos bairros e o fluxo de carros e pessoas
na área resultam no acontecimento de diferentes eventos na praça nos finais de
semana.
79

FIGURA 46: Mobiliário infantil instalado na praça.

FIGURA 47: Pequeno número de áreas sombreadas durante o dia.

Partindo do ponto que a praça foi recentemente reformada, os mobiliários


existentes se encontram em boas condições, mas após o mapeamento e
entendimento do uso da praça, verificou-se que a quantidade destes é muito
pequena. Os bancos estão dispostos muito distantes um do outro, o que dificulta a
relação entre os usuários da praça, a iluminação é feita por um único poste alto no
centro da praça, o que torna a área muito escura durante a noite, diminuindo a
segurança e o uso do local.
80

FIGURA 48: Poste responsável pela iluminação da praça.

Cidade Nobre
BICICLETÁRIO 0
APARELHOS AERÓBICOS 0
MOBILIÁRIO INFANTIL 3
BANCOS 9
MESAS 4
ORELHÃO 0
LIXEIRAS 2
POSTES ORNAMENTAIS 0
PONTO COMÉRCIO/FIXO 0
BANCA DE JORNAL 0
PONTO DE ÔNIBUS 1

FIGURA 49: Quantitativo de equipamentos da Praça João Teófilo Pereira, no bairro Cidade
Nobre.
81

Notou-se um descontentamento geral por parte dos usuários da praça com


relação à falta de sombra, lixeiras e iluminação. Entre os entrevistados houve o
desejo de áreas cobertas para permanência, de um abrigo de ônibus e de uma
diversidade maior de brinquedos infantis. Notou-se um intenso uso da praça durante
os finais de semana, à noite, mas houve reclamações quanto a falta de mobiliários
de lazer, que propicie aos usuários um espaço para conversa e permanência com
conforto e segurança.

3.3.1.4 Centro: Praça 1º de maio

A praça 1º de maio, está localizada no bairro Centro, e entre as ruas que a


rodeiam está a Av. 28 de abril, onde estão instalados os mais variados tipos de
comércio da cidade. Está inserida na Regional 4, onde os bairros Veneza, Novo
Cruzeiro, Caravelas e Jardim Panorama também fazem parte. A escolha desta praça
aconteceu, pelo fato, da sua importância para o centro da cidade, e do fluxo de
pessoas que por ali passam todos os dias. É uma praça que abriga diversas
situações de uso e usuários, em diferentes horários e situações.
Analisando os fluxos existentes, é notável a grande diferença de usos em
horários distintos, uma vez que a área é freqüentada por pessoas das mais variadas
culturas e classes sociais. Alguns destes usos são: reuniões, encontro de amigos,
feiras, eventos em geral, comércio informal (ambulantes, lambe-lambe), passagem,
descanso e lazer. Durante o horário comercial, o fluxo de carros e pessoas é muito
maior do que na parte da noite, onde a segurança é mínima e o uso da praça fica
restrito.

FIGURA 50: Feira livre.


82

FIGURA 51: Evento religioso.

FIGURA 52: Uso da praça para descanso.


83

A situação dos elementos urbanos da praça encontram-se precárias. Não há


postes ornamentais instalados, o que resulta na falta de iluminação e usos indevidos
durante a noite. O número de lixeiras é mínimo e não atende a grande demanda de
uso da população do local. Não há mobiliários que propiciem usos variados, e os
bancos são longos e não ajudam na interação usuário e local, além de não serem
confortáveis para permanência.

Centro
BICICLETÁRIO 0
APARELHOS AERÓBICOS 0
MOBILIÁRIO INFANTIL 0
BANCOS 7
MESAS 0
ORELHÃO 3
LIXEIRAS 2
POSTES ORNAMENTAIS 0
PONTO COMÉRCIO/FIXO 0
BANCA DE JORNAL 1
PONTO DE ÔNIBUS 0

FIGURA 53: Quantitativo de equipamentos da Praça 1º de Maio, no bairro Centro.

Por fim, a praça é ampla e os espaços são pouco aproveitados, através das
entrevistas, foi possível identificar que para os usuários, não há beleza vista e nem
orgulho por parte destes. Há uma insatisfação geral pela falta de limpeza, lixeiras,
bicicletários, bancos confortáveis e iluminação da praça. Perguntados sobre o que
gostariam de mudar no local, a resposta foi comum em todos os casos, gostariam
que situações envolvendo drogas, sexo e violência não acontecessem na área, pois,
para os entrevistados, é através destes usos que ocorre a degradação do local,
diminuindo também a segurança deste.
84

FIGURA 54: Praça como local de descanso.

3.3.1.5 Canaãzinho: Praça da Av. Galiléia

A praça localizada entre as Ruas Siquem e Magdala e Av. Galiléia, no bairro


Canaãzinho, pertence à Regional 5, onde também fazem parte os bairros Canaã,
Vila Celeste e Chácara Oliveira. Ponto de encontro comum entre os moradores do
bairro, a escolha desta praça aconteceu devido a sua grande utilização e entorno
residencial e comercial.
A praça já foi palco de acontecimentos bons e ruins para os moradores, pode-
se dizer que atualmente a utilização desta tem se tornado mais tranqüila e com
menos situações de briga e tráfico de drogas. O fluxo de carros na Av. Galiléia é
intenso, e a proximidade com o comércio faz com que o fluxo de pessoas pela praça
se intensifique na parte da manhã e tarde. O uso da praça é variado, ocorrem feiras,
reuniões, festas e funciona também como ambiente de lazer para os usuários.
Durante a noite, horário de maior uso da praça, a implantação do projeto “Olho Vivo”
da prefeitura, em que câmeras são instaladas, diminui o uso da praça para
atividades que tornavam o local perigoso e a depredação da mesma.
85

FIGURA 55: Brechó realizado na praça.

Com relação ao mobiliário existente, os bancos circulam os jardins e criam


muitas áreas que em sua maioria não são utilizadas. Há pouca diversidade de
equipamentos infantis, não há quantidade suficiente de lixeiras e a iluminação é
deficiente.

Cannãzinho
BICICLETÁRIO 1
APARELHOS AERÓBICOS 0
MOBILIÁRIO INFANTIL 3
BANCOS 8
MESAS 6
ORELHÃO 1
LIXEIRAS 2
POSTES ORNAMENTAIS 10
PONTO COMÉRCIO/FIXO 1
BANCA DE JORNAL 1
PONTO DE ÔNIBUS 1

FIGURA 56: Quantitativo de equipamentos da Praça da Av. Galiléia, no bairro Canaãzinho.

De acordo com as entrevistas realizadas, alguns pontos levantados pelos


usuários sugerem mudanças, como: implantação de lixeiras, bancos confortáveis,
86

bicicletários, manutenção, iluminação e melhoras na estética da praça. Notou-se


que a segurança é um ponto muito importante para os moradores, que têm a praça
hoje como uma área de encontro de amigos e lazer.

3.3.1.6 Bethânia: Campo do Itamaraty

Localizado em área preferencialmente residencial, o campo do Itamaraty faz


parte e dá nome à praça que funciona como principal ponto de encontro e lazer dos
moradores do bairro Bethânia. Pertence à Regional 6, assim como o bairro Granjas
Vagalume. A escolha desta praça para análise aconteceu, devido ao intenso fluxo de
pessoas e diversidade de usos na área, além, também, de se localizar a margem da
Av. Selim José de Salles, o que aumenta sua importância no contexto em que está
inserida.
A praça possui diversas características que resultam em um uso diversificado
por parte dos usuários, como por exemplo: área extensa para implantação de
parques e brinquedos alugados; campo de futebol e arquibancada; diversidade de
mobiliário infantil e pista de caminhada. Nestas áreas acontecem diversos tipos de
situações, festas, eventos, feiras, reuniões e um grande número de ambulantes,
resultando em uma intensa movimentação de pessoas, em diversos horários todos
os dias.

FIGURA 57: Parque instalado na praça.


87

Os elementos urbanos que compõem a praça não se encontram em bom


estado de conservação. O número de lixeiras é ineficiente, as mesas de jogos estão
destruídas, não há abrigo de ônibus, a iluminação é ruim por falta de postes
ornamentais e não há placas de sinalização ao redor da praça. Os únicos elementos
que ainda estão em condições de uso são os bancos, a arquibancada e os
mobiliários infantis. Levando em consideração a grande área ocupada pela praça, o
número de espaços sombreados é mínimo, assim como a existência de mobiliário de
lazer nestes locais, diminuindo e dificultando atividades na parte da tarde.

FIGURA 58: Aproveitamento das áreas sombreadas.

Bethânia
BICICLETÁRIO 2
APARELHOS AERÓBICOS 1
MOBILIÁRIO INFANTIL 8
BANCOS 14
MESAS 9
ORELHÃO 0
LIXEIRAS 2
POSTES ORNAMENTAIS 0
PONTO COMÉRCIO/FIXO 0
BANCA DE JORNAL 0
PONTO DE ÔNIBUS 1

FIGURA 59: Quantitativo de equipamentos da Praça do Campo do Itamaraty, no bairro


Bethânia.
88

Através das entrevistas realizadas, notou-se uma grande variedade na faixa


etária dos usuários das praças (idosos, adultos e crianças), que na maioria das
vezes a utilizam para descanso, lazer, encontro de amigos, esporte e trabalho. Em
geral, gostam do movimento que a praça proporciona, mas gostariam que ali
acontecessem mais eventos e que o local fosse esteticamente mais bonito, para
atrair pessoas de outros bairros. Especificam também o que falta na praça, como:
bancos confortáveis, lixeiras e iluminação.

3.3.1.7 Bom Jardim: Praça Valdomiro Serafim da Costa

A praça Valdomiro Serafim da Costa é uma importante área do bairro Bom


Jardim, tanto para encontro de pessoas, quanto para o comércio. Juntamente com o
bairro Esperança, fazem parte da Regional 7. Caracteriza-se pela intensa
movimentação de pessoas e localização na Av. das Flores, principal passagem de
pessoas pelo bairro.
O caráter comercial da praça é diversificado, além da feira que acontece todas
as sextas-feiras, a praça é utilizada para outras atividades: apresentações de dança,
jogos de carta, vendas de produtos, ambulantes, instalação de brinquedos infantis,
salão de beleza, entre outras. A variedade de culturas, idades e usos na praça é
muito grande, o que deixa claro sua principal característica: ser pública.

FIGURA 60: Mulheres fazendo unha na praça.


89

FIGURA 61: Feira ao redor da praça.

FIGURA 62: Instalação de brinquedos infantis na praça.

Os mobiliários da praça se encontram em bom estado, uma vez que esta


passou por processo de reforma há pouco tempo. O número de bancos é suficiente,
mas não são confortáveis segundo os usuários, que também não aprovam a estética
90

que proporcionam à praça. Assim como em todas as áreas mapeadas, o número


de lixeiras é irrisório, levando em consideração o uso intenso do local. Notou-se um
empobrecimento do paisagismo existente, não há diversidade de espécies e alturas,
o que torna o local seco e sem vida.

Bom Jardim
BICICLETÁRIO 2
APARELHOS AERÓBICOS 0
MOBILIÁRIO INFANTIL 4
BANCOS 30
MESAS 8
ORELHÃO 0
LIXEIRAS 2
POSTES ORNAMENTAIS 11
PONTO COMÉRCIO/FIXO 1
BANCA DE JORNAL 1
PONTO DE ÔNIBUS 1

FIGURA 63: Quantitativo de equipamentos da Praça Valdomiro Serafim da Costa, no bairro


Bom Jardim.

A área é freqüentada por pessoas de diferentes faixas etárias, que em sua


maioria disseram não ter lembranças boas da praça, devido à falta de segurança
durante a noite. Utilizam a praça em sua maioria para passeio, trabalho e área de
descanso. Nas entrevistas realizadas pôde-se relacionar o que falta para estes
usuários, que gostariam, além de bancos mais confortáveis, de iluminação eficiente
e da implantação de maior número de lixeiras na área.

3.4 RESULTADO E ANÁLISE DOS MAPEAMENTOS

3.4.1 Praças mapeadas

Além da realização dos mapeamentos e entrevistas nas áreas escolhidas, a


pesquisa também contou com o registro de um olhar para o uso dos espaços
91

públicos da cidade de Ipatinga. Através disso, foi possível entender e explicar qual
o tipo de espaço irá ser trabalhado durante a próxima etapa do trabalho de
conclusão de curso, como este funciona, quais são seus usos, suas necessidades e
quem são seus usuários.
Em geral, nota-se que o maior uso e movimento de pessoas em um grande
número de praças da cidade é resultado da proximidade destas com áreas
comerciais. Esse caráter do entorno foi notado uma vez que é comum encontrar
ambulantes e barracas nestes locais. O intenso fluxo de carros em algumas
avenidas e ruas é outro ponto responsável por uma maior movimentação, pois
aderem a estes espaços públicos características de comercialização, que as praças
de bairros predominantemente residenciais não possuem.
Quanto ao uso destes espaços, há um grande número de usuários que
trabalham nestas áreas e outras que utilizam a praça como ambiente de descanso e
lazer. Notou-se uma variedade muito grande de uso de um bairro para outro,
podendo explicar tal fato, através de um entendimento de que a diferença de cultura,
faixas etárias e classe social são determinantes importantes no uso da cidade.
Em sua maioria, as praças são mais utilizadas durante o dia, uma vez que a
falta de iluminação foi uma constante na análise geral, causando insegurança nos
moradores dos bairros. Os espaços de permanência e passagem são claros em
algumas praças, e em outras se tornam confusos ou inexistentes. Áreas de
sombreamento, bom calçamento, bancos confortáveis são variáveis que contribuem
para a delimitação dessas áreas que devem existir, a partir do momento que a praça
é utilizada.
Em geral, percebeu-se entre visitas a outras praças da cidade que estas não
são vistas pela população como áreas públicas, uma extensão de suas casas, onde
é permitido acontecer os mais variados eventos e usos. O descuido dos órgãos
públicos resulta em uma desvalorização destes espaços por conta dos cidadãos,
que em sua maioria não têm cuidado, orgulho e gosto pelos locais. O resultado da
pesquisa levou a conclusão de que, as praças de Ipatinga não propiciam interações
diferentes entre seus usuários, não correspondem com seus desejos e anseios de
segurança, conforto e beleza. Mas ainda assim, são características fortes da cidade,
onde são expressas as mais diferentes opiniões, de uma variedade enorme de
pessoas.
92

3.4.2 Mobiliário urbano

A situação dos elementos urbanos da cidade de Ipatinga é diversificada, tanto


em relação à tipologia, quanto à situação física de manutenção e cuidados. Não
havendo diretrizes para utilização de materiais ou formas específicas de mobiliário,
foi muito grande a variedade tipológica encontrada em todos os elementos que se
encontravam na mesma categoria de classificação dos mobiliários. Um exemplo
marcante na cidade é a diversidade de abrigos de ônibus existentes, não há uma
identidade visual do elemento, ao visitar os bairros percebe-se que em cada local
são incorporados materiais e formas diferentes para um elemento que exerce uma
função em comum para a cidade.

FIGURA 64: Diferentes modelos de abrigos de ônibus existentes.

As bancas de jornal também não seguem padrões definidos e, em sua maioria,


priorizam a publicidade como elementos de forma e estética, como mostra a imagem
a seguir.
93

FIGURA 65: Diferentes modelos de bancas de jornal existentes.

Sob um olhar diferente, outro exemplo explicita um descaso quanto a essa


identidade visual: as lixeiras. Possuindo sempre o mesmo padrão da empresa
Queiroz Galvão, sua instalação independe de uma relação harmônica com os outros
elementos urbanos, mas são exclusivamente escolhidas por conta da empresa
responsável pela limpeza da cidade.
Do ponto de vista da situação atual dos elementos, pode-se dizer que
atualmente várias praças passaram por reformas e melhorias. Com isso, percebeu-
se uma boa quantidade de equipamentos ainda em bom estado de uso. Em geral,
pelo grande número de espaços de lazer encontrados na cidade e pela demora dos
órgãos públicos, são muitas as praças que ainda necessitam de cuidados e
manutenção. Pontos de ônibus, bancos, mesas de jogos, postes ornamentais e
lixeiras são os elementos que se encontram em pior estado de utilização.
94

FIGURA 66: Mesas degradadas

FIGURA 67: Bancos destruídos.

Para realizar uma análise da quantidade de elementos urbanos da cidade,


pegou-se como base, além da análise da cidade como um todo, os dados referentes
às sete praças mapeadas, para que através destas, fosse possível uma resposta da
situação quantitativa atual. Na Figura 67, pode-se ter essa relação das áreas
analisadas:
95

GERAL QUANT. DE MOBILIÁRIOS URBANOS


BICICLETÁRIO 7
APARELHOS AERÓBICOS 1
MOBILIÁRIO INFANTIL 18
BANCOS 99
MESAS 39
ORELHÃO 5
LIXEIRAS 17
POSTES ORNAMENTAIS 41
PONTO COMÉRCIO/FIXO 2
BANCA DE JORNAL 5
PONTO DE ÔNIBUS 5

FIGURA 68: Quantitativo geral de equipamentos das sete praças mapeadas.

Através desse diagnóstico, pôde-se chegar a algumas conclusões.


Primeiramente, a quantidade mínima de lixeiras foi um problema encontrado em
todas as praças, os números existentes não correspondem às necessidades locais.
De acordo com os “Critérios Específicos de Implantação de Elementos do Mobiliário
Urbano”, do Plano Diretor de Porto Alegre, deve haver um cesto coletor de lixo a
cada 25,00 m em áreas de grande fluxo de pedestres e a cada 50,00 m para áreas
de médio fluxo, distribuídos de forma alternada. De acordo com este critério
pesquisado e analisando as situações de localização das praças e seus usos,
confirma-se a falta deste elemento urbano, assim como sua manutenção.

FIGURA 69: Único modelo de lixeira pública existente na cidade.


96

Outro ponto notável na pesquisa foi o grande número de reclamações por


parte dos usuários sobre a falta de iluminação nas áreas públicas estudadas,
resultado do pequeno número de postes ornamentais e da precariedade daqueles
existentes. O mesmo Plano Diretor de Porto Alegre especifica a diretriz de que, o
nível de iluminação pública deve atender às Normas Técnicas, observando os níveis
de iluminâncias e uniformidades mínimos exigidos pela Divisão de Iluminação
pública, salientando que estes níveis variam segundo as características urbanas de
cada local a ser implantado. Através das observações nos locais visitados, pode-se
dizer que os níveis mínimos não devam ter sido atingidos, pois, o posteamento
existente se encontrava destruído ou em número insuficiente para tal.

FIGURA 70: Improviso em postes ornamentais.

Com relação a mobiliários destinados a crianças, idosos e atletas, há um maior


número de instalações destinadas ao público infantil, existindo poucos equipamentos
aeróbicos e nenhum destinado a idosos. Foi observado que elementos como
bicicletários se encontram mal localizados nas praças e em pequena quantidade,
não assumindo assim sua função.
Por fim, conclui-se que não existe nenhuma diretriz de implantação específica,
nem uma identidade urbana com relação aos elementos que compõem a cidade de
97

Ipatinga. O que instiga por uma melhora na qualidade estética e funcional dos
espaços públicos, comprovando assim, a necessidade de projetos específicos para
tais elementos.

3.4.3 A relação e o desejo do usuário

O olhar e estudo dos usuários, a análise de como utilizam o espaço público, o


que fazem, como fazem, por quanto tempo permanecem, são fatores que foram
pesquisados e considerados de extrema importância na pesquisa desenvolvida.
Através de entrevistas puderam-se entender melhor todas estas questões de uso,
que facilitam um entendimento geral dos locais e necessidades dos usuários.
Em geral o uso dos espaços resume-se em: trabalho, lazer e descanso. De
acordo com as entrevistas realizadas, os usuários não possuem cuidados
específicos (somente limpeza) com os locais e na maioria das vezes, não sentem
orgulho das áreas públicas da cidade, resultado principalmente da falta de
manutenção e descuido dos órgãos públicos.
Durante as entrevistas, que podem ser encontradas em anexo, foram
questionadas quais características devem ter os espaços freqüentados. Foi
necessário que os entrevistados especificassem em grau de importância as
seguintes características: segurança, conforto, beleza, interatividade entre
usuários/eventos e serviços públicos. Nas figuras a seguir observa-se o resultado da
pesquisa.

1º lugar
10% CONFORTO

31% SEGURANÇA

BELEZA
9% 47%
INTERATIVIDADE ENTRE
USUÁRIOS/EVENTOS
SERVIÇOS
3%
PÚBLICOS/BANHEIRO

FIGURA 71: Pesquisa características importantes – 1º lugar.


98

2º lugar
CONFORTO
25% 25%
SEGURANÇA

9% BELEZA
22%
19% INTERATIVIDADE ENTRE
USUÁRIOS/EVENTOS
SERVIÇOS
PÚBLICOS/BANHEIRO

FIGURA 72: Pesquisa características importantes – 2º lugar.

3º lugar
3% CONFORTO
12% 19%
SEGURANÇA
16%
BELEZA

50% INTERATIVIDADE ENTRE


USUÁRIOS/EVENTOS
SERVIÇOS
PÚBLICOS/BANHEIRO

FIGURA 73: Pesquisa características importantes – 3º lugar.

4º lugar
22% 19% CONFORTO

6% SEGURANÇA

12% BELEZA

41% INTERATIVIDADE ENTRE


USUÁRIOS/EVENTOS
SERVIÇOS
PÚBLICOS/BANHEIRO

FIGURA 74: Pesquisa características importantes – 4º lugar.


99

5º lugar
CONFORTO
19%
31%
SEGURANÇA

BELEZA
25%
12% INTERATIVIDADE ENTRE
13% USUÁRIOS/EVENTOS
SERVIÇOS
PÚBLICOS/BANHEIRO

FIGURA 75: Pesquisa características importantes – 5º lugar.

As análises das opiniões dos usuários permitem um melhor entendimento da


situação atual e do desejo destes. Através disso, serão pensados projetos
condizentes com tais características que transmitam os anseios pré-determinados.
Analisando os resultados obtidos, a segurança foi marcada como a principal
característica almejada para um espaço público. As necessidades específicas de
cada ambiente analisado foram anteriormente explicitadas em cada bairro, porém,
como resultado geral, é importante detalhar aqui pontos que se repetiram e que
serão responsáveis por delimitar as áreas de trabalho: iluminação eficiente, bancos
mais ergonômicos, conforto nos mobiliários de lazer, funcionalidade e melhora na
estética dos abrigos de ônibus, aumento do número e qualidade das lixeiras. Todos
estes pontos foram levantados pela maioria dos usuários como importantes e
necessários para análises e projetos futuros.
100

4. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

O estudo feito na cidade de Ipatinga, de sua malha urbana, possibilitou o


entendimento de que quase sempre as questões relativas ao mobiliário urbano são
tratadas de modo secundário, são assim entendidas como aspectos pouco
relevantes do ambiente físico urbano, onde na maioria das vezes fatores de
interatividade e identidade de determinados locais, são ignorados.
Notou-se que a grande quantidade de elementos urbanos implantados não
supre as necessidades de seus usuários, resultando em adaptações e intervenções
espontâneas por parte destes, o que pode acarretar alterações prejudiciais nos
produtos, comprometendo todo um sistema projetado. Qualquer projeto destinado
aos espaços públicos se faz necessário considerar aspectos culturais, climáticos,
históricos e físicos, buscando uma melhor qualidade de vida para a cidade e seus
habitantes, sem precisar para isso romper com referências culturais e simbólicas de
uma comunidade.
Após a definição da problemática existente no contexto urbano da cidade, já
citada e especificada anteriormente, decidiu-se utilizar todos os dados coletados
para projetar elementos urbanos capazes de corresponder às necessidades locais.
Para o estudo aqui realizado, decidiu-se desenvolver, inicialmente, cinco elementos
urbanos para a cidade de Ipatinga: abrigo de ônibus, coletor de lixo, poste
ornamental, bicicletário, banco e mesa de jogos. A escolha de cada um destes
objetos aconteceu após os resultados obtidos nos mapeamentos que comprovam,
por exemplo: a diversidade tipológica de abrigos de ônibus, o pequeno número de
lixeiras e postes ornamentais, e o desconforto e situação atual dos bancos e mesas
existentes.
O estudo sobre o aço e facilidade de obtenção do mesmo, suas características
e as possíveis técnicas analisadas, resultaram na escolha deste material para um
futuro desenvolvimento de produtos para o ambiente urbano.
Após toda a análise de como funciona e acontece a vida nas cidades, e após o
estudo de como o design se relaciona com este meio, consegue-se aderir a este
pensamento de projeto todas as questões que foram levantadas, não só da cidade,
mas da relação com seus usuários, emoções e metodologias a serem adotadas.
101

O design destes produtos ditará seus usos. Suas formas e conceitos devem
ser pensados para que o resultado sejam objetos em harmonia com a cidade e
funcionais para seus usuários.
O que se pretende seguir no processo de design dos produtos, é a simplicidade
de formas, facilidade de montagem, mínimo gasto de material, e principalmente
utilizar métodos limpos de montagem e produção. O conceito deve basear-se na
funcionalidade, versatilidade de funções, modularidade e conforto do usuário.
Inicialmente, foram escolhidas duas das praças mapeadas para a continuação
deste trabalho. A Praça do Campo do Itamaraty, no bairro Bethânia, e a Praça 1º de
Maio, no Centro, foram as duas áreas escolhidas para o desenvolvimento do
trabalho. A escolha foi decorrente de uma busca por locais que apresentassem
intensa movimentação de pessoas e entornos com características distintas, assim,
considerou-se o caráter residencial da primeira praça e comercial da segunda.
O processo de criação e desenvolvimento destes novos produtos para o
ambiente urbano acontecerá baseado nos processos de design participativo e
emocional.
A proposta do design participativo é valorizar a participação dos usuários
durante o processo de desenvolvimento dos produtos. Através de oficinas e
ferramentas colaborativas, estes usuários participam ativamente da definição das
características do que será projetado. Ou seja, acontecerão nos locais pré-definidos,
oficinas de desenvolvimento de produtos, nas quais, através de desenhos dos
próprios usuários e/ou conversas serão pensados os conceitos e formas.
Após a prática das oficinas, será necessário realizar uma análise dos desenhos
adquiridos, que funcionarão como base concreta para o projeto de produto a ser
finalizado pela autora. As diversas opiniões, formas, materiais e necessidades
apresentadas pelos usuários, conformarão em características básicas que resultarão
em uma única tipologia de produto.
Realizado o ante-projeto destes mobiliários urbanos, a próxima etapa
acontecerá usando de uma ferramenta do design emocional. Através de imagens
dos produtos recém-desenvolvidos, será realizado um questionário com os usuários
das praças visitadas na pesquisa deste trabalho e com amigos e usuários da cidade
como um todo. O questionário (Anexo 6.2) funcionará como uma pesquisa de quais
são as emoções mais despertadas pelos produtos, de que forma os produtos são
vistos e entendidos. A ferramenta a ser utilizada será a mesma desenvolvida por
102

Desmet (2003), denominada PrEmo (Product Emotion Measurement instrument),


já detalhada anteriormente, com a diferença que não funcionará como interface de
mídia eletrônica. Ao visualizar imagens dos produtos, os entrevistados irão marcar
em que medida os sentimentos expressos pelo personagem correspondem com seu
próprio sentimento em relação à imagem, conforme Figura 75.

FIGURA 76: Modelo questionário Design Emocional.

A análise desta investigação acarretará importantes informações, quanto à


aceitação e agradabilidade dos produtos. Há duas opções de resultado quanto a
pesquisa, caso o diagnóstico aponte uma aceitação do produto superior a 80% dos
entrevistados, o trabalho decorrerá para um detalhamento técnico completo do
produto. Caso contrário, serão feitas até três tentativas de mudança no projeto para
se chegar ao mínimo de aceitação da população entrevistada.
Durante a fase final do trabalho, o detalhamento, serão especificados materiais,
técnicas, processos construtivos de fabricação e montagem dos produtos. Todas
estas informações irão compor um catálogo de novos mobiliários para a cidade de
Ipatinga, projeto desenvolvido pelos próprios usuários finais.
A necessidade de se sentar em um local agradável, de jogar papel em um
coletor de lixo, a busca por uma orientação precisa e objetiva, a segurança resultado
de uma boa iluminação pública, são somente exemplos de que somos todos
usuários de um mesmo espaço: a cidade. Todas essas atividades carecem de
determinados produtos para sua realização no espaço público contemporâneo, e o
projeto adequado desses produtos deve ser decorrente de uma abordagem
funcional, criativa, e emocional do design urbano.
103

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6. ANEXOS

6.1 QUESTIONÁRIO PRAÇAS


109

6.2 QUESTIONÁRIO DESIGN EMOCIONAL


110

6.3 LIVRO MOBILIÁRIO URBANO – IPATINGA/MG

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