Mestre, já lhe trago outra dúvida, bem que fácil se lhe afigure.
Aliás, que bela luz tem
sido o falecido e respeitável Gladstone nos meus estudos. O Sr que deve ser muito versado em Carlos de Laet, saberia nos longes de seu estilo dizer-me em quais autores pouco mais ou menos se ele estribava? Não atino. Sei que Macedo muito lhe ensinou em matéria de ironia venenosa, e aponta José Veríssimo no antigo professor o ressaibo seiscentista; mas fora disso, não sei quem lhe possa ter servido de modelo em linguagem. É verdade que o estilo é o trabalho de longos anos de aplicação mental; contudo, no fim de cada debuxo, há sempre aquele saibo de outro pincel, que manifesta nas cores do sêmel ilustre, o cetro do progenitor. Rui sabe a Castilho, a Vieira, a Bernardes , Camilo etc. Na prosa de Latino Coelho sopra a eufonia grega. Assim que Laet não errava o virgular à Rui, não forçava o silogismo à Vieira, e muito menos repisava gramaticalmente Macedo. Demais, não consegui ver no polemista o Bernardes, como suscitou o Pe. Francisco Leme. Percorri as gramáticas de então - Júlio Ribeiro, Pacheco, João Ribeiro, Carneiro Ribeiro, Augusto Freire (mesmo Soares), e vi que Laet despontava com o melhor magistério disponível à época. Em que difícil seja para mim tal empresa, senti a pena do Machado de Assis, mas duvidei muito do meu juízo, ainda que o próprio Laet o confesse. Não sei se minhas lucubrações são pueris, mas creio sejam elas importantes, quando se trata de autores que caíram no olvido, sobretudo se envergaram a roupeta clássica.