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Superior Tribunal de Justiça

AÇÃO RESCISÓRIA Nº 5.792 - DF (2016/0077486-3)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


AUTOR : MARIA MILAGRE DOS SANTOS PINHEIRO
AUTOR : MARIA REGINA BRAGA DE LIMA
AUTOR : THEREZINHA DE JESUS PINTO CAMPELO
AUTOR : NORMA MARIA MACIEL DE SA
AUTOR : VICTORIA VALPORTO CAMPOS
AUTOR : TEREZA CRISTINA ARAGAO MENDES
ADVOGADO : FELIPE JOSÉ NUNES ROCHA E OUTRO(S) - MA007977
RÉU : UNIÃO
PROCURADOR : FABRICO SANTOS DIAS - MA008385

EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO RESCISÓRIA.
SERVIDOR PÚBLICO. PRESCRIÇÃO. ÓBICE. ART. 485, IX, DO
CPC/1973. ALEGAÇÃO FORMULADA NA DEMANDA ORIGINAL E
REJEITADA PELO ACÓRDÃO RESCINDENDO. EXISTÊNCIA DE
CONTROVÉRSIA E DE PRONUNCIAMENTO JUDICIAL DA DEMANDA
ORIGINÁRIA. INEXISTÊNCIA DE ERRO DE FATO. CPC/73, ART. 485,
PARÁGRAFO 2º. PEDIDO IMPROCEDENTE.

DECISÃO
Trata-se de ação rescisória ajuizada por Maria Milagre dos Santos Pinheiro e outras,
com fundamento no art. 485, IX, do combinado com o art. 530 do CPC, objetivando rescindir
acórdão proferido pela Segunda Turma dessa Corte nos autos do AgRg no AREsp 378.427/MA,
Rel. Ministro Humberto Martins, DJe de 18/10/2013, assim ementado:
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.
PRESCRIÇÃO. ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/32. SÚMULA 150/STF.
AUSÊNCIA DE SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO DO
PRAZO PRESCRICIONAL. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA
CONDENATÓRIA. JUNTADA DAS FICHAS FINANCEIRAS NÃO OBSTA
A CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL.
1. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que o prazo prescricional da ação
de execução é o mesmo da ação de conhecimento, a teor da Súmula 150/STF, bem
como que o prazo em que o exequente alega estar diligenciando administrativamente
para obter as fichas financeiras aptas a instruir a execução não tem o condão de
suspender o prazo prescricional.
2. Há orientação jurisprudencial desta Corte no sentido de que a parte exequente não
pode aguardar ad eternum que a parte executada encaminhe as planilhas para a
confecção da memória de cálculo, pois as fichas financeiras requisitadas pelo Juízo
não consubstanciam incidente de liquidação, sendo seu dever utilizar-se dos meios
judiciais cabíveis para a constrição judicial e obtenção dos respectivos dados, ex vi
do art. 475-B, § 1º, do CPC.
Agravo regimental improvido.
Os embargos de declaração opostos na sequência foram rejeitados (fls. 348-355).
As autoras visam "a desconstituição de acórdão proferido por essa Colenda Corte, nos
autos dos Embargos à Execução nº 0003926-98.2008.4.01.3700, que, ao julgar o Agravo
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interposto pelas embargadas, confirmou a decisão monocrática que deu provimento ao Recurso
Especial da União Federal, reconhecendo a prescrição da pretensão executória" (fl. 03).
Aduzem que "essa Egrégia Corte ignorou completamente a alegação das autoras no
sentido de que, para que passasse a fluir o prazo prescricional da execução, necessário seria que
os substituídos fossem intimados por edital a respeito da existência e do trânsito em julgado
do feito coletivo, em obediência às normas do Código de Defesa do Consumidor. Ao agir de tal
maneira, a decisão rescindenda, como já dito acima, incorreu em flagrante erro de fato a ser
saneado mediante o provimento da ação rescisória" (fl. 07).
Assim, concluem que "nem há de se cogitar o trânsito em julgado do processo de
conhecimento coletivo como o marco inicial para contagem do prazo prescricional, já que, como já
se disse, não foi dada ciência formal aos interessados acerca da propositura e do trânsito em
julgado do acórdão, do que se conclui que, contra os exequentes, não passou a fluir qualquer
prazo prescricional" (fl. 10).
Sustentam que incidem as normas do Código de Defesa do Consumidor e da Ação Civil
Pública (fl. 09).
Ao final, requerem (fl. 11):
Em face de todo o acima exposto, vem-se requerer seja julgada procedente a
presente Ação Rescisória, desconstituindo-se a decisão vergastada, ante a
ocorrência de erro de fato (iudicium rescindens).
Em relação ao juízo rescisório (iudicium rescisorium), requer-se novo julgamento da
ação nº 0003926-98.2008.4.01.3700 (2008.37.00.004056-2), a fim de que seja
afastada a prescrição declarada na decisão rescindenda, com o consequente
julgamento no sentido da improcedência dos embargos à execução, tendo em vista
que a prescrição da pretensão executória foi o único fundamento dos embargos.
Citada, a União apresentou contestação às fls. 440/450. Preliminarmente, afirma deva o
feito ser extinto, diante da falta de comprovação do depósito previsto no art. 488, II, do CPC/73.
No mérito, sustenta que a tese veiculada na presente ação rescisória já foi rechaçada em
julgamento de Recurso Especial Repetitivo cujo acórdão foi assim ementado:
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INÍCIO
DA FLUÊNCIA DO PRAZO PRESCRICIONAL DA EXECUÇÃO SINGULAR.
INÍCIO. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA PROFERIDA NA
DEMANDA COLETIVA. DESNECESSIDADE DA PROVIDÊNCIA DE QUE
TRATA O ART. 94 DO CDC. TESE FIRMADA SOB O RITO DO ART. 543-C
DO CPC. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA NO CASO CONCRETO.
[...]
9. Fincada a inaplicabilidade do CDC à hipótese, deve-se firmar a tese repetitiva no
sentido de que o prazo prescricional para a execução individual é contado do trânsito
em julgado da sentença coletiva, sendo desnecessária a providência de que trata o
art. 94 da Lei n. 8.078/90.
10. Embora não tenha sido o tema repetitivo definido no REsp 1.273.643/PR, essa foi
a premissa do julgamento do caso concreto naquele feito.
11. Em outros julgados do STJ, encontram-se, também, pronunciamentos na direção
de que o termo a quo da prescrição para que se possa aforar execução individual de
sentença coletiva é o trânsito em julgado, sem qualquer ressalva à necessidade de
efetivar medida análoga à do art. 94 do CDC: AgRg no AgRg no REsp 1.169.126/RS,
Rel.
Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 11/2/2015; AgRg no REsp 1.175.018/RS,
Rel. Ministro Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 1º/7/2014; AgRg no REsp

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1.199.601/AP, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 4/2/2014; EDcl no
REsp 1.313.062/PR, Rel.
Ministro João Otávio de Noronha, Terceira Turma, DJe 5/9/2013.
12. Considerando o lapso transcorrido entre abril de 2002 (data dos editais publicados
no diário oficial, dando ciência do trânsito em julgado da sentença aos interessados
na execução) e maio de 2010 (data do ajuizamento do feito executivo) é imperativo
reconhecer, no caso concreto, a prescrição.
13. Incidência da Súmula 83/STJ, que dispõe: "Não se conhece do recurso especial
pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da
decisão recorrida".
14. Recursos especiais não providos. Acórdão submetido ao regime estatuído pelo
art. 543-C do CPC e Resolução STJ 8/2008.
(REsp 1388000/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/
Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015,
DJe 12/04/2016)
Argumenta, ademais, que o caso dos autos não é de "erro de fato" ( art. 485, IX, do
CPC/73), hipótese que pressupõe que o acórdão rescindendo tenha desconsiderado fato inconteste
nos autos. Afirma ser indispensável (i) a relevância do erro de fato para o julgamento, (ii) que o
erro de fato seja apurável a partir das provas já constantes dos autos originários e (iii) que não
tenha havido controvérsia nem pronunciamento judicial sobre o fato.
Em réplica (fls. 458/462), as autoras requerem o benefício da gratuidade processual. No
mérito, aludem que a alegação de ausência de notificação formal dos substituídos impedia o
transcurso da prescrição é autônoma em relação à alegação de que só com a juntada das fichas
financeiras flui a prescrição. Acrescentam que a falta de notificação formal dos credores era fato
incontroverso nos autos e que o STJ não se pronunciou sobre tal alegação.
A gratuidade foi deferida à fl. 465, mas revogada pela decisão de fls. 516/519.
Intimado o Ministério Público Federal, foram restituídos os autos sem apreciação, ao
entendimento de que é prescindível a intervenção do Parquet como fiscal da lei nos presentes
autos (fls. 511/513).
Em petição de fls. 525/547, as autoras informam haverem efetuado o recolhimento do
valor correspondente aos 5% do valor da causa e, além disso, apontam o julgamento pelo STJ do
REsp 1.336.026 em 28/06/2017, sob a sistemática dos recursos repetitivos, sustentando que as
conclusões a que chegou a Primeira Seção apontam no sentido da procedência da presente
demanda rescisória.
É o relatório.
Trata-se de decidir ação rescisória que tem por fundamento o alegado "erro de fato" (art.
485, IX, do CPC/73) em que teria incidido o acórdão rescindendo.
O fundamento para a rescisão, segundo a argumentação desenvolvida na inicial, é o de
que o STJ, ao prolatar o acórdão rescindendo, teria ignorado a alegação das exequentes de que,
para que tivesse início a contagem do prazo prescricional, seria preciso que fossem intimadas por
edital a respeito do trânsito em julgado da demanda coletiva.
Do exame do acórdão rescindendo verifico que, em seu relatório, consta a alegação
formulada pelas exequentes, de "inocorrência de prescrição em razão da ausência de intimação dos
substituídos" (fl. 313 dos presentes autos).
Após o relatório, o acórdão rescindendo menciona que o acórdão recorrido considerou
que "muito embora o trânsito em julgado da ação principal tenha ocorrido em 20/09/2000 e a
execução embargada tenha sido proposta em 06/08/2007 (fl. 09), houve movimentação por parte
dos exequentes, requerendo, em 13/02/2001 (fl. 64), a intimação da União para que a mesma
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fornecesse as fichas financeiras necessárias á elaboração dos cálculos" (fl. 316 dos presentes
autos).
Dito isto, o acórdão rescindendo afirma que "a demora no fornecimento desses
documentos [fichas financeiras] não exime os credores de ajuizarem a execução no prazo legal,
qual seja, cinco anos" (fl. 317 dos presentes autos).
É de se notar, ainda, que, ao examinar os Embargos de Declaração então opostos pelas
exequentes, o acórdão rescindendo fez novamente constar em seu relatório que as então
embargantes de declaração sustentavam que "para que passasse a fluir o prazo prescricional,
necessário seria que os substituídos fossem intimados por edital a respeito da existência e do
trânsito em julgado do feito coletivo" (fl. 351 dos presentes autos).
Ao fundamentar a rejeição daqueles embargos de declaração, o acórdão rescindendo
torna a esclarecer que "a demora no fornecimento desses documentos [fichas financeiras] não
exime os credores de ajuizarem a execução no prazo legal, qual seja, cinco anos" (fl. 353 dos
presentes autos).
Deste apanhado do acórdão recorrido, integrado pelo acórdão que decidiu os respectivos
Embargos de Declaração, verifica-se que a Segunda Turma considerou que o trânsito em julgado
da decisão executada se deu em 20/09/2000; em 13/02/2001 houve requerimento dos exequentes
para que a União fornecesse as fichas financeiras e apenas em 06/08/2007 foi ajuizada a execução.
A partir deste panorama, o acórdão rescindendo considerou que decorreram os cinco anos do
prazo prescricional.
Como se verifica, dessarte, o que as autoras pretendem por meio da presente demanda
rescisória é que este Superior Tribunal de Justiça venha a apreciar a alegação (formulada desde a
demanda originária) que, segundo as autoras desta rescisória, não foram apreciadas pela Segunda
Turma na demanda originária.
Contudo, a Segunda Turma afirmou expressamente, especialmente ao rejeitar os
Embargos de Declaração, que aquela alegação das exequentes (de que o início da contagem do
prazo prescricional dependia da intimação das exequentes/substituídas) já estava devidamente
apreciada, não havendo omissão a ser suprida.
Em outros termos, o que as autoras da presente rescisória pretendem é insistir na tese (já
afastada pela Segunda Turma ao julgar os Embargos de Declaração) de que havia omissão no
acórdão rescindendo ao apreciar uma de suas alegações.
Não obstante, a ação rescisória com fundamento em "erro de fato" (art. 485, IX, do
CPC/73) não se presta para tal finalidade, de tornar a discutir questão já discutida e decidida em
sentido contrário aos interesses daquele que pretende a rescisão.
Com efeito, nos termos do parágrafo 2º do art. 485 do CPC/73, apenas se considera
rescindível decisão jurisdicional com fundamento em "erro da fato" (art. 485, IX) nas hipóteses em
que não tenha havido controvérsia nem pronunciamento judicial sobre o fato. In verbis:
§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem
pronunciamento judicial sobre o fato.
Daí porque, no caso dos presentes autos, não se permite a rescisão do acórdão da
Segunda Turma, que já apreciou a alegação das exequentes de que houvesse omissão no exame da
tese de que o termo inicial da prescrição só pudesse ocorrer com a intimação das
exequentes/substituídas.
Neste sentido:
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SEGUNDOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE QUAISQUER DOS VÍCIOS DO ART.
1.022 DO CPC/2015.

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1. De acordo com a norma prevista no artigo 1.022 do CPC/2015, são cabíveis
embargos de declaração nas hipóteses de obscuridade, contradição, omissão da
decisão recorrida ou erro material.
2. "Não há omissão ou contradição no acórdão recorrido ao consignar a inexistência
de erro de fato no tocante à alegada denúncia espontânea, mesmo com referência ao
ano calendário 2001, mas apenas julgamento desfavorável ao interesse da parte, o
que não enseja o acolhimento dos presentes aclaratórios" (fl. 1.396).
3. "Para os fins do art. 485, inciso IX, CPC, o erro que permite o juízo
rescisório é o que passa sem a necessária percepção pelo magistrado e não
aquele incidente sobre fato que foi objeto de divergência entre as partes e
pronunciamento judicial" (AR 3.198/SC, Rel. Ministro Humberto Martins,
Primeira Seção, DJe 04/09/2009).
4. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl nos EDcl na AR 4.231/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 26/09/2018, DJe 03/10/2018)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RESCISÓRIA. SUPOSTA PRÁTICA DE


AGIOTAGEM. 1. OFENSA AO ART. 535, II, DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA. 2.
ERRO DE FATO OU PROVA FALSA. ART. 485, VI E IX, DO CPC/1973.
REEXAME DE PROVAS. DESCABIMENTO. SÚMULA 7/STJ. ALEGAÇÃO DE
VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSITIVO DE LEI. OFENSA AO ART. 485, V,
DO CPC-1973 CONFIGURADA. 3. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO
E PROVIDO.
1. Consoante dispõe o art. 535, I e II, do CPC/1973, destinam-se os embargos de
declaração a expungir do julgado eventuais omissão, obscuridade ou contradição, não
se caracterizando via própria ao rejulgamento da causa.
2. Trata-se, na origem, de ação rescisória, fundada no art. 485, incisos V, VI e IX,
do CPC/1973, objetivando a desconstituição do acórdão que negou provimento ao
recurso de apelação dos ora recorrentes, referente às ações conexas de despejo e
declaratória de nulidade de negócios jurídicos por simulação e prática de agiotagem.
3. Nos termos do art. 485, incisos VI e IX, do CPC/1973, a sentença de mérito
transitada em julgado pode ser rescindida quando se fundar em prova cuja falsidade
tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória,
ou quando se fundar em erro de fato, resultante de atos ou documentos da causa. Na
hipótese, observa-se que dois dos requisitos necessários à configuração do erro
de fato - ausência de controvérsia e falta de pronunciamento judicial - não se
fazem presentes, na medida em que houve amplo debate sobre os fatos alegados,
inclusive, com exame das provas documentais e testemunhais produzidas. Ocorre
que, ao final do julgamento, concluiu o acórdão recorrido que os argumentos que
sustentam a tese dos autores não foram satisfatoriamente comprovados. Sob o mesmo
diapasão, entendeu o Tribunal local que o acórdão rescindendo não se baseou em
prova falsa, não podendo tais premissas serem revistas no âmbito de recurso
especial, ante o óbice da Súmula 7 desta Corte.
4. Por sua vez, o cabimento da ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei
(CPC/1973, art. 485, V) pressupõe que o acórdão rescindendo viole de forma clara e
direta a literalidade da norma jurídica. Na espécie, os recorrentes defendem que
teria havido ofensa ao art. 3º da MP n. 2.172-32/2001, o qual impõe ao credor ou
beneficiário do negócio, ante a demonstração da verossimilhança da alegação, o ônus
de provar a regularidade jurídica das correspondentes obrigações, tratando-se,
portanto, de regra de instrução processual, e não de julgamento. Por ter natureza
processual, a norma em comento aplica-se aos processos em curso,
independentemente da anterioridade dos negócios jurídicos questionados, ressalvada
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a validade dos atos anteriores, em consonância com o princípio do isolamento dos
atos processuais e do tempus regit actum. Precedentes.
5. No caso, conforme assinalado pelo próprio Tribunal de origem, havia elementos
suficientes de verossimilhança quanto à simulação e prática de agiotagem, o que
configura, por si só, ofensa ao art. 485, V, do CPC/1973, em consequência da
violação, pelo acórdão rescindendo, da literalidade do art. 3º da MP n.
2.172-32/2001. Ocorre que a Corte local, equivocadamente, lastreou o seu
julgamento não na verificação da presença dos requisitos de verossimilhança da
alegação, que expressamente reconheceu, mas sim na inexistência de prova cabal da
ocorrência de simulação e prática de agiotagem, o que redundou na improcedência
do pedido rescisório.
6. Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa extensão, provido, a fim de
declarar a nulidade do processo originário a partir do despacho saneador de fls.
446-458 (e-STJ), devendo a instrução processual ser reiniciada, com observância à
distribuição do ônus da prova na forma prevista pelo art. 3º da MP n.
2.172-32/2001.
(REsp 1709034/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 18/05/2018)

CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVOS REGIMENTAIS NA AÇÃO RESCISÓRIA.


VALOR DA VERBA HONORÁRIA. FEITO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO. FIXAÇÃO EQUITATIVA. CARÊNCIA DE AÇÃO. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO DO FEITO APÓS CONTESTAÇÃO. ART. 34, XVIII, DO RISTJ.
VIOLAÇÃO A LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI - ARTIGOS 134, § 1º, E 945, §
2º, DO CC - MATÉRIA FÁTICA CONTROVERTIDA. REEXAME DE PROVA.
CORREÇÃO DE PRETENSA INJUSTIÇA. SÚMULA 410/TST.
INADMISSIBILIDADE. ERRO DE FATO. MATÉRIA CONTROVERTIDA NO
ACÓRDÃO RESCINDENDO. IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO. ART.
485, IX, § 2º, DO CPC. CARÊNCIA DE AÇÃO POR DECISÃO SINGULAR.
LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO PELO AUTOR. ART. 488, II, DO CPC.
1. O presente processo foi extinto liminarmente, e não demandou instrução
probatória, de modo que fixada de forma equitativa a verba honorária.
2. É facultado ao relator (art. 34, XVIII, do RISTJ) negar seguimento a qualquer
pedido infundado, ou inadmissível, como na hipótese. Tratando-se de carência de
ação, com suporte no art. 267, VI, e § 3º, do CPC, esta deve ser imediatamente
declarada, em qualquer fase do processo.
3. A simples correção de injustiças quanto aos fatos da causa, ou o mero
reexame das provas, não estão entre as hipóteses que ensejam a rescisória.
Precedentes.
4. Para ultrapassar a regra de que a injustiça do julgado em virtude de erro na
apreciação da questão fática não pode ser corrigida em ação rescisória, deve-se
atentar, como preceitua o § 2º do inciso IX do art. 485, à exigência de que
somente o erro acerca de fato não objeto de discussão no acórdão rescindendo
pode ser afastado por meio de ação rescisória. Identificada extensa controvérsia
dirimida no acórdão rescindendo entre as partes acerca dos fatos alegados,
impossível o juízo rescisório.
5. Decretada a carência de ação por decisão singular, cabível o levantamento do
depósito pelo autor, nos termos do art. 488, II, do CPC (AgRg na AR 839/SP,
Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 1º/8/2000).
6. Primeiro agravo regimental a que se nega provimento, e segundo agravo
regimental a que se dá parcial provimento.
(AgRg na AR 4.754/MG, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA
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SEÇÃO, julgado em 09/10/2013, DJe 16/10/2013)

Nesse contexto, nada justifica a desconstituição do acórdão.


Ante o exposto, julgo improcedente a ação rescisória, nos termos do art. 34, XVIII, "b",
do RISTJ.
Outrossim, condeno as autoras ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, estes últimos fixados em R$ 3.000,00 (três mil reais), na forma do art. 85, § 8°, do
CPC/2015.
Intime-se. Publique-se.
Brasília (DF), 23 de novembro de 2018.

MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


Relator

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