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Rogério de Sousa
http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/a-importancia-da-filosofia-5818644.html
Muito se questiona na sociedade popular, qual a importância da filosofia para a vida real. No
imaginário das gentes, filosofia é "perda de tempo". Julgam que o filósofo é alguém "fora da
realidade", que se põe a falar difícil e ninguém o entende, nem ele mesmo. Não sabem que ao
fazerem esta crítica, nas palavras de Heidegger, também estão filosofando:
"... já estamos na filosofia porque a filosofia está em nós e nos pertence; e, em verdade, no sentido de que já
sempre filosofamos. Filosofamos mesmo quando não sabemos nada sobre isso, mesmo que não "façamos
filosofia". Não filosofamos apenas uma vez ou outra, mas de modo constante e necessário porque existimos
como homens. Existir como homem significa filosofar. O animal não pode filosofar. Deus não precisa
filosofar. Um Deus que filosofasse não seria Deus porque a essência da filosofia é ser uma possibilidade
finita de um ente finito"
Luiz Sayão [1] elenca três razões que dão importância ao ato de filosofar:
Se a escala de razões de Sayão estiver correta, a filosofia nossa de cada dia deve ser
categorizada não como tarefa acessória, algo um tanto trivial e acidental. Deve ser categorizada
como necessária para a vida humana. O necessário se impõe ao contingente, ou seja, o
necessitarismo entende que "tudo o que ocorre [no universo] não poderia deixar de ocorrer ou
ocorrer de forma diversa". O que é necessário aqui e agora, não pode deixará de ser em tempo ou
lugar algum. O contingente é acessório, pode ou não ocorrer. Se ocorrer hoje, pode desaparecer
amanhã e pouca diferença fará para além de seu próprio círculo existencial.
Os filósofos brasileiros querem que a filosofia seja categorizada como necessária para a formação
de seu povo. Um povo que seja educado para "detectar seu próprio sistema de valores", crivando-o
com os rigores da razão sobre o certo e o errado, o autêntico e o imitado, o permissível e o
reprovável, o nosso e o importado. Querem ver seu povo "adquirindo capacidade crítica para filtrar
o que lhe é apresentado", duvidando com Descartes, investigando com Kant, satirizando com
Voltaire, provocando com Nietzche, existencializando com Heidegger, enfim, querem ver o
brasileiro socratizando com seus interlocutores, questionando a certeza de todas as coisas.
Querem ver seu povo "entendendo a própria época, as tendências de sua sociedade e
interpretando seu mundo", afinal, o Brasil está em ebulição, e dentro dele existem muitos brasis.
Não dá para simplesmente guardar saudosismo por um país sonhado e desconhecido. É preciso
identificá-lo, contextualizá-lo, projetar sobre ele e propor utopias.
Bibliografia
[1]SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Cabeças Feitas. Filosofia Prática. São Paulo. 2004.