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(1) O espetáculo Diário Secreto de uma Secretária Bilíngue conta a história trágica e cômica de uma secretária presa a uma rotina enfadonha por meio de seu diário secreto; (2) A peça explora temas como mudança, demissão, letargia do cotidiano e negação da realidade; (3) Sem cenografia elaborada, o espetáculo se baseia na palavra, no ator e na conexão com o espectador para revelar aspectos humanos comuns a todos.
(1) O espetáculo Diário Secreto de uma Secretária Bilíngue conta a história trágica e cômica de uma secretária presa a uma rotina enfadonha por meio de seu diário secreto; (2) A peça explora temas como mudança, demissão, letargia do cotidiano e negação da realidade; (3) Sem cenografia elaborada, o espetáculo se baseia na palavra, no ator e na conexão com o espectador para revelar aspectos humanos comuns a todos.
(1) O espetáculo Diário Secreto de uma Secretária Bilíngue conta a história trágica e cômica de uma secretária presa a uma rotina enfadonha por meio de seu diário secreto; (2) A peça explora temas como mudança, demissão, letargia do cotidiano e negação da realidade; (3) Sem cenografia elaborada, o espetáculo se baseia na palavra, no ator e na conexão com o espectador para revelar aspectos humanos comuns a todos.
Diário Secreto de uma Secretária Bilíngue, parceria de Deborah
Finocchiaro com o paulista Vinicius Piedade, tem receita já conhecida: personagem relata sua vida trágica a partir de uma perspectiva cômica. A tônica do espetáculo é a ideia de mudança, seja ela fantasiada e ansiada na forma dos apontamentos que a personagem faz em seu diário, seja concreta e aterrorizante no fantasma da demissão que acaba se confirmando. Apesar disso, é forte a presença da letargia que coloca o cotidiano dessa secretária como enfadonho, de algo que se repete constantemente e outra vez. Uma obra de arte aceita várias leituras, e se poderia virar o espetáculo ao avesso, reescrevendo-o totalmente. Mas há algo ali que está além de todas essas possibilidades de interpretação, que resgata a essência do teatro como arte presente, viva. Seja pela catarse, ou pela repulsa, a força do espetáculo está em sua trama que oferece ao espectador a oportunidade de repensar a sua própria vida. A protagonista se chama Marjori, reconhecida pela sua profissão, está presa a uma mesa, a um emprego, a uma rotina, a uma vida insignificante da qual, paradoxalmente, não deseja se livrar. O desenrolar da história oferece indícios de mudança inevitável e expõe a progressiva decadência de alguém que apostou todas as suas fichas em um só plano − o profissional. No entanto seu sorriso e discurso quase maníaco sustentam que tudo está bem, em plena ordem e nada de ruim vai acontecer. No palco e na plateia o riso é farto, e nos tornamos cúmplices dessa narrativa. Entrando nesse jogo de negação da realidade ocorre o encontro sinistro entre a personagem e o espectador, e o que não está dado ali no palco completamos com a nossa narrativa pessoal de tédio, monotonia e melancolia. O maior desejo da protagonista é registrar sua história no diário, não como ela aconteceu, mas como poderia ter acontecido, naturalmente com tudo dando certo. Não é isso que se faz nas redes sociais, nas conversas dos bares? Não somos nós como atores representando tipos sociais? Sem cenografia elaborada, sem grandes recursos visuais, a peça se converte em acontecimento contando com a essência do teatro − o ator, a palavra e o espectador. Como centelha que surge do choque entre todos que participam desse encontro único e singular, o Diário Secreto revela, como a própria personagem diz, “o humano demasiado humano” que há nela e em nós.