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Resumo
Um dos grandes desafios das Universidades brasileiras, principalmente às vinculadas ao
segmento de engenharia e tecnologia, está em dar uma resposta compatível às demandas da
sociedade. Neste sentido, após um período de privatização de empresas governamentais e
enxugamento generalizado de seus setores de P&D, as organizações universitárias passam
por um processo de adaptação a este contexto, onde, associado à mudança de perfil das
agências de fomento e ao surgimento de outras iniciativas, pode potencializar seu principal
capital – o conhecimento – em iniciativas vinculadas a parques tecnológicos, ao
aprofundamento da relação universidade-empresa e à efetiva produtividade na transferência
de tecnologia. Este artigo tem como objetivo, mesmo que de forma preliminar, contextualizar
as bases conceituais de Organizações Universitárias e Parques Tecnológicos e de seus
modelos de gestão, buscando avaliar como organizações emergentes e contemporâneas como
os Parques Tecnológicos poderão agregar um valor diferenciado aos tradicionais processos
de gestão das universidades, superando tradições e impondo níveis de competitividade,
produtividade e inovação compatíveis com sua principal missão, promoção e gestão do
saber.
Palavras-chave: Gestão do Conhecimento; Universidades; Parques Tecnológicos.
1. Introdução
Nos últimos 10 anos, prioritariamente, o Brasil vem passando por uma profunda alteração em
seu sistema macro econômico a partir da maciça privatização de empresas estatais. Empresas
estas que, em estágios anteriores, alocavam recursos – nem sempre produtivamente – em
setores internos de pesquisa e desenvolvimento, respondendo por demandas próprias e
eventuais avanços tecnológicos, deixaram de fazê-lo a partir do inicio do modelo implantado
de privatização.
Neste contexto, ocorreram o surgimento dos Fundos Setoriais no Brasil, a implementação de
novas iniciativas das agências de fomento à P&D no país, a maturação e implementação de
Lei Federal com foco em Inovação Tecnológica, além de um palpável estreitamento das
empresas, mormente as de base tecnológica, com as organizações universitárias. Estes novos
propósitos visavam suprir demandas de pesquisa e desenvolvimento, no campo da Ciência,
Tecnologia e Inovação, como forma de agregar valor de competitividade no mercado interno
e externo, este para aquelas vinculadas ao forte segmento exportador brasileiro – valorizado
dentro da atual conjuntura econômica nacional, além de corresponder ao modelo de mercado
global atual.
Dentro deste contexto, as organizações universitárias brasileiras, que já detinham o capital
humano como seu maior ativo, porém nem sempre acompanhado por adequada resposta às
demandas da indústria, se propuseram a fomentar e propor, neste período, ações que
Um modelo de GC proposto por Terra (2001) baseado em sete dimensões, também conhecido
como Metodologia Terra (IPEA, 2004) possui as seguintes dimensões a serem considerados
para a sua implementação de projetos de GC:
Visão e Estratégia – Alta Administração;
Cultura Organizacional;
Estrutura Organizacional;
Política de Recursos Humanos;
Sistemas de Informações;
Mensuração de Resultados;
Aprendizado com o ambiente.
em vista a competitividade cada vez mais acirrada, somada às exigências crescentes dos
mercados em expansão. Impõem-se a adoção de novos métodos de gerenciamento da
qualidade e de gestão pelas organizações que desejarem acompanhar o ritmo das inovações e
incorporar novas tecnologias de produtos e processos nas suas atividades. Implantar estas
novas práticas não significa a manutenção dos padrões ou do status quo das organizações e de
seus sistemas, não sendo assim modelos impeditivos de mudanças, não implicando também
restrições à criatividade. Pelo contrário, numa economia fortemente globalizada, marcada pela
revolução tecnológica e pela eliminação das vantagens baseadas somente no uso intensivo dos
fatores de produção, a adoção de práticas de normalização torna-se indispensável como fator
colaborativo nos processos de gestão. (MARTINS, 2006).
No âmbito internacional, a competitividade e a diferenciação constituem faces de uma moeda
indispensável para a conquista e manutenção de sólida posição nos mercados globalizados.
No âmbito nacional, estas atividades tornam-se cada vez mais necessárias, visando possibilita
às organizações atender às crescentes exigências normativas dos órgãos governamentais de
regulação, como no caso do setor educacional. Constitui também, em um cenário político e
social democráticos, uma excepcional ferramenta de gestão com vistas à melhoria contínua e
satisfação da sociedade, contribuindo para o virtuoso ciclo do desenvolvimento.
A adoção de um Guia de Interpretação, como o proposto pela ABNT (Projeto ABNT
25:000.05-006, 2006), não implica avaliar os conteúdos educativos, nem tampouco aferir
indicadores específicos do processo de ensino/aprendizagem, mas sim definir os requisitos
que sejam considerados essenciais para um sistema de gestão de uma organização
educacional, ou mesmo de um curso, se esta for à opção.
Assim, além destas iniciativas mais recentes, é importante ressaltar as diversas ferramentas
que poderão também ser utilizadas, desenvolvidas dentro do foco da engenharia do
conhecimento, destacando-se: VITAL, MIKE, Protegé e a CommonKADS, agregando
relevância na utilização destes novos conceitos.
3. Modelos de Gestão em Organizações Universitárias
O modelo de gestão das instituições públicas é hoje extremamente engessado pela forma de
gestão do governo federal. Os recursos disponibilizados estão sujeitos a regulamentos
específicos e os gastos necessariamente são realizados seguindo as diretrizes do SIAFI.
Em nível de distribuição de recursos, esforços significativos têm sido realizados pelos seus
gestores, reitores e, principalmente, pelos Pró-Reitores de Planejamento e Administração,
com o objetivo de definir um critério justo de distribuição dos recursos, permitindo maior
transparência no indicador utilizado. Neste aspecto é elaborado um modelo teórico chamado
de “Matriz de Alocação de Recursos”, baseado no critério do aluno equivalente.
A estrutura organizacional é normalmente hierárquica, com diversos níveis das estruturas
internas. É caracterizada por uma forte burocracia e ainda com muitas documentações
manuais. O modelo de gestão é comprometido pela falta de investimento em novas
metodologias de gestão de pessoas, tecnologias da informação e, conseqüentemente, pouca
capacitação do pessoal para o uso dos recursos computacionais.
Para preparar as instituições de ensino superior com vistas a ter uma maior aderência à
sociedade do conhecimento, é necessário um forte investimento em capacitação continua e
permanente de seu capital humano, na definição de políticas estratégicas de desenvolvimento
e na melhoria da infra-estrutura de TI. A implementação de programas de melhores práticas é
necessária e urgente, assim como o compartilhamento de conhecimento entre as instituições e
jovialidade dos Parques Tecnológicos, cuja pujante florescência ocorreu ao longo da última
década, no nascedouro da Era do Conhecimento, propor uma simbiose entre estes dois
sistemas é um desafio. Virtudes desta proposta, em que pese o avanço dos modelos de gestão
advindo dos Parques Tecnológicos, necessários e fundamentais em um contexto da economia
do conhecimento, será preservar as identidades destas organizações, suas características e suas
vocações, porém sem abrir mão do que esta nova era oferece como forma de gestar estas
organizações, gerenciar seu capital intelectual, seu maior ativo intangível, e potencializar o
desenvolvimento do país e da sociedade, baseado na educação e na ciência, tecnologia e
inovação.
Referências
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