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elisa Beranger em 16 de agosto de 2004

(Palestra proferida no 6° Simpósio Nacional de Astrologia do SINARJ)


Desde a década de 90 a história da Astrologia vem mudando. Isto se deve à tradução de
textos antigos e também às pesquisas de astrólogos e não astrólogos como é o caso de Jim
Tester, especialista em história clássica e Tamsyn Barton, que dedicou grande parte de sua
tese de doutorado ao estudo da Astrologia Antiga e eles descobriram muitas coisas que não
sabíamos.
Todos os estudiosos afirmam que Dorotheus de Sidon (Sidon foi uma cidade fenícia
conquistada por Alexandre, localizada onde hoje está o Líbano) do século I é o mais antigo
dentre os astrólogos gregos de que se tem notícia e também o mais importante do período
no qual se constituiu em Alexandria, o que conhecemos como Astrologia Ocidental,
horoscópica ou Grega.

Dorotheus foi o verdadeiro compilador dos recursos da prática disponível em sua época,
quando gregos, egípcios, judeus, persas, e babilônios conviviam em Alexandria. Uma prática
cuja interpretação da Carta Natal era muito mais voltada para o desenvolvimento do que a
vida prometia do que para a descrição da personalidade, que descrevia os períodos da vida,
apresentando o governante de cada ano, e a própria extensão da vida (extremamente
importante na época). Entretanto, já existia a progressão do ascendente e um sistema
elaborado de direções. Há no Museu Britânico o texto da interpretação de um nascimento
em 13 de abril de 95, feito pouco tempo após o nascimento, que confirma a astrologia
apresentada por Dorotheus.
Segundo as pesquisas, Dorotheus escreveu seu Pentateuco entre 25 e 75d.C. O
conhecimento da existência deste texto só ocorreu através das citações de Hephaistos de
Tebas (final do século IV, começo do V). Os fragmentos deste livro só chegaram à Europa,
mais especificamente à Alemanha, em 1972 na tradução de David Pingree, e só alcançaram
a Inglaterra em 1993. Tomamos conhecimento deles há menos de um ano quando
estudávamos a nova história da Astrologia. A compilação, denominada Carmen
Astrologicum, foi traduzida principalmente de um texto árabe do século VIII, que por sua vez
havia sido traduzido de um texto persa do século III. Além de não estar completo, há
inserções posteriores, comprovadas pela citação a Vettius Valens do século II e pela
inclusão de mapas do século III.
De qualquer forma, o texto de Dorotheus também é muito importante por sua diferença com
relação ao Tetrabiblos de Ptolomeu, que não é a Bíblia da Astrologia Grega como
supúnhamos.
Dorotheus se assemelha muito mais a Vettius Valens (contemporâneo de Ptolomeu no séc.
II), que sabemos atualmente ser também muito importante. Na realidade, é necessário juntar
Dorotheus, Vettius Valens e Ptolomeu para que possamos obter uma idéia da verdadeira
Astrologia praticada em Alexandria no início de nossa era. Hephaistos de Tebas, procurou
fazer esta junção e por este motivo é hoje um dos mais estudados.
A grande questão é que Dorotheus e Valens participaram da linha principal da Astrologia de
Alexandria enquanto Ptolomeu, sabemos agora, foi na realidade um homem culto e
inteligente que resumiu e sistematizou o conhecimento acumulado de diversas ciências da
época: astronomia, as origens da astrofísica, geografia e astrologia. Segundo o astrólogo
historiador James Hershel, Ptolomeu pode ter trabalhado sob o patrocínio de um
desconhecido de nome Syrus, a quem ele dedicou todos os seus livros. Diversos
pesquisadores afirmam que Ptolomeu não era astrólogo porque não cita nenhum outro
astrólogo, e também não é citado por seu contemporâneo Valens, atuante, que menciona
diversos astrólogos em seu Anthologie. A primeira menção ao livro de Ptolomeu só ocorreu
dois séculos mais tarde, supostamente porque os descendentes de Syrus o retiveram.
Além do mais, no Tetrabiblos não há nenhum mapa de exemplo enquanto nos livros de
Dorotheus, Valens e outros que os sucederam apresentam mapas.
Ptolomeu era então um teórico que expôs uma visão simplificada da Astrologia, sem a
preocupação em ensiná-la, e eliminou diversas regras disponíveis da prática corrente, para
as quais não encontrou lugar na reformulação da astrologia como ciência física e natural
dentro de sua visão estóica (cujo ideal do verdadeiro sábio consiste em viver de acordo com
a natureza) e aristotélica.
Inegavelmente seu Tetrabiblos é muito bem organizado. Ninguém melhor do que ele
sistematizou a astrologia, mas para promover isto ele relegou muitas dentre as práticas de
sua época, como é o caso dos diversos lotes (considerou apenas o da fortuna, que aliás
conhecemos indevidamente com o nome de parte, quando lote era usado no sentido de
sina, sorte, destino e não porção), das muitas regras para todas as questões da vida (número
de irmãos, filhos, casamentos etc..) e a total exclusão dos inícios e interrogações,
conhecidos na época pelo nome de katarchai (que segundo Marcus Reis, Doutor em
Filosofia, vem de katarcho que quer dizer iniciar alguma coisa, mais especialmente rituais
sagrados). Segundo Tester o motivo pelo qual Ptolomeu relegou estas práticas foi o fato de
terem suas raízes em mistérios e superstições e o receio da marca da família, em desacordo
com sua linha racional, os fez excluí-las.
Mas sabemos que os astrólogos de Alexandria se esforçavam para cultivar o estilo
hermético baseado nos antigos que era o melhor modo para uma apresentação de forma
incontestável. O próprio Dorotheus afirma ter viajado muito através da Mesopotâmia e do
Egito para obter o melhor do conhecimento dos antigos.
Valens e Ptolomeu consideravam a Astrologia mais natural do que mística ou conectada
com mistérios e neste sentido ambos favoreceram sua desvinculação destas raízes, mas
Valens fez isto sem cortes ou simplificações como as de Ptolomeu. Por isto aquele e não
este, representa a principal corrente da tradição grega de Alexandria no século II. Valens é
notável por sua sistemática em testar e examinar todos os métodos de seus antecessores
exercitando uma crítica inteligente à tradição e a outras escolas contemporâneas,
explicando e apresentando exemplos, entretanto seu trabalho não possui a organização
do Tetrabiblos. Muito pelo contrário, aquilo que descobria era acrescentado sem
preocupação com qualquer ordenação, mas com interesse em colocar o máximo.
Entretanto, quando ocorreu a volta do classicismo grego para a Europa, entre os séculos XII
e XV, Ptolomeu foi considerado como autoridade infalível e o Tetrabiblos tornou-se o tratado
antigo mais popular, mesmo explicando pouco e sem exemplos.
Já os textos de Dorotheus e Valens tiveram grande influência na astrologia árabe, na qual
são citados. Os lotes ficaram conhecidos como partes árabes e supúnhamos que estes os
haviam desenvolvido. As interrogações foram designadas como horária, enquanto os inícios
receberam o nome, bastante adequado de eletiva. Hoje podemos entender o porquê da
horária e da eletiva serem relacionadas pela corrente que seguiu os árabes, como os
ingleses William Ramsey (século XVII) e Vivian Robson (século XX).
Vejamos então um pouco da astrologia que Dorotheus apresentou no Pentateuco:
Antes de tudo é necessário considerar que no século I era utilizado o primeiro dos sistemas
de casas – signo/casa – e por isto há confusão quanto às indicações de signo, casa e lugar.
E para os aspectos não existia orbe, eram considerados em função das distâncias entre
signos.
São os seguintes os principais tópicos:
-DIFERENÇA ENTRE NASCIMENTOS DIURNOS E NOTURNOS.
São considerados diurnos aqueles nos quais o Sol está acima do horizonte, representado
pela linha Ascendente/Descendente, e noturnos aqueles com o Sol abaixo do horizonte.
-IMPORTÃNCIA FUNDAMENTAL DA REGÊNCIA DAS TRIPLICIDADES.
Dorotheus afirma: “Tudo o que é decidido ou indicado vem dos regentes das triplicidades”.
Uma triplicidade é constituída por 3 signos do mesmo elemento. A regência foi estabelecida
em função das dignidades do planeta naquele elemento, considerando também se o planeta
é diurno ou noturno, se masculino (para fogo e ar) ou feminino (para terra e água). O mais
importante é o regente diurno e o segundo o noturno e há ainda um
denominado participante (embora citado, não há certeza de que ele já existisse na época de
Dorotheus). Para um nascimento diurno o regente diurno será o primeiro e mais importante
e regerá especialmente a primeira metade da vida enquanto o noturno, será o segundo e
regerá a segunda metade da vida. Para um nascimento noturno a seqüência se inverte.

-IMPORTÂNCIA DAS DIGNIDADES POR SIGNO-DOMICÍLIO E EXALTAÇÃO.


A exaltação é, na realidade, mais antiga porque tem origem na Babilônia, enquanto o
domicílio é grego.
-TERMOS E DODECATEMÓRIAS.
Principalmente os termos são bastante marcantes. Eles correspondem a uma divisão do
signo em cinco partes desiguais. Dorotheus utiliza os termos egípcios, que hoje sabemos
serem os aplicados em Alexandria (no Tetrabiblos Ptolomeu apresenta três tipos de termos
e considera melhor um que disse ter encontrado em um livro antigo, que ficou conhecido
como sendo de Ptolomeu).
Quanto às dodecatemórias, que muitos conhecem como duades (nome hindú), sua origem
é em Alexandria. Consistem na divisão do signo em doze partes iguais de 2°30′ e a
primeira corresponde ao próprio signo e tem como regente o regente do signo, daí os
signos se sucedem na ordem do zodíaco.

– LUMINARES E PLANETAS PRINCIPAIS SIGNIFICADORES DAS QUESTÕES DA VIDA


Abaixo alguns significados destes astros:.
Sol – Os bens, a fortuna e a saúde para nascimentos diurnos. O pai.
Em conjunto com Saturno, os irmãos mais velhos.
Lua – Os bens, a fortuna e a saúde para nascimentos noturnos. A mãe.
As irmãs mais velhas.
Mercúrio – Os negócios. Irmãos mais jovens. Junto com Júpiter (o principal), os filhos.
Vênus – O casamento. Irmãs mais novas.
Marte – Injúria, querela, ferimentos. Em conjunto com Júpiter, os irmãos do meio.
Júpiter – Fama e sucesso social. Filhos.
Saturno – Dificuldades. Os mais velhos em geral. Com o Sol, os irmãos mais velhos.
– LOTES TAMBÉM GOVERNAM AS QUESTÕES DA VIDA.
Lotes são distâncias entre planetas, geralmente aplicadas em relação ao Ascendente.
Somadas em nascimentos diurnos, e subtraídas em noturnos. Entretanto há algumas que
são aplicadas a outras casas ou até a planetas. Em Dorotheus estas distâncias não eram
medidas em graus, mas em número de signos. A seguir, alguns dos lotes utilizados por
Dorotheus.

– CASAS, TERCEIRA REFERÊNCIA PARA AS QUESTÕES DA VIDA.


Não havia cálculo de graus para as cúspides, a casa 2 era o signo seguinte àquele da casa
1 e assim sucessivamente.
A localização dos astros em casas cardinais os fortalecia, enquanto nas cadentes os
enfraquecia.
Há também uma outra classificação considerada importante:
São casas Boas: 1-10-11-5-4-7
Casas que Não São Boas: 3-2-8
Casas Ruins: 6-12
– MALEFÍCIO DE MARTE E SATURNO
Sua regência ou ligação com o astro da questão a prejudicava. A condição dos maléficos
melhora quando em domicílio ou exaltação.
– IMPORTÂNCIA DA LUA DO TERCEIRO DIA
Para saber da boa ou má sorte na vida e das condições em termos de subsistência.
O terceiro dia era utilizado provavelmente porque, em qualquer nascimento, neste dia a Lua
estará no signo seguinte àquele do nascimento.
São as seguintes algumas regras para seu estudo:
Qual o signo em que a Lua entrou, que planetas estão nele e quais o aspectam. Se benéficos
(assim considerados aqueles na própria triplicidade, domiciliados ou exaltados) indicam boa
sorte. Porém se os aspectos forem dos maléficos a indicação é de pobreza, mas se estes
estiverem em domicílio as condições melhoram.
No caso dos maléficos é necessário verificar também o regente da casa (signo?). Se ele
estiver em um bom lugar (casa?), ou aspectado pelos benéficos, o nativo estará em
condições moderadas de subsistência mas, se for diferente, confirma a pobreza.
Aqui aparece a primeira referência à Lua fora de curso. Se a Lua estiver sem aspectos e
não houver (na ocasião?) um planeta no Ascendente ou em aspecto com ele, a pessoa
estará desprovida de tudo o que é bom com relação à própria subsistência e passará por
dificuldades na perseguição de seus objetivos.
Se a Lua estiver crescente em conjunção, oposição ou quadratura com Marte, ou
decrescente nos mesmos aspectos com Saturno, não há nada de bom quanto à
subsistência.
É necessário verificar o 10º lugar (signo ou casa) a partir da Lua do terceiro dia. Se lá estiver
um benéfico, indica brilho e tudo de bom para o nativo; caso este benéfico esteja domiciliado
o nativo obtém riqueza e ganha dinheiro honestamente. Porém, se neste 10° lugar estiver
um maléfico, haverá redução do que é bom e injúria para o nativo. Se Saturno estiver neste
lugar e a Lua tensionada, indica má sorte, mas esta condição melhora se ele estiver
domiciliado ou exaltado.
– MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DA EXTENSÃO DA VIDA
Dorotheus apresenta três métodos para este cálculo, embora nenhum deles muito claro.
– O GOVERNADOR ANUAL PESSOAL
Considerando o Ascendente como correspondendo ao nascimento (e daí deve ter vindo a
consideração de que, como o regente do Ascendente rege o nascimento, ele rege o mapa)
cada casa corresponde a um ano e o regente da casa é aquele da idade à qual a casa
corresponde. Dorotheus afirma que o ano pessoal começa quando o Sol retorna à exata
posição do nascimento e há diversas regras para o estudo do governador anual.
Há diversas regras para estudá-lo.
– INÍCIOS E INTERROGAÇÕES
Para o início de qualquer questão deve ser procurada a ocasião favorável, o que demonstra
a consideração da possibilidade de interferência nas questões da vida. Há regras indicadas
para diversos tipos de início.
Quanto às interrogações também são apresentadas diversas possibilidades.
CONCLUSÃO:
Para qualquer questão há muitas regras, originadas da combinação dos diversos elementos
que compõem seu estudo, mas de qualquer forma há uma linha básica de interpretação.
Em primeiro lugar é localizado o astro que rege a questão para definição do regente de sua
triplicidade. O estudo de suas condições é considerado mais importante que aquele do
próprio astro, mas ambos são estudados em conjunto (dignidade, termo, dodecatemória,
aspectos e casa)
Em segundo lugar vem o lote que corresponde à questão (signo, regente da triplicidade,
regente do signo, aspectos).
Em terceiro lugar é estudada a casa que corresponde à questão, planetas na casa, o regente
de sua triplicidade e o regente da casa.
Sem dúvida não podemos utilizar a astrologia de Dorotheus sem considerar as alterações
já ocorridas. O cálculo das cúspides das casas, os orbes dos aspectos, a descoberta dos
planetas geracionais e outros fatores que vieram sendo inseridos na astrologia. Porém,
também não devemos desconsiderar uma metodologia que permite resposta a questões
para as quais não possuímos meios, como por exemplo o número de filhos, casamentos
etc… Vale a pena estudá-lo e pesquisá-lo para inserção de algumas de suas regras,
recuperando assim parte do que perdemos.
CONCLUSÃO FINAL
Os sucessores daqueles que constituíram a astrologia grega apresentaram interpretações
diferentes dos mesmos textos fonte, ocasionando erros de transmissão. Além do mais,
muitos conceitos e técnicas se perderam nas transmissões sucessivas do saber original.
Contudo, a busca da fonte original já começou a ser organizada e sistematizada. Existem
grupos na Europa, Espanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil traduzindo textos
e comparando autores.
O americano Robert Schmidt, que coordena o Project Hindsight, afirmou em entrevista à
revista Mountain Astrologer que eles descobriram a existência de um sistema coerente de
interpretação e após nove anos de pesquisas o restauraram. Este sistema já está sendo
ensinado no Kepler College (USA), que forma sua primeira turma em outubro próximo.
De qualquer forma, mesmo que este sistema, que está em vias de ser publicado, seja válido
ainda há muito a ser estudado para a inserção das técnicas antigas, porém devemos
considerá-las e testá-las porque seguramente possibilitarão uma interpretação mais ampla
e segura.
A conclusão atual é de que utilizamos apenas a metade do potencial original da astrologia.
Se já conseguimos obter resultados tão bons utilizando apenas a metade, imaginem com o
acréscimo deste potencial!
Bibliografia selecionada
SIDON Dorotheus, Carmen Astrologicum, Ascella Publications, Londres
1993. www.Astrology-World.com
HOLDEN James Herschel, A History of Horoscopic Astrology, AFA, Tempe 1996
BARTON Tamsyn, Ancient Astrology, Routledge, Londres 1994
TESTER Jim, A History of Western Astrology, Boydell, Rochester- 1996
www.ProjectHindsight.com
Proibida a reprodução parcial ou total deste artigo.

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