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Direito Administrativo

Regente do curso: Dr. João Caupers

Professor das aulas teóricas: Dr. José Tavares


Professor das aulas práticas: Dr. Manuel Freire Barros

Bibliografia:
Introdução ao Direito Administrativo, Dr. João Caupers 7ª edição, Âncora editora
Curso de Direito Administrativo, Dr. Freitas do Amaral, volume I, 2ªedição, Almedina

Constituição da República Portuguesa (posterior à


revisão constitucional de 1997)
Permanentemente debaixo do braço! Código do Procedimento Administrativo (posterior à
revisão de 1996)

PROGRAMA

Introdução

 A Administração Pública e o Direito Administrativo

 O interesse público e a actividade administrativa pública:


o poder administrativo

Parte I
1
A organização administrativa

Parte II

A Actividade Administrativa

 O Procedimento Administrativo

 A marcha do procedimento comum decisório de 1° grau para


a tomada de uma decisão administrativa

 A decisão expressa do procedimento administrativo

 Validade e eficácia do acto administrativo

 Os actos secundários - a extinção do acto administrativo

 O procedimento regulamentar

 O procedimento contratual

 A responsabilidade da Administração Pública

Parte III

As garantias dos particulares

 As garantias em geral e as garantias administrativas em


especial

 As garantias jurisdicionais - a justiça administrativa

 Acção administrativa especial

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 Acção administrativa comum

 Processos urgentes

 Processos cautelares

 Processo executivo

 Recursos

 Arbitragem

Introdução
A Administração Pública e o Direito Administrativo

O que é administrar?
Administrar é uma acção humana que consiste em prosseguir certos
objectivos através do funcionamento da organização

Conceito de administração pública


Conjunto vasto e complexo de actividades e organismos, que
existe e funciona para satisfação das necessidades públicas

Polissemia do conceito de Administração Pública

Sentido orgânico ou subjectivo (art.°267 / 1 CRP)


Administração Pública
Sentido material, funcional ou objectivo (art. 266° / 1 CRP)

Administração Pública em sentido orgânico


3
É constituída pelo conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado e
demais organizações públicas que asseguram, em nome da
colectividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua das
necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar

Administração Pública em sentido orgânico

Vários critérios:

Estado
Substracto Territorial Regiões Autónomas Municípios
Autarquias locais Freguesias
Regiões administrativas

Estabelecimentos públicos
Institutos Públicos Fundações
Entidades reguladoras, …etc…
Substracto Institucional

Entidades Públicas Empresariais

Entes Privados (Ordem dos Advogados, etc…)

Substracto Associativo Associações Públicas Entes Públicos (Regiões de Turismo, etc…)

Mistas (com associados privados e públicos)

Ministérios
Directa
Secretarias gerais
Administração Estadual

Indirecta

Autarquias locais

Administração Autónoma Regiões autónomas

Associações públicas

A Administração Pública não se limita ao Estado, mas comporta muitas outras entidades e organismos

 A noção orgânica de Administração Pública compreende duas


realidades completamente diferentes:
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Pessoas colectivas públicas (dotadas de personalidade jurídica)
Organizações
Serviços públicos (geralmente não dotados de personalidade jurídica)
A. Pública
(Sentido orgânico) Funcionários
Indivíduos (Função Pública)

Agentes administrativos

Administração pública em sentido material, funcional ou objectivo

Administração Pública em sentido material é a actividade de administrar

Administração Pública em sentido material ou funcional letra


minúscula)

É constituída pelo conjunto de acções e operações desenvolvidas


pelos órgãos, serviços e agentes do Estado e demais organizações
públicas que asseguram em nome da colectividade, a satisfação
disciplinada, regular e contínua das necessidades colectivas de
segurança, cultura e bem-estar económico e social.

Administração estadual ablativa


No Estado liberal a administração concentrava a sua actividade na
imposição de sacrifícios aos cidadãos: expropriava, sancionava,
tributava, mobilizava.

Administração estadual prestadora


A partir dos anos 30 do séc. XX, o Estado passou a prestar múltiplas
utilidades aos cidadãos: saúde, ensino, segurança social, informação…

Administração conformadora
A partir dos anos 70 do séc. XX, depois da crise do Estado-providência,
a administração pública, procura reservar para si, já não a função de
prestar, mas a função de criar condições favoráveis a uma prestação de
utilidades basicamente resultante de actividades de natureza jurídico-
privada

Distinção entre administração pública e administração privada


5
A administração pública e a administração privada distinguem-se pelo
objecto sobre que incidem, pelo fim que visam prosseguir e pelos meios
que utilizam

Distinção entre administração pública e administração privada


Administração pública Administração privada
Objecto Objecto
 Versa sobre as necessidades  Incide sobre necessidades individuais,
colectivas, assumidas como tarefa e ou quando necessidades de grupo, não
responsabilidade própria da atingem a generalidade de uma
colectividade. colectividade inteira.

Fim Fim
 Tem necessariamente de prosseguir  Tem naturalmente em vista, fins
sempre um interesse público. O pessoais ou particulares, que podem
interesse público é o único fim que as ser, lucrativos, económicos,
entidades públicas e os serviços filantrópicos, políticos, etc.
públicos podem legitimamente (não é o fim de alimentar a população que determina
a actuação do padeiro, mas sim o fim económico, de
prosseguir. vender o pão)

Meios Meios
 A lei permite a utilização de  Os meios jurídicos utilizados pelos
determinados meios de autoridade, particulares, caracterizam-se pela
que possibilitam à Administração de se igualdade entre as partes, os
impor aos particulares sem aguardar o particulares são iguais entre si.
seu consentimento ou mesmo fazê-lo
contra a sua vontade

 O processo característico é o comando  O contrato é o instrumento jurídico


unilateral, quer sobre forma de acto típico do mundo das relações privadas
normativo (regulamento administrativo), quer
sobre forma de decisão concreta e
individual ( acto administrativo)

 Encontra-se limitada, nas suas


possibilidades de actuação, por
restrições, encargos e deveres
especiais, de natureza jurídica, moral e  Em regra os particulares não estão
financeira, que a lei estabelece, para sujeitos a restrições, na prossecução
acautelar e defender o interesse normal das suas actividades de
público administração privada.

Administração pública e funções do Estado

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A função administrativa é:

 Instrumental da função política

 Subordinada à função legislativa

 Controlada pela função jurisdicional

Função administrativa
Aquela que, no respeito pelo quadro legal e sob a direcção dos
representantes da colectividade, desenvolve as actividades necessárias
à satisfação das necessidades colectivas.

Qual a característica essencial do Estado moderno?


É a submissão da administração pública ao Direito. A juridicidade do
comportamento administrativo é um pressuposto indispensável do
Estado de Direito.

Princípio da legalidade (art. 3° CPA)


Os órgãos e agentes da Administração Pública só podem agir com
fundamento na lei e dentro dos limites por esta estabelecidos

Funções do princípio da legalidade:

1. Assegurar o primado do poder legislativo sobre o poder


administrativo (Prevalência da lei)

a) Função negativa
Os órgãos e agentes da Administração Pública não podem praticar
actos contrários à lei

b) Função positiva
Precedência da lei, isto é, necessidade de habilitação legal para os
actos da Administração Pública

2. Garantir os direitos e interesses dos particulares

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Efeitos do princípio da legalidade

a) Efeitos negativos:
Os actos da Administração que violem a lei sofrem de invalidade

b) Efeitos positivos:
Os actos administrativos são tidos por legais até que um
tribunal administrativo decida em contrário.

Excepção ao princípio da legalidade

estado de necessidade (art. 3°/2 CPA)


Circunstância excepcional que torna lícito um comportamento que por
lesar um interesse de outrem, protegido pelo Direito, seria ilícito.

O estado de necessidade é uma verdadeira excepção ao princípio da


legalidade, pois a sua invocação não exclui a ilegalidade do
comportamento, apenas o justifica, apesar de ilegal

O controlo da Administração Pública

A conformidade da actividade administrativa pública com o princípio da


legalidade, impõe a existência de instrumentos e mecanismos
adequados de controlo.

Auto-controlo
Controlo que opera dentro da própria Administração pública, exercendo-
se através de reclamações, de recursos administrativos, e através da
actividade dos órgãos inspectivos

Hetero-controlo
Controlo parlamentar, efectuado pela Assembleia da República e
controlo jurisdicional, efectuado pelo tribunal de Contas.

Tribunal de Contas
Órgão do Estado, que exerce simultaneamente, competências
jurisdicionais, consultivas e de controlo, situadas no âmbito da função
administrativa.

Funções do Tribunal de Contas:

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 Profere sentenças
Que pode consistir na condenação de quem seja responsável pela
utilização indevida de dinheiros públicos

 Dá parecer
Sobre a Conta Geral do Estado e as contas das regiões autónomas.

 Fiscaliza e audita
A gestão financeira das organizações públicas

O Direito Administrativo

Direito Administrativo
Ramo do Direito Público, constituído pelo sistema de normas
jurídicas que regulam a organização, a actividade e o
controlo da Administração Pública e as relações que esta, no
exercício da actividade administrativa de gestão pública,
estabelece com outros sujeitos de Direito.

Qual a característica mais peculiar do Dtº Administrativo?

É a procura permanente de harmonização entre as necessidades da


acção administrativa e as exigências de garantia dos particulares

Fontes do direito administrativo

1. Constituição

2. Fontes comunitárias

3. Leis

4. Regulamentos

5. Jurisprudência dos tribunais administrativos

Tipos de normas de direito administrativo


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Quanto ao objecto:

 Normas orgânicas
Criam e estruturam as entidades que fazem parte da Administração
Pública

 Normas funcionais
Regulam os modos de exercício da administração pública

 Normas relacionais
Regem as relações entre a Administração Pública e os particulares

Quanto ao grau de concretização:

 Regras jurídicas
Têm carácter prescritivo, permitindo, impondo ou proibindo um
comportamento

 Princípios
Consubstanciam padrões de optimização, compatíveis com diversos
graus de concretização.

O interesse público

Interesse público é o interesse de uma comunidade, ligado à satisfação


das necessidades colectivas, ao bem comum, desta

A definição do interesse público é monopólio da lei

Princípio da prossecução do interesse público


O fio condutor da actividade administrativa pública manifesta-se de
diversas formas:

A Administração…

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1. Não pode modificar os interesses públicos (cuja prossecução a lei lhe
confiou).

2. Deve prosseguir os interesses públicos

3. As pessoas colectivas públicas, por força do princípio da especialidade , estão


encarregadas da prossecução de interesses públicos específicos e
pré-determinados

Invalidade
A decisão tomada pela Administração Pública, que desrespeite os
Interesses públicos, sofre de invalidade, estando na origem do vício do
desvio do poder

Violação do princípio da imparcialidade


Ocorre quando o desrespeito de interesses públicos resulta da
promiscuidade entre os interesses públicos e interesses privados, que
influenciaram ilegitimamente a decisão administrativa.

Mérito
É o que resta depois de se ter submetido a actuação administrativa a
todos os juízos de legalidade possíveis.

Dever geral de boa administração


Princípio que condiciona, a administração pública no campo do mérito

Violação do dever geral de boa gestão


Acarreta consequências jurídicas, para os funcionários públicos, nos
planos da responsabilidade disciplinar e da responsabilidade civil

Princípio da desburocratização e da eficiência (art.° 10 CPA)


A Administração Pública deve assegurar a celeridade, a economia e a
eficiência das suas decisões.

Discricionariedade
Subentende a ideia de escolha, de fazer uma coisa, quando a lei
permitiria que se tivesse feito outra. Quando o legislador, confiou ao
órgão decisor uma certa liberdade de apreciação das circunstâncias que
rodeiam a tomada da decisão.

Vinculações
Os aspectos da decisão administrativa, condicionados pela lei.
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Discricionariedade e vinculação
Dois elementos, em proporções variáveis, inerentes a toda a decisão
administrativa. Qualquer decisão administrativa comporta o exercício de
poderes vinculados e de poderes discricionários

Vinculações absolutas
Estabelecidas, de forma positiva, por regras jurídicas em sentido estrito,
que uma vez contrariadas, invalidam a decisão.
Exemplos:
 a competência para a tomada da decisão,

 a finalidade da decisão

 os pressupostos factuais da decisão

 a forma da decisão, quando legalmente fixada

 a fundamentação, sempre que a lei a deseja

Vinculações tendenciais
Decorrem, de forma negativa, de normas constitucionais que
estabelecem princípios condutores da actividade administrativa (princípios
da prossecução do interesse público e da protecção dos direitos e interesses dos cidadãos, da
igualdade, da imparcialidade, da proporcionalidade, da boa fé e da justiça)

Vinculações tendenciais,
Decorrem de forma negativa, pois a invalidade de uma decisão depende
de se poder considerar que ela não incorpora o grau de optimização
exigível de um daqueles princípios.
Exemplos:

 a opção entre tomar ou não tomar a decisão

 o conteúdo da decisão

 o momento da tomada de decisão

 o modo da decisão

A fundamentação (art. 268°/3 CRP e art. 124° CPA)


Indicação das razões que conduziram à tomada da decisão
administrativa (constituí uma vinculação absoluta).
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Patologias da decisão:

1. Desvio de poder
Disfunção entre os motivos principalmente determinantes da decisão
e os fins para os quais a lei conferiu ao órgão decisor, o poder de a
tomar.

2. Ofensa dos princípios constitucionais …


Da proporcionalidade, da igualdade, da imparcialidade e da boa fé

3. Erro de facto e de erro de direito

O Formalismo
Visa garantir a tomada da decisão administrativa correcta e a respectiva
exteriorização de modo adequado.

As formalidades
Têm por finalidade, assegurar o preenchimento de todas as condições
consideradas necessárias à formação ou à plena eficácia da decisão.
(ex: a audiência dos interessados art. 100° CPA)
O poder de decisão unilateral (característica do sistema de administração executiva)
Exercício de autoridade, poder conferido aos órgãos da Administração
Pública de tomar decisões susceptíveis de afectarem a esfera jurídica
dos cidadãos, definindo unilateralmente e autoritariamente o direito que
considera aplicável sem a prévia intervenção de um tribunal

Característica da actual administração pública


Crescente substituição da decisão unilateral e autoritária, pela
decisão negociada com os cidadãos afectados

Autotutela executiva ou privilégio de execução prévia


Consiste no poder conferido à Administração Pública de, uma vez
definido o direito aplicável ao caso concreto, impor as consequências de
tal definição aos seus destinatários, mesmo contra a vontade destes e
sem a prévia intervenção de um tribunal ( execução coerciva por via administrativa)

A auto tutela executiva é a regra geral, mas o C.P.A. adoptou

Algumas restrições:

Princípio da tipificação das medidas de execução


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Limita as formas e termos da execução aos previstos no próprio Código
ou noutras leis (art. 149°/2 CPA) e acresce que a autotutela executiva não
se aplica nos casos de execução para pagamento de quantia certa.
(processados nos termos do Código de procedimento e de Processo Tributário)

O interesse público e o interesse dos particulares


A Administração Pública, na prossecução dos interesses públicos que a
lei lhe confia, deve respeitar, na medida do possível, os direitos e
interesses dos particulares (art. 206°/1 CRP)

Interesses públicos e interesses privados

Factores de equilíbrio:

 O princípio da legalidade

 O princípio da proporcionalidade

 O dever de fundamentação do acto administrativo

 A tutela jurisdicional cautelar

 O Provedor de Justiça

Direito subjectivo
Consubstancia uma situação jurídica activa, que possibilita a satisfação
de um interesse próprio do seu titular, razão pela qual lhe é atribuída
uma protecção jurídica directa

Interesse legítimo
Não possibilita a satisfação de um interesse próprio do seu titular, mas
somente a satisfação de um interesse público que ao sê-lo, poderia
eventualmente, implicar a satisfação do interesse privado conexo.

 A Administração pública não tem o dever de satisfazer o interesse


legítimo, nem o particular pode exigir que este seja satisfeito.

 A administração pública tem o dever de proteger os direitos


subjectivos.

 O princípio da proporcionalidade (art. 266°/2 CRP)

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Obriga a Administração Pública a provocar com a sua decisão, a menor
lesão de interesses privados, compatível com a prossecução do
interesse púbico em causa.

3 Níveis de apreciação:

1. Exigibilidade
O comportamento administrativo tem de constituir condição
indispensável da prossecução do interesse público.

2. Adequação
O comportamento administrativo tem de ser adequado à
prossecução do interesse público visado

3. Proporcionalidade (sentido estrito)


É a relação custos/benefícios, ou seja, a existência de uma
proporção entre as vantagens decorrentes da prossecução do
interesse público e os sacrifícios inerentes dos interesses privados

O princípio da proporcionalidade melhora a eficácia da fiscalização do


exercício dos poderes discricionários, permitindo um controlo objectivo destes

O princípio da igualdade (arts.13° e 266/2 CRP)


Obriga a Administração Pública a tratar igualmente os cidadãos que se
encontrarem em situação objectivamente idêntica.

O princípio da igualdade,
É uma limitação ao exercício de poderes discricionários, obrigando a
Administração Pública à sua aplicação uniforme, em circunstâncias
idênticas. (art. 124°/1/d CPA)

O princípio da imparcialidade ( art. 266°/2 CRP e arts.44° a 51° CPA)


Procura assegurar que a tomada de decisão administrativa considere
todos os interesses, públicos e privados, relevantes e evitar que a
prossecução de um interesse público se confunda com quaisquer
interesses privados
Concretização da projecção prática do princípio da imparcialidade :
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Impedimentos
Consubstanciam situações de proibição de intervenção (art. 44° CPA)

Escusas (art.48° CPA)


Situações em que não existe proibição absoluta de intervenção, mas em
que esta deve ser excluída por iniciativa do próprio titular do órgão.

Suspeições (art. 48° CPA)


Situações em que não existe proibição absoluta de intervenção, mas em
que esta deve ser excluída por iniciativa do cidadão interessado

O princípio da boa fé (art. 6°- A CPA)


No exercício da actividade administrativa, a Administração pública e os
particulares devem agir e relacionar-se segundo as regras da boa fé.

Dois limites negativos:

1. A Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os


particulares interessados puseram num certo comportamento seu.

2. A Administração Pública não deve iniciar o procedimento legalmente


previsto para alcançar um certo objectivo, com o propósito de atingir
um objectivo diferente, ainda que de interesse público

O princípio da justiça (arts. 266°/2 CRP e 6° CPA)


Traduz a ideia de que a actividade administrativa pública está
condicionada por critérios de justiça material

O princípio da responsabilidade (art. 22° CRP)


Traduz-se na obrigação de indemnizar os prejuízos decorrentes das
suas acções e omissões no exercício da actividade administrativa
pública

Iª PARTE
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A organização administrativa

Organização pública
Grupo humano estruturado pelos representantes de uma comunidade
com vista à satisfação de necessidades colectivas predeterminadas
destas.

O conceito de organização pública integra 4 elementos:

 Um grupo humano;

 Uma estrutura, isto é, o modo de relacionamento dos elementos da organização entre si e


com o meio social em que ela se insere

 O papel determinante dos representantes da colectividade no modo


como se estrutura a organização

 Uma finalidade, a satisfação de necessidades colectivas predeterminadas

Elementos da Administração Pública (enquanto actividade)

1. As pessoas colectivas
2. Os órgãos
3. Os serviços públicos
As pessas colectivas
São criadas por iniciativa pública para assegurar a prossecução
necessária de interesses públicos, dispondo frequentemente de
poderes públicos e estando submetidas a deveres públicos.

Administração estadual
A actividade administrativa pública que é desenvolvida no âmbito da
pessoa colectiva pública Estado.

Administração autónoma
A actividade administrativa que é desenvolvida fora da pessoa colectiva
pública, Estado.

A administração estadual

Administração directa
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Quando a actividade administrativa estadual é exercida por órgãos e
serviços da própria pessoa colectiva pública Estado. (Cuja personalidade
jurídica é reconhecida pelo direito interno)

Administração indirecta (ou instrumental)


Quando a actividade administrativa estadual é exercida por pessoas
colectivas distintas do Estado, mas por ele criadas.

Administração subordinada
Parte da administração estadual directa, cujos órgãos e serviços estão
submetidos à hierarquia do Governo, isto é, dependentes de um
membro deste.

Administração independente
Parte da administração estadual directa, que não está submetida à
hierarquia do Governo, pois o seu estatuto assenta numa ligação
privilegiada à Assembleia da República. (Provedor de justiça, Comissão Nacional de
Eleições, etc.)

Administração central
É a administração estadual directa e subordinada que abrange todo o
território nacional ( ou continental)
Administração periférica
É a administração estadual directa e subordinada que abrange somente
uma porção do território nacional (uma circunscrição)

Administração periférica especializada


Administração estadual directa e subordinada, adstrita ao desempenho
de missões determinadas, correspondentes a certos serviços. (ex:
esquadras da P.S.P., repartições de finanças, etc;)

Administração periférica comum


Administração estadual directa e subordinada, ligada à representação
do Governo e a missões no âmbito da segurança de pessoas e bens.

Governo
É o principal órgão da administração central do Estado, e compõe-se do
Primeiro-Ministro, dos ministros, dos secretários de Estado e dos sub-
-secretários de Estado.

Conselho de Ministros
A reunião dos ministros, presidida pelo Primeiro-Ministro.

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Organização dos ministérios
Os diferentes ministérios organizam-se em direcções-gerais,
inspecções-gerais, secretarias-gerais e departamentos, que se dividem
em direcções de serviços, estas em divisões e repartições e estas em
secções.

Governadores civis e assembleias distritais


São os órgãos da administração estadual periférica comum. (ambos operam
no âmbito da circunscrição distrital, resultante da divisão do território continental em dezoito distritos
administrativos.)

No âmbito da administração indirecta, distinguem-se…

dois grandes grupos de pessoas colectivas:

 Pessoas colectivas de estatuto público


As que possuem personalidade jurídica pública:

Institutos de prestação - Vocacionados para a prestação de serviços à


colectividade (Hospitais públicos não emmpresariais, etc;)
Institutos reguladores - Criar o enquadramento normativo adequado ao
desenvolvimento de actividades económicas de cariz privado (Autoridade Nacional
de Comunicações -ANACOM- etc.)
Institutos fiscalizadores - Encarregadas de tarefas de controlo, inspecção
- Institutos públicos: ou avaliação de riscos da actividade privada (autoridade da concorrênciia, agência
Conjunto heterogéneo de pessoas para a qualidade e segurança alimentar, etc.)
Colectivas públicas, de estrutura Institutos de infra-estruturas - Encarregados da construção e
manutenção de infra-estruturas ou do respectivo financiamento (Instituto Marítimo-
não empresarial Portuário

- Entidades públicas empresariais


Têm todas as características das empresas, possuem um órgão próprio de fiscalização e a sua
contabilidade segue as regras da contabilidade industrial.

 Pessoas colectivas de estatuto privado


Entidades colectivas, criadas pelo Estado, sem personalidade jurídica
pública:

- Empresas públicas sob forma societária

- Fundações (Fundação Centro Cultural de Belém, etc.)

- Associações (de divulgação científica, etc.)

A administração autónoma

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É constituída por pessoas colectivas que não foram criadas pelo Estado,
prosseguindo interesses públicos próprios das colectividades que as
instituíram

Administração autónoma territorial

Regiões autónomas (Possuem por exigência constitucional,


uma Administração Pública própria, um órgão legislativo
parlamentar e um governo, e são fruto da descentralização
política)
Administração autónoma
Territorial Autarquias locais (apenas dispõem de uma Administração
Pública própria, e são fruto da descentralização
administrativa.)

Autarquias locais
Pessoas colectivas públicas de base territorial, correspondentes aos
agregados de residentes em diversas circunscrições do território
nacional, que asseguram a prossecução de interesses comuns
resultantes da proximidade geográfica, mediante a actividade de órgãos
próprios representativos das populações.

Princípio da autonomia local (art. 6°/1 CRP)


O direito e a capacidade efectiva de as autarquias regulamentarem e
gerirem, nos termos da lei, sob a sua responsabilidade e no interesse
das respectivas populações, uma parte importante dos assuntos
públicos.

Princípio da subsidiariedade
Tudo quanto puder ser eficazmente decidido e executado ao nível
autárquico, não deve ser atribuído ao Estado e aos seus agentes.

Traços do regime constitucional das autarquias locais:

1. Reserva absoluta de lei da A.R.


(quanto à criação, extinção e modificação territorial das autarquias locais) arts. 164°/n e236°/4
CRP

2. Reserva relativa de lei da A.R.


(quanto ao estatuto das autarquias locais, incluindo o regime das finanças locais) arts. 165°/1-q e
237°/1 CRP
3. Dois órgãos colegiais
(pelo menos, um deliberativo e outro executivo, sendo o primeiro eleito por sufrágio universal, directo
e secreto, pelo método de representação proporcional) art.239° CRP

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4. Património e finanças próprias (art. 238°/1 CRP)

5. Poder regulamentar próprio (art.241° CRP)

6. Sobre as autarquias locais o Estado apenas exerce tutela


administrativa de legalidade (art.242°/1 CRP, e 2° e 3° da Lei n° 27/96, de 1 de
Agosto)

A administração autónoma não territorial

Pessoas colectivas com personalidade jurídica pública:

Associações públicas (art. 267°/4 CRP)


Pessoas colectivas públicas de tipo associativo criadas por grupos de
cidadãos com interesses públicos próprios específicos, com a finalidade
de prosseguir estes (Ex: Ordem dos advogados, etc.)
Consórcios públicos
Pessoas colectivas públicas de tipo associativo que reúnem as
entidades públicas que as instituíram na prossecução de interesses
públicos comuns (ex: área metropolitana de Lisboa, associações de municípios de direito
público)

Universidades públicas
Integram também a administração autónoma, podendo ser consideradas
figuras mistas.

Pessoas colectivas sem personalidade jurídica pública:

Instituições particulares de solidariedade social (ex: As misericórdias)

Entidades auto-reguladoras (Federações desportivas)

Os Órgãos (das pessoas colectivas)


Órgãos
São centros de imputação de poderes funcionais, são eles que
manifestam a vontade que o direito manda imputar às pessoas
colectivas. (art. 2°/2 CPA)

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Classificação dos órgãos:

 Órgãos singulares
Critério do
N° de titulares
 Orgãos colegiais

 Órgãos activos (que decidem ou executam as decisões)


Critério do tipo de
 Órgãos consultivos (que dão opiniões)
Funções exercidas
 Órgãos de controlo (que fiscalizam)

 Órgãos representativos (que são eleitos)


Critério da forma
de designação
 Órgãos não representativos (que são designados por
outros processos, como a nomeação e a cooptação)

Órgãos colegiais
São integrados por diversos membros e exigem regras especiais para
poderem funcionar (arts. 14° a 28° CPA).

Composição
É o elenco abstracto dos membros que dele hão-de fazer parte, uma vez
constituído. Cada órgão colegial deve ter um presidente e um secretário, em princípio eleitos
pelo próprio órgão de entre os seus membros (arts. 14°/1 e 15°/1 CPA)

Constituição
É o acto pelo qual os membros de um órgão colegial, uma vez
designados, se reúnem pela primeira vez e dão início ao funcionamento
desse órgão.

Reunião
É o encontro dos respectivos membros para deliberarem sobre matéria
da sua competência.

Sessão permanente
Diz-se de sessão permanente, quando o órgão colegial é de
funcionamento contínuo (como a câmara municipal)

Sessão
O período dentro do qual podem reunir os órgãos colegiais de
funcionamento intermitente (assembleia municipal ou a assembleia de freguesia)

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Marcação
É a fixação da data e hora em que a reunião terá lugar.

Convocação
É a notificação feita a todos e a cada um dos membros, acerca das
reuniões a realizar, na qual são indicados, além do dia e hora da
reunião, o local desta e a respectiva ordem do dia (ordem de trabalhos ou
agenda)

Ordinárias
Tanto as reuniões como as sessões, se se realizam regularmente em
datas ou períodos certos.

Extraordinárias
Tanto as reuniões como as sessões, se são convocadas
inesperadamente fora das datas ou períodos certos (arts. 16° e 17° CPA).

Quórum de reunião
Número mínimo de membros de um órgão colegial, indispensável para
que este possa desempenhar as suas funções. (art. 22° CPA e 116°/2 CRP)

Quórum de deliberação
Número mínimo de votos exigidos para que um órgão colegial possa
deliberar validamente sobre um certo assunto.
Deliberação
Modo de decisão dos assuntos, exclusivamente utilizado pelos órgãos
colegiais

Métodos de deliberação:

 Votação ou escrutínio
Depois de discussão do assunto por todos os membros do órgão
presentes, contam-se as expressões das suas vontades individuais.
(Proibida a abstenção nos órgãos administrativos colegiais consultivos, salvo determinação da lei em
contrário)

a) Votação nominal (pública)


Cada votante denuncia o sentido do seu voto perante os restantes.

b) Votação secreta
O sentido de voto de cada membro do órgão não se torna conhecido
dos demais. (art. 24°/2 CPA)

23
 Consenso
Procura-se o sentido predominante da vontade do órgão, através de
uma espécie de assentimento tácito informal em torno de uma
determinada solução.

Resultados da votação:

1) Maioria relativa (ou simples) (art. 25°/2 CPA)


Identifica a vontade do órgão com aquela expressa pelos votantes que
se pronunciaram no sentido que recolheu mais votos.

2) Maioria absoluta (art.25°/1 CPA)


Identifica a vontade do órgão com aquela que foi expressa por mais de
metade dos votantes.

3) Maioria qualificada
Identifica a vontade do órgão com aquela que foi expressa por uma
certa fracção dos votantes superior à maioria absoluta.

4) Unanimidade
Identifica a vontade do órgão com a totalidade dos votos favoráveis dos
membros votantes.

Em caso de empate na votação nominal:

Voto de qualidade (art. 26° CPA)


Consiste em conferir um peso especial ao voto do presidente

Voto de desempate
O presidente do órgão colegial não dispõe de direito de voto salvo se
ocorrer um empate.

Dissolução
Acto que põe termo colectiva e simultaneamente ao mandato dos
titulares do órgão colegial eleito.

Demissão
Acto que põe termo colectivamente às funções dos titulares, nomeados
e não eleitos, do órgão colegial

Estrutura orgânica do município e da freguesia :


24
Município:

Assembleia municipal
Órgão colegial deliberativo, com competências de orientação,
regulamentação e fiscalização (art. 53° da Lei n° 169/99)

Câmara municipal
Órgão colegial executivo encarregado da gestão permanente dos
assuntos municipais (art. 64° da Lei n°169/99)

Presidente da câmara municipal


Órgão singular executivo (art. 68° da Lei n° 169/99)

Freguesia:

Assembleia de freguesia
Órgão colegial deliberativo com competências de orientação,
regulamentação e fiscalização (art. 34° da lei n° 169/99)

Os serviços públicos
Serviços públicos
Estruturas organizativas encarregadas de preparar e executar as
decisões dos órgãos das pessoas colectivas que prosseguem uma
actividade administrativa pública.

Estrutura organizativa dos serviços públicos

Horizontal - Diferenciação por actividades ou tarefas

Vertical - Hierarquia administrativa

Serviços centrais - Serviços que operam em todo o território nacional (ou


continental).

Territorial
Serviços periféricos - Serviços cuja actividade se limita a uma
circunscrição administrativa

Regime jurídico dos serviços públicos


25
Continuidade
Não é admissível a interrupção dos serviços públicos

Igualdade
No tratamento dos cidadãos que se encontram em idênticas condições
específicas e não um tratamento idêntico a todos os cidadãos.

Atribuições, competências e missões

Atribuições
São os fins que a lei comete às pessoas colectivas

Competências
São os poderes jurídicos de que os órgãos de uma pesssoa colectiva
dispõem para prosseguir as atribuíções desta.

Missões
São as tarefas desenvolvidas pelos diversos serviços públicos

Os órgãos administrativos só podem fazer aquilo que a lei lhes impõe ou permite

Competência dos órgãos administrativos (arts. 29° a 34° CPA)

 Inalienável

 Irrenunciável

 Fixada por lei (art. 30°/1 CPA)

Fixada por lei em função de 5 critérios:

 A matéria

 A hierarquia

 O valor

 O território

 O tempo
Principais classificações da competência
26
a) quanto ao modo de atribuição

Competência:

Própria
Somente fixada pela lei

Delegada
Além de fixada pela lei, fruto de uma manifestação de vontade
indispensável de outro órgão administrativo.

b) Quanto à inserção da competência nas relações interorgânicas

Competência:

Comum
A competência do superior hierárquico engloba a dos subordinados.

Exclusiva
A competência do subordinado não se inclui na do superior.

c) Quanto ao n° de órgãos titulares

Competência:

Singular
Um só órgão titular

Conjunta
Vários órgãos titulares

d) Quanto à substância

Competência:

Dispositiva
Para tomar uma decisão sobre certo assunto

Revogatória (arts. 142°/1 e 174°/1 CPA)


Para extinguir ou fazer cessar os efeitos de uma anterior decisão
administrativa

27
Poder de direcção
Relações Interorgânicas Poder de supervisão
Poder disciplinar
Relações interorgânicas

São as que se estabelecem entre órgãos de uma mesma pessoa


colectiva (…??!!…)

Tutela
Relações intersubjectivas Superintendência
Função accionista do Estado

Relações intersubjectivas

Ligam órgãos de duas pessoas… colectivas (…oh ! lá lá !!!…)

Relações interorgânicas

Hierarquia administrativa
Modelo organizativo vertical que consubstancia uma relação jurídico-
-funcional entre órgãos empenhados na prossecução de atribuições
comuns e agentes envolvidos nas mesmas tarefas, traduzidas
essencialmente no poder de direcção do órgão superior e no
correspondente dever de obediência do órgão subordinado.

Hierarquia externa
Reflecte a repartição vertical de competências entre órgãos. (É a hierarquia
que interessa ao direito administrativo);

Hierarquia interna
É um conceito organizativo que designa a divisão vertical de tarefas
entre agentes.

Numa relação interorgânica, o superior hierárquico dispõe de:

 Poder de direcção
Faculdade de dar ordens e instruções ao subordinado. (Ao poder de direcção
do superior hierárquico corresponde o dever de obediência do subordinado)

 Poder de supervisão

28
Faculdade de confirmar, revogar, suspender, modificar ou substituir os
actos do subordinado, se este não dispuser de competência exclusiva
sobre a matéria. (art. 142°/1 e 174°/1 CPA)

 Poder disciplinar
Que se concretiza através da aplicação de sanções disciplinares.
A supervisão
É uma forma de relacionamento interorgânico, em que o órgão
supervisionante não pode dar ordens ao órgão supervisionado, mas
pode agir sobre os actos deste, designadamente revogando-os.

Delegação de poderes ou de competência


É o acto pelo qual o órgão de uma pessoa colectiva, envolvida no
exercício de uma actividade administrativa pública, normalmente
competente em determinada matéria e devidamente habilitado por lei,
possibilita que outro órgão ou agente pratiquem actos administrativos
sobre a mesma matéria.

Lei de habilitação (art. 35°/2 CPA)


Norma atributiva de competência para a prática do acto de delegação.

Delegação tácita
A lei de habilitação, em vez de prever o acto de delegação, considera
certos poderes delegados. (a não ser que o delegante manifeste a sua vontade em
sentido oposto)
Delegação de assinatura
Quando o autor do acto é o delegante (não se trata de uma verdadeira delegação)

Regime jurídico da delegação

Requisitos do acto de delegação (expressa):

 Especificação dos poderes delegados

 A publicação (art. 37°/2 CPA)

Conteúdo da delegação:

 Matérias em que o delegado pode tomar decisões


29
 Poderes jurídicos que o delegado fica habilitado a exercer

No direito administrativo português vigora a regra da especificação positiva de poderes jurídicos (art.37°/1 CPA)

Requisito específico do acto praticado ao abrigo de poderes delegados:

 O órgão delegado deve mencionar essa qualidade no uso da delegação


(art. 38° CPA)

Poderes do delegante (art. 39° CPA):

 Orientar
o exercício dos poderes delegados através de directivas e instruções

 Avocar
Chamar a si os poderes delegados, em casos concretos em que
pretenda ser ele a decidir.

 Revogar
Os actos praticados pelo delegado ao abrigo da delegação.

Subdelegação (art.36°/1 CPA)


É uma delegação de segundo grau, em que o delegado funciona
também como delegante (estando submetido ao mesmo regime jurídico).

Regime jurídico dos actos praticados ao abrigo de poderes delegados :

Regra geral
O acto do delegado possui as mesmas características que teria se
tivesse sido praticado pelo delegante.

Por revogação

Extinção da delegação  Porque se esgotaram os seus


(art. 40° CPA) efeitos
Por caducidade  Porque foram substituídas as
pessoas do delegante ou do
delegado

Natureza jurídica da delegação

30
Questão
A quem é que a lei atribui a competência?

Resposta
Conjuntamente ao delegante e ao delegado.

O Dr. Caupers sustenta que o elemento da delegação é, não o acto (expresso) de


delegação, mas a relevância jurídica (por acção ou omissão) da vontade do delegante,
logo, a lei confia os poderes conjuntamente ao delegante e ao delegado; a manifestação de
vontade, expressa ou implícita, do delegante opera como condição legal da prática pelo
delegado de actos nas matérias indicadas na lei de habilitação.

Relações intersubjectivas

A Tutela administrativa
Poder de controlo de uma pessoa colectiva pública sobre os actos
praticados por outra pessoa colectiva pública
(os actos praticados pelos órgãos da pessoa tutelada encontram-se sujeitos à interferência de um
órgão da entidade tutelar, com o propósito de assegurar a legalidade ou o mérito daqueles.)

Classificação da tutela administrativa

2 Critérios:
 Tutela de legalidade
Incide exclusivamente no plano da conformidade legal
1. Quanto ao objecto
 Tutela de mérito
Incide sobre a oportunidade e a conveniência da actuação
administrativa (art. 242°/1 CRP)

 Tutela correctiva ou integrativa


Poder de autorizar ou aprovar actos

 Tutela sancionatória
2. Quanto à forma Poder de aplicar sanções

de exercício  Tutela revogatória


Poder de revogar actos administrativo

 Tutela substitutiva
Poder de suprir omissões
Regime jurídico da tutela administrativa

 As relações de tutela têm de resultar da lei. A tutela não se presume

31
 A tutela nunca envolve o poder de orientar a actividade da pessoa
colectiva tutelada.

 Os actos através dos quais se exerce a tutela, são passíveis de


impugnação pela entidade tutelada.

A superintendência
Relação entre duas pessoas colectivas públicas que confere aos órgãos de uma delas
os poderes de definir os objectivos e orientar a actuação dos órgãos da outra
 Directivas
Impõem objectivos mas deixam liberdade quanto aos
meios para os atingir
Instrumentos da superintendência
 Recomendações
São opiniões, acompanhadas de um convite para agir num
certo sentido

As entidades que compõem a administração indirecta ou instrumental do estado


estão simultaneamente ligadas por relações de superintendência e de tutela.

As entidades que integram a administração autónoma, somente têm com o Estado


uma relação de tutela.

Função accionista do Estado (Decreto-Lei n° 558°/99, de 17 de Dezembro)


Poderes que uma entidade pública exerce sobre entidades de estatuto
privado, integrantes da organização administrativa pública. (Este diploma
concede ao Estado os poderes de determinar as orientações estratégicas, controlar a gestão
administrativa e financeira e exigir a prestação de informações às sociedades de que o Estado é
accionista.)

Poderes de superintendência (art. 16° da Lei n° 58°/98, de 18 de Agosto)


Poderes exercidos pelas câmaras municipais e os conselhos de
administração das associações de municípios, sobre as empresas
municipais e intermunicipais, respectivamente.

Princípios constitucionais sobre a organização administrativa


(art.267° /1/2 CRP)

da desburocratização
Princípios da aproximação dos serviços às populações
Constitucionais
da participação dos interessados na gestão efectiva dos serviços públicos 32

da descentralização administrativa (arts.235° a 237° CRP)

da desconcentração
Sobre a
Organização
Administrativa

2ª PARTE
A actividade administrativa

O procedimento administrativo

Procedimento administrativo
A sucessão ordenada de actos e formalidades que visam assegurar a
correcta formação ou execução da decisão administrativa e a defesa
dos direitos e interesses legítimos dos particulares.

Processo administrativo
O conjunto de documentos em que se traduzem os actos e formalidades
que integram o procedimento administrativo

Espécies de procedimentos administrativos

De iniciativa pública
De iniciativa privada
Decisórios
Executivos
Procedimentos administrativos De 1° grau
De 2° grau
Communs
Especiais

Procedimentos decisórios
Visam a tomada de uma decisão administrativa

Procedimentos executivos
Visam assegurar a projecção dos efeitos de uma decisão administrativa

Procedimentos de 1° grau
Os que incidem pela 1ª vez sobre uma situação da vida

Procedimentos de 2° grau
Incidem sobre uma decisão administrativa anteriormente tomada

33
Procedimentos comuns
Aqueles que não são regulados por lei especial, mas pelo próprio CPA

Procedimentos especiais
Aqueles que são regulados por leis especiais.

Âmbito de aplicação do CPA (art. 2°)

O CPA aplica-se…

 Às pessoas colectivas públicas (enumeradas no art. 2°/2 do CPA)

 Aos órgãos do Estado (estranhos à Administração Pública mas que


desenvolvam funções materialmente administrativas, art. 2°/1 CPA)

 Às empresas concessionadas (quando actuem no exercício de poderes de


autoridade, art. 2°/3 CPA)

Princípios gerais do procedimento administrativo


(arts. 56° a 60° CPA)

Princípio do inquisitório (art. 56°CPA)


Assinala o papel preponderante dos órgão administrativos na instrução
do procedimento e na preparação da decisão administrativa.

Princípio da celeridade (arts. 57° ee 58° CPA)


Este princípio é acompanhado da fixação de um prazo geral para a
conclusão do procedimento

Princípio da publicidade do impulso processual (art. 55° CPA)


Através da informação do início do procedimento, procura-se assegurar
aos interessados, efectivas possibilidades de participação no mesmo.
Princípio da colaboração dos interessados (art. 60° CPA)
Pretende-se garantir que os interessados facilitem a actividade da
Administração Pública, auxiliando-a com boa fé e seriedade, na
preparação das decisões administrativas.

A marcha do procedimento comum decisório de 1° grau


Para a tomada de uma decisão administrativa

34
1ª FASE

Arranque do procedimento

Procedimentos de iniciativa pública:

 Impulso processual autónomo


Quando o órgão com competência para decidir, é aquele que inicia o
procedimento

 Impulso processual heterónomo


Quando o órgão que inicia o procedimento carece de competência
para a decisão final.

Em qualquer destes casos há que cumprir o princípio da publicidade

Procedimentos de iniciativa particular:

Requerimento (art. 74°/1 CPA)


O requerimento inicial dos interessados deve ser formulado por escrito
(salvo nos casos em que a lei admite o pedido verbal)
Deve conter:

 A designação do órgão administrativo a que se dirige

 A identificação do requerente

 A exposição dos factos em que se baseia o pedido

 A indicação do pedido, em termos claros e precisos

 A data e a assinatura do requerente.

Apresentação do requerimento:

 Envio postal

 Entrega pessoal
Uma vez recebido, o requerimento é obrigatoriamente objecto de REGISTO

35
Sobre o requerimento pode recair um…

Despacho inicial

Consistindo no:

Indeferimento liminar
Quando o requerimento é anónimo ou ininteligível.

Ou no:

Aperfeiçoamento
Se o requerimento não satisfizer todas as exigências do artigo 74°do
CPA.

A fase de arranque encerra-se com o…

Saneamento (art. 83° CPA)


Consiste na verificação de que não existem quaisquer problemas que
obstem ao andamento do procedimento ou à tomada da decisão final. Se
ocorrer algum problema o requerimento pode ser arquivado liminarmente, terminando assim,
precocemente, o procedimento

2ª FASE

A instrução

Fase de instrução
É aquela em que se procede à recolha e ao tratamento dos dados
indispensáveis à decisão.

A direcção da fase da instrução é atribuída pelo CPA ao órgão que


possui competência para a decisão final,

Podendo este…

 Delegar esta competência em subordinado seu, que passará a


dirigir a instrução.

Ou…

36
 Encarregar um subordinado seu da realização de diligências
instrutórias avulsas ..

Diligências instrutórias

1. Exames, vistorias, avaliações, inspecções, peritagens (art. 96°CPA)


Diligências instrutórias efectuadas por peritos, cujo objectivo é a
apreensão e compreensão da realidade.

2. Pedidos de parecer (art. 98° CPA)


Os pareceres são opiniões técnicas solicitadas a especialistas em
determinadas áreas do saber ou a órgãos colegiais consultivos.

Podem ser …

Pareceres obrigatórios
Quando a lei exige que sejam pedidos.

Pareceres facultativos
Quando a decisão de os pedir foi livremente tomada pelo órgão instrutor.

Pareceres vinculativos
Se as suas conclusões têm de ser acatadas pelo órgão decisor.

Pareceres não vinculativos


As suas conclusões podem não ser acatadas.

3. Recolha e apreciação de documentos


É a actividade instrutória mais comum, constituída pelas informações
burocráticas, pontos de vista que visam a formação esclarecida da
vontade administrativa.

4. Audição de pessoas
Nomeadamente de pessoas que possuam informação relevante
passível de condicionar a decisão administrativa.

Princípios relevantes na fase de instrução

Princípio da legalidade (art. 3° CPA)


Condiciona as diligências a promover, à respectiva conformidade legal

Princípio do inquisitório (art. 56° CPA)

37
Confere ampla liberdade ao órgão instrutor do procedimento, mesmo
nos procedimentos de iniciativa particular.

Princípio da liberdade de recolha e apreciação dos meios probatórios


O órgão competente pode recorrer a todos os meios de prova admitidos
em direito (Arts. 87°/1 in fine e 91°/2 CPA)

Regras em matéria de prova :

1. Dever geral de averiguação (art. 87°/1 CPA)

2. Desnecessidade de prova dos factos notórios e outos do conhecimento


do instrutor (art. 87°/2 CPA)

3. O ónus da prova recai sobre quem alegar os factos a provar


(art. 88° CPA)

3ª FASE
A audiência dos interessados

Audiência dos interessados (art. 59° CPA)


Em qualquer fase do procedimento podem os órgãos administrativos
ordenar a notificação dos interessados para, no prazo que lhes for
fixado, se pronunciarem acerca de qualquer questão.

Obrigatória
Antes da tomada da decisão final.

Regra geral
A audiência dos interessados realiza-se no termo da instrução, podendo
realizar-se por escrito ou oralmente, à escolha do instrutor (arts. 101° e
102° CPA).

Situações em que não se realiza a audiência dos interessados:

1. Casos em que a lei considera desnecessária a audiência

 Quando a decisão seja urgente


38
 Quando a realização da audiência possa prejudicar a execução ou a
utilidade da decisão a tomar.

 Quando o número de interessados seja tão grande que torne


impossível a realização da audiência.

2. Casos em que a lei autoriza o instrutor a dispensar a audiência

 Porque os interessados já se pronunciaram, sobre as questões


relevantes para a decisão, sobre a prova produzida e sobre o sentido
provável da decisão.

 Porque se perspectiva uma decisão favorável aos interessados.

Fundamentação
O instrutor deve sempre fundamentar clara e completamente as razões
que levam à não realização da audiência dos interessados, sob pena de
invalidade da decisão final.

4ª FASE

A decisão

Esta fase inicia-se usualmente com o relatório do instrutor

Relatório do instrutor
Peça onde se dá conta do pedido do interessado, se resumem as fases
do procedimento e se propõe uma decisão.

O relatório só não é necessário se a instrução tiver sido dirigida pelo


próprio órgão competente para a decisão (art. 105° CPA)

Causas de extinção do procedimento:

1. Decisão expressa (a estudar no capítulo seguinte)

2. Desistência do pedido e renúncia dos interessados, aos direitos


ou interesses que pretendiam fazer valer no procedimento
39
3. A deserção dos interessados (falta de interesse pelo andamento
do procedimento)

4. A impossibilidade ou inutilidade superveniente do


procedimento, decorrentes da impossibilidade física ou jurídica do
respectivo objecto, ou da perda de utilidade do procedimento.
( art.112° CPA)

5. Falta de pagamento de taxas ou despesas, previsto no artigo 11° /


1 do CPA

6. O "acto tácito".
Omissão juridicamente relevante

Omissão juridicamente relevante


Comportamento omissivo gerador de efeitos jurídicos

"Acto tácito"
Para que uma omissão de um órgão da Administração pública assuma o
significado jurídico de um "acto tácito" é indispensável que se
verifiquem cumulativamente estes…

Pressupostos:

 A iniciativa de um particular

 A competência do órgão administrativo interpelado para decidir


sobre o assunto

 O dever legal de decidir por parte de tal órgão.

 O decurso do prazo estabelecido na lei, (90 dias, se outro não for


especialmente fixado).

Valor jurídico do "acto tácito"

2 Sistemas:

40
 Sistema de deferimento tácito)
A consequência do "acto tácito" seria equivalente a um deferimento
do pedido do particular

 Sistema de indeferimento tácito


A omissão juridicamente relevante equivaleria a um indeferimento

Deferimento tácito(art. 108° CPA


Tem o valor de um verdadeiro acto administrativo, uma decisão tácita,
que se aplica a um número reduzido de casos.

Indeferimento tácito(art. 109° CPA)


É uma condição para que o interessado possa pedir ao tribunal
administrativo que condene a entidade pública à prática do acto
administrativo devido (art. 67°/1 CPTA)

Continua a existir, de facto, uma só regra, a do indeferimento tácito, e um


reduzido número de excepções, às quais se aplica o deferimento tácito.

A decisão expressa do procedimento administrativo

O ACTO ADMINISTRATIVO

O acto administrativo é um acto jurídico unilateral com carácter


decisório, praticado no exercício de uma actividade administrativa
pública, destinado a produzir efeitos jurídicos numa situação
individual e concreta

O acto administrativo é …

1. Um acto jurídico
Uma conduta voluntária geradora de efeitos jurídicos

2. Um acto unilateral
41
Uma declaração de vontade para cuja perfeição é desnecessária a contribuição
de qualquer outra vontade.

Mas acontece que…há…

 Actos administrativos permissivos


Quando só podem ser praticados após uma manifestação de vontade de outrem
(ex: licenças)

…e também…

 Actos administrativos de provimento


Quando a produção dos seus efeitos esteja dependente de uma manifestação de
vontade concordante da parte de alguém (ex: nomeação de um funcionário público para um lugar do
quadro de uma entidade pública)

3. É um acto praticado no exercício de uma actividade administrativa pública


Alguns autores de actos administrativos embora não sendo órgãos da
Administração Pública, estão no desempenho da função administrativa
(ex: indeferimento, pelo juiz de um tribunal, de um requerimento de um funcionário judicial que
pretendia gozar férias interpoladas)

4. Destinado a produzir efeitos jurídicos numa situação individual e concreta


O acto contrapõe-se à norma, que é geral e abstracta

5. Um acto com carácter decisório


Trata-se de projectar as consequências jurídicas do acto, na esfera jurídica de
alguém, alterando assim, a sua situação jurídica perante a Administração Pública.

Principais características do acto administrativo

1. Autoridade
Traduz-se na obrigatoriedade do acto administrativo para todos
aqueles relativamente a quem ele produza os seus efeitos

2. Revogabilidade limitada
Decorre da necessidade de equilíbrio entre a permeabilidade dos
actos administrativos à variação dos interesses públicos que visam
promover e a protecção da confiança dos particulares.

3. Presunção de legalidade
Decorre do princípio da legalidade e justifica aspectos como a
ilegalidade da oposição do direito de resistência a actos
administrativos anuláveis e o efeito meramente devolutivo do recurso
contencioso

42
Natureza jurídica do acto administrativo

O acto administrativo distingue-se da sentença judicial

Pois contrariamente a esta…

 Não visa a composição de um litígio, embora possa encerrá-lo ou iniciá-lo

 Encara a aplicação do direito como um meio (de prosseguir fins públicos)


e não como um fim em si (a prossecução do interesse público aplicação da justiça)

 É modificável, não tendo o valor de verdade legal associado ao caso julgado

O acto administrativo distingue-se do negócio jurídico

Pois…

 Não prossegue um fim privado

 Apresenta como suporte a vontade normativa em vez da vontade


psicológica

Estrutura do acto administrativo

O autor

O destinatário 43
Subjectivos

O conteúdo
Objectivos O objecto
Elementos
Os motivos (porquê?)
Funcionais
O fim (para quê?)

A forma
Formais As formalidades

Acto
Administrativo Requisitos - (exigências legais relativamente a cada elemento do acto)

Pressupostos (situações de facto legalmente essenciais à prática do acto.

Audiência dos interessados, previamente à tomada de decisões


susceptíveis de colidir com os seus interesses.

Expressa
Fundamentação dos actos De facto e de direito
Essenciais Clara, coerente e completa

Notificação dos actos

Formalidades Não essenciais


(em especial)
Supríveis

Insupríveis

Elementos do acto administrativo

Elementos subjectivos do acto administrativo


São os sujeitos jurídicos envolvidos ou afectados pela sua prática
44
 O autor
Na maioria dos casos um órgão da Administração Pública.

 O destinatário
Um particular ou outra pessoa colectiva pública

Elementos objectivos do acto administrativo

 O conteúdo (ou objecto imediato)


Integrado pela conduta voluntária e pelas cláusulas acessórias que
possam existir.

 O objecto (objecto mediato)


A realidade sobre que o acto incide ( ex: o terreno expropriado)

Elementos funcionais

 Os motivos (por quê ?)


As razões de decidir do seu autor

 O fim (para quê?)


Os objectivos que com ele se prosseguem.

Elementos formais

 A forma
Consiste no modo de exteriorização da vontade administrativa.

Forma escrita : é a regra geral para os actos dos órgãos singulares.


Forma oral : é a regra geral para os actos dos órgão colegiais

 As formalidades
Ritos destinados a garantir a correcta formação ou execução da
vontade administrativa ou o respeito pelos direitos e interesses dos
particulares

Formalidades em especial

Formalidades essenciais
As formalidades que não são possíveis de dispensar, sob pena de
invalidade ou de ineficácia.
45
Formalidades não essenciais
As formalidades que podem ser dispensadas

Formalidades supríveis
Aquelas cuja falta no momento adequado ainda pode ser corrigida pela
respectiva prática actual, sem prejuízo do objectivo que a lei procurava
atingir com a sua imposição naquele momento.

Formalidades insupríveis
As formalidades cuja falta não é susceptível de ser remediada, uma vez
que já foi precludido o objectivo prosseguido pela lei com a sua
imposição.

Princípio geral em matéria de formalidades :

Todas as formalidades legalmente prescritas são essenciais…

Excepto:

 As que a lei considere dispensáveis

 As que revistam natureza meramente interna

 Aquelas cuja falta não tenham impedido o alcance do objectivo


visado pela lei ao prescrevê-las

As principais formalidades prescritas pela lei

1. Audiência dos interessados (arts. 267°/5 CRP e 100° CPA)


previamente à tomada de decisões administrativas susceptíveis de
contender com os seus interesses

2. Fundamentação dos actos administrativos (arts. 268°/3 CRP e 124° e


125° CPA) Exposição das razões da sua prática.

3. Notificação dos actos administrativos (arts. 268°/3 CRP e 66° CPA)


Instrumento para levar estes ao conhecimento dos interessados

Princípios legais em matéria de fundamentação

Art.124° CPA
46
Enumera os actos administrativos que devem ser fundamentados:

 Os actos desfavoráveis aos interessados


 Os actos que incidam sobre anteriores actos administrativos
 Os actos que reflictam variações no comportamento administrativo

Art. 125° CPA


Estabelece as regras a que deve obedecer a fundamentação

A fundamentação deve ser:

 Expressa

 De facto e de direito
Tem de indicar as regras jurídicas que impõem ou permitem a tomada
de decisão e também tem de explicar em que medida é que a
situação factual, sobre a qual incide esta, se subsume às previsões
normativas das regras aplicáveis

 Clara, coerente e completa


A obscuridade, contradição ou insuficiência da fundamentação
equivalem à sua falta

A falta de audição dos interessados e as deficiências da


fundamentação repercutem-se na validade do acto administrativo

A falta de notificação afecta somente a eficácia

Tipologia dos actos administrativos primários

Acto primário
47
Incide pela 1ª vez sobre uma situação da vida.

Acto secundário
Tem por objecto um acto primário anterior
Ordens
Comandos proíbições
Directivas
Impositivos Punitivos
Ablativos
juízos
Autorização
Licença
Actos primários Subvenção
Conferir ou
Ampliar vantagens
Concessão
Delegação
Admissão

permissivos Isenção
Dispensa
Eliminar ou escusa
Reduzir encargos

Renúncia

Actos impositivos
Impõem uma conduta ou sujeitam o destinatário a certos efeitos jurídicos

Actos permissivos
Que possibilitam ao destinatário a adopção de um comportamento
positivo ou negativo

Comandos
Actos que impõem uma conduta, positiva (ordens) ou negativa (proíbições)

Directivas
Que determinam o resultado a atingir mas deixam liberdade quanto aos
meios a utilizar.

Actos punitivos
Que aplicam sanções

48
Actos ablativos
Que sujeitam o destinatário a um sacrifício (ex: expropriação por utilidade pública)

Juízos
São actos de qualificação (classificações e notações)

Autorização
Por via da qual um órgão da Administração Pública possibilita o
exercício de um direito ou de uma competência de outrem.

Licença
Através da qual um órgão da Administração Pública atribui a um
particular o direito de exercer uma actividade privada relativamente
proibida por lei

Subvenção
Pela qual um órgão da Administração Pública atribui a um particular uma
quantia em dinheiro destinada a custear a prossecução de um interesse
público específico.

Concessão
Por meio da qual um órgão da Administração Pública transfere para um
particular o desempenho de uma actividade pública.

Delegação
Através da qual um órgão da Administração Pública possibilita o
exercício de algumas das suas competências por parte de outro órgão
ou agente a quem a lei também as confere.

Admissão
Por via da qual um órgão da Administração Pública investe um particular
numa categoria legal, de que decorrem direitos e deveres.

Dispensas
Legitima o incumprimento de uma obrigação legal.

Isenção
Dispensa em atenção a outro interesse público

Escusa
Dispensa como forma de procurar garantir o respeito pelo princípio da
imparcialidade
49
Renúncia
Através da qual a Administração Pública se despoja da titularidade de
um direito disponível.

Principais classificações dos actos administrativos

Decisões - órgãos singulares

Deliberações - órgãos colegiais


Quanto aos
sujeitos Actos simples
Co-autoria
Actos complexos
Classificações dos Co-responsabilidade
Actos administrativos
Actos de execução instantânea
Actos de execução continuada
Quanto aos Actos positivos
efeitos Actos negativos
Actos constitutivos
Actos declarativos

Os actos administrativos lesivos (art. 51° /1 CPTA)


Constituem actos administrativos lesivos aqueles actos administrativos
que afectem negativamente, ou sejam susceptíveis de afectar num
futuro próximo provável, a esfera jurídica de outrem.

Casos que podem levantar dúvidas quanto ao seu carácter lesivo:

Actos praticados no decurso do procedimento administrativo, sem que


consubstanciem uma decisão final deste, favorável ao interessado:

 A promessa
 A decisão prévia
 A decisão parcial
 A decisão provisória
 A decisão precária
A execução do acto administrativo
( artigos 149° a 157° do CPA)
50
Destacam-se:

 P°. da autotutela executiva ou privilégio de execução prévia


(art. 149°/2 CPA)

 P°. da tipicidade das formas de execução (art. 149°/ 2 CPA)

 P°. da proporcionalidade (art. 151°/ 2 CPA)

 P°. da observância dos direitos fundamentais e do respeito devido à


pessoa humana (art. 157°/ 3 CPA)

 Regra do acto administrativo prévio (art. 151°/1 CPA)


A actividade material da Administração Pública, quando contrária à
lei, tende a ser encarada como a execução de um acto administrativo
que deveria ter sido praticado, e não foi.

 A proibição de embargos (art. 153° CPA)

Execução por via administrativa

3 Formas de execução do acto administrativo:

 O pagamento de uma quantia em dinheiro (pagamento de quantia certa)

 A entrega de uma coisa (entrega de coisa certa)

 A adopção de um comportamento material (prestação de facto)

O pagamento de uma quantia certa tem carácter judicial, ( arts. 148° e ss. CPPT)

Somente a entrega de uma coisa certa e a prestação de facto


merecem a qualificação de execução por via administrativa

Validade e eficácia do acto administrativo


51
Validade do acto administrativo
É a aptidão intrínseca do acto para produzir os efeitos jurídicos
correspondentes ao tipo legal a que pertence, em consequência da sua
conformidade com a ordem jurídica.

Invalidade do acto administrativo


É o juízo de desvalor emitido sobre ele em resultado da sua
desconformidade com a ordem jurídica.

Eficácia do acto administrativo


É a efectiva produção de efeitos jurícos.

Requisitos de validade

Competência do autor do acto (art. 123°/1a CPA)


Quanto aos
sujeitos Identificação do destinatário do acto(art.123°/1b CPA)
Requisitos de Quanto à
Observância da forma legal (art. 122° CPA)
Validade forma Cumprimento das formalidades essenciais
Exercício dos poderes discricionários por um motivo principalmente
Quanto ao determinante correspondente à finalidade para que a lei atribuiu ao
autor do acto administrativo a competência para o praticar
fim

Requisitos de eficácia

Publicidade (arts. 130° e 131° CPA)


É consubstanciada na respectiva publicação, quando exigida

Notificação (arts. 132° e 66° a 70° CPA)


Aos interessados
São também requisitos de eficácia:
Aprovação tutelar
De que o acto eventualmente careça  a condição suspensiva e o …
 termo suspensivo
aos quais o acto eventualmente esteja
Controlo preventivo do T.C. sujeito.
52
Quando a ele houver lugar

Causas da invalidade do acto administrativo

Usurpação do poder
Orgânicos
Absoluta
Incompetência relativa

Vícios do acto Formais Vício de forma


(ilegalidade)

Desvio de poder
Causas da materiais
Invalidade Violação de lei

Erro
Vícios da vontade Dolo
Coacção
Incapacidade acidental

Vícios orgânicos:

Usurpação de poder
Ofensa por um órgão da Administração Pública do princípio da
separação de poderes, por via da prática de acto incluído nas
atribuíções do poder judicial ou do poder legislativo.

Incompetência
Consubstancia-se na prática por um órgão de uma pessoa colectiva
pública de um acto incluído nas atribuições de outra pessoa colectiva
pública.

Vício de forma (vícios formais)


Consiste na carência de forma legal ou na falta de formalidades
essenciais.

Vícios materiais:

Desvio de poder
Traduz-se no exercício de um poder discricionário por um motivo
principalmente determinante desconforme com a finalidade para que a
lei atribuiu tal poder.
53
Violação de lei
Consiste na discrepância entre o objecto ou o conteúdo do acto e as
normas jurídicas com que estes deveriam conformar-se.

Regimes da invalidade
(revisão da matéria de introdução ao estudo do direito)

Invalidade e ineficácia dos actos jurídicos


Quando a sanção jurídica, se traduz pela negação dos efeitos a que os actos
tendiam.

Ineficácia absoluta

Ineficácia em sentido estrito


Ineficácia em Ineficácia relativa
sentido amplo (negócios bifrontes
(Total ou parcial Nulidade

Invalidade Anulabilidade

Inexistência

Ineficácia em sentido amplo


Quando por qualquer motivo legal o negócio jurídico não produz, no todo
(ineficácia total) ou em parte (ineficácia parcial), os efeitos a que tenderia.
Invalidade
A que provém de uma falta ou irregularidade dos elementos internos ou
essenciais do acto (falta de capacidade, impossibilidade física ou legal do objecto, ilicitude)

Ineficácia em sentido estrito


A que decorre da falta de uma circunstância externa que integra a situação
de facto produtora de efeitos jurídicos

Ineficácia absoluta
É a que pode ser invocada por qualquer interessado e actua
automaticamente. (“Erga Omnes”).
É o negócio sob condição suspensiva, quando essa condição não se verifique. Neste caso o negócio
não produz quaisquer efeitos, nem sequer entre as partes.

Ineficácia relativa

54
É a que opera apenas em relação a certas pessoas, em favor das quais foi
estabelecida e só por elas pode ser invocada.

Ineficácia total e ineficácia parcial


É total ou parcial, consoante ela afasta todos ou apenas parte dos efeitos do
negócio
Invalidade dos negócios jurídicos
A que provem de uma falta ou irregularidade dos elementos internos ou
essenciais do acto jurídico.

Inexistência
Quando nem sequer na aparência existe uma qualquer materialidade de um
negócio jurídico, ou existindo essa aparência, a realidade não lhe
corresponde.

A inexistência pressupõe um negócio que nem chegou a ser concluído


A nulidade pressupõe que o negócio jurídico foi concluído

Nulidade
Quando o negócio jurídico foi concluído sem os requisitos legalmente
necessários para a sua conclusão.

Diferenças entre inexistência e nulidade, quanto aos efeitos esperados:


 Um negócio inexistente não produz quaisquer efeitos.
Ex.: O negócio inexistente, art.293°CC, não poderá ser convertido, nem servir como justo título de
aquisição por usucapião, art.1259°CC)

 Um negócio nulo, embora não produza os efeitos esperados, pode


produzir efeitos secundários
Ex.: O negócio nulo pode ser convertido e servir como justo título de aquisição por usucapião).

Nulidade mista
A lei pode considerar mais adequado à defesa de certos interesses o
estabelecimento de um regime misto (art.1939° CC nulidade dos actos praticados pelo tutor)

A anulabilidade obedece a um regime destinado a salvaguardar os interesses privados

55
A nulidade obedece a um regime destinado a salvaguardar o interesse público

Regime da nulidade (art. 134° CPA)

 Ipso jure ou ipsa vi legis


A nulidade opera sem necessidade de qualquer declaração de vontade nesse
sentido e sem necessidade de qualquer sentença judicial para que produza os
seus efeitos.

 ex offício
Pode ser declarada pelo juiz, mesmo que ela não lhe tenha sido pedida por
qualquer das partes. A nulidade é de interesse público (art.286°CC)

 Absolutas
Podem ser invocadas por qualquer pessoa que tenha interesse em que não se
produzam em relação a si os efeitos do negócio.

Interessado, é qualquer pessoa titular de uma relação jurídica, afectada na sua consistência
jurídica (subadquirentes) ou prática (credores), pelos efeitos a que o negócio se dirigia.

 Insanáveis pelo decurso do tempo


quer dizer que são invocáveis a todo o tempo, quer por via da acção, quer por
via da excepção (art.286°CC) (podendo ser precludida pelo regime da usucapião)

 Insanáveis por confirmação dos interessados


o negócio nulo não é confirmável, porque o interesse violado não está na
disponibilidade dos particulares. É um interesse público. (art.288°, a contrário)

Confirmação, quer dizer o acto pelo qual as pessoas legitimadas para invocar a anulabilidade declaram que
prescindem de a invocar, aprovando o negócio não obstante o vício de que enferma.

A confirmação opera retroactivamente, ex-tunc, apagando a anulabilidade

56
A reiteração é um negócio jurídico novo, por isso só opera ex-nunc

Regime da anulabilidade (art. 136° do CPA)

 O negócio anulável é eficaz, apesar de inválido


Pois produzirá normalmente todos os seus efeitos e se não for anulado no
prazo legal, torna-se válido

 não operam ipso jure ( quer por via de acção quer por via de excepção)
É preciso um acto de vontade da pessoa ou pessoas em favor das quais a
anulabilidade foi estabelecida para que ela seja declarada e produza os seus
efeitos.
O juíz não pode declarar ex- ofício a anulabilidade, mesmo que dela se aperceba

 Só podem ser invocadas por determinadas pessoas - (art. 287°/1 C.C.).


Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade, as pessoas titulares do
interesse, em consideração do qual foi estabelecido o requisito, cuja
infracção ocasionou a invalidade.

 São sanáveis pelo decurso do tempo


A lei civil estabelece o prazo de um ano para a arguição da anulabilidade (mas
enquanto o negócio não estiver cumprido, a anulabilidade pode ser arguida sem dependência de
prazo, quer por via de acção ou quer por via de excepção).

 São sanáveis por confirmação dos interessados


A confirmação tem eficácia retroactiva, mesmo em relação a terceiros , mas só
é eficaz quando for posterior à cessação do vício que lhe serve de
fundamento. (art.288°/4 CC)

Efeitos da declaração de nulidade e de anulação

 Operam retroactivamente, EX TUNC


Porque resultam de um vício intrínseco do negócio jurídico contemporâneo
da sua formação. (art.289° do C.C.)
57
 Não obstante a retroactividade
há lugar à aplicação das normas sobre a situação do possuidor de boa fé em
matéria de frutos, benefícios, etc, (art.289°/3)
 Em consonância com a retroactividade, reposição das coisas "in
pristinum", restituição recíproca (art.°290) em espécie ou valor correspondente
(art°289/1)
 O princípio da retroactividade levado às suas últimas consequências,
opera em relação às partes e também em relação a terceiros "in rem" e não
apenas "in personam". (Ver a esse respeito os arts. 289°/3, 243°e 291° do C.C.).

Regime da nulidade (João kaupers)

 A nulidade é insanável

 O acto nulo é passível de impugnação contenciosa ilimitada no


tempo

 Qualquer tribunal ou órgão da Administração Pública pode


declarar a nulidade.

 A sentença judicial que declare a nulidade tem natureza


declarativa.

 Assiste aos funcionários públicos confrontados com um acto


nulo o direito de desobediência.

 Assiste aos cidadãos confrontados com um acto nulo, o direito


fundamental de resistência. (art. 21° CRP)

Regime da anulabilidade

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 O acto anulável é eficaz até ser anulado, embora a anulação
produza efeitos retroactivos ao momento da sua prática.

 A anulabilidade sana-se pelo decurso do tempo. (art. 58°/2 CPTA)

 Apenas os tribunais administrativos podem anular um acto


administrativo.

 A sentença judicial de anulação tem natureza constitutiva.

 Não assistem aos funcionários públicos, o direito de


desobediência, nem aos cidadãos, o direito de resistência, uma
vez que o acto goza da presunção de legalidade até ser anulado.

Actos nulos Actos anuláveis

Actos… Actos…
 Viciados de incompetência absoluta  Viciados de incompetência relativa
 Viciados de usurpação de poder  Viciados por desvio de poder
 Que sofram de vício de forma, por  Que sofram de vício de forma, por
carência absoluta de forma legal. carência relativa de forma legal, (salvo
 Praticados sob coacção se a lei estabelecer para o caso a
 De conteúdo ou objecto impossível ou nulidade, de preterição de forma
ininteligível essencial)
 Que consubstanciem a prática de um  Praticados por erro, dolo ou
crime. incapacidade acidental.
 Que lesem o conteúdo essencial de
um direito fundamental

Sanação
Consiste na transformação de um acto anulável, num acto válido ou
insusceptível de impugnação contenciosa, ditada por razões de
segurança e certeza jurídica.

Causas de sanação

 O decurso do prazo mais longo de impugnação contenciosa.


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É a sanação "ope legis"(art. 58° /2a CPTA)

 A prática de um acto administrativo secundário. (art. 136° /1 CPA)

Efeitos da sanação

A sanação somente obsta à impugnação contenciosa do acto, não


extinguindo a obrigação de indemnizar com fundamento nos prejuízos
causados pelo acto.

Os actos secundários

Tipologia dos actos administrativos secundários

Aprovação
Integrativos Acto confirmativo
Ratificação confirmativa

Ratificação sanação
Sanadores Reforma
Actos conversão
Administrativos Suspensão
Secundários Modificativos Modificação
rectificação

Desintegrativos Revogação

Actos integrativos
Visam completar um acto administrativo anterior

Aprovação (e o visto)
Exprime a concordância com um acto definitivo praticado por outro
órgão (confere eficácia a uma decisão que era ineficaz)
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Acto confirmativo
Reitera e mantém em vigor um acto administrativo anterior da autoria do
mesmo órgão ou de um subordinado seu.

Ratificação confirmativa
Acto através do qual o órgão normalmente competente em certa
matéria, exprime a sua concordância com um acto praticado nessa
mesma matéria, em circunstância extraordinárias, por um outro órgão.

Actos sanadores
Visam eliminar a invalidade de acto administrativo anteriormente
praticado.

Ratificação sanação
Visa suprir a ilegalidade resultante da incompetência relativa do autor de
um acto anterior ou da falta de uma condição legalmente exigida para
que o seu autor o pudesse praticar

Reforma
Aproveita a parte não afectada por ilegalidade de um acto administrativo
anterior.

Conversão
Aproveita os elementos válidos de um acto administrativo anterior para
com eles construir um novo acto, este legal.

Actos modificativos

Alteram actos administrativos anteriores

Suspensão
Paralisa temporariamente os efeitos de acto administrativo anterior
(art. 150°/2 CPA)

Modificação
Substitui total ou parcialmente, um acto administrativo anterior.

Rectificação
Corrige erros manifestos, materiais ou de cálculo, de um acto
administrativo anterior (art. 148°/ CPA).
61
À suspensão e à modificação é igualmente aplicável o regime legal da revogação

Actos desintegrativos
O principal acto desintegrativo é a revogação

Revogação
Acto administrativo que visa destruir ou fazer cessar os efeitos de um
acto anterior

Quanto à iniciativa

Revogação fundada em invalidade


Revogação Quanto ao fundamento
Revogação fundada em inconveniência

Ab-rogatória, extintiva ou ex-nunc


Quanto aos efeitos Anulatória ou ex-tunc

Quanto à iniciativa

Espontânea ou retractação
Decidida por um órgão da Administração Pública

Provocada
Suscitada por um interessado

Quanto ao fundamento

Por Invalidade
Fundada em invalidade do acto revogado

Por inconveniência
Fundada em inconveniência do acto revogado

Quanto aos efeitos


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Ab-rogatória, extintiva ou ex-nunc
Faz cessar os efeitos do acto revogado para o futuro

Anulatória ou ex-tunc
Elimina retroactivamente os efeitos do acto revogado

 A revogação fundada em invalidade é anulatória

 A revogação fundada em inconveniência é, regra geral extintiva,


excepto quando o autor do acto de revogação, nos termos do artigo
145°/3 CPA lhe atribua eficácia retroactiva (art. 145°/1/2 CPA)

Não podem ser revogados os actos que não produzem efeitos


(actos nulos ou inexistentes e actos já anulados por um tribunal administrativo 139° CPA )

Regime legal da revogação


Constitutivos de direitos (irrevogáveis)

Válidos

Não constitutivos de direitos (revogáveis)


Actos a revogar

Inválidos - (Revogáveis)

Actos válidos constitutivos de direitos


São irrevogáveis,

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Excepto na parte em que forem desfavoráveis aos interessados ou
quando estes concordem com a revogação e não estejam em causa
direitos indisponíveis.

Actos válidos não constitutivos de direitos


São revogáveis,
Excepto quando praticados no exercício de poderes vinculados ou
quando deles resultem para a Administração Pública, obrigações legais
ou direitos irrenunciáveis.

Actos inválidos
São revogáveis,
Mas somente com fundamento em tal invalidade e dentro do prazo mais
longo para a interposição de recurso contencioso ou até à resposta da
entidade recorrida neste.

O acto revogatório de acto administrativo cuja revogação esteja legalmente proíbida é


inválido, por ilegalidade, sofrendo do vício de violação de lei.

Competência para revogar

Pertence …

 Ao autor do acto
 Aos seus superiores hierárquicos (salvo, por iniciativa destes, se se tratar de acto da
competência exclusiva do subordinado)
 Ao delegante
 Ao órgão que exercer tutela revogatória (excepcionalmente e nos casos previstos
na lei artigo 142° CPA)

À forma do acto de revogação aplica-se o princípio da identidade ou paralelismo de


formas do acto revogatório e do acto revogado. (art. 143° CPA)

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