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Rol. Soe. Paran. Mat. rev. 8 (1987) STRUTURA EM CIENCIA 0 CONCEITO DE ES Newton C. A. da Costa ABSTRACT ‘This 1s an expository paper in which the author treats some questions related to the axiomatic method in science. He discusses topics such as Hilbert's sixth problem, Bourbaki's concept of a species of structures, Suppes' set theoretical predicates, and the structuralist theory os science. The axiomatic, structural analysis of Scientific theories ie regarded as an important dimension of the philosophy of science, though there are other dimensions equally important, for instance the historical counterpart of the scientific activity. An example of axiomatization in physics 1s outlined: that of Maxwell's electromagnetic theory. |. O SEXTO PROBLEMA DE HILBERT Em sua célebre lista de problemas, Hilbert for~ mulou 0 sexto, intitulado 'Tratamento matematico dos axiomas da fisica', da seguinte maneira: "As investigagoes dos fundamentos da geometria sugerem o problema: Txatan, de maneina semethante, por meéio de axiomas, aquelas ciencias fisicas nas quats a makematica desempenha um papel importante; em primeino plano estao a teonia das probabikida - des e@ a mecanica." 1980 Mathematics Subject Classification (1985 Revision). Primary 00005, 03A05 "Investigagoes relevantes, feitas por fisicos, sobre os fundamentos da mecanica, ja existem;eu me ‘refiro aos escritos de Mach,...Hertz,...Boltzmann ...e Volkmann... . &, portanto, desejavel que a discussao dos fundamentos da mecanica seja levada a efeito também por matematicos. Assim, o traba ~ lho de Boltzmann sobre os principios da mecanica Sugere o problema de se desenvolver matematicamen~ te os processos limite, nele meramente indicados, que levam de um ponto de vista atomistico as leis dol GontTnuole Thversamenta; poder-se-ia tratar de derivar as leis do movimento dos corpos rigidos por um processo limite, a partir de axiomas en volvendo a idéia de variacao continua das condi ~ goes de um material que encha o espago de forma continua, condigoes essas definidas por parame tros. Porque a questao da equivaléncia de dife ~ rentes sistemas de axiomas é, sempre, de grande interesse teorico. "Se a geometria deve servir de modelo para © tratanents dos axiomas da fiaica, convem que se tente primeiramente, por meio de pequeno nimero de axiomas, delimitar uma classe, tao extensa quan to possivel, de fendmenos fisicos, e, entao, pela adicgao de novos axiomas, chegar-se gradualmente as teorias mais especiais. Ao mesmo tempo, o princi- pio de Lie da subdivisao talvez possa ser deduzi- do de uma teoria profunda dos grupos infinitos de transformagoes. 0 matematico tera de levar emcon- ta nao apenas as teorias proximas da realidade,mas, também, como na geometria, todas as teorias logi - camente possiveis. Ele precisa estar alerta para obter um inventario completo de todas as conclu - soes que sao conseqléncias do sistema de axiomas assumido. "Mais ainda, o matematico tem o dever de tes - tar exatamente, em cada instancia, se os novos axio- mas sao compativeis com os axiomas previamente ad- mitidos. 0 fisico, quando suas teorias se desenvol- vem, muitas yezes se encontra forcado, pelos resul- tados de suas experiéncias, a formular hipdteses no- vas; ele se baseia, para garantir a compatibilidade dessas hipoéteses com os axiomas anteriores, somente nas experiéncias efetuadas ou em certa intuigao fi- sica, pratica essa que na construcdo rigorosamente logica de uma teoria nao @ aceitavel. A demonstra ~ gao desejada de compatibilidade de todas as pressu- posigoes parece-me, também, de relevancia, pela circunstancia de que o esforco para se obter tal de- monstracao sempre nos conduz, mais efetivamente, a uma formulagao exata dos axiomas". (Hilbert [9].) A axiomatizagao das teorias fisicas e, em geral, das ciéncias empiricas & de grande relevancia.Wa va- rias razoes para esse fato. Entre outras, as seguin- tes: 1) Pela axiomatizacao os conceitos basicos da teoria ficam mais claros e se pode fazer uma idéia S35 4 mais perfeita do alcance e do significado da mesma; 2) A parte tedrica e a parte mais observacional da teoria, embora dificeis de serem separadas, se tor- nam mais nitidas; 3) As interconexoes entre a téo - ria axiomatizada e outras que ela pressupoe ou has quais @ utilizada volvem-se mais precisas; 4)A axio- matizagao permite que se fale, rigorosamente, dos modelos da teoria e que se empreguem resultados da logica e da matemdtica na sua investigagao metateo- rica (por exemplo, langando-se mao de teoremas de cepresentacao,e devinersdo (ef.*Suppes [21] e? (20mm 5) Para o filésofo da ciéncia a axiomatizagao tambér apresenta vantagens especiais. Assim,v.g., todos co- nhecem as interminaveis disputas filosdficas sobre © conceito de forga em mecanica racional. Para al = guns pensadores, como Kirchoff e Mach, o referido conceito constituiria um antropomorfismo que deve ~ tia ser eliminado dessa disciplina. Para outros,is= $0 nao precisaria ocorrer. Hoje, quando existem va- rias axiomaticas de boas partes da mecanica, pode ~ se provar, recorrendo-se ao conhecido teorema de Padoa, que a nogdo de forca nao pode ser eliminada | das axiomaticas existentes, em particular nao pode Ser eliminada por definigao. Esse resultado fez com que inimeras discussoes vagas e pouco produtivas ter minassem de vez. Outras vantagens filosdficas do mé- todo axiomatico poderiam ser arroladas, mas nao as &xPoremos aqui. Nao obstante tudo isso, nem sempre os cientistas ah i» parecem dar o devido valor ao método axiomatico. Por exemplo, H. Weyl escreveu o seguinte: "Ja antes da morte de Minkowski em 1909, Hilbert tinha comecado um estudo sistematico da fisica ted - rica, em estreita colaboragao com seu amigo, o qual sempre havia se mantido em contacto com a ciéncia vi- zinha. 0 trabalho de Minkwoski sobre a teoria da re- latividade foi o primeiro fruto desse estudo. Has bert o continuou ao longo dos anos e, entre 1920 e 1930, diversas vezes ensinou ou dirigiu seminarios sobre tépicos de fisica. Ele apreciava grandemente esta ampliagao de seu horizonte e a colaboragao com os fisicos. Porém, os resultados conseguidos aif, = cilmente podem ser comparados com suas realizagoes na matematica pura. A massa dos fatos experimentais que o fisico tem de levar em conta @ muito variada, sua expansao deveras rapida e seu aspecto e peso relati-~ vo extremamente mutaveis, para que o método axioma - tico encontre base suficientemente firme para sua aplicacgao, com excessao das partes ja inteiramente consolidadas de nosso conhecimento fisico. Homens co~ mo Eistein ou Niels Bohr abrem caminho no escuro, ao estabelecerem suas concepgoes da relatividade geral ou da estrutura atémica, por meio de um tipo de ex ~ periéncia e de imaginacao diverso do utilizado pelo matematico, embora nao haja divida de que a matema tica constitui um de seus ingredientes essenciais. mais perfeita do alcance e do significado da mesma 2) A parte tedrica e a parte mais observacional da teoria, embora dificeis de serem separadas, se toy nam mais nitidas; 3) As interconexoes entre a teo - ria axiomatizada e outras que ela pressupoe ou. nas quais é@ utilizada volvem-se mais precisas; 4)A axio matizagao permite que se fale, rigorosamente, dos modelos da teoria e que se empreguem resultados da légica e da matematica na sua investigagao metateg- rica (por exemplo, langando-se mao de teoremas de cepresentacao e de imersao (cf. Suppes [21] e [23}) 5) Para o filésofo da ciéncia a axiomatizagao també apresenta vantagens especiais. Assim,v.g., todos co nhecem as intermindveis disputas filosdficas sobre 0 conceito de forga em mecanica racional. Para al = guns pensadores, como Kirchoff e Mach, o referido ue deve ~ conceito constituiria um antropomorfismo q ria ser eliminado dessa disciplina. Para outros,is~ so nao precisaria ocorrer. Hoje, quando existem vaq anica, pode - de rias axiomaticas de boas partes da mec se provar, recorrendo-se ao conhecido teorema eliminada Padoa, que a nogao de forga nao pode ser das axiomaticas existentes, em particular nao podé ser eliminada por definigao. Esse resultado fez com que indmeras discussoes vagas e pouco produtivas ter minassem de vez. Outras vantagens filosdficas do me todo axiomatico poderiam ser arroladas, mas nao as exporemos aqui. Nao obstante tudo isso, nem sempre os cientistas -4 ey parecem dar o devido valor ao método axiomatico.Por exemplo, H. Weyl escreveu o seguinte: "Ja antes da morte de Minkowski em 1909, Hilbert tinha comegado um estudo sistematico da fisica teo - rica, em estreita colaboragao com seu amigo, o qual sempre havia se mantido em contacto com a ciéncia vi- zinha. 0 trabalho de Minkwoski sobre a teoria da re- latividade foi o primeiro fruto desse estudo. Hil - bert o continuou ao longo dos anos e, entre 1920 e 1930, diversas vezes ensinou ou dirigiu seminarios sobre topicos de fisica, Ele apreciava grandemente esta ampliagao de seu horizonte e a colaboragao com os fisicos. Porém, os resultados conseguidos difi - cilmente podem ser comparados com suas realizacgoes na matematica pura. A massa dos fatos experimentais que o fisico tem de levar em conta @ muito variada, sua expansao deveras rapida e seu aspecto e peso relati~ vo extremamente mutaveis, para que o método axioma ~ tico encontre base suficientemente firme para sua aplicagao, com excessao das partes ja inteiramente consolidadas de nosso conhecimento fisico. Homens co~ mo Eistein ou Niels Bohr abrem caminho no escuro, ao estabelecerem suas concepcgoes da relatividade geral ou da estrutura atomica, por meio de um tipo de ex ~ periéncia e de imaginagao diverso do utilizado pelo matematico, embora nao haja divida de que a matema - tica constitui um de seus ingredientes essenciais. Deste modo, os vastos planos de Hilbert em fisica munca amadureceram”. (H.Weyl, reproduzido em Wight - man [24], p. 157.) A apreciagao de Weyl, pelo menos no tocante ao papel do método axiomatico em fisica, &@ enganosa. Hoje nao se pode discutir a importancia da axioma- tizagao nas ciéncias fisicas e, falando de maneirg ampla, em todas as ciéncias empiricas, tanto natu~ ais quanto humanas. Com relacgao a esse ponto, 880 pertinentes as seguintes palavras de Wightman: "Uma grande teoria fisica nao se acha madura até que haja sido colocada em forma precisa, mate~ maticamente falando, e @ muitas vezes somente nes~ sa forma que ela admite respostas claras a proble~ mas conceituais. Nesse sentido, embora a mecanica quantica tenha sido descoberta em 1925-26,ela nao ge tornou teoria madura até o aparecimento do Lin vro de von Neumann. Assim, nao obstante von Neumann mao .e™ contribuido para sua descoberta, ele teve muito a ver com a criagao da mesma como teoria ma~ tal como a conhecemos hoje. Dessa maneira, 0 aura, metodo axiomatico de Hilbert mostra-se relevante para a fisica". (Withtman [24], p. 158.). Alias, todo o artigo de Siti contém uma de~ pes do método axiomatico em fisica, analisando eae ner uaecamente: seu papel nas teorias fisicas centrais da atualidade. As obras de outros autores, como Suppes (ver gs upPpes (21] , (22) e (23), confirmam tudo o que aca - pamos de asseverar. =6- ——_ As axiomatizacoes da mecanica classica das par- ticulas (McKinsey et alii.[13]), da teoria da medi- cao (Krantz et alii.[12]), da mecdnica classica dos corpos rigidos (Adams[1]), da teoria tradicional da probabilidade (Kolmogorov (10]), dos graus de crenga racional (Suppes[23]) e da teoria do aprendizado (Suppes (23]) lancaram nova luz nos fundamentos da ciéncia e, presentemente, o fildsofo da ciéncia nao as pode ingorar. As concepgoes sobre 0 espago e o tempo tém que se encontrar intimamente ligadas is axiomatizagoes da geometria usual e da geometria do espago~ tempo (por exemplo, das axiomatizagoes da relatividade restrita). 0 fildsofo, para discorrer sobre o es ~ pago e o tempo, de modo sensato, necessita estar a par das investigagoes axiomaticas referentes a es~ ses dois conceitos fundamentais; nogoes como as de corte de Dedekind e de continuo segundo Cantor afi- guram-se basicas neste contexto. Mais ainda, obras e resultados técnicos como os de Pash (o primeiro, em 1882, a apresentar uma sistematizagao precisa da geometria comum como disciplina fisica), de Peano (quem formulou, em 1889 pela primeira vez, uma axiomatica da geometria como ciéncia pura, matema- tica), de Grassmann, de Pieri e de Hilbert ( autor da mais célebre e detalhada analise axiomatica da geometria euclidiana, por volta de 1900) possuem significado nao apenas matematico, mas, também, fi- losofico. Indagagoes como as que acabamos de men ~ q- cionar nos ajudam, sem davida, a entender melhor 9 significado do conceito de espago, o que é tarefa de carater filosofico: com efeito, uma das final{- dades da filosofia consiste precisamente em escla- recer conceitos basicos e ultimos. ai 0 CONCELTO DE ESTRUTURA DE BOURBAKI 0 método axiomatico, na matematica usual,é sua propria esséncia. 0 rigor, nessa ciéncia, pode ser jdentificado com o maior ou menor grau com que Se utilizam os canones desse método. Como ja. afirmatg mos em outra oportunidade: "Para se estudar uma teoria pelo método axio - matico, procede-se assim: escolhe-se certo nimero de nocoes e de proposigoes primitivas, suficientes para sobre elas edificar a teoria, aceitando-se Ou-~ tras idéias ou outras proposigoes so mediante, res~ pectivamente, definigoes e demonstragoes$ obtém-se, dessa maneira, uma axiomatica material da teoria dada; em seguida, deixam-se de lado os significa = dos intuitivos dos conceitos primitivos, conside - yando-0s como termos caracterizados implicitamente pelas proposigoes primitivas. Procuram-se, entao, as conseqliéncias do sistema obtido, sem preocupa — g ao com a natureza ou com o significado inicial des~ ges termos ou das relagoes entre eles existentes. pstrutura-se, assim, o que se denomina uma axtoma- Ln» ee) tica abstnata, "9 método axiomatico @ de grande relevancia.Em primeiro lugar, conduz a economia de pensamento; quando se estuda uma axiomatica abstrata, esta- se teoria simultaneamente, tratando de diversa saber, todas as que se ‘enquadram' na axiomaticaem aprego. Em segundo, podem-se investigar, por seu omo o da intermédio, problemas relevantes, tais equivaléncia de duas teorias, independéncia de axio~ mas, etc." (da Costa [6], p.31.). "Mas o método axiomatico nao serve unicamente para economizar pensamento e sistematizar teorias. Ele constitui otimo instrumento de trabalho e de pesquisa no dominio da matematica. Assim, por exenr plo, grandes avancos feitos em nosso século em al- gebra, em topologia e em outros ramos da matemati-~ ca, encontram-se relacionados, de modo intimo, com o método axiomatico. De um modo geral, as disci hodiernamente, de plinas dedutivas fundamentam-se, acordo com as normas do método em questao. Apenas os intuicionistas (Brouwer, Heyting, .-.) nao con~ ferem tanto valor a esse método, embora ele tenha sido empregado, com algum proveito, também em ma ~ tematica intuicionista." (da Costa [6], p.33.)- Com Bourbaki (ver Bourbaki(2] e [3]) 0 método axiomatico alcanga alto nivel de precisao e de de- senvolvimento. As axiomatizagoes das diversas teo- e na rias matematicas, propriamente ditas, faz-s teoria dos conjuntos, esta Ultima convenientemente 0) axionatizadas Pura o auton francés , axiomatizar uma teoria matematica consiste, essencialmente, em se cons definir uma especie de estrutuna em teoria dos juntos. Assim, por exemplo, a teoria dos grupos @ 9 estudo de certa espécie de estrutura (conjuntista), omposta por um conjunto e uma operagao binaria des finida nesse conjunto, sujeitos ambos a satis fazer certos axiomas, que nao passam de proposigoes con- juntistas. Semelhantemente, definem-se as teorias interesse para O ma — de ou especies de estruturas de tematico, tais como as espécies de estrutura corpo, de espacgo topologico, de corpo dos reais,de variedade diferenciavel, de espago vetorial e ro natural, teorta uclig diano, de geometria euclidiana e de nime Assim, para Bourbaki, axéomatizacgao de uma matematica e definicdo de uma especie de estrutuna sao expressoes sindnimas- Na matematica do século passado estudavam ~ se principalmente espécies de estruturas univalentes, isto €, tais que dois modelos dessa espécie sao isomorfos ou praticamente o mesmo. Na matematica contemporanea, as espécies de estruturas tratadas sao gobretudo plurivalentes, ou seja, possuem mo- delog nao isomorfos. Embora o conceito de espécie de estrutura paé reca na atualidade 6bvio e nao ofereca dificulda~ deg conceituais, custou muito esforgo chegar-se a0 nray de abstragao necessario para defini-lo. Es ~ creye Bourbaki a esse respeito: i> S103 portanto, tentador asseverar que a moderna nogao de ‘estrutura' existia substancialmente por volta de 1900, mas de fato outros trinta anos de preparacao se evidenciaram necessarios, antes de sua completa aparigao. Certamente nao é dificil reconhecer estruturas da mesma espécie quando elas sao de natureza suficientemente simples; com as es- truturas de grupo, por exemplo, isto se alcangouem meados do século dezenove. Porém, no mesmo periodo, Hankel estava ainda lutando, sem sucesso total, para extrair as idéias gerais de corpo e de extensao de corpo, que ele manejou para expressa-las apenas na forma semi-metafisica de um ‘principio de perma ~ nencia'..., e que foram definitivamente formuladas por Steinitz quarenta anos depois. Mostrou-se es ~ pecialmente diffcil se escapar do sentimento de que os objetos matematicos sao 'dados' junto com suas. estruturas,e tardou diversos anos de analise fun - cional para fazer com que os matematicos se fami - liarizassem com a idéia de que, por exemplo, exis tem varias topologias 'naturais' no conjunto dos numeros racionais e varias medidas na reta real.Com esta dissociagao, a passagem a definigao geral de estrutura... se efetuou finalmente.” (Bourbaki(3], pp. 317-318). m nossos dias nao se discute mais a convenien- cia do conceito de estrutura matematica ou, o que da no mesmo, do método axiomatico. Poderiamos,mes— mo, severar que a matematica usual 6 o estudo are das estruturas conjuntistas, segundo Bourbaki. als OS PREDICADOS CONJUNTISTAS DE SUPPES P. Suppes, desde a década de 50, tem insistido nas vantagens de se axiomatizar as diversas teo - em parte talvez ins’ = rias das ciencias empiricas, pirado por Bourbaki. Em geral, quando se pensa em axiomatizar Uma teoria cientifica, tem-se em vista definir uma lin- guagem artificial, normalmente fundada no calculo de predicados de primeira ordem, Nao obstante,tra~ tar teortas como aimecanica de particulas, a rélae tividade restrita ou o calculo de probabilidades, desse modo seria uma tarefa hercilea e sem grande significado. Nas ciéncias fisicas, por exemplo,es~ te modo de proceder nao contribuiria em nada para tarefa do fisico nem para os objetivos do filo ~ sofo da ciéncia; somente complicaria e mascararia uma atividade informal, em que a intuigao desempe~ nha contraparte saliente. 0 aporte capital de Sup~ pes foi o de evidenciar que as axiomatizagoes de yeriam ser feitas na teoria dos conjuntos, mesmo dentro da teoria ingénua. Por tal caminho, obtém ~ se axiomaticas manipulaveis e particularmente sig~ nificativas. A tarefa de axiomatizagao pode, entao, acompanhar de maneira natural a indagagao do cien= tista e contribuir para a elucidagao da tecidura =12- ih légica da rede conceitual empregada pelo cientista para apreender o real. Para Suppes, como para Bourbaki no tocante a matematica, axiomatizar uma teoria cientifica equi- vale a definir uma espécie de estrutura (conjuntis~ ta). Desde que para se definir uma tal espécie de estrutura, deve-se fazer isso por meio da lingua ~ gem da teoria dos conjuntos, isto @, apresentar uma formula desta linguagem, ou um predicado conjuntis~ ta na terminologia do fildsofo norte-americano, que defina a espécie de estrutura, compreende-se entao seu lema: Axiomatizan uma teonia consiste em se de- binin um predicado confuntista. Gracas aos esforcos de Suppes, de seus discipu- los e de outros pesquisadores, varias teorias foram axiomatizadas pela introdugao de predicados conjun- tistas ou de espécies de estruturas, como ja aludi- mos anteriormente. Convém insistir em que a axioma~ tizagao mostrou-se de enorme utilidade como inst run mento sistematizador e como processo de esclareci mento técnico - matematico e filosdfico. Como o conhecimento cientifico €@ conhecimento conceitual e como as operagoes e relagoes conjun ~ tistas refletem bem as operacoes e relagoes con ceituais, verifica-se que a teoria dos conjuntos constitui-se em ferramenta imprescindivel para a atividade conceitual, racional, da ciéncia. Esta @ uma das razoes da fecundidade do método estrutural em todas as ciéncias, formais ou reais (isto e,em- =139= | j | piricas). iss AS ESTRUTURAS NAS CIENCIAS EMPTRICAS Comecaremos esta segao com alguns coment atjos de natureza geral e, apés, damos um exemplo de es- pécie de estrutura em £81. A nogdo de espécie de estrutura de Bourbakj é@ demasiadamente sintatica (ver [2] e[3]): ele hao leva em conta os novos métodos da semantica logi- ca ou teoria dos modelos. Por outro lado, a Boxao de predicado conjuntista de Suppes é muito geral: nem todo predicado conjuntista define uma especie de estrutura matematica, como é facil de se cohs- tatar. Pecieseaave Gutras cazoes, da Coste © Chuaqui [vases [S\tapresentardm uma nova teoria das espeg cies de estrutura ou, o que quer dizer a mesma coisa, do método axiomatico. A nova teoria nao di fere essencialmente das de Bourbaki e de Suppes, mas permite um tratamento semantico das estrutu - ras e as define de forma bem mais conveniente.As- sim, todo o aparato matematico da teoria dos mo - delos pode ser facilmente aplicado na teoria das espécies de estruturas, tenham elas origem pura mente matematica ou provenham das ciéncias empi - ricas. Mas 6 preciso deixar claro que qualquer es trutura, uma vez definida rigorosamente, indepen- dentemente de sua origem, converte-se em objete edie matematico. Vejamos, agora, um exemplo de axiomatizagao de teoria fisica. Deixemos claro, no entanto, que nao o trataremos com rigor, nem com todos os detalhes. 0 leitor nao familiarizado com a matematica e a fisica pode omitir o resto desta segao. A teoria eletromagnética de Maxwell @ bem co- nhecida como uma das maiores proezas da fisica teo- rica, Nela o genial fisico sistematizou grande por- gao da eletricidade e do magnetismo, unificando es- sas duas categorias de fenomenos. A respeito da teoria de Maxwell, diz H. Hertz o seguinte "Para a questao '0 que é a teoria de Maxwell?' nao conheco resposta mais curta ou mais definida do que a seguinte: a teoria de Maxwell é& 0 sistema das equagoes de Maxwell. Qualquer teoria que con ~ duza ao mesmo sistema de equagoes e que, portanto, englobe os mesmos fendmenos possiveis, eu conside- raria como forma ou caso especial da teoria de on - Maxwell...Maxwell chegou a elas partindo do ceito de agao a distancia e atribuindo ao eter as Propriedades de um meio dielétrico altamente pola-~ rizdvel. Podemos, também, obté-las por outros meios. Mas de nenhum modo se pode deduzir diretamente tais equagoes da experiéncia. Parece mais logico, por conseguinte, encara-las independentemente da ma ~ considerando-as neira pela qual foram encontradas, como suposigoes hipotéticas, e deixar sua probabi- lidade depender do enorme nimero de leis naturais =e que elas abrangem. Se adotarmos essa posigao, pow demos dispensar numerosas idéias auxiliares que tornam a compreensao da teoria de Maxwell deveray dificil, em parte pela razao de que elas realmeny te nao possuem nenhum significado se nos final © mente excluirmos a nogao de agao a distancia di Fema *Gver ‘O'Ratildy [15], p. 179.)-. FE licito, por conseguinte, axiomatizar a teov ria de Maxwell por meio da seguinte definigao,que Caracteriza uma espécie de estrutura bem determix Dat Um sistema eletromagnético de Maxwell quintupla M = (E,H,J, ¢,T>, onde: 1) T @ um in » tervalo de numeros reais, denominado de intervalg nada (e puramente matemati é€ uma de tempo; 2) E,H e J sao trés campos vetoriais, fungoes das coordenadas espaciais e do tempo,esta ultima variavel tendo por dominio T, e chamados, respectivamente, de campo elétrico, campo magné ~ tico e intensidade da corrente; supoe-se que suas componentes possuem derivadas continuas, salvo em um numero finito de quadruplas (x,y,z,t), com ¢ em T; 3) 6 € uma fungao escalar do espago e do tempo, denominada densidade elétrica. Além disso, devem ser satisfeitos os seguintes axiomas(equa- goes de Maxwell; certos coeficientes sao omitidos, Para simplificar): } 7 E div Exp, div H=0, rot E=- as » rot Hest tJ. ane © Da definicgao precedente, da espécie de estru- tura 4éstema eletnomagnetico de Maxwell, deduzem- se todas as aplicagoes e teoremas da teoria max desde que se adi- welliana, de carater matematico, cionem certas suposigoes extras, como as chamadas condigoes de contorno e as condicoes iniciais(ver por éxemplo, Buck’ [5], Koshlyakow et alii. [li] e O'Rahilly [15)). 5. A TEORIA ESTRUTURAL DA CIENCIA Por teoria estrutural da ciéncia se entende, hodiernamente, as concepcées de Sneed(17] e de StegmUller (18}, [19] e [20], bem como de seus sim- patizantes, por exemplo Moulines [14] e Balzer [4] (ver o artigo expositivo de Sadegh-zadeh [16]).Tra~ ta-se de uma visao da ciéncia, em especial da fi - sica, deveras interessante, e que merece ser cul ~ a ion |) = tivada e desenvolvida. Os partidarios d rente utilizam muito 0 método axiomatico e o pro prio Stegmilller coloca como subtitulo de uma de suas obras (StegmUlller [20]) o seguinte: Um posst- vel analogo do Programa de Bounbaki em filosofia da cééncda, Mas o fato € que o emprego do método axioma co em teoria da ciéncia e, portanto; do conceito de pécie de estrutura, nao se limita aos trabalhos de autores como Sneed, Stegmilller e seus sepuide — 2475 res. Perquirigoes matematicamente mais substan - ciais foram feitas por especialistas que nao per- emplo, Suppes, Adams tencem a essa escola, por e% e os autores citados em Wightman [24]. A1ém domais, esse tipo de investigacao também se inclui no do - minio da fisica tedrica e de outras disciplinas ,de modo que nao é patrimonio dos membros da correnta estrutural em filosofia da ciéncia. Por conseguinte, parece-nos razoavel empregar a gugestiva expressao teorta estnutural da céén - cia de modo bem geral, como sinonima de analise axgomatico-estrutunal da ciéneia, para designar as investigacoes axiomatico-estruturais das disci + plinas cientificas, independentemente de posigoes estritamente filoséficas. Entao, a diretriz de Sneed e Stegmllller poderia ser batizada de teonria estrutunalista da céencia. Se nossa sugestao for aceitavel, a teoria es~ trutural da ciéncia, ou analise axiomatico-estrum tural das disciplinas cientificas, denotara um ramo absolutamente nuclear da teoria ou filosofia da ciénc a, e se situara dentro dos limites que Hilbert impos ao 'tratamento matematico dos ax1o~ mas’ das ciéncias empiricas. Porém, @ preciso que se insista em que tal ramo nao esgota toda a fi 3 losofia da ciéncia. A dimensao historica referen-~ te a evolucao cientifica, v.g., fica fora dele. Também se deve observar que o proprio concei-~ to de axiomatizagao se transforma. 0 método axio- para matico de Peano e Hilbert, lingliistico e formal ,di- fere bastante da concepgao bourbakista, conjuntista e estrutural. Nao somente as ciéncias formais e as reais progridem e se modificam, mas algo similar ocorre com a propria maneira de de codificar e in - terpretar as diversas disciplinas cientificas. Em sintese, nao somente a ciéncia muda, mas também a sua filosofia, inclusive sua metodologia. Na andlise estrutural da ciéncia, uma das di ~ mensoes da teoria da ciéncia, fundem-se, portanto, tendéncias sumamente relevantes: as questoes relaq cionadas ao sexto problema de Hilbert, o conceito de espécie de estruturas de Bourbaki, as pesquisas de Suppes e continuadores, os potentes métodos da teoria dos modelos da logica atual e os resultados e idéias dos estruturalistas em filosofia da cién- cia. De semelhante combinagao @ de se esperar bri-~ lhantes aquisigoes futuras. Nota. - Este artigo @ baseado numa conferencia feita pelo autor no Seminario de Logica do Depar tamento de Matematica da Pontificia Universidade Catélica de Sao Paulo, Brasil, em outubro de 1985, e foi redigido por Mineko Yamashita. =19= REFERENCIAS 1. E.W. Adams, ‘The foundations of rigid body mechanics and the derivation of its laws from those of particle mechanics’, em L. Henkin, P. Suppes and A. Tarski, editores, The Axiomatic Method, North-Holland, Tose 250-265. | 2. N. Bourbaki, Théorie des Ensembles (Chapitre 4, Structures), Hermann, 1957. 3. N. Bourbaki, Theory of Sets, Hermann-Addison~ Wesley, 1968. 4. W.- Balzer, Empirische Geometrie und Raum-Zeit- théonte ainiMengentheoretischer,Darate lungs Scriptor, 1978. . C, Buck, Advanced Calculus, McGraw-Hill, 1965. 6. N,C.4v.da Costa, Introdugao acs Fundamentoasi™ Matematica, HUCITEC, 1977. EN GHANddaeCosta,e R. Ghuaqui, ‘On Suppes' set- theoretical predicates (abstract)', Notices Amer.Math.Soc., (1985). SIAN CUAe da (Gostas.e.R. 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Departamento de Filosofia/USP Cidade Universit Sio Pavlo-sP Se Bol. Soe. Paran. Mat. 2! ser. v. B (1987) OPERADORES ASSOCLADOS AO DERLVADO Jayme M. Cardoso Na topologia yeral manifesta~se uma + tralidade, que a cada operador f associa os operadores cf (complemen tar de f), fe (contradual de £) e cfe (dual de £)+ io caso em que £ @ Lecho (interior), entao cfc = i é@ interior (fecho), cf = e € 0 exterior (fecho do comple~ mentar) e fc = j @ o fecho do complementar (exterior). cic = jo= £ «—» e = ic = cje = cf | i = cj = cfc coe = ci = j = fo ~—> ec Em [1] definimos um operador n, por nds denominado integrado, que @ o dual do derivado d. Se X & conjunto nao vazio e T topologia para X, o integrado do conjunto SCX € © conjunto dos elementos x € tais que existe aberto AE 7, que contém x e (A - {x}) CS. 0 inteprado nS de $C X é, pois, o conjunto dos x EX, tais que aAeT: xe€Anr A- {xt es. a) Dualmente, 0 derivado dS de $C X @ © conjunto dos elementos x € X, tais que YAETi KXEA + A-ixhgcds. Q) A negagao de (1) fornece um conjunto €S, que sera de nominado (igads de $, dos elementos x € X, tais que V he % seme A> fale S.. QB) e @ facil verifiecar que o operador €, que a cada conjun to S X associa o Lligado $ de $ satisfaz as condigocs 1980 Mathematics Subject Classification (1985 Revision) .Primary 54-02.Secondary 47-03 -23-

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