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trica das Fungoes. As descobertas do seminario, muito a~ breviadas, foram divulgadas em russo e inglés pelo ramo de Leningrado do Instituto de Matematica Steklov no pre~ print E-5-84. De Branges prepara, no momento, para publi cagao, uma versao final de sua demons tragao. Embora o mais famoso problema da teoria das fungoes u nivalentes tenha sido resolvido, um rico legado de conhe cimento e técnicas permanece. Questoes importantes sobre a geometria de transformagdes conformes e sobre a estima para outras classes de fungoes um Falta ver como e tiva de coeficientes ~a-um e p-a-um permanecem sem resposta. quando os métodos especiais de de Branges podem se apli- mas parece certo que sua realizagao in car nestas areas, trabalho e interesse na teoria das fun centivara novo serem as ligagoes goes analiticas. Talvez se constate profundas e belas que ele estabelece entre analise com~ plexa, teoria da otimizagao, analise funcional e teoria das fungoes especiais, os mais importantes beneficios do trabalho de de Branges. St. Olaf College NORTHFIELD ~ Minnesota - USA Traduzido de FOCUS, The Newsletter of the Mathematical Association of America, v. 4 (1984), por Leo Barsotti, com autorizacao do editor e do autor. Sua publicagao foi possfvel gragas 4 colaboragao do Prof. L. Nachbin. a8 Bol.Soc.Paran.Mat. 24 ser. v.6 (1985) CIENCIA E VERDADE Newton C.A. da Costa "iMis contradicciones! {Ojala fueran mayores ! Ello seria indicio de juventud, flexibilidad y pujanza. S. Ramon y Caja. Obras literarias completas, Aguillar, 1961, p. 941. Nosso objetivo, neste trabalho, é esclarecer as rela~ goes existentes entre ciéncia e verdade, as quais se cor relacionam, principalmente, por vinculos probabilisticos. Ha dois tipos basicos de ciéncias: as formais (logica e matematica) e as reais ou empiricas (compostas pelas ciéncias naturais e pelas humanas). Aqui sd nos ocupare mos das ciéncias reais. As ciéncias buscam a verdade, de modo racional, recor rendo sempre ao controle das observagoes e da experién- cia. Ao cientista interessa saber como @ o mundo, procu. tando compreender e explicar os fendmenos que nos rodeam Uma caracteristica basica das investigagoes cientifi cas reside no fato de serem racionais. Em virtude da ra cionalidade de sua postura, o cientista pode aspirar universalidade e A objetividade: uma descoberta cientifiv ca — uma lei, por exemplo — deve poder ser contrastada com a experiéncia, verificada intersubjetivamente; ela nao se impde pela autoridade de quem a formulou, nem @ funcao somente de intuigoes puramente individuais. Ao = 49 = contrario, se funda de maneira objetiva em seus préprios méritos, o que se justifica pela racionalidade da ativi- dade cientifica. Agora, uma observagao terminologica. A moderna teoria da linguagem, batizada de semidtica por Charles Morris, distingue trés dimensdes na linguagem, seja esta uma lin guagem natural, como o espanhol ou o inglés, ou uma lin- guagem mais ou menos artificial, como a linguagem das teorias cientificas. As trés dimensoes sao as seguintes: a sintatica, a semantica e a pragmatica. -A primeira en~ globa a estrutura puramente simbdlica das linguagens, fa zendo abstragao dos objetos e dos fatos aos quais os sim bolos se referem e das pessoas que usam as linguagens. Na semantica, tomam-se em conta, também, os objetos e os estados de coisas aos quais uma linguagem se refere, tra tando-se de nogdes como as de sentido e de verdade. Fi- nalmente, na pragmatica, nao abandonamos nenhum aspecto da semiose, isto @, do ato de se utilizar simbolos ou si_ nais; assim, pois, na dimensao pragmatica temos de enca~ rar a totalidade dos aspectos de uma linguagem, 0 que nao envolve somente as dimensoes sintatica e semantica, mas, além disso, fatores psicolégicos, estéticos, socioldgi- cos, etc., envolvidos na semiose. A divisao da semidti- ca em trés disciplinas correspondentes, isto é, em sinta tica, semantica e pragmatica, mostra~se de fundamental import@ncia para essa ciéncia, para uma filosofia da cién cia em geral e para outros ramos do saber. Em nossa expo sigao, as palavras pragmatico e pragmatica sempre serao empregadas na acepgao da moderna teoria da linguagem, sal vo aviso em contrario. Nao obstante parega claro que a ciéncia trata de en- contrar a verdade por métodos racionais, sempre procuran do respeitar a experiéncia em um sentido amplo, faz-se ne cessario, no caso de se exigir rigor, caracterizar melhor em que consiste a verdade anelada pelo cientista e qual @ a natureza da racionalidade de suas indagagoes. Uma das caracteristicas nucleares da racionalidade cientifica consiste no seguinte: o cientista tenta sem- pre fundar suas afirmagoes em razoes convenientes. Ser~ mos racionais significa, principalmente, crermos e sus~ tentarmos nossas crengas proporcionalmente as razoes de que dispomos. As razoes as quais recorre o cientista sao das mais variadas especies. Assim, por exemplo, ao argumentar em favor de uma nova teoria, seus defensores podem susten- tar que ela @ praticamente verdadeira, simples, bela, ex plica mais fatos do que suas rivais,nao foi refutada por nenhum experimento, etc. Em outras palavras, podemos dizer que as razoes que sao apresentadas pelos cientistas a favor de suas cren~ cas leis, teorias e hipdteses, possuem natureza prag- matica. Os motivos pragmaticos se dividem em dois gru- pos basicos: 1) os légico-formais, como, por exemplo, a verdade, a consisténcia, a simplicidade matematica e a adequagao algoritmica, os quais constituem o cerne sinta tico-semantico do pragmatico; 2) os histérico-funcionais, ou pragmaticos em sentido restrito, tais como a naturali dade psicoldgica das idéias fundamentais, o poder expli- cativo, a beleza, a intuitibilidade, uma génese no momen to historico pportuhe, a simplicidade em sentido amplo e - 81 -! a concordancia com os principios centrais da ciéncia na época em que foram formulados. Nao @ preciso insistir em que os fatores pragmaticos, aludidos acima, nao tem, diretamente, nada que ver com as posigoes pragmaticas em filosofia (Peirce, James, De~ wey). Nao obstante a ponderagao dos fatores pragmaticos ser algo subjetiva, isto nao altera a racionalidade e, por- tanto, a objetividade da ciéncia (objetividade que nunca Aqui surge algo que parece paradoxal: a ra ° @ absoluta). cionalidade e a objetividade das ciéncias constituem produto de crengas e de atitudes que, no inicio, se mos- tram subjetivas. Por tras das indagagoes cientificas ha algo que as torna racionais ou, melhor, que explica sua racionalidade? A resposta @ afirmativa e, no que se se~ gue, esforcar-nos-emos para evidenciar em que consiste a racionalidade da ciéncia, a qual se mantém sobre dois pi lares: verdade e probabilidade. desejamos conhecer Na ciéncia se persegue a verdad © universo no qual nos encontramos imersos. No entanto, existem varias teorias da verdade, como a teoria classi- ca da correspondéncia, a teoria pragmatista e a teoria da coeréncia; nao parece haver divida de que se almeja, em ciéncia, a verdade no sentido classico da teoria da correspondéncia: "Dizer do que @, que @, e do que nao é, que nao @, @ verdadeiro; dizer do que @, que nao é, e do que nao @, que é, @ falso" (Aristételes). A teoria da correspondéncia foi tratada matematicamen te por Tarski e refinada por outros autores, de modo que hoje se pode afirmar que se dispoe de uma teoria da ver~ male, dade muito bem estruturada e que serve para esclarecer o que se pretende significar quando se sustenta que em ciencia se busca a verdade. Sem entrar em detalhes téc~ nicos, que podem ser facilmente obtidos, so insistiremos que a verdade, de acordo com a teoria da correspondéncia, consiste em dizer que @ aquilo que é. A historia da ciéncia, entretanto, nos ensina uma li- gao profunda. Teorias como a mecanica de Newton, que pa reciam absolutamente verdadeiras, por uma corresponden- cia quase perfeita com a realidade, acabaram se eviden- ciando falsas; tiveram, por conseguinte, que ser substi- tuldas por outras teorias mais convenientes, e nao ha sombra de diivida de que teorias que hoje parecem firme~ mente estabelecidas serao, cedo ou tarde, superadas por outras. Isto ocorrera, seguramente, com teorias como a teoria geral da relatividade e a mecanica quantica. Nesse progresso cientifico em que as teorias, hipote- ses e leis vao sendo destituidas por outras mais adequa~ das, o interessante é que tal fato nao significa que as tentativas precedentes hajam fracassado completamente. Assim, a dinamica de Newton ou a teoria do atomo de Bohr, nao obstante abandonadas como retratos fiéis da realida~ de, encerram uma grande parcela de verdade, dentro de cer tos limites. Isto significa que as boas teorias sempre captam um pouco da verdade que o cientista tem como alvo. Por outro lado, procura-se alcangar a verdade através de nossas proprias categorias racionais. Utilizamos con ceitos, légicas e linguagens que sao, no fundo, criagoes nossas, para acercar-mo-nos da verdade. Portanto, tais categorias podem nao refletir o real, tornando pratica- - B3- mente impossivel conhecer com exatidao o universo e ob- ter a verdade. Podemos ter certeza, isso sim,de que con seguimos um tipo de verdade que designaremos de verdade pragmatica ou de quase-verdade; as teorias cientificas, durante determinados periodos de tempo, retratam o real no sentido de que tudo ocorre como se essas teorias fos~ sem verdadeiras (na acepgao da teoria da correspondén~ cia). A expressao verdade pragmatica nos parece sugesti va, pois nossa concepgao acerca dessa classe de verdade precisa e amplia algumas idéias da corrente pragmatista, assim como esta em conformidade com 0 espirito da semid~ tica. A histéria nos faz ver que numerosas teorias e leis possuem a propriedade de ser tais que tudo ocorre como se elas fossem verdadeiras, durante certo periodo de tem po (daqui em diante o tempo ficara subentendido). Em sin tese: nao parece dificil provar que a ciencia tem pode- res para atingir a quase-verdade. Como se notou, o conceito de quase-verdade se encon~ tra intimamente correlacionado com as concepgoes dos pen sadores pragmatistas ou com os que simpatizam com o prag matismo, como, por exemplo, Vaihinger. Para ele, a cién cia no @ mais do que um conjunto de ficgdes (como ato- , por meio das quais formulamos mos, energia, genes, leis e teorias ficticias, que nos permitem ordenar e do- minar nosso contorno. Mas a quase-verdade nao é um conceito arbitrario. En tre outras condigoes limitativas, a quase-verdade deve dar origem a leis logicas analogas as tradicionais e, sem pre que for possivel chegar-se 4 verdade tout court, a = 8 = quase-verdade tem que coincidir com ela. Ha certas pro- posigoes cuja verdade pode ser decidida e, para elas, pa rece razoavel que verdade e quase-verdade coincidam; por exemplo, as apostas sao geralmente feitas sobre resulta~ dos possiveis, de maneira que no final se sabe qual @ o verdadeiro e quem ganhou a aposta (como nas corridas de cavalos, em certos esportes e na teoria das decisdes). Nestes casos, verdade e quase-verdade se identificam com pletamente. Provamos, em trabalhos anteriores, que a quase-verda~ de se mostra suscetivel de tratamento matematico similar ao dado por Tarski ao conceito de verdade (como corres~ pondéncia). Mais ainda, varios dos teoremas e aplica~ gdes da teoria do légico polonés podem ser adaptados 4 teoria da quase-verdade. Assim, dispomos hoje de uma no cao segura e bem definida de quase-verdade, capaz de tra tamento matemitico, e tudo indica que nao existem maio~ res obstaculos para sua manipulacdo e para suas possi- veis aplicacoes. Parece razoavel sustentar que a ciéncia persegue a verdade por meio da quase-verdade. Se algum dia, entre~ tanto, nos asseguraremos da verdade, abandonando a quase -verdade como sendo parte de um estagio necessario, po- rém provisério, da ciéncia, nao opinaremos aqui. Inclu~ 80, nao parece fora de proposito defender a tese de que a quase-verdade da ciéncia se aproxima cada vez mais, em algum sentido, da verdade; isto tornaria compreensivel o progresso mais ou menos continuo das teorias e a evolu- gao Obvia da técnica e da tecnologia. = 85 - Naturalmente, o cientista utiliza a logica (dedutiva) comum em suas inquirigoes, v.g., extraindo consequencias de suas hipdteses. Todavia, a légica dedutiva nao basta para dar conta das inferéncias efetivamente mais impor- tantes, ao se intentar compreender o universo. Em geral, o cientista emprega processos inferenciais que nao sao dedutivos, isto é, logicamente validos,mas que sao essen ciais para a ciéncia. Para exemplificar, mencionaremos os seguintes: indugao por simples enumeragao, método hi- potético-dedutivo, analogia e inferéncia estatistica tra dicional. ‘Também na vida diaria nos serviinos de formas de inferéncias semelhantes, embora usadas de maneira me~ nos sofisticada (o método cientifico refina, precisa e es tende o sentido comum). Ao contrario do que pensam alguns autores, ha uma 10- gica indutiva subjacente 4 inferéncia cientifica nao-de- dutiva, e essa logica legitima a racionalidade dos méto~ dos usados no ambito da ciéncia. A logica indutiva possui uma historia longa,quase tao longa como a da logica dedutiva. Aristételes e seus se~ guidores gregos a criaram por assim dizer; porém, esta criagao se pode atribuir, também, a Bacon. No século pas sado, ela sofreu um enorme impulso, nas maos de fildso- fos e estudiosos como Herschel, Whewell, Stuart Mill, Bo ole e Stanley Jevons. Finalmente, em nosso tempo, ela a~ vangou extraordinariamente gragas a obra de Carnap e seus seguidores, como Hintikka, Kemeny e Shimony, assim como de investigacoes dos adeptos da teoria subjetivista da probabilidade, entre estes de Finetti. Nao obstante, a légica indutiva tem sido muito criticada, como, por e- S756 xemplo, por Popper. A maioria das criticas se aplica a formulagoes j4 ultrapassadas dessa légica, o que aconte- ce, sem divida, com a obra de Carnap publicada na década de 50. Temos nos ocupado do desenvolvimento de uma nova for- ma de légica indutiva, que acreditamos abarcar a inferén cia nao dedutiva, tal como se verifica na ciéncia e na vida cotidiana. Vamos descrevé-la. As afirmagoes cientificas se baseiam em razdes, dado que sao racionais. Ja vimos que tais razoes tém caracte risticas pragmaticas. A historia da ciéncia e a metodo~ logia evidenciam que ha numerosos fatores que determinam a aceitagao de leis e teorias: os pragmaticos ja mencio- nados. Pois bem, para que comparemos hipoteses e teo~ rias rivais, para que tomemos decisdes racionais em algu mas de nossas agoes, etc., convém que valoremos nossas crengas, conferindo-lhes, caso possivel, pesos. Incluso, a valoragao de crencas, para ser itil, deve ser uma valo ragao algo idealizada, tomando-se em conta nao o modo co mo efetivamente cremos, mas a maneira ideal de como deve riamos crer. Nao se trata, todavia, que ponderemos nossas crengas, desde o prisma pragmatico, relativamente @ sua verdade, mas, @ sua quase-verdade. Muitas vezes as valoracoes sao subjetivas; no entanto, normalmente a subjetividade se elimina e varias pessoas podem acabar chegando a valores mais ou menos concordantes. Se tratamos de calcular o valor do grau racional de assentimento que deveriamos atribuir 4 crenga na verdade de leis, hipoteses e teorias cientificas, pode-se consta ='67 = tar que o resultado tem que ser mutto pequeno. Se fosse possivel medir um tal grau, em uma escalade 0 a1, seu ‘inico valor sensato seria 0 ou proéximo de 0. Com efeito, o universo @ tao complexo e ha tantas dificuldades para se obter um retrato verdadeiro do cosmos, que a historia da ciéncia nos garante que a priori nao existe motivo al gum para que no futuro acabemos dilucidando a verdade plena. A perspectiva muda, se tratamos de valorar o grau raq~ cional de assentimento na quase-verdade das proposigoes cientificas. Entao, neste ponto, a historia da ciéncia e da tecnologia, entre outras coisas, faz-nos ver que 0 peso que podemos conferir 4 crenga em uma proposigao cientifica, seja ou nao uma teoria complexa, pode ser ra zoavelmente elevado. Assim, atualmente, parece sensato conferir alto peso a crenga na quase-verdade da relativi dade geral e da mecanica quantica. 0 grau de assentimento que estimamos racional atri- buir a quase-verdade de uma crenga (ou & proposigao que a expressa) chamaremos de grau de compromisso. Por moti- vos que ja devem estar claros, esses graus de compromis~ so possuem caracteristicas pragmaticas e podem ser tam~ bém rotulados de probabilidades pragmaticas, uma vez de- vidamente padronizados e normalizados pela escolha de uma escala de referencia apropriada (por exemplo, ex- pressando essas probabilidades por niimeros do intervalo 10,1], quando isso @ razoavel). Geralmente, as probabilidades pragmaticas compoem ape nas um conjunto parcialmente ordenado, Em varias situa~ goes, todavia, torna~se possivel expressar tais probabi- ere lidades por nimeros reais. Ademais, seguindo as idéias devidas a Ramsey e a de Finetti, pode-se medir as proba~ bilidades pragmaticas por meio de coeficientes de apos ta: o grau de compromisso se identifica, sob certas con~ digées, com 0 coeficiente de aposta aceitavel, em uma acepgao técnica; entao, se reproduz a demonstragao do teorema de Ramsey-de Finetti, mostrando que as probabili dades pragmaticas satisfazem os conhecidos axiomas do calculo de probabilidades. Outro caminho que se pode seguir para provar que os a xiomas usuais do cdlculo de probabilidades valem para a probabilidade pragmatica consiste em langar mao de deter minados teoremas da analise funcional, como faz Shimony em seu ensaio "Scientific Inference". Em seguida, nenhum obstaculo se opoe 4 probabilizagao das varias formas de inferéncia indutiva (ou seja,nao de dutiva) e a sua racionalizagao. Normalmente, surgem como boas candidatas 4 quase-verdade as leis, hipoteses e teo rias que possuem as mais altas probabilidades pragmati- cas. Mas, a elevada probabilidade pragmatica de uma crenga nao implica necessariamente que a tenhamos que aceitar como verdadeira ou quase-verdadeira. Na logica indutiva, como a consideramos, uma probabilidade semelhante tem, principalmente, uma*finalidade: se nao quisermos aceitar uma proposigao dotada de elevada probabilidade pragmati- ca como quase-verdadeira, essa atitude pode ser tolerada; todavia, se isso ocorre, devemos oferecer razoes muito fortes para tal procedimento. Assim, a logica indutiva nao impoe a aceitacgao da quase-verdade de uma proposigao; = 60 = ela apenas condensa, muitas vezes por um numero, o funda mento pragmatico de que dispomos a favor da proposigao, propiciando-nos um instrumento para pesar melhor nossas decisoes. A teoria da probabilidade pragmatica aqui delineada se inclui entre as teorias subjetivas, nao obstante nao caiamos nos extremos propugnados por alguns subjetivis— tas. Assim, v.g., nao pensamos que todas as inferéncias indutivas se fazem por condicionalizagao, pelo teorema de Bayes. Ao contrario, muitas vezes temos que modif car uma medida de probabilidade em virtude dos mais va~ riados fatores (pragmaticos), resultando um cambio nao bayesiano ou catastrofico. Também, ao calcular uma pro- babilidade nao carecemos de toda a evidéncia existente, mas tomamos somente a porgao da evidéncia total que jul- gamos pertinente. Nossas atribuitces de probabilidade sao locais, por oposigao ao que pensam alguns estudiosos, como Carnap e de Finetti, que parecem exigir que sempre se deve ter em mente a evidéncia total e completa de que dispomos (para eles, o calculo de uma probabilidade so @ licito se é feito com apoio na evidéncia global). Em vista do que foi discutido, percebe-se facilmente que o calculo de probabilidades pragmaticas @ suscetivel de servir de fundamento para uma teoria da decisao. As~ sim, ficam bosquejadas duas aplicagoes basicas da proba- bilidade pragmatica: a logica indutiva e a teoria da de-~ cisao (ou légica da agao, sob condicgoes de incerteza). Portanto, definimos a probabilidade pragmatica como um tipo de probabilidade imprescindivel para a elabora~ 9016 cao de uma légica indutiva (e de uma teoria da decisao) No entanto, isto nao acarreta negarmos a existéncia de probabilidades objetivas, ligadas a nogoes de freqiencia, e que servem de fundamento para a estatistica tradicio~ nal e para as mais variadas aplicagoes em ciéncia (a pro babilidade de desintegragao de um atomo de radio, por e~ xemplo, @ uma constante fisica, tao real e independente de nossas crengas como a propria massa de uma porgao de radio). Necessitamos de probabilidades objetivas e sub~ jetivas; entretanto, nada implica que a segunda acabe se reduzindo 4 primeira ou vice-versa, com o desenvolvimen- to da ciencia e da logica. Essas duas espécies de probabilidade, na teoria que estamos edificando, se encontram relacionadas. Sem muito rigor, podemos asseverar que, quando aceitamos a existén cia de certas probabilidades objetivas, determinadas Pro babilidades pragmaticas tém que coincidir com as primei~ ras ou devem se constituir em estimativas das mesmas, SU pondo-se que condicdes bem definidas se verifiquem- Nis. to se resume o principio que denominamos de principio da conexao (entre a probabilidade pragmatica e a objetiva)- ered x = bir © principio da conexao torna a valoragao das probal ae a em lidades pragmaticas menos arbitraria e faz com ques ; ne a adas diversos casos, as probabilidades pragmaticas calcul zt oe or por varias pessoas, portanto algo subjetivas, acabem P' convergir. A oo Observamos, de passagem, que sobre 0 conceito de P! a te, pabilidade pragmatica se pode estabelecer, comodamen' i se a estatistica bayesiana (subjetivista), e que assim ba, obtém outra aplicagao relevante dessa categoria de prove = 61 = bilidade. No futuro, uma das tarefas mais urgentes con- sistira em se tratar de harmonizar as duas classes de es tatistica — a bayesiana e a tradicional — pois cada uma delas deve possuir seu dominio de validade. © calculo de probabilidades racionaliza as inferén- cias indutivas e permite que se defina um conceito de corregio que se refere a essas inferéncias, mais ou me- nos como a nogao de validez se relaciona com as inferén- cias dedutivas. Porém, a probabilidade nao parece poder legitimar totalmente o mecanismo indutivo. A justifica-~ cao desse mecanismo somente podera ser uma justificagao eléntica no sentido em que Aristoteles intentou defender o principio da contradigao no livro [ da "Metafisica", ou uma justificagao transcendental na linha de Kant. A ciéncia visa a verdade a partir da quase-verdade. E a racionalidade da investigacao da quase-verdade se sis- tematiza através da probabilidade pragmatica. Desde o ponto de vista pratico, da no mesmo dizer que na ciencia se chega 4 verdade ou 4 quase-verdade. No entanto, do prisma tedrico, a distincao é enorme, e aparentemente so se pode passar da quase-verdade 4 verdade com apoio em principios metafisicos. Tal passagem parece natural e sensata, pois a quase-verdade somente pode ser estavel e na ciéncia somente pode haver progresso se por tras da quase-verdade estiver a verdade, da qual a primeira vai- -se aproximando pouco a pouco. NOTA. Este artigo constitui parte do Diseurso de In- corporagdo do autor como Membro Correspondente da Acade- mia de Ciéncias do Instituto do Chile (1982). e100 = As idéias constantes do artigo foram desenvolvidas pe lo autor, nos seguintes trabalhos: . Ciencia y verdad, Informe Tecnico, Facultad de Matema tica, Pontificia Universidad Catolica de Chile, 1982. . Pragmatic probability, aceito para publicagéo na re~ vista Erkenntnis (1985). Pragmatic truth and approximation to truth,escrito em colaboragao com I, Mikenberg e R. Chuaqui, e aceito para publicag’o em The Journal of Symbolic Logic. 4. Outlines of a system of inductive logic, a ser subme~ tido para publicagao. Tradugao de Mineko Yamashita. = 93 ~

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