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Carlos Biasotti

Crimes de Falsidade
(Doutrina e Jurisprudência)

2019
São Paulo, Brasil
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Crimes de Falsidade
(Doutrina e Jurisprudência)
Carlos Biasotti

Crimes de Falsidade
(Doutrina e Jurisprudência)

2019
São Paulo, Brasil
Índice

I. Preâmbulo............................................................................11

II. Falsidade Documental (arts. 297 e 298 do Cód. Penal).........13

III. Falsa Identidade (arts. 307 e 308 do Cód. Penal)...................36

IV. Falsidade Ideológica (art. 299 do Cód. Penal).......................54

V. Falso Testemunho (art. 342 do Cód.Penal)...........................56

VI. Casos Especiais (art. 342 do Cód.Penal)................................61

VII. O Advogado e o Crime de Falso Testemunho (art. 342


do Cód. Penal)........................................................................91

VIII. A Identificação Criminal do Indiciado e o Artigo 5º


da Constituição Federal.......................................................97
Preâmbulo

Tem-se por falso o que não é verdadeiro, o que serve


“para enganar, para disfarçar a verdade em proveito do que
mente e em dano do que acredita”(1). Corre a propósito
memorável locução, que entrou em provérbio: Falso como o
beijo de Judas(2).

Recenseou a terminologia jurídica mais de um tipo de


“falsum”: documental, ideológico, falsa identidade, etc.

Até à mentira tem o réu licença para recorrer como


meio de defesa; não lhe é lícito, porém, atribuir-se falsa
identidade, que isto a lei define e pune como crime (art.
307 do Cód. Penal).

(1) J. I. Roquete, Dicionário dos Sinônimos; v. falso.


(2) “Beijo de Judas, beijo de traidor, amizade fementida, falsa benevolência,
doçura pérfida” (Caldas Aulete, Dicionário Contemporâneo, 2a. ed., vol. I,
p. 301).
12

A falsificação grosseira e perceptível “prima facie”


considera-a o Direito incapaz de iludir e de causar dano a
outrem; pelo que, não caracteriza os crimes previstos nos
arts. 297 e 304 daquele Código (falsificação de documento
público e uso de documento falso).

Reza a Jurisprudência que, para “se configure o delito do


art. 304 do Cód. Penal, é indispensával o dolo, consistente na
vontade livre e consciente de fazer uso de documento falso,
conhecendo sua falsidade” (Rev. Tribs., vol. 513, p. 367; rel.
Camargo Sampaio).

Dúvida que perturbe o espírito do Magistrado será a


que basta a endireitar-lhe os passos para o caminho da
absolvição, em obséquio ao princípio de nomeada universal:
“In dubio pro reo”.

Este livrinho – que de coração lhe ofereço, benévolo


e distinto leitor – é simples coletânea de votos que proferi
na 2a. Instância da Justiça Criminal do Estado de São
Paulo (Tribunal de Alçada Criminal e Tribunal de Justiça).
Tomara lhe agrade e aproveite, que nisto só ponho o
intento. Passar bem!

O Autor
Ementário Forense
(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador
Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de
Justiça: http://www.tjsp.jus.br).

• Crimes de Falsidade
(Arts. 289 a 342 do Cód. Penal)

a) Falsidade Documental
(arts. 297 e 298 do Cód. Penal)

Voto nº 974
Recurso em Sentido Estrito nº 1.075.263/8
Art. 301, § 1º, do Cód. Penal

— À luz da melhor Doutrina e da Jurisprudência, deve ser de natureza


pública a vantagem a que se refere a letra do § 1º do art. 301 do
Cód. Penal (falsidade material de atestado ou certidão).
—“O Juiz é sobretudo o homem prudente que deve saber dosar, com
sabedoria e descortino, o exercício de suas funções, notadamente quando está
em jogo, pela flexibilidade da situação jurídica que se lhe apresente, o seu
arbítrio de bom varão”(José Frederico Marques, Elementos de
Direito Processual Penal, 1965, vol. II, p. 168).
—“O que importa não é a lei mas o direito, que vive e vibra na consciência do
povo. Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer
ao direito que é a fonte da lei”(Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed.,
p. 49).
14

Voto nº 5491
Apelação Criminal nº 431.992.3/5
Arts. 297 e 304 do Cód. Penal

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera


documento público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art.
297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 866).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 6854
Apelação Criminal nº 475.424-3/6-00
Arts. 297, § 1º, e 314 do Cód. Penal

— Incorre nas penas da lei o escrevente de cartório que, por suprir


lapso e omissão de escritura pública de compra e venda de imóvel,
inutiliza folha do instrumento e lavra outra em substituição,
falsificando-lhe as assinaturas das partes (arts. 297, § 1º, e 314 do
Cód. Penal).
—“Para a caracterização do delito (do art. 314 do Cód. Penal), não
importa a ocorrência ou não de prejuízo a alguém, pois o dano, efetivo ou
potencial, não é elemento do tipo penal” (Rev. Tribs., vol. 639, p. 277;
rel. Dirceu de Mello).
15

Voto nº 6904
Apelação Criminal nº 331.713-3/4-00
Arts. 297, 304 e 307 do Cód. Penal;
art. 10 da Lei nº 9.437/97

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera


documento público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art.
297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 941).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
9a. ed., p. 322).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para
as privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
16

Voto nº 6944
Apelação Criminal nº 489.974-3/2-00
Art. 304 do Cód. Penal

— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa de
documento falso como se verdadeiro.
— Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e
exuberante, bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico
suficiente para não cair em erro crasso.
— Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime
aproveita, esse o praticou: “Cui prodest scelus is fecit”.
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 7438
Apelação Criminal nº 381.308-3/7-00
Arts. 297 e 304 do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova”


(cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II,
p. 530).
— A falsificação grosseira e perceptível “prima facie” considera-a o
Direito incapaz de iludir e de causar dano a outrem, pelo que não
caracteriza os crimes definidos nos arts. 297 e 304 do Cód. Penal
(falsificação de documento público e uso de documento falso).
17

Voto nº 9700
Apelação Criminal nº 849.822-3/3-00
Art. 304 do Cód. Penal;
art. 156 do Cód. Proc. Penal

—“(...) um inocente estará às vezes impossibilitado de provar o fato que


infirme ou destrua o indício que o prejudica” (Antonio Dellepiane,
Nova Teoria da Prova, 2a. ed., p. 70; trad. Érico Maciel).
—“Para que se configure o delito do art. 304 do Cód. Penal, é indispensável
o dolo, consistente na vontade livre e consciente de fazer uso de documento
falso, conhecendo sua falsidade” (Rev. Tribs., vol. 513, p. 367; rel.
Camargo Sampaio).
— Dúvida que perturbe o espírito do Magistrado será a que basta a
endireitar-lhe os passos para o caminho da absolvição, em obséquio
ao princípio de nomeada universal: “In dubio pro reo”.
— Dúvida, em Direito Penal, equivale a ausência de prova.
18

Voto nº 8988
“Habeas Corpus” nº 1.081.175-3/3-00
Art. 297 do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal

— Não se passa de um salto da vida honesta para o crime “Non si passa


di balzo dalla vita onesta al reato” (Malatesta, La Logica delle Prove in
Criminale, 1895, vol. I, p. 235).
— Enquanto não liquidada a autoria, prevalece, em caso como o dos
autos, a velha parêmia latina: “Cui prodest scelus, is fecit”. Aquele a
quem o crime aproveita, esse o praticou.
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF;
HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe na instância
ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento
de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do
fato imputado ao réu, ou a sua inocência.
— É entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça que, uma vez recebida a denúncia, já não cabe ordenar o
indiciamento formal do acusado, por implicar-lhe desnecessária e
ilegítima violência ao “status dignitatis”, remediável pela concessão
de “habeas corpus” (art. 647 do Cód. Proc. Penal)
—“Em havendo propositura de ação penal, o regresso à fase inquisitorial para
deferido indiciamento de réus, constitui ilegalidade sanável pelo remédio
heroico” (STJ; HC nº 10.340-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton
Carvalhido).
19

Voto nº 9051
“Habeas Corpus” nº 1.090.531-3/0-00
Arts. 297 e 304 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado


aguarde, no cárcere, a verificação de sua culpabilidade ou inocência,
principalmente se não satisfaz às condições de caráter subjetivo que
lhe permitam a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de
inocência, consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº
LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando
conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal:
garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Ato mais relevante do ofício do Juiz, a decisão deve ser
fundamentada (art. 93, nº IX, da Const. Fed.), isto é, ao proferi-la
deve dar as razões de seu convencimento. Mas fundamentação
percuciente, minuciosa e castigada só a requer decisão definitiva de
mérito, não a que impõe prisão preventiva ou indefere pedido de
liberdade provisória; esta se satisfaz com a indicação da
necessidade e conveniência da decretação da custódia cautelar,
que se inferem da prova da materialidade da infração penal grave e
dos indícios veementes de sua autoria.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser
instruído com as peças e documentos que comprovem as alegações
do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem
proclamado que se não toma conhecimento do pedido de “habeas
corpus” quando não está devidamente instruído (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV,
p. 417).
20

Voto nº 9121
Apelação Criminal nº 495.256-3/5-00
Arts. 304 e 307 do Cód. Penal;
arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal

—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo


para a acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de
prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição
de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso) o
sujeito que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua
fotografia, consta o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 9241
Apelação Criminal nº 840.331-3/7-00
Art. 304 do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso como se verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
21

Voto nº 8942
Recurso em Sentido Estrito nº 939.943-3/6-00
Arts. 297 e 304 do Cód. Penal;
art. 43, nº I, do Cód. Proc. Penal

— A falsificação grosseira e perceptível “prima facie” considera-a o


Direito incapaz de iludir e de causar dano a outrem, pelo que não
caracteriza os crimes definidos nos arts. 297 e 304 do Cód. Penal
(falsificação de documento público e uso de documento falso).
—“O Juiz é sobretudo o homem prudente que deve saber dosar, com
sabedoria e descortino, o exercício de suas funções, notadamente quando está
em jogo, pela flexibilidade da situação jurídica que se lhe apresente, o seu
arbítrio de bom varão” (José Frederico Marques, Elementos de
Direito Processual Penal, 1965, vol. II, p. 168).
22

Voto nº 9747
Apelação Criminal nº 863.342-3/5-00
Arts. 147, 304 e 307 do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de


prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição
de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso) o
sujeito que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua
fotografia, consta o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O elemento subjetivo do tipo do art. 147 do Cód. Penal (ameaça)
está na vontade de prometer mal injusto e grave, com a intenção de
intimidar, ainda que o agente, em seu íntimo, não queira realizá-lo.
— Pois que a ameaça é crime formal, consuma-se no mesmo ponto em
que chega à notícia da vítima. Destarte, para configurar-se, é
irrelevante sua efetiva consumação; basta a intenção do agente de
causar temor, porque o bem jurídico protegido é a tranquilidade
espiritual.
— Ocorre em 2 anos a prescrição da pena de multa aplicada (art. 114,
nº I, do Cód. Penal).
23

Voto nº 10.262
Apelação Criminal nº 993.08.010759-9
Arts. 304 e 307 do Cód. Penal

— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de


prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição
de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso) o
sujeito que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua
fotografia, consta o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
24

Voto nº 10.655
Apelação Criminal nº 990.08.011402-6
Arts. 297, 304, 307 e 333 do Cód. Penal

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera


documento público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art.
297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Exemplo típico de infração do art. 333 do Cód. Penal (corrupção
ativa), incorre na sanção da lei o sujeito que oferece dinheiro a
policial para que não lhe efetue a prisão.
— O lapso temporal de cinco anos, conquanto poderoso para expungir
do réu a nota de reincidência (art. 64, nº I, do Cód. Penal), não lhe
afasta os maus antecedentes, que estes o haverão de acompanhar
pela vida fora. Donde a parêmia: somos o que fomos.
25

Voto nº 10.980
Apelação Criminal nº 990.08.083406-1
Arts. 297 e 304 do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— Só há crime impossível se absoluta a inidoneidade do objeto ou do
meio empregado, o que não ocorre na hipótese de falsificação de
documento público (CNH), apta a enganar pessoa de mediana
ilustração (art. 17 do Cód. Penal).
26

Voto nº 11.047
Apelação Criminal nº 990.08.087440-3
Arts. 304 e 307 do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado


argui para logo a ideia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A posse de arma de fogo com numeração raspada tipifica a infração
do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento),
independentemente de perigo concreto.
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com
respeito aos policiais, há decisão histórica do Pretório Excelso: “A
simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de
prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição
de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso)
o sujeito que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua
fotografia, consta o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
27

Voto nº 11.390
Apelação Criminal nº 990.08.146619-8
Arts. 297, 304, 307 e 33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova”


(cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II,
p. 530).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O lapso temporal de cinco anos é poderoso para expungir do réu a
nota de reincidência (art. 64, nº I, do Cód. Penal)
— À luz do direito expresso, nada obsta que o Juiz, considerando os
graves e notórios malefícios do regime recluso, conceda a
condenado não-reincidente, cuja pena não exceda a 4 anos, ainda
que de maus antecedentes, o benefício do regime aberto (cf. art.
33, § 2º, alínea c, do Cód. Penal).
28

Voto nº 11.942
Apelação Criminal nº 993.03.079272-7
Arts. 297, 298 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime


aproveita, esse o praticou: “Cui prodest scelus is fecit”.
— Simples requerimento (ou petição) endereçado à repartição
pública não constitui objeto material do delito do art. 298 do Cód.
Penal (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed.,
p. 931).
29

Voto nº 12.094
Apelação Criminal nº 993.03.051757-2
Arts. 304 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 61 e 381 do Cód. Proc. Penal

— Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso


contingente probatório a culpabilidade do agente, e aplica-lhe pena
segundo a lei, não tolera a nota de mal fundamentada, antes será
padrão muito para imitar (art. 381 do Cód. Proc. Penal).
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro
Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
30

Voto nº 12.118
Apelação Criminal nº 993.03.064992-4
Arts. 297, 304, 307 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 61 e 600, § 4º, do Cód. Proc. Penal

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova”


(cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II,
p. 530).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro
Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.132
Apelação Criminal nº 993.03.070761-4
Arts. 297 e 304 do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova”


(cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II,
p. 530).
— A falsificação grosseira e perceptível “prima facie” considera-a o
Direito incapaz de iludir e de causar dano a outrem, pelo que não
caracteriza os crimes definidos nos arts. 297 e 304 do Cód. Penal
(falsificação de documento público e uso de documento falso).
31

Voto nº 12.136
Apelação Criminal nº 993.03.059848-3
Arts. 297, 304 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 61 e 499 do Cód. Proc. Penal

— Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o
despacho que, no prazo do art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a
realização de diligência que não é cabal nem imprescindível à
decisão da causa.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser
objeto de exame ou deliberação.
32

Voto nº 12.138
Apelação Criminal nº 993.03.056902-5
Arts. 297, 304 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter


de prova ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não
menos que à coisa julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento
de prova, serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
33

Voto nº 12.140
Apelação Criminal nº 993.03.082928-0
Arts. 304, 33, § 1º, alínea a, e 107, nº IV, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Ao réu de medonha biografia penal convém o regime fechado,
no início, que somente este o poderá reeducar para a vida livre em
sociedade, onde o respeito à ordem e ao patrimônio alheio é
apanágio primordial (art. 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro
Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
34

Voto nº 12.425
Apelação Criminal nº 993.03.085811-6
Arts. 304, 297 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 61 e 381 do Cód. Proc. Penal

— Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso


contingente probatório a culpabilidade do agente, e aplica-lhe pena
segundo a lei, não tolera a nota de mal fundamentada, antes será
padrão muito para imitar (art. 381 do Cód. Proc. Penal).
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa
documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do
art. 304 do Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento
decorra de exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP;
rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— O Juiz, ainda que se não deva apartar nunca da razão lógica,
não pode recorrer só ao processo mental dedutivo para impor
condenação, nem substituir a certeza pela mera probabilidade,
mesmo quando o acusado seja indivíduo de sombria nomeada nas
expansões da delinquência.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro
Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
35

Voto nº 12.426
Apelação Criminal nº 993.04.020343-0
Arts. 304 e 30 do Cód. Penal

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova”


(cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II,
p. 530).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 12.147
Apelação Criminal nº 993.07.122257-7
Art. 304 do Cód. Penal

— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa de
documento falso como se verdadeiro.
— Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime
aproveita, esse o praticou: “Cui prodest scelus is fecit”.
36

b) Falsa Identidade
(arts. 307 e 308 do Cód. Penal)

Voto nº 164
Apelação Criminal nº 1.021.323/5
Art. 307 do Cód. Penal

— A opinião mais bem aforada é a que, no procedimento do indivíduo


que se embuça na identidade de outrem para escusar-se de
responsabilidade criminal, reconhece a existência de delito, não só
violação ética.
— Isto de trazer alguém nome suposto para velar seus acidentes
biográficos e eximir-se do castigo é prática ignominiosa a que, de
cotio, se entregam sujeitos inescrupulosos. E, o que é mais: não raro
granjeiam a terceiros alguma benevolência, quando lhes afirmam
que o fizeram sob a capa de meio ou recurso de defesa (art. 307 do
Cód. Penal). Desenganem-se, porém, os que obram segundo este
indigníssimo estalão: ao acoroçoar a mentira e perverter o fim
natural da palavra (que é dizer verdade), não estão quebrantando
apenas preceitos da Moral; estão de igual passo infringindo regras
de Direito.
— Salvo o devido respeito aos que pugnam nas hostes contrárias, o
entendimento que, de presente, reúne sufrágios mais numerosos é o
que considera ilícito penal atribuir-se alguém falsa identidade,
ainda que sob a cor de artifício com que esconder nódoas da vida
criminosa (art. 307 do Cód. Penal).
37

Voto nº 681
Apelação Criminal nº 1.077.509/2
Art. 307 do Cód. Penal

— Incorre na censura da lei (art. 307 do Cód. Penal) aquele que, para
ocultar episódios de sua biografia penal, atribui-se identidade de
outrem, a quem, por isso, causa prejuízos morais graves.

Voto nº 929
Apelação Criminal nº 1.099.779/9
Art. 307 do Cód. Penal

— Não há conexão de infrações (art. 76 do Cód. Proc. Penal), se faltar


o vínculo teleológico ou instrumental. Ela somente se configura quando
“a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influi na de outra” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo
Penal, 1980, vol. I, p. 119).
— A mentira, suposto sirva muita vez de recurso de defesa, não na
admite a Lei quando constitui violação de direitos de terceiros.
Nesta censura incorre aquele que, para ocultar passos de sua
biografia penal, atribui-se identidade de outrem, a quem, por isto,
causa danos morais graves. O intuito de autodefesa não exclui, pois,
o crime de falsa identidade (art. 307 do Cód. Penal).
— Todo o arrazoado forense deve ser elaborado com precisão e
clareza, qualidades que a ciência da linguagem tem por principais
em quem escreve.
38

Voto nº 1440
Apelação Criminal nº 1.147.885/8
Art. 307 do Cód. Penal

— Comete o crime do art. 307 do Cód. Penal aquele que, por evitar a
citação judicial de pessoa de suas relações, atribui-se falsa
identidade, pois a liberdade de mentir sem sanção penal não é
ilimitada, máxime em se tratando de negócio da Justiça, de cujo
edifício constitui a verdade pedra angular.
39

Voto nº 1493
Apelação Criminal nº 1.150.185/6
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 307 do Cód. Penal

— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso


de tempo, teve a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima
mediante violência ou grave ameaça.
—“No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o
aumento de pena” (Súmula nº 174 do STJ).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
—“As prisões não ressocializam ninguém, ao contrário, corrompem, aviltam,
degradam, embrutecem” (Evandro Lins e Silva, Arca de Guardados,
1a. ed., p. 62).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semiaberto a
condenado não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º,
alínea b, do Cód. Penal); a concessão de tal benefício unicamente é
defesa ao réu condenado a pena que exceda a 8 anos (não
importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior
a 4 anos.
40

Voto nº 2217
Apelação Criminal nº 1.198.589/6
Arts. 157, § 2º, ns. I e II; 14, nº II, e 307 do Cód. Penal

— A palavra da vítima tem subido valor na aferição da prova da


materialidade do roubo e de sua autoria. Apenas decai de estima se
obra de erro ou mentira, que se não presumem, antes devem ser
comprovados “ad satiem”, pois repugna à razão humana queira
alguém acusar inocentes.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Regime prisional diverso do fechado a jurisprudência dos
Tribunais defere a condenados por roubo somente em
circunstâncias especiais (v.g.: menoridade relativa e confissão
espontânea do crime), como estímulo de regeração e recompensa à
lealdade processual.
41

Voto nº 2719
Apelação Criminal nº 1.229.925/0
Arts. 157, “caput”, e 70 do Cód. Penal

— Ainda que direito do réu permanecer calado, atenta contra os


foros da razão humana deixar de defender-se, com todas as suas
forças, quando injustamente acusado de crime grave.
— É entendimento jurisprudencial uniforme de todos os Tribunais do
País que, em se tratando de crimes patrimoniais, de ordinário
praticados na clandestinidade, a palavra da vítima prefere à “versão
sistematicamente negativa dos acusados, visto que não se concebe que
alguém possa, gratuitamente, incriminar um desconhecido” (Rev. Tribs.,
vol. 736, p. 629).
— Consuma-se o roubo se o sujeito, embora por breve lapso de
tempo, teve a posse tranquila e desvigiada da coisa subtraída
mediante violência ou grave ameaça.
— Não caracteriza o crime de falsa identidade (art. 307 do Cód. Penal)
o uso de documento que, por grosseiramente falsificado, é incapaz
de produzir o evento delituoso, tratando-se de crime impossível
(art. 17).
42

Voto nº 3143
Apelação Criminal nº 1.259.487/8
Art. 308, “caput”, do Cód. Penal

— Incensurável é a recusa do Ministério Público em propor “sursis”


processual a acusado que esteja respondendo a outro processo, pois
assim determina a lei (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
— Incorre nas penas do art. 308 do Cód. Penal o sujeito que usa
documento de identidade alheia. Irrelevante é não tenha, com o
seu ato, alcançado vantagem patrimonial: no caso, o que a lei pune
é a quebra da confiança pública, bem moral inestimável em que
assenta suas bases a vida em sociedade.

Voto nº 4179
Apelação Criminal nº 1.324.359/7
Art. 307 do Cód. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95

— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;


não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Instituto que aproveita só ao infrator de vida pregressa inculpável, o
benefício da suspensão condicional do processo não se aplica a
réu já condenado por outro crime (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
43

Voto nº 4906
Apelação Criminal nº 1.387.255/2
Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 28 do Cód. Penal

— É a palavra da vítima fundamental na apuração das circunstâncias


do fato criminoso, porque seu interesse coincide, salvo raras
exceções, com o escopo mesmo da Justiça: a busca da verdade real.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O argumento da embriaguez não aproveita ao infrator, exceto se
completa e involuntária. A embriaguez voluntária, dispõe a lei que
não elide a responsabilidade criminal do agente, porque não lhe
exclui a imputabilidade (art. 28, nº II, do Cód. Penal).
44

Voto nº 5149
Apelação Criminal nº 1.389.591/6
Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 307 do Cód. Penal

— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode


justificar decreto condenatório, se em harmonia com os mais
elementos de convicção dos autos; ao seu aspecto intrínseco é que
se deve atender, não à circunstância do lugar onde a presta o
confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava
à própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual
Penal, 1a. ed., p. 290).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— A falta de apreensão da arma utilizada na prática do roubo não
embaraça o reconhecimento da qualificadora, se a prova oral
idônea lhe atestou a existência.
— Uma pena, para ser justa, deve ter somente o grau de rigor que
baste a afastar os homens da senda do crime (César Beccaria,
Dos Delitos e das Penas, § XVI).
45

Voto nº 5180
Apelação Criminal nº 1.403.915/1
Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 307 do Cód. Penal;
Súmula nº 174 do STJ

— A palavra da vítima, que reconhece e incrimina com segurança o


autor do roubo, justifica o desfecho condenatório da lide penal, se
não lhe provar a Defesa que mentiu ou caiu em erro crasso. Por ter
sentido os primeiros efeitos da ação delituosa, é a pessoa que está
em melhores condições de indicar-lhe o autor, cuja punição
reclama, por ter o cunho de justiça.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso
de tempo, teve a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima
mediante violência ou grave ameaça.
— Cancelada a Súmula nº 174 da jurisprudência do STJ (cf. REsp
nº 213.054-SP; DJU 7.11.2001), já não pode prevalecer o
entendimento de que o emprego de arma de brinquedo (“arma
ficta”) seja causa de agravamento da pena do roubo. Ainda que
idôneo para caracterizar ameaça à vítima, por infundir-lhe temor, o
simulacro de arma de fogo não qualifica o roubo (art. 157, “caput”,
do Cód Penal). Inteligência diversa do texto legal implicaria
considerável prejuízo para os interesses do réu, pois o obrigaria a
recorrer ao STJ para alcançar o que lhe recusaram outros Juízos ou
Tribunais.
— Embora os Tribunais Superiores não obriguem os inferiores,
salvo quanto ao caso concreto, será de bom exemplo guardar-lhes
conformidade às decisões que, proferidas sob o influxo da razão
lógica e da equidade, possam aproveitar ao réu sem ofender o zelo
da Justiça.
—“Manter quanto possível a jurisprudência, será obra de boa política
judiciária, porque inspira no povo confiança na Justiça” (Mário
Guimarães, O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 327).
46

— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;


não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 6756
Apelação Criminal nº 475.879-3/1-00
Arts. 297, 304 e 307 do Cód. Penal

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera


documento público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art.
297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 941).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
47

Voto nº 9190
Revisão Criminal nº 847.416-3/6-00
Arts. 155, § 4º, nº IV; 14, II, e 307 do Cód. Penal;
art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal

— A apreensão de coisa alheia em poder do réu, sem que o saiba


justificar, e a incriminação firme de testemunhas debilitam-lhe
implacavelmente os protestos de inocência e autorizam sua
condenação.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Na revisão criminal inverte-se o ônus da prova, de arte que ao
condenado, como seu autor, cumpre demonstrar que a sentença
errou ou cometeu injustiça; se não, impossível será julgar-lhe
procedente o pedido.
— Não pode incorrer na censura de contrária à evidência dos autos
a sentença condenatória apoiada na palavra da vítima e em
testemunhos idôneos, antes é de reputar-se bem fundamentada, pois
tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o
Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 336).
48

Voto nº 9747
Apelação Criminal nº 863.342-3/5-00
Arts. 147, 304 e 307 do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de


prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição
de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso)
o sujeito que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua
fotografia, consta o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O elemento subjetivo do tipo do art. 147 do Cód. Penal (ameaça)
está na vontade de prometer mal injusto e grave, com a intenção de
intimidar, ainda que o agente, em seu íntimo, não queira realizá-lo.
— Pois que a ameaça é crime formal, consuma-se no ponto mesmo em
que chega à notícia da vítima. Destarte, para configurar-se, é
irrelevante sua efetiva consumação; basta a intenção do agente de
causar temor, porque o bem jurídico protegido é a tranquilidade
espiritual.
— Ocorre em 2 anos a prescrição da pena de multa aplicada (art. 114,
nº I, do Cód. Penal).
49

Voto nº 10.262
Apelação Criminal nº 993.08.010759-9
Arts. 304 e 307 do Cód. Penal

— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de


prova; pela presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição
de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso)
o sujeito que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua
fotografia, consta o nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
50

Voto nº 10.655
Apelação Criminal nº 990.08.011402-6
Arts. 297, 304, 307 e 333 do Cód. Penal

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera


documento público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art.
297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Exemplo típico de infração do art. 333 do Cód. Penal (corrupção
ativa), incorre na sanção da lei o sujeito que oferece dinheiro a
policial para que não lhe efetue a prisão.
— O lapso temporal de cinco anos, poderoso para expungir do réu a
nota de reincidência (art. 64, nº I, do Cód. Penal), não lhe afasta
porém os maus antecedentes, que estes o haverão de acompanhar
pela vida fora. Donde a parêmia: somos o que fomos.
51

Voto nº 11.039
Apelação Criminal nº 990.08.074238-8
Arts. 155, ns. I e IV, § 4º, nº III, e 307 do Cód. Penal

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito


que, réu confesso, foi detido na posse do produto do crime (art. 155,
ns. I e IV, do Cód. Penal).
— É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem
justificativa satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
— Que melhor prova da culpabilidade do agente, do que haver
admitido, sem rebuços, a autoria do fato criminoso?!
— Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode
a confissão lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo
considerada como a prova por excelência” (Vicente de Azevedo, Curso
de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. II, pp. 61-62).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
52

Voto nº 11.145
Apelação Criminal nº 990.08.079878-2
Arts. 157, § 2º, ns. I e II; 14, nº II, e 307 do Cód. Penal

— No geral, a palavra da vítima é a primeira luz que dissipa as nuvens


a que se pretende abrigar a impunidade.
—“A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. (...). O que
importa é o motivo da confissão, como, por exemplo, o arrependimento
sincero, demonstrando merecer (o acusado) pena menor, com fundamento
na lealdade processual” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 246).
— Há tentativa de roubo, que não tentativa de latrocínio, se o agente,
ao perpetrar o crime, provoca lesão corporal de natureza leve no
sujeito passivo ou terceiro.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor
de roubo, por sua natural periculosidade, como sujeito infenso à
ordem legal e destituído de sentimento ético, sobretudo se
reincidente, e pela notória gravidade do crime, que intranquiliza e
comove a população honrada.
53

Voto nº 12.118
Apelação Criminal nº 993.03.064992-4
Arts. 297, 304, 307 e 107, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 61 e 600, § 4º, do Cód. Proc. Penal

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova”


(cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II,
p. 530).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa;
não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a
lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro
Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
54

c) Falsidade Ideológica
(art. 299 do Cód. Penal)

Voto nº 10.814
“Habeas Corpus” nº 990.08.043080-7
Art. 299 do Cód. Penal;
arts. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 4º, § 1º, “in fine”, da Lei nº 1.060/1950
(Lei de Assistência Judiciária)

— Embora a mentira não deva entrar no templo da Justiça, que lhe


fecha de contínuo as portas como a inimigo público, a conduta do
sujeito que faz declaração falsa de pobreza para beneficiar-se de
assistência judiciária gratuita não incorre em crime, pelo que não
há indiciá-lo em inquérito policial por falsidade ideológica (art. 299
do Cód. Penal).
— A lição do incomparável Nélson Hungria é, ao propósito, sempre
invocada: “Cumpre notar que a declaração prestada pelo particular deve
valer, por si mesma, para a formação do documento. Se o oficial ou
funcionário público (que recebe a declaração) está adstrito a averiguar,
propriis sensibus, a fidelidade da declaração, o declarante, ainda quando
falte à verdade, não cometerá ilícito penal” (Comentários ao Código Penal,
1958, vol. IX, p. 280).
— Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do
indivíduo, a instauração de persecução penal unicamente se
admite em face de prova cabal da existência do crime e de indícios
veementes de sua autoria.
— Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável
para a acusação, será força obstar à persecução penal, em obséquio
ao “status dignitatis” do indivíduo, que deve estar ao abrigo de
procedimentos ilegítimos e temerários.
55

Voto nº 11.750
Apelação Criminal nº 993.02.035367-42
Arts. 299 e 29 do Cód. Penal

— Exemplo de boa aplicação do Direito, merece confirmada sentença


que, forte em prova sólida, condena pela prática de crime de
falsidade ideológica indivíduo que produz documento no qual fez
inserir declaração falsa, com o fim de alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante (art. 299 do Cód. Penal).
— O crime do art. 299 do Código Penal “não exige a ocorrência de dano
para sua caracterização, sendo suficiente que a conduta se apresente capaz
de produzir prejuízo a terceiro. O bem jurídico protegido na falsidade
ideológica é a fé pública e não o patrimônio” (Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 19, p. 197; rel. Min. Flaquer Scartezzini).
56

d) Falso Testemunho
(art. 342 do Cód. Penal)

Voto nº 5148
Apelação Criminal nº 1.413.907/8
Art. 157, § 2º, nº I, e 163, parág. único, nº III, do Cód. Penal;
art. 203 do Cód. Proc. Penal

— Tem-se na conta de baldia e rebarbativa a crítica de que o


depoimento policial é geralmente suspeito de parcialidade. Seu
valor, ao contrário, é igual ao de toda a testemunha que, sob palavra
de honra, promete dizer a verdade do que sabe (art. 203 do Cód.
Proc. Penal). O falso testemunho (crime definido no art. 342 do Cód.
Penal) não se presume: requer prova cabal e convincente, a cargo de
quem o alegar.
— Nos casos de roubo, é a palavra da vítima a principal e mais
segura fonte de informação do Magistrado, pois manteve contacto
com o seu autor e não se propõe senão submetê-lo à Justiça. Pelo
que, exceto lhe prove o réu que mentiu ou se equivocou, suas
declarações bastam a acreditar um decreto condenatório.
— O crime de dano não requer dolo específico, senão genérico, que se
resume à simples voluntariedade de inutilizar ou destruir coisa alheia
(art. 163 do Cód. Penal).
— O organismo social, sob pena de arriscar-se à própria ruína, deve
segregar aqueles que, afeitos à vida de crimes, revelam
incapacidade de sujeitar-se às regras que disciplinam o convívio
humano.
57

Voto nº 10.504
Apelação Criminal nº 993.08.033499-4
Arts. 342, § 1º, e 44, §§ 2º e 3º, do Cód. Penal

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha
que, ao depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato
juridicamente relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira
não pode ter entrada no templo da Justiça!
— Se exerce ocupação lícita e tem filhos menores, a mulher
condenada por falso testemunho, ainda que reincidente, faz jus à
substituição de sua pena privativa de liberdade por restritivas de
direitos, medida socialmente recomendável (art. 44, §§ 2º e 3º, do
Cód. Penal).

Voto nº 10.986
Apelação Criminal nº 990.08.090617-8
Art. 342, § 1º, do Cód. Penal

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha
que, ao depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato
juridicamente relevante, com o intuito de favorecer o réu. A
mentira não pode ter entrada no templo da Justiça!
58

Voto nº 11.647
Apelação Criminal nº 993.02.017851-1
Arts. 342, § 1º, e 107, nº IV, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha
que, ao depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato
juridicamente relevante, com o intuito de favorecer o réu. A
mentira não pode ter entrada no templo da Justiça!
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
59

Voto nº 11.721
Apelação Criminal nº 993.02.005654-8
Arts. 342, § 1º, e 110, §1º, do Cód. Penal

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha
que, ao depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato
juridicamente relevante, com o intuito de favorecer o réu. A
mentira não pode ter entrada no templo da Justiça!
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a
necessidade do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro
Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
60

Voto nº 12.133
Apelação Criminal nº 993.03.067810-0
Arts. 342, § 1º, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha
que, ao depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato
juridicamente relevante, com o intuito de favorecer o réu. A
mentira não pode ter entrada no templo da Justiça!
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui
forma de prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria
sentença condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição
da pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá
ser objeto de exame ou deliberação.
Casos Especiais
(Reprodução integral do voto)
PODER JUDICIÁRIO

1
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUINTA CÂMARA — SEÇÃO CRIMINAL

Apelação Criminal nº 990.08.011402-6


Comarca: São Paulo
Apelante: FJS
Apelado: Ministério Público

Voto nº 10.655
Relator

— O agente que substitui a fotografia de


cédula de identidade altera documento
público verdadeiro; por isso, incorre nas
penas do art. 297 do Código Penal.
— “Sujeito que apresenta como próprio
documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do
art. 307 do Código Penal” (cf. Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a.
ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de
recorrer, como meio de defesa; não lhe
é lícito, entretanto, atribuir-se falsa
identidade, que isto a lei define e pune
como crime (art. 307 do Cód. Penal).
64

— Exemplo típico de infração do art. 333


do Cód. Penal (corrupção ativa), incorre
na sanção da lei o sujeito que oferece
dinheiro a policial para que não lhe
efetue a prisão.
— O lapso temporal de cinco anos,
poderoso para expungir do réu a nota
de reincidência (art. 64, nº I, do Cód.
Penal), não lhe afasta porém os maus
antecedentes, que estes o haverão de
acompanhar pela vida fora. Donde a
parêmia: somos o que fomos.

1. Da r. sentença que proferiu o MM. Juízo de


Direito da 25a. Vara Criminal da Comarca da Capital,
condenando-o a cumprir, sob o regime inicial fechado,
a pena de 7 anos de reclusão e 70 dias-multa, por
infração do art. 304 (uso de documento falso),
conjugado com o art. 297 (falsificação de documento
público), e art. 333 (corrupção ativa), na forma dos arts.
61, nº I, e 69 do Código Penal, interpôs recurso para este
Egrégio Tribunal, no intento de reformá-la, FJS.

Aduziu que, ao invés do que exarou a r. sentença


recorrida, as provas reunidas no processado não eram
aptas a evidenciar-lhe a culpabilidade.

Pleiteia, por isso, absolvição, como ato de justiça


(fls. 228/234).
65

Os argumentos da Defesa refutou-os pontualmente


a digna Promotoria de Justiça: imprimiu relevo aos
predicados da r. decisão de Primeiro Grau, merecedora,
a seu aviso, de subsistir (fls. 236/239).

A ilustrada Procuradoria-Geral de Justiça, em


parecer firme e criterioso do Dr. Edilson Mougenot
Bonfim, opina pelo improvimento do recurso (fls.
245/251).

É o relatório.

2. A Justiça Pública ofereceu denúncia contra o réu


porque, em 1.2.2005, pelas 14h41, na Rua Nícia
Coutinho Patrício (Parque Pedroso), nesta Capital,
ciente da falsidade do documento, fez uso efetivo da
Cédula de Identidade em nome de Gilson Pereira da
Silva, com o propósito de ocultar sua condição de
procurado da Justiça.

Reza a denúncia, aditada à fl. 162, que, nas mesmas


condições de tempo e lugar, o réu ofereceu vantagem
indevida a funcionário público – cerca de R$ 2.500,00
–, a fim de que o não conduzisse ao Distrito Policial.
66

Instaurada a “persecutio criminis in judicio”,


transcorreu o processo na forma da lei. Ao cabo, a
r. sentença de fls. 201/206 condenou o réu.

Irresignado com o desfecho condenatório da lide,


o réu apelou para esta augusta Corte de Justiça, em
busca de absolvição.

3. Nada obstante o empenho de seu digno patrono, a


pretensão do réu não se mostra atendível, visto que tem
contra si o conjunto das provas reunidas no processado
e a jurisprudência consagrada por nossos Tribunais de
Justiça.

De feito, não é ponto de dúvida que o apelante, ao


apresentar-se aos policiais militares Marcos Roberto de
Melo Teixeira e Ednei Petrorenzo, exibiu--lhes cédula
de identidade de terceiro, em nome Gilson Pereira da
Silva (fl. 53).

Ainda que alegasse ter recorrido ao expediente


porque foragido da Penitenciária de Mirandópolis
(fl. 152 v.), não há subtraí-lo ao rigor da lei.
67

Deveras, embora o laudo pericial afirmasse não


haver elementos suficientes para atestar a autenticidade
do documento, por ser cópia reprográfica (fl. 55), o
nome aposto à referida cédula de identidade (de terceira
pessoa), descobre-lhe a falsidade.

Ora, exemplo de falso material, a substituição


de fotografia por outra, em documento público
verdadeiro, tipifica o delito do art. 297 do Código Penal.

Esta é a inteligência que professam nossos


Tribunais:

“A substituição de fotografia em documento de


identidade caracteriza o crime de falsificação de
documento público, pois aquela constitui parte
juridicamente relevante do documento e a substituição
provoca alteração dos efeitos jurídicos do mesmo” (Rev.
Tribs., vol. 629, p. 300; rel. Dante Busana).

O crime de uso de documento falso (art. 304 do


Cód. Penal), portanto, ficou plenamente caracterizado,
a despeito da valentia dos argumentos expendidos.
Realmente, conforme tradicional jurisprudência,
“sujeito que apresenta como próprio documento falso de
identidade alheia responde pelo delito do art. 304 e não do
68

art. 307 do Código Penal” (Damásio E. de Jesus, Código


Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).

Por fim, até à mentira tem o réu licença de


recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito,
entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei
define e pune como crime.

Esta é a jurisprudência dos Tribunais:

“O delito de falsa identidade não pode ser


descaracterizado pelo princípio nemo tenetur se
detegere, pois este não confere imunidade ao indivíduo
que mente a respeito de sua qualificação”
(RJDTACrimSP, vol. 11, p. 88; rel. Emeric Levai).

4. Outro tanto em relação ao crime de corrupção


ativa (art. 333 do Cód. Penal): os depoimentos contestes
dos policiais, de que o réu lhes ofereceu vantagem para
que omitissem ato de ofício – isto é, não lhe
efetuassem a prisão (fls. 159/160) – conferiram notável
prestígio aos capítulos da acusação.

A pena, aplicada segundo craveira justa e legal, está


correta e não tolera modificação.
69

O lapso temporal de cinco anos, poderoso para


expungir do réu a nota de reincidência (art. 64, nº I,
do Cód. Penal), não lhe afasta porém os maus
antecedentes, que estes o haverão de acompanhar pela
vida fora. Donde a parêmia: somos o que fomos.

Também o regime prisional (fechado, no início)


era o adequado às circunstâncias do caso e à
personalidade do réu.

Destarte, quer-se confirmada, por seus bons e


lógicos fundamentos, a r. sentença que proferiu o
distinto e culto Juiz Dr. Waldir Calciolari.

5. Pelo exposto, nego provimento ao recurso.

São Paulo, 20 de setembro de 2008


Des. Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO

2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUINTA CÂMARA — SEÇÃO CRIMINAL

Apelação Criminal nº 993.03.079272-7


Comarca: Santos
Apelante: ACCB
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.942
Relator

— Segundo velha máxima de jurisprudência,


aquele a quem o crime aproveita, esse o
praticou: “Cui prodest scelus is fecit”.
— Simples requerimento (ou petição)
endereçado à repartição pública não
constitui objeto material do delito do
art. 298 do Cód. Penal (cf. Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed.,
p. 931).
71

— Incorre nas penas do art. 297 do Cód.


Penal (falsificação de documento
público) o sujeito que, no intento de
melhorar seu currículo profissional,
falsifica diploma universitário de colega
e, após substituir-lhe o nome pelo seu,
extrai do documento cópia reprográfica,
entregando-a ao departamento de
recursos humanos da empregadora.
—“Em qualquer fase do processo, o juiz, se
reconhecer extinta a punibilidade, deverá
declará-lo de ofício” (art. 61 do Cód. Proc.
Penal).

1. Condenado pela r. sentença de fls. 407/421 à pena


de 2 anos e 4 meses de reclusão, substituída por
limitação de final de semana e prestação pecuniária, e
11 dias-multa, por infração dos arts. 297, “caput”
(falsificação de documento público), e 298 (falsificação
de documento particular), na forma do art. 71 do Código
Penal, apela para este Egrégio Tribunal, com o intuito
de reformá-la, ACCB.

Afirma que o conjunto probatório, frágil e


precário, não autorizava condená-lo pelo crime do art.
297 do Código Penal; destarte, clama por absolvição, ou
redução da pena que lhe foi imposta, como obra de
justiça (fls. 428/433).
72

Contrariado o recurso, opinou a douta


Procuradoria-Geral de Justiça por seu parcial
provimento, para que seja afastado o aumento de pena
pela continuidade delitiva (fls. 447/450).

É o relatório.

2. A Justiça Pública ofereceu denúncia contra o


réu porque, em 25.11.1999, nas dependências da
Universidade Santa Cecília, na Rua Oswaldo Cruz, em
Santos, falsificou documento particular (requerimento à
Universidade Santa Cecília, solicitando emissão de
segunda via de diploma do curso de Engenharia Civil),
que assinou em nome de Luiz Ferreira de Almeida
Filho.

Instaurada a “persecutio criminis in judicio” (fl. 127),


transcorreu o processo na forma da lei. Ao cabo, a
r. sentença de fls. 407/421 condenou-o a cumprir a
pena de 2 anos e 4 meses de reclusão e 11 dias-multa,
substituída a pena privativa de liberdade, por limitação
de fim-de-semana e prestação de serviços à
comunidade.

Não se acurvou a Defesa, todavia, ao teor da


r. decisão; daqui o ter apelado.
73

3. Tão escorreita lhe parecera a condenação do réu


pelo crime de falsificação de documento particular, que
a nobre Defesa não se insurgiu senão contra a infração
do art. 297 do Código Penal (falsificação de documento
público).

Ora, não é ponto de dúvida ter o apelante


falsificado documentos (público e particular), visto
que —— e bem o observou o douto parecer da
Procuradoria-Geral de Justiça —— “a autoria das
falsificações, nos três papéis, é atribuída ao recorrente. A
prova pericial (...), documental (...) e a oral apontam nesse
sentido – depoimentos das testemunhas do rol acusatório
(fls. 343/6, 347/9, 350/3 e 354/6) e interrogatório judicial
do réu (fls. 140/4)” (fl.448). Aquele a quem o crime
aproveita, esse o praticou, reza velha máxima de
jurisprudência: “Cui prodest scelus, is fecit”.

Por fim, circunstância muito de notar, o apelante


confessou a autoria delituosa, ao afirmar, em Juízo,
haver requerido segunda via do diploma em nome de
terceiro, falsificando a procuração para retirá-lo e a
cópia do documento (fls. 141/144).
74

Com a réplica do documento original, o apelante


fez prova da conclusão do curso superior de Engenharia
Civil, no departamento pessoal da empresa onde
trabalha.

Tal documento, porém, a vítima Luiz Ferreira da


Silva notou de adulterado, ao mesmo tempo que o
comunicou à Secretaria da Universidade. Confirmou a
falsificação o laudo pericial (fls. 60/63).

A circunstância de a falsificação da cópia do


diploma ter sido feita de forma grosseira e visível, como
pareceu à digna Defesa (fl. 429), não é poderosa a
descaracterizar o tipo do art. 298 do Código Penal. À
uma, porque não é verdadeira a premissa de que
grosseira e visível a falsidade; imperfeita, vá; não,
grosseira, pois a alteração que o réu operou no diploma
de fl. 34 trai logo o intento de induzir terceiro a erro ou
confusão, pois não apenas lhe alterou a titularidade,
senão a reproduziu por cópia (fl. 17), em ordem a
conferir-lhe a “imitatio veri”. À outra, porque, na
correta observação do Dr. Promotor de Justiça, “o
apelante atingiu seu desiderato, qual seja, a inclusão do título
de bacharel em seu currículo” (fl. 438).
75

Repugna, portanto, a falsificação de tal jaez o


caráter de meio absolutamente ineficaz para a
consumação, que, nos termos do art. 17 do Código Penal,
tornaria impunível a tentativa.

Oportuna é a reprodução aqui da lição de Damásio


E. de Jesus:

“Para que ocorra o crime impossível é preciso que a


ineficácia do meio e a impropriedade do objeto sejam
absolutas. Se forem relativas, haverá tentativa”
(Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 68).

Ainda:

“Consuma-se o crime com a falsificação ou alteração,


independentemente do uso de qualquer consequência
posterior, nem mesmo a saída da esfera individual
do agente, pois já passou a dano potencial” (Júlio
Fabbrini Mirabette, Código Penal Interpretado,
2a. ed., p. 1.804).
76

4. O argumento apresentado pelo douto subscritor do


parecer da Procuradoria-Geral de Justiça – “as
falsificações do requerimento e da procuração” deviam ser
“desconsideradas para efeito de pena” (fl. 449) – depara
prestígio assim na Doutrina como na Jurisprudência.

Em verdade, “simples requerimento (ou petição)


endereçado à repartição pública não constitui objeto material
do delito” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 931).

Assim, já que o réu, no intento de melhorar seu


currículo profissional, falsificou diploma universitário
de colega e, após substituir-lhe o nome pelo seu, extraiu
do documento cópia reprográfica, entregando-a ao
departamento de recursos humanos da empregadora,
incorreu nas penas do art. 297 do Código Penal
(falsificação de documento público).

Vem a ponto a jurisprudência dos Tribunais:

“O diploma expedido por Universidade, assim como


certidões, traslados e fotocópias são documentos públicos,
para os efeitos do art. 297 do Código Penal” (Rev.
Tribs., vol. 483, p. 281; rel. Márcio Bonilha).
77

De tudo o sobredito se extrai que, reconhecido


crime único (art. 297 do Cód. Penal) e afastado o aumento
decorrente da continuidade delitiva, a pena do réu deve
corrigir-se para 2 anos de reclusão, mantida no mais a
r. sentença de Primeira Instância.

5. O Estado, porém, já não pode executar a pena do


réu, visto ocorreu, no caso, prescrição superveniente à
sentença condenatória.

Com efeito, a pena de 2 anos prescreve em 4, nos


termos do art. 109, nº V, do Código Penal.

Ora, da publicação da sentença —— 20.11.2002


(fl. 422) —— até aqui decorreu lapso de tempo superior a
4 anos, suficiente pois ao reconhecimento da prescrição.

Realmente:

“Não tendo havido recurso da acusação, o prazo


prescricional, a partir da publicação da sentença, é
regulado pela pena imposta” (Damásio E. de Jesus,
Prescrição Penal, 9a. ed., p. 49).
78

Ainda:

“(...) a partir da publicação da decisão condenatória,


aplicado exclusivamente o § 1º do art. 110, teremos a
incidência da extinção da punibilidade pela prescrição
da pretensão punitiva (ação penal). Não subsistem
a sentença nem seus efeitos principais e acessórios. E
o Tribunal não precisa apreciar o mérito, ficando
prejudicada a apelação” (idem, ibidem).

6. Pelo exposto, dou provimento parcial ao recurso para,


reconhecido crime único, fixar a pena do réu em 2 anos
de reclusão, mantida no mais a r. sentença de Primeira
Instância; e, de ofício, declarar-lhe extinta a
punibilidade pela prescrição intercorrente da pretensão
punitiva estatal, com fundamento no art. 107, nº IV,
primeira figura, combinado com os arts. 109, nº V,
e 110, § 1º, do Cód. Penal e art. 61 do Cód. Proc. Penal.

São Paulo, 8 de julho de 2009


Des. Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO

3
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUINTA CÂMARA — SEÇÃO CRIMINAL

Apelação Criminal nº 990.08.010759-9


Comarca: Diadema
Apelante: CHBS
Apelado: Ministério Público

Voto nº 10.262
Relator

— A confissão judicial do réu tem valor


absoluto como meio de prova; pela
presunção de sua autenticidade, pode
autorizar a edição de decreto condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód.
Penal (uso de documento falso) o sujeito
que apresenta cédula de identidade, na
qual, debaixo de sua fotografia, consta o
nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de
recorrer, como meio de defesa; não lhe
é lícito, entretanto, atribuir-se falsa
identidade, que isto a lei define e pune
como crime (art. 307 do Cód. Penal).
80

1. Da r. sentença que proferiu o MM. Juízo de


Direito da 2a. Vara Criminal da Comarca de Diadema,
condenando-o à pena de 2 anos e 4 meses de reclusão e
11 dias-multa, por infração do art. 304 do Código Penal,
interpôs recurso de Apelação para este Egrégio Tribunal,
no intuito de reformá-la, CHBS.

Nas razões de recurso, elaboradas por seu


esforçado patrono, afirma que a prova dos autos, frágil
e inconsistente, era incompatível com o edito
condenatório; pelo que, pleiteia absolvição (fls.
197/200).

A douta Promotoria de Justiça apresentou


contrarrazões de recurso, nas quais refutou a pretensão
da Defesa e propugnou a manutenção da r. sentença de
Primeiro Grau (fls. 202/205).

A ilustrada Procuradoria-Geral de Justiça, em


percuciente e abalizado parecer do Dr. Nelson Lacerda
Gertel, opina pelo improvimento do apelo (fls.
223/224).

É o relatório.
81

2. Foi o réu trazido às barras da Justiça Criminal para


prestar-lhe estritas contas porque, em 1.3.2007, pelas
17h30, na Rua Egito (Jardim das Nações), em Diadema,
fizera uso de documento falso em nome de Geison
Francisco dos Santos.

Instaurada a persecução penal, transcorreu o


processo conforme a lei; ao cabo, a r. sentença de
fls. 182/185 decretou a condenação do réu, o qual,
irresignado com o êxito adverso da lide penal,
comparece perante esta augusta Corte de Justiça, na
expectativa de absolvição.

3. O inconformismo do réu não depara fundamento


nos autos, “data venia”.

O crime de uso de documento falso (art. 304 do


Cód. Penal) ficou plenamente caracterizado, a despeito
dos forçosos argumentos expendidos no recurso.

De feito, não é ponto de dúvida que o apelante,


ao apresentar-se aos policiais, exibiu-lhes cédula de
identidade em nome de terceiro (fl. 7).
82

Em seu interrogatório judicial, alegou trazia


consigo o documento falso, por amor de sua condição
de “procurado” da Justiça (fls. 139/142).

Da boca mesma do réu, portanto, saíra a certeza da


prática do ilícito penal.

Ora, visto se presume livre dos vícios de


inteligência que a podiam contaminar, a confissão feita
em Juízo tem valor absoluto, conforme a doutrina
geralmente recebida:

“A confissão judicial, por presumir-se livre dos vícios de


inteligência e vontade, tem um valor absoluto, servindo
como base condenatória, ainda que seja o único
elemento incriminador” (Camargo Aranha, Da
Prova no Processo Penal, 3a. ed., p. 92).

A cédula de identidade de fl. 106 – suposto


verdadeira quanto à qualidade do papel, da impressão e
dos elementos de segurança (fl. 102) – era falsa, porque
debaixo da foto do réu constava o nome de outrem.

Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como


meio de defesa; não lhe é lícito, entretanto, atribuir-se
falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime.
83

Esta é a jurisprudência dos Tribunais:

“O delito de falsa identidade não pode ser


descaracterizado pelo princípio nemo tenetur
se detegere, pois este não confere imunidade ao
indivíduo que mente a respeito de sua qualificação”
(RJDTACrimSP, vol. 11, p. 88; rel. Emeric Levai).

A pena, aplicada com bom critério e nos limites


legais, está correta e não tolera modificação.

Também o regime prisional era o adequado


às circunstâncias do caso e à personalidade do réu,
reincidente.

Destarte, quer-se confirmada, por seus bons e


lógicos fundamentos, a r. sentença que proferiu a
distinta e culta Juíza Dra. Patrícia Helena Hehl Forjaz
de Toledo.

4. Pelo exposto, nego provimento ao recurso.

São Paulo, 18 de junho de 2008


Des. Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO

4
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUINTA CÂMARA — SEÇÃO CRIMINAL

Apelação Criminal nº 993.08.033499-4


Comarca: Pontal
Apelante: MO
Apelado: Ministério Público

Voto nº 10.504
Relator

— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º,


do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a
verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o
réu. A mentira não pode ter entrada no
templo da Justiça!
— Se exerce ocupação lícita e tem filhos
menores, a mulher condenada por falso
testemunho, ainda que reincidente, faz
jus à substituição de sua pena privativa
de liberdade por restritivas de direitos,
medida socialmente recomendável (art.
44, §§ 2º e 3º, do Cód. Penal).
85

1. Da r. sentença que proferiu o MM. Juízo de


Direito da Comarca de Pontal, condenando-a à pena de
1 ano e 4 meses de reclusão e 10 dias, no regime
semiaberto, e 12 dias-multa, por infração do art. 342,
§ 1º, do Código Penal (falso testemunho em processo
penal), interpôs MO recurso de Apelação para este
Egrégio Tribunal, no intuito de reformá-la.

Nas razões de recurso, elaboradas por sua


esforçada patrona, alega que o conjunto probatório,
frágil e precário, não lhe autorizava a condenação.

Pelo que, era força absolvê-la (fls. 124/126).

A douta Promotoria de Justiça apresentou


contrarrazões de recurso, nas quais refutou a pretensão
da Defesa e propugnou a manutenção da r. sentença de
Primeiro Grau (fls. 128/133).

A ilustrada Procuradoria Geral de Justiça, em


percuciente e abalizado parecer do Dr. José Reynaldo
de Almeida, opina pelo improvimento do recurso
(fls. 138/141).

É o relatório.
86

2. Foi a ré submetida a processo porque, em 30 de


setembro de 2005, na sala de audiências do Fórum da
Comarca de Pontal, fizera afirmação falsa como
testemunha em processo judicial, com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito no processo-crime
nº 218/05.

Instaurada a persecução penal, transcorreu o


processo na forma da lei; ao cabo, a r. sentença de
fls. 114/117 julgou procedente a denúncia para
condenar a ré, como incursa nas sanções do 342, § 1º, do
Código Penal.

Malcontente com o desfecho da causa-crime,


comparece perante esta augusta Corte de Justiça, na
expectativa de absolvição.

3. Em que pese à dedicação de sua patrona, não


se mostra atendível o clamor da ré, pois que o
desautorizam as provas dos autos.

Deveras, ninguém examinará o conjunto


probatório, que não se persuada haver a ré praticado,
realmente, o delito definido e punido pelo art. 342, § 1º,
do Código Penal (falso testemunho em processo penal).
87

Faltou com a verdade acerca de fato juridicamente


relevante, ao depor como testemunha nos autos do proc.
nº 218/05, cujos regulares termos correram pelo Juízo
de Direito da Comarca de Pontal.

Leitura, ainda que de voo arrancado, das


declarações da apelante em Juízo – juntadas a estes
autos por cópia (fl. 28) – persuade que infringira, em
seu espírito e forma, o preceito do art. 342, § 1º, do
Código Penal.

Ao teor de seu proceder aplica-se, portanto, o


magistério do Colendo Supremo Tribunal Federal, a
seguir reproduzido por sua ementa:

“O crime de falso testemunho se caracteriza pela simples


potencialidade de dano para a administração da
justiça, não ficando condicionado à decisão judicial
condenatória no processo, em que se verificou” (STF;
RHC nº 58.039-SP; 1a.T.; rel. Min. Rafael Mayer;
DJU 5.7.86, p. 12.880).

Comprovada a materialidade do fato e liquidada a


culpa do réu, era sua condenação imperativo de justiça.
88

O bom critério que presidiu à aferição da prova e à


imposição da pena à apelante é penhor seguro do acerto
e juridicidade da r. sentença recorrida.

Conquanto reincidente (cf. fl. 4 do Apenso), não foi


condenada a ré por crime da mesma espécie; pelo que,
faz jus ao benefício da substituição da pena privativa de
liberdade por duas restritivas de direitos (prestação de
serviços à comunidade e multa), nos termos do art. 44,
§§ 2º e 3º, do Código Penal.

A despeito das ações reprováveis que praticou – e


que decerto lhe deslustram a biografia – não ostenta
personalidade de todo refratária às regras que
disciplinam a convivência humana.

A medida alternativa, ao demais, passa por


socialmente recomendável, já que a ré exerce ocupação
lícita e é mãe de dois filhos (fl. 76).

Em caso de descumprimento injustificado da


restrição imposta, cumprirá sua pena sob o regime
semiaberto.
89

Afora este pouco, mantenho no mais, por seus


próprios e jurídicos fundamentos, a r. sentença que
proferiu a distinta e culta Juíza Dra. Adriana Gatto
Martins.

4. Pelo exposto, dou provimento parcial à apelação para


substituir a pena privativa de liberdade da ré
por duas restritivas de direitos (prestação de serviços
à comunidade e 10 dias-multa), nos termos do art. 44,
§§ 2º e 3º, do Código Penal, mantida no mais a r. sentença
de Primeiro Grau.

São Paulo, 8 de agosto de 2008


Des. Carlos Biasotti
Relator
O Advogado e o Crime de Falso Testemunho

I — O Fim da Palavra
Dado que o fim da palavra é expressar a verdade, bem se
entende que a mentira passa por um dos defeitos mais
reprováveis do homem(1). E mais avulta essa falta (e pois se
justifica a fulminem com extremos de rigor), se estava a
palavra empenhada sob formal juramento. Há casos, com
efeito, em que a contravenção da verdade, sobre constituir
quebra insigne do caráter e mácula moral intensa, cai também
debaixo da nota de infração penal: o crime de falso testemunho.
Tal é a repulsa que, por sua enormidade, mereceu desde todo
o sempre o falso testemunho, que o mesmo Deus quis
significá-lo, assentando-o na tábua que deu a Moisés. Dos dez
preceitos que nelas constavam, um em verdade era este: Não
dirás falso testemunho contra o teu próximo(2).

II — O Falso Testemunho
Consoante a fórmula do art. 342 do Código Penal,
cometerá este crime a testemunha que fizer afirmação falsa,
negar ou calar a verdade, em processo(3). Réu de falso
testemunho, portanto, não será só aquele que mentir (ou
afirmar inverdade), senão o que negar a verdade sabida ou
ocultá-la(4). A falsidade, nunca é demais encarecê-lo, há de
recair sobre fato juridicamente relevante(5); do contrário, visto
não prejudica a prova, será reputada inócua(6).
À violação do juramento, que as antigas legislações
denominavam perjúrio, sempre se cominaram castigos da
última severidade(7). Com o que se conformava a prudência do
tempo, que punha timbre em não tolerar se introduzisse no
92

processo judicial coisa alguma capaz de comprometer-lhe o


intuito precípuo: a pesquisa da verdade real.

III — O Advogado e o Falso Testemunho


Num mundo em que nada se mostra seguro (bem ao
invés, até as montanhas como que se abalam), não admira que
ainda aos advogados firam cruéis desgraças, e entre estas a de
serem processados criminalmente por falso testemunho. O
advogado, ninguém ignora que é de seu particular ofício
promover defesas, e juntamente aconselhar quem o procura, o
que pressupõe comunicação ou trato pessoal não apenas com o
cliente, mas também com terceiros que intervenham em
processo, máxime as testemunhas.
Tão para escrúpulos é esta matéria do relacionamento
entre o advogado e as testemunhas, que, tratando-se das que
arrolou a defesa do réu, convém não mais que ouvi-las
previamente dos fatos sobre que tenham de depor em Juízo, e
recomendar-lhes falem só verdade; pelo que respeita às
indicadas pelo órgão da acusação, é de bom aviso fuja delas o
patrono do réu como da peste, se quiser manter sua altivez e
independência (necessárias no instante de reperguntá-las), e a
paz de espírito(8). Se o acusado, no entanto, por sua conta e
risco, pretender com elas encetar conversação, deixá-lo fazer,
que sua condição de réu bem houvera de sofrê-lo; nunca,
porém, o advogado, em cujas mãos não cabem armas desleais.
Não lhe esqueçam estas graves palavras de Eduardo Couture:
O processo é a realização da Justiça, e nenhuma Justiça pode
apoiar-se na mentira(9).
93

IV — O Falso Testemunho e o Concurso de Pessoas


Tem este assunto suscitado pareceres encontrados no
grêmio dos penalistas. Querem alguns que, delito de mão
própria(10), o falso testemunho não pode ser cometido salvo
pelas pessoas às quais a lei expressamente se refere:
testemunha, perito, tradutor e intérprete. Para outros, firmes
na regra do art. 29 do Código Penal, é possível em tal crime a
participação ou coautoria.
A primeira opinião – que enjeita a hipótese de
codelinquência nos crimes de falso testemunho – é, contudo,
a que tem recebido sufrágios mais numerosos, mostrando-se
benemérita de acolhida. Esforça-se, de feito, em argumento de
solidez e boa lógica, inspirado no art. 343 do Código Penal, que,
segundo a lição do saudoso e diligente Celso Delmanto, “pune
quem suborna aquelas pessoas, não se concebendo que acabe punido
com iguais penas quem só pediu, sem subornar” (11).
Os julgados que dizem em crédito desta doutrina são
mais que muitos. Anotaremos apenas dois, que vêm aqui de
molde:
a) “É impossível a coautoria no delito de falso testemunho, dado o
caráter personalíssimo da infração, que só pode ser cometida
por testemunha, perito ou intérprete” (Rev. Tribs., vol. 655,
p. 281);
b) “Firme corrente jurisprudencial tem entendido que o delito do
art. 342 do Código Penal de 1940 é de mão própria, somente
podendo ser praticado pelo autor da infração. Não admite a
coautoria, a coparticipação através de instigação ou orientação,
nem mesmo por parte do advogado do acusado” (Rev. Tribs.,
vol. 601, p. 321).
94

A despeito de o termos versado muito em sombra, não se


afigura este ponto do falso testemunho de todo indigno da
reflexão do advogado, enquanto se dirija, para suas audiências,
ao Fórum (cuja estrada real é fama que o célebre Catão, por
amor do caráter sagrado da Justiça e por sua humildade,
costumava percorrer descalço)(12).

Notas

(1) Para Kant, “a mentira é a falta individual mais grave


porque perverte o fim natural da palavra” (Castro Nery,
Filosofia, 1931, p. 99).
(2) Êx 20, 16.
(3) Deste crime também pode ser sujeito ativo o perito, o
tradutor ou o intérprete.
(4) Como quer que vem ao nosso propósito, cabe aqui
alusão àquelas três coisas que os persas haviam pelas
mais importantes: “montar a cavalo, atirar com o arco e
dizer a verdade” (Heródoto, História, 1950, p. 72; trad.
Brito Broca).
(5) “Tanto a doutrina como a jurisprudência exigem o requisito
da relevância jurídica do fato para a configuração do delito de
falso testemunho” (Rev. Tribs., vol. 570, p. 284).
(6) Cf. E. Magalhães Noronha, Direito Penal, 1968, vol. IV,
p. 442.
(7) Rezavam textualmente as Ordenações Filipinas: “A pessoa
que testemunhar falso, em qualquer caso que seja, morra por
isso morte natural” (liv. V, tít. LIV). Pelo mesmo teor, o
Código Criminal do Império do Brasil, com respeito aos que
95

jurassem falso em Juízo: prescrevia, na hipótese de


juramento prestado para a condenação do réu em causa
capital, a pena “de galés perpétuas no grau máximo” (art.
169). A Lei das XII Tábuas assentara: “Se alguém profere
um falso testemunho, que seja precipitado da Rocha Tarpeia”
(táb. 7a., inc. 16); apud Silvio Meira, A Lei das XII
Tábuas, 2a. ed., p. 172). Ajuntou, ao propósito, Jayme de
Altavila: “Eis a razão por que os romanos, que puniam
atrozmente o roubo, diziam que falsi testes pejores sunt
latronibus. As testemunhas falsas são piores que os ladrões”
(Origem dos Direitos dos Povos, 4a. ed., p. 80).
(8) Bem que não seja defeso ao advogado o contacto prévio
com testemunhas, todavia, como o advertiu o abalizado
criminalista Paulo Sérgio Leite Fernandes, “a atitude não
é recomendável, pelos problemas que traz” (Na Defesa das
Prerrogativas do Advogado, vol. II, p. 62).
(9) Apud Ruy A. Sodré, Ética Profissional e Estatuto do
Advogado, 1977, p. 112.
(10) “Crimes de mão própria ou de atuação pessoal são aqueles que
só podem ser cometidos pela própria pessoa” (Orlando Mara
de Barros, Dicionário de Classificação de Crimes, 2a. ed.,
p. 68).
(11) Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 620.
(12) Cf. Jayme de Altavila, A Testemunha na História e no
Direito, 1967, p. 67).
A Identificação Criminal do Indiciado
e o Artigo 5º da Constituição Federal

Tão logo tenha conhecimento da prática de infração


penal, deve a autoridade policial ordenar a identificação do
indiciado pelo processo datiloscópico, isto é, mediante a coleta
de suas impressões digitais.
Sem a identificação de quem seja o autor do fato
delituoso, não há persecução penal, nem é possível a apuração
da responsabilidade criminal do agente.
Não sofre disputa, portanto, que o Estado, ao qual
incumbe combater a criminalidade, tem não apenas o direito
mas também o dever de identificar o delinquente.
Tal providência, todavia, principalmente para aqueles
que não foram antes indiciados em inquérito policial,
representa violência moral insigne; o deixar alguém suas
impressões digitais numa planilha, montara o mesmo que
ser condenado! Tão forte abalo costuma causar o ato de
identificação no ânimo do acusado, que até aqueles que já
figuraram na clientela da jurisdição criminal têm-no por
medida extremamente vexatória.
Para conjurar tão cruel estigma, que marca a alma do
indiciado (muita vez inocente) antes mesmo de averiguada sua
culpa, autores abalizados na Ciência Penal propugnaram fosse
a identificação criminal adotada só naqueles casos em que o
suspeito de haver cometido algum crime ainda não estivesse
identificado civilmente; do contrário, ficaria dispensado da
formalidade.
Por algum tempo vigorou esse entendimento no seio dos
Tribunais; cedeu o passo, contudo, à orientação mais severa,
98

consubstanciada na Súmula nº 568 da jurisprudência do


Supremo Tribunal Federal: “A identificação criminal do indiciado
pelo processo datiloscópico não constitui constrangimento ilegal, ainda
que já identificado civilmente”.
Assim se praticou até à promulgação da Constituição
Federal de 5.10.88, que, mercê do espírito liberal de seus
legisladores, tratou por modo mais benigno e plausível a
questão ao preceituar, no inciso LVIII de seu art. 5º, que
“o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”.
A nova Carta Magna, a mais abrangente e extensa de
quantas houve entre nós, imprimiu grande relevo aos direitos
e garantias individuais, sobretudo em matéria penal.
Em pontos de identificação criminal, a fórmula que
impôs assegura ao mesmo tempo a defesa do Estado contra os
que violam a ordem jurídica e, ao indivíduo, as garantias
contra o arbítrio daquele.
Abolindo a identificação criminal quando já tiver o
indiciado cédula de identidade, o legislador supremo revelou-
-se mui coerente com o princípio da presunção de inocência,
que consagrara no inciso LVII do referido artigo.
De fato, se “ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória”, seria contravir ao
rigor da lógica jurídica submeter indivíduo a ato (identificação
criminal), que, falando a verdade inteira, não fora menos
infamante que a própria sentença condenatória!
Nem vale, contra esta consequência irrecusável, a
objeção de alguns, fundada em que, não havendo a recente
Carta da República revogado o inciso VIII do art. 6º do Código
99

de Processo Penal, será sempre exigível pelo processo


datiloscópico.
Suposto impressione ao primeiro aspecto, esse raciocínio
descobre, no entanto, fragilidade maior da marca, se apreciado
mais de espaço, como o demonstrou, irrefutavelmente,
o preclaro Juiz Oliveira Ribeiro, do Tribunal de Alçada
Criminal do Estado de São Paulo:

“… a regra processual penal em causa, ao impor um dever


legal que a Constituição só admite em grau de especializada
exceção, joga por terra todo o comando jurídico da norma
constitucional que dispõe de modo diametralmente oposto ao
que naquela regra de processo.
Até e enquanto não surja no horizonte da República norma
de direito comum estabelecendo as hipóteses de exceção ao
mandamento proibitório, a exigência da identificação
criminal, para todos aqueles acusados que estiverem
identificados civilmente, não terá lugar” (Revista de Julgados
e Doutrina, vol. I, p. 184).

A identificação criminal reservemo-la apenas àqueles


casos em que o indiciado não foi civilmente identificado, ou
haja fundadas suspeitas de que falso o documento de
identidade expedido pelo órgão oficial competente; que fique
ela adstrita ao critério da necessidade, não venha a ferir
gravemente o “status libertatis” do indivíduo.
Aquele selo que Deus “pôs à mão de cada homem, para que
o conheçam todos os homens” (Jó 37,7), não se transforme,
facilmente, em ferrete de sua desgraça e ignomínia!
Trabalhos Jurídicos e Literários de
Carlos Biasotti

1. A Sustentação Oral nos Tribunais: Teoria e Prática;


2. Adauto Suannes: Brasão da Magistratura Paulista;
3. Advocacia: Grandezas e Misérias;
4. Antecedentes Criminais (Doutrina e Jurisprudência);
5. Apartes e Respostas Originais;
6. Apelação em Liberdade (Doutrina e Jurisprudência);
7. Apropriação Indébita (Doutrina e Jurisprudência);
8. Arma de Fogo (Doutrina e Jurisprudência);
9. Cartas do Juiz Eliézer Rosa (1a. Parte);
10. Citação do Réu (Doutrina e Jurisprudência);
11. Crime Continuado (Doutrina e Jurisprudência);
12. Crimes contra a Honra (Doutrina e Jurisprudência);
13. Crimes de Trânsito (Doutrina e Jurisprudência);
14. Da Confissão do Réu (Doutrina e Jurisprudência);
15. Da Presunção de Inocência (Doutrina e Jurisprudência);
16. Da Prisão (Doutrina e Jurisprudência);
17. Da Prova (Doutrina e Jurisprudência);
18. Da Vírgula (Doutrina, Casos Notáveis, Curiosidades, etc.);
19. Denúncia (Doutrina e Jurisprudência);
20. Direito Ambiental (Doutrina e Jurisprudência);
21. Direito de Autor (Doutrina e Jurisprudência);
22. Direito de Defesa (Doutrina e Jurisprudência);
23. Do Roubo (Doutrina e Jurisprudência);
24. Estelionato (Doutrina e Jurisprudência);
25. Furto (Doutrina e Jurisprudência);
26. “Habeas Corpus” (Doutrina e Jurisprudência);
27. Legítima Defesa (Doutrina e Jurisprudência);
28. Liberdade Provisória (Doutrina e Jurisprudência);
29. Mandado de Segurança (Doutrina e Jurisprudência);
30. O Cão na Literatura;
31. O Crime da Pedra (Defesa Criminal em Verso);
32. O Crime de Extorsão e a Tentativa (Doutrina e
Jurisprudência);
33. O Erro. O Erro Judiciário. O Erro na Literatura (Lapsos e
Enganos);
34. O Silêncio do Réu. Interpretação (Doutrina e Jurisprudência);
35. Os 80 Anos do Príncipe dos Poetas Brasileiros;
36. Princípio da Insignificância (Doutrina e Jurisprudência);
37. “Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?”;
38. Tópicos de Gramática (Verbos abundantes no particípio;
pronúncias e construções viciosas; fraseologia latina, etc.);
39. Tóxicos (Doutrina e Jurisprudência);
40. Tribunal do Júri (Doutrina e Jurisprudência);
41. Absolvição do Réu (Doutrina e Jurisprudência);
42. Tributo aos Advogados Criminalistas (Coletânea de Escritos
Jurídicos); Millennium Editora Ltda.;
43. Advocacia Criminal (Teoria e Prática); Millennium Editora
Ltda.;
44. Cartas do Juiz Eliézer Rosa (2a. Parte);
45. Contravenções Penais (Doutrina e Jurisprudência);
46. Crimes contra os Costumes (Doutrina e Jurisprudência).
47. Revisão Criminal (Doutrina e Jurisprudência);
48. Nélson Hungria (Súmula da Vida e da Obra);
49. Ação Penal (Doutrina e Jurisprudência).
www.scribd.com/Biasotti

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