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1. INTRODUÇÃO
O art. 337 do Código de 1916 afirmava que "são legítimos os filhos concebidos
na constância do casamento", preconizando, a seguir, no art. 358: "os filhos
incestuosos e os adulterinos não podem ser reconhecidos".
É por isso que o § 6º do inciso VII do art. 227 da CF/88 veio estabelecer que
“os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”.
Por sua vez, preceitua o art. 1.596 do atual Código Civil: "Os filhos, havidos ou
não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação".
O artigo 499 do novo Código de Processo Civil não altera esta ideia.
Por ocasião da segunda ação, já havia sido editada lei no Distrito Federal
prevendo que tal teste seria custeado pelo Estado aos beneficiários da
assistência judiciária gratuita. No entanto, extinguiu-se o feito, sem resolução de
mérito, em vista da coisa julgada que se formou quando do primeiro pedido.
Aduziu que a dignidade da pessoa humana é que “deve servir como fiel
da balança para a definição do peso abstrato de cada princípio jurídico
estabelecido na Constituição Federal de 1988”. Ademais, “o status de filho, mais
do que fonte de direitos patrimoniais, ostenta um inquestionável viés existencial”.
Alertou para certas fragilidades, tais como alguns riscos que envolvem o
exame de DNA, assim como a possibilidade de, em demanda na qual se busque
a relativização da coisa julgada, o suposto pai venha a se recusar a fazer o teste
de DNA, sendo necessário fixar parâmetros para a superação da coisa julgada,
assim como ocorre com a ação rescisória.
3.- Julgamento anterior retratado (CPC, art. 543-B, § 3º, parte final)
e Recurso Especial provido, julgando-se procedente a ação
negatória de paternidade.
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Nessa linha, realizado o exame de DNA, prova técnica, e tendo sido o exame
positivo para a paternidade, não há se falar em relativizar a coisa julgada e julgar-se
nova ação intentada com o mesmo fim.
Em outros casos, a coisa julgada também não poderá ser relativizada, quando,
por exemplo, na primeira ação de investigação não houve condenação e afirmação da
paternidade, porque houve recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA,
situação que induz presunção juris tantum de paternidade, já consolidada pela
Jurisprudência do STJ.
Com efeito, e de maneira mais enfática, mesmo que por meio do exame de
DNA alcançar-se resultado negativo para a paternidade entre as partes, não sendo
reconhecida a descendência biológica, ainda assim não seria possível se rescindir o
vínculo jurídico de filiação, devendo prevalecer o estado advindo da afetividade, uma
vez consolidado na convivência familiar.
Concluiu a egrégia Turma de Direito Privado que não se pode obrigar o pai
registral, induzido a erro substancial, a manter relação de afeto, igualmente calcada no
vício de consentimento originário, impondo-lhe os deveres daí advindos, sem que,
voluntária e conscientemente, o queira. É que a filiação socioafetiva pressupõe a
vontade e a voluntariedade do apontado pai.
A linha adotada pela Terceira Turma presta inegável reverência a valores tidos
como os timbres atuais do direito de família, como o afeto e a solidariedade (art. 3º,
inciso I, da CF/1988), os quais, em não raras vezes, superam até mesmo os vínculos
biológicos ou meramente civis porventura existentes entre os envolvidos (art. 227, § 6º,
da CF/1988). Como muito bem asseverou a professora Maria Berenice Dias, o “grande
desafio dos dias de hoje é descobrir o toque diferenciador das estruturas interpessoais
que permita inseri-las em um conceito mais amplo de família. Esse ponto de
identificação é encontrado no vínculo afetivo” (DIAS, Maria Berenice. Manual do direito
das famílias. 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 8).
O art. 1.790 do Código Civil de 2002, norma que inovou o regime sucessório
dos conviventes em união estável, sempre despertou debates doutrinário e
jurisprudencial de substancial envergadura.
É de Francisco José Cahali, por exemplo, a assertiva de que "a nova lei força
caminho na contramão da evolução doutrinária, legislativa e jurisprudencial elaborada
à luz da Constituição Federal de 1988" e que "houve um reprovável retrocesso,
privando os partícipes da união estável de várias conquistas alcançadas com muito
esforço da sociedade" (CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria
Fernandes Novaes. Curso avançado de direito civil, volume 6: direito das sucessões.
São Paulo: RT, 2003, p. 228).
No mesmo sentido se manifestou Zeno Veloso, para quem o "art. 1.790 merece
censura e crítica severa porque é deficiente e falho, em substância. Significa um
retrocesso evidente, representa um verdadeiro equívoco", concluindo ao final que "a
discrepância entre a posição sucessória do cônjuge supérstite e a do companheiro
sobrevivente, além de contrariar o sentimento e as aspirações sociais, fere e maltrata,
na letra e no espírito, os fundamentos constitucionais" (Do direito sucessório dos
companheiros. In. Direito de família e o novo Código Civil. Coordenação: Maria
Berenice Dias e Rodrigo da Cunha Pereira. 4ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006).
Nessa linha de ideias, seguiu o ilustre Ministro, externando sua indignação com
as disposições do art. 1790 do CC, verbis:
2.4. Notas sobre o futuro das relações sucessórias após a decisão do STF
Ademais, anoto que o completo debate da questão impõe, ainda, sejam feitas
algumas ponderações acerca das situações que a partir de agora se verificarão,
considerando-se a regra de transição eleita pelo Supremo Tribunal Federal e,
principalmente, quanto à opção feita pela maioria da Corte, no que respeita ao regime
sucessório a ser seguido, a partir da declaração de inconstitucionalidade do art. 1790
do CC/2002.
Assim, por exemplo, o professor Flávio Tartuce que destaca que, reconhecida
ao companheiro a condição de herdeiro necessário, incidirão, em relação àquele, por
exemplo, as regras previstas nos arts. 1.846 e 1.849 do CC/2002, ocasionando
restrições na doação e no testamento, "uma vez que o convivente deve ter a sua
legítima protegida, como herdeiro reservatário".
Há, ademais, outra importante questão, qual seja a exigência de outorga uxória
ou marital contemplada no art. 1.647, a ser aplicada ou não à união estável.
Flávio Tartuce, uma vez mais, busca esclarecer algumas destas questões,
sustentando que a equiparação entre cônjuge e companheiro faz sentido "somente
para os fins de normas de solidariedade, caso das regras sucessórias, de alimentos
e de regime de bens. Em relação às normas de formalidade, como as relativas à
existência formal da união estável e do casamento, aos requisitos para a ação de
alteração do regime de bens do casamento (art. 1.639, § 2º, do CC e art. 734 do
CPC) e às exigências de outorga conjugal, a equiparação não deve ser total". (STF
encerra o julgamento sobre a inconstitucionalidade do art. 1790 do Código Civil. E
agora? http://www.migalhas.com.br/FamiliaeSucessoes/104,MI259678,31047)
Nessa esteira, a ADFAS requer que o entendimento atualizado não valha para
as sucessões abertas antes da prolação da decisão.
Deveras, legislar sobre direito de família não é o mesmo que legislar sobre
propriedade, por exemplo. Por consequência, julgar casos relacionados a família
também não pode seguir a mesma lógica de outros ramos do direito. E isso,
igualmente, em razão de imperativo constitucional.
É mesmo hora propícia para que, tanto a Suprema Corte como o Superior
Tribunal de Justiça, se debrucem sobre esses delicados temas.
5. BIBLIOGRAFIA
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, família. Sucessões. v. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
DIAS, Maria Berenice. Manual do direito das famílias. 3 ed. São Paulo: RT,
2006.
________________. Manual de direito das famílias. 10. ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: RT, 2015.
TALAMINI, Eduardo. Coisa julgada e sua revisão. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005.
http://www.conjur.com.br/2016-dez-25/processo-familiar-entao-stf-decidiu-
destino-artigo-1790-cc-parte
http://www.professorchristiano.com.br/artigosleis/artigo_giselda_concorrencia.
pdf