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Conteúdo
1. INTRODUÇÃO
Em que consiste a Educação Física Adaptada? Qual o papel
desta disciplina frente ao desafio da inclusão de pessoas com
deficiências na Educação Física Escolar? Quais são as
necessidades educacionais especiais desta clientela? Os
conteúdos curriculares da Educação Física devem ser
modificados para atendê-las? De que forma? Esses são alguns
dos questionamentos que nortearão nosso estudo.
Até pouco tempo atrás, a educação de pessoas com
deficiências (ou pelo menos de uma minoria que possuía o
privilégio de acesso aos escassos programas de educação) era
realizada em instituições ou escolas de ensino especializadas, o
que configurava um sistema paralelo de ensino, conhecido
como Educação Especial. Nessa perspectiva, o ensino da
Educação Física era de responsabilidade de professores com a
respectiva formação, que se especializavam no atendimento das
necessidades educacionais especiais apresentadas por estes
indivíduos, constituindo uma forma segregada de ensino.
Com as mudanças políticas e sociais, as pessoas com
necessidades especiais, entre as quais se inserem aquelas que
apresentam deficiências, conquistam o direito constitucional à
educação, devendo ter a garantia de acesso e permanência nos
ambientes regulares de ensino.
Por outro lado, desde que a Educação Física tem se
configurado como um componente curricular da Educação
Básica sabe-se que a mesma tem colecionado críticas por
privilegiar os alunos mais habilidosos, em detrimento daqueles
que apresentam dificuldades de assimilação de determinados
conteúdos inerentes à sua prática, independentemente ou não
da condição de deficiência. Contraditoriamente, são justamente
estes os indivíduos que mais necessitam de oportunidades de
experiências e vivências motoras diversificadas.
Surge então o grande desafio: como assegurar a
participação e o envolvimento de alunos em diferentes
condições, entre os quais estão incluídas as pessoas com
deficiências, nas aulas de Educação Física?
Para ilustrar o papel da Educação Física Adaptada frente
a esse desafio, Nabeiro (2010) estabelece uma analogia com o
plantio, onde: o elemento terra representa a “Educação Física”
regular, enquanto o solo a ser preparado; a semente simboliza o
atual processo de “inclusão”, ainda em fase embrionária no
contexto educacional; por fim, a “Educação Física Adaptada”
seria representada pelo adubo, cujas substâncias e compostos,
podem consistir uma espécie de fertilizante para o plantio.
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1),
um Esquema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais
aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse
exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento,
ressignificando as informações a partir de suas próprias
percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema
dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as
relações entre os conceitos por meio de palavras-chave,
partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso
pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação
hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa,
entende-se que, por meio da organização das ideias e dos
princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode
construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e
obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo
de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem
escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e
pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave
baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva
de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela
assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura
cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são
aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa,
apenas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é
preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se
configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é
importante considerar as entradas de conhecimento e organizar
bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias
e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos
para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já
existentes estruturas cognitivas, outros serão também
relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é
você o principal agente da construção do próprio
conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas
motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave
tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem,
transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo
curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que
você está conhecendo com o que já faz parte do seu
conhecimento (adaptado do site disponível em:
<http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapasconceituais/utilizamap
asconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas
questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as
quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas
objetivas ou dissertativas. Vale ressaltar que se entendem as
respostas objetivas como as que se referem aos conteúdos
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta
determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Educação Física
Especial e Adaptada pode ser uma forma de você avaliar o seu
conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões
pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para
a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma
maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e
adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as
bibliografias apresentadas no Plano de Ensino e no item
Orientações para o estudo da unidade.
Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida você a olhar, de forma
mais apurada, a Educação como processo de emancipação do
ser humano. É importante que você se atente às explicações
teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de
comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus
colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que
você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido
percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos
impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Educação Física na
modalidade EAD e futuro profissional da educação, necessita de
uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você
contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e,
sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que
organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas
estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas
poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você
amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material
didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e
assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas
questões autoavaliativas, que são importantes para a sua
análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes
foram significativos para sua formação. Indague, reflita,
conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão
importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir,
procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e
tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará
pronto para ajudar você.
Unidade 1
EDUCAÇÃO FÍSICA
NA PERSPECTIVA
DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
1. OBJETIVOS
Conhecer as diferentes formas de tratamento
dispensado às pessoas com deficiência ao longo da
história da humanidade;
Compreender e identificar os principais paradigmas
sociais e educacionais relacionados à Educação
Inclusiva;
Diferenciar os termos e assimilar os principais conceitos
ligados à Educação Especial e à Educação Física
Adaptada.
2. CONTEÚDOS
A deficiência através dos tempos: perspectiva histórica,
conceitos e terminologias;
Principais paradigmas sociais e educacionais: do modelo
médico ao modelo educacional; do princípio da
igualdade à diversidade; da exclusão social ao processo
de inclusão;
Educação Física na perspectiva da Educação Inclusiva:
interfaces entre Educação Especial e Educação Física
Adaptada; aspectos históricos; documentos legais;
conceitos básicos.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Ao longo dos tempos, em todas as culturas, é possível
observar mudanças no tratamento destinado às pessoas com
deficiência, caracterizando diferentes fases no que se refere às
práticas sociais. Gradativamente, pessoas que apresentavam
condições atípicas e eram submetidas à exclusão social,
passaram a ser encaminhadas a instituições onde, mediante a
segregação, poderiam receber atendimento especializado.
Paulatinamente desenvolveu-se a prática da integração social e
recentemente vem se instalando um processo de inclusão
social, cuja filosofia volta-se à modificação dos sistemas sociais
gerais.
Nessa unidade voltaremos nossos olhares para a
educação inclusiva, buscando compreender os principais
conceitos, estabelecendo relações com o campo do
conhecimento da Educação Física Adaptada, voltada a pessoas
com deficiências.
Curiosidade
8. TEXTOS COMPLEMENTARES
Para complementar o conteúdo desta unidade,
recomendamos a leitura do artigo de Miranda (2004), intitulado
“História, deficiência e Educação Especial”. Para sua
comodidade, o resumo foi transcrito a seguir. Se possível, faça a
leitura do artigo na íntegra, disponível no site indicado abaixo:
.......................................................................................................
É apresentado um rastreamento histórico da Educação Especial,
procurando resgatar os diferentes momentos vivenciados,
objetivando compreender os fatos que influenciaram na prática
do cotidiano escolar as conquistas alcançadas pelas pessoas que
apresentam necessidades educacionais especiais. Desde a
antiguidade, com a eliminação física ou o abandono, passando
pela prática caritativa da idade média, o que era uma forma de
exclusão, ou na idade moderna, em que o humanismo, ao
exaltar o valor do homem, tinha uma visão patológica da pessoa
que apresentava deficiência, o que trazia como conseqüência
sua separação e menosprezo da sociedade, podemos constatar
que a maneira pela qual as diversas formações sociais lidaram
com a pessoa que apresentava deficiência reflete a estrutura
econômica, social e política do momento. Durante a maior parte
da história da humanidade, o deficiente foi vítima de
segregação, pois a ênfase era na sua incapacidade, na
anormalidade. Na década de 70 surgiu o movimento da
integração, com o conceito de normalização, expressando que
ao deficiente devem ser dadas condições as mais semelhantes
às oferecidas na sociedade em eu ele vive. Em meados da
década de 90, no Brasil, começaram as discussões em torno do
novo modelo de atendimento escolar denominado inclusão
escolar. Esse novo paradigma surge como uma reação contrária
ao princípio de integração, e sua efetivação prática tem gerado
muitas controvérsias e discussões.
MIRANDA, A. A. B. História, deficiência e educação especial.
Revista HISTEDBR On-line, p.1-7, 2004. Disponível em
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/revis/revis15/art1
_15.pdf. Acesso em 09 Jan. 2011.
.......................................................................................................
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e
comentar as questões a seguir que tratam da temática
desenvolvida nesta unidade. Procure realizar uma síntese das
principais idéias e estabelecer as relações necessárias para a
compreensão dos conceitos básicos relacionados à Educação
Especial e à Educação Física Adaptada a pessoas com
deficiências.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante
para você testar o seu desempenho. Se você encontrar
dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os
conteúdos estudados e sanar as suas dúvidas antes de
prosseguir para a próxima unidade. Lembre-se de que, na
Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as
suas descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o
seu desempenho no estudo desta unidade:
1) Com suas palavras, comente de que forma a deficiência
tem sido tratada ao longo dos diferentes períodos
históricos.
2) Quais são as principais dificuldades (ou barreiras)
enfrentadas por pessoas com deficiências, ainda na
atualidade?
3) O que é educação inclusiva?
4) O que é e quais são os atendimentos educacionais
especializados assegurados pela LDB?
5) O que é Educação Física Adaptada? De que forma a
Educação Física Adaptada pode colaborar para a inclusão
de pessoas com deficiências na escola?
10. CONSIDERAÇÕES
Estudo das
deficiências
Esta unidade visa levá-lo a conhecer um pouco mais
sobre a condição de seu aluno com deficiência.
1. OBJETIVOS
Identificar os principais tipos de deficiência e
compreender as características relacionadas à condição
de cada uma delas;
Reconhecer as possibilidades e o potencial de pessoas
com deficiências no âmbito da Educação Física;
Identificar as necessidades educacionais especiais de
pessoas com deficiências nas aulas de Educação Física.
2. CONTEÚDOS
Estudo das deficiências: incidência, terminologia, conceitos
básicos e diagnóstico:
Deficiência Visual: conceito; classificação e avaliação;
aspectos funcionais do órgão da visão; principais
etiologias; características da pessoa com deficiência
visual; cuidados especiais e implicações pedagógicas;
noções de orientação e mobilidade;
Deficiência Auditiva: conceito; classificação e avaliação;
aspectos funcionais do órgão da audição; principais
etiologias; sintomas da deficiência auditiva;
características da pessoa com deficiência auditiva;
cuidados especiais e implicações pedagógicas; noções de
comunicação com a pessoa surda;
Deficiência Intelectual: conceito (comportamento
adaptativo); classificação e avaliação; principais
etiologias; características da pessoa com deficiência
intelectual; aspectos gerais envolvendo a DI (família/
sexualidade); cuidados especiais e implicações
pedagógicas;
Deficiência Motora: conceito; tipos de deficiências
físicas; aspectos neuroanatômicos e funcionais;
principais etiologias; classificação e avaliação;
características da pessoa com deficiência motora;
noções sobre transferências; cuidados especiais e
implicações pedagógicas.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Quantas são as pessoas com deficiências no Brasil? Qual
a forma mais adequada para se referir a esse grupo de pessoas?
Quais são as implicações de uma determinada deficiência para o
indivíduo que a possui? Como identificar os diferentes tipos de
deficiência? Quais as principais características apresentadas por
cada deficiência? Estas são algumas das questões que
tentaremos elucidar no decorrer do estudo dessa unidade.
Incidência:
Com relação à incidência das deficiências, você possui
alguma idéia da porcentagem da população brasileira que
apresenta algum tipo de deficiência? Vejamos...
Os resultados do Censo 2000 mostram que,
aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas, ou 14,5% da
população total, apresentaram algum tipo de incapacidade ou
deficiência. São pessoas com ao menos alguma dificuldade de
enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência motora ou
intelectual (IBGE, 2000).
O gráfico a seguir demonstra os tipos de deficiências
apresentadas pela população brasileira em porcentagem.
Terminologia:
Na literatura da área, você encontrará diferentes formas
de se referir às pessoas que apresentam deficiências: deficiente,
portador de deficiência, pessoa portadora de deficiência, pessoa
com diferentes e peculiares condições, pessoa com necessidade
especial, pessoa com deficiência, entre outros. Esses conceitos
modificam-se constantemente, de acordo com a mentalidade
da época. Mas afinal: qual será a forma de tratamento mais
adequada para se referir a esse grupo de pessoas?
Grande parte da sociedade, que não possui familiaridade
ou não atua na área da deficiência, emprega esses termos de
forma inadequada. Na maioria das vezes, o senso comum
desconhece que o uso de determinada terminologia pode
reforçar a segregação e a exclusão.
Até a década de 1980, a sociedade utilizava termos como
"aleijado", "defeituoso", "incapacitado", "inválido" para se
referir a essas pessoas. Passou-se a utilizar o termo "deficiente",
por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas
Deficientes, estabelecido pela ONU, a partir de 1981. Em
meados dos anos 1980, entraram em uso as expressões "pessoa
portadora de deficiência" e "portadores de deficiência".
Também em um determinado período acreditava-se como
correto o termo "especial" e sua derivação "pessoas com
necessidades especiais", o que, fora do contexto educacional,
revelou-se inapropriado.
Cabe esclarecer que o termo "portadores" implica em
algo que se "porta", que é possível se desvencilhar tão logo se
queira ou chegue-se a um destino. Remete, ainda, a algo
temporário, como ser portador de uma doença. A deficiência,
na maioria das vezes, é algo permanente, não cabendo o termo
"portadores". Além disso, quando se rotula alguém como
"portador de deficiência", nota-se que a deficiência passa a ser
"a marca" principal da pessoa, em detrimento de sua condição
humana.
Para evitar rotular a pessoa pela sua característica ou
condição física, visual, auditiva ou intelectual, deve-se valorizar
o indivíduo acima de suas restrições. A construção de uma
verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com
a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntária ou
involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às
pessoas com deficiência. Por isso, vamos sempre nos lembrar
que a pessoa com deficiência antes de ter deficiência é, acima
de tudo e simplesmente: pessoa.
Lembre-se: agora é lei! Segundo a Portaria nº 2.344, de 3
de novembro de 2010 (BRASIL, 2010), a nomenclatura
adequada para referir-se a esse grupo de pessoas passou a ser
"Pessoa com Deficiência".
Implicações da deficiência:
Será que a deficiência afeta a todos os indivíduos da
mesma forma? Em outras palavras: será que duas pessoas com
um mesmo tipo de deficiência, sofrem as mesmas implicações
ou consequências?
A resposta é “não”. Uma mesma mudança estrutural ou
anatômica, de mesma origem/ causa comum (etiologia), mesma
localização e extensão, pode ocasionar modificações funcionais
diferenciadas. Por sua vez estas alterações funcionais afetam o
desempenho do indivíduo de formas distintas, gerando
incapacidades diferenciadas e, consequentemente,
desencadeando consequências sociais e econômicas também
diversas. O quadro seguinte poderá ajudá-lo a visualizar melhor
essa situação.
Diagnóstico:
Às vezes cria-se uma aura em torno da questão da
deficiência, que ofusca a visão da pessoa que está por detrás
dela, dificultando a percepção de seus reais interesses e
necessidades. Num primeiro contato, é importante conversar
com o indivíduo em questão e ouvi-lo abertamente, sem pré-
julgamentos. Um bom diálogo com este indivíduo poderá trazer
muitas informações importantes, como conhecer suas
expectativas, suas preferências, suas dificuldades...
Essa conversa inicial deve ser acompanhada e
complementada por outras informações também importantes,
previamente obtidas com a família e/ou por meio de relatórios
médicos, sobre cuidados especiais, orientações quanto ao uso
de medicamentos etc.
Ao buscar as características de pessoas com deficiência
na literatura especializada, é comum encontrarmos referência à
descrição dos problemas, dificuldades ou aquilo que o indivíduo
não consegue realizar, como por exemplo: “As pessoas com
deficiência intelectual apresentam atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor...”; ou “As pessoas com deficiência visual
apresentam problemas posturais e dificuldades de equilíbrio...”.
Ao invés de estabelecer generalizações pautadas na
incapacidade e dificuldades das pessoas em questão, é
preferível que o professor de Educação Física direcione o seu
olhar para aquelas que são as possibilidades do indivíduo em
questão.
É diferente dizer que “o indivíduo não consegue se
locomover sem auxílio de órteses e muletas”, e que “o indivíduo
consegue se locomover com o auxílio de órteses e muletas”.
Embora as situações descritas aparentemente sejam iguais, a
diferença entre elas está na perspectiva de abordagem, o que
provavelmente conduz as pessoas envolvidas a atitudes
diferenciadas. Observar e constatar o que a criança não pode ou
não consegue fazer é um tanto óbvio: o desafio é descobrir
novas formas de superar as dificuldades apresentadas.
Nos próximos tópicos, ao estudar as características
comuns entre pessoas com deficiências, lembre-se de modificar
o foco das dificuldades e incapacidades para as possibilidades e
potencialidades latentes no indivíduo.
5. DEFICIÊNCIA VISUAL
5.1. Conceito
A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou
total da capacidade visual, em ambos os olhos, avaliada após a
melhor correção ótica ou cirúrgica, levando o indivíduo a uma
limitação em seu desempenho habitual (MUNSTER; ALMEIDA,
2008).
A simples utilização de óculos ou lentes de contato não é
suficiente para caracterizar a deficiência visual, pois a prescrição
de correção ótica adequada pode conferir ao indivíduo uma
condição visual ideal, ou muito próxima da normalidade.
Todavia, mesmo utilizando recursos óticos especiais e passando
por intervenção cirúrgica, alguns indivíduos continuam com a
capacidade visual severamente comprometida, sendo
consideradas pessoas com deficiência visual.
Em determinadas situações, mesmo com perda total da
capacidade visual em um dos olhos, ou ainda que seja
recomendada a evisceração, ou remoção cirúrgica, do órgão
visual comprometido, a pessoa pode apresentar boa
porcentagem de visão no órgão visual remanescente, de forma
a compensar tal perda e apresentar a visão dentro dos limites
de normalidade. Neste caso, o indivíduo não é considerado
portador de deficiência, pois, para tanto, é necessário que a
perda visual comprometa ambos os olhos.
Em outras palavras: para ser considerada uma pessoa
com deficiência visual é necessário que a perda visual
comprometa os dois olhos e que, mesmo após passar por
correção ótica ou cirúrgica, o melhor olho tenha menos de 30 %
da visão. Ficou claro quando uma pessoa possui ou não uma
deficiência visual?
Sugestão
Classificação Educacional
A classificação baseada em parâmetros educacionais
permite fornecer indicações a respeito da eficiência visual do
indivíduo, baseando-se em suas necessidades educativas
especiais:
Pessoa com baixa visão: “é aquela que possui dificuldade
em desempenhar tarefas visuais, mesmo com prescrição de
lentes corretivas, mas que pode aprimorar sua capacidade
de realizar tais tarefas com a utilização de estratégias
visuais compensatórias, baixa visão e outros recursos, e
modificações ambientais.”(CORN; KOENIG, 1996, p.4)
Pessoa cega: “é aquela cuja percepção de luz, embora possa
auxiliá-la em seus movimentos e orientação, é insuficiente
para aquisição de conhecimento por meios visuais,
necessitando utilizar o sistema Braille em seu processo
ensino-aprendizagem.” (BARRAGA,1985, p.18)
A pessoa com baixa visão pode contar com auxílios
ópticos, como diferentes tipos de óculos, lupas e telescópios,
como também usufruir de auxílios não ópticos, como caderno
com pautas mais grossas, tiposcópio, ampliação de livros e os
próprios recursos da informática.
A pessoa cega terá o seu processo ensino-aprendizagem
baseado no sistema Braille, utilizando-se de recursos para
leitura e escrita como a reglete, máquinas de datilografia e
recursos de informática.
Classificação Esportiva
Voltada para finalidades esportivas e amplamente
utilizada em competições, a classificação esportiva tem como
finalidade agrupar as pessoas com deficiência visual em
categorias, com base na qualidade da visão remanescente. O
emprego da letra "B" nas subcategorias refere-se ao termo
blind, cuja tradução em português significa cego.
B1: desde a inexistência de percepção luminosa em ambos
os olhos, até a percepção luminosa, mas com incapacidade
para reconhecer a forma de uma mão a qualquer distância
ou direção.
B2: desde a capacidade para reconhecer a forma de uma
mão, até acuidade visual de 2/60 metros e ou campo visual
inferior a 5 graus.
B3: acuidade visual entre 2/60 e 6/60 metros, ou um campo
visual entre 5 e 20 graus.
Técnica Básica
• O guia vidente entra em contato com o aluno cego, tocando
levemente no seu braço, devendo colocar o seu cotovelo em
contato direto com o braço do aluno;
• O aluno localiza o cotovelo do guia, segura seu braço (logo
acima do cotovelo), colocando o polegar do lado externo e os
outros dedos na parte interna do braço de maneira firme e
segura;
• O aluno deverá permanecer meio passo atrás do guia, com o
seu ombro na mesma posição que a dele, fornecendo maior
proteção e segurança em termos de reação;
• O aluno cego deverá acompanhar o ritmo da marcha do guia
vidente de forma sincronizada, evitando tornar-se um peso para
o guia;
• O aluno deverá manter seu braço junto ao seu corpo com o
cotovelo flexionado num ângulo de 90°;
• A parte superior do braço do guia deverá ser mantida junto ao
corpo, principalmente ao fazer curvas, de modo que o aluno
obtenha maior proteção do guia;
• as crianças ou pessoas de baixa estatura poderão usar tanto a
cintura como o pulso do guia para compensar a diferença de
altura.
6. DEFICIÊNCIA AUDITIVA
6.1. Conceito
A deficiência auditiva caracteriza-se pela perda parcial
ou total da capacidade de transmitir ou perceber sinais sonoros
(ALMEIDA, 2008).
A deficiência auditiva interfere tanto na recepção quanto
na produção da linguagem. Devido a importância da linguagem
em todas as dimensões do desenvolvimento, ser incapaz de
ouvir e falar é considerada uma deficiência crítica que pode
interferir no ajuste social e acadêmico do indivíduo.
O nível de audição pode ser medido em decibéis (dB),
unidade de avaliação de intensidade dos sons. A audição normal
situa-se em zero dB e são consideradas significativas as perdas
acima de 30 dB. A partir daí é recomendado o uso de aparelhos
de amplificação sonora. Quanto maior o número de decibéis
necessários para que uma pessoa possa compreender os sons,
maior a perda auditiva. A adaptação do ouvido ao aparelho e a
resposta aos estímulos sonoros poderão caracterizar o indivíduo
em duas categorias: pessoa com baixa audição é aquela que
discrimina os sons da fala graças ao uso do aparelho; pessoa
surda é aquela que não compreende os sons da fala mesmo
com o uso do aparelho (ALMEIDA, 2008).
Curiosidade
LIBRAS
A língua oficial utilizada pela comunidade de surdos do Brasil é
a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais –
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm).
LIBRAS contém todos os elementos existentes nas outras
línguas, possibilitando sua identificação como língua
propriamente dita. Segundo estudos lingüísticos realizados, a
língua de sinais pode ser comparada às demais línguas orais,
tendo como peculiaridade o fato de serem da modalidade
gestual-visual. Outro detalhe importante é o fato de que
quando ensinada precocemente, a língua de sinais colabora
para o aprendizado das línguas orais como segunda língua dos
surdos.
É importante ressaltar que quando falamos em línguas
de sinais, temos que observar que a língua de sinais não é
universal, diferindo de um país para outro e admitindo dialetos
e variações regionais. Por exemplo, no Brasil temos a LIBRAS,
nos EUA temos a ASL (American Sing Language), na França
temos a LSF (Langue Signes Français), entre outras. O
responsável por desenvolver essa idéia foi o padre Abbé Charles
Michel de I'Epée, na França, em torno do ano de 1700.
Assim como outras línguas de sinais, LIBRAS possibilita a
combinação de configurações de movimento, localização e
orientação das mãos na geração de sinais, em condições de
simetria e alternância.
7. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
7.1. Conceito
O termo deficiência intelectual refere-se à mesma
população de indivíduos que anteriormente recebiam o
diagnostico de “retardo mental” (ou deficiência mental).
Segundo a American Association on Intellectual and
Developmental Disabilities (AAIDD, 2010), os indivíduos que
apresentavam o diagnóstico de retardamento mental passarão
a ser designados como pessoas com deficiência intelectual.
O conceito de deficiência intelectual tem sofrido
constantes revisões e atualizações. A opção pelo emprego do
termo “deficiência intelectual”, ao invés de “deficiência
mental”, é decorrente de um movimento internacional que vem
ganhando força no campo da Educação Especial, com o intuito
de superar os estigmas relacionados ao conceito de deficiência
mental. Essa é a definição proposta pela AAIDD (2010):
A deficiência intelectual é caracterizada por limitações
significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no
comportamento adaptativo expresso em habilidades
conceituais, sociais e práticas. Essa deficiência se origina antes
dos 18 anos.
Para o correto entendimento dessa definição, convém
lembrar que, em todos os indivíduos, “limitações” coexistem
com potencialidades. A justificativa para a descrição das
limitações deve-se à necessidade de desenvolvimento de
serviços de apoio personalizado, visando a melhoria dos
aspectos funcionais apresentados pela pessoa com deficiência
intelectual em seu cotidiano.
“Funcionamento intelectual” pode ser definido a partir
de resultados obtidos por meio de instrumentos de avaliação da
inteligência, que considerem as diferenças esperadas conforme
faixa etária e características culturais onde o indivíduo está
inserido. A mensuração da inteligência pode ser realizada para
fins de diagnóstico e/ou classificação, desde que o processo de
avaliação respeite a diversidade cultural e lingüística,
considerando ainda os aspectos relativos à comunicação e
demais necessidades do indivíduo.
Sugestão
Características de Aprendizagem
O comportamento cognitivo é a área em que as pessoas
com deficiência intelectual mais se diferenciam em relação às
demais.
Na concepção de Piaget (1990), o desenvolvimento
infantil distingue-se em três estágios: período sensório-motor;
período da inteligência representativa (subdividido em período
pré-operatório e operatório-concreto); período das operações
formais.
O indivíduo com deficiência intelectual pode permanecer
um maior ou menor período de tempo em cada uma dessas
fases, considerando-se a faixa etária, o contexto sócio-
econômico e, sobretudo, a qualidade dos estímulos recebidos.
Todavia, independentemente da existência ou não de alguma
necessidade especial, a ordem de sucessão destes estágios não
se altera.
Conforme as limitações intelectuais e o comportamento
adaptativo apresentado pela pessoa com deficiência intelectual,
o período de passagem ou o tempo de permanência em um
determinado estágio ou fase de desenvolvimento pode variar
conforme as necessidades especiais do indivíduo.
Quanto maior o comprometimento cognitivo do
indivíduo, mais lento será o seu ritmo de aprendizagem. Podem
ainda apresentar problemas de atenção e apatia para aprender;
dificuldades de compreensão e assimilação; dificuldades na
aquisição da linguagem e comunicação (GIMENEZ, 2008).
Características sócio-afetivas
As pessoas com deficiência intelectual estão sujeitas às
mesmas variações de comportamento social e emocional
demonstrados por qualquer outro indivíduo. Todavia, por não
compreenderem totalmente o que se espera delas em
determinadas situações, algumas reações podem ser
consideradas inadequadas ou inapropriadas.
As pessoas com deficiência intelectual necessitam de
mais oportunidades para a generalização da aprendizagem,
devido à dificuldade que apresentam em aprender com as
situações passadas.
Podem surgir manifestações isoladas de agressividade,
exacerbação da afetividade, dificuldade de compreensão de
limites, entre outros aspectos, com os quais o professor de
Educação Física terá que aprender a lidar. É fundamental que a
escola ofereça um serviço de apoio psicopedagógico ao qual
esse profissional possa recorrer.
8. DEFICIÊNCIA MOTORA
8.1. Conceito
Deficiência motora consiste em toda e qualquer
alteração no corpo humano resultante de problema ortopédico,
neurológico ou de má formação, implicando em limitações ou
incapacidades para o desenvolvimento de tarefas motoras
(COSTA, 2001).
Tendo em vista os diferentes fatores que podem
desencadear a deficiência motora, e as diversas consequências
que dela podem decorrer, este tópico terá uma estrutura
diferente dos anteriores. Na sequência serão descritos os
principais tipos de deficiência motora, as respectivas causas,
alterações funcionais e cuidados correspondentes a cada uma
delas.
Sugestão
Para conhecer um pouco mais sobre a deficiência motora, assista o vídeo “Bem além
dos Limites”, produzido pela Secretaria de Educação Especial do MEC. O filme relata a
história de Leandra, uma jovem com deficiência motora causada por Osteogênesis
Imperfecta. Disponível em:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=18957. Acesso em 17 Jan.
2011.
8.2.1. Amputação
A amputação pode ser definida pela ausência congênita
ou pela remoção (total ou parcial) de um ou mais membros do
corpo.
A maior incidência é em pessoas do sexo masculino, com
faixa etária entre 15 e 30 anos de idade. As principais causas de
amputação, em ordem decrescente de freqüência, são:
traumática (acidentes), tumoral (neoplasias), infecciosa,
congênita (má formações) e vascular (transtornos circulatórios).
As cirurgias de amputação procuram preservar o maior
número possível de articulações de um determinado segmento
corporal, no nível mais distal possível com potencial de
cicatrização, procurando assegurar que a constituição do coto
(segmento corporal remanescente) do paciente esteja em
condições de se ajustar a uma prótese.
As alterações funcionais decorrem do número de
segmentos afetados (quantidade de membros amputados) e o
nível de amputação dos mesmos. Quanto maior o número de
articulações preservadas, melhor o prognóstico de reabilitação
e adaptação à prótese.
A prótese consiste em um dispositivo endo ou
exoesquelético que visa substituir a função, a composição e a
sustentação corporal em um determinado segmento corporal
do indivíduo, da melhor maneira possível. Existem vários tipos
de próteses conforme as diferentes finalidades: estética,
funcional, esportiva.
8.2.3. Poliomielite
É uma doença aguda, causada por um vírus, de
gravidade extremamente variável e, que pode ocorrer sob a
forma de infecção inaparente ou apresentar manifestações
clínicas, frequentemente caracterizadas por febre, mal-estar,
cefaléia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca,
acompanhadas ou não de paralisias.
A origem dessa doença é causada pela contaminação por
vírus, do gênero Enterovírus, da família Picornaviridae, que
possui alta infectividade, ou seja, a capacidade de se alojar e
multiplicar no hospedeiro é de 100%; possui baixa
patogenidade, ou seja apenas 0,1 a 2,0% dos infectados
desenvolvem a forma paralítica (1:50 a 1:1000. A letalidade da
poliomielite varia entre 2 e 10%, mas pode ser mais elevada
dependendo da forma clínica da doença.
A transmissão pode ser direta (de pessoa a pessoa),
através secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas, 1 a 2
semanas após a infecção; ou de forma indireta através de
objetos, alimentos, água etc., contaminados com fezes de
doentes ou portadores, 1 a 6 semanas após a infecção. O
período de incubação pode variar de 2 a 30 dias, em geral é de 7
dias.
Embora a doença não tenha tratamento específico, pode
ser prevenida por meio de vacinação. A vacinação completa
(três básicas e dois reforços) produz imunidade duradoura na
grande maioria dos indivíduos.
Acomete quase que exclusivamente crianças menores de
5 anos de idade, sendo que a população afetada varia conforme
situação epidemiológica em que se encontra o país. Na região
das Américas (Norte, Central e Sul) não temos casos
confirmados desde 1991. Atualmente a circulação dos poliovírus
selvagem se restringem a três regiões no mundo: Sul da Ásia,
África Central e Ocidental.
Embora as pessoas sejam altamente suscetíveis à
infecção, somente cerca de 1% dos infectados desenvolve a
forma paralítica da doença. Nesses casos, o vírus se aloja
preferencialmente nos cornos anteriores da medula espinhal,
destruindo as células motoras responsáveis pela efetuação de
movimentos voluntários. Como consequência, a pessoa pode
desenvolver um quadro de paralisia flácida em diferentes
segmentos corporais, sendo mais comum essa manifestação nos
membros inferiores.
Figura 14: Localização do poliovírus
Fonte: Disponível em: http://togyn.br.tripod.com/poliomielite.gif.
Acesso em: 17 Jan. 2011.
Classificação Topográfica:
Monoplegia: comprometo de um único segmento
corporal;
Paraplegia: comprometimento dos membros inferiores;
Diplegia: os quatro segmentos corporais são afetados,
sendo que os membros inferiores ficam mais
comprometidos que os superiores;
Hemiplegia: envolvimento completo de um dos lados do
corpo (membros superior e inferior);
Triplegia: acometimento de três membros quaisquer;
Quadriplegia: comprometimento total, envolvendo
paralisia da face, tronco e os quatro membros.
Classificação Neuroanatômica:
Piramidal: lesão das fibras eferentes que vão do córtex
aos membros, resultando em paralisia espástica;
Extrapiramidal: lesão de outra área que não a das fibras
eferentes, afetando geralmente os gânglios da base.
Resulta em movimentos discinéticos;
Cerebelar: lesão no cerebelo, cuja função são a
coordenação de movimentos, percepção do corpo no
espaço e manutenção do equilíbrio.
Classificação Neuromotora:
Espasticidade: caracterizada pelo aumento do tônus
muscular (hipertonicidade) resultante de lesões no
córtex ou nas vias daí provenientes. Musculatura em
constante estado de tensão levando a contraturas e
deformidades durante o período de desenvolvimento do
indivíduo. As pessoas com PC espástica apresentam
movimentos desajeitados e rígidos.
Atetose: a lesão em núcleos do sistema extrapiramidal
desencadeia movimentos involuntários e variações do
tônus muscular, que oscila da hipertonicidade à
hipotonicidade. As pessoas com PC atetóide apresentam
movimentos involuntários decorrente da flutuação do
tônus muscular que dificulta a manutenção postural, a
sustentação da cabeça e a realização de movimentos
finos.
Ataxia: caracterizada pela diminuição do tônus muscular,
incoordenação de movimentos e dificuldade de
equilíbrio, devido a lesãoes no cerebelo. O indivíduo com
PC atáxica apresentam instabilidade postural e tremores.
9. TEXTOS COMPLEMENTARES
Para complementar o conteúdo desta unidade,
recomendamos a leitura do artigo de Cidade e Freitas (2002),
intitulado “Educação Física e inclusão: considerações para a
prática pedagógica na escola”. Para sua comodidade, foram
extraídos alguns trechos do mesmo. Se possível, faça a leitura
do artigo na íntegra, disponível no site indicado abaixo:
................................................................................................
EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO: CONSIDERAÇÕES PARA A
PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA
Ruth Eugênia Cidade; Patrícia de Freitas.
A Inclusão, como processo social amplo, vem acontecendo em
todo o mundo, fato que vem se efetivando a partir da década de
50.
A escola como espaço inclusivo têm sido alvo de inúmeras
reflexões e debates. A discussão de uma escola para todos tem
suscitado inúmeros debates sobre programas e políticas de
inserção de alunos com necessidades especiais. A grande
polêmica está centrada na questão de como promover a
inclusão na escola de forma responsável e competente.
Nesse contexto, a Educação Física Adaptada pode ser
considerada uma área da Educação Física que tem como objeto
de estudo a motricidade humana para as pessoas com
necessidades educativas especiais, adequando metodologias de
ensino para o atendimento às características de cada portador
de deficiência, respeitando suas diferenças individuais (Duarte e
Werner, 1995: 9).
Segundo Bueno e Resa (1995), a Educação Física Adaptada para
portadores de deficiência não se diferencia da Educação Física
em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e
formas de organização que podem ser aplicados ao indivíduo
deficiente. É um processo de atuação docente com
planejamento, visando atender às necessidades de seus
educandos.
A Educação Física na escola se constitui em uma grande área de
adaptação ao permitir, a participação de crianças e jovens em
atividades físicas adequadas às suas possibilidades,
proporcionando que sejam valorizados e se integrem num
mesmo mundo. O Programa de Educação Física quando
adaptada ao aluno portador de deficiência, possibilita ao
mesmo a compreensão de suas limitações e capacidades,
auxiliando-o na busca de uma melhor adaptação (Cidade e
Freitas, 1997).
Segundo Pedrinelli (1994: 69), "todo o programa deve conter
desafios a todos os alunos, permitir a participação de todos,
respeitar suas limitações, promover autonomia e enfatizar o
potencial no domínio motor". A autora coloca que o educador
pode selecionar a atividade em função do comprometimento
motor, idade cronológica e desenvolvimento intelectual.
É importante que o professor tenha os conhecimentos básicos
relativos ao seu aluno como: tipo de deficiência, idade em que
apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é
transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão
prejudicadas. Implica, também, que esse educador conheça os
diferentes aspectos do desenvolvimento humano: biológico
(físicos, sensoriais, neurológicos); cognitivo; motor; interação
social e afetivo-emocional (Cidade e Freitas, 1997).
Conhecendo o educando, o professor poderá adequar a
metodologia a ser adotada, levando em consideração: em que
grupo de educandos haverá maior facilidade para a
aprendizagem e o desenvolvimento de todos; por quanto tempo
o aluno pode permanecer atento às tarefas solicitadas, para que
se possa adequar as atividades às possibilidades do mesmo; os
interesses e necessidades do educando em relação às atividades
propostas; a avaliação constante do programa de atividades
possibilitará as adequações necessárias, considerando as
possibilidades e capacidades dos alunos, sempre em relação aos
conteúdos e objetivos da Educação Física. Segundo Bueno e
Resa (1995), tais adequações envolvem: adaptação de material
e sua organização na aula: tempo disponível, espaço e recursos
materiais; adaptação no programa: planejamento, atividades e
avaliação; aplicar uma metodologia adequada à compreensão
dos educandos, usando estratégias e recursos que despertem
neles o interesse e a motivação, através de exemplos concretos,
incentivando a expressão e criatividade; adaptações de
objetivos e conteúdos: adequar os objetivos e conteúdos
quando forem necessários, em função das necessidades
educativas, dar prioridade a conteúdos e objetivos próprios,
definindo mínimos e introduzindo novos quando for preciso.
Diante do processo de inclusão escolar, é preciso considerar as
peculiaridades da população associadas as estratégias que serão
utilizadas. Com base no que foi colocado, o professor de
Educação Física poderá conhecer a necessidade, os interesses e
as possibilidades de cada aluno e de cada grupo com que
trabalha. Não existe nenhum método ideal ou perfeito da
Educação Física que se aplique no processo de Inclusão, porque
o professor sabe e pode combinar numerosos procedimentos
para remover barreiras e promover a aprendizagem dos seus
alunos.
CIDADE, R. E. A.; FREITAS, P. Educação Física e Inclusão:
considerações sobre a prática pedagógica na escola. Integração,
Brasília, v. Ano 14, p. 26-30, 2002. Disponível em:
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/sobama/sobamaorg/inclusao
.pdf. Acesso em 17 Jan. 2011.
.................................................................................................
11. CONSIDERAÇÕES
Antes de planejar as práticas pedagógicas de Educação
Física envolvendo as pessoas com deficiências, é importante
conhecer as características e as necessidades especiais de cada
população.
Por tudo o que foi descrito até o momento, fica evidente
que a condição de deficiência varia muito de um indivíduo para
o outro, o que torna o desafio de garantir a participação destas
pessoas nas aulas de Educação Física escolar uma grande
responsabilidade. É importantíssimo que o professor de
Educação Física preserve o direito, assegure oportunidades e
ofereça diferentes possibilidades para que a pessoa com
deficiência possa participar do processo educacional de forma
inclusiva.
Na próxima unidade você conhecerá algumas estratégias
e procedimentos pedagógicos que poderão facilitar a inclusão
de alunos com deficiências nas aulas de Educação Física. Até lá!
12. E-REFERÊNCIAS
Figura 1: Símbolo de deficiência
Fonte: http://www.inclusive.org.br/?p=17494. Acesso em 10
Jan. 2011.
PROCEDIMENTOS
PEDAGÓGICOS E
CONTEÚDOS
ADAPTADOS
Esta unidade visa familiarizá-lo com métodos e
estratégias relacionados ao processo ensino e aprendizagem de
pessoas com deficiência no contexto da Educação Física. Da
mesma forma, pretendemos apresentá-lo aos conteúdos
próprios da Educação Física voltados à população em questão.
1. OBJETIVOS
Conhecer e aplicar os procedimentos pedagógicos
adequados às necessidades educacionais de pessoas
com deficiências;
Criar adaptações e meios para desenvolver os conteúdos
convencionais da Educação Física às necessidades
educacionais de pessoas com deficiências;
Conhecer e desenvolver conteúdos físicos, esportivos e
recreativos adaptados às pessoas com deficiências;
Incentivar a participação de pessoas com deficiências em
atividades físicas, esportivas e recreativas diversificadas.
2. CONTEÚDOS
Procedimentos pedagógicos, estratégias de ensino e adaptações
às necessidades especiais de pessoas com deficiências.
Estratégias de Inclusão: tutoria, ensino colaborativo,
consultoria
Adaptações curriculares e pedagógicas: modificações quanto à
orientação e instrução; quanto aos equipamentos e materiais;
quanto ao espaço físico; quanto às regras
Conteúdos e manifestações da cultura corporal do movimento
aplicados às necessidades especiais de pessoas com
deficiências.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, você teve a oportunidade de
conhecer as necessidades especiais de pessoas com
deficiências. Foram estudados os principais conceitos
relacionados aos principais tipos de deficiências: a deficiência
visual, a deficiência auditiva, a deficiência intelectual e a
deficiência motora.
Foram ainda discutidos os critérios de avaliação e
classificação dos vários tipos de deficiência, as causas e fatores
etiológicos, as características, os cuidados e as implicações
pedagógicas relacionados a cada uma delas.
Ao projetarmos o processo de inclusão escolar e a
necessidade de serviços de apoio, partimos da idéia de que a
inclusão é mais do que uma mudança de sistema de ensino para
o aluno com necessidades educacionais especiais.
Determinamos a importância de transformações profundas na
escola, no que se refere à metodologia, currículo e avaliação,
bem como mudanças mais subjetivas quando nos referimos às
concepções de apoio essenciais durante o processo de inclusão
deste aluno no ensino regular para que o mesmo obtenha
sucesso em nossa realidade educacional.
Num programa de Educação Física na perspectiva
inclusiva, a diversidade é abordada sob vários aspectos. Não se
restringe apenas à condição das pessoas envolvidas, mas
sobretudo à qualidade das oportunidades de vivência da
Educação Física em suas diferentes manifestações. A
diversidade está presente nas metas, nos currículos, nos
conteúdos, nas estratégias e procedimentos pedagógicos, nos
materiais e recursos empregados, nos locais e ambientes de
intervenção, nos métodos de avaliação e em todos aqueles que
participam do processo ensino-aprendizagem. Portanto, o que
se preconiza é que a ênfase recaia sobre o programa e não
propriamente sobre a deficiência, até porque um mesmo
indivíduo pode apresentar múltiplas necessidades educacionais.
(MUNSTER, 2006).
Torna-se necessário ressaltar que a compreensão da
deficiência deve se pautar, não pela limitação,
comprometimento ou falta de funcionalidade em um órgão ou
segmento corporal mas, pelo potencial do indivíduo e
capacidade das pessoas que o rodeiam, buscando adaptação
mútua a essa condição.
Assim, como sugerem Pedrinelli e Verenguer (2008), é
necessário olhar para a pessoa com deficiência e perceber "não
a limitação, nem a desvantagem, mas as capacidades, as
possibilidades, as potencialidades dessas pessoas, ou seja, a
essência do ser humano."
O desafio dessa unidade consiste agora em conhecer e
selecionar as estratégias de ensino mais adequadas às
necessidades das pessoas com deficiência, assim como
identificar e criar adaptações curriculares e pedagógicas que
permitam a participação dessa população nas aulas de
Educação Física escolar, sob a perspectiva inclusiva.
5.1. Tutoria
A tutoria é uma das técnicas que tem o propósito de
auxiliar a inclusão de alunos com necessidades educacionais
especiais no processo ensino e aprendizagem. A tutoria é uma
das estratégias de ensino que vem sendo adotada nas escolas,
onde o professor prepara um colega de sala ou da escola para
auxiliar e ajudar o aluno com necessidades educacionais
especiais.
A tutoria é uma via de mão dupla, onde todos os
envolvidos no processo aprendem e se beneficiam
mutuamente.
Segundo Mauerberg-de Castro (2005a, p.09), a premissa
básica da tutoria é que “a individualidade preservada no
modelo inclusivo nasce da relação entre as pessoas diferentes e
não mais da necessidade especial individual, solitária, centrada
em diagnósticos. Ambas as partes aprendem e ensinam a si
próprias, ao outro e ao educador.”
A partir do momento em que a pessoa com
necessidades educacionais especiais foi inserida no modelo de
ensino regular, a escola tenta responder a todos os alunos
enquanto indivíduos, respeitando, dessa maneira, as suas
diferenças, que são encaradas como algo positivo na natureza
humana.
Geralmente, o número de alunos sugerido por sala de
aula é grande, o que muitas vezes faz com que o professor sinta
dificuldade de atender e atuar sobre cada caso
individualmente. O colega tutor pode consistir em uma figura
importante nesse processo, assumindo a responsabilidade de
fornecer ao indivíduo com necessidades educacionais especiais
maiores informações sobre o que estão realizando, e
auxiliando-o quando necessário (MAUERBERG-DECASTRO,
2005a).
Segundo Nabeiro; Lieberman; Wiskochil (2002), o papel
do colega tutor é ajudar aos alunos com deficiência a
receberem maior número de instruções e feedback podendo,
dessa forma, facilitar o processo de aprendizagem.
Antes de interagir com os alunos que apresentam
necessidades especiais, os colegas tutores devem passar por
um treinamento, recebendo instruções sobre a forma correta
de agir junto às diferentes situações. Devem ser treinados e
supervisionados pelos professores, que tentam transmitir um
conhecimento simplificado sobre o tipo de deficiência que a
pessoa com necessidade educacional especial apresenta, além
de alertá-los para aspectos de segurança e manobras físicas
que facilitam a independência do aluno com deficiência.
O trabalho do tutor deve ser sério e direcionado, pois,
embora participe das aulas, deve estar sempre atento e ciente
de que tem que corrigir e auxiliar o indivíduo sob sua
responsabilidade. Portanto é importante que o professor
demonstre e explique as atividades que serão trabalhadas
antecipadamente e, sempre que possível, fazer
questionamentos sobre como o tutor reagiria em certas
situações que poderiam ocorrer durante a aula. É de
fundamental importância haver uma boa comunicação entre o
tutor, o aluno e o professor (BIANCONI, 2007).
Em síntese, a tutoria é uma técnica instrucional que
pode consistir em um meio efetivo de prover instrução de
qualidade para alunos com deficiência inseridos nas aulas de
Educação Física escolar (BLOCK; KREBS, 1992). Um aluno
previamente designado para tal, atua como tutor de um aluno
com deficiência, provendo a instrução por meio de dicas,
técnicas de ensino e feedback (COSTA; SOUZA, 2010).
5.3. Consultoria
Além do processo de assistência direta ao professor
(ensino colaborativo) ou ao aluno (tutoria), é fundamental
desenvolver serviços de apoio e envolvimento à família, além
do contato com outras instituições e entidades, que podem
facilitar a troca de informações e o esclarecimento de possíveis
dúvidas.
Consultoria, dentro dos conceitos referentes à inclusão,
caracteriza-se pelo apoio e envolvimento da família na escola,
pelo contato com outras instituições e entidades, além de
profissionais que não unicamente os da área de Pedagogia.
Tem por finalidade melhorar as condições de aprendizagem dos
indivíduos com necessidades educacionais especiais.
A presença de um corpo técnico especializado nas
escolas, composto por fonoaudiólogos, psicólogos e
fisioterapeutas, junto com a presença dos pais, professores de
Educação Física e de classe e a própria coordenação da mesma,
é muito importante, pois fomenta vários debates, soluções de
problemas e até mesmo uma reestruturação do planejamento
de aula.
Segundo Stainback e Stainback (1999) a equipe de apoio
é um grupo de pessoas que se reúne para debater, resolver
problemas e trocar idéias, métodos, técnicas e atividades para
ajudar os professores e/ou os alunos conseguirem o apoio de
que necessitam para serem bem-sucedidos em seus papéis. A
equipe pode ser constituída de duas ou mais pessoas, tais como
alunos, diretores, pais, professores de classe, psicólogos,
terapeutas e supervisores.
A estratégia básica da consultoria consiste na troca de
experiência entre os diversos indivíduos que compõem a
equipe de apoio, destacando-se por possibilitar aprendizagem a
todos. Vale ressaltar, ainda, que a participação dos pais é de
fundamental importância, pois os mesmos conhecem melhor
do que qualquer indivíduo as dificuldades, facilidades e
habilidades de seus filhos, além de serem os responsáveis por
incentivar a criança nas atividades educacionais realizadas em
casa, bem como ajudar na orientação do progresso escolar da
mesma.
Os pais devem ser convidados a participar das
discussões sobre as adaptações curriculares, escolhendo,
sempre que possível, a resposta educativa em relação aos seus
filhos. Tal participação e planejamento das aulas devem ter
sempre o intuito de romper barreiras e promover
aprendizagem.
Colaboração e consultoria efetivas se iniciam com
profissionais sendo conhecedores de suas próprias profissões,
capazes de entender e respeitar a experiência dos outros
membros da equipe. Esses membros terão diferentes
conteúdos e filosofias de treinamento que deverão ser
comunicadas e respeitadas para que exista uma relação de
trabalho efetiva (LAVAY et al., 2003).
Uma vez que a consultoria é formada por pais e
profissionais de áreas bem diferentes, tal estratégia pode
fornecer um conhecimento diversificado e aprofundado sobre
as pessoas com necessidades especiais. Assim, deve transmitir
informações sobre aspectos clínicos (como frouxidão dos
ligamentos, problemas cardíacos, equilíbrio e etc), pedagógicos
(como dificuldade para ler e escrever, etc), e também
comportamentais e atitudinais dessas pessoas para os
educadores responsáveis por desenvolver um trabalho com as
mesmas. Através do melhor conhecimento das dificuldades
educacionais do educando, os educadores podem adaptar e
modificar os currículos, bem como a maneira pela qual irão
trabalhar, com objetivo de proporcionar um melhor
aprendizado (BIANCONI, 2007).
Portanto, a consultoria consiste, sobretudo, em um
trabalho conjunto entre pais, educadores e profissionais da
área de saúde, em prol de um objetivo comum: promover e
possibilitar o desenvolvimento adequado e a inclusão de
indivíduos com necessidades educacionais especiais no mundo
social.
Tipo de
Deficiência Adaptações quanto à Instrução
Tipo de
Deficiência Adaptações quanto ao Espaço Físico
Tipo de
Deficiência Adaptações quanto às Regras
Instruções
O professor pode recorrer a diferentes estilos de ensino
e estratégias pedagógicas diversificadas, para facilitar a
compreensão do aluno. Entre outros aspectos, deve-se observar
o tipo de comunicação preferida pelo aprendiz.
No caso de um aluno surdo, observar se o mesmo
compreende Libras, se realiza leitura labial, ou ainda, se prefere
o emprego de orientações orais e gestuais simultaneamente,
durante o ensino dos fundamentos da modalidade.
Já um aluno cego pode necessitar de outros tipos de
instrução para a aprendizagem destes fundamentos, tais como:
a descrição verbal precisa dos movimentos; a percepção tátil da
realização do movimento em outrem, para posterior
reprodução/imitação; ou ainda a percepção cinestésica, sendo
conduzido pelo professor na realização do movimento
esperado.
Um aluno com deficiência intelectual pode preferir a
demonstração dos exercícios, ou ainda necessitar de um
número maior de repetições para a assimilação o movimento, e
assim por diante.
Um aluno com deficiência motora pode jogar sentado,
no chão ou na própria cadeira de rodas (conforme a etiologia
apresentada), ou ainda dispor de assistência física de um colega
para movimentação e/ou deslocamento de sua cadeira de
rodas.
Equipamentos/Materiais
A bola de voleibol convencional nem sempre é adequada
a determinadas condições dos alunos. Um aluno com
velocidade de reação mais lenta, o que é comum em alguns
casos de deficiência intelectual, pode preferir uma bola maior e
mais leve, cuja trajetória seja mais lenta e permita que ele tenha
mais tempo para se organizar diante da tarefa motora.
Alunos com dificuldades de preensão palmar, como é o
caso de pessoas com determinados tipos de paralisia cerebral,
podem optar por bolas de tecido com flocos de isopor, visando
facilitar o fundamento da recepção.
Alunos com deficiência visual podem recorrer a bolas
com cores fortes ou contrastes específicos (nos casos de baixa
visão), bolas com guizos ou com aderência a luvas de velcro (nos
casos de cegueira), com a mesma finalidade.
Espaço Físico
As dimensões da quadra também não necessariamente
precisam ser as convencionais (18 x 9 metros), sendo possível
aumentar ou diminuir a largura e/ou o comprimento da quadra.
Ainda nesse tópico, a altura da rede em relação ao solo também
pode variar, com o intuito de facilitar ou aumentar o grau de
dificuldade da tarefa proposta, ajustando-a ao nível de
habilidade do aprendiz.
Regras
O professor pode construir, a partir de sugestões dos
próprios alunos, modificações e variações nas normas do jogo.
Não necessariamente devem-se empregar as regras
convencionais ou pré-estabelecidas.
Pode-se variar o número de jogadores por equipe,
permitir que a bola toque no solo entre o passe de um jogador
para o outro, estabelecer um determinado número de passes
entre os jogadores antes que a bola passe para a outra equipe, e
assim por diante.
No caso dos alunos cegos, que não conseguem visualizar
a trajetória aérea da bola, pode-se recorrer ao educativo
denominado "Volençol", no qual cada equipe se utiliza de um
lençol para receber a bola e devolvê-la para a outra equipe. Em
parceria com outros alunos que enxergam, a criança com
deficiência visual poderá ser incluída na atividade.
7. CONTEÚDOS ADAPTADOS
No tópico anterior, nossas atenções estiveram voltadas
aos procedimentos metodológicos e às estratégias de ensino-
aprendizagem, com o intuito de conferir um tratamento
pedagógico adequado às necessidades especiais de pessoas
com deficiências.
Os currículos na área de Educação Física abrangem um
amplo repertório relacionado à cultura corporal de movimento,
caracterizado pela multiplicidade e pluralidade de conteúdos a
serem desenvolvidos nos diferentes níveis de ensino.
Para demonstrar a diversidade de conteúdos que podem
ser abarcados em um programa de atividades motoras,
Pedrinelli (2003) sugere um guia ilustrativo de atividades físicas
e esportivas como exemplo de um amplo universo de
possibilidades. Tal coletânea de atividades físicas e esportivas
foi baseada em:
Modalidades esportivas envolvidas nos Jogos Parolímpicos,
dos quais participam atletas com deficiência motora
(amputação, paralisia cerebral, les autres condições), atletas
com deficiência visual e, em algumas edições, atletas com
deficiência intelectual;
Modalidades esportivas desenvolvidas nas Olimpíadas
Especiais, das quais participam atletas com deficiência
intelectual em esportes regulares e em esportes unificados
(modalidades das quais participam atletas parceiros que não
apresentam deficiência intelectual);
Modalidades esportivas dos Jogos Mundiais para Surdos, dos
quais participam atletas com perda auditiva equivalente a 55
decibéis;
Outras modalidades esportivas notoriamente conhecidas e
que não fazem parte dos eventos citados, a exemplo do
futebol para atletas com amputação ou da dança em cadeira
de rodas, cujas associações ou confederações brasileiras
propiciam participação em eventos mundiais;
Atividades físicas outras que constituem opções para o
desenvolvimento da cultura corporal de movimento, nas
quais podem se envolver todos os participantes
interessados.
No mesmo sentido, Winnick (2004) aborda grande
variedade de atividades físicas e esportivas para indivíduos com
necessidades especiais, ressaltando as técnicas e habilidades
necessárias, sugerindo atividades preparatórias, comentando
modificações e adaptações específicas, indicando programas
esportivos já implantados e organizados sob a perspectiva
inclusiva. As referidas atividades apresentam-se subdivididas
em seis grandes grupos: exercícios físicos e posturais; dança e
atividades rítmicas e expressivas; esportes aquáticos; esportes
coletivos; esportes individuais, em dupla e de aventura;
esportes de inverno.
Devido à imensa gama de conteúdos que podem ser
desenvolvidos no universo da Educação Física, torna-se difícil
abranger a todas as possibilidades. Para efeitos didáticos,
apresentaremos alguns exemplos de conteúdos subdivididos em
três grupos distintos: atividades físicas, atividades recreativas e
atividades esportivas.
A introdução desses e de outros conteúdos na prática de
Educação Física escolar, fica a critério do professor, responsável
por planejar, reformular e adequar o currículo às necessidades
educacionais de seus alunos com deficiência.
Dança do chapéu
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: aparelho de
som e chapéu.
Local: quadra ou sala de aula.
Formação dos Alunos: em duplas.
Descrição do Jogo: os alunos
dividem-se em duplas e dançam
livremente pela sala. Um dos alunos
passeia pela sala, desacompanhado
e usando um chapéu. Em
determinado momento, o professor
interrompe a música, e o aluno que estiver sem par deverá por o chapéu na
cabeça de uma pessoa, ocupando seu lugar. Aquele que estiver com o
chapéu na cabeça deverá bailar sozinho, aguardando que a música seja
interrompida novamente.
Em situação de inclusão: essa dinâmica pode facilitar a aproximação e o
contato físico com o aluno que apresenta deficiência intelectual.
Bola à torre
Número de Participantes: livre.
Material Necessário: uma bola, giz e
coletes coloridos.
Local: quadra de vôlei ou similar.
Formação dos Alunos: dispersos na
quadra.
Descrição do Jogo: os alunos
deverão estar divididos em duas
equipes, cada uma com uma cor de
colete. Os alunos de ambas as
equipes deverão estar sentados no
chão ou em cadeira de rodas,
distribuídos em duas áreas. Cada área deverá conter número igual de
pessoas de cada uma das equipes, que não poderão sair da mesma. Ao
fundo, atrás de cada área haverá uma torre, representada por um aluno
dentro de área demarcada/desenhada no chão por um círculo. Cada equipe
troca passes entre si, devendo fazer a bola chegar a sua torre, quando é
marcado ponto. Caso a bola seja interceptada pela equipe adversária, a
posse de bola passa a ser da outra equipe. Vence a equipe que fizer a bola
chegar mais vezes à sua torre.
Em situação de inclusão: 1. alguns integrantes de cada equipe deverão
jogar em pé e outros sentados. A bola só pode ser arremessada à torre
pelos alunos que estejam sentados; 2. necessariamente deverá ser feito um
passe entre um aluno sentado/cadeirante de cada equipe antes que a bola
seja arremessada à torre.
7.3.2. Goalball
8. TEXTOS COMPLEMENTARES
Para finalizar essa unidade e encerrar a disciplina de
Educação Física Especial e Adaptada, ao invés de recomendar
um texto, gostaria de deixar algumas imagens, referentes ao
último tópico abordado: os esportes paraolímpicos, que
também constituem um exemplo de esportes adaptados.
Acesse o endereço
http://www.brasil.gov.br/sobre/esporte/esporte-paraolimpico,
assista o vídeo e guarde essas imagens e informações com você.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e
comentar as questões a seguir que tratam da temática
desenvolvida nesta unidade. Procure realizar uma síntese das
principais idéias e estabelecer as relações necessárias para a
compreensão dos conceitos básicos relacionados à Educação
Especial e à Educação Física Adaptada a pessoas com
deficiências.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante
para você testar o seu desempenho. Se você encontrar
dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os
conteúdos estudados e sanar as suas dúvidas antes de
prosseguir para a próxima unidade. Lembre-se de que, na
Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as
suas descobertas com os seus colegas.
Vamos ver se você compreendeu os tópicos básicos dessa
unidade?
1) Quais são as estratégias voltadas à inclusão de alunos
com necessidades especiais no sistema de ensino
regular? Explique em que consiste cada uma delas:
2) Qual a importância das adequações curriculares no
processo de inclusão de pessoas com necessidades
especiais? O que deve ou não ser contemplado em uma
mudança curricular?
3) O que vem a ser uma “adaptação”? Comente os
principais tipos de adaptações que devem ser abarcados
em uma aula de Educação Física voltada a pessoas com
deficiências:
4) Cite alguns exemplos de conteúdos que podem ser
adaptados a pessoas com deficiências visuais, auditivas,
intelectuais e motoras:
5) Quais os principais aspectos (questões) que devem
nortear a prescrição de atividades físicas para pessoas
com deficiências?
6) Procure identificar e descrever quais foram as
adaptações (instrucionais, materiais, espaço físico e
regras) utilizadas nos exemplos de jogos e atividades
recreativas descritas no corpo da unidade 3:
7) Acesse o site do Comitê Paraolímpico Brasileiro e
descreva as principais características das modalidades de
esportes paraolímpicos. Disponível em:
http://www.cpb.org.br/esportes/modalidades. Acesso
em 22 Jan. 2011.
10. CONSIDERAÇÕES
O professor que pretende atuar na perspectiva inclusiva
deve reestruturar a grade curricular e a maneira como irá
trabalhar (técnicas, formas de organização e adaptações
específicas), selecionando e organizando as metas e conteúdos
a serem utilizados conforme as necessidades especiais de seu
aluno.
As estratégias de inclusão (tutoria, ensino colaborativo e
consultoria) são suportes fundamentais para que você tenha
sucesso nesse processo. Da mesma forma, conhecer as
adaptações (instrução, materiais, espaço físico e regras)
estudadas na presente unidade é imprescindível para aplicar os
conteúdos próprios da Educação Física, conforme abordado
nesse último tópico.
As atividades físicas, recreativas e esportivas adaptadas
consistem em conteúdos que, mediados por uma prática
pedagógica adequada, possibilitam o ajuste de suas finalidades,
métodos e estratégias ao efetivo nível/condição de
desenvolvimento da pessoa com deficiências motoras,
intelectuais e sensoriais, bem como ao contexto pretendido.
A adaptação de procedimentos pedagógicos aos
diferentes conteúdos permite a equiparação de oportunidades,
e não a mera compensação das desigualdades entre pessoas
que apresentam (ou não) diferentes condições e níveis de
deficiências, valorizando e promovendo suas potencialidades.
Assim, chegamos ao final da disciplina Educação Física
Especial e Adaptada, esperando que de alguma forma
tenhamos contribuído para sensibilizá-lo e instrumentalizá-lo
para receber e atuar frente a pessoas com deficiências nas
aulas de Educação Física escolar, sob a perspectiva inclusiva.
Bom trabalho!
11. E-REFERÊNCIAS
Figura 1: Inclusão Escolar
Fonte: Disponível em:
http://blog.aristotelesmeneses.com.br/2009/10/saiba-mais-
sobre-inclusao.html. Acesso em: 22 Jan. 2011.
FAHEY T.; INSEL P.M.; ROTH. W. T. Fit & Well: core concepts and
labs in Physical Fitness and Wellness. 3. ed. Mountain View:
Mayfield, 1999.