Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
CONVERSÃO, REGENERAÇÃO
E SUAS EVIDÊNCIAS NA VIDA DO HOMEM
POR
LUIZ HENRIQUE NEVES
Curitiba
2016
“Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e
se entregou por mim”
Gálatas 2:20
DEDICATÓRIA
Antes de tudo, a Deus, por Seu amor e Sua Graça, que me deu a possibilidade
de me formar em teologia.
A minha família e amigos que sempre confiaram e me deram forças para
concluir e vencer cada batalha.
A Igreja Batista do Hauer onde sirvo, que possibilitou meu desenvolvimento
durante os anos de estudos, bem como os auxílios ofertados durante meus estudos.
Ao meu professor e orientador Eduardo Getão, pela atenção, paciência e
dedicação durante as aulas ministradas em sala de aulas, bem como na manutenção
e desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso.
A Faculdades Batista do Paraná, como família, que me confiou grande
crescimento espiritual e intelectual, além de proporcionar-me a maturidade
necessária para servir melhor as comunidades e a Deus.
RESUMO
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
7
INTRODUÇÃO
membros das igrejas cristãs andam repletos de pessoas que não são mais
encontradas, e outros que não demonstram nenhuma obediência evangélica a
Cristo. Pouca porcentagem, diante da quantidade de membros, tem servido
ativamente a Cristo, “e apesar disso muitas igrejas se vangloriam de suas grandes
membresia [...] as igrejas firam tão cheias de falsos crentes despreocupados, carnais
e desobedientes”. (SELPH, 1990, p.108).
Um bom entendimento e compreensão do verdadeiro arrependimento, bem
como a conversão e regeneração operada por Deus no homem, ajudará na firmeza
da fé e esperança daqueles que por essa graça foi tocada, daqueles que
pronunciam essa fé, e daqueles que ainda tem dúvida quanto a sua conversão e
regeneração e no que ela deveria resultar. Com isso, o objetivo deste estudo é
apresentar principais comentários teológicos sobre conversão e regeneração, logo
apresentar as experiências e ensinamentos bíblicos sobre os temas e sintetizar o
estudo para melhor compreensão dos respectivos assuntos e reflexão desses temas
aplicados na vida do cristão que faz parte da igreja terrenal. O estudo entende que
não se poderá alcançar a subjetividade de cada indivíduo e nem o seu processo
integral de vida, por esse motivo não se pode declarar de forma veemente aquilo
que não pode ser comprovado. Por essa razão, serão analisados apenas os
aspectos teológicos e bíblicos de tais temas.
Os objetivos específicos desse estudo são: discorrer, por meio da
perspectiva teológica, sobre o arrependimento do homem; explicitar o que a verdade
revelada e a teologia apresentam sobre a conversão e regeneração, e por fim
abordar a evidencia desses aspectos na vida do crente e a possível consequência
dos conflitos causados pela falta, talvez, de uma conversão genuína.
O primeiro capitulo, aborda de forma geral os pensamentos dos principais
teólogos cristãos quanto ao arrependimento do homem e ação de Deus nele. Essas
informações dão características necessárias para melhor entendimento e ligação ao
segundo capítulo onde serão destacados os textos bíblicos e sumariamente suas
explicações dando sentido aos temas abordados, culminando assim no terceiro
capítulo, apresentando os aspectos práticos da conversão e regeneração na vida do
crente e sua evidência diante da reação a esses acontecimentos.
9
1.1 A CONVERSÃO
A fé, neste caso, é a mudança voluntária na mente do pecador pela qual ele
se volta para Cristo. Essa fé, no sentido mais amplo do termo, é a confiança, o
assentimento à verdade, ou a persuasão da mente de que algo é certo. Essa fé gera
a mudança e por ser uma mudança na mente implica o mesmo no ponto de vista, no
sentimento e no propósito.
Na teologia formal, segundo CULVER (2012), a conversão, em geral,
designa-se simplesmente ao voltar-se de um pecador do pecado, da morte e do
diabo para a santidade, vida e comunhão com Deus. A conversão é o lado humano
ou aspecto da mudança fundamental. É simplesmente a volta do homem. As
Escrituras reconhecem a atividade voluntária da alma humana nesta mudança tão
distintamente como reconhecem a atuação causativa de Deus.
Há, então, dois lados nesta conversão, um ativo e o outro passivo; o primeiro
sendo o ato de Deus pelo qual Ele muda o curso consciente da vida do homem, e o
último, o resultado desta ação como se vê na mudança que o homem faz no curso
da sua vida e em seu voltar-se para Deus. Consequentemente, pode-se dar uma
dupla definição de conversão, BERKHOF (1990) sintetiza isso da seguinte forma:
(a) A conversão ativa é o ato de Deus pelo qual Ele faz com que o pecador
regenerado, em sua vida consciente, se volte para Ele com arrependimento
e fé. (b) A conversão passiva é o resultante ato consciente do pecador pelo
qual ele, pela graça de Deus, volta-se para Deus com arrependimento e fé.
(BERKHOF, 1990, p.478)
BAVINCK (2001), ainda, afirma que para a Escritura Bíblica, a mudança que o ser
humano sofre pela fé em sua conversão é uma mudança das trevas para a luz, da
morte para a vida, da escravidão para a liberdade, da falsidade para a verdade, do
pecado para a justiça, da expectativa da ira de Deus para a esperança de sua glória.
O arrependimento está vinculado à verdadeira fé salvadora, pois ela é um
elemento da conversão e a fé abre a porta para tudo na salvação. Nela os pecados
dos convertidos são apagados, ocorre um novo discernimento espiritual, surgem
novas esperanças, entre outros resultados da fé. É nesse tempo que o indivíduo se
volta do pecado, como maneira de viver, para seguir nos caminhos de Deus. Aí ele
assume uma postura radical no seu modo de viver.
Para STOTT (2006), na conversão há um voltar-se não apenas do pecado
para Cristo, mas também "das trevas para a luz", "do poder de Satanás para Deus",
e dos ídolos para servir o "Deus vivo e verdadeiro"; há também um resgate do
domínio das trevas para o reino do Filho a quem Deus ama.
É diante dessa conversão que o ser passa a entender que seus pecados,
até mesmo, em sua consciência, dos piores acometidos a Deus, foram perdoados e
jogados no profundo do mar, graças a Cruz de Cristo e o amor de Deus. Isso se
torna fruto de uma compreensão da sua realidade natural e espiritual.
É na experiência da conversão que o homem percebe um Deus próximo e
não mais distante e que o deixou ao abandono. Passa, então, de um relacionamento
quebrado pelo pecado para um restaurado pela Cruz. O que antes era inalcançável
agora, através de Jesus, está tão perto que pode-se perceber e experimentar. “No
arrependimento, fé e conversão, o pecador é levado até Cristo e unido a Ele pelo
Espírito Santo” (Severa, 2014, p.286). É nessa união, conjunta de adventos vindos a
partir da conversão, que o homem recebe e percebe a salvação. Em Cristo é o lugar
onde se opera a salvação, e para estar N’ele a conversão se faz necessária.
Na experiência da conversão o ser toma consciência de sua posição diante
de Deus. Sem essa consciência, a característica de homem pecador pode ser
ofuscada, e a compreensão do pecado, ao que se refere a Deus, talvez não seja tão
devastadora assim, lhe permitindo continuar no pecado. Ou então, a consciência do
papel de Deus na vida homem para a redenção, pode leva-lo acreditar que a
decisão da escolha é exclusivamente dele, sem precisar da influência do Espirito
Santo ou de qualquer ação divina. O homem, diante da revelação, não se exalta,
pelo contrário, ele entende sua posição de pecador, se envergonha de quem era, e
13
toma consciência do que Jesus fez. “Na conversão, o homem se desperta para a
jubilosa segurança de que todos os seus pecados são perdoados com base nos
méritos de Jesus Cristo” (BERKHOF, 1990, p.479) e não dele.
Essa experiência é realizada apenas uma vez no ser humano, o que
diferencia da atitude tomada por aqueles que declaram que estão “voltando para
Deus” no sentido de um dia serem convertidos, mas desviarem-se, estão caídos
temporariamente sob falsos encantos do mal, e ao voltar-se não significa que
passaram por mais uma conversão e sim retornaram a Deus, devido ao
constrangimento realizado pelo Espirito Santo que constantemente o chama para
voltar de onde não deveria ter saído. Com isso, o indivíduo volta a Cristo e deposita
sua confiança novamente a Ele. Tomando a palavra “conversão” em seu sentido
mais especifico, ela indica uma mudança instantânea, e não um processo como o da
santificação. É uma mudança que se dá uma vez e não se pode repetir, embora,
́ lia também denomine conversão o retorno do cristão a
como acima exposto, a Bib
́ o em pecado. Neste caso, é a volta do crente para Deus
Deus, depois de haver caid
e para a santidade, depois de os haver perdido de vista temporariamente. Devido a
́ dos de in
primeira queda, na vida consciente do cristão há altos e baixos, perio ́ tima
comunhão com Deus e perio
́ dos de afastamento dele.
Um aspecto importante na conversão é que ela não altera a posição, mas,
sim, a condição do homem. É somente na conversão que esta transição penetra a
vida consciente, levando-o numa nova direção, rumo a Deus. Não quer dizer, porém,
que a luta entre a velha e a nova vida esteja acabada de uma vez; ela continuará
enquanto durar a vida do homem.
1.2 A REGENERAÇÃO
fariseus’ […] o caráter dos cidadãos do Reino de Deus é muitíssimo elevado […] o
alvo de perfeição é o próprio Pai celestial “ (Severa, 2014, p.290). É uma nova vida,
vinda de Deus para o coração do homem. É Ele, então, quem muda a disposição
moral dominante da alma do indivíduo, tornando-o moral e espiritualmente
semelhante a Cristo, sendo assim, regenerado. É uma mudança operada na alma.
Ela é iluminada (chamado especial, graça proveniente), para que o indivíduo possa
entender o evangelho, e sua vontade debilitada e então é fortalecido para voltar-se
para Deus. Há no homem regenerado desejos ardentes por alimento espiritual como
um recém-nascido anseia pelo leite materno.
O novo homem tem novos olhos (os olhos da fé), novos ouvidos: ouvem a a
Palavra de uma maneira como nunca a ouviram antes; também novas
mãos, para manusear a Palavra da vida e para trabalhar com ela; e novos
pés para refugiar-se em Cristo, a nova cidade de refugio. Nova habilidade
para orar a Deus. (CULVER, 2012, p.923)
O regenerado se toma semelhante a Cristo […] isto não significa que todas
as inclinações carnais são eliminadas de vez; significa sim que essa
mudança revolucionária tomou lugar dominante na alma, de tal modo que
não poderá mais descansar enquanto não se ver livre completamente no
pecado. (Severa, 2014, p.293).
16
atuais e aceitação de uma nova verdade de fé, que conduz ao novo estilo de vida,
envolvendo crença, moral, ética e novos costumes. Embora, ao longo da história,
muitos voltassem para o Deus Uno, por muito tempo os Judeus participavam das
tradições antigas de adoração a outros deuses, que por consequência Deus permitia
retaliações de outros povos inimigos para trazer novamente seu povo ao
arrependimento, uma conversão a Ele novamente.
No Antigo Testamento, a ideia de inversão de direção moral, numa
perspectiva sistemática, tem quase que a maior parte em seu conteúdo o
ensinamento da necessidade que o indivíduo tem de reconhecer o seu estado
espiritual, e então arrepender-se dos seus maus caminhos, voltar-se a Deus, e viver
uma nova vida regida por Ele. Ou seja, a conversão “é peculiar na Bíblia desde a
petição do Senhor a Caim (Gn 4.7) até a petição a todos no último capítulo da Bíblia
(Ap 22.17) ”. (CULVER, 2012, p.926).
A Septuaginta interpretava arrependimento e seus sinônimos com uma
forma de voltar ou mudar de direção. Segundo CULVER (2012), essa palavra ocorre
579 vezes na Septuaginta. As palavras gregas, vindouras do hebraico, devem ser
lidas à luz do hebraico, para extrair-se o importante ponto, que a virada indicada é
em realidade um retorno.
No Antigo Testamento os profetas eram pregadores do arrependimento dos
pecados. CULVER (2012), relata que embora a consequência da doutrina do pecado
implícita a separação e morte do homem, tirando dele toda disposição ou vontade de
voltar-se a Deus, mesmo que algumas passagens reconheçam os aspectos também
humanos, como por exemplo o texto “converte-me, e converter-me-ei” de Jeremias
31.18, que expressa tanto aspecto humano quanto divino, pois o texto é formado
apenas por duas palavras no hebraico e a palavra para mudar de direção em cada
caso, a primeira está no causativo do verbo, “converte-me”, logo segue com “e
converter-me-ei”. Ambos se movem juntos, mas Deus inicia o processo ao regenerar
a vontade ou disposição. Da mesma forma na versão de King James em Jeremias
31.18,19 Efraim diz: “Na verdade, depois que fui convertido [por Deus], tive
arrependimento; e, depois que fui instruído [por Deus], bati na minha coxa”. A
atividade do homem é sempre resultante de uma prévia obra de Deus realizada no
homem, Lm 5.21; Fp 2.13. Que o homem é ativo na conversão, talvez haja mais
evidências em passagens como Is 55.7; Jr 18.11; Ez 18.23, 32; 33.11; At 2.38; 17.30
e entre outras. O que pode-se destacar é que a conversão tem, em seu ato primeiro,
20
Outra palavra que alguns teólogos destacam, usado por Paulo em suas
cartas, no sentido de “conversão”, é Metanoia (forma verbal, metanoeo), que é
composta de meta e nous e é relacionado com o verbo ginosko (latim noscere;
português, conhecer), usado para referenciar à vida consciente do homem. Para
BERKHOF (1990) a tradução comum na Bíblia, “arrependimento”, não faz plena
justiça ao original, visto que dá indevida proeminência ao elemento emocional. No
Novo Testamento, o seu sentido é aprofundado, e denota uma mudança do
entendimento, passando a ter uma visão diferente do passado, reinterpretando seu
mal, levando a uma mudança de vida para melhor. A palavra tem mais valor no
entendimento de que ela não se limita à consciência intelectual, teórica, mas moral
ou consciente. Tanto a mente como a consciência estão corrompidas.
A mudança indicada pela palavra metanoia tem que ver (1) com a vida
intelectual, 2 Tm 2.25, para um melhor conhecimento de Deus e da Sua
verdade, e uma salvadora aceitação desta (idêntica à ação da fé); (2) com a
vida volitiva consciente, At 8.22, para um voltar-se para Deus que esta
mudança é acompanhada por uma tristeza segundo Deus, 2 Co 7.10, e
abre novos campos de fruição para o pecador […] conversão não é apenas
passar de uma direção consciente para outra, mas fazê-lo com uma aversão
claramente percebida para com a direção anterior. Noutras palavras,
metanoia tem, não somente um lado positivo, mas também um lado
negativo: olha retrospectivamente e também prospectivamente. A pessoa
convertida torna-se consciente da sua ignorância e do seu erro, da sua
obstinação e da sua loucura. Sua conversão inclui a fé e o arrependimento”
(BERKHOF, 1990, p.476)
Esse termo usado na literatura pré-cristã já parecia ter uma história anterior
na cultura grega, ele parece inicialmente ter obtido seu significado no estoicismo. No
estoicismo, seu significado foi antes de tudo a renovação do mundo depois de um
“holocausto, purificação do mundo pelo fogo” futuro. Quando a palavra passou do
estoicismo para o judaísmo, o significado mudou. Tanto Fílon de Alexandria quanto
Josefo usam essa palavra, e embora ela se refira a um mundo futuro, ela é
preenchida com um novo conteúdo religioso. “Assim, quando a palavra aparece no
relatório de João acerca da conversa de Jesus com Nicodemos, sua carga de
transformação individual ligada a um novo princípio de vida já era usada havia muito
tempo pelos instruídos”. (CULVER, 2012, pag. 916)
A palavra grega, então, para referir-se à regeneração pode ser
“renascimento” ou “renovação espiritual. ” Embora o termo apareça apenas duas
vezes na Escritura, a realidade que ele representa é mencionada diversas vezes
através de diferentes palavras e imagens. CULVER (2012), fortalece esse
significado com outros termos citados que podem se assemelhar a regeneração
como “nascer de novo” (1 Pe 1.3), “receber vida por meio do Filho” (Jo 5.21), ser
chamado “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9), “nova criação” (2Co
5.17), voltar “da morte para a vida” (Rm 6.13).
A “regeneração” aparece pela primeira vez, no Novo Testamento, quando
Jesus a usou para indicar o tempo futuro prometido pelos profetas: “Em verdade vos
digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se
assentar no trono da sua glória…” (Mt 19.28).
O Novo Testamento, numa visão sistemática, assim descreve a
regeneração: “Um nascimento”: Deus o Pai é quem “gerou”, e o crente é “nascido”
de Deus (I Jo. 5:1), “nascido do Espírito” (Jo. 3:8), “nascido do alto” (Jo. 3:3,7).
Esses termos referem-se ao ato da graça que faz o crente um filho de Deus. “Mas, a
25
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus [...] os
quais […] nasceram de Deus” (Jo. 1:12-13). De entendimento dos teólogos, a
regeneração não é uma renovação completa até que ocorra a ressureição das almas
plenamente santificada na volta de Jesus (1Ts 5.23,24). No futuro, quando a
“regeneração” no sentido mais amplo estiver completa, também haverá a liberdade
de uma escravidão decadente. Ap. 21.5. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap.
21.5), primeiro Deus torna o homem novo, depois dá-lhe um coração novo, e depois
um novo mandamento. Logo, dará um novo corpo, novas vestes, novo cântico e um
lar novo. O novo nascimento do qual Jesus falava para Nicodemos é o ato da
regeneração, pelo qual Deus transmite a vida espiritual para a alma do crente (1Pe
1.23). Nascer de novo ou nascer do alto são expressões paralelas a regeneração. O
novo nascimento é o ponto no qual uma pessoa “morta em ofensas e pecados” (Ef
2.1) recebe a vida espiritual.
Jesus citou em alguns momentos a necessidade que o indivíduo tem de ser
regenerado para viver no Reino de Deus. Não se trata de Deus não permitir a
entrada do homem não regenerado no reino de Deus, mas de uma absoluta
impossibilidade (ICo. 2:14). Suas palavras e ensinamentos ressalta que esse
fenômeno aprofunda na alma, é algo mais do que uma mudança de vida visível ou
um caminhar, ela desce, ou alcança o âmago do indivíduo, e ali começa-se a
restauração. A entrada de Cristo na alma faz dela uma nova criatura no sentido de
que a disposição dominante, que anteriormente era pecaminosa, agora se torne
regenerada, justificada e santa. A regeneração, então, é uma mudança
indispensável à salvação do pecador, pois ela é uma ressurreição espiritual, o
começo de uma nova vida:
Com isso, “é Deus quem opera a regeneração pelo Seu Espírito (Jo 1.13;
3.5,6; Tt 3.5; 1 Pe 1.3) […] a Palavra de Deus é o meio ou o instrumento que o
Espírito usa na regeneração (Rm 1.16; 1 Co 1.21; 1 Ts 2.13; 1) “. (SEVERA, 2014,
p.291)
Um ator […] devasso em sua vida pessoal, pode subir […] ao palco para
desempenhar o papel de Martinho Lutero, fazendo-o com tal maestria que [
em sua pregação ] se sentira arrepios na espinha, deixando aqueles que
ouvem-o resolvidos a ser homens e pregadores melhores […] no entanto,
pode não haver nenhuma relação direta entre como aquele ator vive
diariamente e a sua entrada no palco e seu subsequente desempenho”
(MARTIN, 1991, p.7)
Percebe-se que muitas pregações nos dias atuais, têm se deleitado sobre
problemas corriqueiros sociais, problemas sentimentais, relacionais, até mesmo
financeiros, e é inevitável perceber o número de “decisões” ao apelo de entregar a
vida a Cristo, com o objetivo de sanar esses incidentes pessoais. Esses indivíduos,
mesmo na declaração repetida do plano da salvação, se despendem do culto felizes
29
[…] nenhum ministro foi seu pai espiritual, nenhum livro pode reclamá-lo
como seu convertido. Nenhuma voz humana, mas o ultimato imediato de
Jesus Cristo, ele mesmo – De uma só vez, então e ali, e sobre o local –
trouxe Saulo ao conhecimento da verdade!” […]Deus pode, se Ele quiser,
lançar o instrumento de lado! O poderoso Criador do mundo, que não usou
anjos para bater para fora a grande massa da Natureza e moldá-lo em um
mundo redondo[…] Ele pode ordenar, e permanecerá firme! Ele não
necessita de instrumentos, embora Ele os use. (SPURGEON, 2012, p.7,8)
O cristianismo verdadeiro não pode existir com base numa graça tão leviana
que o cristão não a valorize. Quando a salvação não passa de uma
assinatura num cartão de decisão ou um barco levantado numa reunião de
evangelização, torna-se inevitável o desprezo desse dom de infinito valor
[…] se os pecadores não têm nenhuma ideia de majestade e santidade de
Deus, nem do inconcebível inferno para o qual caminham, a graça perde
sua forca transformadora” (SHEDD, 1990, p.33)
estado de pecador vivo enquanto seu corpo não for glorificado e santificado por
completo, obra essa, realizada por Deus após a segunda volta de Cristo ao buscar a
sua igreja, que nada mais é que os regenerados, enquanto esse status estiver ativo,
o homem que desfalece poderá se desviar do alvo, por um instante, porém o Espirito
Santo, que o convence, todos os dias de seus pecados, reforçará a necessidade de
se voltar-se para os cuidados de Quem ele, agora, pertence.
SPURGEON dedicou pregações falando apenas sobre a genuína conversão
e a falsa, com as principais falas transcritas e destacadas sobre o tema por ele, é
encerrado esse capítulo.
SPURGEON (2012) destaca que existem muitas pessoas que não podem
assistir à casa de Deus sem se alarmarem; pode ser que com frequência tenham
sido induzidas a uma emoção sincera sob a influência do ministro de Deus; mas
apesar de tudo, poderiam ser rejeitados, porque não se arrependeram de seus
pecados e não se converteram a Deus. Mais além, é muito possível que não
somente se espantem diante a Palavra de Deus, mas sim que “se convertem” a
35
Porém, ainda, é ainda possível que os homens progridam mais alem disso,
e que positivamente se humilhem sob a mão de Deus, mas que sejam
completos estranhos ao arrependimento […] mas depois que escutam o
sermão, regressam para casa e realizam o que eles concebem que é a obra
do arrependimento, quer dizer, renunciam a certos vícios e necessidades,
se vestem de saco e suas lágrimas se derramam muito abundantes por
conta do que fizeram; se lamentam diante de Deus; no entanto, com tudo
isso, seu arrependimento não é senão um arrependimento passageiro, e
voltam outra vez para seus pecados. (SPURGEON, 2012, p.4)
receberem a graça, mas sim que positivamente faça que os homens estejam
dispostos a serem salvos. Não faz isso por meio da força, mas sim usa de uma doce
persuasão espiritual. O Espírito Santo faz então a Palavra de Deus penetrar nas
consciências de Seus filhos de uma maneira tão bendita, que não podem se recusar
mais a amar a Jesus.
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS