EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA DE

FAMILIA DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

LUIZ CANDIDO VIEIRA, brasileiro, autônomo, casado, portador da carteira de

identidade nº 98002473527e do CPF nº 030.054.793.58 e MARIA AUXILIADORA
PEREIRA VIEIRA, brasileira, costureira, casada, portadora da carteira de identidade nº
2003009153395 e do CPF nº 945897.553.00, residentes e domiciliados no Endereço,
Rua baixa dos milagres nº 3430, Bairro, Quintino Cunha, CEP: 60352570, Fortaleza –
CE, vem mui respeitosamente representada pela DEFENAORIA PÚBLICA DO
ESTADO CEARÁ, procuração anexa, vem, perante Vossa Excelência propor o presente
PEDIDO DE ADOÇÃO de ANDRESSA BEZERRA CHAVES, brasileira,, maior de
idade, estudante, portadora do CPF sob o nº 086.882.983.86 e RG sob o nº
2016166229-8 residente e domiciliada a Rua Baixa dos Milagres nº 3430, Bairro,
Quintino Cunha, CEP:60352570, Fortaleza –CE, pelos fatos e direitos expostos a
seguir propor:

AÇÃO DE ADOÇÃO SOCIOAFETIVO DE MAIOR DE IDADE E EXCLUSÃO

DO NOME DA MAE BIOLÓGICA DA CERTIDÃO DE NASCIMENTO

PRELIMINARMENTE – DA JUSTIÇA GRATUITA

Os Requerentes requerem a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita nos

termos das Leis 1060/50 e 7510/76, vez que não possuem condições de arcar com as
custas, encargos e/ou despesas decorrentes de quaisquer medidas e/ou ações judiciais ou
extra judiciais, conforme declarações em anexo.

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

A Adotanda nasceu em 06/03/2000 sendo que sua genitora de nome

LUCIANA BEZERRA CHAVES a abandonou quando a adotanda possuía apenas 04
(quatro) anos de idade, quando foi deixada em um abrigo pela mesma, permanecendo
no abrigo até seus 06 (seis) anos de vida.
 Ao completar 06 seis anos ocorreu o fechamento do local onde a mesma
se encontrava abrigada passando então a morar nas ruas de Fortaleza mais
precisamente nos bairros Jardim Iracema e Padre Andrade assim, pode-se dizer que a
adotanda não teve figura paterna e materna durante boa parte de sua infância.

Durante toda a vida da Adotanda, em razão do abandono por parte da

genitora a mesma teve pouco contato com sua mae biológica, podendo-se dizer que
raras são as lembranças que detém da mesma.

Em setembro de 2007 o casal requerente tomou conhecimento da situação

da criança levando-a para passar uns dias em sua casa passando a cuidar da adotanda,
como se filha legítima fosse, de modo que desejam possuir seus nomes no documento
da mesma e deixar seu patrimônio para a mesma quando de Vosso falecimento, de
modo que pleiteiam a referida adoção socioafetiva.

Ademais sempre estiveram presentes nos momentos mais importantes, tais

como aniversários, formatura do ABC, entrada da Adotanda no ensino médio, entre
outras tantas datas igualmente importantes.

Em verdade, o carregar do nome de uma mulher que não representou

figura materna á adotanda, só lhe trouxe tristeza por nunca estar presente, causa a
adotanda constrangimento, pois sempre ao apresentar os pais socioafetivos, sempre é
questionada pela diferença de sobrenomes.

O que se pleiteia de fato é oficializar situação de fática que se perpetua,

acompanhada de relações que se ultrapassam entre pais e filha, pois a adotanda
considera-se e é considerada irmã dos outros 3 (três) filhos do casal adotante, bem como
neta dos pais dos adotantes, sobrinha dos irmãos dos adotantes e assim por diante.

Diante a visualização que a adotanda é maior, não se faz necessário a

desconstituição do poder familiar e sim apenas o consentimento das partes e a
comprovação do vinculo familiar a longo prazo.

Neste sentido:
0043550-94.2010.8.19.0000 – AGRAVO DE
INSTRUMENTO – 1ª Ementa DES. LEILA MARIANO –
Julgamento: 13/09/2010 – SEGUNDA CÂMARA CÍVEL
ADOÇÃO DE MAIOR PAI BIOLÓGICO
DESNECESSIDADE DE CONSENTIMENTO AGRAVO
DE INSTRUMENTO. REQUERIMENTO DE ADOÇÃO
DE MAIOR DE IDADE. Adotando que concorda com a
adoção. Desnecessidade de consentimento do pai biológico.
Arts. 1630 e 1635 III do Código Civil. Os filhos só estão
sujeitos ao poder familiar enquanto menores, extinguindo-se tal
poder com a maioridade. Manifestação livre das partes no
sentido de que se formalize a adoção. Precedentes deste
Tribunal. Decisão reformada. PROVIMENTO DO RECURSO.
Íntegra do Acórdão em Segredo de Justiça – Decisão
Monocrática: 13/09/2010.

Apelação Cível. N.0001744-40.2014.8.240052

Relator: Desembargador Marcus Tulio Sartorato

INFÂNCIA E JUVENTUDE. AÇÃO DE ADOÇÃO.

ADOTANDO MAIOR DE 18 ANOS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DOS PAIS
BIOLÓGICOS. PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA.
BENESSE JÁ DEFERIDA NO PRIMEIRO GRAU. ERRO
MATERIAL NA SENTENÇA, AO CONCEDER A BENESSE
AOS REQUERENTES, OS QUAIS NÃO FORAM
CONDENADOS ÀS VERBAS SUCUMBENCIAIS E
PAGARAM AS CUSTAS INICIAIS. GRATUIDADE QUE
INEQUIVOCAMENTE SE DESTINAVA AOS
REQUERIDOS. CORREÇÃO EX OFFICIO. MÉRITO.
ADOTANDO ATUALMENTE COM 21 ANOS, VIVENDO
HÁ MAIS DE 20 SOB OS CUIDADOS DOS ADOTANTES.
CONSENTIMENTO MANIFESTO DO ADOTANDO.
DECLARAÇÃO DE QUE AMA E CONSIDERA OS
ADOTANTES COMO SEUS PAIS. AUSÊNCIA DE
VÍNCULO AFETIVO COM OS PAIS BIOLÓGICOS.
CONTATOS ESPARSOS E AFASTAMENTO
PROGRESSIVO. FALTA DE CONSENTIMENTO DOS PAIS
BIOLÓGICOS QUE NÃO IMPEDE A ADOÇÃO. PODER
FAMILIAR EXTINTO COM A MAIORIDADE.
PREVALÊNCIA DO MELHOR INTERESSE DO
 ADOTANDO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA A OBSTAR
A ADOÇÃO. ENTENDIMENTO DO STJ. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM R$ 1.500,00. PLEITO DE
MINORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. VALOR
CONSENTÂNEO COM OS PARÂMETROS DO ART. 85, §
2º DO NCPC. MANUTENÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO EM PARTE E, NESTA
EXTENSÃO, DESPROVIDO. "Estabelecida uma relação
jurídica paterno-filial (vínculo afetivo), a adoção de pessoa
maior não pode ser refutada sem justa causa pelo pai biológico,
em especial quando existente manifestação livre de vontade de
quem pretende adotar e de quem pode ser adotado."

(Resp. 1444747/DF Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,

j. 17/03/2015) (TJ-SC - AC: 00017444020148240052 Porto
Uniao 0001744-40.2014.8.24.0052, Relator: Marcus Tulio
Sartorato, Data de Julgamento: 11/07/2017, Terceira Câmara
de Direito Civil)

Ademais, elenca o artigo 1.619 do Código Civil de 2002:

“Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos

dependerá da assistência efetiva do poder público e de
sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras
gerais da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente”

Determina ainda os artigos 1630 e 1635 do mesmo diploma legal:

“Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar,

enquanto menores:
“Art.: 1.635”. Extingue-se o poder familiar:
I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o,
parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
“V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638”
Por conclusão, atende o Requerente às disposições legais: a adoção não é requerida
pelo casal, mas pelos Adotantes e adotanda a diferença de idade entre adotantes e
adotanda é superior à exigida pelo § 3º do Art. 42 do Estatuto da Criança e do
Adolescente -, e a adotanda está de pleno acordo com a adoção, pois reconhece os
Adotantes como pais conforme declarações anexas.

DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer a Vossa Excelência.

a) O deferimento da justiça gratuita;

b) A intervenção o Ministério Público Estadual;
c) A designação de audiência de instrução e julgamento.
d) Seja julgada PROCEDENTE a ação para fins de reconhecer os requerentes
como pais da maior ANDRESSA BEZERRA CHAVES, e que seu nome passe a
ser ANDRESSA PEREIRA VIEIRA, com a inclusão dos nomes dos requerentes
e seus respectivos pais/avós, expedindo por conseqüência o Mandado de
Averbação para o Cartório de Registro de Pessoas Naturais competente afim de
que seja emitido o registro definitivo da maior e modificados a Cédula de
Identidade, CPF, Titulo de Eleitor e etc.
e) Exclusão do nome da mãe biológica da certidão de nascimento
consequentemente dos avós maternos.
f) Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, notadamente
o documental, sem exclusão de qualquer outro.

Estima-se à causa o valor de R$ (…).

Nestes Termos,

Pede e aguarda deferimento.

LOCAL/DATA

ADVOGADO

OAB/UF