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COPA MARCANTE
A CHEGADA EM BERLIM
Nossa colaboradora conta que os alemães não tavam aquela simpatia toda
OS BAIXINHOS DA COPA
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ALLNOSSOS MUNDOS CAÍRAM
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09/11/2014 NOSSOS MUNDOS CAÍRAM
I had no reason to be here at all
No dia em que o Muro de Berlim caiu, estava em Minas Gerais, na casa da minha avó Maria. Um jornal noturno da TV de 9 de Novembro de 1989 fez a chamada.
Meus familiares correram para ver o que acontecia (na madrugada alemã). Na hora, ninguém sabia definir. E um champanhe apareceu.
Minhas três conexões com as relações internacionais eram as notícias de TV, livro do líder da União Soviética Mikhail Gorbatchov “Peretroika – Novas Ideias para
Meu País e o Mundo” (pedi de presente) e minha tia Eliane, engenheira nuclear que visitara Berlim há pouco tempo.
Berlim (a)parecia distante, nas músicas de Lou Reed, Sex Pistols e David Bowie. À época, desconhecia todas. Conhecia os Scorpions (de Hannover). “Wind of
Change” demoraria meses até ser lançada. Havia uma banda chamada Berlin – mas de Los Angeles, Estados Unidos, presente na trilha sonora de Top Gun, com
Take My Breath Away (produzida pelo ítalo germânico Giorgio Moroder).
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1989 foi um ano agitado. Gorbatchov terminou 1988 avisando aos aliados soviéticos na Cortina de Ferro que cada um seguisse o próprio caminho. No primeiro
semestre de 1989, visitou o Leste Europeu. Na Índia, o líder tibetano no exílio, Dalai Lama, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Na China, estudantes anônimos
desafiaram tanques do governo antes de ser massacrados na Praça da Paz Celestial, sob ordens de Li Peng. Mortos ilustres: no Irã, o ayatollah Ruhollah Khomeini.
No Japão, o imperador Hiroíto. Na França, a comemoração dos 200 anos da Revolução Francesa reuniu, além do presidente François Mitterand e Gorbatchov, o ex-
presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, a primeira-ministra do Reino Unido Margareth Thatcher e o primeiro- ministro da República Federal da Alemanha
Helmut Kohl. No Brasil, em eleições presidenciais diretas, as primeiras desde 1960 e desde o fim da ditadura civil-militar, os brasileiros elegeriam um azarão:
Fernando Collor de Mello.
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A queda do Muro deu início a uma série de processos que, em 2 ou 3 anos, mudaria a face das relações internacionais. Sem bolas de cristal, numa sequência de
eventos imprevistos, não tínhamos grandes expectativas sobre o presente. As grandes notícias: evitar o passado de guerras mundiais e o futuro aguardado de uma
guerra termonuclear entre as superpotências. Imprensado entre duas ansiedades, o presente parecia, nas palavras do poeta Cazuza, um museu de grandes novidades.
A queda do Muro acelerou a unificação da Alemanha, com a incorporação da República Democrática Alemã (socialista) pela República Federal da Alemanha
(capitalista) em 1990, ano em que a segunda venceu a Copa do Mundo de futebol. Deu ímpeto decisivo ao Ato Único Europeu de 1986, que fixou 1992 como a data
de surgimento de uma União Europeia. Esta surgiria voltada não para o passado de guerras mundiais e a separação da Guerra Fria, mas para o futuro incerto da
unificação entre Lisboa e (pensamos em 1989) Vladivostok. O Pacto de Varsóvia não duraria muito mais que a própria Guerra Fria degelada. Temores de guerra
foram transferidos para Saddam Hussein e o Kuwait.
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Como os cartógrafos do Império de Borges, minha leitura de Perestroika correspondeu perfeitamente aos acontecimentos e, ainda assim, se mostrou insuficiente.
Quando findei o livro no Natal de 1991, a União Soviética deixou de existir. “Antes a frase ia antes do conteúdo; agora é o conteúdo que vai além da frase”, dizia
Marx no 18 de Brumário de Luis Bonaparte. O próximo capítulo viria na próxima década, já cursando relações internacionais… 20 e poucos anos depois da queda,
minha namorada Ariane esteve em Berlim estudando. Ainda não cheguei lá. No máximo, fui a Frankfurt. Mas ganhei, de presente, um pedaço do Muro. Com
certificado de origem da República Democrática Alemã. “O tempo não para…não para não…”
DESTAQUES DA REDAÇÃO
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