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Clínicas e Cirúrgicas
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS............ 9
CAPÍTULO 2
EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA...................................................................................... 22
UNIDADE II
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS.......................................................................................... 38
CAPÍTULO 1
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS EM CIRURGIA............................................................................ 38
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 49
ANEXO............................................................................................................................................... 52
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
O atendimento de urgência e emergência clínica-cirúrgica é uma das áreas mais desafiadoras para
o profissional de enfermagem. Há necessidade de raciocínio rápido, bom embasamento clínico e
cirúrgico, bem como capacidade para lidar com situações que podem conduzir à morte em minutos.
Há diversas patologias e condições de agravo à saúde, como o trauma, que estão elencadas dentre
as emergências que serão estudadas nesta disciplina. O curso requer do enfermeiro pós-graduando,
grande empenho e dedicação no que diz respeito ao estudo do tema. A apostila é tão somente um
instrumento de apoio ao aluno, sendo, portanto altamente recomendado, que o aluno busque
outras fontes para aprofundamento e ao mesmo tempo, que possa aproveitar a oportunidade, para
interagir com profissionais que atuam no Pronto Socorro, de tal forma a complementar os estudos.
Objetivos
»» Agregar conhecimentos ao profissional para prestação de assistência adequada em
urgências e emergências clínico-cirúrgicas.
7
URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS UNIDADE I
CLÍNICAS
CAPÍTULO 1
Sistematização do atendimento de
enfermagem em urgências
e emergências
De acordo com a OMS, 2 bilhões de pessoas não tem acesso aos cuidados básicos de assistência
em cirurgia.
O trauma é a principal causa de mortalidade dentre os jovens, enquanto que a doença cardiovascular,
ainda, é a maior causa de mortalidade geral no Brasil.
Anualmente, aproximadamente, 150.000 pessoas morrem de forma trágica em nosso país, vítima
de trauma. De acordo com o Departamento de Veteranos dos Estados Unidos, nas duas guerras do
Golfo, teriam morrido quase 74.000 soldados americanos, número superior ao oficial, que fala em
torno de 56.000 mortos. Assim, no Brasil, morrem anualmente pelo menos o equivalente à duas
vezes o número de mortos em duas guerras do Oriente Médio.
9
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Fonte: <http://www.cbc.org.br/admin/_m2brupload/arquivos_conteudos_arquivos/22/
comissoes_trauma_projetotrauma.pdf>
Urgências são situações que requerem cuidado médico imediato, tendo em vista a existência de
grande sofrimento, dor ou condições clínicas e/ou cirúrgicas que podem conduzir a um quadro
de emergência, não havendo, contudo, risco iminente de morte. Como exemplos, temos os
quadros de cólica renal e biliar, a enxaqueca severa, crise hipertensiva, a fratura não complicada,
dentre outras.
As emergências por sua vez, são aquelas situações que exigem atendimento médico imediato, dado
o risco iminente de morte. Como exemplos, temos o infarto do miocárdio, o acidente vascular
cerebral, o traumatismo craniano grave, a parada cardiorrespiratória, dentre outras.
O SAMU incorporou o nome de urgências, ao definir a sigla baseada no serviço francês, entendendo
a urgência como sendo uma situação ampla que abrangeria todas as demais, com risco iminente de
morte, ou não.
Dito isso, é importante para qualquer serviço de emergência, que seja estabelecida uma triagem
dos pacientes a serem atendidos. Não faz sentido que o atendimento seja realizado por ordem
de chegada, mas sim, pela gravidade do quadro clínico-cirúrgico apresentado. Em alguns
serviços, quem realiza esta triagem, é a enfermagem, baseado em alguns critérios objetivos
e subjetivos.
O U.S. Department of Health and Human Services, equivalente ao nosso Ministério da Saúde,
por meio da Agência para Pesquisa e Qualidade em Saúde (Agency for Healthcare Research and
Quality) propõe a utilização do chamado Índice de Severidade de Emergência (Emergency Severity
Index-ESI) em que algoritmos realizam a estratificação de risco dos pacientes.
De acordo com a Instituição acima mencionada, em 2008, houve 123,8 milhões de atendimentos
em serviços hospitalares de emergência, nos Estados Unidos, mas apenas 18% dos pacientes foram
atendidos dentro dos primeiros 15 minutos, ficando os demais, aguardando em filas de espera. Assim,
torna-se muito importante que a triagem seja bem criteriosa e que a classificação dos pacientes seja
a mais fidedigna possível. Em nosso país, por exemplo, são comuns os registros, para nossa tristeza,
de pacientes jogados na emergência, inclusive idosos e crianças, muitas vezes aguardando mais de
12h para serem atendidos.
10
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Desde então, diferentes sistemas de triagem foram aceitos e muitos, ainda, são utilizados nas mais
diversas localidades, mas em 2010, a recomendação destas organizações foi no sentido de sugerir
que o Emergency Severity Index-ESI, seja o modelo a ser adotado.
A Austrália, o Reino Unido e o Canadá possuem diferentes sistemas de triagem, mas também
baseados na classificação em 5 níveis de risco, havendo, no entanto, diferenças entre eles. Para
conhecer mais estes sistemas, acesse os links abaixo (em inglês):
Austrália (ATS):
<http://www.acem.org.au/media/policies_and_guidelines/g24_implementation__
ats.pdf>
Canadá (CAEP):
<http://caep.ca/resources/ctas>
<http://possibility.no/legevaktkonferansen2011/legevakt2011/wp-content/
uploads/presentasjoner/Dag%202_Plenum_Manchester%20Triage%20System_
Mackway-Jones.pdf>
<http://emssa.org.za/sats/>
Cada sistema acima tem suas características próprias e não iremos nos deter sobre cada modelo.
Abordaremos o ESI que é o mais utilizado nos Estados Unidos.
11
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Fonte: <http://archive.ahrq.gov/research/esi/esifig3-1a.htm>
O primeiro quadro, onde aparece a letra “A”, pergunta se o paciente requer intervenção e medidas
imediatas de suporte de vida. Ou seja, se não for atendido, irá morrer rapidamente. Se a resposta
for positiva, estamos diante de uma emergência e portanto a prioridade é (1). Nestas circunstâncias,
as intervenções requeridas incluem o suporte de vias aéreas, medicações de emergência,
monitoramento hemodinâmico, acesso venoso e a presença de uma ou mais das seguintes condições
clínicas: paciente entubado, sem sinais de respiração ou de pulso, ou ainda com severa insuficiência
respiratória, mudanças importantes no estado de consciência ou paciente inconsciente (não
respondendo a estímulos verbais).
Na hipótese do paciente não apresentar o quadro acima, a pergunta seguinte apresentada pela
letra “B”, é se o quadro do paciente permite que ele aguarde. Em outras palavras, busca-se saber
se o quadro é de urgência, o que indicaria a prioridade (2). Assim, o paciente é de alto risco? Está
confuso, letárgico ou desorientado? Apresenta sofrimento intenso (dor)? Na escala de dor, que varia
de 1 (praticamente sem dor) à 10 (dor intensa), o paciente deveria referir dor com intensidade de
pelo menos 7.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Caso não seja esta a situação do paciente, a pergunta seguinte, marcada pela letra “C”, diz respeito
aos recursos que serão necessários para atender o paciente. Se forem muitos, a prioridade é (3), se
forem poucos, a prioridade é (4) e se for nenhum, a prioridade é (5). Mas que recursos são esses?
Vejam a tabela abaixo, extraída de <http://www.ahrq.gov/research/esi/esihandbk.pdf>:
Tabela 1
No protocolo, observamos que se há necessidade de muitos recursos, é feita uma pergunta adicional,
com relação aos sinais vitais e dependendo da resposta, o paciente pode continuar nesta classificação
(3) ou ser direcionado para um nível maior de gravidade (2).
O que são chamados de sinais vitais de risco e, portanto merecedores de atendimento mais rápido?
»» Crianças com menos de 3 meses, com frequência cardíaca (FC) acima de 180 bpm e
frequência respiratória (FR) acima de 50 irpm;
Com relação aos pacientes pediátricos, são feitas ainda considerações com relação à presença de
febre. Assim:
»» Crianças de 1-3 meses com temperatura acima de 38ºC, devem ser consideradas
para a prioridade (2) dependendo do quadro geral do paciente e demais fatores;
»» Crianças de 3 meses a 3 anos devem ser consideradas para prioridade (3) se houver
temperatura acima de 39ºC, em que a imunização não esteja completa e a fonte da
febre não seja óbvia.
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Quando estamos diante de um acidente com múltiplas vítimas ou um desastre, o sistema de triagem
mais comumente utilizado é o START, dada a facilidade e rapidez de emprego e é assim apresentado.
Figura 2
Nessas circunstâncias, os pacientes são submetidos a triagem e de acordo com a cor que recebem
(vermelho, amarelo, verde ou preto), são colocados sobre lonas com as cores correspondentes para
que possam ser devidamente atendidos. Para facilitar a identificação do paciente, são utilizados
cartões, também conhecidos como disaster tags, que podem ter diferentes formatos, mas o mais
utilizado é o seguinte.
Figura 3.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Conforme a cor em que o paciente foi classificado, as demais são destacadas, de tal forma que
sobressaia a que representa a condição do paciente.
Para saber mais sobre triagem em acidente com múltiplas vítimas, vejam os
seguintes sites:
»» <http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/primeiros_socorros_2/
cap_28_amuvi.pdF>
»» <http://inter.coren-sp.gov.br/sites/default/files/Marcelo_A_ATUACAO_
EQUIPE_ENFERMAGEM.pdf>
»» <http://www.aph.com.br/triagem_acid_multiplas_vit.htm>
»» Eficiência.
A humanização no tratamento do paciente é fundamental. Qualquer pessoa está sujeita a ficar doente
ou sofrer um acidente e não gostaríamos de ser atendido com falta de cortesia ou com indiferença. É
verdade que muitas vezes o paciente está nervoso ou agressivo. Mas por que será? Quem sabe a dor
não está muito intensa, há uma situação mais grave por trás do quadro ou há questões outras que
desconhecemos? Claro que o paciente deve também ser cortês, mas o enfermeiro não pode jamais
abandonar sua obrigação de zelar pela segurança do paciente e cortesia no atendimento, mesmo
quando o paciente se mostra irritado.
Aos que trabalham ou pretendem trabalhar em emergências, não há outra possibilidade que não
seja a de estar sempre atualizado quanto às rotinas e algoritmos internacionais e normas do hospital
em que trabalha. Periodicamente o ILCOR, que é uma associação internacional de sociedades de
cardiologia, revisa os protocolos para suporte básico e avançado de vida, da mesma forma que o
Colégio Americano de Cirurgiões faz para o trauma. Estes protocolos devem ser de conhecimento
pleno dos enfermeiros, que agirão conforme suas prerrogativas legais.
A falta de conhecimento de inglês instrumental para se atualizar não é desculpa para se manter
ultrapassado, mas deve ser incentivo para o estudo do idioma, que é o mais utilizado nas publicações
e congressos neste campo de atuação.
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Informações sobre o SAMU e legislação correlata no Brasil, podem ser obtidas por
meio do seguinte site do Ministério da Saúde: <http://portal.saude.gov.br/portal/
saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36598&janela=1>
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.campograndern.com.br/?author=1>
Fonte: <http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/458/?UPA_Santa_Maria>
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Nos Estados Unidos são comuns as chamadas “Walk-in Clinics” que são unidades
não hospitalares privadas, que oferecem atendimento de saúde primária, com
consultas e em algumas clínicas, o atendimento de urgência. Podem funcionar 24h
ou apenas durante o expediente e não são voltadas para emergências, mas apenas
para casos urgentes e de menor complexidade.
Fonte: <http://www.urgentcaremanhattan.com/>
Alguns hospitais que deveriam oferecer atendimento de pronto socorro à população ainda tem
que conviver com a má gestão, com o desvio de dinheiro público e com a irresponsabilidade de
profissionais que faltam plantões e agem de má-fé com o dinheiro público.
O enfermeiro independente de onde esteja praticando sua profissão deve agir com zelo,
responsabilidade, atuar em estrito cumprimento ao Código de Ética, às leis brasileiras, com bom
senso, espírito de equipe e seguir as normas da instituição em que trabalha. Não há justificativa para
alguém faltar plantões, porque não concorda com a escala ou porque acha que o salário é baixo. Há
outras formas de reivindicação, que não seja a de colocar o paciente sob risco.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Espera-se do enfermeiro que chegue no horário previsto para seu turno de trabalho, de tal forma
a discutir os casos de pacientes internados (no caso de hospitais), checar o material de emergência
(sobretudo em ambulâncias), fazer a “passagem” dos medicamentos controlados, verificar o sistema
de rádio (onde existir), checar quem são os demais componentes da equipe, relatar faltas e problemas
ocorridos no plantão. O Enfermeiro que dá cobertura a comportamento inadequado, antiético ou
irresponsável de outros profissionais, age com cumplicidade e pode responder criminalmente
inclusive. Se alguém falta o plantão, seja médico ou profissional de enfermagem, esta informação
deve constar do livro de plantão.
É fundamental o cuidado com o sigilo profissional. Os pacientes devem ter sua privacidade
preservada, mesmo que sejam pessoas públicas, como artistas e políticos e o acesso deve ser
restrito aos profissionais que os estão atendendo, familiares e pessoas autorizadas pelo paciente.
Os prontuários e os resultados de exames são documentos sigilosos que só podem ser manuseados
por profissionais de saúde que estejam participando do atendimento ao paciente e devidamente
identificados. Familiares não tem acesso ao prontuário do paciente sem a expressa autorização dele.
Entrevistas para a imprensa só devem ser dadas por quem estiver autorizado pela instituição, a falar
e casos clínicos só podem ser tratados publicamente com autorização do paciente, ok?
E o que dizer a respeito do chamado “burnout”? Esta é uma situação que ocorre em qualquer área
profissional e diretamente relacionada ao trabalho, comumente encontrada quando existe uma
sobrecarga de trabalho. Na enfermagem, segundo artigo apresentado pela American Society of
Registered Nurses (2007), esta síndrome manifesta-se pela presença de fadiga crônica, exaustão,
irritabilidade, raiva, cefaleias frequentes, problemas gastrointestinais, ganho ou perda anormal de
peso, depressão, insônia e dificuldades respiratórias.
De acordo com Yang et al (2001), há uma relação fisiológica bem estabelecida entre os níveis de cortisol
na saliva e o stress advindo do trabalho em Pronto Socorro, mostrando que os enfermeiros que atuam
nestes locais tem altos níveis de estresse como medido pelos valores de cortisol pela manhã.
A solução para minimização deste quadro, de acordo com John A Schriver et al (2003) está na
necessidade de uma melhor relação entre o número de pacientes por enfermeiro, escalas de
plantão adequadas, melhoria nos salários, maior reconhecimento do trabalho, inclusive com
recompensas financeiras, desenvolvimento de rodízios para novos profissionais e investimento
em educação continuada.
Rogers et.al (2004), mostrou que os enfermeiros escalados para 12h contínuas possuem um risco 3
vezes maior de cometer erros, devido ao stress e fadiga, do que os demais profissionais.
É portanto, fundamental que a enfermagem esteja estruturada de tal forma a atender as demandas
da emergência da forma mais humana e profissional possível.
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Naturalmente que os seriados acima citados não servem como referência para
protocolos de atendimento, mas tão somente para entretenimento e ao mesmo
tempo, assistir os dramas e pressões a que os enfermeiros americanos são submetidos
e comparar com a nossa realidade.
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CAPÍTULO 2
Emergências em clínica médica
São inúmeras as possibilidades de quadros emergenciais em clínica médica. Nosso foco, contudo
não será voltado para patologias em si, mas em análises sindrômicas e assistência de enfermagem
em geral, com vistas ao diagnóstico de enfermagem e procedimentos a serem tomados nas
situações críticas.
»» Paciente Inconsciente
»» Parada cardiorrespiratória
»» Insuficiência respiratória
»» Dor torácica
»» Dor abdominal
»» Cefaleia intensa
»» Convulsões
Paciente Inconsciente
São muitas as possibilidades que levam à inconsciência. Diante de um paciente nestas circunstâncias,
é fundamental que seja seguida uma verificação do grau de consciência do paciente, ao mesmo
tempo em que são avaliados: a respiração e a circulação.
No protocolo de atendimento a parada cardiorrespiratória, que seria o evento mais grave possível
a um paciente inconsciente, como é estudado na disciplina de Suporte Básico de Vida, é seguida
a sequência do ABC, em que após a avaliação da consciência do paciente , chama-se ajuda (se o
paciente estiver inconsciente) e verifica-se as vias aéreas, a respiração e em seguida, se há sinais
de circulação.
Não deve ser perdido tempo precioso tentando esclarecer a causa e o nível da inconsciência enquanto
não houver a certeza de que o paciente está respirando normalmente e, portanto, não estamos diante
de uma parada cardíaca.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
A – Alerta
D – Responde à dor
A escala acima é fácil de ser utilizada e geralmente é empregada pelo socorrista. Uma vez que o
suporte especializado está sendo empregado ou mesmo com o paciente sendo socorrido por
profissionais em condições de utilização da Escala de Coma de Glasgow, esta deve ser preferida:
Mínimo 3 Máximo 15
»» Exame Secundário;
»» Monitoramento cardíaco;
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
»» Glicemia capilar;
A presença do médico está prevista na corrente da sobrevida e corresponde à letra “A” do ABCDE,
juntamente com a avaliação da consciência e abertura de vias aéreas. Não existe, contudo, nenhuma
razão e nem defesa para o enfermeiro, esperar a chegada do médico, para proceder as demais
medidas de avaliação e de monitoramento.
A menos que esteja muito clara a história do paciente e totalmente descartada a possibilidade de
trauma, as medidas de suporte de vida no trauma devem ser adotadas, o que inclui imobilização em
prancha rígida e colar cervical. Um paciente alcoolizado, por exemplo, pode sofrer uma queda e em
decorrência, ter um traumatismo craniano.
Se o paciente foi trazido por equipe de atendimento pré-hospitalar, é fundamental que todas as
informações sejam colhidas, o que inclui a natureza e as circunstâncias do chamado, sem, no
entanto, atrasar o atendimento do paciente.
Da mesma forma, é fundamental que você esteja sempre atualizado com relação às novas
recomendações do Ilcor, que inclui o Conselho Europeu de Ressuscitação.
As recomendações do Ilcor de 2010 modificou a sequência de A-B-C para leigos, para C-A-B.
Assim, leigos devem ser instruídos a iniciar as manobras, já pelas compressões, no caso de paciente
inconsciente e não responsivo.
Figura 10 -
Para o atendimento hospitalar e por equipe de suporte avançado contudo, a sequência ABCDE
permanece, uma vez que a ventilação a ser oferecida por estes profissionais, que possuem dispositivos
para ventilação, incluindo oxigênio, é de mais fácil treinamento, emprego e eficácia que a respiração
boca-boca.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
<http://www.ilcor.org/en/news/news-archive/new-guidelines-2010-now-
available> (inglês)
Monitoramento do paciente
Há diversos equipamentos de monitoramento do paciente, disponíveis no mercado. É fundamental
que o enfermeiro conheça a operação adequada a ser utilizada nos equipamentos existentes em seu
local de trabalho.
25
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Fonte: <http://www.mypatraining.com/physician-assistant-specialty-cardiology>
Parada Cardiorrespiratória
A parada cardiorrespiratória é a condição clínica mais grave que um profissional de saúde pode
encontrar. É a tentativa de se trazer à vida, quem está em morte clínica. Há diversas possibilidades
de causa de parada cardiorrespiratória e basicamente a parada pode se dar em assistolia, quando
não há presença de atividade elétrica e, portanto, é a situação mais crítica e com maior índice de
insucesso. Outra possibilidade de parada cardíaca é por atividade elétrica sem pulso, ou seja, há
atividade elétrica, mas inefetiva e ineficaz. Apresenta-se como um ritmo elétrico ao monitor, mas
o paciente não tem pulso. A terceira possibilidade é a da fibrilação ventricular no qual o coração
tem uma alta frequência ventricular, totalmente desorganizada.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Assistolia
O monitoramento cardíaco do paciente irá mostrar o seguinte traçado:
Figura 13.
»» Hipovolemia;
»» Hipóxia;
»» Hipotermia;
»» Hidrogênio-acidose;
»» Tamponamento Cardíaco;
»» Trauma;
As mesmas condições reversíveis de assistolia acima descritas também são aplicáveis à atividade
elétrica sem pulso.
Fibrilação Ventricular
O traçado eletrocardiográfico e também visto no monitor, da Fibrilação Ventricular, é comumente
o seguinte:
Figura 14.
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Insuficiência Respiratória
O paciente com insuficiência respiratória invariavelmente tem a falta de ar como sintoma principal.
O exame físico mostra um paciente com sofrimento respiratório nos casos mais graves, podendo
apresentar batimento das asas do nariz, tiragem intercostal e em casos de hipóxia pode haver
alteração comportamental que pode ser confundida com alcoolismo ou um quadro psicótico. Esta
é uma das razões pelas quais todos pacientes devem ser devidamente avaliados para serem triados,
quando os sinais vitais são verificados, o que inclui a saturação de oxigênio através do oxímetro
de pulso. Aliás, aproveitando a oportunidade gostaria de lembrar que nos casos de intoxicação
severa por monóxido de carbono, comumente encontrada em incêndios ou em casas que utilizam
o aquecimento a gás, a oximetria de pulso não é confiável. O oxímetro identifica a saturação da
hemoglobina, não distinguindo o oxigênio do monóxido de carbono, que tem uma afinidade quase
200 vezes maior com a hemoglobina. Assim, nesses casos, o paciente pode estar rosado, com saturação
normal na medição pelo oxímetro e extremamente grave. Outra lembrança é a de que o oxímetro
não deve ser utilizado em pessoas com esmaltes, especialmente, escuros (o oximetro trabalha
com emissão de feixes infravermelhos) e não deve ser utilizado como parâmetro para diagnóstico
de morte.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
As causas de insuficiência respiratória são variáveis e podem ser classificadas conforme a tabela
abaixo:
Fonte: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2152/insuficiencia_respiratoria_aguda.htm>
Vejam o que diz este artigo1 sobre insuficiência respiratória, escrito por André Luiz Dresler
Hovnanian e Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, publicados em <www.medicinanet.com>:
1 O artigo descrito é o endereço do qual foram extraídas as tabela e pode ser lido na íntegra em: <http://www.
medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2152/insuficiencia_respiratoria_aguda.htm>
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Hipertensão intracraniana
Hiponatremia/hipocalemia
Hipo/hiperglicemia
Tétano
Polineuropatia/síndrome de Guillain-Barré
Esclerose múltipla
Bloqueadores neuromusculares
Politrauma
Asma/DPOC
FR > 35 ipm
Acidose grave (pH < 7,25) e hipercapnia grave (PaCO2 > 60 mmHg)
Parada respiratória
Complicações cardiovasculares
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Dor torácica
Uma das queixas mais comuns em Pronto-Socorro é a de dor torácica. É um sintoma inespecífico,
mas que deve ser devidamente investigado, sob o risco de subestimarmos uma doença grave e
comumente fatal como a síndrome coronariana aguda, dentre outras.
Desde a década de 1970, diversos hospitais têm criado Unidades de Dor Torácica, com protocolos
específicos e voltados para o diagnóstico precoce, diferencial e tratamento destes pacientes. Um
sistema simples para triagem nesses casos é simplesmente carimbar a ficha de atendimento, com
a informação “Dor Torácica” e em seguida encaminhar o paciente para a devida avaliação. A dor
torácica deve ser avaliada no mínimo sob os seguintes aspectos:
7. Já sentiu esta dor antes? Quando? Quanto durou? O que foi feito?
11. Tem eletrocardiograma recente? Está com você ou no prontuário deste hospital?
Outras perguntas podem ser feitas, sobretudo se forem observados outros sinais e/ou sintomas,
como sensação de peso no braço esquerdo, sudorese, sensação iminente de morte, náuseas,
vômitos. O médico plantonista deve ser imediatamente chamado e como regra geral, os seguintes
procedimentos devem ser adotados:
3. Monitoramento cardíaco;
5. Eletrocardiograma de 12 derivações.
31
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
A dor que sugere uma doença coronariana aguda é em aperto no precórdio, sendo mais
comum pela manhã, podendo estar associada à atividade física e de forte intensidade, sendo
comum que esteja acompanhada de sudorese e náuseas ou vômitos. O problema é que nem
todos pacientes referem estes sintomas, sobretudo os idosos. Não é incomum encontrarmos
pacientes em curso de um Infarto Agudo do Miocárdio, cujo único sintoma seja dor na região
do estômago.
Com relação às características da dor torácica, podemos classificá-las como típicas de uma síndrome
coronariana aguda ou atípicas, conforme o quadro a seguir:
Típica Atípica
1. Caráter da dor Constrição Facada, agulhada
Compressão Pontadas
Queimação Piora ao respirar
“Peso” “aguda”
“Dor surda”
2. Localização da dor Retrointestinal
Ombro esquerdo
Pescoço Ombro direito
Face, dentes Hemitórax direito
Região interescapular
Epigástrica
3 – Fatores desencadeantes Exercício
Excitação
Estresse Ao respuso
Frio
Refeições copiosas
Fonte: <http://www.hc.ufpr.br/sites/default/files/Prot_Dor_Toracica[1].pdf>
<http://www.hc.ufpr.br/sites/default/files/Prot_Dor_Toracica[1].pdf>
<http://pt.scribd.com/doc/3890178/Protocolos-da-Unidade-de-Emergencia-
Ministerio-da-Saude>
Nem toda dor torácica é uma doença coronariana aguda, mas pode ser devido a outras condições
clínicas extremamente graves. É importante por esta razão que um protocolo para Dor Torácica
32
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
seja estabelecido. Não é função da enfermagem fazer o diagnostic diferencial da dor torácida,
mas é fundamental que os enfermeiros façam um diagnostico de enfermagem bem feito. Outros
exames complementares podem ser solicitados e dependendo do local onde você trabalha, pode ser
necessária a realização de exames de “beira de leito” como marcadores cardíacos e BNP, bem como
exames de imagem.
Como dito no início da apostila, é fundamental que vocês busquem a complementação de leitura
para aprofundar o estudo de vocês. Não fiquem resumidos a esta Caderno de Estudos e Pesquisa
que nada mais é do que um guia de abordagem geral do paciente, mas não substitui a leitura
complementar, como as que indicarei em referências bibliográficas.
Dor abdominal
A dor abdominal é outra queixa muito comum e frequentemente está associada a patologias
cirúrgicas de urgência ou de emergência, como na apendicite aguda, na peritonite aguda, no infarto
da mesentérica, na rotura de um aneurisma de aorta, dentre outras.
A assistência de enfermagem deve agir com presteza e identificar o quanto está doendo e fazer
perguntas semelhantes às que tratamos ao falar de dor torácica, naturalmente adaptando-as para a
região abdominal e acrescentar as seguintes perguntas:
1. Você está eliminando fezes normalmente? Quando foi ao banheiro pela última vez?
Como estava o aspecto das fezes? Tinha presença de muco ou sangue?
Coloque o paciente em posição confortável, chame a equipe médica de plantão e não ofereça líquidos
nem alimentos até que o paciente seja devidamente examinado.
Esteja pronto para prover acesso venoso ao paciente, oxigênio, monitoramento cardíaco e
eventualmente preparar o paciente para cirurgia de emergência. Os sinais vitais devem ser
sempre verificados.
33
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Figura 16
Cefaleia intensa
A cefaleia é uma queixa muito frequente em serviços de emergência e embora sejam muito incômodas
e na maioria das vezes, benigna, temos que estar atentos aos sinais de risco para quadros graves
como meningite aguda, o acidente vascular cerebral, a encefalite e outras patologias que requerem
o atendimento de emergência.
Na avaliação da dor, a intensidade e as características serão avaliadas da mesma forma como fizemos
na dor torácica e na dor abdominal, mas aqui temos que ter em mente, a possibilidade da síndrome
meníngea, caracterizada por:
»» cefaleia intensa;
»» rigidez de nuca;
Diante desta possibilidade, o paciente deve ser colocado em isolamento até que o diagnóstico
possa ser confirmado ou descartado. O hospital deve ter protocolos para casos suspeitos e para
quimioproteção de contactantes no caso de doença meningocócica.
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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Uma avaliação simples e que deve ser divulgada visando o diagnóstico precoce do AVC é a seguinte:
É importante sabermos quando os sinais e os sintomas foram observados, pois tanto no acidente
vascular hemorrágico como no isquêmico, o tempo é fundamental, no primeiro caso, porque cirurgia
pode ser necessária e no segundo, porque pode ser indicada a utilização de trombolíticos. Para fins
de uso de trombolítico, o início de sinais e sintomas deve ser considerado a partir do momento em
que surgiram. Os trombolíticos só podem ser utilizados até 4h do início dos sintomas e mediante
critérios de inclusão e exclusão. Se o paciente, por exemplo, foi encontrado na cama dele, já com os
sinais e sintomas estabelecidos, a menos que ele esteja consciente e saiba com exatidão a que horas,
surgiram, a anotação deste horário fica prejudicada.
Os casos suspeitos de AVC devem ser atendidos com a mesma urgência de uma síndrome
coronariana. Nos Estados Unidos, são comuns as chamadas unidades de Stroke, voltadas para a
abordagem inicial e precoce do AVC.
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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Tabela 6 - Recomendações do National Institute od Neurological Disordes and Stroke (NINDS) para candidatos
potenciais ao trombolítico
Convulsões
As convulsões generalizadas são visualmente muito impactantes e causam grande ansiedade para
quem as presencia, sobretudo, no ambiente pré-hospitalar.
»» epilepsia;
»» hipoglicemia;
»» intoxicação exógena;
»» AVC;
»» trauma;
»» tumor cerebral;
»» neurocisticercose.
Figura 18
36
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I
Não importa a causa, diante de uma crise generalizada, as pessoas em volta devem ser afastadas e
as seguintes medidas adotadas:
»» Proteger o paciente para que não caia do leito e se estiver no chão, para que não se
“machuque”, sem fazer contenção do corpo dele.
»» Buscar saber as causas. Quando o paciente está internado e tem doença de base que
justifique a convulsão, administrar medicamento que esteja prescrito como SOS em
ambiente pré-hospitalar, pergunte a quem está em volta, se a crise teve o início
presenciado. Não assuma que se trata de crise epilética, sem que haja informações
precisas nesse sentido.
»» Não tente puxar e nem segurar a língua do paciente. Se necessário e possível inserir
cânula de Guedel para manter permeabilidade de vias aéreas.
Há muitos mitos sobre convulsões e é papel do enfermeiro orientar a população e desfazer essas
crenças que prejudicam o paciente. Alguns exemplos de orientações que devem ser reforçadas na
comunidade:
»» Línguas não enrolam, portanto, não há razão para serem tracionadas, com o risco
de serem lesadas pela mordida do paciente.
E na sua região? Há outros mitos e preconceitos que são empregados nos casos de
convulsão?
37
URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS UNIDADE II
CIRÚRGICAS
CAPÍTULO 1
Urgências e emergências em cirurgia
Todo paciente admitido no PS, deve ser devidamente avaliado pela enfermagem e os cuidados com
o paciente internado, seja para observação ou para internação clínica ou cirúrgica devem incluir:
»» avaliar pulso periférico. Está cheio? O sinal mais precoce do choque é a taquicardia,
como também pacientes com febre podem apresentá-la;
Os cuidados acima, também, devem ser aplicados ao paciente com patologia clínica.
38
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II
O enfermeiro precisa ter a sensibilidade de perceber que quem está doente necessita repouso
e descanso. Infelizmente, é comum vermos em hospitais, desde as primeiras horas do dia um
“entra e sai” do quarto do paciente, que não faz sentido. Às vezes o paciente ficou acordado
até tarde e precisa dormir. Desde cedo, no entanto, o enfermeiro que troca o plantão às 7h
quer se apresentar ao paciente. Em seguida vem o técnico para verificar sinais vitais. Depois
vem alguém da limpeza para recolher o lixo. Em seguida vem a nutricionista. Aparece então
o médico e na sequência outros profissionais, como fisioterapeuta, técnicos de laboratório,
técnicos de enfermagem para administrar medicamentos, etc. Todos afirmam que descansar é
importante. Como?
Os serviços devem estabelecer uma rotina que incomode o mínimo possível o paciente. Por que
tantas visitas? Não seria possível otimizá-las? Este é um desafio para você em sua unidade, mas
pense: você gostaria que fosse assim, se você fosse o paciente? Tente-se colocar sempre no lugar do
paciente.
Com frequência a mídia apresenta casos terríveis de pacientes que receberam medicamentos errados
ou em vias de acesso completamente inadequadas, que resultam em processos e podem resultar na
cassação do registro profissional e cadeia. O mais grave, no entanto, é o risco de causar o mal ao
paciente. O erro na área de saúde é chamado de negligência, imprudência ou imperícia.
A assistência de enfermagem no Centro Cirúrgico, contudo, não é tema de estudo em nossa disciplina.
Trauma
Quem trabalha em um PS cirúrgico sabe que a grande maioria dos casos, está relacionada ao trauma,
sobretudo em um país como nosso, no qual os índices de violência são altíssimos e com isso são
frequentes os casos de atropelamentos, colisão de veículos, ferimentos por arma de fogo e por arma
branca, quedas, queimaduras, dentre outros.
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UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS
»» Avaliar consciência.
»» Ajuda.
»» Boa ventilação.
»» Controlar hemorragias.
»» Colar cervical.
O atendimento deve ser feito de tal forma, que o paciente seja rapidamente atendido. Você não vai
deixar uma hemorragia sem controle, para pedir ajuda. O atendimento deve ser feito em equipe.
O paciente com trauma grave deve ter duas vias de acesso venoso periférico, com cateter de bom
calibre. O monitoramento cardíaco é fundamental e se possível também um ECG. Um paciente pode
ter colidido o veículo após ter desmaiado no carro em decorrência de um infarto do miocárdio ou
uma lipotímia. Verificar glicemia capilar.
A manobra de abertura de vias aéreas no paciente com suspeita de trauma deve ser a seguinte. Se
não resolver, proceder a abertura tradicional, evitando a extensão muito grande do pescoço.
Figura 19
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
40
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II
Há diferentes tipos de colar cervical no mercado e é importante que você esteja familiarizado com o
modelo existente em seu serviço e como utilizá-lo corretamente. Abaixo, um exemplo de colar que
permite diferentes ajustes.
Figura 20
Ferimentos
Uma das idas mais frequentes ao PS ou ao Centro de Saúde é devido a presença de ferimentos. A
avaliação do ferimento deve ser feita da seguinte forma:
Ferimentos simples devem ser limpos com irrigação de soro fisiológico e lavagem com sabão,
seguido de curativo simples, que permita a ventilação da ferida. As recomendações do Ilcor 2010
para primeiros socorros indicam que o uso em abrasões e ferimentos simples, de antibióticos sob
a forma de creme pode representar chance menor de infecção, seguida de curativo oclusivo. No
entanto, o paciente deve ser questionado se possui alergia à medicação. Em países como Estados
Unidos, é facilmente encontrado nas farmácias, cremes antibióticos para serem utilizados em
primeiros socorros, mas o mesmo já não ocorre no Brasil, que requer receita controlada. Verificar
sempre se o paciente já foi imunizado para tétano e se necessário fazer a imunização. Em ferimentos
41
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS
por mordida de cachorro, o animal deve ser observado por 10 dias, se no período, o animal morrer,
fugir ou não puder ser observado, a imunização para raiva deve ser iniciada.
Dose/dosagem/
Início da via de
Protege
Vacina Eficácia vacinação administração/ Reforços
contra
(idade) intervalo entre
as doses
Difteria, tétano,
Difteria: 80% Aos 15 meses (1o reforço)
Tetravalente coqueluche e
3 doses/0,5 ml/
doença invasiva Tétano: 99% 2 meses de idade Ambos devem ser feitos
(DTP + Hib) IM/30-60 dias
por Haemohilus com a vacina DTP
Coqueluche: 75% a 80%
influenze tipo b
Sete anos de idade
e MIF. Uma dose a cada 10
3 doses/0,5 ml/ anos, exceto em caso de
Difteria e tétano Difteria: 80% Para pessoas que IM/60 dias entre as gravidez e ferimento grave.
dT (adolescente e não tenham recebido
Tétano: 99% doses, mínimo de Antecipar o reforço se a
adulto) o esquema básico 30 dias última dose foi há mais de
completo e dos dois cinco anos
reforços
Quadro 4
História de
Ferimentos com risco mínimo de
vacinação prévia Ferimentos com alto risco de tétano**
tétano*
contra tétano
SAT/ SAT/
Vacina Outras condutas Vacina Outras condutas
IGHAT IGHAT
Limpeza e desinfecção, Desinfecção, lavar com soro fisiológico
lavar com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas
Incerta ou menos de 3 e substâncias oxidantes e remover corpos estranhos e tecidos
Sim* Não Sim*** sim devitalizados.
doses ou antissépticas e
debridar o foco de Debridar o ferimento e lavar com água
infecção oxigenada
3 doses ou mais, sendo a
última dose há menos de Não Não - Não Não -
5 anos
3 ou mais, doses, sendo a
Sim (1
última dose há mais de 5 Não Não - Não*** -
reforço)
anos e menos de 10 anos
3 ou mais, doses, sendo
Sim (1
a última dose há 10 ou Sim Não - Não*** -
reforço)
mais anos
Fonte: Ministério da Saúde
42
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II
Atualmente, com o atendimento pré-hospitalar sendo prestado pelos bombeiros, SAMU e empresas
privadas, a qualidade da imobilização e do suporte básico de vida, teve melhora significativa.
Espera-se, por exemplo, que o paciente ao dar entrada no Pronto Socorro, trazido por equipes
desses serviços, venha imobilizado, ventilando, com controle externo de hemorragias. Infelizmente,
contudo, nem sempre funciona desta forma. Nem todos os municípios possuem unidades de suporte
avançado de vida e em algumas situações os pacientes estão em condições críticas, o que inclui tórax
instável, pneumotórax, tamponamento cardíaco, trauma de face, fratura de bacia, eviscerações e
outras condições graves.
Quando da chegada de um paciente de trauma, a história deve ser rapidamente obtida, a equipe
médica de plantão acionada e o ABCDE rapidamente realizado, com os procedimentos anteriormente
descritos, prontamente realizados (acesso venoso periférico, hemostasia, se necessária,
monitoramento cardíaco, glicemia capilar, oxigênio sob máscara, colher sangue para hemograma,
bioquímica, tipagem sanguínea e toxicologia, exames de imagem, dentre outros que o protocolo do
hospital possa indicar). A coleta do hemograma visa registrar os valores de entrada e não refletem
uma hemorragia aguda, mas podem servir de parâmetro para medições futuras. Procedimentos
de suporte avançado de vida podem ser necessários e o enfermeiro deve estar apto para atuar em
equipe na intubação traqueal, desfibrilação, drenagem de tórax, cricotireoidectomia, dentre outros.
Figura 21
Fonte: <http://www.defesacivil.pr.gov.br>
1. Colocação de plástico ou papel celofane maior que o orifício, de tal forma a cobrir
o ferimento;
43
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS
Quando o paciente inspira, o plástico veda o orifício e impede a entrada de ar e quando o paciente
expira, o ar sai pela ponta sem esparadrapo, funcionando como uma válvula.
Após o exame primário, deve ser iniciado o exame secundário, no qual deve ser feita uma avaliação
sistemática do paciente.
Cabeça: A presença de equimose ao redor do olho (sinal de guaxinim) ou na base do crânio atrás
da cabeça (sinal de Battle) são indicativos de fratura de crânio. Verifique também a presença de
lacerações do couro cabeludo, como estão as pupilas e como elas reagem à luz. A anisocoria é um
outro sinal importante. Da mesma forma observe se há saída de sangue ou líquor das narinas ou
do ouvido.
Figura 22
Anisocoria
Fonte: <www.center4sight.com>
Pescoço: Avalie a presença de edema e, sobretudo, a cinemática do trauma. O que foi que aconteceu?
Houve desaceleração súbita? Houve queda? Qual a possibilidade de lesão de coluna cervical? Existe
algum grau de paralisia? Havendo trauma com possibilidade de lesão da cervical, o paciente deve
ter a coluna cervical imobilizada até que exames de imagem possam descartar lesão mais grave. Há
ferimentos? Há desvio de traqueia? Como é a respiração do paciente?
44
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II
descomprimido pela inserção de cateter calibroso no segundo espaço intercostal do lado atingido,
seguido de drenagem torácica. Há sinais de fratura de costela? O tórax parece instável à respiração?
Na fratura de costela, comumente há dor intensa à inspiração. O que mostra o monitor cardíaco?
Foi feito ECG? O paciente deve ser virado em bloco, para checar se há ferimentos no dorso, manobra
que deve ser realizada, ainda, no exame primário. A avaliação e busca de sinais de pneumotórax
hipertensivo deve ser iniciada também no exame primário. Há presença de sinal de uso de cinto de
segurança? O paciente estava em um veículo? Usava o cinto?
Fonte: <www.medlearn.com.br>
Fonte: <www.inf.furb.br>
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UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS
Abdômen: A palpação do abdome é dolorosa? Onde dói? O abdômen está distendido? Há ferimentos
visíveis? Há evisceração? Neste caso, cubra as vísceras com compressa úmida, sem exercer pressão
e nem tentar colocar as vísceras de volta e aguarde orientação médica.
Naturalmente que toda manipulação do paciente deve ser feita, com o uso de luvas descartáveis,
máscara e óculos de proteção, de tal forma a evitar o contato com secreções.
Fonte: <www.itrauma.org>
46
Para (não) Finalizar
A apostila como já dissemos anteriormente, não é o bastante para quem pretende se especializar
na área e é fundamental que as referências bibliográficas sejam consultadas, como também outras
publicações. Nós chamamos a atenção do enfermeiro por meio deste material, para a importância
do tema e os principais tópicos que devem ser complementados, pelo estudo adicional. Assim deve
funcionar uma Pós-graduação. A graduação ensina ao aluno a teoria e a prática necessárias ao
desempenho da profissão, enquanto a Pós, visa a especialização em um determinado tema. Cabe ao
aluno, portanto, tirar dúvidas de conteúdo com o tutor e aprofundar os próprios conhecimentos. O
objetivo maior da Pós é dotar o aluno, de conhecimentos teóricos necessários para a especialização
na área.
A prática é igualmente necessária para qualquer profissão. Para os enfermeiros que já atuam
em Pronto Socorro, sugerimos que aprimorem cada vez mais as técnicas e procedimentos mais
utilizados, de tal forma a estarem sempre prontos para o enfrentamento de qualquer situação
de urgência ou emergência. Para os que não atuam em Pronto Socorro, sugerimos que realizem
treinamento prático com simulações antes de poderem assumir suas funções.
Em alguns países, a certificação em cursos de simulação é obrigatória para quem pretende atuar
em emergências e por esta razão, recomendamos que procurem informações e obtenham estas
certificações, que embora não sejam obrigatórias no Brasil, refletem o estado da arte para quem
pretende atuar em Pronto Socorro. Os cursos sugeridos são:
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PARA NÃO FINALIZAR
Todos os cursos acima, possuem centros credenciados no Brasil, que oferecem o treinamento em
português. Geralmente os cursos duram entre 01 e 03 dias, em dedicação integral e aulas teóricas e
práticas. Não deixem de se certificar e manter esta certificação atualizada!
Estudem aspectos específicos do trauma, que poderão ajuda-los a melhor compreender as lesões,
como também se aprofundem nas emergências clínicas. Vejam as peculiaridades do atendimento
pediátrico, às gestantes e aos idosos.
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Referências
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in the Lazio Region. Prof Inferm. 59(3): 165-70. 2006.
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49
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Journal of Occupational & Environmental Medicine. 43(12): 1011-1018, 2001.
51
Anexo
Abreviações
APH: Atendimento Pré-Hospitalar
ATLS: Advanced Trauma Life Support (Suporte Avançado de Vida no Trauma). Curso desenvolvido
pelo Colégio Americano de Cirurgiões voltado para médicos.
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