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Enfermagem em Urgências e Emergências

Clínicas e Cirúrgicas

Brasília-DF.
Elaboração

Carlos Henrique Oliveira de Paulo

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS............ 9

CAPÍTULO 2
EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA...................................................................................... 22

UNIDADE II
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS.......................................................................................... 38

CAPÍTULO 1
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS EM CIRURGIA............................................................................ 38

Para (não) Finalizar........................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 49

ANEXO............................................................................................................................................... 52
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O atendimento de urgência e emergência clínica-cirúrgica é uma das áreas mais desafiadoras para
o profissional de enfermagem. Há necessidade de raciocínio rápido, bom embasamento clínico e
cirúrgico, bem como capacidade para lidar com situações que podem conduzir à morte em minutos.

Há diversas patologias e condições de agravo à saúde, como o trauma, que estão elencadas dentre
as emergências que serão estudadas nesta disciplina. O curso requer do enfermeiro pós-graduando,
grande empenho e dedicação no que diz respeito ao estudo do tema. A apostila é tão somente um
instrumento de apoio ao aluno, sendo, portanto altamente recomendado, que o aluno busque
outras fontes para aprofundamento e ao mesmo tempo, que possa aproveitar a oportunidade, para
interagir com profissionais que atuam no Pronto Socorro, de tal forma a complementar os estudos.

Objetivos
»» Agregar conhecimentos ao profissional para prestação de assistência adequada em
urgências e emergências clínico-cirúrgicas.

»» Apresentar as principais situações de urgências e emergências clínico-cirúrgicas e a


atuação da enfermagem nestas situações.

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URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS UNIDADE I
CLÍNICAS

CAPÍTULO 1
Sistematização do atendimento de
enfermagem em urgências
e emergências

De acordo com a OMS, 2 bilhões de pessoas não tem acesso aos cuidados básicos de assistência
em cirurgia.

O trauma é a principal causa de mortalidade dentre os jovens, enquanto que a doença cardiovascular,
ainda, é a maior causa de mortalidade geral no Brasil.

Anualmente, aproximadamente, 150.000 pessoas morrem de forma trágica em nosso país, vítima
de trauma. De acordo com o Departamento de Veteranos dos Estados Unidos, nas duas guerras do
Golfo, teriam morrido quase 74.000 soldados americanos, número superior ao oficial, que fala em
torno de 56.000 mortos. Assim, no Brasil, morrem anualmente pelo menos o equivalente à duas
vezes o número de mortos em duas guerras do Oriente Médio.

Vejam como a situação é grave! De acordo com o Colégio Brasileiro de Cirurgiões, no


Projeto Trauma 2025:

“O Brasil é o país com a maior taxa de homicídios por arma de fogo


do mundo – 36 mil em 2004 – (SIM/MS, 2004). Em 2003, morreram
39.325 pessoas por arma de fogo, 108 pessoas por dia ou 9 pessoas
a cada duas horas (Tabela 1). Os óbitos por arma de fogo têm
mostrado aumento acentuado desde o início da década de 1990.
De 1992 a 2004 observou-se um aumento de 116%. O ano de 2004
foi o primeiro ano desde 1992 a mostrar um decréscimo no número
de óbitos por arma de fogo. O risco de morte – probabilidade
de ocorrência de morte por arma de fogo – também decresceu
significativamente de 2003 para 2004. A taxa de mortalidade por
arma de fogo era de 22,4 por 100 mil habitantes em 2003, caindo
10% em 2004, passando para 20,3/100 mil. Metade dos homicídios
é cometida por cidadãos sem antecedentes criminais e cerca de
70% das mortes ocorrem por motivos fúteis. Atualmente, três em

9
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

cada quatro homicídios são cometidos com armas de fogo. Até


1979, essa proporção era de um em cada quatro.”

Fonte: <http://www.cbc.org.br/admin/_m2brupload/arquivos_conteudos_arquivos/22/
comissoes_trauma_projetotrauma.pdf>

O enfermeiro tem um papel fundamental na assistência aos pacientes em situações de urgência e


emergência. Para, no entanto, começarmos nosso estudo, é necessário que possamos definir o que
caracteriza uma urgência e o que a difere de uma emergência.

Urgências são situações que requerem cuidado médico imediato, tendo em vista a existência de
grande sofrimento, dor ou condições clínicas e/ou cirúrgicas que podem conduzir a um quadro
de emergência, não havendo, contudo, risco iminente de morte. Como exemplos, temos os
quadros de cólica renal e biliar, a enxaqueca severa, crise hipertensiva, a fratura não complicada,
dentre outras.

As emergências por sua vez, são aquelas situações que exigem atendimento médico imediato, dado
o risco iminente de morte. Como exemplos, temos o infarto do miocárdio, o acidente vascular
cerebral, o traumatismo craniano grave, a parada cardiorrespiratória, dentre outras.

O SAMU incorporou o nome de urgências, ao definir a sigla baseada no serviço francês, entendendo
a urgência como sendo uma situação ampla que abrangeria todas as demais, com risco iminente de
morte, ou não.

Dito isso, é importante para qualquer serviço de emergência, que seja estabelecida uma triagem
dos pacientes a serem atendidos. Não faz sentido que o atendimento seja realizado por ordem
de chegada, mas sim, pela gravidade do quadro clínico-cirúrgico apresentado. Em alguns
serviços, quem realiza esta triagem, é a enfermagem, baseado em alguns critérios objetivos
e subjetivos.

O U.S. Department of Health and Human Services, equivalente ao nosso Ministério da Saúde,
por meio da Agência para Pesquisa e Qualidade em Saúde (Agency for Healthcare Research and
Quality) propõe a utilização do chamado Índice de Severidade de Emergência (Emergency Severity
Index-ESI) em que algoritmos realizam a estratificação de risco dos pacientes.

De acordo com a Instituição acima mencionada, em 2008, houve 123,8 milhões de atendimentos
em serviços hospitalares de emergência, nos Estados Unidos, mas apenas 18% dos pacientes foram
atendidos dentro dos primeiros 15 minutos, ficando os demais, aguardando em filas de espera. Assim,
torna-se muito importante que a triagem seja bem criteriosa e que a classificação dos pacientes seja
a mais fidedigna possível. Em nosso país, por exemplo, são comuns os registros, para nossa tristeza,
de pacientes jogados na emergência, inclusive idosos e crianças, muitas vezes aguardando mais de
12h para serem atendidos.

Em 2002, preocupados com a realizada americana, a Associação Americana de Enfermeiros


de Emergência (ENA) em conjunto com o Colégio Americano de Médicos de Emergência
(ACEP) estabeleceram um grupo-tarefa para propor um padrão de triagem que pudesse ser
utilizado nacionalmente.

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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Desde então, diferentes sistemas de triagem foram aceitos e muitos, ainda, são utilizados nas mais
diversas localidades, mas em 2010, a recomendação destas organizações foi no sentido de sugerir
que o Emergency Severity Index-ESI, seja o modelo a ser adotado.

Em pesquisa realizada em 2009, a Associação Americana de Hospitais, encontrou um índice de 57%


na utilização do ESI.

A Austrália, o Reino Unido e o Canadá possuem diferentes sistemas de triagem, mas também
baseados na classificação em 5 níveis de risco, havendo, no entanto, diferenças entre eles. Para
conhecer mais estes sistemas, acesse os links abaixo (em inglês):

Austrália (ATS):

<http://www.acem.org.au/media/policies_and_guidelines/g24_implementation__
ats.pdf>

Canadá (CAEP):

<http://caep.ca/resources/ctas>

Reino Unido (Manchester Triage System):

<http://possibility.no/legevaktkonferansen2011/legevakt2011/wp-content/
uploads/presentasjoner/Dag%202_Plenum_Manchester%20Triage%20System_
Mackway-Jones.pdf>

África do Sul (SATS):

<http://emssa.org.za/sats/>

Cada sistema acima tem suas características próprias e não iremos nos deter sobre cada modelo.
Abordaremos o ESI que é o mais utilizado nos Estados Unidos.

O ESI é um sistema extremamente simples e fácil de ser utilizado. No entanto, há necessidade


de que os responsáveis pela triagem sejam enfermeiros experientes, não devendo ser delegada a
função, para auxiliares ou técnicos. O modelo é composto por cinco níveis de severidade do quadro
clínico, variando de menos urgente (nível 5) para o mais grave e que portanto tem que ser atendido
imediatamente (nível 1). O modelo é apresentado da seguinte forma:

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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Figura 1 – Modelo de ESI

Fonte: <http://archive.ahrq.gov/research/esi/esifig3-1a.htm>

O modelo acima possui portanto, 5 níveis de gravidade do quadro e basicamente 04 perguntas/


observações a serem feitas.

O primeiro quadro, onde aparece a letra “A”, pergunta se o paciente requer intervenção e medidas
imediatas de suporte de vida. Ou seja, se não for atendido, irá morrer rapidamente. Se a resposta
for positiva, estamos diante de uma emergência e portanto a prioridade é (1). Nestas circunstâncias,
as intervenções requeridas incluem o suporte de vias aéreas, medicações de emergência,
monitoramento hemodinâmico, acesso venoso e a presença de uma ou mais das seguintes condições
clínicas: paciente entubado, sem sinais de respiração ou de pulso, ou ainda com severa insuficiência
respiratória, mudanças importantes no estado de consciência ou paciente inconsciente (não
respondendo a estímulos verbais).

Na hipótese do paciente não apresentar o quadro acima, a pergunta seguinte apresentada pela
letra “B”, é se o quadro do paciente permite que ele aguarde. Em outras palavras, busca-se saber
se o quadro é de urgência, o que indicaria a prioridade (2). Assim, o paciente é de alto risco? Está
confuso, letárgico ou desorientado? Apresenta sofrimento intenso (dor)? Na escala de dor, que varia
de 1 (praticamente sem dor) à 10 (dor intensa), o paciente deveria referir dor com intensidade de
pelo menos 7.

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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Caso não seja esta a situação do paciente, a pergunta seguinte, marcada pela letra “C”, diz respeito
aos recursos que serão necessários para atender o paciente. Se forem muitos, a prioridade é (3), se
forem poucos, a prioridade é (4) e se for nenhum, a prioridade é (5). Mas que recursos são esses?
Vejam a tabela abaixo, extraída de <http://www.ahrq.gov/research/esi/esihandbk.pdf>:

Tabela 1

Procedimentos considerados como recursos Procedimentos não considerados como recursos


Exames laboratoriais Anamnese e exame físico
Eletrocardiograma, Testes rápidos de glicemia
Exames de imagem (Rx, CT, ecografia)
Hidratação venosa Uso de solução salina

Medicações por nebulização, injeção IM ou IV. Medicação oral


Imunização para tétano
Novas prescrições
Consulta por especialista Chamada telefônica para consultas
Curativos simples e colocação de talas

No protocolo, observamos que se há necessidade de muitos recursos, é feita uma pergunta adicional,
com relação aos sinais vitais e dependendo da resposta, o paciente pode continuar nesta classificação
(3) ou ser direcionado para um nível maior de gravidade (2).

O que são chamados de sinais vitais de risco e, portanto merecedores de atendimento mais rápido?

»» Crianças com menos de 3 meses, com frequência cardíaca (FC) acima de 180 bpm e
frequência respiratória (FR) acima de 50 irpm;

»» Crianças de 3 meses à 3 anos, com FC acima de 160 e FR acima de 40;

»» Crianças de 3 à 8 anos, com FC acima de 140 e FR acima de 30;

»» Crianças acima de 8 anos e adultos, com FC acima de 100 e FR acima de 20.

Além disso, a saturação de O2 abaixo de 92%, também é considerada sinal de alerta.

Com relação aos pacientes pediátricos, são feitas ainda considerações com relação à presença de
febre. Assim:

»» Crianças de 1 à 28 dias de idade devem ser classificadas como prioridade no mínimo


(2) se houver febre acima de 38ºC

»» Crianças de 1-3 meses com temperatura acima de 38ºC, devem ser consideradas
para a prioridade (2) dependendo do quadro geral do paciente e demais fatores;

»» Crianças de 3 meses a 3 anos devem ser consideradas para prioridade (3) se houver
temperatura acima de 39ºC, em que a imunização não esteja completa e a fonte da
febre não seja óbvia.

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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Quando estamos diante de um acidente com múltiplas vítimas ou um desastre, o sistema de triagem
mais comumente utilizado é o START, dada a facilidade e rapidez de emprego e é assim apresentado.

Figura 2

Nessas circunstâncias, os pacientes são submetidos a triagem e de acordo com a cor que recebem
(vermelho, amarelo, verde ou preto), são colocados sobre lonas com as cores correspondentes para
que possam ser devidamente atendidos. Para facilitar a identificação do paciente, são utilizados
cartões, também conhecidos como disaster tags, que podem ter diferentes formatos, mas o mais
utilizado é o seguinte.

Figura 3.

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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Conforme a cor em que o paciente foi classificado, as demais são destacadas, de tal forma que
sobressaia a que representa a condição do paciente.

Para saber mais sobre triagem em acidente com múltiplas vítimas, vejam os
seguintes sites:

»» <http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/primeiros_socorros_2/
cap_28_amuvi.pdF>

»» <http://inter.coren-sp.gov.br/sites/default/files/Marcelo_A_ATUACAO_
EQUIPE_ENFERMAGEM.pdf>

»» <http://www.aph.com.br/triagem_acid_multiplas_vit.htm>

O atendimento na emergência requer do enfermeiro:

»» Segurança na realização dos procedimentos e na proteção do paciente;

»» Cortesia na forma de lidar com os pacientes e familiares;

»» Demonstração de qualidade na prestação do serviço;

»» Eficiência.

A humanização no tratamento do paciente é fundamental. Qualquer pessoa está sujeita a ficar doente
ou sofrer um acidente e não gostaríamos de ser atendido com falta de cortesia ou com indiferença. É
verdade que muitas vezes o paciente está nervoso ou agressivo. Mas por que será? Quem sabe a dor
não está muito intensa, há uma situação mais grave por trás do quadro ou há questões outras que
desconhecemos? Claro que o paciente deve também ser cortês, mas o enfermeiro não pode jamais
abandonar sua obrigação de zelar pela segurança do paciente e cortesia no atendimento, mesmo
quando o paciente se mostra irritado.

Aos que trabalham ou pretendem trabalhar em emergências, não há outra possibilidade que não
seja a de estar sempre atualizado quanto às rotinas e algoritmos internacionais e normas do hospital
em que trabalha. Periodicamente o ILCOR, que é uma associação internacional de sociedades de
cardiologia, revisa os protocolos para suporte básico e avançado de vida, da mesma forma que o
Colégio Americano de Cirurgiões faz para o trauma. Estes protocolos devem ser de conhecimento
pleno dos enfermeiros, que agirão conforme suas prerrogativas legais.

A falta de conhecimento de inglês instrumental para se atualizar não é desculpa para se manter
ultrapassado, mas deve ser incentivo para o estudo do idioma, que é o mais utilizado nas publicações
e congressos neste campo de atuação.

O serviço de urgências e emergências pode ser prestado em três formatos:

»» Pré-hospitalar móvel – prestado por instituições públicas e privadas, tem como


exemplo, o SAMU. Nos Estados Unidos e no Canadá, as ambulâncias tanto de
suporte básico como avançado de vida, são tripuladas por Técnicos de Emergência
Médica (EMTs) em diferentes níveis, em que o nível mais elevado é conhecido por

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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

paramédico. Cada estado americano, no entanto, tem o poder de regulamentar as


ações que podem ser praticadas por estes profissionais que devem ser certificados e
periodicamente submetidos a provas de reavaliação.

Para se tornar um paramédico, há diferentes cursos e algumas universidades


renomadas oferecem este treinamento, como a Universidade da Califórnia em
Los Angeles (UCLA). O primeiro passo é se inscrever e ser aprovado no curso
de formação de Técnico de Emergência Médica (EMT) com duração de cerca de
3 meses em período integral. Após um mínimo de 6 meses de experiência como
EMT, ele pode se candidatar para fazer o curso de paramédico que tem a carga
horária de 1.230h e pode ser concluído em 7 meses. São 540h de aulas teóricas e
procedimentos práticos, 172h de estágio em serviços de emergência hospitalar e
480h de estágio em serviço pré-hospitalar móvel.

Alguns estados permitem que o paramédico realize praticamente todos os


procedimentos de suporte avançado de vida, enquanto em outros, a ação deles é
mais limitada. Enfermeiros habitualmente não participam de atendimentos no pré-
hospitalar nos Estados Unidos, exceto no transporte de pacientes críticos, tanto
em ambulâncias como em aeronaves. A presença de médicos em ambiente pré-
hospitalar naquele país, assim como no Canadá e no Reino Unido, é rara e apenas
ocorre em situações muito específicas, como grandes eventos ou calamidades. O
Brasil não possui paramédicos.

Na França, o modelo é semelhante ao do SAMU brasileiro e recebe inclusive o mesmo


nome, estando presente a figura do médico nas unidades de suporte avançado de vida.

No Brasil, o pré-hospitalar possui duas modalidades. A primeira é o suporte


básico de vida, que consiste na prestação dos socorros iniciais, sem a realização
de procedimentos invasivos e nem de administração de medicamentos. Qualquer
pessoa com treinamento em primeiros socorros está apta a prestar o suporte básico
de vida e toda a comunidade deveria ser preparada para este tipo de atendimento.
Os serviços organizados de suporte básico de vida, como os prestados pelo Corpo
de Bombeiros e pelo SAMU, são realizados por socorristas, auxiliares e técnicos
de enfermagem. A segunda modalidade é suporte avançado de vida, em que são
realizados procedimentos invasivos e envolve diagnóstico e administração de
medicamentos. Apenas médicos e enfermeiros podem tripular este tipo de unidade
móvel e apenas médicos podem realizar procedimentos invasivos, o que inclui a
intubação orotraqueal. Como sabemos os procedimentos de enfermagem que
envolvem a administração de medicamentos só podem ser realizados mediante
prescrição médica.

Informações sobre o SAMU e legislação correlata no Brasil, podem ser obtidas por
meio do seguinte site do Ministério da Saúde: <http://portal.saude.gov.br/portal/
saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36598&janela=1>

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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Figura 4 - SAMU e Corpo de Bombeiros

Fonte: <http://www.campograndern.com.br/?author=1>

»» Pré-hospitalar fixo: O atendimento de pré-hospitalar fixo, se popularizou no


Brasil, através das chamadas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e são assim
definidas pelo Ministério da Saúde.

As Unidades de Pronto Atendimento - UPA 24h são estruturas de complexidade


intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência
hospitalares, onde em conjunto com estas compõe uma rede organizada de
Atenção às Urgências. São integrantes do componente pré-hospitalar fixo e
devem ser implantadas em locais/unidades estratégicos para a configuração
das redes de atenção à urgência, com acolhimento e classificação de risco
em todas as unidades, em conformidade com a Política Nacional de Atenção
às Urgências. A estratégia de atendimento está diretamente relacionada
ao trabalho do Serviço Móvel de Urgência – SAMU que organiza o fluxo de
atendimento e encaminha o paciente ao serviço de saúde adequado à situação.

Figura 5 - Unidade de Pronto Atendimento-UPA

Fonte: <http://www.saude.rs.gov.br/conteudo/458/?UPA_Santa_Maria>

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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Nos Estados Unidos são comuns as chamadas “Walk-in Clinics” que são unidades
não hospitalares privadas, que oferecem atendimento de saúde primária, com
consultas e em algumas clínicas, o atendimento de urgência. Podem funcionar 24h
ou apenas durante o expediente e não são voltadas para emergências, mas apenas
para casos urgentes e de menor complexidade.

Figura 6 - Walk-in Clinic com atendimento de urgência em New York

Fonte: <http://www.urgentcaremanhattan.com/>

»» Hospitalar: No atendimento hospitalar, como o próprio nome já sugere, o


paciente é atendido em um hospital. Infelizmente a situação dos hospitais públicos
em nosso país, ainda, é bastante crítica, com emergências superlotadas, falta
de profissionais de saúde, equipamentos sucateados e a população refém desta
situação. O descaso é frequente e o SUS embora na teoria seja um sistema voltado
para atender a população de forma universal, gratuita e com qualidade, não é o
que é visto na prática. O desafio dos profissionais de enfermagem que trabalham
em emergências públicas é gigantesco. Dada tantas dificuldades, boa parte da
população tem se esforçado para adquirir planos de saúde privados e mais uma
vez, infelizmente, muitos planos não funcionam adequadamente, com grande
dificuldade para atendimento e mesmo hospitais privados, estão constantemente
lotados.

Alguns hospitais que deveriam oferecer atendimento de pronto socorro à população ainda tem
que conviver com a má gestão, com o desvio de dinheiro público e com a irresponsabilidade de
profissionais que faltam plantões e agem de má-fé com o dinheiro público.

O enfermeiro independente de onde esteja praticando sua profissão deve agir com zelo,
responsabilidade, atuar em estrito cumprimento ao Código de Ética, às leis brasileiras, com bom
senso, espírito de equipe e seguir as normas da instituição em que trabalha. Não há justificativa para
alguém faltar plantões, porque não concorda com a escala ou porque acha que o salário é baixo. Há
outras formas de reivindicação, que não seja a de colocar o paciente sob risco.

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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Espera-se do enfermeiro que chegue no horário previsto para seu turno de trabalho, de tal forma
a discutir os casos de pacientes internados (no caso de hospitais), checar o material de emergência
(sobretudo em ambulâncias), fazer a “passagem” dos medicamentos controlados, verificar o sistema
de rádio (onde existir), checar quem são os demais componentes da equipe, relatar faltas e problemas
ocorridos no plantão. O Enfermeiro que dá cobertura a comportamento inadequado, antiético ou
irresponsável de outros profissionais, age com cumplicidade e pode responder criminalmente
inclusive. Se alguém falta o plantão, seja médico ou profissional de enfermagem, esta informação
deve constar do livro de plantão.

É fundamental o cuidado com o sigilo profissional. Os pacientes devem ter sua privacidade
preservada, mesmo que sejam pessoas públicas, como artistas e políticos e o acesso deve ser
restrito aos profissionais que os estão atendendo, familiares e pessoas autorizadas pelo paciente.
Os prontuários e os resultados de exames são documentos sigilosos que só podem ser manuseados
por profissionais de saúde que estejam participando do atendimento ao paciente e devidamente
identificados. Familiares não tem acesso ao prontuário do paciente sem a expressa autorização dele.
Entrevistas para a imprensa só devem ser dadas por quem estiver autorizado pela instituição, a falar
e casos clínicos só podem ser tratados publicamente com autorização do paciente, ok?

E o que dizer a respeito do chamado “burnout”? Esta é uma situação que ocorre em qualquer área
profissional e diretamente relacionada ao trabalho, comumente encontrada quando existe uma
sobrecarga de trabalho. Na enfermagem, segundo artigo apresentado pela American Society of
Registered Nurses (2007), esta síndrome manifesta-se pela presença de fadiga crônica, exaustão,
irritabilidade, raiva, cefaleias frequentes, problemas gastrointestinais, ganho ou perda anormal de
peso, depressão, insônia e dificuldades respiratórias.

De acordo com Yang et al (2001), há uma relação fisiológica bem estabelecida entre os níveis de cortisol
na saliva e o stress advindo do trabalho em Pronto Socorro, mostrando que os enfermeiros que atuam
nestes locais tem altos níveis de estresse como medido pelos valores de cortisol pela manhã.

A solução para minimização deste quadro, de acordo com John A Schriver et al (2003) está na
necessidade de uma melhor relação entre o número de pacientes por enfermeiro, escalas de
plantão adequadas, melhoria nos salários, maior reconhecimento do trabalho, inclusive com
recompensas financeiras, desenvolvimento de rodízios para novos profissionais e investimento
em educação continuada.

Rogers et.al (2004), mostrou que os enfermeiros escalados para 12h contínuas possuem um risco 3
vezes maior de cometer erros, devido ao stress e fadiga, do que os demais profissionais.

É portanto, fundamental que a enfermagem esteja estruturada de tal forma a atender as demandas
da emergência da forma mais humana e profissional possível.

»» Para quem quiser ter uma ideia de como funcionam os serviços de


emergência nos Estados Unidos, a série ER que no Brasil foi transmitida
como Plantão Médico, mostra de forma bastante próxima da realidade
como se dão as questões humanas e relacionadas ao atendimento,
sobretudo aos temas polêmicos. A série possui 219 episódios e a última
temporada foi exibida em 2009, mas são facilmente encontradas.

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UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Figura 7- Capa da Primeira Temporada de ER

»» Outro seriado interessante é Hawthorne, que também traz a visão da


enfermagem sobre o atendimento clínico-cirúrgico hospitalar, composta
por três temporadas e encerrada em 2011.

Figura 8 – Seriado Hawthorne

»» O seriado Nurse Jack mostra a realidade da vida de uma enfermeira de


emergência em New York e aborda questões que envolvem a síndrome
de “burnout” e a dependência química. Tem sido bastante aclamada pela
crítica e recebeu importantes premiações.

Figura 9 – Seriado Nurse Jack

20
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Naturalmente que os seriados acima citados não servem como referência para
protocolos de atendimento, mas tão somente para entretenimento e ao mesmo
tempo, assistir os dramas e pressões a que os enfermeiros americanos são submetidos
e comparar com a nossa realidade.

A Associação Americana de Enfermeiros de Emergência (Emergency Nurses


Association-ENA) possui um site bastante completo, com várias opções para
quem pretende trabalhar em emergência, incluindo a possibilidade de filiação
internacional. O site da ENA é: <http://www.ena.org/>

21
CAPÍTULO 2
Emergências em clínica médica

São inúmeras as possibilidades de quadros emergenciais em clínica médica. Nosso foco, contudo
não será voltado para patologias em si, mas em análises sindrômicas e assistência de enfermagem
em geral, com vistas ao diagnóstico de enfermagem e procedimentos a serem tomados nas
situações críticas.

A Clínica Médica compreende em um modo mais amplo, todas as chamadas especialidades


clínicas, como a cardiologia, a pneumologia, a gastroenterologia, a neurologia, a psiquiatria,
dentre muitas outras.

Estudaremos assim, as seguintes situações clínicas:

»» Paciente Inconsciente

»» Parada cardiorrespiratória

»» Insuficiência respiratória

»» Dor torácica

»» Dor abdominal

»» Cefaleia intensa

»» Convulsões

Paciente Inconsciente
São muitas as possibilidades que levam à inconsciência. Diante de um paciente nestas circunstâncias,
é fundamental que seja seguida uma verificação do grau de consciência do paciente, ao mesmo
tempo em que são avaliados: a respiração e a circulação.

No protocolo de atendimento a parada cardiorrespiratória, que seria o evento mais grave possível
a um paciente inconsciente, como é estudado na disciplina de Suporte Básico de Vida, é seguida
a sequência do ABC, em que após a avaliação da consciência do paciente , chama-se ajuda (se o
paciente estiver inconsciente) e verifica-se as vias aéreas, a respiração e em seguida, se há sinais
de circulação.

Não deve ser perdido tempo precioso tentando esclarecer a causa e o nível da inconsciência enquanto
não houver a certeza de que o paciente está respirando normalmente e, portanto, não estamos diante
de uma parada cardíaca.

22
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Na disciplina de Suporte Básico de Vida, a avaliação de consciência é estudada mediante a utilização


da escala chamada de AVPU (em inglês) ou AVDI, em que:

A – Alerta

V – Responde aos estímulos verbais

D – Responde à dor

I – Inconsciente (não responsiva)

A escala acima é fácil de ser utilizada e geralmente é empregada pelo socorrista. Uma vez que o
suporte especializado está sendo empregado ou mesmo com o paciente sendo socorrido por
profissionais em condições de utilização da Escala de Coma de Glasgow, esta deve ser preferida:

Quadro 1 - Escala de Coma de Glasgow

Abertura ocular Espontânea 4


Estimulação 3
Dor 2
Sem abertura 1
Resposta verbal Orientado 5
Confuso 4
Inapropriada 3
Incompreensível 2
Sem resposta 1
Resposta motora Obedece comando 6
Localiza dor 5
Movim. Inespecíficos (reflexo de retirada) 4
(Flexão à dor) 3
(Entensão à dor) 2
Sem resposta 1

Mínimo 3 Máximo 15

O paciente completamente inconsciente recebe a avaliação “3” e o paciente alerta e orientado, a


avaliação “15”.

A assistência de enfermagem diante do paciente inconsciente deve seguir os protocolos do hospital,


sendo, no entanto, esperadas as seguintes ações:

»» Exame Primário (inclui ABCDE e escala AVDI/Glasgow);

»» Exame Secundário;

»» Oferecimento de O2, sob máscara;

»» Monitoramento cardíaco;

»» Sinais vitais incluindo saturação de O2;

23
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

»» Glicemia capilar;

»» Acesso venoso periférico.

A presença do médico está prevista na corrente da sobrevida e corresponde à letra “A” do ABCDE,
juntamente com a avaliação da consciência e abertura de vias aéreas. Não existe, contudo, nenhuma
razão e nem defesa para o enfermeiro, esperar a chegada do médico, para proceder as demais
medidas de avaliação e de monitoramento.

A menos que esteja muito clara a história do paciente e totalmente descartada a possibilidade de
trauma, as medidas de suporte de vida no trauma devem ser adotadas, o que inclui imobilização em
prancha rígida e colar cervical. Um paciente alcoolizado, por exemplo, pode sofrer uma queda e em
decorrência, ter um traumatismo craniano.

Se o paciente foi trazido por equipe de atendimento pré-hospitalar, é fundamental que todas as
informações sejam colhidas, o que inclui a natureza e as circunstâncias do chamado, sem, no
entanto, atrasar o atendimento do paciente.

Da mesma forma, é fundamental que você esteja sempre atualizado com relação às novas
recomendações do Ilcor, que inclui o Conselho Europeu de Ressuscitação.

As recomendações do Ilcor de 2010 modificou a sequência de A-B-C para leigos, para C-A-B.
Assim, leigos devem ser instruídos a iniciar as manobras, já pelas compressões, no caso de paciente
inconsciente e não responsivo.

Figura 10 -

Para o atendimento hospitalar e por equipe de suporte avançado contudo, a sequência ABCDE
permanece, uma vez que a ventilação a ser oferecida por estes profissionais, que possuem dispositivos
para ventilação, incluindo oxigênio, é de mais fácil treinamento, emprego e eficácia que a respiração
boca-boca.

24
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Para os leigos, o esquema abaixo deve ser ensinado:

Figura 11 - Algoritmo de SBV Adulto simplificado

Fonte: Ilcor 2010

Os Guidelines Ilcor 2010 podem ser vistos em:

<http://www.ilcor.org/en/news/news-archive/new-guidelines-2010-now-
available> (inglês)

Monitoramento do paciente
Há diversos equipamentos de monitoramento do paciente, disponíveis no mercado. É fundamental
que o enfermeiro conheça a operação adequada a ser utilizada nos equipamentos existentes em seu
local de trabalho.

O monitoramento cardíaco do paciente deve ser rapidamente colocado no paciente crítico e é


de fácil operação, podendo ser realizado dentro de ambulâncias que disponham de monitor.
Não é sinônimo do eletrocardiograma (ECG), que é um procedimento que deve ser utilizado de
rotina para pacientes com suspeita ou risco de estar apresentando uma doença coronariana. Qual
a diferença entre os dois? Bom, no monitoramento cardíaco, busca-se principalmente verificar
se há arritmias presentes e qual o ritmo estabelecido. É utilizado de forma contínua e pode ser

25
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

acompanhado pelo monitor. O ECG, geralmente realizado em 12 derivações, permite o diagnóstico


de uma série de doenças, incluindo o infarto agudo do miocárdio, mas exames normais não
excluem esta possibilidade. O esquema abaixo mostra como deve ser feita a colocação dos eletrodos
no eletrocardiograma.

Figura 12 – Colocação dos eletrodos no eletrocardiograma

Fonte: <http://www.mypatraining.com/physician-assistant-specialty-cardiology>

Parada Cardiorrespiratória
A parada cardiorrespiratória é a condição clínica mais grave que um profissional de saúde pode
encontrar. É a tentativa de se trazer à vida, quem está em morte clínica. Há diversas possibilidades
de causa de parada cardiorrespiratória e basicamente a parada pode se dar em assistolia, quando
não há presença de atividade elétrica e, portanto, é a situação mais crítica e com maior índice de
insucesso. Outra possibilidade de parada cardíaca é por atividade elétrica sem pulso, ou seja, há
atividade elétrica, mas inefetiva e ineficaz. Apresenta-se como um ritmo elétrico ao monitor, mas
o paciente não tem pulso. A terceira possibilidade é a da fibrilação ventricular no qual o coração
tem uma alta frequência ventricular, totalmente desorganizada.

26
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Assistolia
O monitoramento cardíaco do paciente irá mostrar o seguinte traçado:

Figura 13.

As causas de assistolia podem ser resumidas da seguinte forma: 6Hs e 5Ts

»» Hipovolemia;

»» Hipóxia;

»» Hipocalemia (falta de potássio – K+);

»» Hipercalemia (excesso de potássio – K+);

»» Hipotermia;

»» Hidrogênio-acidose;

»» Tamponamento Cardíaco;

»» Trombose (coronariana ou pulmonar);

»» Trauma;

»» Tensão do Tórax (Pneumotórax hipertensivo);

»» Tóxicos e intoxicações exógenas.

Atividade Elétrica sem Pulso


Não existe um padrão de ECG para atividade elétrica sem pulso, que pode apresentar qualquer
ritmo. O ponto-chave aqui é que não há presença a de pulso, apesar da atividade elétrica.

As mesmas condições reversíveis de assistolia acima descritas também são aplicáveis à atividade
elétrica sem pulso.

Fibrilação Ventricular
O traçado eletrocardiográfico e também visto no monitor, da Fibrilação Ventricular, é comumente
o seguinte:
Figura 14.

27
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

O procedimento mais importante para o tratamento da fibrilação ventricular é a desfibrilação,


que é um procedimento que só pode ser executado por médicos, mas se houver o desfibrilador
externo automático (DEA) disponível, poderá ser utilizado por qualquer profissional de saúde ou
socorrista treinado em sua utilização. O DEA é melhor discutido na disciplina de Suporte Básico
de Vida.

O algoritmo do suporte avançado de vida da Parada cardiorrespiratória é o seguinte, de acordo com


o Conselho Europeu de Ressuscitação e Conselho Português de Ressuscitação.

Insuficiência Respiratória
O paciente com insuficiência respiratória invariavelmente tem a falta de ar como sintoma principal.
O exame físico mostra um paciente com sofrimento respiratório nos casos mais graves, podendo
apresentar batimento das asas do nariz, tiragem intercostal e em casos de hipóxia pode haver
alteração comportamental que pode ser confundida com alcoolismo ou um quadro psicótico. Esta
é uma das razões pelas quais todos pacientes devem ser devidamente avaliados para serem triados,
quando os sinais vitais são verificados, o que inclui a saturação de oxigênio através do oxímetro
de pulso. Aliás, aproveitando a oportunidade gostaria de lembrar que nos casos de intoxicação
severa por monóxido de carbono, comumente encontrada em incêndios ou em casas que utilizam
o aquecimento a gás, a oximetria de pulso não é confiável. O oxímetro identifica a saturação da
hemoglobina, não distinguindo o oxigênio do monóxido de carbono, que tem uma afinidade quase
200 vezes maior com a hemoglobina. Assim, nesses casos, o paciente pode estar rosado, com saturação
normal na medição pelo oxímetro e extremamente grave. Outra lembrança é a de que o oxímetro
não deve ser utilizado em pessoas com esmaltes, especialmente, escuros (o oximetro trabalha
com emissão de feixes infravermelhos) e não deve ser utilizado como parâmetro para diagnóstico
de morte.

Figura 15 - Oxímetro de pulso

Conselho Europeu de Ressuscitação/Conselho Português de Ressuscitação.

28
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

As causas de insuficiência respiratória são variáveis e podem ser classificadas conforme a tabela
abaixo:

Tabela 2 - Sinais e sintomas de hipoxemia e hipercapnia

  Hipoxemia aguda Hipercapnia


Sistema nervoso central Confusão Apreensão
Instabilidade motora Confusão
Convulsões/coma Torpor/coma
Efeitos cardiovasculares Iniciais: taquicardia, hipotensão Sinais de vasoconstrição e vasodilatação
Hipoxemia grave: bradicardia, sinais de baixo débito
Aparelho respiratório Taquipneia Taquipneia
Dispneia Dispneia
Uso de musculatura acessória Uso de musculatura acessória

Fonte: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2152/insuficiencia_respiratoria_aguda.htm>

Vejam o que diz este artigo1 sobre insuficiência respiratória, escrito por André Luiz Dresler
Hovnanian e Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, publicados em <www.medicinanet.com>:

A insuficiência respiratória pode ser classificada, quanto à fisiopatologia, em:

1. Insuficiência respiratória hipoxêmica (tipo I), na qual existe alteração nas


trocas gasosas pulmonares na região da barreira alveoloarterial, acarretando
hipoxemia.

2. Insuficiência respiratória ventilatória (tipo II), em que existe diminuição da


ventilação alveolar e consequente hipercapnia.

Tabela 3 - Causas de insuficiência respiratória hipoxêmica (tipo I)

Edema agudo de pulmão


DPOC/asma
Distúrbio V/Q Hipertensão pulmonar
Doenças intersticiais
Tromboembolismo pulmonar
Grandes atelectasias
Shunt Pneumonias lobares
Edema agudo de pulmão
Enfisema pulmonar
Aumento do débito cardíaco
Distúrbios da difusão
Redução da PvO2 e SvO2
Edema agudo de pulmão
Redução da SaO2, hemoglobina, débito cardíaco
Redução da pvO2
Sepse, hipertireoidismo, exercício

1 O artigo descrito é o endereço do qual foram extraídas as tabela e pode ser lido na íntegra em: <http://www.
medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2152/insuficiencia_respiratoria_aguda.htm>

29
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Tabela 4 - Causas de insuficiência respiratória ventilatória (tipo II)

Depressão do drive respiratório Acidente vascular cerebral

Hipertensão intracraniana

Hiponatremia/hipocalemia

Hipo/hiperglicemia

Uso de opioides, benzodiazepínicos, barbitúricos, bloqueadores neuromusculares

Incapacidade do sistema neuromuscular Miastenia grave

Tétano

Polineuropatia/síndrome de Guillain-Barré

Esclerose múltipla

Bloqueadores neuromusculares

Aumento da carga ventilatória Cifoescoliose

Derrame pleural volumoso

Politrauma

Asma/DPOC

Estenose traqueal, corpo estranho, edema de glote

Tabela 5 - Indicações para uso de Ventilação Mecânica

Dispneia grave com uso de musculatura acessória e respiração abdominal paradoxal

FR > 35 ipm

Hipoxemia grave (PaO2 < 40 mmHg, relação PaO2/FiO2 < 200)

Acidose grave (pH < 7,25) e hipercapnia grave (PaCO2 > 60 mmHg)

Parada respiratória

Rebaixamento do nível de consciência/coma

Complicações cardiovasculares

Falência VNI ou contraindicações

A insuficiência respiratória é comumente dramática para o paciente. Quem já atendeu algum


paciente em crise asmática severa ou um quadro de edema agudo de pulmão, sabe o quanto a
situação é crítica. Espera-se da enfermagem nestas circunstâncias uma postura proativa no sentido
de identificar a emergência que o caso requer; chamar imediatamente o médico plantonista; colocar
oxigênio no paciente sob máscara no paciente com hipóxia; procurar acalmar o paciente, com vistas
a diminuir o esforço respiratório e agir rápido.

O enfermeiro deve conhecer os protocolos para atendimento de insuficiência respiratória


preconizados pela unidade hospitalar ou pré-hospitalar em que trabalha. Se não existem, devem ser
elaborados, assim como para as demais urgências e emergências.

30
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Dor torácica
Uma das queixas mais comuns em Pronto-Socorro é a de dor torácica. É um sintoma inespecífico,
mas que deve ser devidamente investigado, sob o risco de subestimarmos uma doença grave e
comumente fatal como a síndrome coronariana aguda, dentre outras.

Desde a década de 1970, diversos hospitais têm criado Unidades de Dor Torácica, com protocolos
específicos e voltados para o diagnóstico precoce, diferencial e tratamento destes pacientes. Um
sistema simples para triagem nesses casos é simplesmente carimbar a ficha de atendimento, com
a informação “Dor Torácica” e em seguida encaminhar o paciente para a devida avaliação. A dor
torácica deve ser avaliada no mínimo sob os seguintes aspectos:

1. Quando começou? O que estava fazendo quando ela começou?

2. Onde é a dor? Como é a dor? Em aperto? Em facada?

3. Quanto tempo dura a dor? É constante?

4. Há modificação da dor quando há mudança de posição? Há algo que melhora ou


piora a dor?

5. Tem alguma doença pulmonar, cardíaca ou torácica, conhecida? Qual?

6. Faz uso de alguma medicação? Qual? Por qual razão?

7. Já sentiu esta dor antes? Quando? Quanto durou? O que foi feito?

8. A que horas foi sua última refeição?

9. É tabagista? É usuário de drogas? Qual? Quando usou pela última vez?

10. Pratica atividade física? De que tipo?

11. Tem eletrocardiograma recente? Está com você ou no prontuário deste hospital?

Outras perguntas podem ser feitas, sobretudo se forem observados outros sinais e/ou sintomas,
como sensação de peso no braço esquerdo, sudorese, sensação iminente de morte, náuseas,
vômitos. O médico plantonista deve ser imediatamente chamado e como regra geral, os seguintes
procedimentos devem ser adotados:

1. Colocar o paciente em posição confortável;

2. Oferecer oxigênio sob máscara (05l/min);

3. Monitoramento cardíaco;

4. Acesso venoso periférico;

5. Eletrocardiograma de 12 derivações.

31
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

A dor que sugere uma doença coronariana aguda é em aperto no precórdio, sendo mais
comum pela manhã, podendo estar associada à atividade física e de forte intensidade, sendo
comum que esteja acompanhada de sudorese e náuseas ou vômitos. O problema é que nem
todos pacientes referem estes sintomas, sobretudo os idosos. Não é incomum encontrarmos
pacientes em curso de um Infarto Agudo do Miocárdio, cujo único sintoma seja dor na região
do estômago.

Com relação às características da dor torácica, podemos classificá-las como típicas de uma síndrome
coronariana aguda ou atípicas, conforme o quadro a seguir:

Quadro 2 - Caraterísticas da dor torácica

Típica Atípica
1. Caráter da dor Constrição Facada, agulhada
Compressão Pontadas
Queimação Piora ao respirar
“Peso” “aguda”
“Dor surda”
2. Localização da dor Retrointestinal
Ombro esquerdo
Pescoço Ombro direito
Face, dentes Hemitórax direito
Região interescapular
Epigástrica
3 – Fatores desencadeantes Exercício
Excitação
Estresse Ao respuso
Frio
Refeições copiosas

Fonte: <http://www.hc.ufpr.br/sites/default/files/Prot_Dor_Toracica[1].pdf>

Há diferentes protocolos a serem seguidos em Dor Torácica, como por exemplo:

<http://www.hc.ufpr.br/sites/default/files/Prot_Dor_Toracica[1].pdf>

<http://pt.scribd.com/doc/3890178/Protocolos-da-Unidade-de-Emergencia-
Ministerio-da-Saude>

E qual é o protocolo seguido em seu hospital, UPA ou service de pré-hospitalar?

Nem toda dor torácica é uma doença coronariana aguda, mas pode ser devido a outras condições
clínicas extremamente graves. É importante por esta razão que um protocolo para Dor Torácica

32
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

seja estabelecido. Não é função da enfermagem fazer o diagnostic diferencial da dor torácida,
mas é fundamental que os enfermeiros façam um diagnostico de enfermagem bem feito. Outros
exames complementares podem ser solicitados e dependendo do local onde você trabalha, pode ser
necessária a realização de exames de “beira de leito” como marcadores cardíacos e BNP, bem como
exames de imagem.

Como dito no início da apostila, é fundamental que vocês busquem a complementação de leitura
para aprofundar o estudo de vocês. Não fiquem resumidos a esta Caderno de Estudos e Pesquisa
que nada mais é do que um guia de abordagem geral do paciente, mas não substitui a leitura
complementar, como as que indicarei em referências bibliográficas.

Dor abdominal
A dor abdominal é outra queixa muito comum e frequentemente está associada a patologias
cirúrgicas de urgência ou de emergência, como na apendicite aguda, na peritonite aguda, no infarto
da mesentérica, na rotura de um aneurisma de aorta, dentre outras.

A assistência de enfermagem deve agir com presteza e identificar o quanto está doendo e fazer
perguntas semelhantes às que tratamos ao falar de dor torácica, naturalmente adaptando-as para a
região abdominal e acrescentar as seguintes perguntas:

1. Você está eliminando fezes normalmente? Quando foi ao banheiro pela última vez?
Como estava o aspecto das fezes? Tinha presença de muco ou sangue?

2. Você tem eliminado gases? Quando isto ocorre, há alívio da dor?

3. Você tem urinado normalmente? Sente ardência ou dor ao urinar?

4. De 1 a 10, qual a intensidade da dor, onde 10 é o máximo de dor?

5. Fez uso de algum medicamento?

Lembre-se que dores abdominais podem ser sintomas de síndrome coronariana


aguda!

Coloque o paciente em posição confortável, chame a equipe médica de plantão e não ofereça líquidos
nem alimentos até que o paciente seja devidamente examinado.

Esteja pronto para prover acesso venoso ao paciente, oxigênio, monitoramento cardíaco e
eventualmente preparar o paciente para cirurgia de emergência. Os sinais vitais devem ser
sempre verificados.

33
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

A avaliação da dor abdominal pressupõe o conhecimento das regiões do abdome, como na


figura abaixo:

Figura 16

Cefaleia intensa
A cefaleia é uma queixa muito frequente em serviços de emergência e embora sejam muito incômodas
e na maioria das vezes, benigna, temos que estar atentos aos sinais de risco para quadros graves
como meningite aguda, o acidente vascular cerebral, a encefalite e outras patologias que requerem
o atendimento de emergência.

Na avaliação da dor, a intensidade e as características serão avaliadas da mesma forma como fizemos
na dor torácica e na dor abdominal, mas aqui temos que ter em mente, a possibilidade da síndrome
meníngea, caracterizada por:

»» cefaleia intensa;

»» rigidez de nuca;

»» vômitos que podem ser em jato.

Diante desta possibilidade, o paciente deve ser colocado em isolamento até que o diagnóstico
possa ser confirmado ou descartado. O hospital deve ter protocolos para casos suspeitos e para
quimioproteção de contactantes no caso de doença meningocócica.

Outra possibilidade é a da dor ser decorrente de um acidente vascular cerebral.

34
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Uma avaliação simples e que deve ser divulgada visando o diagnóstico precoce do AVC é a seguinte:

Figura 17 – Sinais de AVC

É importante sabermos quando os sinais e os sintomas foram observados, pois tanto no acidente
vascular hemorrágico como no isquêmico, o tempo é fundamental, no primeiro caso, porque cirurgia
pode ser necessária e no segundo, porque pode ser indicada a utilização de trombolíticos. Para fins
de uso de trombolítico, o início de sinais e sintomas deve ser considerado a partir do momento em
que surgiram. Os trombolíticos só podem ser utilizados até 4h do início dos sintomas e mediante
critérios de inclusão e exclusão. Se o paciente, por exemplo, foi encontrado na cama dele, já com os
sinais e sintomas estabelecidos, a menos que ele esteja consciente e saiba com exatidão a que horas,
surgiram, a anotação deste horário fica prejudicada.

Os casos suspeitos de AVC devem ser atendidos com a mesma urgência de uma síndrome
coronariana. Nos Estados Unidos, são comuns as chamadas unidades de Stroke, voltadas para a
abordagem inicial e precoce do AVC.

O protocolo de utilização de trombolítico utilizado no município de São Paulo pode


ser encontrado em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/
saude/arquivos/assistenciafarmaceutica/Alteplase.pdf>

A seguir, você encontrará as diretrizes assistenciais para AVC do Hospital Israelita


Albert Einstein: <http://medicalsuite.einstein.br/diretrizes/neurologia/AVC.pdf>

35
UNIDADE I │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Veja abaixo, as recomendações do NINDS para utilização do trombolítico no AVC ea importância


do tempo de atendimento.

Tabela 6 - Recomendações do National Institute od Neurological Disordes and Stroke (NINDS) para candidatos
potenciais ao trombolítico

Da admissão à avaliação médica 10 minutos


Da admissão ao TC de crânio 25 minutos
Da admissão ao TC de crânio (interpretação) 45 minutos
Da admissão à infusão do rt-PA 60 minutos
Disponibilidade do neurologista 15 minutos
Disponibilidade do neurocirurgião 2 horas
Da admissão ao leito monitorizado 3 horas

Convulsões
As convulsões generalizadas são visualmente muito impactantes e causam grande ansiedade para
quem as presencia, sobretudo, no ambiente pré-hospitalar.

Diversas doenças, dentre outras, podem causar convulsões:

»» epilepsia;

»» hipoglicemia;

»» febril (apenas em crianças);

»» intoxicação exógena;

»» AVC;

»» trauma;

»» tumor cerebral;

»» neurocisticercose.

O quadro de convulsão generalizada (tônico-clônica) pode ser assim representado:

Figura 18

36
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CLÍNICAS │ UNIDADE I

Não importa a causa, diante de uma crise generalizada, as pessoas em volta devem ser afastadas e
as seguintes medidas adotadas:

»» Proteger o paciente para que não caia do leito e se estiver no chão, para que não se
“machuque”, sem fazer contenção do corpo dele.

»» Proteger, especialmente, a cabeça e mantê-la lateralizada diante de secreções


abundantes. No caso de suspeita de trauma deve ser feita a lateralização com
cuidado e em bloco.

»» Chamar médico plantonista imediatamente.

»» Seguir o ABC da corrente da sobrevivência.

»» Buscar saber as causas. Quando o paciente está internado e tem doença de base que
justifique a convulsão, administrar medicamento que esteja prescrito como SOS em
ambiente pré-hospitalar, pergunte a quem está em volta, se a crise teve o início
presenciado. Não assuma que se trata de crise epilética, sem que haja informações
precisas nesse sentido.

»» Verificar sinais vitais e glicemia capilar, a convulsão na hipoglicemia é uma


emergência.

»» Não tente puxar e nem segurar a língua do paciente. Se necessário e possível inserir
cânula de Guedel para manter permeabilidade de vias aéreas.

»» Não tendo havido testemunhas e o paciente encontrado no solo, assuma a possibilidade


de trauma.

Há muitos mitos sobre convulsões e é papel do enfermeiro orientar a população e desfazer essas
crenças que prejudicam o paciente. Alguns exemplos de orientações que devem ser reforçadas na
comunidade:

»» Secreções de pacientes em convulsão não transmitem “epilepsia”.

»» Línguas não enrolam, portanto, não há razão para serem tracionadas, com o risco
de serem lesadas pela mordida do paciente.

»» Pacientes não devem ser contidos.

E na sua região? Há outros mitos e preconceitos que são empregados nos casos de
convulsão?

37
URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS UNIDADE II
CIRÚRGICAS

CAPÍTULO 1
Urgências e emergências em cirurgia

As possibilidades de eventos cirúrgicos em um Pronto-Socorro são inúmeras, o que inclui o trauma,


causa mais comum de morte entre os jovens.

Todo paciente admitido no PS, deve ser devidamente avaliado pela enfermagem e os cuidados com
o paciente internado, seja para observação ou para internação clínica ou cirúrgica devem incluir:

»» monitorar sinais vitais;

»» avaliar padrão e frequência respiratória. Como está a saturação de O2?

»» avaliar a dor do paciente. Se necessário medicar conforme prescrição. Se não há,


chamar o plantonista;

»» avaliar pulso periférico. Está cheio? O sinal mais precoce do choque é a taquicardia,
como também pacientes com febre podem apresentá-la;

»» monitorar cuidadosamente a diurese, a ingesta e a administração de fluidos, bem


como as demais perdas;

»» se o paciente estiver com dreno ou cateter, avaliar as condições em que se encontram;

»» avaliar ferimentos, curativos e realizar a troca conforme prescrito;

»» avaliar a consciência do paciente e a orientação no tempo e espaço;

»» escutar o paciente para ver se há queixas e agir para remediá-las;

»» avaliar a perfusão periférica e a presença de cianose, na face e nas extremidades;

»» avaliar apetite e se o paciente está urinando e/ou evacuando;

»» saiba sempre qual é a doença do paciente, as possíveis complicações, sinais e


sintomas de alerta e como preveni-las.

Os cuidados acima, também, devem ser aplicados ao paciente com patologia clínica.

38
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II

O enfermeiro precisa ter a sensibilidade de perceber que quem está doente necessita repouso
e descanso. Infelizmente, é comum vermos em hospitais, desde as primeiras horas do dia um
“entra e sai” do quarto do paciente, que não faz sentido. Às vezes o paciente ficou acordado
até tarde e precisa dormir. Desde cedo, no entanto, o enfermeiro que troca o plantão às 7h
quer se apresentar ao paciente. Em seguida vem o técnico para verificar sinais vitais. Depois
vem alguém da limpeza para recolher o lixo. Em seguida vem a nutricionista. Aparece então
o médico e na sequência outros profissionais, como fisioterapeuta, técnicos de laboratório,
técnicos de enfermagem para administrar medicamentos, etc. Todos afirmam que descansar é
importante. Como?

Os serviços devem estabelecer uma rotina que incomode o mínimo possível o paciente. Por que
tantas visitas? Não seria possível otimizá-las? Este é um desafio para você em sua unidade, mas
pense: você gostaria que fosse assim, se você fosse o paciente? Tente-se colocar sempre no lugar do
paciente.

Ao administrar qualquer medicamento ao paciente verifique sempre:

1. O nome do paciente no prontuário;

2. O nome do paciente que se encontra a sua frente;

3. A medicação prescrita e a via de administração;

4. A medicação que está pronta para ser administrada;

5. Se há diferentes acessos e cateteres, verifique se o que utilizará para a medicação é


o correto.

Com frequência a mídia apresenta casos terríveis de pacientes que receberam medicamentos errados
ou em vias de acesso completamente inadequadas, que resultam em processos e podem resultar na
cassação do registro profissional e cadeia. O mais grave, no entanto, é o risco de causar o mal ao
paciente. O erro na área de saúde é chamado de negligência, imprudência ou imperícia.

A assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico segue os mesmos princípios do atendimento ao


paciente clínico, no PS. A enfermagem do Centro Cirúrgico, no entanto, deve seguir protocolos de
serviço que orientem o atendimento aos que chegam ao Bloco Cirúrgico para procedimentos. Para
estes profissionais, há medidas e cuidados a serem tomados no pré, trans e pós-operatório.

A assistência de enfermagem no Centro Cirúrgico, contudo, não é tema de estudo em nossa disciplina.

Trauma
Quem trabalha em um PS cirúrgico sabe que a grande maioria dos casos, está relacionada ao trauma,
sobretudo em um país como nosso, no qual os índices de violência são altíssimos e com isso são
frequentes os casos de atropelamentos, colisão de veículos, ferimentos por arma de fogo e por arma
branca, quedas, queimaduras, dentre outros.

39
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS

A assistência inicial ao trauma deve seguir sequência de atendimento, semelhante a do suporte


básico de vida, da seguinte forma:

»» Avaliar consciência.

»» Abrir vias aéreas sem hiperextensão do pescoço.

»» Ajuda.

»» Boa ventilação.

»» Circulação - compressão cardíaca se necessário (parada cardíaca).

»» Controlar hemorragias.

»» Colar cervical.

»» Direcionar a imobilização do paciente para evitar trauma secundário e lesões de


coluna. Em inglês a letra “D” refere-se à palavra disability que corresponde à
deficiência locomotora principalmente. Ou seja, evitar que ela ocorra.

»» Examinar o paciente. Buscar fraturas e outros achados semiológicos.

O atendimento deve ser feito de tal forma, que o paciente seja rapidamente atendido. Você não vai
deixar uma hemorragia sem controle, para pedir ajuda. O atendimento deve ser feito em equipe.

O paciente com trauma grave deve ter duas vias de acesso venoso periférico, com cateter de bom
calibre. O monitoramento cardíaco é fundamental e se possível também um ECG. Um paciente pode
ter colidido o veículo após ter desmaiado no carro em decorrência de um infarto do miocárdio ou
uma lipotímia. Verificar glicemia capilar.

A manobra de abertura de vias aéreas no paciente com suspeita de trauma deve ser a seguinte. Se
não resolver, proceder a abertura tradicional, evitando a extensão muito grande do pescoço.

Figura 19

Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.

40
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II

Há diferentes tipos de colar cervical no mercado e é importante que você esteja familiarizado com o
modelo existente em seu serviço e como utilizá-lo corretamente. Abaixo, um exemplo de colar que
permite diferentes ajustes.

Figura 20

O atendimento ao paciente queimado e em hemorragias é discutido na disciplina de suporte básico


de vida.

Ferimentos
Uma das idas mais frequentes ao PS ou ao Centro de Saúde é devido a presença de ferimentos. A
avaliação do ferimento deve ser feita da seguinte forma:

»» Há sangramento presente? Estancar o sangramento.

»» O que causou o ferimento? Ferimentos causados por objeto perfurocortante (prego,


por exemplo) podem requerer exploração cirúrgica e o médico deve ser consultado.

»» Qual a extensão do ferimento? Se as bordas são aproximadas, a ferida se fecha ou as


bordas voltam a se distanciar? Neste caso, a sutura pode ser necessária e o médico
deve ser chamado.

»» O ferimento é superficial ou profundo (além da fáscia muscular)?

»» O ferimento está contaminado (presença de sujeira) ou infectado?

Ferimentos simples devem ser limpos com irrigação de soro fisiológico e lavagem com sabão,
seguido de curativo simples, que permita a ventilação da ferida. As recomendações do Ilcor 2010
para primeiros socorros indicam que o uso em abrasões e ferimentos simples, de antibióticos sob
a forma de creme pode representar chance menor de infecção, seguida de curativo oclusivo. No
entanto, o paciente deve ser questionado se possui alergia à medicação. Em países como Estados
Unidos, é facilmente encontrado nas farmácias, cremes antibióticos para serem utilizados em
primeiros socorros, mas o mesmo já não ocorre no Brasil, que requer receita controlada. Verificar
sempre se o paciente já foi imunizado para tétano e se necessário fazer a imunização. Em ferimentos

41
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS

por mordida de cachorro, o animal deve ser observado por 10 dias, se no período, o animal morrer,
fugir ou não puder ser observado, a imunização para raiva deve ser iniciada.

As recomendações completas de primeiros socorros do Ilcor 2010 podem ser vistas


em: <http://circ.ahajournals.org/content/122/18_suppl_3/S934.full.pdf+html>

O esquema de imunização para tétano prescrito pelo Ministério da Saúde é o seguinte:

Quadro 3 - Esquemas e orientações para vacinação

Dose/dosagem/
Início da via de
Protege
Vacina Eficácia vacinação administração/ Reforços
contra
(idade) intervalo entre
as doses
Difteria, tétano,
Difteria: 80% Aos 15 meses (1o reforço)
Tetravalente coqueluche e
3 doses/0,5 ml/
doença invasiva Tétano: 99% 2 meses de idade Ambos devem ser feitos
(DTP + Hib) IM/30-60 dias
por Haemohilus com a vacina DTP
Coqueluche: 75% a 80%
influenze tipo b
Sete anos de idade
e MIF. Uma dose a cada 10
3 doses/0,5 ml/ anos, exceto em caso de
Difteria e tétano Difteria: 80% Para pessoas que IM/60 dias entre as gravidez e ferimento grave.
dT (adolescente e não tenham recebido
Tétano: 99% doses, mínimo de Antecipar o reforço se a
adulto) o esquema básico 30 dias última dose foi há mais de
completo e dos dois cinco anos
reforços

No caso de ferimentos a recomendação é a seguinte:

Quadro 4

História de
Ferimentos com risco mínimo de
vacinação prévia Ferimentos com alto risco de tétano**
tétano*
contra tétano
SAT/ SAT/
Vacina Outras condutas Vacina Outras condutas
IGHAT IGHAT
Limpeza e desinfecção, Desinfecção, lavar com soro fisiológico
lavar com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas
Incerta ou menos de 3 e substâncias oxidantes e remover corpos estranhos e tecidos
Sim* Não Sim*** sim devitalizados.
doses ou antissépticas e
debridar o foco de Debridar o ferimento e lavar com água
infecção oxigenada
3 doses ou mais, sendo a
última dose há menos de Não Não - Não Não -
5 anos
3 ou mais, doses, sendo a
Sim (1
última dose há mais de 5 Não Não - Não*** -
reforço)
anos e menos de 10 anos
3 ou mais, doses, sendo
Sim (1
a última dose há 10 ou Sim Não - Não*** -
reforço)
mais anos
Fonte: Ministério da Saúde

42
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II

Atualmente, com o atendimento pré-hospitalar sendo prestado pelos bombeiros, SAMU e empresas
privadas, a qualidade da imobilização e do suporte básico de vida, teve melhora significativa.
Espera-se, por exemplo, que o paciente ao dar entrada no Pronto Socorro, trazido por equipes
desses serviços, venha imobilizado, ventilando, com controle externo de hemorragias. Infelizmente,
contudo, nem sempre funciona desta forma. Nem todos os municípios possuem unidades de suporte
avançado de vida e em algumas situações os pacientes estão em condições críticas, o que inclui tórax
instável, pneumotórax, tamponamento cardíaco, trauma de face, fratura de bacia, eviscerações e
outras condições graves.

Quando da chegada de um paciente de trauma, a história deve ser rapidamente obtida, a equipe
médica de plantão acionada e o ABCDE rapidamente realizado, com os procedimentos anteriormente
descritos, prontamente realizados (acesso venoso periférico, hemostasia, se necessária,
monitoramento cardíaco, glicemia capilar, oxigênio sob máscara, colher sangue para hemograma,
bioquímica, tipagem sanguínea e toxicologia, exames de imagem, dentre outros que o protocolo do
hospital possa indicar). A coleta do hemograma visa registrar os valores de entrada e não refletem
uma hemorragia aguda, mas podem servir de parâmetro para medições futuras. Procedimentos
de suporte avançado de vida podem ser necessários e o enfermeiro deve estar apto para atuar em
equipe na intubação traqueal, desfibrilação, drenagem de tórax, cricotireoidectomia, dentre outros.

Na presença de um ferimento “soprante” de tórax, no qual há risco de desenvolvimento de


pneumotórax hipertensivo, até que o tórax seja drenado, pode ser feito um curativo de três pontas,
da seguinte forma:

Figura 21

Fonte: <http://www.defesacivil.pr.gov.br>

Observem que o que foi feito foi o seguinte:

1. Colocação de plástico ou papel celofane maior que o orifício, de tal forma a cobrir
o ferimento;

2. Colocação de fita adesiva ou esparadrapo em três pontas, deixando uma, portanto,


livre.

43
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS

Quando o paciente inspira, o plástico veda o orifício e impede a entrada de ar e quando o paciente
expira, o ar sai pela ponta sem esparadrapo, funcionando como uma válvula.

Após o exame primário, deve ser iniciado o exame secundário, no qual deve ser feita uma avaliação
sistemática do paciente.

Cabeça: A presença de equimose ao redor do olho (sinal de guaxinim) ou na base do crânio atrás
da cabeça (sinal de Battle) são indicativos de fratura de crânio. Verifique também a presença de
lacerações do couro cabeludo, como estão as pupilas e como elas reagem à luz. A anisocoria é um
outro sinal importante. Da mesma forma observe se há saída de sangue ou líquor das narinas ou
do ouvido.

Figura 22

Sinal de Guaxinim Sinal de Battle

Anisocoria

Fonte: <www.center4sight.com>

Pescoço: Avalie a presença de edema e, sobretudo, a cinemática do trauma. O que foi que aconteceu?
Houve desaceleração súbita? Houve queda? Qual a possibilidade de lesão de coluna cervical? Existe
algum grau de paralisia? Havendo trauma com possibilidade de lesão da cervical, o paciente deve
ter a coluna cervical imobilizada até que exames de imagem possam descartar lesão mais grave. Há
ferimentos? Há desvio de traqueia? Como é a respiração do paciente?

Tórax: Há presença de ferimento perfurante? Se houver, aplique o curativo de três pontas. Há


sinal de dispneia? O pneumotórax hipertensivo é uma emergência e deve ser imediatamente

44
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS │ UNIDADE II

descomprimido pela inserção de cateter calibroso no segundo espaço intercostal do lado atingido,
seguido de drenagem torácica. Há sinais de fratura de costela? O tórax parece instável à respiração?
Na fratura de costela, comumente há dor intensa à inspiração. O que mostra o monitor cardíaco?
Foi feito ECG? O paciente deve ser virado em bloco, para checar se há ferimentos no dorso, manobra
que deve ser realizada, ainda, no exame primário. A avaliação e busca de sinais de pneumotórax
hipertensivo deve ser iniciada também no exame primário. Há presença de sinal de uso de cinto de
segurança? O paciente estava em um veículo? Usava o cinto?

Figura 23 - Tórax Instável com Respiração Paradoxal

Fonte: <www.medlearn.com.br>

Figura 24 - Lesão e sinal de uso de cinto de segurança

Fonte: <www.inf.furb.br>

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UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS

Abdômen: A palpação do abdome é dolorosa? Onde dói? O abdômen está distendido? Há ferimentos
visíveis? Há evisceração? Neste caso, cubra as vísceras com compressa úmida, sem exercer pressão
e nem tentar colocar as vísceras de volta e aguarde orientação médica.

Quadril e membros superiores e inferiores: Há sinais de fratura de quadril? O paciente


queixa-se de dor? Há sinais de deformidade no local? Há fratura exposta? Lembre-se que para que
a fratura seja exposta não há necessidade do osso ser visualizado. Um ferimento por arma de fogo
que atinja um osso, ao permitir que haja comunicação do exterior com o tecido ósseo, já caracteriza
este tipo de fratura. Membros com suspeita de fratura devem ser imobilizados e a ortopedia deve ser
chamada. Não tente reduzir a fratura.

Naturalmente que toda manipulação do paciente deve ser feita, com o uso de luvas descartáveis,
máscara e óculos de proteção, de tal forma a evitar o contato com secreções.

Coluna: Se a cinemática do trauma sugere a possibilidade de fratura ou lesão de coluna, o paciente


deve ser mantido estabilizado em prancha longa até realizar exames de imagem.

Figura 25 - Imobilização da coluna

Fonte: <www.itrauma.org>

46
Para (não) Finalizar

O atendimento em Pronto Socorro exige do enfermeiro, constante estudo e atualização de habilidades


necessárias para o correto atendimento do paciente.

A apostila como já dissemos anteriormente, não é o bastante para quem pretende se especializar
na área e é fundamental que as referências bibliográficas sejam consultadas, como também outras
publicações. Nós chamamos a atenção do enfermeiro por meio deste material, para a importância
do tema e os principais tópicos que devem ser complementados, pelo estudo adicional. Assim deve
funcionar uma Pós-graduação. A graduação ensina ao aluno a teoria e a prática necessárias ao
desempenho da profissão, enquanto a Pós, visa a especialização em um determinado tema. Cabe ao
aluno, portanto, tirar dúvidas de conteúdo com o tutor e aprofundar os próprios conhecimentos. O
objetivo maior da Pós é dotar o aluno, de conhecimentos teóricos necessários para a especialização
na área.

A prática é igualmente necessária para qualquer profissão. Para os enfermeiros que já atuam
em Pronto Socorro, sugerimos que aprimorem cada vez mais as técnicas e procedimentos mais
utilizados, de tal forma a estarem sempre prontos para o enfrentamento de qualquer situação
de urgência ou emergência. Para os que não atuam em Pronto Socorro, sugerimos que realizem
treinamento prático com simulações antes de poderem assumir suas funções.

Em alguns países, a certificação em cursos de simulação é obrigatória para quem pretende atuar
em emergências e por esta razão, recomendamos que procurem informações e obtenham estas
certificações, que embora não sejam obrigatórias no Brasil, refletem o estado da arte para quem
pretende atuar em Pronto Socorro. Os cursos sugeridos são:

»» Suporte Básico de Vida-BLS da American Heart Association

»» Suporte Avançado de Vida – ACLS da American Hear Association

»» Suporte Avançado de Vida em Pediatria –PALS – American Hear Association

»» PHTLS – Atendimento de Trauma Pré-hospitalar – National Association of


Emergency Medical Technicians

»» ITLS – Suporte Internacional de Atendimento ao Trauma – American College of


Emergency Physicians

»» ATCN – Curso Avançado de Assistência ao Trauma para Enfermeiros- Society of


Trauma Nurses (STN)

»» DMEP: GESTÃO DE DESASTRES E PREPARO PARA EMERGÊNCIAS- American


College of Surgeons

47
PARA NÃO FINALIZAR

Todos os cursos acima, possuem centros credenciados no Brasil, que oferecem o treinamento em
português. Geralmente os cursos duram entre 01 e 03 dias, em dedicação integral e aulas teóricas e
práticas. Não deixem de se certificar e manter esta certificação atualizada!

Estudem aspectos específicos do trauma, que poderão ajuda-los a melhor compreender as lesões,
como também se aprofundem nas emergências clínicas. Vejam as peculiaridades do atendimento
pediátrico, às gestantes e aos idosos.

48
Referências
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in the Lazio Region. Prof Inferm. 59(3): 165-70. 2006.

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51
Anexo

Abreviações
APH: Atendimento Pré-Hospitalar

ATLS: Advanced Trauma Life Support (Suporte Avançado de Vida no Trauma). Curso desenvolvido
pelo Colégio Americano de Cirurgiões voltado para médicos.

AVC: acidente vascular cerebral.

OMS: Organização Mundial de Saúde.

PCR: parada cardiorrespiratória.

PHTLS: Prehospital Trauma Life Support (Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado).

UTI: Unidade de Terapia Intensiva.

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