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O fogo na Amazônia não é a única preocupação do governo de Jair Bolsonaro (PSL) com a
região. O presidente já falou mais de uma vez que deseja legalizar o garimpo e mineração
na área, inclusive em terras indígenas. O Executivo diz estar montando um projeto de lei
para ser avaliado pelo Congresso ainda nesse semestre. O debate sobre o tema é urgente:
o garimpo ilegal na região chega a movimentar 30 toneladas de ouro por ano, gerando
recursos financeiros seis vezes maiores que os obtidos legalmente.
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O MPF, do Pará, denunciou a empresa Ourominas, localizada em Itaituba, no sudoeste do
Pará, por fraudar documentação e acobertar a origem clandestina do ouro. Só entre 2015 e
2018, o grupo teria fraudado a compra de 610 quilos do minério, causando um prejuízo de
R$ 70 milhões aos cofres públicos. A Ourominas é uma das maiores empresas de comércio
do ouro na bacia do Rio Tapajós, umas das áreas mais afetadas pelo garimpo ilegal.
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Legislação arcaica
A legislação arcaica no setor do comércio de minérios facilita as fraudes. A operação
revelou que as notas fiscais da compra de ouro eram preenchidas manualmente, à caneta,
e ficavam estocadas com os compradores, dificultando a fiscalização e o cruzamento de
dados por parte do poder público. É a própria lei a exigir, no máximo, o uso de máquina de
escrever e papel-carbono para a confecção dos documentos.
Além disso, a União não tem qualquer controle quantitativo sobre a exploração de suas
jazidas. “O ouro não tem classificação de origem e a lavra não tem estimativa de ouro
expedido, ou seja, posso fazer toneladas de ouro sem que o governo saiba. Isso porque o
sistema não é informatizado, não tem alerta eletrônico que é disparado para o governo”,
explica à Gazeta do Povo, Paulo De Tarso Moreira de Oliveira, um dos procuradores da
força-tarefa Amazônia, que apresentou a denúncia.
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Envenenamento em massa
A extração ilegal do ouro tem consequência não só no circuito financeiro, mas também
sobre a saúde e o meio ambiente. Laudo elaborado pela Polícia Federal e pela Universidade
Federal do Oeste do Pará (Ufopa) apontou que foram encontrados dejetos tóxicos nas
águas do Rio Tapajós, causados pela mineração ilegal. A quantidade despejada nas águas
do rio, a cada 11 anos, é equivalente a do rompimento da barragem da Samarco, ocorrido
em Mariana, Minas Gerais, em 2015.
A estimativa é de que são liberadas no meio ambiente 221 toneladas de mercúrio por ano.
O elemento envenena trabalhadores e as comunidades indígenas e ribeirinhas da região.
Isto ocorre porque o ouro é encontrado em amalgama com o mercúrio. Para liberar o
mineral precioso, os garimpeiros submetem o mercúrio a altas temperaturas, que evapora
liberando o ouro.
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Na opinião do procurador, a legislação precisa ser atualizada. “[Hoje] não tem mais esse
garimpeiro tradicional, trabalhador braçal com pouca educação que extrai para a sua
sobrevivência. Hoje tem pessoas ou grupos fortes economicamente, que usam maquinas
pesadas, tem acesso a informações privilegiadas e às vezes se servem de geólogos”, explica.
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