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Andragogia

WBA0148_v1.1
Andragogia
Autoria: Roberta Rotta Messias de Andrade
Como citar este documento: ANDRADE, Roberta Rotta Messias. Andragogia. Valinhos: 2015.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Modelo Andragógico 05
Assista a suas aulas 24
Unidade 2: Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia 32
Assista a suas aulas 55
Unidade 3: Educação do Jovem e do Adulto 63
Assista a suas aulas 81
Unidade 4: Adultos em Processo de Formação Continuada 88
Assista a suas aulas 102
Unidade 5: Estilos de Aprendizagem 109
Assista a suas aulas 133

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Andragogia
Autoria: Roberta Rotta Messias de Andrade
Como citar este documento: ANDRADE, Roberta Rotta Messias. Andragogia. Valinhos: 2015.

Sumário
Unidade 6: Aprendizagem do Adulto 140
Assista a suas aulas 159
Unidade 7: A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações 166
Assista a suas aulas 184
Unidade 8: Aprendizagem Autodirigida 191
Assista a suas aulas 205

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Apresentação da Disciplina
Você já parou para pensar sobre como você A disciplina de Andragogia aborda como
aprende? Seria da mesma forma de quando o adulto aprende e o que podemos fazer
você era criança na escola? para tornar sua aprendizagem mais efetiva
Provavelmente, sua resposta deve ter sido no contexto do Ensino Superior. Para isto,
não para as duas perguntas. O motivo serão apresentados os fundamentos da
disso é que, como adultos, a forma como andragogia; os princípios e as concepções
aprendemos as coisas são diferentes; as de aprendizagem dos adultos; e as práticas
relações que fazemos durante o processo pedagógicas andragógicas.
de aprendizagem são outras. O motivo A proposta da disciplina é promover a
disso é que agora, como adultos, temos reflexão sobre a aprendizagem do adulto e
mais experiências e conhecimentos a atuação do docente no Ensino Superior.
sobre diversos assuntos, além de termos
interesses mais bem definidos.
Por estes motivos a aprendizagem do
adulto deve ser pensada para adultos.
Isso implica que os processos educativos
em sala de aula (ou fora dela) sejam
pensados nesta perspectiva em termos de
conteúdos, metodologias, atividades etc.
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Unidade 1
Modelo Andragógico

Objetivos

1. Conhecer a contextualização
histórica do uso do termo
Andragogia.
2. Conhecer os principais conceitos.
3. Estudar os pilares do método
andragógico.

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Introdução

A palavra andragogia deriva dos termos cientista social alemão Eugen Rosenstock,
gregos: andros (homem) + agein (conduzir) quando defendeu que a educação de
+ logos (ciência), significando a ciência da adultos precisaria de professores, métodos
educação de adultos, segundo Cavalcanti e e filosofias especiais. Ele acreditava
Gayo (2004). que não bastava que os professores
traduzissem a Pedagogia para utilizá-
O termo foi criado justamente em oposição
la com adultos, mas que o professor
à Pedagogia, que trata da ciência da
precisaria cooperar com os alunos para
educação de crianças.
ser um “andragogo” (KNOWLES; HOLTON;
O professor Alexander Kapp foi o primeiro a SWANSON, 2011).
utilizar o termo em 1833, na Alemanha, para
Ao longo da década de 1950, diversos
tratar de elementos da Teoria da Educação
autores europeus utilizaram o termo
de Platão, apesar de o próprio Platão não
andragogia em seus trabalhos: H.
o ter utilizado. Naquela época, o autor já
Hanselmann, em 1951, na Suíça; T. T. Have,
defendia que a educação de adultos não em 1954, na Holanda; M. Ogrizovic, em
poderia ser igual à educação de crianças, 1956, na Iugoslávia; F. Poggeler, em 1957,
pelas características de cada um. na Alemanha; além de cursos e programas
O termo caiu no esquecimento e só foi sobre andragogia nas décadas de 1960 e
reutilizado novamente em 1921 pelo 1970 encontrados, também, na Alemanha.
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Foi no início da década de 1970, no 3. Papel das experiências.
entanto, que surgiu o “pai” da Andragogia, 4. Prontidão para aprender.
o professor americano Malcolm Knowles.
5. Orientação para a aprendizagem.
Ele é assim considerado pela sua vasta
produção sobre o tema, além de ter 6. Motivação.
desenvolvido o conceito base para a O autor explica que o método andragógico
educação de adultos. A partir dos seus precisa ser revisto em cada situação e
escritos, a orientação dos educadores de não dá conta sozinho das situações de
adultos mudou de “educar pessoas” para aprendizagem. Ele mesmo, aplicando seu
“ajudar as pessoas a aprenderem”. método em diferentes grupos, percebeu
duas situações:
Portanto, andragogia é a ciência da
educação de adultos, considerando suas 1. O modelo andragógico tem como
características e interesses. Knowles principal característica a flexibilidade.
desenvolveu o Método Andragógico Ele pode e deve ser adaptado para
baseado em seis pilares: cada situação, seja parcialmente ou
completamente adaptado, pois não
1. Necessidade de saber.
é uma ideologia, mas um sistema de
2. Autoconceito do aprendiz. elementos.
7/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico
2. O ponto de partida e as estratégias com diferentes teorias de ensino e
a serem utilizadas para a aplicação aprendizagem.
do modelo devem ser analisados A imagem a seguir mostra os seis princípios
segundo a situação. Cabe ao da andragogia envolvidos no contexto
educador perceber e avaliar a social, individual e situacional, além dos
melhor forma de utilizar o modelo objetivos e propósitos de aprendizagem:
andragógico.
As críticas a esse modelo defendem,
principalmente, que ele não abrange
explicitamente resultados como as
mudanças sociais dos alunos. De fato, não
se pretende que a andragogia lide com
objetivos e propósitos da aprendizagem;
nem seria possível. A andragogia propõe-
se a educar adultos independentemente de
um propósito específico, mas sendo aberta
a vários, ela pode e deve ser combinada

8/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


Figura 1 – Andragogia na prática

Fonte: Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 22)

9/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


1. Necessidade de saber aprendido possibilita ao aluno adulto fazer
relações com seu dia a dia, auxiliando num
A aprendizagem ocorre quando o que maior engajamento à aprendizagem.
está sendo aprendido faz sentido para o
Em termos práticos, o educador de adultos
educando, para isso, ele precisa entender
precisa lançar mão de estratégias para
o que será aprendido e qual é a relevância
engajar seu aluno e entender a necessidade
desse aprendizado. Tough (1979 apud
daquele aprendizado. Essas estratégias
KNOWLES; HOLTON; SWANSON, 2011)
podem ser dinâmicas, perguntas, textos,
percebeu que adultos despendem uma
figuras, ou o que o educador achar
boa quantidade de energia para investigar
relevante perante o grupo de aprendizes.
os benefícios de aprender determinado
Cabe lembrar que conhecer os alunos e sua
assunto e as possíveis dificuldades de não
motivação para a aprendizagem auxilia
o aprender quando eles decidem aprender
o professor a escolher estratégias mais
alguma coisa.
adequadas ao grupo.
Quando ele conhece a necessidade de
Contextualizar o que será aprendido
saber algo, a tendência é que ele fique
também é essencial, pois assim os alunos
“mais aberto” a novos conhecimentos.
podem relacionar o que será aprendido
Além disso, a conscientização do que será
com seus conhecimentos prévios. Essas
10/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico
relações são de extrema importância feitas de sensações (COBRA, 2008), elas
para que o conteúdo a ser aprendido faça importam muito no processo de ensino e
sentido ao aluno. aprendizagem.
Isso quer dizer que o aluno adulto quer ser
2. Autoconceito do aprendiz tratado como adulto, com conhecimentos,
experiência, necessidades e vontades.
Uma das maiores características dos
Quando isto não acontece, o aluno adulto
adultos é a autonomia, seja de ação ou
pode criar uma certa barreira com aquele
de pensamento. Lutamos para conquistar
professor.
essa autonomia desde quando nascemos
e quando finalmente a alcançamos não Na minha experiência como coordenadora
estamos prontos a abrir mão dela para de curso de graduação, precisei, muitas
outra pessoa. vezes, acalmar os ânimos de alunos por
volta dos seus 20 e poucos anos com a fala:
Quando um professor determina o que
“ela nos tratou como crianças!”. Pode-se
o aluno tem que aprender sem que ele
pensar que pessoas mais maduras não
participe do processo de aprendizado, ele
teriam essa reação, mas, em geral, todas
perde essa autonomia, ou pelo menos tem
as vezes que um professor impõe sua
a sensação disso. Como as emoções são
vontade sem levar em consideração os
11/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico
conhecimentos e as experiências prévias, inúmeras experiências profissionais e
além de interesses e necessidades, o adulto pessoais. Essas experiências podem
sente-se como uma “criança”. ser consideradas a base na qual o novo
Ao educador, cabe o conhecimento de conhecimento será repousado.
seus alunos e o entendimento de que eles Quando um adulto está vendo um
possuem muitos conhecimentos e muitas determinado conteúdo pela primeira
experiências em determinadas áreas e vez, ele relaciona, talvez até de forma
que elas precisam ser levadas em conta inconsciente, com suas experiências
quando se prepara uma aula para alunos prévias àquele momento. Quando esse
adultos. Impor vontades só porque “eu sou novo conhecimento é confirmado pela
professor” pode tornar a relação professor experiência do aprendiz, ele é aceito como
e aluno desequilibrada. verdadeiro e, portanto, aprendido; quando
ele não é confirmado, o aprendiz refuta
3. Papel das experiências esse novo conhecimento descartando-o.
Isso pode ser explicado pela importância
Quando se reúne em uma sala de aula, ou
que as pessoas atribuem à experiência.
ambiente virtual, adultos com o objetivo
Tardif (2002), em seu livro sobre saberes
de que eles aprendam algo, se juntam
docentes, explica que dentre os quatro
12/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico
tipos de saberes – saberes da formação, Para engajar e envolver os alunos é
saberes disciplinares, saberes curriculares essencial que os saberes da experiência
e saberes da experiência – os professores de cada aluno sejam valorizados, o que
entendem o último como o mais pode ser feito por diferentes estratégias,
importante. como: dinâmicas, trabalhos em grupo,
O autor explica que os saberes da apresentação para os outros alunos etc.;
experiência “residem totalmente o que importa é que essa valorização seja
nas certezas subjetivas acumuladas genuína.
individualmente ao longo da carreira”
(p. 52), além de serem os saberes que 4. Prontidão para aprender
necessita de todos os outros para ser
A prontidão para aprender relaciona-se
colocado em prática. Em outras palavras,
com o sentido que o aluno percebe entre o
para que um professor dê uma aula, ele
que ele precisa aprender e o seu dia a dia.
recorre aos quatro tipos de saberes que
Isso quer dizer que os alunos adultos têm
se confundem entre si para que a prática
seu tempo para que os assuntos se tornem
seja realizada. Talvez por isso ele seja tão
mais ou menos interessantes.
importante para os professores.

13/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


Knowles, Holton e Swanson (2011, p. 74) Apesar de a prontidão ser, de certa forma,
explicam que “os adultos ficam prontos um processo natural, não podemos ficar
para aprender as coisas que têm de saber esperando até que um aluno esteja pronto
e para as quais precisam se tornar capazes para determinado conteúdo. O educador
de realizar a fim de enfrentar as situações de adultos precisa encontrar maneiras de
da vida real”. Para eles, a prontidão para envolver o aluno e induzir essa prontidão; a
aprender está ligada à passagem de utilização de exemplos, modelos, exercícios
um estágio de desenvolvimento para o de simulação e outros podem ser de grande
próximo. Os autores utilizam-se de um valia para o professor.
exemplo bastante esclarecedor: uma
garota de 16 anos, via de regra, não vê 5. Orientação para a aprendiza-
necessidade em aprender sobre nutrição gem
infantil; ela, a princípio, não estaria
“pronta para aprender”. No entanto, se Os adultos orientam-se à aprendizagem
ela estivesse grávida ou tivesse um irmão quando o que deve ser aprendido tem
pequeno, esse assunto possivelmente faria alguma aplicação prática em sua vida.
parte do dia a dia dela. Quando ele não percebe essa relação,
há uma tendência de o aluno adulto não

14/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


considerar aquela uma aprendizagem Caso você tenha menos de 28 anos,
válida. possivelmente, esse exemplo não fez
Um exemplo de como isso é importante no sentido algum, além de representar o
aprendizado são os celulares, em especial que se quer explicar. Esse “problema” de
os smartphones. Antes do advento desses aprender números de telefones não fez
aparelhos, aprendíamos o número de parte da sua vida e, por isso, também, não
telefone de diversas pessoas e podíamos fez sentido.
recorrer a eles quando quiséssemos sem Um exemplo mais adequado à vida de
problemas, apenas acionando nossa vocês seria a operação de compartilhar
memória. Conforme fomos adaptando- fotos, vídeos, blogs, vlogs e mais inúmeras
nos a eles, deixamos de aprender novos formas de interação virtual. Se você ainda
números de telefones, apesar de, muitas não sabe como se faz isso, possivelmente
vezes, sabermos os números antigos. Isso você peça a alguém que lhe ensine.
acontece porque não precisamos mais Uma vez que seria do seu interesse, sua
aprender os números de telefone que nos aprendizagem seria bem mais rápida.
interessam, pois temos eles na ponta dos Essa diferença entre as necessidades não
dedos no momento que quisermos por é uma questão de idade, mas de dia a dia;
meio da agenda do nosso celular.
15/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico
a orientação ocorre quando se precisa 6. Motivação
aprender alguma coisa. Knowles, Holton
e Swanson (2011, p. 74) explicam que os A motivação é comumente entendida
adultos “assimilam novos conhecimentos, como um fator externo para que desperte
percepções, habilidades, valores e atitudes no sujeito vontade de fazer ou de aprender
de maneira mais eficaz quando são alguma coisa. Sem dúvida, fatores
apresentados a contextos de aplicação a externos, como nota, melhor emprego,
situações da vida real”. salário mais alto, entre outros, auxiliam no
processo de aprendizagem.
Mais uma vez, o educador não pode
ficar esperando que o aluno tenha No entanto, são os fatores internos que
a necessidade de aprender algo; o mais motivam o aluno adulto a aprender:
professor precisa despertar no aluno essa autoestima, status, desejo de ter maior
necessidade pelo aprendizado e para isso satisfação no trabalho, qualidade de vida
vale lançar mão de diferentes estratégias. etc.
Tough (1979 apud KNOWLES; HOLTON;
SWANSON, 2011) percebeu que os
adultos ditos normais são motivados a
se desenvolver e a crescer, porém, essa
16/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico
motivação é normalmente bloqueada por questões de “autoconceito negativo como aluno,
falta de acesso a oportunidades ou recursos, limitações de tempo e programas que violam os
princípios da aprendizagem de adultos” (p. 75).
Para o educador, estar atendo a esses fatores motivacionais podem auxiliar em um melhor
aprendizado, além de contribuir para a diminuição da evasão no Ensino Superior.

Para saber mais


Apesar de Malcolm Knowles ter seus escritos sobre andragogia publicados no início da década de 1970,
ele assumiu a diretoria Executiva da Associação Americana da Educação de Adultos (Adult Education
Association of the United States of America).

O termo andragogia é mais encontrado quando se trata de treinamento de funcionários ou de recursos


humanos de empresas, sempre voltado ao desenvolvimento profissional. Também, encontra-se o termo
andragogia quando se estuda Educação de Jovens e Adultos. Porém, a andragogia tem sido pouco
utilizada na educação formal, em especial no Ensino Superior.

17/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


Para saber mais
Uma boa forma de aprender mais sobre saberes docentes é ler o artigo “Profissionalização dos
professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias à docência”, de Puentes, Aquino e
Neto, publicado em 2009.

PUENTES, Roberto Valdez, AQUINO, Orlando Fernandes, NETO, Armindo Quilicci. Profissionalização dos
professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias à docência. Educar, Curitiba, n. 34. p.
169-184, Curitiba, 2009.

Link: <http://www.scielo.br/pdf/er/n34/10.pdf>

Link
Para conhecer mais sobre a biografia de Malcolm Knowles, acesse o link: <http://infed.org/mobi/
malcolm-knowles-informal-adult-education-self-direction-and-andragogy/>

Leia o artigo de Cavalcanti e Gayo sobre andragogia da educação universitária no link: <http://www.
wr3ead.com.br/UNICEAD/andragogia_na_educacao_universitaria.pdf>

18/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


Glossário
Situações de aprendizagem: momentos organizados pelo educador para que o aluno aprenda.
Conhecimentos prévios: conhecimentos adquiridos pelos alunos ao longo de sua vida até
aquele momento.
Saber docente: saber formado pelo “amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos
da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais” (TARDIF, 2003,
p. 36).

19/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


?
Questão
para
reflexão

A reflexão sobre como aprendemos é extremamente


importante para nosso autoconhecimento. Uma vez
que sabemos quais são os gatilhos que nos auxiliam,
podemos ligar ou desligar essa “chavinha”. Assim,
pense sobre como você aprende e compare com os
seis pilares propostos por Knowles. Verifique se eles
coincidem ou são diferentes.

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Considerações Finais (1/2)

• O termo andragogia foi cunhado em oposição ao termo pedagogia pelo


professor alemão Alexander Kapp.
• Foi na década de 1970 que Malcolm Knowles desenvolveu os seis pilares da
andragogia:
1. Necessidade de saber – o adulto precisa saber o que será aprendido e
porque sua aprendizagem é importante.
2. Autoconceito do aprendiz – a forma como o adulto se percebe deve ser
respeitada.
3. Papel das experiências – as experiências dos alunos adultos precisam ser
valorizadas.
4. Prontidão para aprender – o aluno adulto precisa estar “pronto para o
aprendizado” e cabe ao professor incentivá-lo.

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Considerações Finais (2/2)

5. Orientação para aprendizagem – o adulto despende mais energia em


assuntos que ele percebe como importante para o seu dia a dia.
6. Motivação – a motivação é um importante fator para a educação de
adultos, com destaque para os fatores internos de motivação.

22/212
Referências

CAVALCANTI, Roberto de A.; GAYO, Maria Alice F. da S. Andragogia na Educação Universitária.


Conceitos, p. 44-51, jul. 2004. Disponível em: <http://www.wr3ead.com.br/UNICEAD/
andragogia_na_educacao_universitaria.pdf> Acesso em: 02 set. 2015.

COBRA, Marcos. Marketing do entretenimento. São Paulo: Editora Senac, 2008.


KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem de resultados:
uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Tradução:
Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011.
PUENTES, Roberto Valdez; AQUINO, Orlando Fernandes; NETO, Armindo Quilicci.
Profissionalização dos professores: conhecimentos, saberes e competências necessárias à
docência. Educar, Curitiba, n. 34, p. 169-184, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
er/n34/10.pdf>. Acesso em: 02 set. 2015.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2003.

23/212 Unidade 1 • Modelo Andragógico


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Modelos Andragógicos - Bloco I Aula 1 - Tema: Modelos Andragógicos - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/7d-
1d/66ba1cd315f6f8ab8dd06a68d55192d4>. 49520f5781b12b6d25a3f8e2f0d45b>.

24/212
Questão 1
1. O surgimento da andragogia ocorreu em 1833 pelo professor alemão
Alexander Kapp, mas caiu no esquecimento até 1921, quando Rosensto-
ck escreveu sobre a educação de adultos. Para ele, a educação de adultos
deveria:

a) Ser adaptada da educação de crianças.


b) Ter professores especiais que conseguissem adaptar as teorias educacionais infantis para
adultos.
c) Que os professores estudassem metodologias especiais para serem aplicadas ao aluno
adulto.
d) Ter professores, metodologias e filosofias especiais aos adultos.
e) Ter filosofia especial em que os professores se apoiariam.

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Questão 2
2. Malcolm Knowles é considerado o pai da andragogia porque:

a) Criou uma metodologia de ensino infalível, especialmente para os adultos.


b) Desenvolveu o conceito base sobre a educação de adultos, além de ter uma vasta produção
sobre o tema.
c) Desenvolveu programas capazes de treinar professores para ensinar adultos.
d) Criou o conceito de que educar pessoas adultas necessita de formação especial pela
dificuldade que elas têm em aprender.
e) Dentre a sua vasta produção sobre o tema, ele adaptou as teorias sobre a aprendizagem
infantil aos adultos para que eles pudessem aprender.

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Questão 3
3. O modelo andragógico, segundo seu criador, Malcolm Knowles, pode e
deve ser adaptado segundo a situação de aprendizagem a partir da aná-
lise do educador sobre o ponto de partida e das estratégias a serem utili-
zadas. Isso se deve porque:

a) Cada aluno possui experiências a saberes diferentes que precisam ser considerados na
aprendizagem do adulto.
b) Cada aluno possui experiências diferentes que precisam ser valorizadas apesar de o
conhecimento não ser tão heterogêneo entre um grupo de alunos adultos.
c) A prontidão para a aprendizagem é intrínseca e, por isso, o educador precisa esperar até
que o aluno esteja pronto e interessado em aprender.
d) O educador precisa motivar o aluno adulto a estar orientado para a aprendizagem, pois, se
ele não tiver interesse no assunto, irá aprender sozinho em outro momento.
e) O modelo andragógico não considera as mudanças que podem ocorrer no contexto social
dos alunos que são naturalmente diferentes.

27/212
Questão 4
4. Um dos pilares da andragogia é o papel da experiência. O saber da ex-
periência tem papel essencial no processo de aprendizagem porque:

a) A experiência de cada pessoa permite que ela aprenda novos conceitos sem filtrá-los.
b) A experiência é difícil de ser valorizada, por isso o educador não consegue agregá-la em
sua aula e precisa deixar o aluno aprender sozinho.
c) Sem ele os alunos não aprendem o que estiver sendo ensinado, por isso o professor deve
criar novas experiências.
d) É por meio da experiência que o aluno entende e modifica o mundo em que vive.
e) A experiência é uma espécie de filtro com o qual o aluno compara toda nova informação.

28/212
Questão 5
5. O pilar do modelo andragógico “orientação para aprender” é impor-
tante porque:

a) Quando um aluno não está prestando atenção ao educador, ele tende a não aprender
determinado assunto.
b) O professor deve orientar o aluno a uma nova aprendizagem para que ele seja capaz de
reproduzi-la posteriormente.
c) Caso o aluno adulto não perceba a aplicação prática de um novo aprendizado no seu dia a
dia, ele pode deixar de aprendê-lo.
d) A orientação é entendida como a forma de o aluno se comportar durante o processo de
aprendizagem; sem a devida postura, a aprendizagem não é alcançada.
e) O aluno adulto precisa estar pronto para aprender algo novo, independentemente da
necessidade daquele conhecimento.

29/212
Gabarito
1. Resposta: D. 3. Resposta: A.
Rosenstock defendia que a educação A adaptação do modelo andragógico
de adultos deveria ter professores, é necessária porque cada aluno possui
metodologias e filosofias especiais devido experiências a saberes prévias com os
às características diferentes das crianças. quais o educador pode trabalhar para
que o aluno mantenha motivação para
2. Resposta: B. aprendizagem e um autoconceito positivo
como aluno, além de se manter pronto para
Malcolm Knowles, entre sua vasta produção a aprendizagem.
sobre o tema, desenvolveu o conceito
base sobre a educação de adultos que 4. Resposta: E.
possibilitou a reorientação de educadores
de adultos para ajudar os alunos a Toda nova informação que o aluno adulto
aprender. recebe é comparada à sua experiência
pregressa, podendo ser refutada ou
acatada como válida, por isso ela pode ser
considerada uma espécie de filtro para
novas aprendizagens.
30/212
Gabarito
5. Resposta: C.

Caso o aluno adulto não perceba a


aplicação prática de um novo aprendizado
no seu dia a dia, ele pode deixar de
aprendê-lo porque ele despende uma
boa quantidade de energia e tempo para
aprender algo que ele sente necessidade.

31/212
Unidade 2
Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia

Objetivos

1. Conhecer algumas características de


crianças e adultos.
2. Conhecer os pressupostos da
Pedagogia, da Andragogia e da
Heutagogia.
3. Saber identificar as diferenças
entre Pedagogia, Andragogia e
Heutagogia.

32/212
Introdução

Na aula passada, vimos que a Andragogia que dizem respeito ao entendimento de


surgiu em oposição à Pedagogia para tratar aluno, de educação, ou seja, de concepção.
da educação de adultos. Sua oposição O surgimento da Heutagogia é bem mais
começa no próprio vocábulo: recente; os primeiros escritos foram
Paidos (criança) + agein (conduzir) + encontrados nos anos 2000. O termo,
logos (ciência) = PEDAGOGIA assim como os outros dois, tem origem
Andros (homem) + agein (conduzir) + grega:
logos (ciência) = ANDRAGOGIA Heuta (auto) + agein (conduzir) + logos
(ciência) = HEUTAGOGIA
Dessa forma, a Pedagogia é a ciência
da educação de crianças, enquanto a Assim, a Heutagogia é a ciência da
Andragogia é a ciência da educação de aprendizagem autodeterminada, ou
adultos. conduzida, e está bastante relacionada
ao advento da tecnologia e da educação a
A diferença entre os dois radicais distância.
(paidos e andros) representa a diferença
Cada termo tem por base conceitos
epistemológica entre as duas ciências;
diferentes, os quais serão vistos a seguir.
cada uma têm pressupostos específicos

33/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


1. Pedagogia O alemão Friederich Fröebel foi um
dos primeiros educadores a considerar
Considera-se que a Pedagogia tenha a importância da infância para o
surgido na Grécia, pois foi lá que foram desenvolvimento do homem. Ele dizia
encontrados os primeiros pedagogos: que o homem se desenvolve em etapas:
escravos que acompanhavam as crianças infância, meninice, puberdade, mocidade
nas escolas. e maturidade. Em cada etapa a educação
Apesar de os pedagogos terem aparecido precisa considerar as características do
na Grécia, havia o entendimento de que sujeito, dessa forma a educação para
a criança era um mini adulto até meados crianças deve proporcionar que a criança
do século XVIII, quando Jean Jaques floresça.
Rousseau publicou, em 1762, o livro Emílio A Pedagogia é pensada para crianças
ou Da educação. Nele, o autor explica segundo algumas características. Uma
que as crianças possuem necessidades e delas é que as crianças estão aprendendo
processos de desenvolvimento diferentes sobre o mundo e como estar nele durante o
dos adultos, por isso, precisaria de um período escolar, por isso, algumas decisões
tratamento adequado que respeitasse suas são comumente relegadas ao professor.
peculiaridades.
34/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
A definição do que deve ser aprendido é primeiros anos, a criança é dependente,
feita pelo professor a partir dos Parâmetros mas a questão é que, conforme os anos
Curriculares Nacionais (PCN), definidos vão passando, a criança vai deixando de
pelo Ministério da Educação – MEC. ser dependente à medida que amadurece
Nesses PCN constam os conteúdos que a (KNOWLES, HOLTON, SWANSON, 2011). O
sociedade entende como importantes para autor explica que, conforme a criança vai
a formação da criança. Por esse motivo, crescendo e amadurecendo, vai abrindo
muitas vezes, aos alunos não fica clara a um gap entre a necessidade e a habilidade
necessidade de determinado aprendido. de se autodirigir, o que pode gerar
Quantas vezes nos perguntamos por frustrações, ressentimentos e resistência
que precisávamos aprender equação de ao aprendizado.
segundo grau, por exemplo? Se você não A experiência da criança ainda está em
trabalhar com esse conceito no dia a dia, formação e, muitas vezes, ela acontece na
talvez essa resposta ainda nem seja clara própria escola, por isso, seu papel ainda é
até os dias de hoje. menor do que a de um adulto.
O professor entende o aluno como Knowles, Holton, Swanson (2011) alegam
dependente, por isso, ele se torna que o aluno fica pronto para aprender a
realmente dependente. De fato, nos partir da determinação do que o professor
35/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
precisa ensinar; não há tempo para esperar 2. Andragogia
a maturidade do aluno.
Na aula anterior, tratamos dos conceitos da
A orientação para a aprendizagem na
andragogia e, agora, vamos retomar alguns
escola regular é centrada na matéria, com a
conceitos em contraposição à Pedagogia.
aquisição de conteúdo especializado, dessa
Como já sabido, a Andragogia surgiu em
forma, “as experiências de aprendizagem
oposição à Pedagogia; até Alexander Kapp
são organizadas de acordo com a lógica
cunhar o termo, se pensava apenas na
do conteúdo especializado” (KNOWLES,
aprendizagem de crianças, mas o adulto
HOLTON, SWANSON,, 2011, p. 71).
tem concepções diferentes que precisam
A motivação que a criança tem para ser entendidas.
aprender é basicamente externa, seja por
O adulto se relaciona com a educação
notas, prêmios, classificação etc. Isso pode
de forma diferente, então, é preciso
acontecer pelo não entendimento por
entender de que adulto se está falando.
parte da criança da necessidade daquele
Oliveira (1998, p. 8) define o adulto como
conhecimento.
“indivíduo maduro o suficiente para
assumir as responsabilidades por seus
atos diante da sociedade”. O autor ainda
36/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
apresenta 14 princípios que contribuem Princípio 5 – a aprendizagem é o centro das
com a educação de adultos: atividades do aluno adulto.
Princípio 1 – o adulto é dotado de Princípio 6 – a decisão do que será
consciência ingênua e de consciência aprendido precisa ser decidido pelo
crítica e sua postura proativa ou reativa aluno adulto por ele ser o agente de sua
está diretamente ligada ao tipo de aprendizagem.
consciência predominante. Princípio 7 – o processo de aprendizagem
Princípio 2 – o compartilhamento de implica a aquisição de conhecimentos,
experiências é fundamental para o adulto. habilidades e atitudes (CHA).
Princípio 3 – a relação educacional é Princípio 8 – a ordem do processo de
baseada na interação entre o professor e aprendizagem do adulto é: sensibilização
o aluno em um ambiente de liberdade em (motivação), pesquisa (estudo), discussão
que haja aprendizagem mútua. (esclarecimento), experimentação
Princípio 4 – a chave para a motivação (prática), conclusão (convergência) e
de um adulto é a negociação sobre seu compartilhamento (sedimentação).
interesse em participar de aprendizagem. Princípio 9 – o melhor elemento motivador
do adulto é a experiência, por isso, o
37/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
ambiente de aprendizagem deve permitir Princípio 13 – um professor tradicional faz
liberdade e incentivar que os alunos com que o adulto se sinta inferiorizado e,
possam falar de suas histórias, ideias, portanto, dificulta a aprendizagem.
opiniões, compreensões e conclusões. Princípio 14 – a educação bancária pode
Princípio 10 – a essência do causar uma relação negativa do adulto com
relacionamento educacional entre adultos a aprendizagem caso ele se sinta oprimido
é o diálogo. frente ao professor.
Princípio 11 – os assuntos devem ser Esses princípios colaboram para o
discutidos e vivenciados, pois a práxis entendimento sobre como os pilares da
educacional se baseia na reflexão e ação. andragogia podem ser aplicados nos
Princípio 12 – “quem tem capacidade ambientes de aprendizagem.
de ensinar o adulto é apenas Deus que Enquanto na Pedagogia a definição do que
conhece o íntimo da pessoa e suas reais será aprendido e quais estratégias serão
necessidades. Portanto se você não é Deus, utilizadas, na andragogia, o adulto não
não se atreva a desempenhar esse papel!” tem apenas a necessidade de saber o que
(OLIVEIRA, 1998, p. 12). e como será aprendido, mas, muitas vezes,
tem de negociá-los.

38/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Em relação ao autoconceito, o adulto A motivação pode estar no assunto, na
entende que ele é capaz de assumir as forma como o professor o aborda, na
responsabilidades de suas escolhas. relação entre aluno e professor, assim
Isso quer dizer que ele precisa se sentir como na aplicabilidade dos novos
independente e livre para poder escolher. conceitos no dia a dia do adulto.
A experiência é o principal filtro Assim, na Andragogia, o papel do professor
pelo qual a nova informação passa é de um companheiro que entende e
para ser considerada relevante e, orienta o aluno adulto ao aprendizado de
consequentemente, ser aprendida. Essa forma colaborativa.
ideia é corroborada pelos princípios 2 e
4, que mostram o quanto a experiência é 3. Heutagogia
importante para o aluno adulto.
Se a Andragogia surgiu em oposição à
Uma vez que o aluno adulto esteja pronto
Pedagogia, pode-se dizer que a Heutagogia
para aprender, ele tem maior clareza de
surgiu como uma “evolução natural” da
sua necessidade de aprendizagem e,
Andragogia, segundo Stewart Hase e Chris
assim, consegue dialogar e decidir o que
Kenyon (2000), criadores do termo.
será aprendido e quais são as melhores
estratégias para isso.
39/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
Eles explicam que a Andragogia foi suas competências e trabalha bem com
uma imensa evolução no processo de outras pessoas (STEPHENSON; WEIL, 1992
ensino e aprendizagem de adultos, pois apud HASE; KENYON, 2000).
passou a considerar características e Hase e Kenyon (2000) afirmam que a
necessidades específicas dos adultos Heutagogia se posiciona num mundo atual
negligenciadas até então. No entanto, e dinâmico, em que:
ela ainda tem o professor como centro
da ação de aprendizagem, assim como a • a informação está disponível
Pedagogia, e não consideraria as questões rapidamente e em grande
sociais modernas, como a quantidade de quantidade;
informação e a rapidez com que ela se • as mudanças são tão rápidas que a
torna de conhecimento público. formação do aprendiz da maneira
Na Heutagogia, entende-se que o aprendiz como conhecemos está se tornando
seja capaz de determinar o que ele inadequada;
aprenderá em função do desenvolvimento • os conhecimento baseados em
de capacidades. Assim, uma pessoa capaz: disciplinas não estão dando conta
sabe como aprender, é criativa, tem alto da preparação para a vida e para o
grau de eficácia, é confiante em mobilizar trabalho;
40/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
• a aprendizagem está cada vez mais Outra teoria que contribui para a
alinhada ao que se faz; Heutagogia é a conceituação de
• exigência de práticas flexíveis aprendizagem de laço duplo, de Argyris e
de aprendizagem em função das Schön (1996 apud HASE; KENYON, 2000).
estruturas modernas; Esse conceito utiliza-se da reflexão e
do questionamento do que os autores
• necessidade de rápida aprendizagem.
chamam de “variáveis governantes” dos
Parte do fundamento da Heutagogia indivíduos, que podem ser entendidas
baseia-se nos escritos de Rogers sobre a como: “teorias em uso”, valores e
aprendizagem centrada no aluno. O autor suposições mobilizadas para resolver um
entende que: toda pessoa possui o desejo
problema ou uma situação. O esquema a
natural de aprender e tende a realizá-lo;
seguir ajuda a entender o laço duplo.
não se pode ensinar outra pessoa, apenas
facilitar a aprendizagem; todo aluno tem
uma certa resistência à aprendizagem
significativa, pois ela modifica o eu (self),
mas ele aprende quando a resistência é
pequena e ele se percebe envolvido no
processo.
41/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia
Quando temos uma situação, mobilizamos uma série de variáveis governantes para determinar
nossas ações esperando resolvê-las já prevendo uma determinada consequência. Quando o
resultado não é o esperado, revemos nossas ações e tentamos novamente. Esse processo é
chamado por Argyris e Schön por laço simples. Mas se essa revisão sobre nossas ações nos faz
refletir e questionar nossas variáveis governantes (“teorias em uso”, valores e suposições), o
processo é chamado de laço duplo.
Esse questionamento das variáveis governantes permite a alteração do que sabemos, ou seja,
aprendemos algo novo já relacionado com nosso conhecimento prévio e necessidades.

42/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


por si só, a aprendizagem autodirigida é
Link o processo em que o aprendiz (com ou
sem ajuda) toma a iniciativa sua formação
Para conhecer mais sobre as variáveis a partir da análise e percepção de suas
governantes e a teoria de laço duplo, leia o necessidades de aprendizagem.
artigo “Desenvolvimento de competências
gerenciais para a tomada de decisão através O professor, nesta perspectiva, tem a
da abordagem da aprendizagem na ação”, função de partilhar o conhecimento a
de Elvira M. V. Lantelme, Ercília H. Hirota fim de possibilitar que o aprendiz seja
e Carlos T. Disponível em: <http://www. autônomo e possa fazer suas próprias
infohab.org.br/entac2014/2002/Artigos/ escolhas no que se refere à aprendizagem.
ENTAC2002_1535_1544.pdf> Assim, a Heutagogia exige do aprendiz
grande envolvimento no processo de
A Heutagogia é o estudo da aprendizagem aprendizagem e um alto grau de reflexão.
autodirigida e não da autoaprendizagem. O quadro a seguir compara algumas ideias
Dessa forma, é preciso distinguir de Pedagogia, Andragogia e Heutagogia:
esses dois entendimentos: enquanto a
autoaprendizagem é a forma de aprender

43/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Quadro 1: Características de aprendizagem segundo a Pedagogia, a Andragogia e a Heutagogia

Características da
Pedagogia Andragogia Heutagogia
aprendizagem
O aluno é um agente
Professor é o centro
A aprendizagem é centrada no de sua formação,
Relação das ações, decide o que
aluno, na independência e na o professor é um
professor/aluno ensinar, como ensinar e
autogestão da aprendizagem. organizador e facilitador
avalia a aprendizagem.
da participação.
Razões alicerçadas
Crianças e adolescentes
As pessoas aprendem o que na vontade do aluno,
devem aprender o que
Razões da precisam saber (aprendizagem seus objetivos e
a sociedade espera que
aprendizagem para a aplicação prática na vida necessidades. O
saibam, seguindo um
diária). discente sabe por que
currículo padronizado.
precisa aprender.

44/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Características da
Pedagogia Andragogia Heutagogia
aprendizagem
A motivação para
Os adultos são sensíveis a
a aprendizagem é
estímulos externos (notas etc.), Busca a autonomia
fundamentalmente
mas são os fatores de ordem pessoal/profissional por
resultado de estímulos
Motivação interna que os motivam para isto está motivado a
externos ao aluno, como
a aprendizagem (satisfação, aprender de forma mais
notas, classificações
autoestima, qualidade de vida, autônoma.
escolares e apreciações
dentre outros).
do professor.
Reorganização das
O ensino é didático, A experiência é uma fonte rica experiências cotidianas,
Experiência do padronizado e a de aprendizagem, pela discussão que envolve a ação,
aluno experiência do aluno tem e solução de problemas feita em a reflexão na ação, a
pouco valor. grupo. reflexão sobre a reflexão
na ação.

45/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Características da
Pedagogia Andragogia Heutagogia
aprendizagem
Mistura pedagogia
Aprendizagem baseada em
com Andragogia,
Orientação da Aprendizagem por problemas, exigindo ampla
adaptados aos
aprendizagem assunto ou matéria. gama de conhecimentos para se
interesses/necessidades
chegar à solução.
individuais do aluno.
Os adultos estão dispostos Alunos mais
a iniciar um processo de disciplinados com
A finalidade é obter o
Vontade de aprendizagem desde que o aprender se
êxito e progredir em
aprender compreendam sua utilidade para comprometem com o
termos escolares.
enfrentar problemas reais da estudo a distância na
vida pessoal e profissional. busca dos objetivos.

Fonte: CAVALCANTI, R. A. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba, n. 6, ano 4, jul. 1999.
Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015.

Olhando a “evolução” dos conceitos entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia, nota-se que a
linha mestra dos três conceitos é a autonomia do aprendiz. Na Pedagogia, pelas caraterísticas

46/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


da própria criança, o aprendiz é conduzido totalmente ao aprendizado, já na Andragogia essa
condução é mais livre, mas ainda assim com a orientação externa do professor; talvez se possa
dizer que há uma autonomia relativa. Agora, na Heutagogia, a condução da aprendizagem é feita
pelo próprio aprendiz com a ajuda do professor; a autonomia do aprendiz neste caso é total.

Para saber mais


Epistemologia é o estudo da origem, da estrutura, dos métodos e da validade do conhecimento; também é
conhecida como teoria do conhecimento.

Fröebel entendia a criança era como uma semente que precisa receber cuidados periódicos para crescer de
forma saudável, criando para isso o primeiro jardim de infância. Até hoje, a educação de crianças sofre grande
influência deste educador.

Além de Fröebel, outros educadores também desenvolveram teorias e espaços voltados para as características
das crianças, como Maria Montessori. Para conhecer mais sobre os educadores acesse o link: <https://
novaescola.org.br/conteudo/96/friedrich-froebel-o-formador-das-criancas-pequenas>

47/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Para saber mais
A ação docente é realizada segundo a abordagem de ensino. Além da abordagem tradicional, têm-se
as abordagens: comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural.

Além da Pedagogia, da Andragogia e da Heutagogia, já se encontram outros conceitos: Paragogia


e Cybergogia. Saiba o que eles são no link: <http://www.desafiosdaeducacao.com.br/quatro-
conceitos-vao-moldar-educacao/>

Você sabia que, em 2001, uma única edição no jornal New York Times continha mais informação do
que uma pessoa receberia durante toda sua vida na Inglaterra do século XVIII? (VEJA, 2001, p. 63).

<http://veja.abril.com.br/acervo/home.aspx>

48/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Link
Para ler mais sobre as características do adulto, leia Oliveira (1998) no link a seguir: <http://www.
diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online/200/ANDRAGOGIA.pdf>

49/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Glossário
Diferença epistemológica: diferenças na origem e nos conceitos dos conhecimentos.
Professor tradicional: relaciona-se com a concepção de ensino do professor.
Autonomia: na Educação, é entendida como a capacidade de organizar por si seus estudos,
administrando seu tempo de dedicação e escolhendo as fontes de informação disponíveis.

50/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


?
Questão
para
reflexão

Como você organizaria o aprendizado de seus alunos na sua


área de conhecimento sob a perspectiva da Pedagogia, da
Andragogia e da Heutagogia?

51/212
Considerações Finais (1/2)

A Pedagogia trata da educação de crianças que eram entendidas


como mini adultos até o século XVIII, quando Rousseau alertou para as
necessidades de desenvolvimento e de cuidados específicos da criança.
O professor tem papéis diferentes na Pedagogia e na Andragogia;
na primeira, ele toma todas as decisões acerca da aprendizagem dos
alunos, enquanto que na segunda o professor é um parceiro do aluno
adulto.
Para uma boa relação entre professor e aluno adulto é preciso prestar
atenção aos 14 princípios do adulto propostos por Oliveira (1998).
A Heutagogia é o estudo da aprendizagem autoconduzida e como tal
pressupõe autonomia do aprendiz.

52/212
Considerações Finais (2/2)
A Heutagogia está amparada em, basicamente, dois conceitos: a
aprendizagem centrada no aluno de Rogers e a aprendizagem de laço
duplo de Argyris e Schön.
O aprendiz, na Heutagogia, precisa ter um alto grau de envolvimento e
de reflexão.

53/212
Referências

CAVALCANTI, R. A. Andragogia: a aprendizagem nos adultos. Revista de Clínica Cirúrgica da


Paraíba, n. 6, ano 4, jul. 1999. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/Vicentana/andragogia-a-
aprendizagem-nos-adultos> Acesso em: 10 set. 2015.

HASE, S. and KENYON, C. (2000). From andragogy to heutagogy. Ultibase, RMIT. Disponível em:
<http://ultibase.rmit.edu.au/Articles/dec00/hase2.htm> Acesso em: 10/09/2015.
KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON, Elwood F.; SWANSON, Richard. Aprendizagem de resultados:
uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Tradução:
Sabine Alexandra Holler. Rio de Janeiro: Eselvier, 2011.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia? Evolução histórica. 1998. Disponível em: <http://www.
diocese-braga.pt/catequese/sim/biblioteca/publicacoes_online>. Acesso em: 10 set. 2015.

54/212 Unidade 2 • Diferença entre Pedagogia, Andragogia e Heutagogia


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Pedagogia, Andragogia e Aula 2 - Tema: Pedagogia, Andragogia e


Heutagogia - Bloco I Heutagogia - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
a03076877e66d204906f0d14341d98ca>. 1d/52b3e53625e2d4edd5f3c93b84f50bc2>.

55/212
Questão 1
1. Na Pedagogia, o papel do professor é decisivo no que tange à escolha do
conteúdo e das estratégias utilizadas por ele. Assim, é correto afirmar que:

a) A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais o professor decide, junto aos alunos, quais
assuntos precisam ser aprendidos por eles.
b) Os alunos sempre entendem a importância do aprendizado porque ela fica clara com a
explicação do professor.
c) As crianças estão sempre prontas para aprender algum conteúdo na escola, afinal, é para
isso que elas estão ali.
d) A orientação para a aprendizagem das crianças é natural e ela consegue entender a
relação entre os conteúdos determinados pelo professor.
e) Os conteúdos determinados pelo professor, junto às estratégias de ensino, são aprovados
previamente pelo que a sociedade entende que é importante aprender.

56/212
Questão 2
2. O educador de crianças precisa se adaptar ao desenvolvimento infantil
porque:
a) As ideias das crianças variam de acordo com o entendimento que elas têm do que será
aprendido.
b) A cada faixa etária a criança necessita de cuidados especiais e o professor deve dar conta
desse cuidado.
c) A criança vai se tornando independente conforme vai amadurecendo ao longo dos anos.
d) Os conteúdos definidos pelo professor são tratados pelos alunos segundo o entendimento
da importância.
e) Elas mudam muito rapidamente e com isso mudam suas necessidades e vontades, fazendo
com que os conteúdos tenham de ser adaptados.

57/212
Questão 3
3. Dentre os princípios propostos por Oliveira (1998), o terceiro diz que “a
relação educacional é baseada na interação entre o professor e o aluno em
um ambiente de liberdade em que haja aprendizagem mútua”. Isso quer
dizer que:

a) O professor é parceiro do aluno, promovendo a interação entre os alunos para que haja
trocas de experiências e opiniões em que ele também aprende.
b) O professor é parceiro do aluno e cria situações de aprendizagem em que os alunos tenham
a sensação de que ele está aprendendo, mas o conhecimento do professor é suficiente
àquele momento.
c) O professor interage com os alunos de forma que eles troquem impressões e experiências
em um ambiente completamente controlado pelo educador.
d) A relação educacional necessita de experiências e conhecimentos do educador a fim de
promover interação entre os alunos.
e) Ter um ambiente de liberdade significa que cada aluno decide o que ele deve aprender e o
professor apenas orienta essa aprendizagem.

58/212
Questão 4
4. A Heutagogia é o estudo da aprendizagem autoconduzida e como tal
pressupõe autonomia do aprendiz, com grande desenvolvimento e alto
grau de reflexão. Assim, sobre a aprendizagem, pode-se dizer que:

a) A aprendizagem no mundo moderno está desorientada e sem objetivos claros, por isso a
Heutagogia apresenta-se como uma tábua de salvação para educadores e alunos.
b) O processo de aprendizagem do aluno precisa que ele tenha bastante conhecimento prévio
sobre o assunto para que tenha capacidade de escolher corretamente o que deve ser
aprendido.
c) O aprendiz, na Heutagogia, tem a liberdade de escolher o que será aprendido, mas a forma
como esse aprendizado será tratado em sala de aula é prerrogativa do professor.
d) A aprendizagem autodirigida permite que o aluno se envolva mais com o processo a partir
do momento em que ele pode pensar sobre o que e como aprender.
e) Pela quantidade de informação disponível nos dias de hoje, o aprendiz consegue aprender
o conteúdo sozinho.

59/212
Questão 5
5. Os conceitos-base da Heutagogia são a aprendizagem centrada no aluno
e a aprendizagem de laço duplo. Sobre esses conceitos é correto afirmar:

a) A aprendizagem centrada no aluno baseia-se em colocar o aluno num ponto central do


processo e permite que ele aprenda por observação de um ponto privilegiado.
b) O aluno adulto precisa se envolver no processo de aprendizagem para que ela ocorra, por
isso a aprendizagem centrada no aluno permite que ele estabeleça o que será ensinado
pelo professor.
c) O conceito de laço duplo pressupõe que o aprendizado modifique as variáveis governantes
pela reflexão e pelo questionamento.
d) As variáveis governantes permitem que o aprendiz se mantenha centrado enquanto outros
conceitos vão sendo modificados com a aprendizagem.
e) A aprendizagem de laço duplo tem esse nome porque o aprendiz revê seus conceitos duas
vezes.

60/212
Gabarito
1. Resposta: E. 3. Resposta: A.

Os conteúdos que precisam ser aprendidos A promoção da interação e da troca de


pelas crianças são definidos pelos experiências entre alunos e professor
Parâmetros Curriculares Nacionais, que são acontece quando os alunos percebem o
determinados pelo Ministério da Educação professor como parceiro que lhe auxilia a
e, portanto, socialmente aprovados. aprender.

2. Resposta: C. 4. Resposta: D.

Conforme a criança vai crescendo, ela A aprendizagem autodirigida pressupõe


também vai amadurecendo e se tornando a decisão do que e como será aprendido,
cada vez mais independente, de ação e de para decidir isso o aluno precisa se
pensamento, por isso o professor precisa se envolver intimamente e conhecer suas
adaptar às novas necessidades e interesses. necessidades, limitações e desejos.

61/212
Gabarito
5. Resposta: C.

A base do aprendizado por laço duplo é o


questionamento e a reflexão das variáveis
governantes, ou seja, teorias em uso,
valores, suposições.

62/212
Unidade 3
Educação do Jovem e do Adulto

Objetivos

1. Estudar o conceito e os pressupostos


da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
2. Conhecer a Educação de Jovens e
Adultos (EJA) no contexto brasileiro.
3. Conhecer a metodologia de
alfabetização de adultos de Paulo
Freire.

63/212
Introdução

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma política pública de acesso à escolarização


modalidade de ensino destinada a jovens para adultos que não haviam terminado a
e adultos, que abrange todos os níveis da Educação Básica. Nas décadas seguintes,
Educação Básica, criada com o objetivo de foram criados diversos programas
minimizar as desigualdades de formação governamentais com o objetivo de
educacional, segundo a Lei de Diretrizes e promover, de maneira ampla, formação
Bases da Educação Nacional – LDBEN nº escolar para pessoas excluídas da escola
9.595/96. e, consequentemente, aumentar o nível
de escolaridade da população brasileira.
Para saber mais Nesse período o governo assumiu a
responsabilidade por essa modalidade de
Outras modalidades de ensino definidas na educação, o que possibilitou a distribuição
LDB/96 são: Educação Profissional ou Técnica, de fundos públicos para a manutenção de
Educação Especial e Educação a Distância (EaD). programas educacionais.

A necessidade de promoção da educação Na década de 1960, o Ministério da


aos adultos é pensada desde a década Educação (MEC) organizou o Programa
de 1930, mas foi na década seguinte, em Nacional de Alfabetização de Adultos, que
1940, que a EJA foi entendida como uma utilizou as ideias e orientações de Paulo
64/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
Freire. Dentre essas orientações estava a descentralizadas, a orientação, supervisão
ideia de que a educação de adultos nessa pedagógica e produção de material
modalidade deveria ser crítica, voltada didático tinham um rígido controle central.
à transformação social, ao diálogo e ao A ideia do Mobral era o de alfabetizar
entendimento do papel de protagonista enquanto o analfabetismo não fosse
dos educandos. erradicado, mas, na década de 1970,
Porém, durante o governo militar, essa e ele teve de diversificar sua atuação e
outras ações acabaram por desaparecer passou a oferecer uma condensação
parcial ou completamente em função do curso primário, o que possibilitou o
das ações repressivas, pois as iniciativas desenvolvimento mais organizado da
existentes estavam relacionadas às ideias Educação de Jovens a Adultos (DI PIERRO;
de Paulo Freire, para quem a educação é JOIA; RIBEIRO, 2001).
essencialmente política e libertadora. A estrutura restante do Mobral tornou-
Em 1969, o governo criou o Movimento se Fundação Educar, que passou a apoiar
Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que iniciativas estaduais, municipais e da
funcionou até a metade da década de 1980 organização civil, que incorporaram
por meio de comissões municipais por todo educadores ligados à experiência da
o Brasil. Apesar de as comissões serem
65/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
educação popular, até então realizadas A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
prioritariamente na educação não formal. Brasileira (LDBEN/96), em seu artigo 37,
A Fundação Educar foi extinta na década define que a Educação de Jovens e Adultos
de 1990, não houve nenhum programa é destinada a pessoas que não tiveram
governamental de Educação de Jovens acesso ao Ensino Fundamental e Médio, ou
e Adultos até 1996, quando foi criado não conseguiram completá-los em idade
o Programa Alfabetização Solidária própria; o acesso aos cursos é oferecido de
(PAS), que lembravam as campanhas das forma gratuita e flexível para que o aluno
décadas de 1940 e 1950. Em 1998, foi possa concluir seus estudos.
criado o Programa Nacional de Educação A EJA foi criada visando a alunos jovens a
na Reforma Agrária (Pronera), que visava adultos que não tiveram oportunidade de
à educação de adultos em áreas de concluir sua formação básica. De maneira
assentamento. geral, são alunos trabalhadores que
Mais tarde, no ano de 2003, foi criado deixaram a escola por motivos de ingresso
o Programa Brasil Alfabetizado, que no mercado de trabalho ou alta defasagem
enfatizava o trabalho voluntário; em 2004, educacional.
o programa foi reformulado e revisado. Em 2011, havia no Brasil quase 12,9
milhões de analfabetos entre pessoas com
66/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
15 anos ou mais, o que representava 8,6% O que explicaria, então, essa queda de 25%
da população, segundo o 11º Relatório em matrículas na EJA, segundo a Revista,
de Monitoramento Global de Educação seriam quatro pontos, combinados ou de
para Todos da UNESCO (2014). No mesmo maneira individual: excesso de trabalho
ano, dados do INEP mostravam que 56,2 e problemas familiares que prejudicam
milhões de pessoas com mais de 18 os estudos; escolas distantes da moradia
anos não frequentavam a escola ou não ou do trabalho; ausência de exigência de
tinham completado o Ensino Fundamental escolarização nos empregos disponíveis;
(REVISTA NOVA ESCOLA, 2014). e aprendizado que não tem relação com a
Apesar da grande quantidade de pessoas vida do aluno.
que poderiam ser atendidas pela EJA, o
Censo tem mostrado que as matrículas
estão caindo ao longo dos anos. Em 2013, Link
ainda segundo a Revista Nova Escola Para ler a reportagem completa acesse:
(2014), havia aproximadamente 3,7 <https://novaescola.org.br/conteudo/2882/
milhões de pessoas matriculadas na EJA, por-que-jovens-de-15-a-17-anos-estao-
enquanto que em 2007 esse número era de na-eja>
quase 5 milhões.
67/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
A distância entre o que é ensinado e a aplicação na vida do aluno também é um dos motivos
pelo qual ele larga a escola no período regular.
Um dos grandes nomes da Educação de Jovens e Adultos é Paulo Freire. Ele foi um dos primeiros
educadores a trazer a realidade do educando para a sala de aula com o objetivo de alfabetizá-los.
Uma característica da EJA é a flexibilidade. A LDB/96 prevê que a educação formal esteja
disponível gratuitamente e de forma apropriada, considerando as características dos alunos,
sua condição de vida e de trabalho e seus interesses. Por isso, a oferta da modalidade de EJA
tem uma grande variedade de possibilidades: ensino presencial ou a distância, cursos seriados
ou modulares, material didático em módulos, avaliação em módulos ou por disciplinas. Di
Pierro, Joia e Ribeiro (2001, p. 62) escrevem que:

As iniciativas de educação a distância dominantes são as que se realizam


por televisão, em regime de livre recepção ou (muito raramente) recepção
organizada, em telepostos que combinam reprodução de programas
em vídeo, uso de materiais didáticos impressos e acompanhamento de
monitor.

68/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


O grande diferencial da EJA é a aceleração 1. Paulo Freire e EJA
dos estudos, já que se leva, ao mínimo, a
metade de tempo prevista para a conclusão Paulo Freire foi o educador brasileiro de
de um grau de ensino. maior notoriedade mundial. Ele nasceu
em 1921, em uma família de classe
No que tange ao controle do Ministério
média em Recife; perdeu seu pai quando
da Educação (MEC), os cursos de EJA
tinha 13 anos e passou a ter dificuldades
que oferecem o Ensino Fundamental I
econômicas. Formou-se em Direito, mas
deram continuidade aos programas de
atuou profissionalmente no magistério; em
alfabetização e acabaram por terem
1963, foi preso e exilado, quando foi para o
mais liberdade, tanto do local de oferta
Chile e publicou sua obra mais emblemática:
(igrejas, escolas, centros comunitários
Pedagogia do Oprimido. Retornando ao
etc.) quanto da duração. Di Pierro, Joia e
Brasil, ingressou na vida universitária,
Ribeiro (2001) alegam que essa liberdade
tornou-se Secretário de Educação de São
deve ter ocorrido porque esses programas
Paulo; foi nomeado doutor honoris causa em
não representavam o término da Educação
28 universidades em vários países e teve sua
Básica, no entanto, os programas de Ensino
obra traduzida em mais de 20 anos. Morreu
Fundamental II tiveram que se submeter à
em 1997 de enfarte.
regulação mais rígida.
69/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
Para Paulo Freire, o objetivo da educação
era conscientizar o educando para que Para saber mais
ele pudesse se libertar de sua condição Paulo Freire, a partir da alfabetização desse
de oprimido; para Freire, a escola deveria grupo, foi responsável pelo Plano Nacional
formar criticidade no aluno e não continuar de Alfabetização, que previa 20 mil núcleos
com a educação elitista e bancária, em espalhados pelo Brasil, com a preparação de
que os professores depositavam seu educadores.
conhecimento no aluno que acumularia
esse conhecimento. Freire entedia que Seu método consiste, basicamente, em
a educação deveria ser essencialmente relacionar a imagem ao som e à palavra.
política. Ele percebeu isso, segundo sua viúva Ana
Foi nesse contexto que ele desenvolveu um Maria Araújo Freire (2006), com seu filho
método de alfabetização de adultos, com de dois anos; ele vira uma placa de Nescau
o qual ensinou 300 pessoas a ler e escrever na rua e começou a cantarolar a música da
em 45 dias. propaganda associando a palavra da placa
com o alimento que ele consumia.
A partir desse fato ele começou a
refletir sobre a lógica do que acontecera
70/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
e elaborou um caminho cognitivo-epistemológico, chamado de método Paulo Freire de
alfabetização.
Ele primeiro testou seu método com sua então empregada doméstica, conhecida como mãe, de
aproximadamente 50 anos.
Em seu livro “Educação como prática da liberdade”, Paulo Freire propõe a aplicação de seu
método em cinco fases, conforme esquema a seguir:

A primeira fase é o “levantamento do universo vocabular dos alunos”. O objetivo desta fase
é conhecer o grupo com o qual se trabalhará, conhecendo o grupo e estreitando a relação
entre professor e aluno de maneira informal e carregada de emoções e sentimentos; essa
aproximação permitirá maior interação entre professor e aluno, o que auxilia a aprendizagem.
Nesse processo, o educador precisa também anotar as palavras utilizadas pelo grupo de

71/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


alunos e identificar as palavras-chave, ou precisa escolher situações típicas e
geradoras, que precisam sugerir situações desafiadoras do grupo de alunos para levar
cotidianas e significativas dos alunos. à sala de aula. Essas situações precisam
Esta etapa talvez seja a mais importante, ser carregadas de elementos que serão
pois é partir dela que todo o trabalho discutidos e decodificados pelo grupo com
de alfabetização será feito a partir da a ajuda do educador. Neste momento, o
realidade do aluno. educador tem a chance de proporcionar
A segunda etapa é a “escolha das palavras aos educandos reflexão sobre a sua
selecionadas do universo vocabular realidade.
pesquisado”. Essa escolha não é aleatória, Na quarta fase, “elaboração de fichas-
ela deve ser pensada por três critérios: roteiro”, o educador precisa organizar
riqueza fonética; dificuldades fonéticas em fichas que o auxiliarão a promover o debate
uma sequência gradativa de dificuldade; com seus alunos. Essas fichas devem servir
uso da palavra de forma que ela seja de base, mas não podem ser rígidas para
utilizada em uma determinada realidade que o educador não corra o risco de cercear
social, cultural, política etc. o pensamento do aluno.
A terceira etapa é a “criação de situações A quinta a última fase é a “elaboração
existenciais”. Neste momento, o educador de fichas para a decomposição das
72/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto
famílias fonéticas”. A partir dos vocábulos
geradores, retirados da realidade do aluno,
o educador deve utilizar slides, cartazes,
fotografias, ou seja, diferentes materiais.
Link
Apesar do seu método de alfabetização, Conheça os relatos da primeira turma formada
Paulo Freire pensava a educação como um por Paulo Freire sobre suas aulas:
todo e dizia que um professor engajado
<http://g1.globo.com/rn/rio-grande-
em uma prática transformadora procura
do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-
desmistificar e questionar a realidade
metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-
e levar seu aluno a refletir sobre sua
lembrar-das-aulas.html>
condição para que consiga transformar sua
realidade.
Dessa forma, o professor procura criar
Conheça o Instituto Paulo Freire: <http://www.
em seus alunos condições para que a
paulofreire.org/>
consciência ingênua seja superada e que
se possa perceber as contradições da
sociedade e dos grupos em que vivem.

73/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


Para saber mais
As ideias de Paulo Freire foram de grande
influência para a abordagem de ensino
sociocultural, em que se entende que a educação
precisa formar educandos críticos a ponto de
poderem modificar sua realidade. Para saber
mais sobre esta abordagem de ensino, leia o livro
de Maria da Graça Nicoletti Mizukami, intitulado
“Ensino: as abordagens do processo”, publicado
pela Editora EPU em 1986.

74/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


Glossário
INEP: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira, órgão do Ministério da
Educação.
Famílias fonéticas: são os fonemas gerados pela mesma consoante com as diferentes vogais:
ta, te, ti, to, tu.
Nível de ensino: o artigo 21, da LDB/96, define que os níveis de ensino são compostos de
Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, e de
Educação Superior.

75/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


?
Questão
para
reflexão

A partir do que você já estudou sobre a Andragogia,


faça uma relação das fases da alfabetização propostas
por Paulo Freire com os pilares da Andragogia.

76/212
Considerações Finais (1/2)

Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação Básica, cujo


objetivo é proporcionar formação escolar a pessoas com idade a partir de 15
anos que não conseguiram estudar no tempo regular.
No Brasil, foram criadas várias campanhas e programas para incentivar a
alfabetização de adultos.
Os programas de EJA são divididos em Ensino Fundamental I, Ensino
Fundamental II e Ensino Médio.
O maior representante de educadores de adultos no Brasil foi Paulo Freire,
que desenvolveu uma metodologia de alfabetização de adultos a partir da
realidade dos educandos.
A metodologia de Freire consiste, basicamente, em relacionar imagem e som
com situações do dia a dia do aluno.

77/212
Considerações Finais (2/2)

Paulo Freire defendia que a educação é essencialmente política e objetiva


formar criticidade no aluno para que ele possa se libertar da sua condição de
oprimido.

78/212
Referências

FREIRE, Ana Maria Araújo. Paulo Freire, uma história de vida. Indaiatuba: Villa das Letras
Editora, 2006.
FREIRE. Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 34. edição. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE. Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
DI PIERRO, Maria Clara; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da educação de jovens
e adultos no Brasil. Cad. CEDES, Campinas, v. 21, n. 55, p. 58-77, nov. 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000300005&lng=en&
nrm=iso> Acesso em: 12 set. 2015.

REVISTA NOVA ESCOLA. Por que o número de alunos da EJA está caindo? 9 de abril de 2014.
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/2014/04/09/por-que-o-numero-de-
alunos-da-eja-esta-caindo/> Acesso em: 12 set. 2015.

STRELHOW, Thyeles. Breve história sobre a educação de jovens e adultos no Brasil. Revista
HISTEDBR On-line, Campinas, n. 38, p. 49-59, jun.2010. Disponível em: <http://uab.ufac.
br/moodle/pluginfile.php/14242/mod_resource/content/1/Caejadis%20-%20Texto%201%20
(Breve%20histu00F3ria%20da%20EJA%20no%20Brasil).pdf> Acesso em: 12 set. 2015.

79/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


UNESCO. Teaching and Learning: Achieving quality for all. 11º Relatório de Monitoramento
Global de Educação para Todos da UNESCO. 2014. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.
org/images/0022/002256/225660e.pdf> Acesso em: 12 set. 2015.

80/212 Unidade 3 • Educação do Jovem e do Adulto


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Educação de Jovens e Adultos - Aula 3 - Tema: Educação de Jovens e Adultos -
Bloco I Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1fcbb73b1963f28c0cb9f24331c324a2>. 20704811f3eb3be3fa674637306ceffc>.

81/212
Questão 1
1. Sobre a Educação de Jovens e Adultos é correto afirmar que:

a) A preocupação com a alfabetização de adultos é relativamente nova, data da década de


1940 e teve grande avanço no país, apesar de o governo não incentivar nenhuma ação
nesse sentido.
b) Houve um período no Brasil em que a alfabetização de adultos não era prioridade e o
governo se absteve de qualquer incentivo que pudesse mudar essa situação.
c) O início do programa de EJA ocorreu em função da necessidade de alfabetização de
adultos.
d) O programa de EJA com maior sucesso foi o Mobral, em que os alunos tinham conteúdos de
ciências, matemática, português, entre outros, desde seu início na década de 1970.
e) A preocupação com a alfabetização de adultos no Brasil teve início na década de 1940 e
erradicou o analfabetismo no país em 2013.

82/212
Questão 2
2. O número de pessoas matriculadas em programas de EJA tem diminuído
ao longo dos anos. Uma possível explicação sobre isso poderia ser:

a) A escola é chata e, com isso, os alunos saem sem que tenham terminado seus estudos.
b) Ainda que os empregos exijam alto grau de escolaridade, os adultos não conseguem
estudar e por isso há muitos desempregados.
c) As matrículas na EJA caíram porque a quantidade de alunos que precisam dessa
modalidade de ensino diminuiu devido ao sucesso dos programas do governo.
d) Apesar de as escolas serem geograficamente perto das casas dos estudantes, eles não
conseguem chegar lá por causa da situação do transporte público.
e) Os alunos adultos não conseguem estudar porque eles precisam trabalhar e não têm
tempo de estudar, além de as escolas, muitas vezes, situarem-se distantes da residência do
educando.

83/212
Questão 3
3. Assinale a questão mais adequada aos preceitos freirianos sobre educa-
ção:

a) A educação é política e deve ser utilizada para que o aluno adulto alcance sua autonomia.
b) A política envolvida na educação de adultos tem apenas o objetivo de permitir que melhore
de vida, sem considerar a sociedade em que ele vive.
c) O aluno adulto precisa conhecer conteúdos da educação formal que não seria possível se
não fosse aprendido na escola.
d) Apenas o professor tem o conhecimento suficiente para instruir os alunos, crianças e
adultos.
e) A educação política proporcionada pela educação tem o objetivo de inserir o aluno o
processo eleitoral.

84/212
Questão 4
4. O processo de alfabetização criado por Paulo Freire parte do cotidiano
do alunado. Sobre as fases desse processo é correto afirmar que:
a) A fase de levantamento do universo vocabular dos alunos é determinada pela pesquisa
sistemática da vida dos alunos a fim de conhecer sua realidade.
b) A etapa de escolha das palavras selecionadas do universo vocabular pesquisado deve
ser criteriosa e precisa levar em conta questões de fonética, seu uso e a possibilidade de
utilizá-las para proporcionar reflexão sobre a realidade.
c) A criação de situações existenciais consiste em escolher momentos da vida do educador
que possa ser utilizada em sala de aula.
d) A elaboração de fichas-roteiro é a organização das situações existenciais que auxiliarão o
debate em sala; uma vez elaborada a ficha, não pode ser modificada.
e) A quinta fase é a elaboração de fichas para a decomposição das famílias fonéticas em que
o educador separa os vocábulos e faz os alunos repetir várias vezes para memorizá-los.

85/212
Questão 5
5. A metodologia de alfabetização de adultos desenvolvida por Paulo Freire
tem relação com alguns pilares da Andragogia. Assinale a questão correta.

a) A metodologia de Freire permite que o aluno entenda a necessidade daquele saber e se


envolva mais no processo de aprendizagem, podendo, assim, melhorar de vida e de amigos.
b) O autoconceito do aprendiz analfabeto é alto e ele não precisa de nenhum estímulo para
aprender.
c) Ao partir das experiências dos alunos, Paulo Freire consegue articular a alfabetização com o
dia a dia do aluno, possibilitando a prontidão do aluno em aprender.
d) A aplicação prática do que será aprendido ficaria mais clara se Paulo Freire partisse da
experiência dos alunos para ensinar.
e) A motivação do aprendiz para a aprendizagem está centrada justamente no incentivo do
professor.

86/212
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: B.
O início do programa de EJA se deu em A etapa de escolha das palavras
função da alfabetização de adultos, selecionadas do universo vocabular
mas durante a década de 1970 o Mobral pesquisado deve levar em consideração
precisou expandir sua atuação a fim de as possibilidades de seguir com o
sobreviver como programa. questionamento da realidade dos alunos
a fim de proporcionar reflexão, além de
2. Resposta: E. possibilitar a alfabetização.
Um dos possíveis motivos que impedem os
alunos adultos de continuar estudando é 5. Resposta: C.
que o tempo disponível para estudo após
as obrigações profissionais é pequeno. Ao partir das experiências dos alunos,
Paulo Freire consegue articular a
3. Resposta: A. alfabetização com o dia a dia do aluno,
possibilitando a prontidão do aluno em
A educação, para Paulo Freire, é aprender, a motivação e a orientação para
essencialmente política e deve a aprendizagem.
proporcionar a emancipação do educando.
87/212
Unidade 4
Adultos em Processo de Formação Continuada

Objetivos

1. Pensar sobre a formação continuada


como um processo vital para o
desenvolvimento profissional.
2. Conhecer as principais ideias
sobre educação continuada e suas
possibilidades.
3. Refletir sobre possibilidades de
atuação na educação continuada.

88/212
Introdução

Os tempos de hoje mudam tão se torna mais do que fundamental. Uma


rapidamente que temos cada vez mais maneira de se manter sempre atualizado é
a sensação de que estamos defasados, por meio da formação continuada.
seja em relação às novas informações Pensar em formação, de maneira ampla,
que surgem a cada dia, seja em relação às significa pensar em desenvolvimento, que
tarefas que temos de executar. De fato, a pressupõe continuidade. Pode-se dizer que
cada dia aparecem novas ideias, conceitos, a formação continuada é uma formação
teorias, técnicas etc. constante ao longo da vida.
A necessidade de manter-se atualizado Quando se pensa em formação,
diante de tantas novidades é urgente; e costumeiramente, se pensa em um curso
cada vez mais difícil também. Não só pela específico para uma profissão: no Ensino
quantidade de informação que se tem Superior, seria a graduação; na Educação
disponível, mas também pelas diferentes Profissional, seria o curso técnico. A esse
possibilidades, de artigos a cursos, primeiro “treino” para uma profissão
passando por livros, congressos, entre chamamos de formação inicial. São sobre
outros. os conhecimentos adquiridos nela que os
Essa necessidade de atualização constante novos, adquiridos na formação continuada,
sempre foi real, mas, nos dias de hoje, ela serão alicerçados.
89/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada
Assim, formação continuada é entendida não tivermos meio de colocar em prática o
como a formação após essa primeira etapa, que foi aprendido, esse novo conhecimento
como a pós-graduação, normalmente tenderá a cair no esquecimento. Quantas
ligada à nossa atuação profissional. Fazer vezes, em nossas profissões, vimos
um curso de pós-graduação ligado à sua alguma coisa que nos chamou a atenção,
área de conhecimento é uma maneira como uma nova técnica, conceito ou
formal de educação. instrumento, e não quando retornamos
O importante em uma formação para o dia a dia não conseguimos colocá-la
continuada é que haja intencionalidade por em prática e ela caiu no esquecimento?
parte do educando em aprender, o que está Quando eu trabalhava com formação
diretamente relacionado a alguns pilares de cozinheiros, muitos vinham até a
da Andragogia que vimos até o momento: Instituição, aprendiam diversas técnicas
necessidade de saber, prontidão para e possibilidades, mas quando retornavam
aprender, orientação para aprendizagem e aos seus restaurantes nada mudava. Os
motivação. escritos de Christov (2003) sobre formação
No entanto, a intencionalidade da continuada de professores podem nos
aprendizagem sozinha não garante o ajudar a pensar nos motivos pelos quais
sucesso de uma formação continuada; se esse novo conhecimento não contribuía o
90/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada
quanto se esperava. Ela diz que, para que Por vezes, quando há ausência do contexto
o sucesso de um programa de formação de trabalho em programas de formação,
continuada ocorra, é preciso pensar em o educando pode entender que aquele
três aspectos: novo conhecimento não será aplicado e,
1. Um contexto de trabalho – portanto, pode se fechar a ele.
instituição, empresa, cidade etc. Outras vezes, a empresa acredita que
2. Compreensão de que o programa um programa de formação feito por seus
apenas não será responsável por funcionários vai melhorar sua empresa,
todas as melhoras. mas sem que haja o terceiro quesito
nenhum programa terá o efeito esperado.
3. Condições para a viabilização de
melhorias – vontade dos envolvidos, As condições para viabilizar as melhorias
recursos financeiros e organização do podem ser o item mais importante, pois
trabalho. sem vontade dos envolvidos, funcionários
Esse cozinheiro, possivelmente, não e chefes, nenhuma mudança será efetiva;
encontrou uma dessas três condições se houver vontade e não recursos, as
quando retornou ao trabalho disposto a mudanças também não serão efetivas.
promover melhorias. Da mesma forma, se houver vontade e
recursos, mas a organização do trabalho
91/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada
se mantiver a mesma, pode ser que o treinamentos, até palestras, discussões,
resultado esperado também não seja pesquisas, entre outros.
atendido. O fato é que, para estarmos sempre nos
A formação continuada pode acontecer por formando ou nos desenvolvendo, temos à
meio da educação formal ou da educação disposição diversas possibilidades.
não formal. A primeira diz respeito a Andrade (2011) estudou o
programas formais oferecidos por escolas e desenvolvimento profissional docente
Instituições de Ensino Superior; eles têm de professores de cursos superiores de
objetivos específicos, seguem uma diretriz tecnologia. No que tange à fonte para
educacional com currículos e possuem esse desenvolvimento, ela percebeu que
supervisão de um órgão superior, no caso as respostas foram bastante variadas.
do Brasil, o Ministério da Educação. As fontes de atualização mais comuns
A educação não formal é mais flexível, utilizadas pelos professores estão
não há um currículo a ser seguido e pode destacadas a seguir:
ser oferecida por inúmeras instituições,
educacionais ou não educacionais.
Nesse escopo, têm-se as mais variáveis
formas, desde cursos estruturados, como
92/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada
Quadro 1: Fontes de desenvolvimento profissional docente

1 A experiência e a prática profissional adquiridas


2 A observação atenta do desenvolvimento dos alunos com os quais trabalho
3 A troca de ideias com os colegas no grupo de trabalho
4 A formação escolar de base que recebi
5 Consulta a livros e revistas especializadas
6 As reuniões de planejamento da Instituição
7 Minha experiência pessoal e familiar
8 As orientações pedagógicas fornecidas em cursos
9 A observação do comportamento dos colegas
10 A participação em seminários e congressos sobre educação
11 Os cursos de atualização promovidos pela direção da Instituição
12 As publicações voltadas para a Educação Superior

Fonte: Andrade (2011)

A experiência foi a principal fonte de atualização dos professores. Esse fato corrobora com o
que vimos nas aulas anteriores. A educação de adultos deve partir da experiência, pois é o elo
mais importante em programas pensados para adultos.

93/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


A segunda fonte de desenvolvimento portanto, a coletividade é fator essencial
profissional docente foi a observação no planejamento de programas formais ou
atenta de seus alunos. Da mesma forma não formais.
que a primeira, a segunda fonte também Da mesma forma, as possibilidades de
é relacionada com a prática docente. formação continuada precisam promover
Novamente, é preciso pensar que qualquer reflexão nos educandos; é por meio dela
possibilidade de formação continuada que as práticas, conceitos e experiências
de adultos precisa partir do contexto do serão revisitadas e, possivelmente,
trabalho. ressignificadas, contribuindo assim para a
A terceira e a nona fonte de aprendizagem e para o desenvolvimento
desenvolvimento estão relacionadas à profissional.
coletividade: troca de ideias com os colegas Dentre as outras fontes de
no grupo de trabalho e a observação do desenvolvimento, podemos ainda
comportamento dos colegas. A observação destacar: experiências sociais fora do
é uma forma de interação entre as pessoas, ambiente de trabalho (formação escolar
ainda que sem palavras. recebida, experiência pessoal e familiar);
A formação continuada ocorre na situações promovidas no próprio trabalho
interação e na troca de experiências, (reuniões de planejamento da Instituição,
94/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada
orientações pedagógicas fornecidas em cursos, cursos de atualização promovidos pela direção
da Instituição); e outras fontes de conhecimento (consulta a livros e revistas especializadas,
participação em seminários e congressos sobre Educação e publicações voltadas para a
Educação Superior).
Os cursos promovidos com o objetivo de promover a educação continuada também são
bastante variáveis, segundo Andrade (2011). Pouco mais da metade dos professores
questionados alegaram ter feito algum tipo de curso nos últimos dois anos com cargas horárias
que variavam entre 8 a 80 horas.
Isso mostra que a formação continuada pode ser de inúmeras formas desde que seja
intencional e promova interação entre as pessoas e reflexão sobre suas práticas.

Para saber mais


Além da formação inicial e da formação continuada, há ainda a formação inicial e continuada de
professores. Isso ocorre quando um profissional já formado em uma área e vai continuar seus estudos
em outra. Um exemplo disso pode ser quando um administrador faz um curso de pós-graduação em
formação para o Ensino Superior (Educação).

95/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


Para saber mais
A reflexão é um importante instrumento de desenvolvimento e aprendizagem. Schön escreveu sobre
a necessidade dessa reflexão para a formação de professores. Para saber mais, leia o artigo de Newton
Duarte. <http://books.scielo.org/id/ysnm8/pdf/martins-9788579831034-03.pdf>

Os cursos de graduação no Brasil são: Bacharelados, Licenciaturas e Cursos Superiores de Tecnologia.


Todos eles permitem ao egresso prosseguir em seus estudos em programas de pós-graduação stricto
senso, mestrado ou doutorado.

Alguns autores diferenciam educação permanente de educação continuada. Para saber mais sobre isso
acesse o link: <http://www.abennacional.org.br/2SITEn/Arquivos/N.045.pdf>

Para ler mais sobre formação continuada, acesse o link: <http://www.vdl.ufc.br/solar/aula_link/


lquim/A_a_H/estrutura_pol_gest_educacional/aula_01/imagens/01/Educacao_Formal_
Nao_Formal_2005.pdf>

96/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


Glossário
Instituição de Ensino Superior: instituições que oferecem cursos de formação em nível
superior, como graduação e pós-graduação.
Cursos Superiores de Tecnologia: cursos de graduação com foco no aprofundamento de
conteúdos tecnológicos ligados diretamente à produção e à gestão de produtos e serviços.
Formação escolar: formação recebida na escola que compreende a Educação Infantil e
Educação Fundamental.

97/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


?
Questão
para
reflexão

Faça um programa de formação continuada de adultos


na sua área de conhecimento. Pode pensar a partir
das suas necessidades ou na de colegas de trabalho.
O importante é relacionar o programa com os pilares
da Andragogia e com as necessidades de reflexão e
interação.

98/212
Considerações Finais (1/2)
A formação continuada de adultos ocorre após a formação inicial, ou na
primeira graduação, no caso do Ensino Superior. Um curso técnico de
nível médio também é entendido como formação inicial se for a primeira
profissionalização da pessoa.
É preciso que haja intencionalidade do educando na educação continuada, o
que se relaciona com alguns dos pilares da Andragogia.
Para um programa de formação continuada seja efetivo na melhoria
constante é preciso que haja: um contexto de trabalho – instituição, empresa,
cidade; compreensão de que o programa apenas não será responsável por
todas as melhoras; e condições para a viabilização de melhorias – vontade
dos envolvidos, recursos financeiros e organização do trabalho.
A formação continuada pode ser por meio da educação formal ou não formal.
A educação formal segue parâmetros centrais e são oferecidos por escolas e
Instituições de Ensino Superior. A educação não formal é mais flexível e pode
ser oferecida por diversas organizações, desde empresas a associações.
99/212
Considerações Finais (2/2)
Formação significa desenvolvimento que, por sua vez, pressupõe
continuidade.
As fontes de desenvolvimento são inúmeras, mas as mais comuns são cursos.
Dentre outras possibilidades, tem-se a prática, a interação com colegas,
experiências sociais fora do ambiente de trabalho, situações promovidas no
próprio trabalho, assim como outras fontes de conhecimento.
A formação continuada precisa ser intencional e promover a interação entre
os educandos e a reflexão sobre suas práticas.

100/212
Referências

ANDRADE, Roberta R. M. Desenvolvimento profissional de professores de Cursos Superiores


de Tecnologia. Tese (Doutorado em 2011) - PUC/SP. São Paulo, 2011.
CHRISTOV, Luiza Helena da Sila. Educação continuada: função essencial do coordenador
pedagógico. In: PLACCO, Vera. O Coordenador pedagógico e a educação continuada. São
Paulo: Loyola, 2003. p. 9-12.
GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/não-formal. In: Droit à l’éducation: solution
à tous les problèmes ou problème sans solution? Institut International Des Droits De L’enfant
(IDE), Suiça, 2005. Disponível em: <http://www.vdl.ufc.br/solar/aula_link/lquim/A_a_H/
estrutura_pol_gest_educacional/aula_01/imagens/01/Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.
pdf> Acesso em: 12 set. 2015.

101/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Adultos em Processo de Formação Aula 4 - Tema: Adultos em Processo de Formação
Continuada - Bloco I Continuada - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
dfc7ad6426b27d8f63cf6392801e279a>. e24058133dbd821d96df9d7fcca1f311>.

102/212
Questão 1
1. Assinale a afirmação correta:

a) A formação continuada é a formação que é feita ao longo da vida depois do Ensino Médio.
b) A formação inicial acontece na graduação ou em cursos técnicos, desde que seja o primeiro
“treino” para uma profissão.
c) A educação continuada pode ocorrer na forma de cursos ou outras menos formais, desde
que ela seja em outra área do conhecimento.
d) A educação continuada ocorre quando uma pessoa já passou por tantos cursos desde que
iniciou sua trajetória profissional.
e) Formação inicial é o único curso que se faz quando se está iniciando a formação, ou seja,
trata-se dos cursos feitos na escola.

103/212
Questão 2
2. Quais pilares da Andragogia podem ser relacionados à
intencionalidade de um adulto em se desenvolver continuamente?

a) Motivação, orientação para a aprendizagem, autoconceito do aprendiz e prontidão para


aprender.
b) Motivação, orientação para a aprendizagem, prontidão para aprender e necessidade de
saber.
c) Motivação, orientação para a aprendizagem, necessidade de saber e papel da experiência.
d) Motivação, orientação para a aprendizagem, necessidade de saber e autoconceito do
aprendiz.
e) Motivação, necessidade de saber, papel das experiências e prontidão para aprender.

104/212
Questão 3
3. Sobre formação continuada, escolha a alternativa adequada:

a) A formação continuada tem diversas fontes e apenas que são feitas fora do contexto de
trabalho são importantes.
b) A formação continuada pode ter diversas fontes e as mais que mais têm sucesso são as
feitas no mesmo lugar em que o educando trabalha.
c) A formação continuada pode ter diversas fontes, mas apenas as que são de fontes
informais proporcionam melhor reflexão sobre a própria prática.
d) A formação continuada pode ter diversas fontes, mas apenas os cursos formais podem
proporcionar real desenvolvimento.
e) A formação continuada pode ter diversas fontes e todas são importantes desde que
possibilite desenvolvimento.

105/212
Questão 4
4. Independentemente da vontade com que o aprendiz vá a procura de
desenvolvimento profissional, essa formação possibilitará mudança ape-
nas se houver:

a) Um contexto de trabalho, recursos financeiros e organização do trabalho.


b) Um contexto de trabalho, entendimento de que apenas a formação resolverá e recursos
pessoais e financeiros.
c) Um contexto de formação, entendimento de que apenas a formação não resolverá e as
condições de viabilização de melhorias.
d) Entendimento de que a formação apenas não será responsável pela melhoria, recursos
financeiros e condições de trabalho.
e) Entendimento de que a formação apenas não será responsável pela melhoria, viabilização
de melhorias e vontade dos envolvidos.

106/212
Questão 5
5. Assinale as duas questões principais que a formação continuada deve
promover. Uma delas provoca troca de experiências, o que desencadeia
a segunda, que permite ao adulto repensar sua prática e modifica-la.

a) Interação e reflexão.
b) Interação e estudo.
c) Leitura e estudo.
d) Leitura e reflexão.
e) Estudo e reflexão.

107/212
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: C.

A formação inicial acontece na graduação Um contexto de formação, entendimento


ou em cursos técnicos desde que seja o de que apenas a formação não resolverá e
primeiro “treino” para uma profissão. as condições de viabilização de melhorias,
como vontade dos envolvidos, recursos
2. Resposta: B. financeiros e organização do trabalho.

Os pilares ligados à intencionalidade da 5. Resposta: A.


educação continuada são: motivação,
orientação para a aprendizagem, prontidão A interação promove troca de experiências,
para aprender e necessidade de saber. e conhecendo outras possibilidades de
atuação o educando pode refletir sobre sua
3. Resposta: E. própria prática e alterá-la.

A formação continuada pode ter diversas


fontes e todas são importantes desde que
possibilitem desenvolvimento.

108/212
Unidade 5
Estilos de Aprendizagem

Objetivos

1. Entender o que são estilos de


aprendizagem.
2. Conhecer alguns estilos de
aprendizagem.
3. Estudar sobre as características dos
estilos de aprendizagem segundo
Barbe.
4. Conhecer os estilos de aprendizagem
segundo Kolb.

109/212
Introdução

Você já pensou em como você aprende? de 1950, sete na década de 1960, 21 na


E como seus amigos aprendem? Seriam década de 1970, 22 na década de 1980 e
iguais, parecidos ou completamente 17 na década de 1990. As origens desses
diferentes? estudos são dos Estados Unidos, Inglaterra
Cada pessoa tem características diferentes e Europa ocidental.
e, portanto, tem comportamentos Apesar de ter vários conceitos, o mais
diferentes em relação à aprendizagem, aceito é o entendimento de que o
ou seja, possuem diferentes estilos de estilo de aprendizagem é composto de
aprendizagem. características cognitivas, afetivas e
Os estilos de aprendizagem tornaram-se psicológicas que o aluno recebe e interage
populares em meados dos anos 1970 e com o ambiente de aprendizagem.
tiveram grande influência na Educação. Da mesma forma, há diferentes modelos,
Coffield et al. (2004) fizeram uma extensa dos quais serão destacados a seguir:
pesquisa sobre as teorias de estilos de modelo de Barbe e a aprendizagem
aprendizagem; os autores listaram três experiencial de Kolb.
trabalhos sobre o tema, datados de antes
da década de 1950, quatro na década

110/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


1. Modelo de Barbe  No estilo visual, as pessoas privilegiam
o sentido da visão como forma de reter
O modelo criado por Walter Burke Barbe as informações, como imagens, gráficos,
(BARBE; MILONE JR., 1981) possui três formas etc. Elas tendem a ter mais
estilos: visual, auditivo ou cinestésico. habilidade de fazer leitura corporal e
Esse modelo é o mais conhecido pelos têm boa percepção estética, além de
educadores. Este modelo, também, é o serem capazes de memorizar diversas
mais utilizado pela neurociência informações, principalmente se estiverem
Barbe e Milone explicam que esse escritas; eles aprendem melhor quando
modelo inicialmente diferencia força assistem à aula.
de aprendizagem de preferência de
As aulas para essas pessoas precisam
estilo porque nem sempre a forma como
ter informações visuais suficientes, mas
preferimos receber as informações é a que
se deve tomar cuidado para não ter
melhor nos faz aprender. Neste modelo,
entende-se que cada aluno possui uma, informação em excesso. Se você for, como
ou mais, maneiras de receber informações chamamos, de visual, existe a possibilidade
que facilitam sua aprendizagem. Os de alguma vez você se pegar sem prestar
estímulos podem ser visuais, auditivos ou atenção em uma aula ou palestra porque
cinestésicos. o slide que o professor estava utilizando
111/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem
estava mexendo? Pois estímulo demais se aulas e as escutem depois, repetindo o que
torna distração. está sendo aprendido em voz alta com suas
Essas pessoas ainda tendem a olhar a próprias palavras e leem textos em voz alta.
situação de forma panorâmica para depois No estilo cinestésico, a grande força de
focalizar nos detalhes, utilizar-se de códigos aprendizagem é o movimento. Pessoas com
de cor e fazer mapas conceituais. essa característica utilizam-se de gestos,
No estilo auditivo, privilegia-se o sentido da movimentos corporais, manipulação de
audição; a informação é retida pela escuta objeto; gostam de colocar a “mão na massa”
e pela fala, prestando atenção ao ritmo para facilitar a aprendizagem, por isso
e ao tom. Normalmente, essas pessoas preferem demonstrar como se faz ao invés
preferem que alguém lhes diga como fazer de explicá-lo.
alguma coisa e ele sintetiza em voz alta e, É comum elas serem boas em matemática
muitas vezes, elas têm talentos musicais e, normalmente, preferem trabalhos em
ou conseguem se concentrar melhor com grupo. A aprendizagem para essas pessoas é
música de fundo. facilitada se elas fizerem na prática.
As aulas pensadas para esses alunos O quadro a seguir, de Ana Maria Alvarez,
precisam conter elementos sonoros; para resume os diferentes estilos propostos por
eles estudarem é comum que eles gravem as Barbe:
112/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem
Quadro 1: Estilos de aprendizagem

Visual Auditivo Cinestésico


Estilo de Aprende por visão; Aprende por instruções Aprende fazendo por
aprendizagem observa demonstrações; verbais dele ou de outros; envolvimento direto;
gosta de ler e imagina as gosta de diálogos; evita longas prefere chegar logo à ação;
cenas descritas no livro; descrições; não presta atenção não é bom leitor.
boa concentração. nas ilustrações; move os
lábios; subvocaliza.
Memória Lembra dos rostos, mas Lembra nomes, mas esquece Lembra-se melhor daquilo
esquece dos nomes; rostos; relembra das coisas por que fez e não do que viu ou
escreve e anota as coisas; repetição auditiva. ouviu
lembra imagens.

Para resolver Delibera; planeja bem Fala sobre os problemas; testa Ataca fisicamente o
problemas antes; organiza os as soluções verbalmente; problema; impulsivo;
pensamentos anotando- fala consigo mesmo sobre o geralmente escolhe
os; lista os problemas. problema. soluções que envolvem
muita atividade.

113/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Visual Auditivo Cinestésico
Aparência Geral Limpo, meticuloso; gosta Combinar roupas não é tão Limpo, mas logo se
de ordem e de coisas importante, pode explicar a desarruma todo por causa
bonitas. respeito das escolhas. das atividades; conforto é
essencial.
Comunicação Quieto; não fala muito; Gosta de ouvir, mas não Gesticula quando fala;
impacienta-se quando consegue esperar falar, não é bom ouvinte; fica
tem que ouvir longas descrições são longas e muito perto quando fala
explanações; pode usar repetitivas; usa predicados ou escuta; perde rápido
palavras desajeitadas; como "ouça, escute, explicar" interesse por discursos
descreve com beleza; usa etc. verbais detalhados; usa
predicados como "veja, predicados como "sinto,
claro, brilhante" etc. pegue, firme" etc.

Fonte: Alvarez (2000)

114/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


2. Aprendizagem experiencial 5. aprendizagem envolve transações
de Kolb entre a pessoa e o ambiente;
6. aprendizagem é o processo de
David Kolb (1984) elaborou o modelo de construção do conhecimento.
aprendizagem experiencial; ele acreditava
Sobre essas bases, Kolb define a
que a aprendizagem experiencial está
aprendizagem experiencial: “o processo
baseada nas seguintes proposições:
pelo qual o conhecimento é construído
1. aprendizagem é melhor concebida através da transformação da experiência”
como processo, não como resultado; (1984, p. 38).
2. aprendizagem é um processo O processo de aprendizagem
contínuo baseado na experiência; experiencial pode ser descrito como
3. o processo de aprendizagem um ciclo envolvendo quatro modos de
necessita da resolução de conflitos aprendizagem adaptativa: experiência
entre modos dialeticamente concreta (EC), observação reflexiva
contrários de adaptação ao mundo; (OR), conceituação abstrata (CA) e
4. aprendizagem é um processo experimentação ativa (EA).
holístico de adaptação ao mundo;

115/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Figura 1: Modos de aprendizagem adaptativa

Fonte: Kolb (1984)

Para Kolb (1984), a base estrutural do processo de aprendizagem pauta-se na interação entre
esses quatro modos de conhecimento. Cada modo tem características específicas que estão
descritas no quadro a seguir elaborado por Souza et al. (2013) a partir dos postulados de Kolb:
116/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem
Quadro 2: Características segundo o modo de aprendizagem

Modos de
Principais características
Aprendizagem
Aprendizagem relacionada às situações práticas anteriormente vividas pelo indivíduo;

O indivíduo faz analogias a momentos correspondentes que este já vivera, executando


Experiência
o conhecimento adquirido com as atividades anteriores nas atividades posteriores;
concreta
Prefere a troca de informações com outros indivíduos para aprender pelas
experiências alheias.
Aprendizagem relacionada à observação das situações no momento em que vivencia;

O indivíduo pensa sobre o objeto de estudo sob diversos ângulos, evidenciando


Observação sempre diversas possibilidades de resposta para os problemas propostos e para as
reflexiva decisões tomadas;

Prefere fazer correlações entre as informações observadas com os fatos do dia a dia,
do que vivenciar.

117/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Modos de
Principais características
Aprendizagem
Aprendizagem relacionada à produção de conhecimento, por meio do pensamento
crítico contínuo;
Conceituação
O indivíduo analisa as questões que o rodeiam, enfatizando sempre a criação de
abstrata
teorias em cima da realidade em que vive;

Prefere criar hipóteses sob uma perspectiva lógica no momento da aprendizagem.


Aprendizagem relacionada à experimentação, no sentido de executar atividades em
que o indivíduo aprende à medida que experimenta;

Experimentação As experimentações ocorrem concomitantemente às reflexões que advêm dos fatores


ativa naturais cognitivos;

Tende a preferir a resolução de problemas e tomar decisões nas atividades que


desenvolve.

Fonte: SOUZA et al. (2013)

118/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Nesse processo há duas dimensões haja um pensamento a respeito é o que
relevantes e dialeticamente opostas que Kolb chama de apreensão.
ajudam a entender como a informação A compreensão ocorre num segundo
é captada e internalizada pelo sujeito. momento, pois é ela que organiza as
A combinação dos modos experiência sensações apreendidas no momento
concreta (EC) e conceituação abstrata (CA) anterior; é como se formatássemos as
forma a dimensão chamada de preensão; sensações para ter um entendimento do
a combinação da experimentação ativa que está acontecendo.
(EA) e de observação reflexiva (OR) forma a
dimensão chamada de transformação.
A preensão é composta dos processos de
apreensão e compreensão. A apreensão
é a forma como a experiência é captada
pelo sujeito por meio dos cinco sentidos
(audição, tato, visão, olfato e paladar). Pare
por um momento, olhe à sua volta e preste
atenção ao que você vê e sente. O que você
consegue captar sem que necessariamente
119/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem
Figura 2: Dimensão da aprendizagem - preensão à nossa volta, enquanto a extensão é a
manipulação ativa do mundo.
Kolb (1984) utiliza o exemplo de uma rosa
em sua mesa para explicar a relação entre
as dimensões. Ao olhar a rosa na mesa, ele
capta a apreensão dela intencionalmente
ao prestar atenção aos detalhes da
flor; ele observa a cor, sente o cheiro e
intencionalmente escolhe transformar a
experiência externamente pegando ela
para sentir melhor o aroma. Ao fazer isso,
ele espeta seu dedo em um espinho e sua
Fonte: Kolb (1984) apreensão da rosa permanece por mais
tempo.
A dimensão denominada de
transformação é composta de intenção
e de extensão. A intenção é uma ação
internalizada de reflexão sobre o que está

120/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Figura 3: Dimensão da aprendizagem - transformação para a observação reflexiva. Kolb (1999
apud SOUZA ET AL., 2013, p. 16) explica
que o divergente tende a “afastar-se
das soluções convencionais, e optar por
possibilidades alternativas”. Souza et al.
Fonte: Kolb (1984) explicam ainda que essas pessoas tendem
Os modos de aprendizagem combinados a preferir discussões, produções de ideias e
em duplas resultam em quatro estilos de trabalhos em grupo.
aprendizagem que, segundo Souza et al, Pessoas com o estilo assimilador captam
(2013), a pessoa escolhe a forma mais a experiência na conceituação abstrata e
confortável de iniciar a aprendizagem e a transformam por meio da observação
continuar o ciclo a partir dali. Os estilos reflexiva. Para essas pessoas, a experiência
propostos por Kolb são: divergente (EC/OR), de aprendizagem é incorporada em uma
assimilador (CA/OR), convergente (CA/EA) ampla estrutura de ideias; por esse motivo
e acomodador (EC/EA). tendem a preferir aulas mais expositivas,
Pessoas que possuem o estilo divergente com mais conceitos e teorias (KOLB, 1999
iniciam o processo de aprendizagem apud SOUZA ET AL., 2013).
pela experiência concreta, e passam
121/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem
O estilo convergente trata de pessoas que A imagem a seguir mostra o esquema
iniciam seu processo de aprendizagem elaborado por Kolb:
na conceituação abstrata e transformam Figura 4: Esquema da aprendizagem experiencial de Kolb
a experiência pela experimentação ativa.
Pessoas com esse estilo preferem a
aplicação prática de teorias, por isso lidam
bem com atividades técnicas ou práticas,
assim como simulações (KOLB, 1999 apud
SOUZA ET AL., 2013).
Os acomodadores partem da experiência
concreta e a transformam pela
experimentação ativa, dessa forma
preferem trabalhos em grupo ou atividades
intuitivas. Kolb (1999 apud SOUZA ET
AL., 2013, p. 17) diz que “é provável que
sua tendência seja atuar com base em Fonte: Kolb (1984)
seus sentimentos em vez de analisar
logicamente a situação”.
122/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem
Souza et al. (2013) elaboraram o quadro a seguir com os pontos fortes de cada estilo de
aprendizagem:
Quadro 3: Pontos fortes de cada estilo de aprendizagem

Divergente Assimilador Convergente Acomodador


Ser criativo Planificar Resolver problemas Liderar

Compreender as Criar modelos Tomar decisões Assumir riscos


pessoas
Definir problemas Compreender os Ser prático
Reconhecer os problemas
Desenvolvimento de Fazer com que as
problemas
teorias e conceitos Racionalizar as coisas se realizem
Gerar grande deduções em
Ser paciente Adaptar-se
quantidade de ideias fundamentação

Ter uma mente aberta Ser lógico

Fonte: Souza et al. (2013, p. 18)

O modelo de Kolb originou o Inventário de Estilo de Aprendizagem, uma forma de avaliação


utilizada para determinar o estilo de cada pessoa, auxiliando o professor a preparar suas aulas.

123/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Para saber mais
Há autores que também classificam os estilos de aprendizagem segundo personalidade:

Extrovertido: extrai sua energia quando está cercado de pessoas.

Introvertido: extrai sua energia quando está sozinho.

Sensitivo: quer detalhes, fatos, depende dos sentidos para obter informações.

Intuitivo: segue palpites, enxerga padrões e o “quadro maior”.

Racional: valoriza justiça, objetividade, princípios e racionalidade.

Emotivo: valoriza harmonia, emoções e necessidades humanas.

Julgador: gosta de prazos, planejamento e é decisivo.

Perceptivo: é espontâneo, curioso e flexível.

Para saber mais acesse: <http://www.abed.org.br/congresso2011/cd/250.pdf>

124/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Link
Acesse o link a seguir para testar seu estilo de aprendizagem segundo Honey-Alonso de estilos de
aprendizagem.

<http://www.estilosdeaprendizaje.es/chaea/chaeagrafp2.htm>

Acesse o link a seguir para testar seu estilo de aprendizagem segundo Kolb.

<http://www.orientacionandujar.es/2014/06/04/test-de-estilos-de-aprendizaje-test-de-
kolb-y-test-de-vark-line/>

Para saber mais


O artigo publicado na revista Dicas para Pais e Educadores explica que há sete estilos de aprendizagem,
além dos apresentados nesta aula. Acesse o artigo no link: <http://www.estilosdeaprendizaje.es/
chaea/chaeagrafp2.htm>

125/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Para saber mais
Veja o questionário Honey-Alonso de estilo de aprendizagem aplicado em uma pesquisa feita por Luisa
Miranda e Carlos Morais. Acesse o resultado da pesquisa no link a seguir:

<https://goo.gl/sLZxRI>

126/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


Glossário
John Dewey: educador americano que foi um dos criadores da escola filosófica de
pragmatismo; entendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a
manutenção emocional e intelectual das crianças.
Kurt Lewin: educador alemão-americano, formulou a teoria do campo psicológico; afirma que
o comportamento humano é condicionado pela tensão entre a percepção de si e a do ambiente.
Jean Piaget: educador suíço que desenvolveu a teoria da epistemologia genética, uma teoria do
conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança.

127/212 Unidade 5 • Estilos de Aprendizagem


?
Questão
para
reflexão

Escolha uma das teorias, de Barbe ou de Kolb, e elabore


atividades utilizando o mesmo tema, para cada estilo
de aprendizagem.

128/212
Considerações Finais (1/3)

Estilo de aprendizagem é composto de características cognitivas, afetivas e


psicológicas que o aluno recebe e interage com o ambiente de aprendizagem.
O modelo mais difundido de estilos de aprendizagem é o criado por Walter
Burke Barbe, que reúne três estilos: visual, auditivo e cinestésico.
O estilo visual privilegia a visão como forma de reter as informações.
No estilo auditivo, a informação é retida pela fala e pela escuta; privilegia-se
a audição.
O estilo cinestésico tem o movimento como principal característica de
aprendizagem.
Outro modelo de estilo de aprendizagem aceito é o experiencial de Kolb, que
define quatro estilos.

129/212
Considerações Finais (2/3

A aprendizagem ocorre pela captação e pela transformação da experiência


por meio de quatro modos de aprendizagem: experiência concreta (EC),
observação reflexiva (OR), conceituação abstrata (CA) e experimentação
ativa (EA).
A combinação dos modos de aprendizagem forma duas dimensões: preensão
(EC/CA) e transformação (EA/OR).
A preensão é composta dos processos de apreensão e compreensão.
A transformação é composta de intenção e de extensão.
Os estilos propostos por Kolb são: divergente (EC/OR), assimilador (CA/OR),
convergente (CA/EA) e acomodador (EC/EA).
Divergentes iniciam o processo de aprendizagem pela experiência concreta, e
passam para a observação reflexiva.

130/212
Considerações Finais (3/3)

Assimiladores captam a experiência na conceituação abstrata e a


transformam por meio da observação reflexiva.
Convergentes iniciam seu processo de aprendizagem na conceituação
abstrata e transformam a experiência pela experimentação ativa.
Acomodadores partem da experiência concreta e a transformam pela
experimentação ativa

131/212
Referências

ALVAREZ, Ana Maria. Processamento auditivo: fundamentos e terapias. São Paulo: Lovise,
2000.
BARBE, Walter Burke; MILONE JR., Michael N. What we know about modality strengths.
Educational Leadership (Association for Supervision and Curriculum Development).
Fev. 1981, p. 378–380. Disponível em: <http://www.ascd.org/ASCD/pdf/journals/ed_lead/
el_198102_barbe.pdf> Acesso em: 12 set. 2015.

COFFIELD, Frank et al. Learning styles and pedagogy in post-16 learning: a systematic and
critical review. London: Learning and Skills Research Centre, 2004. Disponível em: <http://
sxills.nl/lerenlerennu/bronnen/Learning%20styles%20by%20Coffield%20e.a..pdf> Acesso em:
12 set. 2015.
KOLB, David. Experiential learning: experience as the source of learning and development.
Englewood Cliffs, NJ (USA): Prentice Hall, 1984.
SOUZA, Gustavo H. S. et al. Estilos de aprendizagem dos alunos versus métodos de ensino
dos professores do curso de Administração. In: RACE, Chapecó. Ed. Especial Anpad, p. 9-44,
2013. Disponível em: <file:///C:/Users/Roberta/Downloads/2970-15038-1-PB.pdf> Acesso em:
12 set. 2015.

132/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: Estilos de Aprendizagem - Bloco I Aula 5 - Tema: Estilos de Aprendizagem - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4b- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/63f-
0dda248e6c283f439be04fe1268669>. 12dcf6cd90083d63b22da509d33f4>.

133/212
Questão 1
1. Assinale a afirmação que explica o que são estilos de aprendizagem.

a) É a forma como o aluno percebe e interage com o ambiente educativo de maneira afetiva,
psicológica e cognitiva.
b) É a forma como o estudante escolhe aprender utilizando seu arcabouço teórico.
c) É a forma como o aprendiz entende o conteúdo que está sendo ensinado.
d) É a forma como o aluno percebe o mundo e internaliza seus estímulos.
e) É a maneira como o aprendiz interage com o professor.

134/212
Questão 2
2. Sobre o modelo de estilos de aprendizagem proposto por Barbe,
assinale a alternativa correta:

a) O modelo de Barbe, apesar de ser o mais aceito, não é o mais difundido por sua
simplicidade.
b) Alunos visuais têm mais facilidade com o ensino a distância porque eles podem ler mais do
que escutar.
c) Para ensinar alunos que possuem o estilo visual, o professor deve lançar mão de recursos
que atraiam o olhar dos alunos.
d) Aulas elaboradas para alunos com estilo auditivo devem utilizar de muita música ao fundo
para ajudá-los a se concentrar.
e) Os alunos cinestésicos são aqueles que não ficam parados na sala de aula porque eles
precisam se movimentar.

135/212
Questão 3
3. Marque a opção que melhor explica como os alunos resolvem proble-
mas segundo seus estilos de aprendizagem.

a) Alunos visuais são impulsivos na solução de problemas e precisam se planejar com


antecedência para conseguir resolvê-los.
b) Alunos visuais organizam seus pensamentos e listam os problemas para poderem visualizar
melhor o que deve ser corrigido.
c) Alunos auditivos procuram as soluções do problema testando cada hipótese mais de uma
vez.
d) Alunos auditivos escolhem soluções com muita atividade e deliberam muito antes de
tomar uma decisão.
e) Alunos cinestésicos falam sobre os problemas em voz alta e atacam fisicamente o
problema.

136/212
Questão 4
4. O processo de aprendizagem, para David Kolb, parte do seguinte
princípio:

a) A aprendizagem é entendida como um processo realizado em etapas em que o aprendiz


precisa da experimentação concreta e da observação reflexiva para aprender.
b) A aprendizagem é entendida como um processo realizado em etapas em que o aprendiz
precisa da experimentação ativa e da conceituação abstrata para aprender.
c) A aprendizagem é um processo em que o aluno avalia cada situação de maneira reflexiva e,
a partir daí, direciona seus conhecimentos para melhorar sua interação.
d) A aprendizagem é um processo holístico em que o professor contribui com o aluno quando
ele permite que o aluno analise a situação a partir de suas experiências.
e) A aprendizagem é um processo holístico em que o sujeito interage com o ambiente e dessa
tensão ele capta a experiência e a transforma para aprender.

137/212
Questão 5
5. A respeito dos estilos propostos de por Kolb, assinale a alternativa correta:

a) O estilo divergente é chamado dessa forma porque as pessoas dele são questionadoras e
não aceitam as ideias facilmente; elas sempre divergem do interlocutor.
b) O estilo assimilador tem como ponto forte a criatividade e a aceitação de teorias, além de
liderança e a assunção de riscos.
c) O estilo assimilador tem como principal característica a observação reflexiva; são pessoas
que observam tudo à sua volta e decidem o que fazer depois de muita discussão.
d) O estilo convergente tem como ponto forte a resolução de problemas e a tomada de
decisão, além de ser lógico.
e) O estilo acomodador não gosta de trabalhos em grupo porque é acomodado e permanece
em sua zona de conforto.

138/212
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: E.
É a forma como o aluno percebe e interage A aprendizagem deve ser entendida como
com o ambiente educativo de maneira um processo holístico em que o sujeito
afetiva, psicológica e cognitiva. interage com o ambiente e dessa tensão
ele capta a experiência e a transforma para
2. Resposta: C. aprender.

Para ensinar alunos que possuem o estilo 5. Resposta: D.


visual, o professor deve lançar mão de
recursos que atraiam o olhar dos alunos, O estilo convergente tem como ponto forte
uma vez que eles privilegiam esse sentido. a resolução de problemas e a tomada de
decisão, além de ser lógico.
3. Resposta: B.

Alunos visuais organizam seus


pensamentos e listam os problemas para
poderem visualizar melhor o que deve ser
corrigido.
139/212
Unidade 6
Aprendizagem do Adulto

Objetivos

1. Conhecer outra perspectiva de


aprendizagem do adulto.
2. Estudar sobre os principais pontos
a considerar na aprendizagem do
adulto.
3. Refletir sobre a forma como os
adultos aprendem.

140/212
Introdução

Durante toda a disciplina, temos visto e Vera Souza intitulado Aprendizagem do


que o adulto aprende de forma diferente Adulto Professor.
da criança. Como professores, o que Apesar de o livro focalizar o aprendiz de
considerar para permitir que nosso aluno professor, podemos trazer suas discussões
adulto aprenda de maneira significativa? para a aprendizagem do adulto em
Essa questão permeia qualquer curso qualquer profissão. Começamos, então,
de formação de professores de Ensino pensando sobre a aprendizagem.
Superior. Para respondê-la, precisamos Aprendizagem tem diversos entendimentos
pensar mais um pouco em como o adulto dependendo do autor de referência. Kolb
aprende. A ideia é trazer mais algumas (1984, p. 38) defende que a aprendizagem
questões para refletirmos. é o “processo pelo qual o conhecimento
Essa inquietação fez com que um grupo é construído através da transformação
de estudos, coordenado pela Professora da experiência”. Placco e Souza (2006)
Vera Placco, investigasse, discutisse e entendem a aprendizagem como processo
sistematizasse questões envolvendo a de apropriação de conhecimentos que
aprendizagem de adultos. Assim, esses promovem novas possibilidades de pensar
estudos resultaram em um livro escrito e de inserção no seu meio. Complementam
coletivamente e organizado por Vera Placco com este pensamento:
141/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto
O aprender envolve atribuir significações e engendra relações únicas
com o saber. Mobiliza experiências vividas pelo sujeito, em sua interação
com outros significativos e em sua inserção no mundo. É um processo
permeado por afetos, desejos, expectativas, vontades, os quais interferem
na aprendizagem e também são aprendidos. (2006, p. 86)
As duas explicações do que é a aprendizagem são complementares; enquanto Kolb focaliza
a experiência como condutor do processo, Placco e Souza explicam como essa experiência se
relaciona com outros fatores.
Da mesma forma, vimos que os pilares da Andragogia estão cobertos de afetos, desejos,
expectativas e vontades.

142/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


Para lembrar 1. Memória
Os pilares da Andragogia são: Todas as novas informações recebidas pelo
1. Necessidade de saber. professor, ou qualquer outro interlocutor,
são confrontadas com as nossas vivências
2. Autoconceito do aprendiz.
passadas; quando elas fazem sentido,
3. Papel das experiências. “acatamos” essa nova informação,
4. Prontidão para aprender. mas quando, por algum motivo, ela
não combina com nossa experiência, a
5. Orientação para a aprendizagem.
descartamos.
6. Motivação.
Placco e Souza (2006, p. 19) explicam
Para que o processo de aprendizagem que “a experiência é o ponto de partida
faça sentido para o aprendiz, Placco e de chegada para a aprendizagem”. Ela
e Souza (2006) apresentam quatro desencadeia esse confronto que torna a
pontos que ajudam a pensar sobre como aprendizagem significativa.
essa aprendizagem ocorre: memória,
A questão é que esse confronto ocorre
metacognição, subjetividade e saberes.
entre os conhecimentos novos e antigos,
que foram vividos no passado e são
143/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto
trazidos à tona pela função da memória. Halbwachs (1990 apud PLACCO; SOUZA,
Durante uma aula, todo o tempo 2006) explica que lembrar de alguma coisa
lembramos de situações com as quais não é apenas reviver o passado, mas refazer
comparamos os novos conhecimentos. o acontecido, ou seja, reinterpreta-se os
A memória, ao mesmo tempo em que nos acontecimentos com as ideias atuais. O
auxilia possibilitando significação, também momento passado é reconstruído com
pode nos deixar em uma armadilha. Para outra lente, a da atualidade.
entender essa armadilha, precisamos, Outro aspecto da memória é que ela é,
primeiro, entender algumas questões sobre além de individual, um construto social,
a memória. derivada das relações sociais (CHAUÍ,
A primeira é que a memória é uma visita 1994 apud BOSI, 1994). As memórias são
ao passado, mas com as experiências e os mediadas pelos nossos interlocutores e
valores dos dias de hoje. Isso quer dizer que, registros, como fotos ou vídeos.
mesmo que nos lembremos de algum fato, Assim, a memória é o gatilho com o qual a
a interpretação desse fato é permeada pelo experiência será confrontada com o novo
entendimento que temos da situação nos conhecimento; é por causa da memória que
dias de hoje. a transformação no adulto acontece.

144/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


de significado e sentido singulares à ação
Para saber mais vivida (PLACCO; SOUZA, 2006).
Conheça a relação entre a memória e a Toda a informação nova com que o
aprendizagem do ponto de vista da neurociência aprendiz se depara é entendida como
lendo o artigo de Rodrigo Pavão no link a seguir: relevante ou não em função do significado
<http://www.ib.usp.br/~rpavao/memoria.
e do sentido que dá para ela. Significado e
pdf>
sentido são categorias de Vygotsky.
Significado é a parte da palavra mais
estável, compartilhada socialmente.
2. Subjetividade Por exemplo, quando falamos em carro,
imaginamos um veículo com quatro rodas
Outro aspecto da aprendizagem do
que nos leva para os lugares – esse é o
adulto que contribui para a aprendizagem
significado da palavra carro.
significativa é a subjetividade, entendida
como a característica própria de cada um Apesar de todos atribuírem esse
que permite à pessoa um modo próprio de significado para carro, o que ele representa
ver o mundo, possibilitando a atribuição para cada um é o sentido: se você gosta
de carro grande, tipo SUV, pensou em um

145/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


carro nesse estilo; se você gosta de carro de alunos, ele contribui para que outros
pequeno e de design, pensou em um carro alunos interpretem e colaborem com a
Cinquecento. Alguém pode ter tido medo, aprendizagem uns dos outros. Proporcionar
pensando em um acidente, ou ter ficado momentos em que os alunos possam
angustiado pelo trânsito; outras pessoas expressar seu entendimento é importante
podem ter ficado eufóricas por conseguir para que a aprendizagem seja mais efetiva.
conquistar seu primeiro carro, com o “suor
do próprio trabalho”, e assim por diante. 3. Metacognição
Essas reações individuais são os sentidos
que as pessoas dão para a palavra carro. Outro aspecto essencial para a
aprendizagem do adulto é a metacognição,
Como o sentido e o significado são
entendida como conhecer o próprio ato do
conceitos advindos da linguagem que, por
conhecimento. Pensar em como é a lógica
sua vez, é social e se transforma ao longo
do seu pensar e do seu aprender permite
do tempo, os significados e os sentidos
que você “vire a chave” para facilitar seu
também se alteram ao longo do tempo.
aprendizado. (PLACCO; SOUZA, 2006).
A aprendizagem ocorre quando o sujeito
Pensar sobre como se aprende não é
encontra sentido na nova informação.
um processo fácil; é preciso olhar para
Quando esse sentido é partilhado no grupo
146/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto
dentro de si para entender como seu pensamento ocorre. Esse olhar exige um bom nível de
autoconhecimento.
Olhar para si permite que o processo de aprendizagem venha à consciência e passe a ser
intencional, quando necessário, assumindo o “controle” da aprendizagem e tornando-se ator
principal do processo.
Essa intencionalidade também afeta a motivação do adulto em aprender, pois ele passa a
ter o controle da situação e a reconhecer o caminho que ele internamente percorre para as
significações e os sentidos atribuídos por ele.
Placco e Souza (2006, p. 57) resumem da seguinte forma:

O processo cognitivo provoca a tomada de consciência, é intencional,


favorecido pela memória, numa relação intensa e dinâmica, que esta
passa por elaboração, por parte do sujeito, a respeito de como chegou a
conquistar o que sabe ou como aprendeu.

147/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


Assim, convido você a pensar em como conhecimento para qualquer profissão.
você aprende. Qual caminho você percorre Primeiro, é preciso entender o que são
para a aprendizagem? saberes e conhecimentos.
Cada profissão possui um conjunto de
Link saberes específicos que a diferencia de
outras. Pense em uma profissão: médico,
Para ler mais sobre a importância da professor, engenheiro civil, arquiteto,
metacognição para a aprendizagem, acesse o programador de sistemas, contador etc.
artigo de Célia Ribeiro (2003): Quais são os conhecimentos específicos de
<http://www.scielo.br/pdf/prc/ cada uma?
v16n1/16802.pdf> Todos os conhecimentos são
completamente diferentes, mas todas
4. Saberes têm alguma coisa em comum: aqueles
que compartilham dos conhecimentos de
O grupo de estudos da Placco e Souza cada profissão aprenderam, inicialmente,
pensou em saberes docentes, mas, na formação inicial, ou seja, no curso de
novamente, podemos aplicar esse graduação.

148/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


Mas não é apenas no curso de • A experiência de trabalho enquanto
formação inicial que se adquirem esses fundamento do saber: os saberes
conhecimentos. Tardif (2003) propõe seis da experiência ganham mais
fios condutores dos saberes: importância do que os outros tipos,
pois se tende a hierarquizar os
• Saber e trabalho: é no trabalho que se
saberes de acordo com sua utilidade.
mobilizam os saberes.
• Saberes humanos a respeito de seres
• Diversidade do saber: os saberes são
humanos: tem a ver com a interação
plurais e sociais. O que sabemos hoje
das atividades sociais; procura
é a somatória de conhecimentos
compreender as características da
produzidos ao longo da história por
interação humana que marcam os
diversas pessoas.
saberes das pessoas que atuam
• Temporalidade do saber: os saberes juntas.
modificam-se ao longo do tempo,
• Saberes e formação: necessidade de
pois novos saberes são criados a cada
pensar a formação, considerando
dia e podem modificar o que se sabe
as realidades específicas do seu
até aquele momento.
trabalho cotidiano.

149/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


O autor também define quatro tipos de Saberes experienciais: advêm da prática.
saberes: São baseados no trabalho cotidiano e no
Saberes da formação: são aqueles conhecimento do meio onde os professores
transmitidos pelas instituições de estão inseridos. Não estão sistematizados
formação inicial e continuada dos em doutrinas e teorias e formam um
professores. conjunto de representações a partir das
quais os professores compreendem e
Saberes disciplinares: correspondem orientam sua prática.
aos diversos campos do conhecimento
definidos pela instituição e transmitidos Como adulto tem experiência e
por meio das disciplinas. conhecimentos prévios, esses saberes
devem ser considerados em sua formação.
Saberes curriculares: são apresentados
por meio dos programas escolares Enfim...
que os professores devem aprender e Diante desses quatro preceitos, Placco
aplicar ao longo de suas carreiras. São os e Souza (2006) explicam que o adulto
conteúdos, objetivos e métodos utilizados aprende no grupo, por meio de um
nos programas, a partir dos quais as mediador, no caso, o professor.
instituições apresentam os saberes sociais.

150/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


O mediador precisa estar atento
para desencadear aprendizagens
e criar condições de manifestar as
intencionalidades. Ele, também,
é um provocador de movimentos
Para saber mais
Além de Tardif (2003), Shullman (1987) escreveu
metacognitivos.
sobre conhecimentos docentes e os separou em
A experiência é um dos fatores mais sete bases:
influentes na aprendizagem do adulto, Conhecimento do conteúdo.
já que cada nova aprendizagem é
Conhecimento didático geral.
confrontada com a experiência prévia do
estudante. Conhecimento pedagógico do conteúdo.
Conhecimento do currículo.
A aprendizagem do adulto tem um caráter
proposital e deliberado; é preciso que Conhecimento dos alunos e da aprendizagem.
o aluno faça a escolha de participar do Conhecimento dos contextos educacionais.
processo de aprendizagem. Conhecimento dos objetivos educacionais.

151/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


Link
Para ler mais sobre saberes docentes, acesse
o artigo “Saberes docentes e formação inicial
de professores: implicações e desafios para as
propostas de formação” de Patrícia Cristina
Albieri de Almeida e Jefferson Biajone:

<http://www.scielo.br/pdf/ep/v33n2/
a07v33n2.pdf>

152/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


Glossário
Significações: o que foi aprendido precisa fazer sentido no contexto de suas aprendizagens,
além de mobilizar interesses, motivos e expectativas.
Lev Vygotsky: psicólogo russo que estudou a interação humana e como a cultura se
desenvolve. Sua teoria é uma das mais estudadas da educação.
Categorias de Vygotsky: em seus estudos Vygotsky desenvolveu diversos conceitos, como
pensamento e linguagem, zona de desenvolvimento proximal, significado e sentido, interação
entre seres humanos.

153/212 Unidade 6 • Aprendizagem do Adulto


?
Questão
para
reflexão

Escreva sobre sua experiência de formação profissional


relacionando com o que você viu neste tema: memória,
subjetividade, metacognição e saberes.

154/212
Considerações Finais (1/3)

A aprendizagem do adulto relaciona-se com a atribuição de significações e


produz relações com o saber. Esse processo é carregado de afetos, desejos,
expectativas, vontades, os quais interferem na aprendizagem e também são
aprendidos.
Há quatro questões que ajudam a pensar sobre como a aprendizagem ocorre:
memória, metacognição, subjetividade e saberes (PLACCO; SOUZA, 2006).
A memória é, ao mesmo tempo, individual e social e é por meio dela que o
aprendiz retoma sua experiência para confrontar a nova informação com a
antiga prática.
Toda informação nova com que o aprendiz se depara é entendida como
relevante ou não em função do significado e do sentido que é atribuído a ela.
Essa significação e esse sentido são permeados pela subjetividade, nosso
modo de estar e entender o mundo.

155/212
Considerações Finais (2/3)
Significado é a parte mais estável da palavra, compartilhada socialmente;
sentido é o que aquela palavra representa para cada um. A aprendizagem
ocorre quando o sujeito encontra sentido na nova informação.
Metacognição é entendida como o conhecimento do próprio ato de conhecer.
Quando a forma como aprendemos vem à consciência, podemos “controlar”
o que e quando aprendemos.
O saber é entendido com o conjunto de conhecimentos específicos de uma
profissão que a diferencia de outras.
Tardif (2003) propõe seis fios condutores dos saberes: saber e trabalho,
diversidade do saber, temporalidade do saber, a experiência de trabalho
enquanto fundamento do saber, saberes humanos a respeito de seres
humanos, saberes e formação.
Tardif (2003) também define quatro tipos de saberes: saberes da formação,
saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes experienciais.
156/212
Considerações Finais (3/3)
O adulto aprende no grupo, por meio de um mediador, que desencadeia
aprendizagens e cria condições para que os alunos manifestem suas
intencionalidades, além de provocar movimentos metacognitivos.
A aprendizagem do adulto tem um caráter proposital e deliberado, pois o
aluno precisa escolher participar desse processo.

157/212
Referências

BOSI, Ecléia. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras,
1994.
KOLB, David. Experiential learning: experience as the source of learning and development.
Englewood Cliffs, NJ (USA): Prentice Hall, 1984.
PLACCO, Vera M. N.; SOUZA, Vera Lúcia T. (org.). Aprendizagem do adulto professor. São Paulo:
Editora Loyola, 2006.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2003.

158/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: Educação de Adultos - Bloco I Aula 6 - Tema: Educação de Adultos - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/85e-
9fe4aae5baf89d811d80518ebdb3367d>. 3dafc069e6af6909fa0457ef825e1>.

159/212
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta sobre a aprendizagem do adulto:

a) O adulto aprende no grupo com toda a ajuda possível, pois ele não quer realmente
aprender, então, precisa ser motivado pelo professor.
b) O adulto gosta de se relacionar em grupo e se utiliza disso para enriquecer suas
experiências e mostrar que sabe mais do que os outros.
c) O adulto troca ideias no grupo, mas aprende sozinho por meio de reflexão e confronto com
experiências anteriores.
d) O adulto aprende no grupo, com ajuda de uma pessoa mais experiente que direcione e
oriente o que deve ser aprendido.
e) O adulto aprende no grupo, com ajuda de um mediador, utilizando-se de metacognição,
saberes prévios, subjetividade e memória.

160/212
Questão 2
2. Sobre a memória, Placco e Souza (2006) explicam que ela é o meio
pelo qual a transformação ocorre na aprendizagem do adulto. Assinale a
afirmação que explica essa afirmação.

a) A memória é importante porque é por meio dela que guardamos os novos conhecimentos
depois e repetimos muitas vezes.
b) A memória recupera experiências prévias com as quais a nova informação é confrontada
para ser validada e internalizada, ou descartada pelo aprendiz.
c) A memória resgatada pelo aprendiz é tão fidedigna à origem que ela pode ser comparada
com a nova informação.
d) Conseguir transformar memória de curto prazo com memória de longo prazo é a chave
para a aprendizagem, pois assim conseguimos reter a informação.
e) A memória recupera experiências prévias que permitem ao aprendiz selecionar quais são
importantes.

161/212
Questão 3
3. Sobre a subjetividade, podemos afirmar que:

a) O significado de algum conceito é a parte na qual o aprendiz carrega seu entendimento


pessoal.
b) O significado é entendido como a parte social da ideia e é carregada de representações
pessoais.
c) O sentido é o que a sociedade entende sobre alguma coisa.
d) A atribuição de sentido à nova informação é necessária para que a aprendizagem seja
efetivada.
e) A atribuição de sentido é carregada de representação pessoal e por isso não tem validade
real.

162/212
Questão 4
4. A importância da metacognicação para a aprendizagem pode ser jus-
tificada porque:

a) Ela permite que o aprendiz pense sobre sua vida e confronte com a nova informação.
b) Ela permite que o professor acesse a lógica de aprendizagem do aluno.
c) Ela permite uma implicação intencional do aprendiz no aprendizado.
d) Ela possibilita que o adulto tenha consciência na proposta de ensino organizada pelo
professor.
e) Ela explica para o professor quais aprendizagens são importantes para o aluno.

163/212
Questão 5
5. Dentre os seis fios condutores propostos por Tardif (2003), assinale
aquele que mais colabora na aprendizagem do adulto:

a) Saberes e formação.
b) Temporalidade do saber.
c) Diversidade do saber.
d) Saberes a respeito dos seres humanos.
e) Experiência de trabalho enquanto fundamento do saber.

164/212
Gabarito
1. Resposta: E. 4. Resposta: C.

O adulto aprende no grupo, com A metacognição permite uma implicação


ajuda de um mediador, utilizando- intencional do aprendiz no aprendizado.
se de metacognição, saberes prévios,
subjetividade e memória. 5. Resposta: E.

2. Resposta: B. É no trabalho que os saberes são colocados


em prática, permitindo que o aluno
A memória recupera experiências confronte sua experiência com o novo
prévias com as quais a nova informação conhecimento.
é confrontada para ser validada e
internalizada, ou descartada pelo aprendiz.

3. Resposta: D.

A atribuição de sentido à nova informação


é necessária para que a aprendizagem seja
efetivada.
165/212
Unidade 7
A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações

Objetivos

1. Contextualizar a teoria das


inteligências múltiplas.
2. Estudar a origem e os preceitos da
teoria das inteligências múltiplas.
3. Pensar sobre as implicações dessa
teoria na educação.

166/212
Introdução

Qual tipo de assunto você tem mais A teoria das inteligências múltiplas
facilidade para aprender? Matemática, foi criada pelo psicólogo e professor
linguagem, ciências... americano Howard Gardner, em 1983, para
Vimos que as formas de aprender contrapor a ideia de que a inteligência de
são diferentes entre as pessoas; cada uma pessoa era medida pelo teste de QI,
um tem seu estilo de aprendizagem: que media basicamente a capacidade de
visual, auditivo, cinestésico, divergente, raciocínio lógico da pessoa.
assimilador , convergente ou
acomodador. Além dos estilos diferimos,
em outro aspecto: cada um tem mais
Para saber mais
facilidade de lidar com alguns assuntos do O teste de QI – Quociente de Inteligência – foi
que outros. criado em Paris, em 1900, por Alfred Binet,
para atender a um pedido que recebera: “Seria
Essa facilidade está relacionada com possível ele desenvolver algum tipo de medida
os tipos de inteligência que todos nós que predissesse quais crianças iriam ter sucesso
temos e que podem ser mais ou menos e quais iriam fracassar nas séries primárias das
desenvolvidos em cada pessoa de forma escolas parisienses?” (GARDNER, 1995, p. 12).
diferente.

167/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


Gardner (1995) tem uma visão pluralista a/aos: conhecimentos a respeito do
da mente com facetas diferentes, desenvolvimento normal e de indivíduos
reconhecendo que as pessoas têm talentosos; informações sobre o colapso
“forças cognitivas diferenciadas e estilos das capacidades cognitivas quando há
contrastantes” (p. 13). Ele elaborou a teoria danos cerebrais; estudos sobre populações
das inteligências múltiplas a partir dos excepcionais, incluindo prodígios, “idiotas
conhecimentos da ciência cognitiva e da sábios” e crianças autistas; dados sobre
neurociência. a evolução da cognição ao longo do
A inteligência, para o autor, é um milênio; considerações culturais cruzadas
conjunto de capacidades, talentos ou sobre a cognição; estudos psicométricos,
habilidades mentais capazes de resolver incluindo exames de correlações entre
problemas ou elaborar produtos que são eles; estudos de treinamento psicológico,
importantes num determinado ambiente particularmente as medidas de
ou comunidade cultural. transferência e generalização por meio de
tarefas.
Para definir as inteligências de sua teoria,
Gardner estudou o trabalho de gênios, As inteligências candidatas deviam
como Einstein e Mozart, e estudou pessoas cumprir todos ou a maioria dos critérios.
com lesões e disfunções cerebrais, junto Além disso, as inteligências deveriam ter
168/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações
uma operação nuclear ou conjunto de Gardner analisou o trabalho do violinista
operações identificáveis, cada inteligência Yehudi Menuhin, que iniciou seus estudos
é ativada ou desencadeada por certos tipos na música aos três anos ao assistir um
de informação interno ou externamente concerto na Orquestra de São Francisco.
apresentados e deve ser codificada em um
Por essa análise, Gardner percebeu que,
sistema de símbolos.
de alguma forma, a disposição biológica
Cumpridos essas características e para que ele pudesse desenvolver essa
critérios, inicialmente, sete inteligências, inteligência estava nele.
que operam combinadas, muitas vezes,
simultaneamente, foram definidas: As evidências para que a inteligência
musical, corporal-cinestésica, lógico- musical seja considerada foi a presença de
matemática, linguística, espacial, crianças autistas que tocam instrumentos,
interpessoal e intrapessoal. mas não falam, mostra a independência
dessa inteligência. Além disso, há presença
1. Inteligência musical de entendimentos musicais ao longo da
história e a uma região do cérebro que tem
A inteligência musical relaciona-se com a papel importante para a produção musical.
capacidade de tocar instrumentos musicais
e compor músicas.
169/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações
Gardner afirma que Babe Ruth, famoso
jogador de baseball americano,
Para saber mais simplesmente “soube” que ele seria
Yehudi Menuhin foi considerado um dos mais batedor no momento em que ele subiu à
virtuosos violinistas; começou seus estudos aos base. Ele já tinha esse conhecimento antes
três anos de idade e aos sete fez sua primeira de ter o aprendizado formal.
apresentação pública. Também, foi muito ativo
durante a Segunda Guerra Mundial tocando para
as tropas aliadas. Para saber mais
Babe Ruth foi considerado por muitos o maior
jogador de baseball de todos os tempos por sua
2. Inteligência corporal-cinesté- extrema habilidade em lançar e em rebater.
sica

Esta inteligência é a capacidade de 3. Inteligência lógico-matemática


controlar os movimentos do corpo para
resolver problemas; são pessoas com A característica dessa inteligência é a
habilidade de dança ou esportiva. capacidade de desenvolver raciocínio

170/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


lógico-dedutivo e habilidade em explicação em um papel, ela foi testar sua
matemática. hipótese, que era idêntica ao seu rascunho.
Pessoas com essa inteligência desenvolvida Essa inteligência, junto à inteligência
utilizam-se da razão para realizar tarefas linguística, era utilizada nos testes de
complexas; pode relacionar, agrupar QI. Talvez por isso pessoas com essa
informações para entendê-las melhor. inteligência mais desenvolvida tenham a
Outra característica é que essas pessoas fama de inteligentes.
têm é a facilidade em lidar com números,
utilizam-se de sistematização para resolver
problemas, por isso, criam listas de tarefas. Para saber mais
Barbara McClintock recebeu o prêmio Nobel em
Gardner percebeu essa inteligência
1983 pela descoberta dos elementos genéticos
estudando o trabalho de Barbara
móveis, também conhecidos como transposição
McClintock, ganhadora do Prêmio Nobel
genética.
de Medicina em 1983. Diante de um
problema com a fertilização de milhos, ela
soube da solução dele apenas pensando
em seu laboratório. Depois de rascunhar a

171/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


4. Inteligência linguística 5. Inteligência espacial

Pessoas com inteligência linguística A inteligência espacial relaciona-se com


desenvolvida têm habilidade em escrita, a visão, com a capacidade de resolver
leitura, aprender outros idiomas, enfim, problemas utilizando-se do concreto e de
comunicar-se por meio das palavras. sua localização.
O poeta americano, naturalizado britânico, Pessoas com essa inteligência
T. S. Elliot, foi o exemplo estudado por desenvolvida tendem a ter um estilo visual
Gardner (1995) para essa inteligência. Aos de aprendizagem. No entanto, pessoas
10 anos, Elliot criou uma revista chamada cegas também possuem essa inteligência
de Fireside, que ele escreveu oito edições bastante desenvolvida; elas percebem o
completas em três dias; cada edição tinha ambiente por meio do tato.
histórias de aventura, humor, fofoca e Gardner (1995) traz o exemplo de uma
poemas. “sábia idiota” chamada de Nadia, uma
Essa inteligência também é utilizada para criança autista que desenhava com
a medição do QI, assim como a lógico- imensa exatidão e destreza. Há um Savant
matemática. chamado Stephan Wetchire que é capaz
de desenhar com precisão uma paisagem
172/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações
depois de vê-la apenas uma vez. Quando 6. Inteligência interpessoal
criança, ele era mudo e foi diagnosticado
como autista e hoje é conhecido com Inteligência interpessoal é a capacidade
homem câmera pela sua capacidade de de entender os desejos e as intenções
precisão. de outras pessoas, de perceber o outro,
especialmente no que tange a contrastes
de humor, temperamentos e vontades.
Link Pessoas com essa inteligência desenvolvida
O link a seguir mostra os 10 savants mais têm grande facilidade no relacionamento
impressionantes do mundo: social.

<http://www.neatorama. Para exemplificar sua teoria de que a


com/2008/09/05/10-most-fascinating- inteligência interpessoal possui uma
savants-in-the-world/> operação nuclear, é desencadeada por
certas informações internas ou externas,
além de ser codificada em um sistema de
símbolos, Gardner estudou o famoso caso
de Anne Sullivan e Hellen Keller.

173/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


Hellen Keller era uma criança surdo-cega e 7. Inteligência intrapessoal
Anne Sullivan foi instruí-la. Após diversos
conflitos, Anne conseguiu que sua pupila Se a inteligência interpessoal é a
mudasse seu comportamento e a partir capacidade de perceber o outro em suas
daí ela se desenvolveu rapidamente e foi nuances, a inteligência intrapessoal é a
a primeira pessoa surdo-cega a se formar capacidade de perceber a si mesmo; seria
bacharel em Filosofia. o autoconhecimento e a capacidade de
discriminar as próprias emoções e utilizá-
A inteligência interpessoal da tutora Anne
las para orientar o próprio comportamento.
possibilitou que ela conseguisse “entrar” no
mundo de Hellen para conseguir ensiná-la. Essa inteligência é a mais interna de todas
e ela só é perceptível por meio de outras
inteligências.
Para saber mais Gardner (1995) utiliza-se de um trecho
A história de Anne Sullivan e Hellen Keller de um ensaio de Virgínia Wolf em que ela
tornou-se o filme chamado O Milagre de Anne retrata três aspectos da sua vida para
Sullivan, de 1962. entender seus sentimentos e alterar seu
comportamento.

174/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


À esta inteligência Gardner (1995)
acrescentou outras duas: natural e
existencial. A primeira relaciona-se com o
desenvolvimento biológico e entendimento
da natureza; a segunda refere-se à
capacidade de refletir sobre a própria
existência.
Conhecer essas diferentes inteligências
possibilita ao professor preparar-se para
lidar pessoas muito diferentes e, assim,
contribuir com a aprendizagem do aluno.
Thomas Armstrong (2001) elaborou
um quadro que nos auxilia a pensar
no planejamento de aulas a partir das
inteligências múltiplas:

175/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


Quadro 1: Modelo de aulas que possibilitam a utilização da teoria das inteligências múltiplas.

176/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


Fonte: Armstrong (2001, p. 62-63)

177/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


Link
Leia o artigo da Revista Nova Escola sobre Howard Gardner e as inteligências múltiplas:

<https://novaescola.org.br/conteudo/1462/howard-gardner-o-cientista-das-inteligencias-
multiplas>

Teste quais das inteligências múltiplas são mais evidentes no seu perfil no link a seguir:

<http://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/teste-vocacional/>

178/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


Glossário
Ciência cognitiva: estudo da mente.
Idiotas sábios: também são conhecidos como savants, pessoas que têm extraordinária
habilidade intelectual, mas com déficit de inteligência.
Estudos psicométricos: conjunto de técnicas utilizadas para medir alguma questão
psicológica.

179/212 Unidade 7 • A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


?
Questão
para
reflexão

A partir de cada tipo de inteligência, procure exemplos


de situações em que cada uma delas se destacam e
justifique.

180/212
Considerações Finais (1/2)

A teoria das inteligências múltiplas foi criada por Howard Gardner, em 1983.
A inteligência é entendida como um conjunto de capacidades, talentos ou
habilidades mentais capazes de resolver problemas ou elaborar produtos que
são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.
As inteligências múltiplas são sete: musical, corporal-cinestésica, lógico-
matemática, linguística, espacial, interpessoal e intrapessoal.
A inteligência musical é a capacidade de tocar instrumentos musicais e
compor músicas.
Inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de controlar os movimentos
do corpo para resolver problemas.
Inteligência lógico-matemática é a capacidade de desenvolver raciocínio
lógico-dedutivo e habilidade em matemática.

181/212
Considerações Finais (2/2)
Pessoas com inteligência linguística desenvolvida tem habilidade em escrita,
leitura, aprender outros idiomas; enfim, comunicar-se por meio das palavras.
A inteligência espacial é a capacidade de resolver problemas utilizando-se do
concreto e de sua localização.
Inteligência interpessoal é a capacidade de entender os desejos, emoções e
intenções de outras pessoas.
A inteligência intrapessoal é a capacidade de perceber a si mesmo.
Mais tarde foram acrescentados mais dois tipos de inteligência: natural e
existencial.
Inteligência natural relaciona-se com o desenvolvimento biológico e
entendimento da natureza.
Inteligência existencial é a capacidade de refletir sobre a própria existência.

182/212
Referências

ARMSTRONG, Thomas. Inteligências Múltiplas na sala de aula. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
2001. p. 62-63.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes médicas,
1995.
REVISTA NOVA ESCOLA. Howard Gardner, o cientista das inteligências múltiplas. Especial
Grandes Pensadores, out. 2008. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/
cientista-inteligencias-multiplas-423312.shtml> Acesso em: 14 set. 2015.

183/212 Unidade 4 • Adultos em Processo de Formação Continuada


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: A Teoria das Inteligências Aula 7 - Tema: A Teoria das Inteligências Múltiplas
Múltiplas e suas Implicações - Bloco I e suas Implicações - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e1fb-
c7f92d2238ff6537908e62908d3a652b>. 6cb15b55a2902b542f67d0d5763a>.

184/212
Questão 1
1. Sobre a teoria das inteligências múltiplas, assinale a alternativa correta:

a) Dentre as inteligências, cada pessoa possui apenas um tipo de inteligência mais


desenvolvido; daí a facilidade em aprender determinado assunto.
b) Dentre as inteligências, cada pessoa possui todas as inteligências e algumas são mais
desenvolvidas do que outras.
c) Uma pessoa inteligente possui a inteligência lógico-matemática desenvolvida.
d) Uma pessoa inteligente possui as inteligências lógico-matemática e linguística mais
desenvolvidas.
e) O teste de QI é a maneira mais confiável de saber se uma pessoa é inteligente.

185/212
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta:

a) As inteligências musical e corporal-sinestésica são dependentes porque para a pessoa


saber dançar ela precisa entender de música.
b) As inteligências musical e corporal-sinestésica são independentes, mas podem trabalhar
coordenadamente para resolver algum problema.
c) A inteligência musical desenvolvida permite com que uma pessoa aprenda a cantar.
d) A inteligência corporal-sinestésica desenvolvida permite que uma pessoa resolva
problemas analisando a movimentação de outras pessoas.
e) A inteligência musical desenvolvida ajuda a pessoa a aprender por meio da dança.

186/212
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta.

a) A inteligência lógico-matemática é a capacidade de perceber formas geométricas com


facilidade.
b) A inteligência lógico-matemática desenvolvida é característica comum em muitos
cientistas.
c) As inteligências lógico-matemática e linguística são características das pessoas mais
inteligentes.
d) O teste mais confiável de medição da inteligência é o de QI, que mede as inteligências
lógico-matemática e linguística.
e) A inteligência linguística é a capacidade de se comunicar eficazmente.

187/212
Questão 4
4. Sobre a inteligência espacial é correto afirmar que:

a) Ela, combinada com a inteligência musical desenvolvida, é característica de dançarinos.


b) Ela também é conhecida como visual.
c) Ela é a única inteligência desenvolvida em artistas e pintores.
d) Ela é desenvolvida em pessoas com grande capacidade de ver as pessoas.
e) Ela está presente apenas em pessoas que enxergam.

188/212
Questão 5
5. Sobre as inteligências interpessoal e intrapessoal é correto afirmar que:

a) Elas estão presentes de forma desenvolvida em atores que representam outras pessoas.
b) Elas estão presentes de forma desenvolvida em líderes de empresas.
c) Uma pessoa não pode ter as duas inteligências desenvolvidas ao mesmo tempo porque
elas são antagônicas.
d) A inteligência intrapessoal é a capacidade de trabalhar em grupo.
e) A inteligência interpessoal é a capacidade de se conhecer.

189/212
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: B.

Dentre as inteligências, cada pessoa possui A inteligência espacial também é


todas as inteligências e algumas são mais conhecida como visual, mas não
desenvolvidas do que outras; elas podem depende do sentido da visão para estar
trabalhar isoladamente ou em conjunto. desenvolvida.

2. Resposta: B. 5. Resposta: B.
As inteligências musical e corporal- Elas estão presentes de forma desenvolvida
sinestésica são independentes, mas podem em líderes de empresas.
trabalhar coordenadamente para resolver
algum problema.

3. Resposta: B.

A inteligência lógico-matemática
desenvolvida é característica comum em
muitos cientistas.
190/212
Unidade 8
Aprendizagem Autodirigida

Objetivos

1. Conhecer o que é aprendizagem


autodirigida.
2. Pensar de que forma a aprendizagem
autodirigida relaciona-se com a
Andragogia.
3. Refletir a respeito da educação
a distância como ferramenta de
autoaprendizagem dirigida.

191/212
Introdução

Na nossa vida, frequentemente, deparamo- Na aprendizagem autodirigida, o sujeito


nos com situações nas quais temos de toma a rédea de seu aprendizado e o
resolver um problema, mas não temos organiza no lugar do professor. Ele decide
conhecimento suficiente para isso. Para o que será aprendido, como será feita a
sairmos dessa situação procuramos aprendizagem, identificação e seleção
aprender o que nos falta. Essa ação de dos recursos humanos e materiais, além
buscar o aprendizado que nós precisamos de avaliar o que foi aprendido (KNOWLES,
pode ser entendida como a aprendizagem 1975 apud MOURA, 1998).
autodirigida. Nessa perspectiva, o aprendiz tem total
Aliada a essa intencionalidade, ainda há a controle de sua aprendizagem e decide
questão das rápidas e repentinas mudanças quais caminhos tomar; como em uma
no mundo, fazendo com que o sentimento viagem, ele escolhe para onde ir, quando
de defasagem seja bastante comum. viajará, onde ficará hospedado, quais
Diante disso, há necessidade de a pessoa passeios fará etc.
desenvolver a capacidade de “aprender A questão na aprendizagem autodirigida
a aprender”, ou seja, a pessoa precisa ter é se o aprendiz estaria sozinho nessa
a habilidade de buscar a aprendizagem jornada. A autodireção da aprendizagem
sempre que achar necessário. não significa que o aprendiz faça esse
192/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida
percurso de maneira solitária; ele pode comportamento dos colegas e publicações
buscar ajuda na educação formal, não- voltadas para a Educação Superior.
formal ou informal. É comum momentos Independentemente de como o aprendiz
em que o adulto busca aprendizagem com irá buscar a aprendizagem necessária, um
amigos, familiares e colegas. fator é certo: ela depende diretamente
O estudo de Andrade (2011) sobre da capacidade crítica e questionadora do
desenvolvimento docente corrobora aprendiz.
essa ideia quando apresenta as fontes Como vimos na aula 02, uma das bases
de aprendizagem que os professores da Heutagogia é a aprendizagem por laço
buscam. Das 12 inicialmente apresentadas duplo de Schön e Argyris (2000), pois ela
na aula 04, ao menos seis dizem explica sobre a necessidade de o adulto ser
respeito à informalidade como fonte de capaz de criticar as variáveis governantes
aprendizagem: observação atenta do ou as teorias em uso.
desenvolvimento dos alunos com os quais
trabalho, troca de ideias com os colegas
no grupo de trabalho, consulta a livros e
revistas especializadas, minha experiência
pessoal e familiar, observação do
193/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida
Para lembrar:

Sem o pensamento crítico que o faz questionar as teorias em uso, o aprendiz reproduzirá a
ideia sem que haja, necessariamente, transformação no indivíduo, ou seja, aprendizagem.
O questionamento possibilita que o aprendiz transforme, não só sua prática, mas seus
conhecimentos.
Curiosamente, a ideia de aprendizagem autodirigida é difundida em vários países, como
Estados Unidos e França, mas pouco se pensa sobre esse conceito no Brasil (NOGUEIRA, 2011),
por isso, bibliografia em português não é muito comum.
A Universidade de Waterloo, em seu site, ensina quatro passos para a aprendizagem
autodirigida: esteja pronto para aprender, estabeleça objetivos de aprendizagem, engaje-se
194/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida
no processo de aprendizagem e avalie a aprendiz deve definir: metas, estrutura e
aprendizagem. sequência das atividades, cronograma de
Estar pronto para aprender é o primeiro realização, recursos materiais para cada
passo, até porque sem ele o processo de meta, avaliação da conclusão da meta.
aprendizagem autodirigida não inicia. Este Definir reuniões sistemáticas para discutir
passo relaciona-se com um dos pilares questões sobre o que está sendo aprendido
da Andragogia. Alguns sinais de que o também pode ser uma boa ideia.
aprendiz está pronto para a aprendizagem Como dito, essa etapa requer que o
autodirigida são: autonomia, organização, aprendiz seja extremamente organizado e
disciplina, boa comunicação, aceitação de engajado no aprendizado.
críticas, autoavaliação e autorreflexão. A terceira etapa é o engajamento no
A segunda etapa é a definição de objetivos processo de aprendizagem. É preciso
de aprendizagem. Assim como num que o aluno compreenda a si mesmo
processo de heteroeducação, os objetivos como aprendiz para que ele entenda suas
de aprendizagem e o contrato pedagógico necessidades. Responder às perguntas a
são estabelecidos pelo professor, na seguir pode ajudar pensar a respeito: quais
autodireção esses objetivos também são as minhas necessidades e os métodos
devem ser estabelecidos. Dessa forma, o de ensino? Quem foi o meu professor
195/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida
favorito? Por quê? O que ele fez que era
diferente dos outros professores?
A ideia é refletir sobre essas questões
durante todo o processo e substituí-lo
Para saber mais
como seu próprio aconselhador. Além da abordagem de estudo aprofundada, há
ainda outras duas:
Além dessas perguntas, é preciso entender
sua abordagem de estudo e adaptar-se • Abordagem de superfície, que envolve
para que a aprendizagem seja efetiva. reprodução para: para lidar com as exigências
A mais aconselhável é a abordagem de cada assunto, aprender o que é necessário
aprofundada, que envolve transformação para aquele momento.
para: compreender ideias por si mesmo, • Abordagem estratégica, que envolve
conseguir aplicar o conhecimento a novas a organização para: aprender o que é
situações, usar novos exemplos para necessário, memorizar fatos tal como lhe foi
explicar um conceito e aprender mais apresentado, passar muito tempo praticando
do que necessário para a conclusão da exames passados.
unidade.

196/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida


A última abordagem é a avaliação da
aprendizagem. Como ele é o condutor do Para saber mais
processo, essa avaliação precisa ter caráter
Sobre a aprendizagem autodirigida,
de autoavaliação e de autorreflexão.
acesse o site especializado: <http://www.
Autoavaliação é o processo de reflexão
selfdirectedlearning.org/what-is-self-
de como foi o aproveitamento da sua
directed-learning>
aprendizagem e envolve as seguintes
perguntas: Como eu sei que eu aprendi?
Sou flexível na adaptação e aplicação
do conhecimento? Tenho confiança no
material de explicar? Quando eu sei que
eu aprendi o suficiente? Quando é hora
de autorreflexão e quando é tempo para
conversas com outros?

197/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida


1. A aprendizagem autodirigida
e a educação a distância Para saber mais
A educação a distância teve uma rápida evolução
Educação a distância é qualquer educação
desde sua criação. O advento da tecnologia fez
mediada por tecnologia. Há conhecimento
com que esse tipo de aprendizagem ganhasse
da educação a distância no Brasil desde a
força rapidamente.
década de 1940 com um curso ministrado
por rádio. Ao longo dos anos e com a Para saber mais sobre a história da educação a
evolução das tecnologias, a educação a distância, leia o artigo da Lucineia Alves:
distância foi ganhando novas nuances. <http://www.abed.org.br/revistacientifica/
Atualmente, ela é uma importante Revista_PDF_Doc/2011/Artigo_07.pdf>
ferramenta da formação, principalmente
quando é preciso levar conhecimento a
lugares distantes e para muitas pessoas. A aprendizagem autodirigida é privilegiada
pela educação a distância porque o
aprendiz precisa cumprir os quatro passos
propostos pela Universidade de Waterloo.

198/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida


O engajamento no processo de si só; ou seja, precisa ter a direção da sua
aprendizagem deve ser ponto principal, aprendizagem.
pois sem ele o aluno deixa de buscar o Sobre isso, Moore diz que o aprendiz
conhecimento. Porém, um dos maiores precisa cuidar do que ele chama
desafios dessa modalidade é a organização de “eventos”, que podem ser de
para o estudo, essencial para o estudo estabelecimento, de execução e de
aprofundado de algo. avaliação. Os eventos de estabelecimento
Baseado na motivação e na autodireção da tratam de estabelecer objetivos e metas
aprendizagem, Moore (1986) definiu três de aprendizagem. Os de execução são os
tipos de aprendizes adultos que procuram momentos de aprendizagem propriamente
a educação a distância: aquele que escolhe ditos. Já os eventos de avaliação podem
estudar por interesse ou necessidade; ser entendidos como balanços das
aquele que precisa do diploma da aprendizagens.
formação; e aquele que gosta e precisa Esses três eventos compartilham os passos
continuar estudando. propostos pela Universidade de Waterloo
Independentemente do tipo de aprendiz, o para se ter sucesso na aprendizagem
aluno da educação a distância precisa de autodirigida.
vontade de estudar e conseguir estudar por
199/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida
Para finalizar, Knowles (1975 apud
RABELLO, 2007) explica três razões
para que o adulto dirija sua própria
aprendizagem. A primeira é que o aluno
que toma a iniciativa da aprendizagem
tende a se sair melhor; isso tem a ver com
os pilares da Andragogia. A segunda razão
é que a autodireção na aprendizagem
tem a ver com o amadurecimento e o
desenvolvimento psicológico. A terceira
razão é que a aprendizagem autodirigida
está em consonância com os dias de hoje e
com as rápidas mudanças, permitindo que
o adulto esteja atualizado.

200/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida


Glossário
Educação informal: é aquele que ocorre além da organização proposital como escola, ONG,
treinamentos etc.; ocorre no cotidiano.
Heteroeducação: condução da educação por outra pessoa.
Abordagem de estudo: forma como o estudo é realizado.

201/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida


?
Questão
para
reflexão

Como reflexão, organize sua aprendizagem autodirigida


segundo os passos apresentados na aula: esteja pronto
para aprender, estabeleça objetivos de aprendizagem,
engaje-se no processo de aprendizagem e avalie a
aprendizagem.

202/212
Considerações Finais

Aprendizagem autodirigida é o processo em que o aluno assume sua


aprendizagem e define o que, como, quando será estudado e avaliado.
Autodireção na aprendizagem não quer dizer solitária e, muitas vezes, é feita de
maneira informal.
Pode-se pensar na organização da aprendizagem em quatro passos: esteja
pronto para aprender, estabeleça objetivos de aprendizagem, engaje-se no
processo de aprendizagem e avalie a aprendizagem.
A educação a distância combina com a aprendizagem autodirigida pela
característica de aluno.
Moore definiu três tipos de aprendizes adultos que procuram a educação a
distância: aquele que escolhe estudar por interesse ou necessidade; aquele
que precisa do diploma da formação; e aquele que gosta e precisa continuar
estudando.

203/212
Referências
MOORE, Michael. Self-Directed Learning and Distance Education. Journal of distance
education/ Revue de l’enseignement à distance, Athabasca, v. 1.1, 1986. Disponível em:
<http://especializacion.una.edu.ve/iniciacion/paginas/moore1986.pdf> Acesso em 20/10/2015.
MOURA, Rui. Aprendizagem Autodirigida: uma definição de termos. Disponível em: <http://
rmoura.tripod.com/sdl_deftermos.htm> Acesso em 20/10/2015.
NOGUEIRA, Sónia Maria. Revisitando a autodireção na aprendizagem: atributos e
características do educando autodirigido. Revista Linhas, Florianópolis, v. 12, n. 01, p. 111-
130, jan./jun. 2011. Disponível em: <http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/
viewFile/2062/1727> Acesso em 19/10/2015.
RABELLO, Cíntia Regina Lacerda. Aprendizagem e educação a distância. In: Aprendizagem
na educação a distância: Dificuldades dos discentes de licenciatura em ciências biológicas
na modalidade semipresencial. Rio de Janeiro: UFRJ/Núcleo de Tecnologia Educacional para a
Saúde, 2007. p. 46-53. Disponível em: <https://sites.google.com/site/geacufrjpublico/textos-
basicos/aprendizagem-e-educacao-a-distancia> Acesso em 20/10/2015.
UNIVERSIDADE DE WATERLOO. Self-Directed Learning: A Four-Step Process. Disponível em:
<https://uwaterloo.ca/centre-for-teaching-excellence/teaching-resources/teaching-tips/
tips-students/self-directed-learning/self-directed-learning-four-step-process> Acesso em
19/10/2015.
204/212 Unidade 8 • Aprendizagem Autodirigida
Assista a suas aulas

Aula 8 - Tema: Aprendizagem Autodirigida - Aula 8 - Tema: Aprendizagem Autodirigida - Bloco


Bloco I II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
0ce86c9e34845bf5c6e5a9fda8fb5808>. 42821501d45e5a0d6b4fcecd1621b858>.

205/212
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta sobre a aprendizagem autodirigida:

a) A aprendizagem autodirigida, apesar de ser livre, nunca é informal; o estudante procura um


curso por conta própria.
b) A aprendizagem autodirigida é sempre informal, pois como o aprendiz faz o que quer, ele
não precisa de planejamento.
c) A aprendizagem autodirigida é, basicamente, aquela que o aluno estuda sozinho quando
ele acha necessário e não tem ninguém para ajuda-lo.
d) A aprendizagem autodirigida permite que o aluno determine o que vai aprender, assim ele
consegue se organizar para fazê-lo da melhor forma possível.
e) A aprendizagem autodirigida permite que o aluno determine o que vai aprender, mas ele
deve seguir um plano organizado por um professor.

206/212
Questão 2
2. A elaboração de objetivos e metas para a aprendizagem autodirigida
é um dos passos propostos pela Universidade de Waterloo e por Moore.
Assinale a alternativa que explica essa necessidade.

a) A definição de metas é importante porque define a quantidade de tempo de estudo e a


nota que será tirada.
b) Os objetivos traçados no início do planejamento definirão com quem o aprendiz deverá
compartilhar seus novos conhecimentos.
c) Metas e objetivos são organizados em conjunto com o professor e depois se confere seu
cumprimento.
d) Quando não há objetivos de aprendizagem, qualquer coisa aprendida seria válida, por isso,
sem ele a aprendizagem ficaria sem direção.
e) Quando não há metas definidas, não se pode definir se o que foi aprendido é válido porque
não há com o que comparar.

207/212
Questão 3
3. Sobre o engajamento no processo de aprendizagem, é correto afirmar
que:

a) Ele mostra que o aprendiz está orientado à aprendizagem, mas não, necessariamente, que
estaria pronto para isso, por isso, ele precisa de um tutor.
b) Ele mostra que o aprendiz está pronto para aprender, mas não quer dizer que esteja
orientado, por isso, ele precisa de um tutor.
c) Ele mostra que o aprendiz está aberto a novas aprendizagens, mas não quer dizer que ele
está pronto para isso, portanto, ele precisa de um tutor.
d) Ele mostra que o aprendiz está pronto para aprender, orientado a isso e motivado, por isso
ele está aberto a novas aprendizagens.
e) Ele mostra que o aprendiz tem o desejo de aprender, mas não as ferramentas para isso, por
isso ele precisa de um tutor.

208/212
Questão 4
4. Sobre o aprendiz da educação a distância, assinale a alternativa IN-
CORRETA:

a) O aprendiz é o aluno adulto que gosta de estudar e estar sempre aprendendo.


b) O aprendiz é o aluno adulto que, muitas vezes, precisa do diploma de um curso formal.
c) O aprendiz é o aluno adulto que percebe a necessidade de aprender algo que ele ainda não
sabe.
d) O aprendiz é o aluno adulto que não sabe como aprender, por isso, ele busca cursos
formais.
e) O aprendiz é o aluno adulto que trabalha, mas quer aprender e a educação a distância
permite que ele se organize da melhor forma.

209/212
Questão 5
5. Educação a distância tem a ver com a aprendizagem autodirigida porque:

a) O aluno tem a vontade de aprender, mas não consegue por ele não ter amadurecimento
psicológico suficiente.
b) O aluno consegue aprender porque as rápidas mudanças o obrigam a se adaptar mesmo
que ele não queira, de fato, aprender.
c) O aluno é amadurecido e desenvolvido psicologicamente e consegue aprender, mesmo não
tendo tomado a iniciativa da aprendizagem.
d) O aluno toma a iniciativa da aprendizagem e, a partir daí, consegue se comprometer com o
aprendizado por já ter um amadurecimento e desenvolvimento psicológico.
e) O aluno toma a iniciativa e se compromete com a aprendizagem, mesmo não estando
desenvolvido e amadurecido psicologicamente.

210/212
Gabarito
1. Resposta: D. 3. Resposta: D.

A aprendizagem autodirigida permite que o O engajamento mostra que o aprendiz está


aluno determine o que vai aprender, assim pronto para aprender, orientado a isso e
ele consegue se organizar para fazê-lo da motivado, por isso ele está aberto a novas
melhor forma possível. aprendizagens.

2. Resposta: D. 4. Resposta: D.

O estabelecimento de objetivos é O aprendiz é o aluno adulto que não sabe


importante para mostrar o caminho a como aprender, por isso ele busca cursos
ser percorrido, por isso, quando não há formais.
objetivos de aprendizagem, qualquer coisa
aprendida seria válida. Quando não se sabe 5. Resposta: D.
para onde ir, qualquer lugar é válido.
O aluno toma a iniciativa da aprendizagem e,
a partir daí, consegue se comprometer com o
aprendizado por já ter um amadurecimento e
desenvolvimento psicológico.
211/212

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