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Copyright © by Marly de Almeida Gomes Vianna, Érica Sarmiento da Silva,

Leandro Pereira Gonçalves et al., 2014

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Agradecimento à Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo


à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - Faperj, pelo apoio recebido.

ClP-BRAslL. CATALOGAÇÃO-NA-FoNTE

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

P937
Presos políticos e perseguidos estrangeiros na Era Vargas / organização Marly de
Almeida Gomes Vianna, Érica Sarmiento da Silva, Leandro Pereira Gonçalves. -
1. ed. - Rio de Janeiro: Mauad X : Faperj, 2014.
264 p. : 15, 5 X 23,0 em.
Incluibibliografia e índice
ISBN 978-85-7478-676-6
1. Ciências sociais. 2. Ciência política. 3. História do Brasil. 4. Populismo.
5. Sindicalismo. 6. Socialismo. 7. Anarquismo. I. Fundação Carlos Chagas de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 11. Vianna, Marly de Almeida
Gomes. 111. Silva, Érica Sarmiento da. IV.Gonçalves, Leandro Pereira.
14-15006 CDD: 320.5
CDU: 329.1/6
SUMÁRIO

PREFÁCIO- António Costa Pinto 07

INTRODUÇÃO - Francisco José Calazans Falcon 09

CAPíTULO I - Os arquivos da polícia política brasileira:


intolerância, repressão e resistência
Maria Luiza Tucci Carneiro 13

CAPíTULO 11- Anarquistas e sindicalistas revolucionários na


luta antifascista (1933-1935)
Alexandre Ribeiro Samis 33

CAPíTULO 111- Entre suspeitos, perseguidos e expulsos:


São Paulo 1934-1940
Maria Izilda Santos de Matos 49

CAPíTULO IV - luiz Carlos Prestes


Marly de Almeida Gomes Vianna 69
CAPíTULO V - Italianos, antifascismo e perseguição política na
Era Vargas (1930-1937)
Carlo Romani 89

CAPíTULO VI - Elementos prejudiciais: o fechamento do


Centro Galego do Rio de Janeiro pelo governo Vargas
Érica Sarmiento da Silva 111

CAPíTULO VII - O Estado Novo:


fim da Ação Integralista Brasileira e prisão de Plínio Salgado
Leandro Pereira Gonçalves 129

CAPíTULO VIII - Todas as cores da repressão:


os "camisas-verdes" e as perseguições políticas durante a Era Vargas
Pedra Ernesto Fagundes 159

CAPíTULO IX - Cortando as asas do nazismo:


a Dops-RS contra os "súditos do Eixo"
TaísCampelo Lucas 179
CAPíTULO X - A história que retorna: marcas da perseguição
e da exclusão na história de uma família de origem russa e judaica
TacianaWiazovski 197

CAPíTULO XI - Os armênios em São Paulo e a repressão


da polícia política durante o governo Vargas
Heitor de Andrade CarvalhoLoureiro 211

CAPíTULO XII - Japoneses na Era Vargas:


o tom destoante nO projeto de nação brasileira
RosangelaKimura 229

CAPíTULO XIII - Escolas estrangeiras em São Paulo e a ação da polícia política


FernandaFranchini e Diana GonçalvesVidal 245

SOBRE OS AUTORES 261


CAPíTULO VII

o ESTADO NOVO:
FIM DA AÇÃO INTEGRALlSTA BRASILEIRA E
PRISÃO DE PLíNIO SALGADO

Leandro Pereira Gonçalves

Desde o início das reflexões políticas na década de 1920, o líder integralista


Plínio Salgado era defensor de um pensamento antipartidário. Em 1932, ano
de fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), afirmou: "Sendo os parti-
dos políticos do Brasil constituídos por essa massa ignara, evidentemente não
podem sistematizar campanhas de ideias, nem traçar quaisquer programas."!
Estabeleceu combates contra a existência dos partidos políticos no Brasil,
como na obra O que é integralismo quando afirmou: "o integralismo moverá [...]
guerra de morte a todos os partidos, sejam eles quais forem".'
No modelo político em que a AIB estava inserida, existiam duas opções
para alcançar o poder: a via insurrecional ou eleitoral. A primeira foi o cami-
nho teórico escolhido por ele ao organizar os ideais integralistas. Entretanto,
em um contexto cultural e espiritualista, esse caminho era demasiado longo,
uma vez que haveria a necessidade de mexer com as estruturas culturais e
intelectuais do país; e o integralismo, por mais aceitação que tivesse em deter-
minados meios, não possuía força capaz de vitória, e por isso a saída encontra-
da foi a alteração do discurso político. Em um primeiro momento, autorizou
a participação da AIB nas eleições de 1934, mesmo não sendo um partido
constituído. Em dezembro desse ano, ficou radiante devido ao crescimento
dos militantes e dos votos obtidos nas eleições.
Com certo sucesso alcançado, viu que era preciso entrar na "vulgaridade
partidária", indo contra seus ensinamentos. A trajetória para o poder fez que

'salgado, 1935, p. 176.


2
Salgado, 1937a, p. 133.

PRESOS POlÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 129


fosse realizado, na cidade de Petrópolis,> em 7 de março de 1935 o rupos como a AIB e a ANL. A partir desse momento, o anticomunismo
gresso Integr aliista Brasi'1'erro, 4 quando se deu oficialmente a alte ' _. 2. Co 11, de ~ o passou a ser mais visível e a intensificação na busca pelo poder pas-
. raçao )uríd' JiIllan d B '1
do movimento, transformando-o em partido político. Para is lca P or uma transformação política, resultado de uma mu ança que o rasi
so era pre .
alterar o discurso feito até então. Dessa forma o líder integral' CISo Sou P . c . . . fi d
. década de 1930. Tal aversão ao comunismo 101 mtensinca a com o
. 'Ista afirl1l W~ . .
em artigo no mesmo ano do congresso, que a questão não era 01I, VI . ento da ANL, daí a necessidade de novos projetos, pOIS a chamada
. , '. . ser Contra urglm
partidos políticos, mas, srm, contra os partidos políticos estadu . Os s 1 ção espiritual" não seria capaz de alcançar um poder de fato em um
aIS, que er
a base da velha oligarquia brasileira. ~ "revo'1 u'nsurrecionaI daí a busca pela 1eg aloizaçao
- parti idáarIa
. e a e Ieiçao
. - d e 1938 .
BraSI I '
Com a alteração política do movimento, Plinio Salgado preparou-se UI1l _ Seu projeto eleitoral, no entanto, sofreu mudanças através de alterações
política ousada: a candidatura à Presidência da República, em 1938. Com u a a~ olíticas promovidas por Getúlio Vargas, que, em 1937, decretou. o golpe do
al . . dos i ali -. l1ldIS_
curso s vacrorusta os mtegr istas, que nao tenam opção nas eleições de PEsta do Novo ' consolidando a ditadura. Dessa forma, todos os partidos e agre-
diizra
. ter al tera d o as b ases mte
. Iectuais. d o movimento pelo bem integral: 1938'
rniações políticas foram extintos. O integralismo continuou a ter uma presen-
ça política discreta:
Hoje, no Brasil, só existe um partido nacional. É o integralismo, confor-
me há dias tornou patente o general Góes Monteiro. E esse partido não Até 1938, a ação dos integralistas contou com a tolerância governamen-
é nacional pelo simples fato de se haver registrado como tal perante a tal, não somente como contraofensiva ao Partido Comunista como tam-
Justiça competente; é nacional porque todo o seu pensamento político, bém para a demolição do arcabouço liberal-burguês que era pretendido
seu sentimento, sua mística, fundamentam-se naquelas aspirações ge- pelos construtores do Estado Novo.'
rais comuns a todos os brasileiros."
Getúlio Vargas utilizou preceitos centralizadores, e muitos: "historiadores as-
Tentava impedir qualquer tipo de supremacia Partidária oligárquica estadu- sinalaram ter sido o Estado Novo getuliano uma jogada para afastar Plínio Salga-
al, ou até mesmo entre opositores esquerdistas - os comunistas do Partido Co- do do caminho do poder" .8 A relação entre os dois sempre foi de instabilidade: "A
munista do Brasil (PCB), os aliancistas da Aliança Nacional Libertadora (ANL), relação entre a AlB e Getúlio Vargas foi marcada por momentos de aproximações
criada no mesmo período de oficialização Partidária da AIB e colocada na ile- e aparentes caminhos em comum e outros de profundas rupturas."
galidade em julho de 1935; ou até mesmo da Frente Única Antifascista (FUA),
Com a divulgação do embuste conspiratório conhecido como Plano Cohen e o
existente desde 1933. Sobre o Partido Integralista, Plínio Salgado afirmava que:
consequente Estado Novo getuliano, ocorria um questionamento entre os integra-
listas: "seria o momento do poder?" Com a presença de alguns deles na organização
Somos o único partido nacional registrado no Superior Tribunal Eleito-
ditatorial de 1937, o objetivo de certo poder passava a ser vislumbrado por Plínio.
ral. Como tal, temos comparecido às eleições. Realizamos pela doutrina,
As relações entre ele e Getúlio Vargas nunca foram as melhores, basta lembrar da
pela propaganda, pelo voto, pela cultura, pela disciplina moral que os
Lei de Segurança Nacional, que obrigou Salgado a alterar determinados componen-
integralistas aprendem na escola de civismo das nossas milícias desar-
tes do movimento, como a extinção das milícias Írltegralistas, e apontava Getúlio
madas: a revolução legal. 6
Vargas como o verdadeiro culpado pelas mudanças da organização da AIB.

o momento era favorável à criação de organizações políticas, pois o perí- O contato com Getúlio Vargas ocorria através de relações de proximidades
odo "democrático" discursado por Getúlio Vargas beneficiava o crescimento em torno dos inimigos em comum, mas a busca pelo poder supremo era um
elemento gerador de divergências e, através da ânsia pelo poder, Vargas conse-
3 Cf. Gonçalves; Oliveira; Alcântara, 2011. guiu manipulá-I o habilidosamente.
4 :~ntes, ocorreu o 1° Congresso Integralista Brasileiro na cidade de Vitória, capital do Es-
pírito Santo, em março de 1934, em que a AIB adquiriu caráter verdadeiramente IT o
estabelecendo-se como sociedade civil. po I IC
7 Albuquerque, 1986, p. 591.
5 Salgado, 1937b, p. 167.
8 Vasconcellos, 2011.
6 Salgado, 1959, p. 19-40.
9 Caldeira Neto, 2011, p. 36.

130 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES


PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 131
Essa relação, que teve como consequência o exílio'? do líder integralista , e' Ele trabalhou a meu lado nos transes mais difíceis da vida nacional, com
de fundamental importância para o entendimento e compreensão de uma ne, uma discrição rara, assistindo a tudo o que aconteceu em 37 e 38, desde
cessária alteração do seu discurso e pensamento político. O exílio ocorreu no a elaboração da Carta Constitucional, que foi discutida e trabalhada em
período da Segunda Guerra Mundial, momento em que foi preciso reordenar minha casa, até aos momentos mais dramáticos de novembro de 37 a
determinadas ideias para a construção de um novo projeto que fosse compactu_ maio de 38, em que conhecemos os homens, um a um, as fraquezas de
ado com a realidade do Brasil e do mundo no pós-guerra. De forma gradual , a uns, as traições de outros, a miséria de muitos e a grandeza de alma de
prática fascista perdia espaço para a criação de um conceito cristão de democra_ poucos. Tudo isso nos ligou muito porque nada mais liga um homem ao
cia em torno de um ambiente conservador. Portugal teve anteriormente um pa- outro do que o conhecimento mútuo e este torna-se absoluto nos supre-
pel fundamental para sua formação política e intelectual. Com o novo período mos instantes do sofrimento. I2

a política portuguesa voltou a ter um papel de transformação e, principalmente'


adaptação perante a nova situação vivida. Para entender isso, torna-se necessá~ Não há dúvidas de sua participação na preparação do golpe de 1937, ape-
rio analisar as rusgas com Vargas que ocasionaram o exílio do integralista. sar de afirmar, durante toda a vida: "o golpe de Estado de 1937 foi dado in-
teiramente à minha revelia". I3 Em 1943, ao refletir sobre os acontecimentos
Para Plínio Salgado e parte dos camisas-verdes, as rusgas com Getúlio Var.
antecessores ao evento de 1937, afirmou em Carta aberta aos meus amigos que:
gas haviam sido deixadas de lado em 1937, uma vez que o próprio presidente,
segundo o líder integralista, adotava discursos de apoio ao movimento; tanto
No período de maior expansão do integralismo, tivemos o golpe de Estado
é que Plínio Salgado retirou a candidatura presidencial (até mesmo por que
de novembro de 1937. Não obstante eu ter sido ouvido sobre a nova cons-
não haveria eleições). A presença dos integralistas no processo de organização
tituição brasileira e essa constituição coincidir com muitas das ideias inte-
para a implantação do Estado Novo passava a ser um elemento de esperança
gralistas, a Ação Integralista Brasileira foi extinta por decisão do governo,
para os camisas-verdes. O embuste conspiratório, o Plano Cohen, evocava o
pelo decreto que supriu todos os partidos políticos no país. H
perigo comunista que ameaçava as instituições brasileiras. Um governo antí-
comunista e a existência de uma organização partidária contrária à doutrina O apoio de Plínio Salgado ao novo regime não era fruto do acaso; ele de-
marxista era o momento ideal para uma aliança entre os dois. sejava algo em troca. Mas a traição foi um sentimento que marcou as relações
A "ameaça comunista" passou a ser elemento de ligação entre o governo políticas no ano de 1937 no meio integralista, sendo o líder o mais afetado.
e a AIB. O período que antecedeu o mês de novembro foi de grande agitação Em "Carta do Chefe Nacional da Ação Integralista Brasileira Plínio Salgado
e manobras políticas. O ponto central estava por trás de uma entrada oficial ao Senhor Dr. Getúlio Vargas, presidente da República, em 28 de janeiro de
de Plínio Salgado no governo. O presidente lhe havia prometido que, após 1938",15 publicada em 1945, no Correio da Manhã,16 relatou com detalhes, na
o golpe político, os integralistas iriam participar do Estado Novo, sendo os visão dos integralistas, os acontecimentos daquele momento:
responsáveis pelo Ministério da Educação. Entretanto, quando Getúlio Vargas
decretou o golpe, não tomou tal atitude, despertando entre os integralistas Antes de ter um novo encontro com V. Exa. para, de conformidade com o
um sentimento de traição, aliado ao desejo de vingança. que anteriormente ficou estabelecido, transmitir-lhe a reposta definitiva
Em carta a Ribeiro Couro," Plínio demonstrou o conhecimento prévio da em relação ao convite que V. Exa. se dignou fazer-me para ocupar a pasta
de Educação em seu Governo, resolvi, com a maior lealdade e franqueza,
Constituição de 1937 e analisou o período de tensão entre o golpe do Estado
Novo, em novembro, e o ataque dos integralistas ao Palácio Guanabara, em maio
de 1938. Na correspondência, disse que o genro, Loureiro júnior, esteve ao seu 12 Correspondência de Plínio Salgado a Ribeiro Couto, 28 fev. 1940 (Fundação Casa de Rui
Barbosa (FCRB)/Apeb-Pop: 28177).
lado em todos os momentos desses períodos, acompanhando as negociações:
13 Salgado, 1982, p. 85.
14 Salgado, Carta aberta aos meus amigos. Lisboa, 22 out. 1943 (FCRB/Apeb-Pop: 28177).
10 PlínioSalgado ficou exilado em Portugal entre 1939 e 1946. Sobre o tema, cf. Gon-
çalves, 2012. 15 Salgado, 1950, p. 111-36.
11 Membro da Academia Brasileira de Letras, foi autor de obras literárias e teve atuação em 16 Salgado, "O Estado Novo e o Integralismo~ co~oa histó~ia é contada, em uma carta do Sr.
vários jornais, inclusive no Correio Paulistano. Pllnlo Salgado, em 1938". Correio da Manha, RIO de Janeiro, 4 mar. 1945, p. 2 e 6.

132 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES PRESOS POLITICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA VARGAS 133
fixar nas linhas que seguem os aspectos de uma situação que reputo grave começa a tergiversar, a procurar generais, etc. Não sei se ele está agindo
e que s6 poderá ser resolvida se encarada com absoluto realismo político. com duplicidade ou se não pode impor-se à massa dos seus adeptos."
Não seria eu bastante sincero e honesto se pretendesse dar ao seu governo
a minha colaboração pessoal, quando esta não implicasse na adesão, à mi- Não era uma coisa nem outra; o líder integralista, que já tinha conheci-
nha atitude e aos objetivos de V. Exa., de mais de um milhão de brasileiros xato do proj eto a ser implantado no Brasil, buscava garantias e se
mento e , .
que criaram, pela sua doutrinação e propaganda, o clima sem o qual não . va para o poder de fato Essa atitude levantada por Vargas e essencial
valonza .
se tomaria possível a transformação constitucional de 10 de novembro.v a analisar que Plínio estava ciente do golpe de novembro de 1937, mes-
par tes do acontecimento. Isso alimentou a insatisfação dos militantes e,
rno an _ ..
Nota-se que ele redigiu essa carta em janeiro de 1938, e o objetivo central quen temente do líder integralista, uma vez que Vargas nao cumpnna o
conse '
do documento era demonstrar que não aceitava o cargo de ministro; no entan_ m janeiro de 1938 relembrou o mês de setembro de 1937, em que
aCordo . E '
to, essa não foi a sua primeira atitude. Segundo relatos do Presidente GetÚlio ncontro com o então ministro da Justiça Francisco de Campos:
teve um e
Vargas, contidos em seu Diário, vê-se que o mandatário máximo do Brasil
protelou de todas as formas uma decisão oficial. Era bem claro que Vargas não [...] nessa ocasião que me procurou o Dr. Francisco de Campos, com o qual
lhe concederia poder e apenas usara da força dos militantes integralistas para me encontrei em casa do Dr. Amaro Lanari. Ele me falou dizendo-se au-
auxiliar a consolidação do Estado Novo. Em 28 de novembro de 1937, disse: torizado pelo Sr. presidente da República e me entregou o original de um
projeto de Constituição que deveria ser outorgado, num golpe de Estado, ao
Aproveitando uma coincidência momentânea, fui ver a bem-amada e, país. Estávamos no mês de setembro de 1937. O Dr. Francisco de Campos,
de regresso, passei na casa do Rocha Miranda, onde encontrei-me com dizendo sempre falar após entendimentos com V. Exa., pediu o meu apoio
Plínio Salgado, e aí conversamos sobre a dissolução do integralismo e para o golpe de Estado e a minha opinião sobre a Constituição, dando-me
dos partidos políticos, e sua entrada para o Ministério. Ficou de acordo, 24 horas para a resposta. Pediu-me, também, o mais absoluto sigilo."
ponderando, porém, as dificuldades que encontraria, precisando consul-
tar sua gente e depois responder-me. 18 Ao analisar a Constituição, verificou grandes possibilidades de poder para
os camisas-verdes, pois, segundo sua visão, a base da política integralista es-
Após quatro dias, Getúlio Vargas promulgou o Decreto-lei n. 37, dissol- tava presente com grande intensidade na Carta Constitucional:
vendo todos os partidos políticos, além de proibir milícias CÍvicas e restringir
o uso de uniformes e simbologias dessas entidades, entre as quais a AIB. Para Perguntei qual seria, na nova ordem, a situação da 'Ação Integralista Bra-
Salgado, essa atitude foi vista como momentânea e que o ministério supriria sileira", ao que o Dr. Francisco de Campos me respondeu que ela seria A
essa ausência, inclusive relatada por Vargas, na véspera do decreto-lei, em 1. BASE DO ESTADO NOVO, acrescentando que naturalmente o INTEGRA-
de dezembro: LISMO teria de ampliar os seus quadros para receber todos os brasileiros
que quisessem cooperar no sentido de criar uma grande corrente de apoio
Fui informado de que os integralistas entraram na fase subversiva, co- aos objetivos do Chefe da Nação. Respondi-lhe que, quando fosse organi-
meçaram a conspirar, a preparar um golpe de mão, a ameaçar-me e pro- zada a União Nacional, o integralismo deixaria de ser "partido", seus ele-
mover reuniões de protesto. Plínio Salgado, nos entendimentos com mentos constituiriam o núcleo, o início da formação daquela corrente, mas,
o ministro da Justiça, mostrou-se de inteiro acordo com a dissolução para isso, precisava o integralismo de continuar como associação educativa,
dos partidos, inclusive do integralismo, e sua entrada para o Ministério. cultural, como uma verdadeira comunidade cívica que era, de desambicio-
Pediu-me apenas alguns (dias) de prazo para informar a seus correligio- sos, de homens dispostos a todos os sacrifícios, sem aspirar a recompensas.
nários, a fim de que estes aceitassem bem os atos do governo. Depois A isso o Dr. Campos mostrou-se perfeitamente de acordo. Pediu-me, então,

19
17 Salgado, 1950, p. 111. 1d em, p. 89.
18 Vargas, 1995, p. 88. 20
Salgado, 1950, p. 118.

134 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 135
para que eu ficasse rnai . .
aIS OItOdias com o projeto de Consrí ._
que lhe apresentasse um parece Insi . . tltwçao, a fim de fevereiro de 1938, Vargas, em seu diário, relatou: "D. Rosalina" teve uma
r. SIStlUem dizer q d .
absoluto segredo.» ue tu o aquilo era em
de ferência com Plínio Salgado e traz-me as condições escritas pelo genro
on
c Uosé Loureiro júnior] para ele entrar para o Ministério. Pedi à portadora
Na documentação, via com bons olhos anroxí _ deste s devolvesse, diizen d o que eu nao
- tomava con heci
ecimento. "29 G etu'1·10 con-
mente pelo fato de se enxergar politicament: ~açoes com. o governo, Princi que a d . 1 - i
tinuava a trabalhar o processo e marupu açao os mtegraliistas.
dos
relembrar o episódio afirmo .". . _proxuno ao presIdente.22 Em 1943PaJ•
,u.
d e franco apoio ao Chefe onenteí entao os meus co anhei , ao A ambiguidade política e a busca incansável pelo poder geraram ações
de Estado . mp erros23no senhd
. , cujo pensamento construti •..•o como essa; pois, em fevereiro de 1938, continuou a correr atrás do sonhado
era Igualmente anticomunista, e represe ta . vo e revoIUcion:i..:
A . - d
n va a garann., da ordem 'bli
pu ca" 24
-'0 ministério. Oficialmente, era preciso criar um discurso aos milhares de segui-
. poslçao e apoio ou liderança, no entanr _ ,. . dores, e para isso afirmou que a oposição passava a existir em torno da traição
Janeiro de 1938, sobre o golpe afi o, nao sera eVIdente e linear E",
, rmou que: . < ••
varguista. Dizia não aceitar a extinção oficial da AIB. "Preocupado com o que
poderia acontecer com a AIB, procurara seus contatos militares para tentar
A maior de todas as surpresas que tive em 1
salvar o integralismo como movimento cívico e nacionalista.v" O fechamento
curso de V. Exa. Nessa noite fi. O de novembro foi o dis-
, quel completamente .d da AIB criou um elemento de oposição ao governo," por isso fez questão de
fôramos enganados, desde o primei di _ convencI o de que
. erro Ia. Nao houve al relatar ao presidente a causa da não aceitação do ministério, em carta de janei-
carmho para o integralismo ou para os integralistas.25 uma p avra de
ro de 1938, anterior ao pedido do genro que ocorrera em fevereiro:

.A am bi19u1·dade era marca central do seu en .


rneira página do jornal Polh. d tcr.:: P sarnenro e atItude. Na pri. Falei nestas linhas, francamente, confiadamente, sem nenhuma restri-
. a a uone, em 1945 foi I d ção mental a V.Exa., como um bom brasileiro deve falar ao Chefe da
Ideologia integralista inspí C .. _ ,01 ança a a manchete: '~
" . rrou a Onstltulçao de 37 " A ' . sua Nação. Penso que esta questão do Integralismo precisa ser colocada
cunoso depoimento de PI' . Sal d .. . matena afirmou que:
mIO ga o fOI dlvulgad [ ] fi . no terreno exclusivo da confiança e da lealdade. É o que faço. E V.Exa.,
doutrina verde e o regime . , o ... a llldades entre a
vigente no país".»
agora sabedor do motivo por que ainda não aceitei o convite de V.Exa.
N- foi
ao 01 com essa interpretação oficial '. para seu ministro, poderá concluir em que setor do Governo e de que
golpe em 1937 A vis- . d .. que o Iíder mtegralista analisou o
. ao cna a em JaneIro de 1938 d maneira poderíamos trabalhar com dignidade pela grandeza do Brasil."
inimigos27 foi posterior ao d e serem tratados como
- momento o golpe ., Sal .
nao seria estabelecido que h ia sid ' ja que gado VIUque o acordo
, avia SI o enganad \l;
tudo para evitar um Contato co I o por argas e que este fazia de
- m aque e. Mesmo com - .
nao aceitaria o cargo, continuav . . • . a versao oficial de que
a a mSlstencla em assumir o ministério. Em 16 28 Rosalina Coelho Lisboa foi poetisa, romancista e conferencista com temáticas voltadas à
defesa da igualdade de direitos entre os sexos e a participação feminina na política. Biografia
disponível em http://www.republicaonline.org.brfpersonagem.aspacao=verdocs&cod=609.
Acesso em: 21 ago. 2012 . No entanto, percebe-se que a movimentação de Rosalina não
21 I
dem, p. 119-120 Os trech d t era meramente literária. Possuía uma série de articulações políticas bem elaboradas, en-
22 Id . os es acados em maiúscula são do original volvendo líderes da política nacional, como Getúlio Vargas e o integralista Plínio Salgado.
em,p.121. .
Constantemente foi mencionada em correspondências a Plínio, por outros líderes do inte-
23 N .. gralismo, como Raimundo Padilha e Loureiro Júnior, "Rosalina C. Lisboa era casada com
o onglnal, no lugar de "meus com ."
Integralista Brasileira". Vê-se que PIí~~n~~~os d consta com risco "membros da extinta Ação o Sr. Larragoiti, empresário da Sul América de Capitalização. Jornalista, integralista, era
mostrar que o integralismo não morreu expr ga ~' ao revisar o texto, teve como pretensão 'amiga' de Plínio Salgado. Devido às ligações com Vargas, representou o Brasil em várias
24 Salgado, 1950. ' essao que usou comumente até o fim da vida. delegações no exterior, como Chicago (1933), Buenos Aires (1936) e em Lima (1211938),
na Conferência Pan-Americana , onde em alguns momentos defendeu uma posição pró-
25 Idem, p. 126. -Alemanha." Possas, 2004, p. 10.
26 "Afd 29 Vargas, 1995, p. 109.
I eologia integralist·· . .
mar. 1945 a inspirou a ConstituiÇão de 37". Folha da Noit _
. 01 e, Sao Paulo 5 30 Campos, 1982, p. 77.
n '
Salgado, 1950, p. 128.
31 Sobre a militância após o fechamento da AIB: Cf. Miranda, 2008f2009.

32 Salgado, 1950, p. 136.


136
LEANDRO PEREIRA GONÇALVES

PRESOS roimcos E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA VARGAS 137


Não foi o bastante. A relação não era duradoura. Foi manipulado por Ge.
túlio Vargas. Os seus contatos não foram suficientes para evitar o pior Para . tivo de liquidar Getúlio Vargas, o q ue foi um fracasso:
obJe . ,
os camisas-verdes. Ele foi atrás do general Newton Cavalcanti, simpático ao
movimento integralista, e este garantiu que a nova ordem _ Estado Novo _ - .
arrusas-ver d e s foi brutal. Poucos dias aposlho
A posterior repressao aos c d reção localizada na I a
não pouparia o integralismo.33 ' detidos na casa e cor, . ,
levante, ja se encontravam 'tos de envolvimento com o episo-
00' divíduos susper
Era, portanto, necessário criar uma imagem em torno do líder, como urna Grande, cerca de 1.5 In. ] A risão ou a entrada das lideranças
vítima nas mãos do mau Getúlio Vargas, e ainda justificar como e por que não dio ou efetivamente envoIVld~s. ~"d' p trutura organizativa integralista.
. .d d abalou mais am a a es d
haveria combates para defender a AIB. Como forma de manutenção organi_ na clandesum ad e fi mados so b ngi ízida disciplina e agora tachados e
zacional, Plínio Salgado criou a Associação Brasileira de Cultura CABe), que Os camisas-ver es, or . conviver com uma ampla
pretendia seguir os ideais do integralismo no limite da lei. . e foras da lei, passam a
desordeiros, extremistas iticas apesar de perceberem
' . vimento e suas pra ,
A ideia era dar continuidade ao integralismo na legalidade, conforrne o campanha contraria ao mo. d pelo regime estado-novista."
0 que mur'to de sua ideologia fora Incorpora a
artigo 21 do estatuto: "São sócios fundadores da ~ssociação Brasileira de
Cultura', além de todos os integralistas, de ambos os sexos, inscritos na ~ção , . e falta de preparo" destruiu completamente
Integralista Brasileira'."34 Ao analisar a ABC, Plínio Salgado afirmou: "ulti- Esse episódio de desordem . ali t no Brasil, com prisões'? e perse-
. de retensão dos mtegr IS as
mamente, fundou-se nesta capital, com irradiação para todo o Brasil, a As- qualquer tIp~. P embros inclusive de Plínio Salgado.
guições de varlOs m , .,
sociação Brasileira de Cultura, de finalidades culturais, morais e esportivas,
dentro de um sentido vivamente nacionalista". 35A busca da nova legalidade . . Luís Gonzaga de Carvalho a maior pena Ja
Coube ao sargento fuzileiro I _ ondenado por ter assassi-
integralista ocorreu em um momento de negociações frustradas, pois se vê ib al: 40 anos de rec usao, c
imposta pelo tn un . . le se rendera. O levante
que o líder integralista foi levado pelo golpe getulista. A traição foi evidente. d arda palaciana que a e
nado um membro a gu ,. eação armada ao regime do
1938 presentou a umca r
A rigor os integralistas se julgavam traídos por Vargas, que lhes havia integralista de re d der pelas Forças Armadas
' al" amento de Vargas o po
passado uma "rasteira", fato que Plínio Salgado considerava mais ofensivo Estado Novo, ate o IJ .. ção de uma maioria de
em 1945. Embora tenha contado com a PartICI~:U planejamento e dire-
a Vargas do que a eles. Assim mesmo, uma corrente procurava Contem- integralistas, o levante envolveu, no to~ante 4~0
porizar, pleiteando cargos - o Ministério da Educação, por exemplo =, en- - elementos não filiados ao integralismo.
çao,
quanto outra, liderada por Belmiro Valverde, cogitava uma conspiração.
36
. , . ens investigativas, na década de 1960,
Através de uma sene de reportag presença de alemães no
o ponto
máximo da insatisfação dos integralistas com o governo getulista verificou-se que o levante de 1938 contou com a
foi demonstrado em maio de 1938, por meio de um levante armad037 com o

33 Campos, 1982, p, 77. t Cf Ca , , com os liberais foi recentemente


e ou ros.. rone " 1988. Tal relação
N dos Integrafillstaasça_o
tudo há a a irrn da presença dos dois grupos
, ta
34 Salgado, 1937c, p. 88. investigada por: Bellintani, 2002.. o eS apital alemão no ato contra o governo varquis .
políticos no levante de 1938, incluindo a de c

35 Salgado, "A personalidade de Plínio Salgado". A Offensiva, Rio de Janeiro, 23 jan. 1938.
36 Campos, 1982, p. 77-78. 38 Victor, 2005, p. 42-43, d com muitos detalhes e sa-
o evento f'OICm inimamente
19 Na visão integralista, . prepara
de 1964 o
detalhou em um dossíê.• a rev olta
d
37 Hélio Silva afirma que a liderança do movimento de 1938 esteve a cargo dos liberais que bedoria, Em reportagem, a re~ls _ tuzetro,
' ta O ual os conspiradores escolheram ,a madruga a_
estavam ao lado dos integra listas na organização contra o Estado Novo. Silva, 1971. Teoria
ainda compactuada com Reyna/do Pompeu de Campos, que afirma: "A trama não era fei-
ta apenas por integralistas, el1vo/vendo outras pessoas que, embora dispostas a derrubar
~:':d~:~~;~~~~:~~:.a:~
~~".l:~~;~~
~~~'~;~:;.
Vargas, não se filiavam nem simpatizavam com o movimento integralista. [...] Dessa conspi- ~~!fi~~aS~:sf:;~lii: :o~~a~~aq~: ~u:~:~~~;:;:i~ i~~~~~~i~~~no~~:~~t:r:~I~;~ ~:~~s~~~:
ração surgiu o putsch de maio de 38, que não foi dirigido nem planejado pelos integralistas, presidencial. [...] As coisas co~~~r~mom~ruzeiro. Rio de Janeiro, 5 set. 1955.
que apenas participaram fornecendo a maior parte dos que entraram efetivamente em ação." exceções." "A Revolta Integra IS a . foram detidas, entre integra-
Campos, 1982, p. 78. Edgar Carone, por sua vez, dá aos integralistas o papel central do .. .. I cável e perto de 1.500 pessoas
40 "A repressão policial fOI Imp.a, V as" Campos, 1982, p. 89.
movimento, cujo propósito era matar ou prender Getúlio Vargas, Góis Monteiro, Eurico Outra listas, simpatizantes e adversários de arg .

41 "Revolta Integra ISt a." In.. Dicionário ... , 2001.


138 "
LEANDRO PEREII A GONÇALVES

PRESOS POLITICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA VARGAS 139


ataque ao Palácio da Guanab
xada da Alemanha no Br 'lara, evento que chamou a atenção da E
Karl Ritter, que chegou ao'aSI por me' 10 d o recem-empossado
'
emba'
l1lba'
I.
Embaixador brasileiro se alguma coisa tiver sido feita, Espero futuras
. , paIs em julh d 19 42 IXad prisões de cidadãos do Reich aqui. Deve o tom das "dérnarches" tornar-
Investlgativo Edm M o e 37. Em 1969' ar
ar orel levantou d ' o ]ornali -se ainda mais duro? A propaganda da América do Norte acusa os ale-
rnã destacando relações germânica ocum:n~os junrn à Embaixada Sta
mães de se terem organizado na véspera da revolta de ontem, O Governo
mações privilegiadas teve a re s e brasIleIras no putsch. Com I'n!le.
b '1' ' portagem pubI' d' tOr_ brasileiro até agora tem permitido essa propaganda."
rasi erros, inclUindo o Jornal de Ala oas I~a ~ em varios periódico
xador descrevendo o rnov] goas. Nele ha dois relatórios do e b ,s
a ÓS Imento que ocorreu no Rio d ' 11l ar, A reportagem de 1969 do jornalista Edmar MoreI ainda levantou que o
p o ataque, o documento 2621 52573 e JaneIro, Dois di embaixador notificou o Reich sobre a posição do Estado Novo:
Insurreição no Brasil diz: 2-34, com o aSSunto Tentat' as
, , lVa de
A polícia, por sua vez, prendeu vários alemães que participaram do as-
Explodiu uma revolta contra o Governo ' , salto ao Guanabara, inclusive os que tomaram o Posto Telefônico da Rua
Janeiro, na noite de 10 para 11 de mai ,de. GetulIO Vargas, no Rio de 2 de Dezembro onde foram assassinados vários soldados da legalidade,
observador das condições 10 'E ,o, nao houve surêsa43(sic) para Getúlio disse, num discurso pronunciado perante uma multidão calcu-
CaIS, ssa e a segu d
ser sufocada com derram n a revolta que tem de lada em 200,000 pessoas, disse textualmente - Com o auxílio vindo de
, amento de sangue desde '
sldente se iniciou em 10 d que a dItadura do Pre- fora queriam comprometer a soberania do Brasil."
e novembro do ano d
tentativa chegou a ser fi ir passa o, Desta vez uma
ei a para prender se "
sua família, inclusive as mulh ' - o propno Presidente, Ele e Em vários momentos, Plínio teve a necessidade de debater sobre relações e
eres, tIveram de d f d
na mão, Esses incidentes out e en er-se com revólver contatos com os nazistas, e em todos os momentos afirmava a inexistência de
1 ' ra vez confirmam a i lari
a regIme, desde que o Ch fi d mpopu arldade do atu- projetos mútuos como em eloquente e agitado discurso em 1959 na Câmara dos
, e e e Estado romp
rido Integralista, Apenas rest b 1 eu Sua palavra com o Par- Deputados, Divulgado pelo jornal O Estado de S, Paulo, afirmou: "O Sr, Plínio Sal-
P'aIS e, ainda possível mant a e ecendo o controí 'I'
' e rnr itar sobre todo o gado negou que o seu destino político estivesse ligado ao de Hitler,"? Esperava
er-se o regime no d
esperadas no futuro.w po er, Novas revoltas são uma Câmara "desmemoriada", mas teve trabalhos para debater sobre o passado
autoritário que na década de 1950 era travestida com uma roupagem democrata,
Em sequê ,
encia, em outro relatório o e baí Antes do levante, no início de 1938, Plínio Salgado tentou de todas as
presença dos alemães no evento d : m axxador Karl Ritter delineou a
, ld e rnaro de 1938 formas rearticular o movimento integralista através da ABC, mas o ataque
nUI ez, os conflitos na Segund G ' ,mostrando assim, com mais
ao Palácio Guanabara, em maio de 1938, frustrou completamente qualquer
latório 235/156963, no dia 13 :e ;::; MundIal, Disse o embaixador em re-
possibilidade de diálogo com o governo, mesmo existindo a versão oficial de
Em São Paulo al que o líder não estava por trás da revolta, Nesse momento, passou a assumir
. ' guns membros do Partido fi uma dupla face: em alguns momentos, ocupou um espaço de crítico do regime
gaçao de sua atividade polfrí ,oram presos para "investi-
ca no Brasil". K ' getulista, principalmente quando era preciso inflamar os militantes; já em ou-
Escritório Central do R 'h b ' oerug, o representante do
, eic es ahn no Rio de Ian ' tros momentos, de diplomacia, buscou um rápido acordo, Em um documento
SUa, está entre eles Eu h ' erro e que foi lá em vi-
, , ,o]e protestarei junto ao M' , " de 1938 intitulado: "Camisas Verdes! Escuta", conclamou os camisas-verdes
e exIgIrei a sua libertação irn di Inlsteno do Exterior,
e lata, Por favor dê , a não desistirem da luta pelo integralismo: "Camisas Verdes! Escuta: Juraste
as relações com o Brasil bé e-me Instruções sobre
, e tam em que passos foram dados aí junto ao um dia viver ou morrer com honra, por Deus, pela Pátria e pela Família, Se
deixares de cumprir o teu Dever, bem sabes, serás um perjuro, um covarde, um
42 P
etry Rahmeier, 2008, p, 193-216
43 , '
No Jornal está escrito "surêsa"
44 "AI _ ' mas subentende_se "surpresa" 451bidem,
" emaes estiveram no ata u . , '
ceio, 23 mar, 1969 Q e ao Palaclo Guanabara também" J I 461bidem,
' , orna de Alagoas, Ma-
47 "Iniciou a Câmara o processo histórico do Integralismo", O Estado de S, Paulo, São Paulo,
19 abr, 1959,
140
LEANDRO PEREIRA GONÇALVES

PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 141


. . anto seus companheiros de empreita~a ti-
...lssimas e, tanto os mtegrallstaS qu deus adversários comumstas
miserável indigno de ti mesmo e dos que te são caros":" e fez duras crític seve•• . - d fi . res do que as e s
_harJl, agora, condiçoes de e esa piO fi da AlB foram excluídos do processo
a Getú'1"10 Vargas, VIsto como um conspirador que usou fiorças obscuras Para as
JJ>' sado."51 Por falta de provas, os che ~s d 11 de maio de 1938.52
alcançar o poder. Destaca-se a diferente visão que Plínio Salgado passou a dar nO pas. fite alistas deVIdo ao levante e
. dicial mOVIdocontra os gr, . . . alrnente após a revolta, mas a
ao golpe de 1937: antes algo interessante para a prática integralista; agora, ulll. JU fu . d d rante vanos meses, pnncip . d
líflÍo ficoU re gta o u d foi deflagrada "a primeira rentanva e
governo de violência e ilegal: P ., grave desde março, quan o r . "53
situação Ja era d 1938 sendo contudo, abortada pela po icia .
] no dia 11 de março e , '
Getúlio Vargas, o usurpador, réu de vários crimes, entre os quais se enume- levante [... me figurava corno mandante, mas era bem claro
ram quantos, por ele ou em seu nome, foram praticados contra a proprie- Em nenhuma revolta o seu no d uniçâ o Segundo sua esposa, Carmela
fi visado no momento a p .
dade e a vida de seus concidadãos, detém violentamente, em suas mãos, o qUe o Che e era o ríodo era dee mUltas mui
fi
stabilidades. Em depoimento, afirmou:
poder. [...] Getúlio Vargas, ao sentir, com a aproximação das eleições que se Patti Salga d o, o pe uma casa uma semana em outra,
, _ tính os uma casa fixa. Uma semana n , , fi .
deveriam ferir em janeiro do corrente ano, a inevitabilidade de sua queda, "NoS nao am ital durante dois anos. Ate que ele 01
a semana no fiterior, uma semana na capnai, . . eiro de 1939:
procurou novo mandato que o autorizasse, embora ilegalmente, a permanecer um dru da "54Foi capturado por estar foragtdo em Jan
no Poder, forjicando, para tal, documentos falsos, cuja autoria atribuiu, cini- preso numa ma ga .
camente, ao Estado-Maior do Exército. Mediante esses documentos, depois . de Ordem política e Social efetuou na madrugada de h~je
A De 1egaCia F o jardim
de alarmar com os mesmos a Família Brasileira [...] Getúlio Vargas, por . _ do Sr Plínio Salgado, num palacete da Rua rança, n
intermédio de seus agentes, invadiu, a seguir, centenas de lares, de onde a pr~s~o O d~legado de Ordem política, acompanhado apenas pelo che~
arrancou violentamente, chefes de famílias, injuriando esposas e filhas, tripudian- Amen~a.. Vicente Malzoni e mais 12 homens, deu cerco a
fe dos InvestIgadores, Sr. d difi Idades em pren-
do sobre sua honra e arrastando a ruína milhares de brasileiros. Getúlio Vargas é residência do chefe integralista, não encontran o 1 eu F "[ar-
responsável por dezenas de assassinatos, pelo sequestro, pela prisão, pelas h u rÓ» palacete da Rua rança no
dê 10 A' hora em que a polícia c ego ao
ofensas morais e fisicas e pelas depredações praticadas em seus lares, contra e- . . . d O local é deserto e
di América" o prédio ainda estava todo ílumína o.
milhares de brasileiros, entre os quais sobressaem os integralistas. Getúlio 1m, b posto A caravana
o Sr. Plínio Salgado ali mora~a.há meses~~e ::;~:ue dep~is de distrí-
Vargas é o déspota que mantém em reclusão, após incríveis maus-tratos e
policial aproximou-se do pr~diO com gr andou alg~ns destes baterem à
injúrias contra seus desmandos. Getúlio Vargas, com os seus desgovemos,
buir, em tomo dele, os doze Inspetores, rn H' Salgado irmão
lançou o País na miséria, reduzindo-o à situação de pobre protetorado de se abriu e diante do delegado, o Sr. ennque ,
outras nações. CAMISAS VERDES! ONDE ESTÁS?49 porta. Esta . .' . risão foi imediatamente efetuada. Logo a
do ex-chefe íntegralísta. cuja p h olhido ao
seguir foram detidos os Srs. Plínio Salgad~, .que se ac ava rec policiais,
Passou a construir uma imagem negativista de Getúlio Vargas, utilizando o enro Sr. José Loureiro júnior, que, ao ver os
mesmo apelo emocional que realizava anteriormente ao decretar o anticomunis- aposen t o,, e seu g Quando os
cômodo da casa, fechando-se no quarto.
mo. A oposição em relação ao governo era total, principalmente quando enxerga- correra para um 'ficaram que Loureiro tentava por
. . . traram no quarto ven
va aspectos do integralismo no governo varguista. Não restava outra opção para policiais pene ' êrn foi sustado pela autoridade e feita
fi s papéis Este gesto, pore , .
Getúlio Vargas a não ser retirá-lo da cena política brasileira, e foi o que ocorreu aO:;r:e:ão dos r~feridos papéis. Os três pres.os foram a seguir conduzi-
em 26 de janeiro de 1939, quando o líder integralista foi preso. Noticiou o jornal
dos para a Delegacia de Ordem política e SOCial.55
A Noite: "Preso o Sr. Plínio Salgado! A diligência realizada em S. Paulo a 1 hora
da madrugada de hoje". 50Antes dessa prisão, militantes de menor importância
foram presos e colocados nas mesmas celas que os comunistas. t~s penas foram
51 Campos, 1982, p. 90.

52 "Revolta Integralista", 2001.


48 Salgado, Plínio. "Camisas Verdes: escuta". Arquivo Público e Histórico de Rio Claro/Fundo
Plínio Salgado. APHRC/FPS-090.001.035 (grifas do autor). 53lbidem.
49 Ibidem (grifo do autor). Os trechos destacado em maiúsculas são do original. 54Salgado, Carmela Patli, 2004.

50"Preso o Sr. Plínio Salgado! A diligência realizada em S. Paulo a 1 hora da madrugada de 55 "Preso o Sr. Plínio Salgado!. ..", 1939.
hoje". A Noite, Rio de Janeiro, 26 jan. 1939.
143
PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS

142 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES


que os guardasse cuidadosamente, pois tenciona terminar o trabalho na
Sua captura teve episódios peculiares, que mostram como a força d h
fi' ali . o c e- prisão. Essas obras serão devidamente censuradas pela polícia e, uma
e integr ista continuava persistindo. Segundo o jornal Correio da Manhã a - para serem dilVUga
I d as. 60
busca . era tentada havia vários meses pelas autoridades da O r d em P o líItlca
: vez aprovadas, terão autorizaçao
_
e SOCIal de Sao Paulo, e um homem, que dizia ser seu inimigo r alo
di denú ' e IzaVa Além da obra religiosa que foi lançada em Portugal, referiu-se ao romance
rversas enuncias em relação ao paradeiro do líder integralista . "E sse h 0-
Trepandé,61 que foi elaborado no período de refúgio, mas publicado apenas em
mem andou percorrendo várias regiões do estado acompanhado de olici .
1\, d dili A f
• PaiS. 1972. Sua prisão não foi a única. Segundo o jornal O Diário, ocorreram "Dili-
,<-uan o uma I IgenCIa racassava, ele imediatamente apresentava
. "56 O d nova gências em Araraquara, Ribeirão Preto, Avaré, Franca, Taquaritinga e outros
pista. elegado responsável, Carneiro da Fonte, começou a desconfiar
municípios do interior"." Uma verdadeira caça aos integralistas, mas é claro
do homem e, para testá-lo, prendeu-o, tendo esse confessado que não s bi
dei d fi a Ia que a prisão do chefe foi a principal e este, ao ser detido, afirmou: 'Assim
o p~a ~:ro o. oragido e que estava no processo para atrapalhar as investi-
é melhor. Tudo será esclarecido", 63 disse ao Correio da Manhã, que destacou
gaçoes, mas. disse que ele estava residindo num bairro da capital paulista,
como Plínio Salgado estava enfermo e envelhecido. Ele proferiu uma série de
em companhia de pessoas da sua família". 57
esclarecimentos e "conseguiu ser liberado três dias depois. Somente em maio
A procura continuou e o caso policial foi solucionado no dia em que um ra- de 1939, um ano após o levante, Vargas resolveu decretar seu exílio e Salgado
paz passou a desconfiar de que a namorada o estava traindo com outra pessoa. foi enviado à fortaleza de Santa Cruz, e de lá para Lisboa"."
Segundo o jornal O Diário, o líder dos integralistas estava enfermo e necessita-
Nessa primeira prisão, foi arguido pela Delegacia Especializada de Ordem
v~ de acompanhamento médico no esconderijo onde estava, contratando, as-
política e Social de São Paulo,65 e no depoimento confirmou a versão de que
SIm, os serviços de médicos conhecidos. No entanto, precisou ser submetido a
não estava envolvido em nenhum ato violento e que muito menos ordenou
algumas intervenções que precisavam da presença de uma enfermeira. 'Acon-
ações desse tipo aos seus comandados; e que tal ação violenta ocorreu como
tece, porém, que essa jovem tinha um namorado, que ao presenciar todos os
uma consequência à morosidade do governo em cumprir o acordo estabeleci-
dias a assiduidade do médico junto à enfermeira entrou a ter ciúmes de sua
do no ato do golpe de 1937.
namorada, ~hegando a externar suas suspeitas.'?" Para azar de Plínio Salgado,
seg~ndo o Jornal O Diário: "o namorado da jovem enfermeira, que, coisas do Entre o Sr. presidente da República e o declarante ficou combinado o
destino, era um agente policial, levou o caso ao conhecimento dos seus chefes seguinte: o declarante, logo que estivesse organizada a sociedade civil,
resultando daí a prisão do Sr. Plínio Salgado". 59 ' convocaria os homens de maior responsabilidade da antiga "Ação Inte-
Co~ a prisão, .S~gado declarou que passou os últimos meses em completo gralista Brasileira", comunicando-Ihes que estava convidado pelo presi-
r=col~I~~nto espiritual, e nesse período recomeçou a busca de preceitos cris- dente da República a tomar parte no Governo, como ministro da Educa-
taos, iniciando assim sua principal obra religiosa: Vida de Jesus: ção, e, em seguida, o declarante aceitaria e assumiria aquela pasta [...]
desse momento em diante, fatos lamentáveis começaram a se verificar:
Durante a palestra que o Sr. Plínio Salgado manteve com o chefe da di- a lentidão exasperante da marcha do processo de registro no Ministério,
ligência que o prendeu, revelou que nesses últimos meses se entregara deu lugar a todas às consequências previstas e temidas pelo declarante
a um profundo e absoluto recolhimento do espírito. Escrevera primei- e também pelos Generais Góes Monteiro e Newton Cavalcante, isto é,
ramente um romance e, desviando-se para o misticismo cristão, estava
pre~arando uma obra sobre a vida de Jesus, da qual já concluíra o pri-
60 "Foi preso em S. Paulo o Sr. Plínio Salgado", 1939.
meiro volume. Entregou à autoridade todos os originais, pedindo-lhe
61 Salgado, 1972.

56"F 01. preso em S. Pauloo Sr. Plínio Salgado". Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27 jan. 1939. 62 "A prisão do chefe dos camisas-verdes movimentou a policia paulista", 1939.

57lbidem. 63 "Foi preso em S. Paulo o Sr. Plínio Salgado", 1939.

58 "A pnsao
. - do c hef e dos camisas-verdes
. movimentou a polícia paulista" O O'" S t 64 "Revolta Integralista", 2001.
28 jan. 1939. . teno, an os,
65 Salgado, Oepoimento de Plínio Salgado, 04.02.1939 (CPDOC/FGV. Arquivo GV. Pasta 5

59lbidem. Rolo 19).

PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 145


144 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES
~ inqui~tação da massa integralista [...] a desagregação de grupos do
integralismo e a impossibilidade do declarante de articulá-Ios no sentido Afirmou ter sido de Vargas a iniciativa para o tom ameno do discurso, pois,
de rnantê-los esclarecidos [...] verificando a impossibilidade prática de segundo ele, o manifesto tinha como propósito atender: "ao apelo que me foi
poder controlar todos os grupos de companheiros, pelas dificuldades feito pelo Governo da República, redigi e dirigi aos integralistas de todo o país
que lhe eram criadas. [...] o declarante condenou veementemente os a palavra de paz, de serenidade, de ordem, de abstenção de agitações". 69 Essa
atos de violência, os assaltos, os homicídios, as intentonas, recomen- mudança de atitude nada mais era do que uma estratégia com a intenção de
dando paciência. 66 estabelecer uma relação mais amistosa com Vargas e buscar algum benefício,
pois tinha consciência de que não haveria alternativa a não ser a retirada de
Por meio desse depoimento, sua intenção era eximir-se de qualquer _ fato do cenário político brasileiro. Em 27 de maio de 1939, enviou uma carta
'1 .. - pos
srve partrcipação nos ataques ou em articulações contrárias ao govern . ao ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, dizendo: "No momen-
. .. , o, jO-
gando .a culpa da instabilídade política no próprio Getúlio Vargas, que não to em que, atendendo às exigências das autoridades governamentais, devo
cumpnra o acordo estabelecido com os integralistas em 1937. afastar-me temporariamente do Brasil."?" Reduz, assim, a crítica ao governo
Plínio Salgado ficou livre de fevereiro a meados de maio de 1939 para buscar um melhor acordo com o Estado Novo.
. . . ' quan-
do fOI preso definitivamente. Antes, porém, em 15 de maio, lançou em São Plínio Salgado foi preso, os integralistas foram perseguidos e capturados,
Paulo um manifesto aos integralistas, explicitando a necessidade de serem o movimento entrou na ilegalidade e, mesmo assim ele disse ao ministro da
submissos ao regime varguista, em uma atitude clara na busca por apoio. A Guerra: "Senhor General: entrego, nesta hora, à guarda vigilante, à inteligên-
declaração foi lida em uma reunião e amplamente divulgada na imprensa. cia e à defesa do Exército, a obra que levei seis anos a construir,'?' A estratégia
'~Convoc~da. pelo Sr. Plínio Salgado, que foi o chefe da extinta Ação Integra- pliniana mostrou forças, pois a carta era resposta a uma: "proposta a alternati-
lista Brasileira, realizou-se ontem à noite, na residência do Sr. Bento Luiz de va de, ou aceitar um lugar de ministro do Brasil no Exterior, ou afastar-se tem-
Almeida Prado, à Rua Baronesa de Itu, 474, "67 a reunião em que recomendava porariamente do país, sendo proponentes o Dr. Ademar de Barros, interventor
cautela em relação às atitudes dos integralistas no período ditatorial getulista: em São Paulo, e o Dr. Carneiro da Fonte, chefe de polícia no mesmo estado,
em maio de 1939".72
Qual a orientação, pois, que vos recomendo? A orientação da paz, da or- Era uma forma de buscar uma limpeza nas relações com o governo e conse-
dem, da abstenção de quaisquer agitações. Além desse nome recomendo- guir algum benefício, uma vez que a possível prisão era eminente. Tal proposta
-vos ainda: trabalhar pelo Brasil. Como trabalhar? Cumprindo a vossa, a nunca foi confirmada pelo Estado Novo, passando a ser restrita ao discurso
nossa doutrina. Em que consiste essa doutrina? Em ser bom pai, bom filho, oficial de Plínio Salgado. Em São Paulo, após dois dias, relatou que:
bom esposo, bom profissional, bom cidadão, bom patriota. De que manei-
ra? Cingindo-vos aos preceitos cristãos da vida, isto é, fechando os olhos e [...] fui procurado, ao mesmo tempo, pelo Secco, secreto do Chefe de
os ouvidos a todas as seduções desse materialismo utilitarista, arrivista e Polícia, e pela Região Militar. E ambos, recebo ordem de prisão. Chega
gozador, que dissolve os povos envelhecidos pela ausência de Deus." também o Paulo Silveira da Motta e me prende em nome da Delegacia
de Ordem Política. Resolve-se, afinal, que eu vá para a Região Militar.
Na declaração, discursou em um tom amistoso, indicando aos integralistas Sou levado para o quartel do 4° Esquadrão. Recebido secamente pelo
o trab~ho pelo Brasil e que fossem sempre bons cidadãos e fiéis ao governo. Capitão-Comandante, conduz-me ele a um quarto vizinho ao seu, onde
Esse e outro exemplo da sua face diplomática, cuja pretensão aberta era o fico fechado com sentinela à vista, de arma embalada."
acordo junto ao governo, diferentemente do Plínio crítico e oposicionista que
condenava o governo ditatorial de Vargas.
69 Salgado, "Carta de Plínio Salgado ao ministro da Guerra em Maio de 1939". In: Salgado,
1950, p. 149.

66lbidem. 70 Idem, p. 148.

71 Idem, p. 149.
67 Salgado. Manifesto de maio (Manifesto do Sr. Plínio Salgado). APHRC/FPS-105.009.
68lbidem. 72 Idem. p. 148.

73 Salgado. "Minha segunda prisão e meu exílio". In: Salgado, 1980. p. 2.

146 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES


PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 147
Logo após a prisão, foi comunicado que deixaria no dia seguinte a capital O Cel. regressou. Traz-me a notícia de que o ministro da Guerra julga
que se deu comigo um mal entendido e que devo ser posto em liberdade
paulista em direção ao Rio de Janeiro, no dia 30 de maio:
em três ou quatro dias. Diz-me que a região de São Paulo acusa-me de
o avião pousa na ponta do Calabouço. Avistamos fardas de oficiais. Con- receber muitas visitas e de estar preparando uma revolução de sargen-
cluímos que não irei para a Polícia [...]. Numerosas pessoas de aspecto tos. Compreendo: foram os comunistas que me prepararam isso, porque
eminente me cumprimentam. Junta povo para me ver [...]. O Capitão eles é que estão tramando e eu sou um empecilho para seus planos.
Estilac Leal informa-me que tem ordem da 1a Região para me levar para Acho ridícula a acusação, mas tranquilizo-rne."
a Fortaleza de Santa Cruz. Sigo com ele numa lancha. [...] A lancha sin-
gra a Guanabara. É uma linda manhã. Vou conversando com o Capo Es- No diário, em que transparece uma visão única do processo político, co-
tilac, que se revela integralista no R. G. do Sul. Parece-me distintíssimo. loca-se como vítima, principalmente ao relatar os eventos de maio de 1938,
Percebo que simpatiza com tudo quanto falo. Mostra-se muito gentil. sustentando a tese de que não teve nenhum tipo de participação no ataque. A
temática, amplamente debatida na hístoriografía, aponta para diversas versões
Estranhou o incidente comigo e não sabe a que atribuir."
e ambiguidades do evento, inclusive entre os integralistas. Miguel Reale, em
Nessas memórias, oriundas do diário da prisão, não deixou de lado a opor- 1945, ao relembrar os acontecimentos, disse: "Mais tarde, soube pelo próprio
tunidade de exaltação à sua imagem e, mesmo em decadência política, criava senhor Plínio Salgado que enviara ele um emissário de absoluta confiança
formas de se enxergar como alvo de idolatrias. Chegou à Fortaleza de Santa para impedir a deflagração do movimento."77 Visão semelhante foi narrada
Cruz no dia 30 de maio de 1939, permanecendo até o dia 22 de junho do por David Nasser, em memórias do anticomunista e antifascista Tenente Se-
mesmo ano. Oficialmente, Plínio Salgado dizia não saber a causa da prisão. As vero Foumier, militar que tinha apenas uma aspiração: combater Getúlio. Por
tentativas de levantes e as conspirações de integralistas levaram o governo a isso, aliou-se aos verdes, assim como outros grupos que enxergaram o levan-
enxergar, naquele que sempre teve uma presença de liderança total e absoluta, te como uma possibilidade de derrubar o governo, mesmo sem ter simpatia
um perigo para o Estado Novo. Ao chegar à Fortaleza de Santa Cruz, relatou: pelos integralistas." Quanto ao integralista Belmiro Valverde, este foi mais
enfático contra o líder: "Ele me deu ordem escrita para deflagrar a revolução.
Chegamos à Fortaleza de Santa Cruz [...]. Chegamos ao Comando. Vem o No momento exato de minha prisão, rasguei-a para que não caísse em mãos
Comandante. É meu velho amigo, o Cel. Timóteo. Recebe-me com espanto. da Polícia."? Tal declaração foi concedida em uma longa entrevista ao jornal O
Não sabia ser eu o preso político que lhe haviam anunciado. Começamos a Globo, em 1945, em que dizia ter resolvido contar tudo o que sabia, pois havia
conversar. Ele irá à cidade para saber o motivo de minha prisão. Apresenta- renegado "definitivamente o credo verde".80
-me à oficialidade; mostra-me o aposento que devo ocupar na antiga casa Belmiro Valverde foi o líder do movimento de maio de 1938 e afirmou
do comando [...]. Voltamos à "casa da ordem", onde peço uma máquina de estar "convicto de que, durante os sete anos de prisão, correspondi a meus de-
escrever, na qual copio a cópia da carta que mandei ao ministro da Guerra, a veres dentro das ideias que então adotava. Fui fiel ao integralismo até ontem,
fim do cel. entregá-Ia, caso o ministro não haja recebido o original." dia em que deixei a prisão e readquiri a liberdade" .81 Ao analisar o movimento
de maio, afirmou que a causa da revolta: "foi um gesto de repulsa e dignidade
Plínio demonstrou preocupação com a carta, pois entendia que o docu-
de homens ofendidos nas suas convicções e ultrajados na sua honra política e
mento poderia ser uma espécie de passaporte de liberdade, uma vez que bus-
cava um estreitamento dos laços do integralismo com o Exército e consequen- 76
Idem, p. 6.
temente com o governo, atitude já estabelecida no "Manifesto de Maio". O 17
Reale, Miguel. "Revolta de maio de 1938" (entrevista). In: Salgado, 1950a, p. 140.
líder integralista tinha confiança de que a prisão seria breve e colocava nos 78
Nasser, 1947.
comunistas a culpa pelo cárcere:
79 "O
rdenada por Plínio Salgado a Intentona Integralista" O Globo Rio de Janeiro 21 abr
1945. ." .

80lbidem.
74 Idem, p. 5.
81lbidem.
75 Idem, p. 2.

148 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES


PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 149
pessoal" .82Valverde se referiu à tentativa de acordo de Plínio Salgado com Ge- Antes, porém, nos relatos na Fortaleza de Santa Cruz, apresentava-se
túlio Vargas, ainda que sempre fosse contrário a essa aproximação, pois, para como uma grande vítima da trama comunista que estava manipulando os dig-
ele, o integralismo "foi um movimento fundado, precisamente para combater nos membros do governo varguista. Em 2 de junho de 1939, na Fortaleza de
os males da péssima administração que o Brasil tem sido". 83Daí a necessidade Santa Cruz, relatou:
de Plínio Salgado criar uma face oposicionista ao extremo, como no documen-
to "Camisas Verdes: escuta", pois era preciso atender os interesses de parte Pela barca da tarde chegam o Albuquerque com a Senhora e com D. Ode-
dos militantes, ou seja, atacar o governo getulista. A reportagem relatou que te. Ele me trouxe a "nota" que o ministro da Guerra distribuiu sobre mi-
o entrevistado relutou em não fazer revelações, mas por fim divulgou que "O nha prisão. [...] Sou acusado de conspirar com meia dúzia de sargentos!
movimento de 11 de maio teve a anuência absoluta do Sr. Plínio Salgado". 84 Eu, que tenho um milhão de homens que me seguem! Eu, que tenho
centenas de oficiais do Exército, da Marinha e das Brigadas Estaduais,
Percebe-se um discurso dúbio no interior do movimento e entre os antigos
que creem em mim, e estou certo de que me ouviriam se eu me metesse
militantes do sigma. A posição de Plínio Salgado em 1938 e, principalmente
numa aventura revolucionária! Eu, que tenho uma posição de respon-
com a prisão em 1939, tinha de ser cautelosa. Dessa forma, omitiu qualquer
sabilidade na política e na história do país! Eu que tenho um nome nas
tipo de ação no movimento, ou em qualquer outro, interpretação mantida no
letras! Eu que tenho uma folha corrida de nacionalismo e de ordem,
delicado período do exílio, quando afirmou que apoiava o presidente Getú-
como nenhum civil depois de Bilac pode apresentar igual! Eu, que lancei
lio Vargas. Tal posição foi alterada em 1953, quando não era mais necessário
um manifesto de paz, de grande repercussão no país! É irrisório! Vejo
manter a diplomacia. Em entrevista na TV Tupi, explicou a causa do fracasso
manobras ocultas de comunistas. Vejo a trama secreta para me afastar do
do episódio de maio, colocando-se como detentor de grandes conhecimentos,
Exército. E os brasileiros estão cegos!"
tornando assim entendíveis a prisão e o consequente exílio.

A posição do Exército, e consequentemente do governo Vargas, não era


Essa nossa Revolução seria em final de maio e não em 10 de maio. Um
aleatória. Havia motivos de preocupação, e a atitude dúbia dos integralistas
grupo do Rio de Janeiro, instigado por um oficial já falecido (cuja figura
era percebida pelos membros do governo. Existiam milhares de pessoas ao
foi o motivo central da reportagem do Sr. David Nasser) precipitou os
redor do líder integralista e a imagem criada sobre a figura do chefe, em tor-
acontecimentos sem consultar-me, em 10 de maio fez irromper uma re-
no do apelo cristão, poderia ser capaz não de mobilizar uma revolução arma-
volta na Capital da República."
da, mas de gerar problemas na política nacional em construção por Vargas,
No periódico A Marcha, órgão do Partido de Representação Popular principalmente no momento em que uma guerra estava em iminência, e um
(PRP), Plínio afirmou, em 1953, que "A minha autorização, não apenas ao conflito armado requeria do governo mais atenção do que um grupo conser-
Sr. VaIverde, mas aos chefes integralistas do DF, era no sentido de articular, vador radical. Dessa forma, a ideia era eliminá-lo de fato. Plínio relatou que,
preparar e aguardar, e nunca decidir sobre a forma de ação, e nem sobre a em 6 de junho de 1939, havia uma ânsia entre os integralistas que queriam
data da sua execução". 86Plínio Salgado não autorizou o ataque, mas o que vísítã-lo, mas tais situações eram vistas com incômodo, uma vez que o go-
importa é que o líder integralista conspirou contra o governo, e com isso a verno não permitia acesso ao chefe com frequência, com medo justamente
repressão getulista era evidente. de uma nova conspiração."
No dia 7 de junho, o preso recebeu a visita do general Rego Barros. Ele
afirmou estar convencido de que a prisão do líder integralista era uma mano-
82lbidem.
bra comunista, e ainda contou que chegaram ao Rio de Janeiro boatos de uma
83lbidem.
nova revolução integralista. Apesar de ressaltar que o general Eurico Gaspar
84lbidem. Dutra não acreditava no acontecimento, a dúvida pairava, por isso era mais
85 Salgado, "Entrevista à TV Tupi". A Marcha, Rio de Janeiro, 23 out, 1953, p. 1-3, apud Calil,
2010.
87 Salgado, "Minha segunda prisão e meu exílio". In: Salgado, 1980, p. 13.
86 "Desfeita, para sempre, uma calúnia contra ° Integralismo". A Marcha, Rio de Janeiro, 29
maio 1953; apud Calil, 2010, p. 76. 88 Idem, p. 24.

150 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 151
As relações de amizade intelectual e políticas eram evidentes.?" e Getúlio
prudente eliminar sua presença no Brasil. No mesmo dia, recebeu a visita do
~~gas entendia que, com um governo ditatorial ~omo o de Oliveira Salazar,
banqueiro e amigo Alfredo Egídio de Souza Aranha. Esse, através do primo
, . Salgado não representaria perigo à ordem VIgente do Estado Novo, tan-
Osvaldo Euclides de Sousa Aranha, na ocasião ocupando a pasta de ministro phOlO
das Relações Exteriores, transmitiu a notícia de que o líder dos integralistas to o brasileiro
quanto o português.
partiria em breve para o exílio na Europa." No seu diário, Plínio imaginava que dinheiro seria oferecido pelo governo,
di . "nós não aceitamos porque preferimos passar apuros do que nos ser-
A partir desse momento, mesclou agitações em torno do iminente exílio e e Isse. _ .-
'moS de dinheiro do governo. Os nosso amigos particulares nao nos deixarão
a criação de mais uma obra literária. Em 10 de junho, disse: "Começo a passar
VI de fiome no exílio" 95 No "Diário de bordo" para Portugal, reafirmou
a limpo o meu poema. Estou cada vez mais entusiasmado.t''" O "Poema da morrer' . ,
fortaleza de Santa Cruz"?' teve início em rememorações de épocas da História as vàrta s tentativas de Getúlio Vargas em tê-lo como embaixador, alem das
, .

do Brasil, para ele de grande importância e que precisavam de ser resgatadas ofertas financeiras:
diante da situação do país naquele momento.
Getúlio me ofereceu embaixadas; quando, ante minha recusa, me ofe-
Com esse poema, deixou clara a indignação com o curso das transfor- receu dinheiro: e, finalmente, quando, após minhas cinco negativas em
mações políticas brasileiras. Expressou insatisfação com o povo pacato, o aceitar recursos financeiros que julguei indignos, enviou-me conselhos
povo submisso que estava sendo formado, sem história, sem personalidade. no sentido de que eu fizesse uma viagem de recreio, até as "coisas me-
A intenção era chamar a atenção do brasileiro com relação aos grandes fatos lhorarem". Vendo que eu colocava, acima de tudo, a minha dignidade,
do passado para conseguir transformar o presente e com isso construir um mandou forjar um inquérito ridículo e efetuar minha prisão."
futuro melhor, sem o governo ditatorial varguista e a entrada na concepção
nacionalista integral. Seu discurso não compactua com o ocorrido. Em relação ao oferecimento
O poema circulou de forma clandestina e foi reproduzido em grande de cargos, crê-se ser improvável, pois o mesmo já havia sido feito no caso do
quantidade entre os seguidores do integralismo, mas somente em 1951 hou- Ministério da Educação e ele foi levado no jogo getulista. Percebe-se, em pos-
ve a publicação oficial." Como a possibilidade de consolidar o nacionalismo síveis oferecimentos, uma forma de seduzi-lo. Ele só negou oficialmente após
integral era cada vez mais distante e o destino de Plínio Salgado passava a ter sido engambelado por Getúlio.
ser cristalizado no exílio, não lhe restou alternativa a não ser iniciar os pre- O seu tempo no Brasil estava chegando ao fim e os preparativos da viagem
parativos. Mesmo na ilegalidade e sem a presença do líder em solo nacional, foram iniciados. No cárcere, pediu um tempo antes da partida para que pu-
tinha a preocupação de manter vivo o ideal integralista. Disse em 12 de ju- desse se despedir de todos os familiares." Questões pessoais precisavam ser
nho: "Conversei durante a manhã com o Albuquerque, estudando os meios tratadas, pois a mudança tendia a ser por um longo prazo. Em 16 de junho,
de não deixar os integralistas entregues a uma desorientação que poderá recebeu a visita de um alfaiate para que pudesse ser recepcionado em grande
ser perniciosa em todos os sentidos. É preciso dar serviço a esse povo, para estilo em Lisboa" e, em 20 de junho, disse: "fui avisado de que virá na barca
evitar fermentações danosas.?'" da manhã o funcionário da Polícia trazer-me o passaporte, a passagem e os
O exilado vive em uma situação desconfortável, longe do seu país e com atestados de vacina't.??
relações limitadas. Dessa forma, busca em velhas solidariedades base de apoio
para sua sobrevivência. Portugal era um espaço aberto para o líder integralis-
94 No exílio buscou apoio em grupos conservadores radicais, entre eles o congênere portu-
guês, o Integralismo Lusitano. Cf. Gonçalves et ai., 2012.
95 Salgado, "Minha segunda prisão e meu exílio". In: Salgado, 1980, p. 42.
89 Idem, p. 30.
96 Salgado, "Diário de bordo". In: Salgado, 1980, p. 87.
90 Idem, p. 35.
97 Salgado, "Minha segunda prisão e meu exílio". In: Salgado, 1980, p. 47.
91 Salgado, "Poema da fortaleza de Santa Cruz". In: Salgado, 1980, p. 115.
98 Idem, p. 50.
92 Salgado, "Minha segunda prisão e meu exilio". In: Salgado, 1980, p. 36.
99 Idem, p. 61.
93 Idem, p. 39.

PRESOS POLíTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 153


152 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES
Com financiamento de ex-militantes e passagem paga pelo gover "/I. PRISÃO DO CHEFE dos camisas-verdes movimentou a polícia paulista". O
~ontad~ uma operação militar para impedir manifestações no emb no, fOi
Viário, Santos, 28 jan. 1939.
Integrahsta, pois, segundo ele: "o governo está convencido d arque do
h '. e que sou h . "/I. IDEOLOGIA INTEGRALISTA inspirou a Constituição de 37". Folha da Noite,
ornem mais querido do povo brasileiro e que minha simples oJe o
. presença de São Paulo, 5 mar. 1945.
entUSIasmos que podem ser perigosos" 100E . _ . Sperta
. , em visao romantIzada, afirmou:
"/I. REVOLTA INTEGRALISTA". O Cruzeiro. Rio de Janeiro, 5 set. 1955.
No cais, algumas centenas de companheiros tendo també '1 di BELIJNTANI,Adriana Iop. Conspiração contra o Estado Novo. Porto Alegre: PUC-RS, 2002.
, em I u Ido o
apertado policiamento, acenava-nos com seus lenços enqu t CALDEIRA NETO, Odilon. Integralismo, neointegralismo e antissemitismo: entre a
1 an o Outros
em anchas, rodeavam o navio. Quando o navio começou a m h ' re1ativização e o esquecimento. Dissertação de Mestrado em História. Maringá:
. '. arc ar, as-
sisnrnos, do tombadilho, às prisões que iam sendo efetuadas
. _ em terra VEM, 2011. 234f .
co~o pumçao da, Ditadura àqueles homens e mulheres que praticav~
CALlL, Gilberto Grassi. "Os integralistas frente ao Estado Novo: euforia, decepção
o crime de possuírem coração. IOI
e subordinação". Locus, Revista de História, v. 30, p. 65-86, Juiz de Fora, 2010.

d
o intelectual
bT
e líder político se enxergava como um grande h
. - ornem, capaz
CAMPOS, Reynaldo Pompeu de. Repressão judicial no Estado Novo: esquerda e direi-
e mo I izar multidões, mas isso não foi efetivado. O exílio acab ta no banco dos réus. Rio de Janeiro: Achiamé, 1982.
fi do i alo ou com a
orça o Integr rsmo, pois o movimento não voltou a ser o que era na década CARONE, Edgard. O Estado Novo: 1937-1945.5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1988.
de 1930. Com parte do manuscrito de sua principal obra literário-religiosa, CORRESPONDÊNCIA de Plínio Salgado a Ribeiro Couto, 28 fev. 1940. (FCRB/
~EVida de Jesus, embarcou, no dia 22 de junho de 1939, para o exílio e disse' Apeb-Pop: 28177).
rgo o meu braço para a grande Nação, que me ama e me esperal"I02 N .
t t ' T . o en- "FOI PRESO EM S. PAULO o Sr. Plínio Salgado". Correio da Manhã, Rio de Janeiro,
an o, apos o eXI IO, em um período de democracia brasileira, o amor não foi
27 jan. 1939.
o m~smo. Com relações diretas, o conservadorismo lusitano promoveu um
GONÇALVES, Leandro Pereira. Entre Brasil e Portugal: trajetória e pensamento
reonen.taç_ão doutrinária no pensamento político do integralista, estabelecen~
do a cnaçao de novos direcionamentos a partir de 1946 q d de Plínio Salgado e a influência do conservadorismo português. 2012. 668f. Tese
B '1' . , uan o retomou ao (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Pau-
rasi , VIa PartIdo de Representação Popular (PRP) A 1" 1 .
. d . po ínca sa azansta por
mero e uma relação com o catolicismo, causou sedução em Plínio Sal ' d 10,2012.

q~e passou a ser rotulado de luso-brasileiro, elemento que o acompa~~o~ GONÇALVES, Leandro Pereira; OLIVEIRA, Alexandre Luís; ALCÂNTARA, Prisci-
ate o fi~ de sua vida, em 1975, tendo como base a matriz do corporativismo Ia Musquim. '1\ Ação Integralista Brasileira e o movimento operário na cidade de
exemplIficado no modelo português. Petrópolis (RJ)". RevistaArs Historica, v. 3, p. 1-16, Rio de Janeiro, 2011.
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154 LEANDRO PEREIRA GONÇALVES


PRESOS POLÍTICOS E PERSEGUIDOS ESTRANGEIROS NA ERA V ARGAS 155
'1· " ln· SALGADO, Plínio. Minha segunda
. - meu eX110. . -
. "Minha segun d a pnsao e da Fortaleza de Santa Cruz. Sao
POSSAS, Lídia Maria Vianna. "As cartas femininas: relações de gênero na eSCrj ____ meu exílio seguido de Diário de bordo e Poema
das blusas verdes". In: Anais do XVII Encontro Regional de História da Anpuh_s~ risão e r

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Minha segunda prisão e meu exi 10, segu
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