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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE HISTÓRIA – FH

HISTÓRIA DO BRASIL 4

SEGUNDO ANO – 2018/2

FICHA DE LEITURA – O nome e a coisa: populismo na política brasileira

OBRA – FERREIRA, Jorge. O nome e a Coisa: populismo na política brasileira. In:


FERREIRA, Jorge (org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro:
Civilização brasileira, 2001, p. 59-124.

POR

DYEENMES PROCÓPIO DE CARVALHO

GOIÂNIA-GO, 17 de setembro de 2018.

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Ficha de Leitura – História do Brasil 4

Professora: Dra. Alcilene Cavalcante

Aluno: Dyeenmes Procópio de Carvalho

FICHA DE LEITURA – O nome e a coisa: populismo na política brasileira

OBRA – FERREIRA, Jorge. O nome e a Coisa: populismo na política brasileira. In:


FERREIRA, Jorge (org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro:
Civilização brasileira, 2001, p. 59-124.

Nesse texto clássico, Jorge Ferreira, ao abordar o “populismo”, enquanto um


conceito de uso amplo na historiografia a ser destacada a frente, lança mão (pg. 63-64)
de uma premissa axial, a saber, que o populismo foi uma acepção imaginada, construída
como crivo explicativo da política entre os anos de 1930-1964, mas que, devido à sua
própria lógica de análise, entrou em colapso especialmente pela contribuição
historiográfica matizada em diversas vozes a partir do final dos anos 70 (pg. 124). Seus
principais argumentos baseiam-se na abordagem de várias influências que coadunaram
para o surgimento, uso e até prevalência do “populismo” em amplos segmentos
acadêmicos, midiáticos e populares.
Vale aqui salientar algumas dessas linhas interpretativas explanadas por Jorge
Ferreira. Em primeiro lugar, a teoria da modernização nos anos 50/60 preconizava a
importância da evasão dos camponeses das zonas rurais e sua inserção nos contextos
urbanos-industriais e a afluência de figuras políticas dirigentes como alguns dos fatores
que explicam como o populismo teria se engastado no discurso e práticas políticas.
Aliada a essa tendência de análise, a perspectiva marxista, representada especialmente
por Luiz Werneck, tendia a abordar o surgimento do populismo ligado à cooptação,
manipulação ideológica e o corromper das massas trabalhadoras conscientes de sua
teleologia antagônica aos interesses das classes dominantes. De acordo com Ferreira, o
populismo começou a se afirmar nas Ciências Humanas no Brasil como política de
massas estilo de governo vinculado ao controle e manipulação e a tutela de um estado
todo-poderoso na segunda metade dos anos 60. Esse foi o primeiro movimento do
estudo do populismo.
O segundo movimento do estudo do populismo, já na década de 70, encabeçado
por Weffort, tendia a ver a ontologia do populismo, enquanto parâmetro das relações
entre Estado e sociedade, em três termos, a saber, repressão, manipulação e satisfação.
Segundo Jorge Ferreira, embora o tratamento do populismo por Weffort tenha
conotações ambíguas e díspares, seu trabalho influenciou vários estudos da política
entre os anos de 1930-1964 em que, embebidos da influência gramisciana, lidavam com
o populismo através do binômio repressão e persuasão. Contudo, na virada dos anos 70
para os 80, a capacidade explicativa do populismo começou a evidenciar sua
inadequação já não satisfazendo estudiosos que, ao laborarem sobre os anos 30-60,
perceberam vácuos teóricos, obliterações de personagens, inconsistências
metodológicas quanto ao uso do populismo. Em parte, devido ao fato de que os

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vocábulos “populismo” e “populista” não perfaziam o cabedal conceitual da
documentação primária disponível do período de 1930-1964. Além disso, uma
historiografia dos anos 90 mais orientada de acordo com as premissas de Carlo
Ginzburg e Michel Foucault, passaram a contar entre as vozes que desprivilegiaram a
manipulação e tutela do Estado como elementos constitutivos das políticas voltadas aos
trabalhadores após 1930. Como resultado das várias revisões acadêmicas sobre o
período (1930-1964) e dos refluxos de críticas feitas às linhas da teoria da
modernização, marxista e de Weffort, a historiografia recente evita usar o conceito de
“populismo” como modelo de explanação.
Jorge Ferreira em seu texto se propõe a um diálogo historiográfico de extensa
envergadura. Ele reúne os principais nome e ideias de uma historiografia dos anos 70
(Gino Germani, Torcuato di Tella, Octavio Ianni, Luiz Werneck Vianna, Leôncio
Martins Rodrigues) que abarca desde acepções liberais, autoritárias até marxistas e
weberiana mostrando que ora tendiam a afirmar a incapacidade organizativa da
sociedade civil (primeira tradição intelectual), ora afirmavam que os atores sociais
tinham vontade própria (segunda tradição intelectual). Essas duas tradições intelectuais
influíram para que na década de 80 os trabalhos sobre o Estado Novo compreendessem
o período em dos feixes principais, a saber, a repressão policial e a propaganda estatal;
sendo que alguns com maior fôlego laboraram sobre os dois como complementares.
Mas, já na década de 80 houve a tentativa de abandonar a noção do populismo
como modelo explicativo. A fim de mostrar ao leitor a relevância dessa virada
conceitual, Jorge Ferreira se utiliza de uma historiografia mais recente, dos anos 80 até
o final dos anos 90, tendo no seu corolário nomes como Ângela de Castro Gomes,
Lucília de Almeida Neves, José Murilo de Carvalho, Maria Helena Capelato, Maria
Celina D’Araújo e outros. Esse rol de nomes, consubstanciado nas fontes do período e
numa abordagem teórica mais ampla, revisou os preceitos fundamentais das correntes
historiográficas anteriores apontando a insuficiência do populismo para se estudar o
recorte de 1930-1964. Portanto, o texto de Jorge Ferreira está embebido de um debate
historiográfico sério, perspicaz e bastante abrangente sobre o assunto a que se propõe a
tratar.
Uma palavra final sobre as fontes utilizadas no texto. Prevalecem no texto de
Jorge Ferreiras as numerosas referências bibliográficas. Mesmo assim, considera-se
nessa ficha de leitura que autores citados como Alberto Guerreiro Ramos (1961) e Karl
Loewestein (1944) devem ser considerados fontes e não referência bibliográfico pelo
fato de pertencerem e escrevem dentro do recorte temporal analisado por Jorge Ferreira.
Ademais, percebe-se o uso de periódicos (Diário da Noite, Tribuna da Imprensa,
Última Hora e Jornal do Brasil) como parte das fontes consultadas.
Logo, à luz dos elementos acima, pode-se afirmar que o texto de Jorge Ferreira
digna-se a figurar entre os clássicos a serem consultados, citados e revisitados quando o
assunto é populismo dado ao seu grau de perspicácia, envergadura e exatidão
metodológica. Texto fulcral para pesquisadores que, como ele, aspiram ao estudo do
populismo na historiografia brasileira e internacional.

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