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FACULDADE DE HISTÓRIA – FH
HISTÓRIA DO BRASIL 4
POR
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Ficha de Leitura – História do Brasil 4
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vocábulos “populismo” e “populista” não perfaziam o cabedal conceitual da
documentação primária disponível do período de 1930-1964. Além disso, uma
historiografia dos anos 90 mais orientada de acordo com as premissas de Carlo
Ginzburg e Michel Foucault, passaram a contar entre as vozes que desprivilegiaram a
manipulação e tutela do Estado como elementos constitutivos das políticas voltadas aos
trabalhadores após 1930. Como resultado das várias revisões acadêmicas sobre o
período (1930-1964) e dos refluxos de críticas feitas às linhas da teoria da
modernização, marxista e de Weffort, a historiografia recente evita usar o conceito de
“populismo” como modelo de explanação.
Jorge Ferreira em seu texto se propõe a um diálogo historiográfico de extensa
envergadura. Ele reúne os principais nome e ideias de uma historiografia dos anos 70
(Gino Germani, Torcuato di Tella, Octavio Ianni, Luiz Werneck Vianna, Leôncio
Martins Rodrigues) que abarca desde acepções liberais, autoritárias até marxistas e
weberiana mostrando que ora tendiam a afirmar a incapacidade organizativa da
sociedade civil (primeira tradição intelectual), ora afirmavam que os atores sociais
tinham vontade própria (segunda tradição intelectual). Essas duas tradições intelectuais
influíram para que na década de 80 os trabalhos sobre o Estado Novo compreendessem
o período em dos feixes principais, a saber, a repressão policial e a propaganda estatal;
sendo que alguns com maior fôlego laboraram sobre os dois como complementares.
Mas, já na década de 80 houve a tentativa de abandonar a noção do populismo
como modelo explicativo. A fim de mostrar ao leitor a relevância dessa virada
conceitual, Jorge Ferreira se utiliza de uma historiografia mais recente, dos anos 80 até
o final dos anos 90, tendo no seu corolário nomes como Ângela de Castro Gomes,
Lucília de Almeida Neves, José Murilo de Carvalho, Maria Helena Capelato, Maria
Celina D’Araújo e outros. Esse rol de nomes, consubstanciado nas fontes do período e
numa abordagem teórica mais ampla, revisou os preceitos fundamentais das correntes
historiográficas anteriores apontando a insuficiência do populismo para se estudar o
recorte de 1930-1964. Portanto, o texto de Jorge Ferreira está embebido de um debate
historiográfico sério, perspicaz e bastante abrangente sobre o assunto a que se propõe a
tratar.
Uma palavra final sobre as fontes utilizadas no texto. Prevalecem no texto de
Jorge Ferreiras as numerosas referências bibliográficas. Mesmo assim, considera-se
nessa ficha de leitura que autores citados como Alberto Guerreiro Ramos (1961) e Karl
Loewestein (1944) devem ser considerados fontes e não referência bibliográfico pelo
fato de pertencerem e escrevem dentro do recorte temporal analisado por Jorge Ferreira.
Ademais, percebe-se o uso de periódicos (Diário da Noite, Tribuna da Imprensa,
Última Hora e Jornal do Brasil) como parte das fontes consultadas.
Logo, à luz dos elementos acima, pode-se afirmar que o texto de Jorge Ferreira
digna-se a figurar entre os clássicos a serem consultados, citados e revisitados quando o
assunto é populismo dado ao seu grau de perspicácia, envergadura e exatidão
metodológica. Texto fulcral para pesquisadores que, como ele, aspiram ao estudo do
populismo na historiografia brasileira e internacional.