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Bibliografia:
Códigos comentados:
- Comentários ao novo código de processo civil- Antonio do Passo Cabral e Ronaldo Cramber-
Forense.
Doutrina:
- Guilherme Hartman
NORMAS FUNDAMENTAIS:
1. Introdução:
As normas são compostas por princípios e regras, por isso houve a alteração, pois,
além dos princípios fundamentais, também haveria as regras fundamentais.
Já as regras têm um fim finalístico objetivo, as regras são normas que dizem
exatamente a hipótese de incidência e suas consequências.
OBS.: despacho saneador não é despacho. Os provimentos do juiz podem ser com conteúdo
decisório (despacho) ou sem conteúdo decisório (decisão).
Os atos do juiz podem ser provimentos (atos por escrito) e atos reais (importam numa
atividade física do juiz, por exemplo: assinar sentença, presidir sentença, despachar com
advogado, colher depoimento pessoal).
Quando podemos decidir pelo sim e pelo não, estamos diante de uma decisão. Nos
despachos o juiz não decide, ele não pode optar pelo sim ou não, a lei já diz como o juiz deve
atuar.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
O despacho saneador é uma decisão. O juiz não saneia nada. Quando ele encontra um
vício no processo, manda as partes para sanarem. O novo CPC corrigiu isso e chama de decisão
de saneamento.
O enunciado 370 do FPPC (fórum permanente de processo civil) diz que: (arts. 1º a 12)
Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio. (Grupo: Normas fundamentais)
2. “Princípio” da Demanda
Nestes termos, pelo princípio da demanda o juiz não pode prestar a tutela jurisdicional
sem ser provocado. O princípio da demanda também é conhecido como princípio da inércia. O
juiz chama de princípio da inércia, pois ele deve ficar parado. Já a parte chama de princípio da
demanda, pois ela deve atuar.
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as
exceções previstas em lei.
Regra Exceção
Inércia ou demanda Inicio do processo por Há processos que podem ser
provocação iniciados de ofício, como a
alienação judicial de bens
(art. 730)
Impulso Oficial Demais fases do processo Há fases que exigem
deflagradas de ofício provocação da parte, como a
fase de cumprimento de
sentença (artigo 523)
Obs.: no CPC antigo o inventário podia se iniciar por impulso oficial, no novo CPC isso
foi vedado!
3. “Princípio” da Boa Fé
Artigo 5º CPC:
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
De acordo com o professor, esse artigo parece letra morta, pois ninguém vai agir de
boa-fé ou de má-fé por causa da norma. Contudo, ele não é inútil, ele deve ser interpretado
em conjunto com outros artigos do código.
Pelo princípio da boa-fé processual todos aqueles que atuam no processo não podem
ter comportamento contraditório. Aquele que atua com comportamento contraditório está de
má fé.
Enunciados do FPPC:
374: (art. 5º) O art. 5º prevê a boa-fé objetiva. (Grupo: Normas fundamentais)
375: (art. 5º) O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a boa-fé
objetiva. (Grupo: Normas fundamentais)
376: (art. 5º) A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional.
(Grupo: Normas fundamentais)
Livro do Câmara: Não se trata, pois, apenas de se exigir dos sujeitos do processo que atuem
com boa-fé subjetiva (assim entendida a ausência de má-fé), mas com boa-fé objetiva,
comportando-se da maneira como geralmente se espera que tais sujeitos se conduzam. A
vedação de comportamentos contraditórios (nemovenire contra factumproprium), a
segurança resultante de compor- tamentos duradouros (supressio e surrectio), entre outros
corolários da boa-fé objetiva, são expressamente reconhecidos como fundamentais para o
desenvolvimento do processo civil.
Também decorre da boa-fé objetiva o reconhecimento de que comportamentos produzem
legítimas expectativas. Figure-se um exemplo: intimado um devedor a cumprir uma decisão
judicial em certo prazo,sob pena de multa, este deixa transcorrer o prazo sem praticar os atos
necessários à realização do direito do credor. Este, então, fica inerte, não toma qualquer
iniciativa, e permite que os autos sejam arquivados. Passados alguns anos, o credor
desarquiva os autos e postula a execução da multa vencida por esses anos de atraso no
cumprimento da decisão. Em um caso assim, deve-se considerar que o comportamento do
credor, que não tomou' qualquer providência para evitar o arquivamento dos autos por tão
prolongado tempo, gerou no devedor a legítima confiança em que não seria executado, daí
resultando a perda do direito do credor à multa já vencida (supressio). Isso não implica,
porém, dizer que o credor não tenha direito à satisfação do seu direito já reconhecido. Será
preciso, porém, novamente intimar o devedor para cumprir a decisão no prazo que lhe fora
assinado, sob pena de tornar a incidir a multa. Mas a multa pelo decurso dos anos anteriores
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
não será mais devida por força da violação da boa-fé objetiva. A boa-fé objetiva também
impede que o julgador profira, sem motivar de forma específica a alteração, decisões
diferentes sobre uma mesma questão de direi- to aplicável a situações de fato análogas, ainda
que em processos distintos (FPPC, enunciado 3 77).
4. Princípio da cooperação:
No novo CPC essa ordem foi alterada. Agora temos apenas um procedimento comum com
a seguinte ordem: petição inicial, conclusão da inicial (cite-se o réu e intime-se as partes para a
audiência de conciliação), citação, audiência de conciliação (se nessa audiência tiver acordo há
a extinção do processo com mérito; se não teve acordo, inicia-se o prazo de 15 dias para a
contestação), contestação, prazo de 15 dias para réplica, réplica, saneamento e organização do
processo.
Pelo código velho o saneamento era dado na audiência preliminar. Na audiência preliminar
podiam ser praticados quatro atos: tentativa de conciliação, decisão de saneamento, fixação
de pontos controvertidos e deferimento de provas.
Artigo 14 NCPC. O que já foi iniciado pelo código antigo, se mantém daquela forma.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.
O princípio da cooperação regula o resto do processo (remissão ao artigo 357 e artigo 6º).
OBS.: a audiência de conciliação é obrigatória salvo quando i) o direito não permite solução
consensual e ii) ambas as partes peticionam expressamente dizendo não querer audiência,
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
feito na petição inicial, em interpretação literal. Alexandre Câmara e Cássio Scarpinella Bueno
dizem que caso uma das partes não queira a audiência de conciliação e mediação, a audiência
não se realiza, justamente pelo fato de se um não quiser o acordo, não será feito. Caso o autor
diga que não quer e o réu não fale nada, se omita, haverá audiência, se um dos dois faltar
pagará a multa, ato atentatório à dignidade da justiça, revertida para a União (se justiça
federal) ou Estado (se tribunal estadual). Para que seja revertido para o judiciário deve haver a
criação de fundos.
A menos de 10 dias réu não pode dizer que não quer a audiência. Caso o autor já tenha
expressamente se manifestado nesse sentido.
Ex. Audiência marcada para daqui a 03 meses, autor não queria, réu depois de 2 meses e 15
dias fala de seu desinteresse. Se o autor e o réu dizem não querer de primeira, a audiência de
junho não ocorrerá, o prazo para contestação começa assim que o réu comunicar que não
quer a audiência. O prazo de contestação é antecipado. Isso parece violar a boa-fé, mas deve
ser analisado caso a caso.
Por exemplo, caso empresa entre em recuperação judicial antes da audiência não há qualquer
deslealdade.
Ex2. Réu aceita a audiência, não leva proposta de acordo. Nitidamente temos uma ação de má-
fé. Ninguém é obrigado a fazer acordo, mas pela lealdade e boa-fé objetiva, é necessária a
comunicação de eventual interesse.
5. Princípio da isonomia
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.
Caso concreto:
No CPC/73, artigo 100 dispunha que algumas pessoas tinham o privilégio de demandar
em seu próprio domicílio. Sendo a competência do foro do domicilio dos alimentos para
propor ação de alimentos. A ação de alimentos discute um direito pessoal, a regra é que a
competência seja do domicílio do réu, porém, como o alimentando está em situação de
desigualdade em relação ao alimentante, é elaborada a regra do artigo 100 para colocá-los em
igualdade.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
O inciso I do artigo 100 dizia que a mulher podia propor a ação de divórcio no seu
domicílio. Contudo, essa regra é constitucional? Homens e mulheres são iguais perante a lei?
Para saber isso, na verdade, temos que perguntar se na condição do casamento, homens e
mulheres são iguais.
O STF (informativo 539) entendia que essa regra era constitucional, mas no CPC de
2015 essa regra foi alterada.
No novo CPC essa regra foi para o artigo 53, e nesse artigo determina que o foro é o do
domicilio do cônjuge que ficou com o filho menor, se não tiver, no domicílio da ultima moradia
do casal, caso contrário, será o do domicílio do réu.
6. Princípio do contraditório:
O juiz não pode decidir sem ouvir as partes. Se o juiz não ouvir, a parte não será capaz
de influenciar no resultado da decisão. A parte precisa se manifestar antes da decisão.
A decisão do professor de terminar a aula 12:40 é de ofício, mas não é inaldita altera
partes, pois ele perguntou a nossa opinião antes de decidir.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
Com a entrada em vigor do NCPC o juiz não pode proferir decisão sem ouvir as partes
primeiro, mesmo se for matéria que ele possa conhecer de ofício. Mesmo nessas questões o
juiz precisa ouvir as partes antes, na forma do artigo 10.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Pelo artigo 337 do CPP o juiz pode conhecer as condições da ação de ofício, mas antes
precisa ouvir as partes.
Exceções:
Portanto, a regra é que antes de decidir as partes precisam ser ouvidas. Contudo,
existem exceções, questões que o juiz pode decidirinaldita altera partes, as quais estão
determinadas no parágrafo único do artigo 9º.
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
A tutela de urgência após a parte ser ouvida faz com que a decisão judicial não seja
efetiva. O contraditório não é violado, mas apenas postergado.
OBS.: A tutela provisória pode ser de urgência e de evidência. A tutela de urgência pode ser
cautelar ou antecipada. A semelhança entre as tutelas de urgência e evidência é que todas são
provisórias, ou seja, precisam de uma sentença que fale sobre elas ao final do processo. A
diferença entre elas são seus requisitos. A tutela de urgência (cautelar ou antecipada) tem
como requisitos: fumus boni iuris (verossimilhança das alegações, isto é, a probabilidade de
que as alegações estão corretas, parece verdade)epericulum in mora (rico de dano irreparável
ou ao resultado útil do processo).Os requisitos da tutela de evidência estão no artigo 300 do
CPC:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
A tutela da evidencia está disciplinada no artigo 311 do CPC, o qual dispõe que a
decisão é proferida pelo direito ser bom, e a pessoa quer usufruir do seu direito.
Quando o direito é bom, a pessoa quer usufruir do seu direito e tem risco de dano
irreparável deve-se pleitear uma tutela de urgência.
Por exemplo: se o nome de uma pessoa é colocado no CPC erroneamente, sendo que
isso não altera a vida dela em nada (ela não compra a crédito, não participa de licitação), a
tutela a ser pedida é uma tutela de evidência.
A tutela de evidência também é uma exceção à decisão inaldita altera partes, a forma
do artigo 9º do CPC.
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
O artigo 332 do CPC disciplina que cumpridos os seus requisitos, o juiz profere decisão
de improcedência, sem citar o réu. Essa é uma decisão inaldita altera partes.
Contudo, parte da doutrina diz que o art. 332,§1º permite que o juiz se manifeste
sobre prescrição e decadência sem citar o réu, mas, o juiz deve ouvir o autor. O artigo não
excepciona a regra. Portanto, mesmo nessas hipóteses, o juiz deverá ouvir as partes, que no
caso ainda é apenas o autor, pois o réu ainda não foi citado.
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação
do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde
logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
O artigo 12 dispõe sobre a ordem do julgamento:
A redação anterior era deverão, agora foi inserida a palavra preferencialmente. É o juiz
que diz se vai obedecer a ordem de conclusão ou não.
Se o juiz não pode organizar a ordem da conclusão, ele não pode escolher a ordem de
organização do seu trabalho.
Livro do Câmara: O último caso em que se admite a prolação de decisão judicial inaudita
altera parte é o da decisão que determina a expedição do mandado monitório (art: 701).
Trata-se de decisão que integra, necessariamente, a estrutura do procedimento monitório,
que tem entre suas características fundamentais o que se costuma chamar de inversão de
iniciativa do contraditório, já que neste caso só haverá contraditório pleno se o deman- dado
optar por oferecer embargos (art. 702), sem os quais constituir-se-á de pleno direito o título
executivo judicial (art. 701, § 22).
O artigo 93, IX da CRFB já determinava isso, mas não dizia como deveria ser feita a
fundamentação o que gera problemas. Há muitos vícios de fundamentação.
O artigo 489, §1º do CPC fala o que não é fundamentação das decisões judiciais. Isso é
feito porque o legislador conhece quais são os vícios das decisões.
O juiz está obrigado a analisar todos os argumentos que firmem o pedido. O juiz só não
está obrigado a apreciar quando já decide desde logo em um sentido por um dos argumentos.
Livro do Câmara: E decisão que serve para qualquer caso, na verdade, não serve para caso
algum. É nula, também, a decisão que "não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador" (art. 489, § lº, IV).
Este caso de vício de fundamentação demonstra, de modo muito claro, a intrínseca ligação
existente entre o princípio da fundamentação das decisões e o princípio do contraditório. É
que este princípio assegura aos sujeitos do processo participação ampla no debate destinado
a construir a decisão. Daí se precisa exttair, então, que o princípio do contraditório não
garante às partes só o direito de falar, mas também o direito de ser ouvido. Ora, não haverá
contraditório efetivo e dinâmico se os argumentos deduzidos pelas partes não forem levados
em consideração ria decisão judicial. Impende, então, que o órgão jurisdicional leve em conta
todos os argumentos suscitados pelas partes e que sejam capazes, em tese, de levar a uma
decisão favorável.
é direito da parte ver na decisão que lhe é desfavorável a exposição dos motivos que levaram
à rejeição de todos os fundamentos que suscitou em seu favor. Só assim se poderá afirmar que
sua participação no processo de forma- ção da decisão foi relevante, que ela foi ouvida (ainda
que não tenha sido atendida) e, portanto, que foi plenamente respeitada sua participação em
contraditório
A mera indicação de ementas não é correta invocação de precedentes. Impõe-se a precisa
indicação dos fundamentos determinantes (rationesdecidendi) da decisão invocada como
precedente, com a precisa demonstração de que os casos (o precedente e o agora decidido)
guardam identidade que justifique a aplicação do precedente. Há, por fim, vício de
fundamentação na decisão judicial que "deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência
ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento".
De toda maneira, impende agora deixar claro que não estará legitimamente
(constitucionalmente) fundamentada a decisão judicial que, em caso no qual a parte tenha
invocado algum precedente (ou enunciado de súmula, ou jurisprudência predominante) que
lhe favoreça, deixe de indicar os motivos pelos quais dele se afasta, apontando a distinção
entre o precedente e o caso agora examinado (distinguishing) ou a superação dó
entendimento adotado no precedente (overruling).
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felipe Flexa
OBS.: princípios que estavam no livro do Câmara:
Princípio da Duração Razoável: não pode violar garantias fundamentais. Evita-se demoras
desnecessárias, punindo quem tenta protelar o processo.
Princípio da dignidade da pessoa humana: as demandas não devem ser encaradas como mais
uma.
Desde já é importante notar que uma norma não contém apenas normas materiais e
apenas normas processuais. Por exemplo, o CDC contém regras processuais e materiais.
Normas heterotróficas são aquelas que parecem, em um primeiro momento, situadas na
legislação equivocada.
Por exemplo, o artigo 240,§1º, do NCPC fala que o cite-se interrompe a prescrição. Isso
está em consonância com o CC. As causas de interrupção da prescrição são normas materiais,
sendo uma norma heterotrófica, pois está inserida em um código processual.
OBS.: o artigo 1072, II, do NCPC revogou diversos artigos do CC, da Lei de alimentos. A
primeira norma revogada é a prova testemunhal tarifada.
Fontes normativas primárias: lei em sentido amplo. A lei cria regramento processual,
as normas de comportamento.
E a lei em si? É qualquer lei? Pode ser lei ordinária ou complementar? O NCPC é lei
ordinária. Normalmente a matéria processual é regulada por lei ordinária. Mas não há
impedimento para a lei complementar fazer isso.
No novo CPC a defensoria tem um maior destaque. O artigo 186 do NCPC determina
que o defensor público têm prazo em dobro. Mas antes do CPC ser criado já havia essa
previsão na lei complementar nº 80/1994, artigo 44.
O escritório modelo de faculdade também tem essa prerrogativa, pelo artigo 186 do
NCPC.
O executivo pode por medida provisória criar norma processual? Já pode. Hoje, com
a emenda constitucional isso foi restrito, na forma do artigo 62 da CRFB. O executivo não cria
norma processual.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Rodolfo Hartman
E o judiciário? O judiciário pode criar norma processual? Um súmula vinculante não
poderia tratar de norma processual a princípio. Há uma vedação quanto a isso não no artigo 2º
da lei 11.417. A súmula vinculante serve apenas para matéria constitucional, estando a matéria
processual fora do seu âmbito de incidência. Com o novo código, como fica a questão dos
precedentes? Pelo novo CPC o juiz fica vinculado à jurisprudência e precedente?
Esse precedente pode ser um recurso decidido por meio dos recursos repetitivos. Pode
ser instaurado um incidente de demanda repetitiva no TJ, e ser criado um precedente que
vincula toda a sua área.
Pelo modelo anterior havia uma dúvida se a jurisprudência seria uma forma de
interpretar o direito, ou se seria uma fonte secundária. No NCPC a jurisprudência é norma
primária. A atividade jurisdicional é racionalizada para diminuir o chamado ativismo judicial. O
professor Hermes Arnete defende isso.
OBS.: o artigo 988, §5º, II diz que só cabe reclamação no STJ e STF depois que for esgotado
todos os recursos. Quem cria o precedente vinculante vira seu guardião.
OBS.: a ADC IV diz que não cabe tutela antecipada contra a fazenda pública. Caso o juiz dê a
tutela antecipada, deve ser proposto um agravo de instrumento. Não pode propor uma
reclamação direto.
OBS.2: se o Tribunal de justiça cria o precedente, já pode entrar com uma reclamação direto
para ele. Assim, os tribunais inferiores, quando houver a violação de um procedente, a parte
poderá ingressar com um recurso e com uma reclamação para o tribunal.
OBS.: O IRDR é criticado porque irá vincular até mesmo juizados especiais. O professor
Scarpinella Bueno acredita que isso é inconstitucional.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Rodolfo Hartman
Voltando a questão da vinculação dos magistrados às súmulas, jurisprudências e
precedentes, o professor destaca que não lhe parece apropriado que regimento crie norma
processual. Quem cria norma processual é o congresso.
Pelo artigo 190, as partes podem criar o rito. Elas podem inclusive criar um rito com 10
audiências. Pelo artigo 191 as partes podem criar um calendário, não há mais prazo. As partes
ainda podem inverter o ônus da prova, na forma do artigo 373, §3º e 4º. As partes podem
ainda fazer o saneamento sem o juiz (357). O código tem vários exemplos de convenções
processuais, que são defendidas pelos acadêmicos, por ser uma ingerência estatal mínima.
Quem cria norma processual são as partes? Isso é uma matéria de ordem pública. Ao
estudar os negócios processuais, verificamos que aspartes podem criar normas processuais de
comum acordo. Mas, se já existe arena própria pra isso, qual seja, a arbitragem, porque não
deixar essas matérias lá? Além disso, isso envolve matéria de ordem pública, por que não
deixar esses casos lá?
Se for criado um calendário que vincula o juiz, quem vai fazer esse controle? O juiz terá
um calendário para cada processo. Além disso, e se a logística do fórum não permitir a
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Rodolfo Hartman
aplicação do calendário? Ademais, o código atenderá o interesse processual ou o interesse
público?
OBS.: artigo 833 fala da execução dos bens impenhoráveis. O CPC anterior falava que era
absolutamente impenhorável, agora é apenas impenhorável. Deste modo a parte pode
renunciar a impenhorabilidade. O artigo 8º do NCPC determina que o juiz deve observar a
dignidade da pessoa humana.
Literal: a lei diz exatamente. Exemplo artigo 1003 do CPC. Esse dispositivo traz a
segurança jurídica, contudo, nem sempre essa solução é a mais justa, a mais adequada. Em um
caso pode ser bom, mas em demais pode não ser.
A interpretação autêntica defende que o próprio legislador define como a lei deve ser
interpretada. A sentença é conceituada com o novo CPC de acordo com o artigo 203, §1º, o
legislador também diz o que é citação (artigo 238).
Interpretação teleológica deve levar em consideração os fins sociais das normas. Por
exemplo, a lei 8.009/90 trata da impenhorabilidade do bem de família, mas e quem mora
sozinho, não tem esse direito? Pela súmula 364 do STJ a proteção é extensível a quem mora
sozinho, embora não seja uma família no sentido tradicional. A interpretação teleológica leva
em consideração a razoabilidade, a racionalidade, os fins sociais a dignidade. Isso é
recomendado pelo artigo 8º do NCPC. Ou seja, o NCPC propõe uma interpretação teleológica
das normas do CPC.
Porém, o artigo 489, §1º, II fala da fundamentação de decisão judicial. Ou seja, por
esse dispositivo, o magistrado não pode aplicar conceitos indeterminados, mas o artigo 8º
defende a interpretação teleológicas, essas normas são contraditórias.
O artigo 537,§1º trata das astrentes e determina que pode reduzir para as vincendas, e
as anteriores que já estão acumuladas? As anteriores aparentemente não. Mas as astrentes
não são para punir, então porque não reduzir as anteriores também? O tribunal permitia isso.
Essa é a regra. De acordo com essa teoria a lei processual tem aplicação imediata,
respeitados os atos anteriores praticados pela norma anterior.
Livro do Câmara: Significa isto dizer que a lei processual aplicável a cada ato processual é a lei
vigente ao tempo em que o ato processual é praticado (tempus regitactum).
Então, a entrada em vigor de uma lei processual nova gera sua incidência imediata, não só
aos processos que se instaurem daí por diante, mas também aos processos em curso. Não há,
porém, retroatividade da lei processual, de modo que não se pede admitir que a lei processual
nova se aplique a fatos anteriores à sua vigência ou que desrespeite as situações processuais
consolidadas sob a égide da norma anterior.
A lei que rege o recurso é a lei vigente ao tempo da publicação da decisão contra a qual se
pretende recorrer.
A crítica é que é difícil muitas vezes delimitar bem qual é a fase do processo. Dentro da
própria fase de conhecimento pode ocorrer um recurso, por exemplo, logo ao recurso seria
uma lei?
Se o processo se iniciou na vigência do código de 73, todos os atos serão regidos pelo
código de 73. A vantagem desse sistema é que não haveria questões graves sobre a aplicação
da lei processual no tempo, havendo mais segurança jurídico. Por outro lado, esse sistema
despreza qualquer inovação, ainda que benéfica.
O novo CPC elimina vários procedimentos (rito sumário, usucapião, nunciação de obra
nova, ação de depósito, ação de anulação de título ao portador, ação de prestação de contas
na modalidade apresentação de contas, ações cautelares, exceto a produção antecipada de
provas). Os ritos que foram extintos, enquanto perdurar a fase de conhecimento, segue o
CC/73. Apenas a execução e o recurso serão na forma do NCPC (1046, §1º CPC).
O professor entende que nesses casos a contagem dos prazos deve ser em dia útil.
Contagem de prazo não é rito!
OBS2.: se o usucapião é amigável é feito mediante o tabelião (artigo 1.071). havendo litígio é
promovido no judiciário sob o rito comum. E a questão de citar os vizinhos? Permanece. Os
vizinhos confinantes formam um litisconsórcios necessário, exceto se for condomínio (246,
§3º).
OBS.3: a prestação de contas tinha duas modalidades: para exigir e para apresentar contas.
Agora só temos a prestação para exigir contas. A prestação com a finalidade de apresentar
contas é pelo rito comum. O procedimento especial só permanece no caso de prestação de
contas para exigir contas.
Livro do Câmara: A adoção da teoria do isolamento dos atos processuais leva a que,
necessariamente, seja preciso examinar caso a caso, se a lei processual nova incide ou não,
isto é, se há ou não uma situação processual consolidada sob a égide da lei processual
anterior a ser respeitada, o que produzirá uma ultra-atividade da lei processual revogada.
É o caso do direito probatório, já que o Código vigente só se aplica aos processos pendentes
quando se trate de prova requerida ou determinada de ofício após sua entrada em vigor (art.
1.047).
As disposições do CPC de 1973 permanecem aplicáveis aos processos de execução por quantia
certa contra devedor insolvente (art. 1.052), matéria não regulada expres- samente pelo
vigente Código de Processo Civil.
Também em relação aos limites objetivos da coisa julgada é preciso observar que, por força do
art. 1.054, o disposto no art. 503, § 12, só se aplica a processos instaura- dos sob a égide do
vigente CPC (por força do qual a resolução de questão prejudicial pode, desde que observadas
algumas exigências, ser alcançada pela coisa julgada ma- terial). No caso de processo
instaurado ainda ao tempo da vigência do Código anterior a resolução da questão prejudicial
não é alcançada pela coisa julgada, salvo se tiver sido proposta uma "ação declaratória
incidental" (arts. 5º, 325, 469, III, e 470 do Có- digo de 1973).
Direito probatório:
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Rodolfo Hartman
Artigo 1.047 trata do direito probatório. Se a prova foi requerida na vigência do código
anterior, mesmo que ele já tenha entrado em vigor, a prova é produzida de acordo com o
código anterior. Se ela é requerida na vigência do novo, ela é produzida pelo novo CPC.
Exemplos:
OBS.: olhar a página pessoal do professor, ele vai postar sobre isso hoje. O professor fala
inclusive que ele deve ter o mesmo tratamento do assistente. Esse especialista deve ser
remunerado.
OBS.: o juiz federal pode afirmar uma união estável na fundamentação. Mas ele não tem
competência para afirmar a união estável com força de coisa julgada, essa é uma competência
da justiça estadual.
De acordo com o artigo 1.054 para os processos antigos pode-se usar a ação
declaratória incidental.Para os novos processos aplica-se o artigo 503,§1º do NCPC.
O rito sumário foi eliminado. Mas no CC/73 algumas causas pelo valor e matéria havia
a determinação de escolha pelo rito sumário.
Insolvência Civil:
O novo código não fala em insolvência civil. Pelo artigo 1.052, a insolvência continua
sendo regulada pelo antigo código (748 a 786-A).
Portanto, o NCPC tem aplicação imediata. Algumas vezes ele é aplicado em etapas, e em
outros casos, o código antigo é aplicado mesmo nos casos novos. Algumas normas do CPC
antigo serão aplicadas provisoriamente e outras serão por muito tempo, até se editar uma
lei sobre isso.
Nesse aspecto o NCPC é muito melhor que o CC/73. Ele disciplina a cooperação jurídica
internacional de forma mais profunda (artigo 26 do NCPC).
A cooperação pode ser por meio de carta rogatória, auxílio direto, homologação de
decisão estrangeira.
7. Jurisdição:
Assim, não basta dizer o direito, ele também precisa ser efetivado. O órgão
jurisdicional diz o direito e permite a sua efetivação. Mesmo em um processo de execução há a
atividade jurisdicional.
Na execução temos um título executivo que apresenta uma dívida certa, possível e
exigível. O juiz não julga, mas efetiva o direito.
A arbitragem:
Há quem defenda que é jurisdição, sob o argumento de que o código diz que a
sentença arbitral é titulo executivo judicial, previsto no artigo 515, independentemente de
homologação (o juiz togado pode no máximo anular o procedimento arbitral, mas não pode
rever, se o árbitro fixa dano material em 20 mil, o juiz não pode mudar para 10 mil, para
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Rodolfo Hartman
alterar a arbitragem, deve ser proposta uma ação anulatória em 90 dias- artigo 33 da lei de
arbitragem).
Quem defende que não é jurisdição diz que o árbitro não fez concurso. Mas o árbitro
passa por uma forma de investidura diferente. Os ministros do STF também não fazem
concurso. Diddier defende que é órgão da jurisdição.
Se jurisdição é dizer e efetivar, não é possível ter meia jurisdição. Ou tem ou não tem.
Se pode dizer o direito, mas não pode efetivar, não é jurisdição, mas um equivalente.
Insta salientar que pelo CC/73 existe a carta precatória (órgão jurisdicionais de mesma
hierarquia), carta rogatória (entre órgãos de países diferentes), carta de ordem (comunicação
entre órgãos internos- o superior hierárquico manda ao inferior).
O novo CPC cria a carta arbitral, que é quando o arbitro pede alguma providência ao
juiz. Se a arbitragem fosse jurisdição, não precisaria ter carta arbitral. Seria uma carta
precatória. Ao criar essa carta verificamos que o árbitro não tem jurisdição.
O arbitro pode fazer instrução, mas para um mandado de apreensão ser cumprido,
deve ser requerido ao judiciário. O judiciário tem uma reserva de competência.
Equivalentes jurisdicional
O litígio pode ser encerrado sem entrar no judiciário? Em quais casos temos isso?
Na transação ambas as partes abrem mão de parcela daquilo que entendem devido.
a) Inércia:
O juiz não pode atuar de ofício, a parte precisa provocar a jurisdição. Sendo a sua
atuação nos limites da provocação.
b) Definitividade
O provimento jurisdicional pode ser definitivo, isto é, fazer coisa julgada material.
Exemplos: o artigo 303 e 304 trata do regime da tutela antecipada. Se o juiz antecipar,
o réu pode agravar. Se o réu não agravar o processo é extinto, mas não faz coisa julgada. A
liminar permanece, fica estável. Depois de dois anos, não cabe mais ação nenhuma, mas não
houve coisa julgada. Aqui temos o fenômeno chamado de estabilidade.
O professor acha que esse artigo não será interpretado literalmente, pois estimula o
agravo.
c) Substitutividade
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Rodolfo Hartman
O juiz ao dizer o direito e determinar as medidas executivas substitui a vontade das
partes. Essa é uma característica da substituição.
d) Litígio
Conflito de interesses qualificada por pretensão resistida, lide. Mas não é essencial,
uma vez que podemos encontrar processos jurisdicionais sem esse interesse. Em jurisdição
voluntária temos formas com a interdição. O interditando não está em conflito de interesses
com o requerente, seria jurisdição voluntária natureza jurisdicional?
Na maioria dos casos há conflito de interesses, desde que pensemos na lide como
pretensão resistida no sentido de que as partes sozinhas não conseguem alcançar aquela
relação jurídica. Sem a integração e vontade do Estado não se satisfaz o direito, alcança
pretensão.
9. Jurisdição voluntária:
Todas essas características costumam está presentes, mas,às vezes, não estãotodas
presentes, e mesmo assim temos jurisdição.
Por outro lado a doutrina mais nova defende que a jurisdição voluntária é jurisdição. Tem
casos em que a jurisdição contenciosa que não tem lide, não tem definitividade. Os casos de
jurisdição voluntária são potencialmente conflituosos e, por isso, devem ser submetidos à
jurisdição. Ex.: interdição. Nesse sentido Fredie Didier, Greco e Calmon de Passos.
Caso Concreto:
Ou seja, no caso de seguro, se as partes fixarem acordo para receber desde logo o
valor que a seguradora quer pagar, e homologar isso depois, tal questão não poderá ser
discutida em juízo mais tarde para cobrar a diferença. Isso é muito criticável!!!!
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a
competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
Art. 265. O secretário do tribunal, o escrivão ou o chefe de secretaria do juízo deprecante transmitirá,
por telefone, a carta de ordem ou a carta precatória ao juízo em que houver de se cumprir o ato, por
intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, se houver na comarca mais de um ofício ou
de uma vara, observando-se, quanto aos requisitos, o disposto no art. 264.
iii) Indelegabilidade – Cada órgão jurisdicional tem sua função própria de prestar a
atividade jurisdicional, portanto, veda a delegação da atividade jurisdicional
para outro órgão seja da mesma esfera de poder (judiciário) seja para outra
esfera de poder (legislativo ou executivo). No aspecto externo a constituição
traduz delegações atípicas, mas são previstas constitucionalmente, como o
Congresso Nacional em relação ao Impeachment. No art. 49, IX, CRFB e art. 41,
1º, II, CRFB.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
execução dos planos de governo;
2ª corrente – Não são exceções, pois o juízo deprecado age em competência própria. Didier.
No acesso a ordem justa pensamos na participação democrática das partes no processo, tudo
isso faz parte do princípio da inafastabilidade do poder judiciário.
Em razão do princípio do juiz natural, veda-se escolha pré-determinada do juiz que irá
apreciar, processar e julgar a causa. Veda-se a criação de tribunais de exceção, ou seja, após a
ocorrência do fato, pós factum. A constituição garante a não criação desses tribunais.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
Aula 03: 05/04/16
Email: gh.doco@hotmail.com
1. Introdução:
O estudo dessa matéria nos mostra que as fronteiras entre os países estão diminuindo,
tendo em vista o fenômeno da globalização. Assim, nessa matéria verificamos dois aspectos:
(a) Se a justiça brasileira é competente para julgar fatos que envolvem estrangeiros ou
que foram firmados no estrangeiro.
(b) Se o produto jurisdicional estrangeiro pode produzir efeitos no Brasil.
Assim, verificaremos as causas que podem ser ajuizadas no Brasil e qual as decisões
internacionais produzirão efeitos aqui.
Quando o Brasil não for competente significa que não tem jurisdição sobre a questão.
Nesse caso o juízo brasileiro não declina a competência para o país competente, tal qual
ocorre no conflito entre juízos. Se for ajuizada uma ação no Brasil sobre uma questão que está
fora dos limites da jurisdição nacional, opressuposto processual de existência não foi
cumprido, acarretando na extinção do processo sem resolução do mérito (artigo 485, IV
NCPC).
Cabe foro internacional de eleição? Isso não seria escolha de jurisdição? O NCPC
admite. Isso sempre foi criticado, pois não seria a escolha de um foro, mas da jurisdição de um
país.
O artigo 21, I já existia no antigo CPC. Não importa a nacionalidade da pessoa, mas que o
demandado tenha domicílio no Brasil. Fazer remissão ao artigo 46.
No parágrafo único do mesmo artigo temos que se o demandado for pessoa jurídica com
sede no Brasil, a jurisdição brasileira será competente.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
No inciso II devemos fazer remissão ao artigo 53, III, d. Aqui temos a competência
territorial fixada no local onde a obrigação deve ser satisfeita.
O inciso III, por fim fala quando o ato é praticado no território brasileiro. Se o fato ocorreu
aqui é melhor ajuizar a ação aqui, até mesmo para a colheita de provas. Fazer remissão ao
artigo 53, IV.
A grande questão é que esse artigo era correlato ao artigo 88 do antigo CPC. Mas o NCPC
traz inovações nessa matéria no seu artigo 22.
O inciso I fala das ações de alimentos. Sempre que tratarmos dessas ações temos que
lembrar que o alimentando está em situação de urgência. O dispositivo busca protegê-lo sob
duas vertentes:
Fazer remissão do artigo 22, II ao artigo 101, I do CDC. É uma norma protetiva ao
consumidor. Antigamente o consumidor não tinha como solucionar essas questões. Agora,
havendo um vício, ele pode ajuizar no Brasil a ação, sendo o réu citado por carta rogatória.
Para executar, se o país estrangeiro exigir a homologação da sentença estrangeira, a execução
não será tão simples.
b) Jurisdição exclusiva:
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
Artigo 23 analisa situações de julgamento da justiça brasileira exclusivamente. As
ações devem ser ajuizadas no Brasil. Aqui temos a competência jurisdicional exclusiva. Se for
ajuizada uma ação no estrangeiro nessas hipóteses elas serão consideradas inexistentes.
No inciso I temos a questão dos imóveis situados no Brasil.Esse artigo faz um paralelo
com o artigo 47 do NCPC. Ex.: um Frances vende seu imóvel no Brasil para outro francês. Seus
fundamentos são a soberania nacional, facilitação da produção de prova e exclusividade da
tributação.
Livro do Câmara: Só se aplica essa regra aos processos em que o objeto mediato da demanda
(isto é, o bem jurídico pretendido pelo demandante) seja o próprio bem imóvel, como se dá em
demandas possessórias ou reivindicatórias. Não, porém, quando a demanda tenha por objeto
alguma prestação relacionada ao imóvel, como por exemplo a cobrança· de aluguéis.
Por fim, o inciso III do artigo 23 é uma novidade do CPC de competência internacional
exclusiva. Aqui há a equiparação constitucional do cônjuge com a companheira. É muito
comum que as pessoas façam o divórcio no estrangeiro, contudo, se esse partilhou bens,
sejam eles moveis ou imóveis, a sentença de divórcio não será homologada em relação a esses
bens. O divórcio é homologado, mas a partilha dos bens no Brasil não. Assim há a
homologação da sentença estrangeira de forma parcial (artigo 961, §2º NCPC).
Os bens precisam ser tratados por ação proposta no Brasil. só é homologada a parte do
divórcio.
O artigo 961, §5º do NCPC determina que a sentença estrangeira de divórcio consensual
não precisa ser homologada para produzir efeitos no Brasil.
A cláusula de eleição estrangeira não seria abusiva? O correto seria que mesmo nas
hipóteses de clausulas de eleição, em razão do controle judicial da cláusula de eleição, se o
brasileiro quiser ajuizar uma ação no Brasil, é possível o ajuizamento aqui. O réu é citado para
se defender no Brasil, e pode entrar com uma preliminar de existência de cláusula de eleição
de foro, se o magistrado entender que é uma cláusula abusiva, a ação é extinta.
Em resumo, cabe cláusula de eleição de foro, exceto nos casos de jurisdição exclusiva.
Ainda que estejamos diante de uma jurisdição concorrente, se o magistrado entender que a
cláusula é abusiva, a ação pode ser extinta. O juiz pode fazer isso de ofício ou por
provocação do réu em preliminar de contestação.
A jurisdição exclusiva está no artigo 23, são hipóteses em que o Brasil não aceita outra
jurisdição.
Se a ação for ajuizada no estrangeiro, pode produzir efeitos no Brasil? Sim, desde que
passe por um procedimento de homologação de decisão estrangeira (artigos 960 a 965 do
NCPC). É proposta uma ação de homologação de decisão estrangeira pelo interessado para
que aquela decisão estrangeira gere efeitos no Brasil.
Importa frisar que a própria lei estabeleceu que não será homologada a sentença
estrangeira de jurisdição internacional exclusiva (remissão do artigo 964 ao 25, §1º NCPC).
É possível a concomitância de uma ação estrangeira e uma ação no Brasil, nos casos de
jurisdição concorrente obviamente? Qual ação gerará efeitos? Há litispendência internacional
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
entre uma sentença estrangeira e a brasileira? O artigo 24 do NCPC soluciona a questão. É
possível ajuizar a mesma ação no Brasil e no estrangeiro, não há litispendência. Isso não é uma
novidade. É uma linha do artigo 5º, XXXV da CR, que é o acesso à jurisdição.
Salienta-se que o mais apropriado seria que o processo no Brasil fosse suspenso até
que o STJ homologasse ou não a sentença estrangeira.
O artigo 394 decreto 18.871/29 diz que não há litispendência internacional, mas
respeita a coisa julgada internacional.
O STJ editou uma resolução (resolução nº 9 de 2005) para tratar da temática, mas ela
já foi revogada, fazendo uma emenda em seu regimento interno (emenda regimental nº18 de
2014).
Mudança de nomenclatura:
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
Além disso, é preciso observar que o código mudou o nome. Antes chamava-se
“homologação de sentença estrangeira”, porém, não é só sentença, pode ser decisão de
tribunal, um acórdão, logo o nome foi alterado pois, é possível homologar decisões
jurisdicionais não judiciais (artigo 961, §1º). Em muitos países a decisão administrativa faz
coisa julgada, diferentemente do que ocorre aqui no Brasil, podendo ser essas decisões
estrangeiras não judiciais homologadas aqui.Exemplo: divórcio na Dinamarca é o rei que
prolata a decisão.
Decisão arbitral:
A ação começa por petição inicial, e, então, temos a citação da parte diversa que pode
apresentar contestação. Dessa forma, temos uma verdadeira ação, com exercício do
contraditório. Na verdade, o juízo que será feito pelo julgado, no caso concreto é dito pela
doutrina como juízo de delibação. Embora o réu possa contestar, não há um rejulgamento da
causa tecnicamente, respeita-se a coisa julgada estrangeira. Há um mero juízo de delibação, de
modo que, a decisão do STJ se limita aos aspectos formais. (STJ SEC 1.702/ex).
Adecisão estrangeira transitou em julgado. A súmula 420 do STF diz que não se
homologa a decisão estrangeira que ainda não transitou em julgado.
Verificam-se a existência dos requisitos do artigo
O desenvolvimento do contraditório no estrangeiro (citação válida).
Pelo artigo 17 da LINDB não se homologa decisão estrangeira que ofende a
soberania nacional.
Porém, como é o formato dessa execução? É o STJ que executa? Não. Pelo artigo 109, X da
CRFB, é a justiça federal que executa.
Cartas são o meio de comunicação entre juízos. Há uma especificação se estamos diante
de juízos nacionais ou estrangeiros.
Carta de Ordem:
A primeira carta é a chamada carta de ordem. A carta de ordem está prevista no artigo
237, I e 236, §2º do NCPC. A carta de ordem ocorre quando temos a comunicação entre juízos
nacionais, em que há subordinação hierárquica. Exemplo: artigo 938,§3º do NCPC e artigo 955
do NCPC .
Ex.: a ação tramita no RJ e é necessário citar alguém que esta em SP. Nesse caso, é preciso
expedir carta precatória de citação. O juízo que envia é o juízo deprecante (RJ) e o juízo
deprecado é aquele que cumprirá o ato (SP).
Importante destacar que a carta precatória pode ser recusada (artigo 267, II NCPC).
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
Expedida a carta, o processo fica suspenso até haver o seu cumprimento, na forma do
artigo 377 do NCPC. O processo fica parado esperando a carta voltar. (remissão ao artigo 313,
V,b do NCPC)
Assim, o caráter itinerante das cartas de modo geral é uma forma de evitar o
descumprimento da carta.
O artigo 237, p.ú., permite a delegação da competência da justiça federal para a estadual.
Se a cidade não tiver uma seção da justiça federal instaurada, pode haver a delegação para a
justiça estadual.
Importante analisar a questão da comarca contígua (255 NCPC), já existia no código antigo.
Esse dispositivo tenta evitar a expedição de carta precatória em comarcas muito próximas. Em
situações limítrofes, o juiz pode mandar o oficial de justiça praticar o ato.
Carta arbitral
A carta arbitral é uma novidade (artigo 237, IV fazer remissão ao artigo 22 , c da lei
9.307/96 (lei 13.129/15).
A lei de arbitragem corrigida otimizou a lei de arbitragem, então, o arbitro pode deferir
tutela provisória, que será objeto de cumprimento em sede jurisdicional. O árbitro não tem
poder executório, ele comunica o juiz, para que este cumpra aquela decisão.
Carta rogatória:
A doutrina divide a carata rogatória em ativa e passiva. A ativa é aquela em que o juízo
nacional manda ao estrangeiro, ou seja, o Brasil é o rogante.
Já a carta rogatória passiva é aquela em que o país cumpre a carta, ou seja, o Brasil é o
rogado.
O artigo do NPCP trata do objeto da carta rogatória. Esse artigo disciplina a cortesia
internacional, indicando quando ela ocorrerá. A expedição de carta rogatória é exemplo de
cooperação internacional.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
Se a sentença internacional já transitou em julgado, pode ser homologada pelo STJ. Mas se
o feito ainda está tramitando no estrangeiro, pode ser expedida uma carta rogatória aqui, mas
para ela ser cumprida também é necessária a chancela do STJ (artigo 105, I, i). Ou seja, a carta
rogatória exige o exequartur do STJ.
Quando a carta rogatória tiver como finalidade a execução de decisão estrangeira, ela será
cumprida na justiça federal de primeiro instancia (515, IX NCPC e 109, X CRFB).
Agora há a possibilidade de, pelo artigo 962, §1º do NCPC, a medida de urgência
estrangeira pode ter fins executórios no Brasil.Antigamente, para ter a execução era
necessário o trânsito em julgado da sentença estrangeira. Agora, o exequartur da carta
rogatória, já permite a execução.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
Aula 04: 06/04/16
COMPETÊNCIA:
1. Conceito:
A jurisdição é una. O juiz tem jurisdição em todo o país, mas não está autorizado a exercê-
la em qualquer lugar do país.
Se qualquer juiz julga qualquer coisa, o princípio do juiz seria violado, pois a pessoas
escolheriam o juiz do processo. É preciso ter um conjunto de regras que delimite o exercício da
atividade do juiz, dizendo qual causa, qual matéria e para qual pessoa pode julgar. A
competência é medida da jurisdição.
Livro do Câmara: Competência são os limites dentro dos quais cada juízo pode, legitimamente,
exercer a função jurisdicional. É, em outros termos,a legitimidade do órgão jurisdicional para
atuar em um processo, devendo ser compreendida como sua específica aptidão para exercer
função jurisdicional naquele processo específico que perante ele se tenha instaurado.
Nos termos do art. 43, a competência é determinada no momento da proposi- tura da
demanda, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente.
Excetua-se a regra da perpetuação da competência, porém, quando o órgão jurisdicional em
que tramitava originariamente o processo for suprimido ou quando se alterarem as regras de
"competência absoluta" (fenômeno de que se tratará adiante).
Assim, por exemplo, se um processo que versa sobre matéria de família (como um divórcio
litigioso) instaurou-se perante uma Vara Cível em comarca que não dispunha, ao tempo do
ajuizamento da demanda, de Vara de Família, a criação desta após a instauração daquel~
processo implicará o deslocamento do processo para o novo órgão jurisdicional,
posteriormente criado, e que é competente em razão da matéria para conhecer da causa
(sendo a competência em razão da matéria, como se verá adiante, uma "competência
abs.oluta").
Um dos casos em que se admite a modificação da competência no curso do processo é
retratado no art. 45. Trata-se da hipótese em que o processo se instaura originariamente
perante um juízo estadual e nele, posteriormente, intervém a União, uma empresa pública
federal, uma entidade autárquica federal (entre as quais se encon- tram os conselhos de
fiscalização profissional) ou uma fundação pública federal, como parte ou terceiro
interveniente.
Havendo tal intervenção, o juízo estadual deve verificar se há algum pedido, formulado
naquele processo, cujo conhecimento lhe caiba. Neste caso os autos não serão remetidos ao
juízo federal (art. 45, § 1º ), não se admitindo a cumulação de pedidos e não podendo, por
conta disso, o juízo estadual conhecer do pedido em relação ao qual exista interesse da
entidade federal (art. 45, § 2º ).
Não sendo o caso de manter o processo com o juízo estadual, porém, serão os autos remetidos
para o juízo federal, único competente para dizer se o ente federal deverá ou não ser admitido
no processo (enunciado 150 da súmula do STJ). Admitido o ente federal no processo, este terá
a competência alterada, passando a desenvolver- se perante o juízo federal. Não admitido o
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
ente federal, serão os autos restituídos ao juízo estadual de origem (art. 45, § 32).
Também haverá modificação da competência na hipótese inversa: instaurado originariamente
um processo perante juízo federal (em razão da presença, como parte, de um ente federal),
pode ocorrer de tal ente ser excluído do processo (o que pode dar-se, por exemplo, por
ilegitimidade). Nesta hipótese, não sendo caso de extinção do processo sem resolução do
mérito (bastando pensar na possibilidade de haver um litisconsórcio entre o ente federal e
outra parte, só sendo reconhecida a ilegitimidade do ente federal), o processo deverá ser
remetido para um juízo estadual, onde passará a tramitar.
O inciso II do art. 45 estabelece a impossibilidade de modificação da competência da Justiça
Eleitoral ou da Justiça do Trabalho para a Justiça Federal. O mesmo raciocínio se aplica aos
processos que versam sobre acidentes de trabalho (previstos no inciso l do art. 45, já que tais
processos são da competência dos juízos trabalhistas).
OBS.: o territorial pode ser absoluto em alguns casos- artigo 47,§1º e 2º.
OBS.: os honorários não podem ser compensados no NCPC, pois estamos diante de verba
alimentícia. Artigo 85, §14.
Não pode ser criada uma vara para cada matéria. É necessário haver uma vara que
julgue aquelas que não estão em determinadas varas. A competência da vara cível é residual.
4. Competência funcional:
Competência funcional significa que funções diferentes são exercidas por juízos
diferentes no mesmo processo /ou funções diferentes são exercidas no mesmo juízo em
processos diferentes.
Exemplo: ação proposta na 1ª vara cível do rio tendo duas testemunhas em SP. Essas
testemunhas são ouvidas por carta precatória. O juiz do RJ não pode ir à SP para ouvi-las. Ele
não tem competência funcional. A função de ouvir testemunha em SP é de uma das varas
cíveis de SP. Aqui ambos tem a mesma hieararquia, estamos diante de uma competencia
funcional horizontal (desenho1)
Desse processo tivemos uma sentença. Dessa sentença podemos propor um recurso
no juízo do rio de janeiro, sendo o juízo de admissibilidade feito nesse, e depois vai para o
tribunal. O juiz do RJ não tem competência funcional de julgar na segunda instância. O TJRJ
tem competência funcional para julgar recursos da primeira instância. Aqui os órgãos são de
diferentes hierarquias, por isso estamos diante de competência funcional vertical.
Função 1 Função 2
Juízo 1
Juízo 2
Processo
Foi proposta uma ação de indenização por danos morais na 3º VFP, sendo proferida uma
sentença, condenando a parte ao pagamento de determinada quantia. A função executiva era
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
exercida em outro processo, antigamente,perante outro juízo. Hoje não, se o processo de
conhecimento é julgado em uma vara, a sua execução também será.
O NCPC trouxe uma alteração no regime da tutela. A petição inicial pode ser proposta
apenas com o pedido de tutela antecipada, e depois pode ser feita a emenda a inicial. Deferida
a inicial o juiz pode deferir, citar o réu e intimar o réu para cumprir a tutela. O réu pode se
insurgir dessa decisão por meio de agravo (em 15 dias). Se não agravar, os autos são conclusos
e o juiz dá uma sentença tornando estável a tutela antecipada concedida e extingue o
processo com resolução do mérito.A tutela antecipada é uma tutela de urgência. O pedido de
tutela antecipada na inicial, a urgência é contemporânea a propositura da ação. Artigo 303 e
304 do NCPC. Para acabar com essa estabilidade, a parte pode propor uma ação revocatória,
que será julgada pela mesma vara que estabilizou a demanda, esta tem competência
funcional. Não é ação rescisória! (artigo 304, §5º NCPC).
Só quem tem interesse de agir para propor a revocatória é o réu. O autor não tem
interesse.
Livro do Câmara: Explique-se um pouco melhor: há duas situações distintas a que se chama
de · competência funcional. Na primeira delas, instaurado um processo perante um deter-
minado órgão jurisdicional (competente para dele conhecer), atribui-se a outro órgão, distinto
do primeiro, a competência para, dentro do mesmo processo, exercer uma determinada
função.
É o que acontece, por exemplo, no caso em que, tramitando um processo em determinada
comarca, atribui-se a juízo de outra comarca a função de colher uma prova. Neste caso, diz-se
que é funcional a competência do juízo da outra comarca para a colheita daquela prova (e se
fala em competência funcional no plano horizontal, dado que ambos os juízos estão no
mesmo plano hierárquico). É também o que ocorre quando, instaurado um processo perante
certo órgão judiciário, a 'Outro, hierarquicamente superior, incumbe exercer a função de
conhecer dos recursos que nesse processo venham a ser interpostos (e aí se fala em
competência funcional no plano vertical ou competência hierárquica).
De outro lado, existe competência funcional entre processos nos casos em que a competência
para conhecer de um determinado processo é fixada em razão do fato de que certo órgão
jurisdicional já tenha atuado em outro processo. É o que se dá, por exemplo, no caso previsto
no art. 914, § 1º, que estabelece a competência do juízo da execução para conhecer dos
embargos do executado. Nesses casos, diz-se que o juízo do processo A é competente para
conhecer do processo B (e essa competência, fixada automaticamente de um processo para
outro, é também ,competência funcional).
A lei cria juízos que só julgam causas até determinados valores ou acima de
determinados valores. Hoje não existe mais vara que julga causa acima de determinado valor.
Usa o lugar de alguma coisa, onde o réu tem domicílio, onde o contrato foi assinado,
onde o fato aconteceu. No critério territorial temos duas hipóteses: se a causa tratar de
direitos pessoais ou reais sobre moveis; se a causa tratar de direitos reais sobre imóveis. Artigo
46 do NCPC.
Se a causa tratar de direitos pessoais ou reais sobre moveis: domicílio do réu (artigo
46).
Livro do Câmara: A regra geral acerca deste critério é a que resulta da interpretação do art.
46, por força do qual demandas fundadas em direito pessoal ou em direito real sobre bens
móveis deverão ser propostas, em regra, no foro de domicílio do réu. Se forem dois ou mais
os réus, tendo eles domicílios diferentes, podem ser demandados no foro de qualquer deles,
à escolha do autor (art. 46, § 4°). Sendo incapaz o réu, a competência será do foro do
domicílio de seu representante ou assistente (art. 50), o que nada mais significa do que
afirmar que ao réu incapaz se aplica a regra geral da competência do foro do domicílio do
demandado, por força do que dispõe o art. 76, parágrafo único, do Código Civil.
Sendo ré uma pessoa jurídica, a competência territorial será do foro de sua sede (art. 53, III,
a) e, versando a causa sobre obrigações contraídas por agências ou sucursais, o foro de onde
estas se acham localizadas (art. 53, III, b). Já no caso de ser demandada sociedade ou
associação sem personalidade jurídica, a demanda será proposta no lugar onde ela exerça
suas atividades (art. 53, III, e). E na hipótese de demanda em que se postula reparação de
dano praticado em razão do ofício notarial ou registra, a competência será do foro da sede da
serventia (art. 53, III, j). Caso o demandado tenha mais de um domicílio, poderá o
demandante livremente escolher entre os foros concorrentemente competentes (art. 46, §
12). E no caso de ser incerto ou desconhecido o domicílio do réu, poderá a demanda ser
proposta onde quer que ele seja encontrado ou no foro de domicílio do autor (art. 46, § 22).
Quando o demandado não tiver domicílio ou residência no Brasil, a demanda deverá ser
proposta no domicílio do autor. E se ambas as partes residirem fora do País, todos os foros
brasileiros serão concorrentemente competentes para a causa (art. 46, § 3º). No caso de
processo de execução fiscal, são concorrentemente competentes o foro do domicílio do
executado, o de sua residência e o do lugar em que for encontrado (art. 46, § 52
Se a causa tratar de direitos reais sobre imóveis: situação da coisa (artigo 47 do NCPC).
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
Exemplo: ação proposta por Pedro em face de Bruno pedindo adjudicação compulsória
(transferência da propriedade do bem por força de decisão judicial) de um imóvel. A causa de
pedir é o reconhecimento da existência de um contrato. O imóvel se localiza em cabo frio.
Pedro mora no Rio, bruno em Niterói, sendo o contrato assinado em Búzios.
Para saber a competência temos que responder a seguinte pergunta: “a causa trata de
direito real ou pessoal?” para responder não basta olhar para o pedido, mas para todo o
conjunto.
OBS.: Ação quanti minotis: na relação de consumo, quando se compra um bem com vicio
redibitório existem três possibilidades: receber o dinheiro de volta, abatimento do preço ou
troca do produto. A ação quanti minotis pede o abatimento do preço, mas esta não é uma
ação condenatória, mas se discute um contrato.
Pela regra do artigo 47 o direito real sobre imóveis, o foro é o da situação da coisa.
Porém temos três hipóteses:
Na ação possessória imobiliária que discute posse é apenas o local da coisa, sendo o
critério absoluto.
Qual a diferença do §1º parte final e §2º? Não tem diferença. É a mesma coisa. No
código anterior estava tudo no artigo 95. Por que o NCPC separou? Porque apenas posse está
no parágrafo segundo? Por que os civilistas discutem se posse é direito real ou pessoal. Então,
para não haver discussão, no parágrafo primeiro temos direitos reais. E no segundo, a posse,
seja o que ela for, também é absoluta.
Fóruns Regionais:
O objetivo de criar os fóruns regionais é para facilitar o acesso à justiça, levá-la para
mais perto do jurisdicionado.
Quais são as causas que ficam no fórum da barra? Pessoas com domicilio na barra,
fatos que ocorreram na barra, e os contratos que escolhem lá. Aqui o que se verifica o
território. Porém, o território é absoluto ou relativo? Relativo. Porém, sendo relativo, ninguém
iria aos fóruns regionais. Então foi preciso criar um critério que obrigue as matérias a ficarem
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
com o fórum regional. Para tanto, a jurisprudência entendeu que os fóruns regionais têm
competência em razão do critério funcional, por isso é absoluta. Não se explica porque é um
critério funcional.
Na verdade não é isso! O que se quis foi criar um mecanismo. Deveria ter sido criada
uma exceção pra dizer que a competência dos fóruns regionais é absoluta, tal qual acontece
nos JEF, pela sua competência em razão do valor.
Livro do Câmara: Este último critério (o territorial), porém, é absoluto em alguns casos
excepcionais. É o que se dá - em enumeração exemplificativa, limitadamente a situações
previstas no CPC - no caso da competência territorial do foro da situação do imóvel para as
demandas fundadas em 'direito real imobiliário (art. 47, § lº, in fine e § 2º) e no caso da
competência do foro de residência do idoso para as causas que versem sobre direitos
assegurados pelo Estatuto do Idoso (art. 53, III, e, combinado com o art. 80 da Lei nº
10741/2003, na parte em que permanece vigente).
Na prevenção uma causa foi distribuída para uma vara por um critério, e outra vara foi
substituída por outro critério, porém ambas são conexas. A prevenção determina qual o juiz
prevento, quem vai julgar.
a) Conexão
b) Continência
c) Vontade das partes- foro de eleição (artigo 63 e 62)
Proposta a demanda perante foro cuja competência deriva de uma cláusula de eleição,
incumbe ao juízo, antes de determinar a citação, verificar a validade da convenção. Caso esta
seja, de ofício, reputada abusiva, o juiz pronunciará sua ineficácia e determinará a remessa
dos autos ao juízo do foro do domicílio do réu. Aponte-se para o fato de que só será abusiva a
cláusula de eleição de foro quando criar obstáculos que tornem muito difícil ou impossível o
exercício do direito de defesa (como se daria, por exemplo, se em um contrato de adesão
celebrado entre uma sociedade empresária com sede em São Paulo e um aderente domiciliado
no Acre se elegesse o foro da capital paulista, o que poderia dificultar sobremaneira o
exercício do direito de defesa; mas se deve perceber que a mesma cláusula inserida entre as
cláusulas gerais de um contrato de adesão talvez não fosse ineficaz se o aderente residisse em
comarca localizada na Região Metropolitana de São Paulo). Não havendo, porém, o controle
de ofício da cláusula de eleição de foro antes da citação, e efetivada esta, o vício da cláusula
não poderá mais ser controlado sem iniciativa do interessado, que deverá arguir o vício da
eleição de foro na contestação, sob pena de não mais poder fazê-lo.
a) Conexão:
Quando temos ações com mesmas causas de pedir e/ou mesmo pedido.
Decisão diferente não gera conflito necessariamente. A reunião das causas conexas é
facultativa, ela só ocorrerá quando houver risco de decisões conflitantes.
Se a reunião das causas conexas for indeferida, cabe agravo de instrumento? Pelo
artigo 1015 do NCPC, não cabe agravo de instrumento dessa decisão. Então a parte não
pode fazer nada. No máximo poderá ajuizar mandado de segurança (que não é recurso).
Quando a lei diz que a reunião é obrigatória ela fala, como faz no artigo 57, na
continência.
b) Continência:
Quando temos ações com mesmas partes, mesma causa de pedir, e o um pedido
engloba o outro pendido.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
Exemplo: ação 1 proposta pelo condomínio em face de João pela mora no pagamento
das parcelas de janeiro e fevereiro. A causa de pedir é a mora.
Ação 2 é proposta pelo condomínio em face de João pelo não pagamento das quotas
de janeiro a dezembro. A causa de pedir é a mora.
A causa de pedir de ambos é a mesma, mas o pedido dois está contido no pedido um.
Logo temos o fenômeno da continência.
OBS.: Inadimplência X mora: a diferença está no prazo. Se o prazo for elemento essencial,
só pode ser cumprido naquele prazo, temos um inadimplemento. Se o prazo for elemento
acidental, estamos diante de mora, é possível cumprir a obrigação após o fim do prazo.
OBS.: CPC/73 praça- imóvel; leilão- móvel. No NCPC é leilão para ambos.
No exemplo, se a um for distribuída primeiro, a dois ia para a um, porém, se a dois for
distribuída primeiro, a um é extinta sem resolução do mérito, pois está contida na 2.
Se o juízo prevento for o do juízo continente(2), a ação contida é extinta sem resolução
do mérito, por ausência de interesse de agir. Se for o contrário, a contida é o juízo prevento, a
reunião é necessária. Essa é uma inovação no NCPC (artigo 57), antigamente, elas eram
reunidas sempre.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
TEORIA DA AÇÃO
O direito processual estuda três institutos: jurisdição, ação e processo. Essa é a famosa
tríade do direito processual civil. É isso que se busca estudar no processo civil. O objetivo do
processo civil é:a resolução de conflitos. O processo civil protege o direito material das partes
que foi lesado ou que está na iminência de sofrer lesão.
O processo é o veículo que leva a ação ao juiz, posto que a jurisdição é inerte.
1. Ação:
- Conceito:
A ação é o ato ou efeito de agir. O direito de agir está presente em todo o processo. A
tutela jurisdicional é requerida apenas na ação. Por isso o conceito é limitado, como fica todo
o resto do processo? Recorrer também é manifestação do direito de ação, por exemplo. Tudo
que se faz no processo é uma ação judicial. Exigir do estado a tutela jurisdicional é o conceito
de demanda.
Quando o réu produz prova, recorre ou está agindo. O direito de ação não é somente
do autor. Tanto o autor quanto o réu exercem o direito de ação. É a chamada de bifrontalidade
do direito de ação. Artigo 485, §4º do NCPC, comprova que o direito de ação não é somente do
autor. Até a citação é apenas do autor. Com a citação, o réu se torna parte. Não é a partir do
oferecimento da contestação que o réu deve anuir, mas desde a citação. Essa é uma
incongruência do CPC/73 que não foi corrigido pelo NCPC.
- Condições da ação:
Aula do Câmara: Esse é um ponto que, por força do novo CPC, tem surgido polêmicas. A
primeira dela consiste em saber se esta categoria (das condições da ação) ainda existe. O prof.
Didier escreveu um artigo chamado “Será o fim das condições da ação?” no qual defendia a
ideia de que as condições da ação como categoria jurídica deixava de existir e que as
condições da ação passariam a ser consideradas pressupostos processuais, outra categoria. A
outra afirmação do Didier era a de que das três condições da ação tradicionalmente
conhecidas no direito brasileiro só duas subsistiriam (legitimidade e interesse) e a
possibilidade jurídica passaria a integrar o mérito.
Alexandre Câmara discorda totalmente com o prof. Didier. Ele entende que o
argumento de que a categoria não existe porque o CPC não fala dela, não se sustenta. É
verdade que o CPC não utiliza o termo condições da ação, mas ele não precisa usar esse nome
para a categoria existir. Didier se baseia no sistema alemão em que não se estuda mais a ação
no processo e sim no direito constitucional de petição e, por isso, todos os requisitos para o
exame do mérito são considerados pressupostos processuais. Câmara entende que nosso
sistema é diferente do Alemão, pois tratamos ação e processo como conceitos distintos, de
forma que o modelo alemão não pode servir como base. Considerando ação e processo como
institutos ontologicamente distintos é preciso reconhecer que os requisitos da ação não se
confundem com os requisitos do processo. Com relação ao fato de que as condições da ação
deixaram de ser três e viraram duas, isso é verdade, mas a possibilidade jurídica não foi para o
mérito, está no plano das condições da ação mas absorvida pelo interesse – quem vai a juízo
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
em busca de algo juridicamente impossível não tem interesse.
O professor sustenta isso porque quando estamos diante de um caso concreto é
sempre preciso verificar se as condições da ação estão presentes pois na falta de uma delas,
não se pode chegar a resolução do mérito. A ausência de qualquer das condições da ação
acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito (art. 485, VI do CPC).
A técnica empregada para verificar se as condições da ação estão presentes ou não é
denominada de teoria da asserção.
As condições da ação devem ser analisadas in statuassertionis(no estado das
asserções /afirmações), isso significa que deve-se, no caso concreto, verificar a presença das
condições da ação com base nas alegações contidas na petição inicial. Em outras palavras,
lendo uma inicial qualquer (somente ela, sem documentos) você é capaz de saber se as
condições da ação estão presentes ou não. Se você analisar qualquer outro
documento/elemento, significa que você entrou no plano do mérito da causa. Decisão sobre
condição da ação depende única e exclusivamente das alegações contidas na petição inicial,
nunca poderá se fundar em provas.O juiz estabelece um juízo hipotético de veracidade das
alegações. Presentes as condições da ação, julga-se o mérito (que é o julgamento das provas).
Se não tiver legitimidade e interesse não pode ser exercido o direito de ação? Isso é
fisicamente impossível, só verificamos a presença desses elementos quando a ação já foi
proposta. Na verdade legitimidade e interesse são requisitos para o juiz julgar o mérito da
ação. Como chama Câmara “requisitos de mérito final”. Se não tiver legitimidade e interesse o
processo é extinto sem mérito.
Legitimidade:
Sucessão:
Ação proposta por caio em face de Tício. Caio morreu, passando a figurar Caiane. Aqui
temos uma sucessão.
Caio defende direito próprio, sua legitimidade era ordinária. Caiane defende direito
próprio. Sua legitimação é ordinária.
Substituição:
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
Ação de alimentos proposta pelo MP em favor do menor contra o seu pai. O MP é
substituto processual. O menor deveria ter proposto a ação, como não o fez o MP fez. A
legitimidade do MP é extraordinária.
Interesse de agir:
A ação é ato ou efeito de agir. O interesse de agir significa que o autor deve
demonstrar quem tem interesse de propor a ação. Isso é demonstrado quando há necessidade
de propor uma ação. A ação é necessária quando não houver outra forma de solucionar o
conflito, a não ser pela via judicial. Se houver outra forma de resolver, a ação é desnecessária.
Além disso, também é preciso ter utilidade além de necessidade. É preciso demonstrar
que a ação vai trazer algum proveito ao seu autor, caso contrario, sua propositura não faz
sentido.
O novo CPC acabou com a possibilidade jurídica do pedido, pois Liberman dizia que a
possibilidade era condição da ação dando como exemplo o divórcio, que era vedado pelo
direito italiano. Com a permissão do divórcio no direito italiano, Liberman começou a procurar
outro exemplo, mas não conseguia.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:Alexandre Martins Flexa
Quando o pedido é impossível, sabemos qual é o resultado da ação: a extinção sem
mérito. Sabendo que isso ocorrerá, não há utilidade em ajuizar a ação. Então, ele passou a
entender que a possibilidade jurídica do pedido seria uma vertente da utilidade.
Aula do Câmara
OBS.: É possível juiz que declarou saneado o processo entender que o réu é parte ilegítima ou
que não há o interesse?
O fato é que a própria questão tormentosa não foi resolvida. Há preclusão projudicato quanto
a decisão de saneamento no que diz respeito ao exame de legitimidade do interesse?
STJ interpreta que no art. 485, §3º não há preclusão pro judicato do exame das condições da
ação. Não haveria decisão pro judicato quanto a decisão de saneamento. Barbosa Moreira
sempre entendeu que se o juiz se manifestasse expressamente deveria dar a parte o
enfrentamento de mérito em si.
Professora Sylvia Rhaddour entende em sentido completamente oposto. Didier na 17ª edição,
faz consideração interessante. Começa a consideração deixando clara sua ciência do
entendimento do STJ. Sustenta que sabemos que a orientação no CPC/15 é que não se faça
interpretações isoladas. Sejam levadas orientações a partir dos princípios. Temos o princípio
da primazia do exame de mérito. Por mais que o entendimento do STJ seja pacífico, até que
ponto é razoável? Será que é razoável nos termos do 357 o juiz declarar saneado e organizado
o processo para depois dizer que réu era parte ilegítima e via inadequada. O mérito não será
resolvido. Posição minoritária, mas interessante. Se juiz sanear o processo, deve enfrentar o
mérito, a questão objeto do conflito, isso não seria razoável.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
Aula 06:08/04/16
Bibliografia recomendada:
1. Introdução:
Modelo adversarial: o papel principal dentro do processo é das partes. O direito norte
americano adota esse modelo, quem dita as questões do processo são as partes. O juiz é um
árbitro dentro do processo.
Dentro disso há uma vertente chamada positivo- jurídico, que é uma resposta ao jus
naturalismo (que colocava o direito relacionado a um componente moral). Os positivistas
sustentavam que o direitoestá na lei. Como ciência o direito tinha que ter uma estrutura
focada na solução dos conflitos pela norma.
O direito era um ramo da filosofia, mas nesse momento ele passou a ter autonomia. O
objeto de estudo da ciência do direito é a lei. O positivismo permitiu a criação de umarcabouço
jurídico para a sociedade e para o estado. Assim, passamos a ter um estado de direito, que é
normatizado por normas, o poder deixa de ser do príncipe.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
A partir do século XIX tivemos um dinamismo grande na sociedade, mas o direito deixou
de conseguir acompanhar. O direito começou anão conseguir mais dar resposta para tudo. É a
chamada crise do positivismo, que levou a construção de diversas escolas. As escolas que
tiveram mais sucesso, sem dúvidas, são as constitucionalistas, as quais a constituição é o topo
detodos as normas.
No passado as respostas estavam na lei, agora tudo deve ser interpretado de acordo
com a constituição.
O artigo 489, parágrafo primeiro trata da fundamentação das decisões. Isso novo? É
porque não tínhamos uma norma no CPC nesse sentido, mas não é uma novidade
propriamente dita, pois a constituição já determinava isso, artigo 93, X.
Isso já existia no código de 73, masé importante estar expresso logo no artigo 1º para
saber que toda a interpretação processual deve ser segundo os dogmas constitucionais. Esse
artigo tem um problema, entretanto. Uma palavra não deveria estar nele, qual seja, valores.
Segundo a doutrina mais moderna a constituição é feita de normas, que se dividem em regras
e princípios. Ao falar em valores, não sabemos defini-los. O que são valores constitucionais?
O preâmbulo da constituição fala dos valores da republica, mas eles estão positivados,
são normas.
Há uma corrente que entende que valores são princípios metaconstitucionais. Mas com
isso podemos criar novos paradigmas hermenêuticos que permitam a discricionariedade
judicial. Isso é muito problemático. Por exemplo, uma pessoa doente pode não pagar o
tratamento para aplicar o valor da compaixão.
Os valores na constituição são princípios ou regras. No CPC não sabemos o que são
valores, isso dá espaço para muita coisa, o que é perigoso.
Passamos a adotar parâmetros técnicos científicos comuns das outras ciências. O código é
divido em parte geral e especial, para ficar igual aos demais códigos.
Há uma reorganização da estrutura processual. O NCPC cria a parte geral e faz com
que ela desempenhe o papel da teoria geral do processo. Dentro da parte geral temos 6 livros:
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
normas processuais fundamentais, jurisdição e competência, partes e procuradores, atos
processuais, tutela provisória, formação, desenvolvimento e extinção. Na segunda parte
temos: processo de conhecimento, execução da sentença (grande falha estrutural do NPCP
segundo o professor, foi mantida uma divisão na execução que não faz sentido, a execução
deveria ter sido reunificada), procedimentos especiais, livro de execução, processo nos
tribunais, jurisprudência e recursos.
C) Incremento da principiologia
O novo CPC aposta nos princípios. Diversos princípios processuais foram positivados.
Todo livro de processo civil começa falando do devido processo legal e depois fala do
contraditório.
Além disso, temos diversas diretrizes programáticas: como respeito ao dever geral de
boa fé, à jurisprudência, e a Densificação dos princípios e das diretrizes por regras.
Há uma nova estrutura hermenêutica, o juiz deixa de ser a boca da lei, e passa a ser
construtor do direito.
Progressiva: é uma relação que se desenvolve ao longo do tempo.A relação começa com o
autor e juiz, depois vai se desdobrando entre autor, juiz e réu, e assim sucessivamente. A
relaçãovai se formando ao longo do tempo. Ela só se consuma com a sentença.
Unitária: a relação pode se desdobrar, mas não se fragmentar. Ela pode se fragmentar,
mas mantém seu caráter de unidade.
Quando temos um processo que tramita na primeira instância, tem uma decisão
interlocutória, dessa se interpõe agravo de instrumento. Externamente parece que temos duas
relações jurídicas processuais, na verdade há uma bifurcação da relação jurídica processual.
5. Conceito de processo:
Ele é pautado nesses três diálogos. A hipótese é a petição inicial, antítese a contestação e a
síntese a sentença. A decisão interlocutória tem esse nome pela estrutura dialética de Regel,
essas decisões são proferidas entre as três grandes locuções do processo.
a) Acesso à Justiça
b) Instrumentalidade
c) Circularidade
d) Adaptabilidade
7. Espécies de processo:
O NCPC corrigiu uma falha histórica do CPC/73, que dizia que tínhamos três tipos de
processo: conhecimento, cautelar e execução.
Essa divisão não tem nada a ver. A ação cautelar exerce a atividade cognitiva. A sua
diferença é o objetivo, mas não deixa de ser um processo de conhecimento.
O NCPC cria apenas duas categorias: conhecimento e execução. Hoje o processo cautelar
está inserido no processo de conhecimento.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
O processo de conhecimento e execução se divide pela tutela que se busca neles. O que
importa não é o processo, mas a tutela jurisdicional.
Podemos ter tutela executiva dentro do processo de conhecimento, mas isso não muda o
processo como processo de conhecimento, o que muda é a sua tutela.
8. Processo e procedimento:
Hoje não há mais rito sumário. Adotamos o seguinte paradigma: primeiro temos uma
tentativa de autocomposição, se não for bem sucedida, começa prazo para defesa, e a
litigiosidade do processo se desenvolve.
A grande critica do rito ordinário é que primeiro apresentava contestação, para depois
tentar conciliar, isso é um desastre. O rito sumário era melhor, primeiro ia para a audiência de
conciliação, mas já levava defesa. No novo CPC primeiro tentamos a composição, caso não seja
alcançada, a defesa é apresentada.
OBS.: para não ter essa audiência de conciliação é preciso antes ter uma dupla negação. Autor
e réu devem dizer que não querem a audiência de conciliação. Caso uma das partes dique
silente, vai ter a audiência.
Essa concepção do processo vale para o rito comum. Existe discussão acerca da existência
de fase de saneamento nos juizados especiais.
O rito comum está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os princípios
fundamentais do procedimento, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre
convencimento do julgador. Para consecução de seu objetivo, o rito comum desdobra-se em
quatro fases: a postulatória, a de saneamento, a instrutória e a decisória;
Estas fases, na prática, nem sempre se mostram nitidamente separadas, e às vezes se
interpenetram. O que, todavia, as caracteriza é a predominância de um tipo de atividade
processual desenvolvida pelas partes e pelo juiz. Fase postulatória abrange da propositura da
ação à resposta do réu;
A fase saneadora, por sua vez, vai do recebimento da petição inicial até o início da fase de
instrução, se acentuando nas providências preliminares e no saneamento do processo.
Apesar da colheita de provas ocorrer ao longo de todo o processo, é após o saneador que ela
se intensifica;
Por fim, tem-se a fase decisória, onde deve ser proferida a sentença. Esta fase se inicia após
o encerramento da instrução que, de ordinário, ocorre ao final da AIJ, quando o juiz encerra a
coleta das provas e permite às partes a apresentação de suas alegações finais (art. 364). A
sentença pode ser proferida oralmente, ao final da audiência de instrução e julgamento, ou
ser elaborada por escrito, nos 30 dias seguintes (art. 366).
A previsão de um rito especial envolve matéria de ordem pública, pelo que não há liberdade
de escolha (salvo no caso dos Juizados Especiais e da Monitória). No entanto, diante da
eventual irregularidade, incumbe ao juiz verificar se é possível a adaptação ao rito correto, a
convalidação do rito adotado ou a repetição dos atos processuais.
Se o juiz verifica que o rito está errado pode: manter o errado, transformar o errado em
certo ou manda refazer os atos processuais.
A posição majoritária entende que deve manter no CPC/73, pois foi o momento da
propositura.
O autor pediu provas no CPC/73, o réu pede no CPC/2015, como é a produção das provas?
Artigo 1.047 do NCPC. Cada um aplicaria a norma do tempo do pedido. Mas o professor diz
que isso viola a isonomia.
São requisitos processuais exigíveis para o julgamento do mérito da causa. Vide art.
485, IV, CPC/15. Dentro dessa ideia extraímos a ideia da autonomia do direito processual
perante o direito material. O processo é uma ciência própria. Possui requisitos próprios.
Ajuizar ação é preencher os requisitos processuais para vencer no mérito, análise de conteúdo.
Chamada de sentença processual ou terminativa. Importante mencionar que tal matéria é tida
como de ordem pública. O processo é um ramo do direito público. Juiz pode controla-los,
portanto de ofício. Vide art. 485, §3º.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau
de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
Existem requisitos processuais que exigem requerimento da parte. São os do art. 337, §5º.
Como exemplo temos vício de incompetência. Ré pode arguir o vício, mas dentro da preliminar
de contestação. Se réu não arguir juiz não pode de ofício declarar.
Súmula 33, STJ. A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.
Requisitos processual de existência. Para o processo existir os requisitos são uma demanda,
atividade formal jurisdicional (juízo investido em jurisdição) e capacidade de ser parte (faz
menção ao art. 1º, CC, todo aquele sujeito de direitos e deveres, destaca-se que pessoa física,
tem capacidade de ser parte, tem personalidade judiciária, independente de necessidade de
representação).
Podemos ter uma visão macro, quanto ao processo todo, ou micro, quanto a um ato.
São requisitos:
Competência do Juízo
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
A incompetência absoluta é exemplo de nulidade absoluta. Se reconhecida incompetência
tem-se invalidade, com consequência de declínio para o juízo correto. Não há extinção, com
base no art. 485, IV. Vide art. 64, §3º.
Atos praticados pelo juízo incompetente podem ser aproveitados pelo competente. Os atos
decisórios, podem ser aproveitados pelo juízo competente. Pode ser lido como decisão
provisória.
Imparcialidade do juiz
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do
Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público,
seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente
de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o
processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para
atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de
parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
Anteriormente se entrava com exceção de suspeição ou impedimento. Agora se dará por meio
de petição, arguição ou alegação de impedimento ou suspeição. Vide art. 146, CPC/15.
Interessante observar que essa arguição ficava em resposta do réu, o que era um equívoco,
pois o juiz também pode alegar esse vício. Vício pode ser alegado em 15 dias da data da ciência
do vício. Pode ser arguido, inclusive em sede de apelação.
Arguido o vício, juiz pode se reconhecer suspeito e impedido, caso contrário se instaura
incidente processo analisado no próprio tribunal por órgão hierarquicamente superior.
Tribunal, caso decida que não há suspeição ou impedimento prossegue, caso considere,
declara invalidade dos atos praticados, afasta o juiz do caso concreto, mas continua o processo
no mesmo juízo, assumindo juiz titular, podendo ser o substituto ou conforme normas da
corregedoria.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o
impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o
fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de
testemunhas.
Formalismo Processual
Preencher os requisitos formais processuais. Caso não preenchido teremos uma invalidade.
Alguns autores em visão macro, tratam da regularidade da petição inicial. Caso não corrigida
sentença de indeferimento. A inicial manteve seus defeitos.
Outro exemplo de requisito processual seria a intimação do MP como fiscal da ordem jurídica.
Situações com incapaz, o MP tem de ser intimado, sob pena de nulidade. Vide art. 178 e 279,
CPC/15. Jurisprudência entende que prejuízo deve ser analisado.
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal
da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que
envolvam:
II - interesse de incapaz;
Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o
feito em que deva intervir.
Para outros autores a citação do réu, também seria requisito. Vide art. 239, CPC/15.
DEMANDA
1. Introdução:
A ação é voltada ao Estado para obter uma prestação jurisdicional a partir de uma pretensão
jurídica, observadas determinadas condições. A ação é também um direito, previsto na
Constituição Federal (art. 5.º, XXXV).
OBS.: No CPC diz-se que para o direito de ação ser exercido de forma válida e eficaz, devemos
observar algumas condições (condições da ação e pressupostos processuais). O professor
minoritariamente defende que não existe condição da ação, mas admissibilidade da demanda
feita pelos pressupostos processuais.
Existem diversas teorias que foram se desenvolvendo sobre isso. Até determinado
momento histórico o direito de ação era um desdobramento do direito material, não tinha
autonomia.Depois temos as teorias concretas e protestativas.
3. Condições da ação:
4. Pressupostos processuais:
O NCPC não enumera os pressupostos. O NCPC não fala em condição da ação, mas fala
em pressupostos processuais sem dar uma lista. Existem diferentes correntes sobre os
pressupostos processuais.Existem autores que apresentam até mesmo 11 pressupostos.
Assim, existes questões como a citação, que são muito controversas. Humberto
Theodoro Jr. diz que a citação é pressuposto processual. O professor entende que é não é.
A teoria da asserção sustenta que a verificação da presença das condições da ação se faz à luz
das afirmações feitas pelo autor, na petição inicial, de forma abstrata (in status assertionis ).
Assim, a efetiva constatação da presença das condições da ação se insere no mérito.
Quando a parte quiser alegar a carência da ação, tem que verificar que, ainda que tudo
o que foi dito na inicial seja verdadeiro, o autor não tem legitimidade ou interesse. Se for
necessário fazer algum tipo de dilação, analisamos o mérito da demanda.
7. Demanda:
Toda ação traz em seu bojo uma demanda, ou seja, uma pretensão fundamentada. A
demanda representa, portanto, o núcleo da ação. A demanda possui 3 elementos: partes,
causa de pedir e pedido. Esses elementos são apresentados em juízo através da petição
inicial.
A petição inicial:
Os requisitos são os mesmos. A única novidade é que agora a petição inicial tem uma
maior qualificação: email, CPF. E se o não tiver as informações do réu, a citação é feita mesmo
assim.
A parte não pede mais a citação do réu, mas se quiser que a citação seja feita por
oficial de justiça, deve pedir desde logo, na petição inicial.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
A petição inicial descreve as partes, apresenta a demanda, as provas e o valor da
causa. Elementos da demanda: parte, pedido e causa de pedir.
Partes:
As partes são o aspecto subjetivo da demanda quando se tem partes num processo,
elas são partes quando se submetem aos efeitos da coisa julgada.
Partes da demanda équem faz um pedido e em face de quem o pedido é feito, que são
chamados de autor e réu.
Representam a dimensão subjetiva da demanda. São partes da demanda todos aqueles que
demandam ou são demandados em juízo, sofrendo os efeitos da coisa julgada. São partes do
processos todos aqueles que estão vinculados à relação jurídica processual, mesmo não
vinculados à força da coisa julgada.
OBS.:
Além disso, no CPC/15 é necessária a identificação das partes na petição inicial, no art. 319,
§1º, §2º e §3º podem ser destacadas.
A parte deve ser identificada. No entanto, em caso de esbulho onde não é possível identificar
as pessoas, pode ser ajuizada ação.
Causa de pedir:
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
No Brasil adotamos a teoria da substanciação, a qual significa que a causa de pedir se
divide em fatos e fundamentos. Na demanda deve ser feita uma descrição fática e indicar a
forma como o direito deve ser aplicado em relação aos fatos.
A parte deve descrever os fatos e dar a interpretação jurídica que a parte quer que o
juiz dê aos fatos.Aquela que quer ver reconhecida na sentença.
Existe uma classificação muito conhecida, mas que para o professor não faz sentido:
causa de pedir próxima ou remota/ causa de pedir mediata/imediata. Costuma se falar que a
causa próxima ou mediata são os fatos; e remota ou imediata são os fundamentos. Isso não é
unânime, tem autor que inverte a classificação.
O professor entende que o fato está mais próximo e o fundamento mais distante. Para
ele o que importa é fazer a separação entre fundamentos processuais e materiais. Há uma
diferença entre a pretensão material e processual.
No Brasil, adota-se a teoria da substanciação. Assim, a causa de pedir é composta dos fatos
(causa próxima/imediata) e dos fundamentos (causa remota/mediata) que dão origem a
pretensão do autor. Os fundamentos, por sua vez, podem ser materiais ou processuais. Não é
necessária a indicação de dispositivos legais ( iuranovitcuria ).
Pedido:
É o veículo da pretensão do autor. Pode ser mediato (tutela de um bem da vida) ou imediato
(um provimento jurisdicional). O pedido deve ser certo e interpretado em conjunto e à luz da
boa-fé (art. 322 do CPC). O pedido genérico é uma exceção absoluta e só pode ser feito nos
casos expressos em lei (art. 324 do CPC). É possível, ainda, a cumulação de pedidos;
Mas como diferenciar a boa fé de sentença extra petita? Isso é difícil. Se estiver
narrado na inicial, e desse para entender da boa fé, pode julgar desse modo.
O pedido genérico é uma exceção. O NCPC diz que não cabe pedido genérico de dano
moral. No antigo CPC isso não podia ser feito, mas não havia um dispositivo que falasse isso
expressamente.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
Para o professor continua a vigendo a súmula 326 do STJ que diz que pede dano moral,
mas o quantum não é o pedido, não há sucumbência.
Cumulação de pedidos:
Cumulação Simples: quando cada pedido é autônomo em relação ao outro. Exemplo: pede
dano moral e dano material
Cumulação alternativa: quer duas coisas. Não da uma ordem entre os pedidos.
Se temos dois pedidos com ritos diferentes, quando unimos os pedidos, eles são
processados pelo rito comum.
Existem ritos especiais que não se misturam com mais nada, por exemplo: inventário e
partilha.
O professor defende que não cabe no JEC tutela em caráter antecipatória nos juizados,
pois seria incompatível com o rito do juizado, que é um rito especial.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor:FelippeBorring
Pedidos implícitos: não literal. Juiz pode acolhê-lo mesmo sem estar presente na
inicial, decorre de interpretação lógico-sistemática. Vide art. 322, §1º, CPC/15.
Inovação do NCPC.
Uniformidade de procedimento
- pedidos implícitos:
Existe um mito no processo que fazemos essa análise com os elementos da demanda:
partes, pedido e causa de pedir. Mas tem um problema, a coisa julgada é apenas em cima do
dispositivo. Partes e causa de pedir não estão no dispositivo, então como fazer essa
comparação?
Problema nas ações coletivas: Nelas temos vários pedidos com o mesmo réu, causa de
pedir e pedidos, mas com legitimados ativos diferentes. A coisa julgada coletiva deve ser
analisada pelos substituídos processuais e não pelos substitutos. Na comparação entre ações
coletivas olhamos as partes que são substituídas no processo. Se a defensoria entra com uma
ação para tutelar direitos dos consumidores, a associação não pode propor essa mesma ação.
Hoje as ações coletivas com mesmo pedido e mesma causa de pedir seriam reunidas,
haveria conexão entre elas. Com o NCPC a segunda ação deveria ser extinta por litispendência,
o que seria complicado de acordo com o professor.
4. Estabilização da demanda:
Com isso acabou com a discussão sobre a sentença parcial. Marinone defendia a
sentença parcial, o que seria problemático. O processo concorda com o NCPC. Sentença é o
que termina com o processo, todo o resto é decisão interlocutória.
Os graus de estabilização da demanda (art. 329 do CPC): a) antes da citação, o autor pode
alterar a demanda independentemente do consentimento do réu; b) depois da citação, mas
desde que antes do saneamento, com o consentimento do réu; c) depois do saneamento,
nem o consentimento do réu.
Classificação das demandasa) Quanto à natureza do direito que visam tutelar: b) Quanto à
natureza do bem que constitui o objeto do pedido: c) Quanto à natureza da tutela
jurisdicional pleiteada
O julgamento da demandaa) Juízo de admissibilidade
b) juízo de admissibilidade de mérito.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Perez de Oliveira
Aula 07: 11/04/16
CAPACIDADE PROCESSUAL
OBS.: o professor ressalta que demanda e ação não se confundem. A demanda se relaciona a
materialização do direito de ação. O direito de ação é ter uma decisão de mérito, ele se
desdobra ao longo do processo inteiro. No plano da validade, os pressupostos processuais são
imparcialidade e competência. No plano objetivo são: capacidade processual e capacidade
postulatória.
A capacidade processual não se confunde com a capacidade de ser parte. Para ter
capacidade processual exige-se a capacidade plena, logo os menores não têm capacidade, do
mesmo modo os interditados. A capacidade processual é suprida com a representação.
O artigo 72 fala do curador especial. Não é todo preso que tem curador especial
nomeado. O preso pode ser citado na prisão e constituir advogado. Quem exerce a curatela é a
defensoria pública.
O STJ entende que o recurso sem procuração é inexistente. Isso é engraçado, pois é
um vício sanável se percebido em qualquer outro momento do processo. Agora resta saber
como será no NCPC.
Artigo 103.
Se o advogado for suspenso pela OAB ele não pode mais praticar atos no processo. O
juiz deve determinar a regularização do processo. Ele tem poderes para substabelecer, uma
vez suspenso? Há dúvidas quanto a isso.
Em regra, todo aquele que tem personalidade jurídica.Ou seja, absolutamente incapaz,
criança de 01 ano, por ter personalidade jurídica por ser parte.
De acordo com o art. 70: Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade
para estar em juízo.
3) Capacidade Postulatória
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Perez de Oliveira
Capacidade inerente aos profissionais do direito devidamente habilitados, como
advogados, promotores, defensores, etc. Ou seja, capacidade de se postular tecnicamente
perante o poder judiciário.
Em regra, todos que tem plena capacidade de fato, têm capacidade de estar em juízo.
Contudo, pode não haver plena capacidade de fato, mas capacidade de se estar em juízo. Ex.
Capacidade das pessoas casadas, vide art. 73, CPC/15.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito
real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
É possível que tenhamos pessoas no direito civil plenamente capazes, mas que não
sejam no processo. O casamento leva a tipo de incapacidade jurídica, sofre limitações no
processo, se propõe ação envolvendo direito real imobiliário, ajuizamento de ação real
imobiliária lei limita sua capacidade.
Caso não tenha a outorga uxória o processo pode ser extinto por falta de capacidade.
O casamento que gerou falta de capacidade processual. Claro que varia com o regime, mas em
regra o casamento gerou limitação sobre ações reais imobiliárias.
Ou seja, plena capacidade de fato no processo civil, mas no processo sofre limitações.
Obs. Alexandre Câmara diz que o art. 73 não é hipótese de capacidade, mas de legitimidade,
forma de sanar ou complementar legitimidade da pessoa casada. Doutrina majoritária entende
como pressuposto processual de validade, a capacidade processual. A limitação gerada pelo
casamento não gera limitação no estudo da legitimidade, mas da capacidade.
Todo litisconsórcio no polo ativo é sempre facultativo para não inviabilizar direito de
ação. No entanto, art. 73, §1º, CPC/15 muda a lógica. Se o casado propõe ação real imobiliária
contra a pessoa casada.
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for
negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Doutrina diz ser procedimento de jurisdição voluntária, muito incomum essa ação por motivos
subjetivos, mais comum por objetivos, como no de incapacidade temporária, cônjuge em
coma.
O art. 73, caput, inclui ressalva já feita pela doutrina, inclui-se separação legal e
separação convencional. Vide art. 1647, II, CC.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aqüestos, poder-se-á
convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
CC diz que os casados da participação final dos aquestos, caso haja cláusula de alienação,
obviamente se adiciona tal exceção.
Remissão do art. 73, CPC/15 para os arts. 1.647, II e art. 1656, CC.
São duas exceções que se dispensa a participação do cônjuge das ações reais imobiliárias.
O art. 73, §3º passa a falar ser obrigatória a outorga ou o litisconsórcio passivo
necessário para hipóteses de união estável comprovada nos autos.
No caso de ação real sobre bens imóveis, lavrada a escritura o comprador tira várias
certidões em seu nome, caso em uma delas tenha a União estável, poderá ser aplicada pena
de litigância de má-fé, além de outras gerais.
Outro exemplo, só é exigível outorga na União estável para União estável comprovada
nos autos. Se ela estiver comprovada, obrigatoriamente deve haver outorga. Quando o CPC
fala em união estável comprovadamente, não cabe discussões probatória sobre sua existência
ou não, apenas provas documentais. Se com comprovação nos autos é obrigatória a outorga,
caso não haja não necessita outorga. Se em litígio em vara de família não é comprovado.
Código coloca União Estável inequívoca, com prova documental.
Caso haja controvérsia sobre a União ou não deve ir para as varas de família, no caso
em questão serve apenas para União Estável comprovada dos autos.
Se a União Estável era comprovada e inequívoca, mas não colocada no processo, omitida,
quais as consequências?
No CPC/73, pacifico que tudo se resolveria em perdas e danos. Ou seja, deveria ser indenizado
companheiro em virtude da má-fé.
No CPC/15, com o código exigindo outorga ou litisconsórcio há uma violação à lei. Inclusive
violação ao pressuposto processual de validade. O companheiro preterido pode:
A - Com o processo pendente, o companheiro irá postular a nulidade. Juiz anulará os atos
praticados retornando para onde deveria haver o litisconsórcio.
B - Pelo trânsito cabe rescisória dentro do prazo, por violação literal a letra de lei, vide art. 966,
V, CPC/15
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Perez de Oliveira
C - No caso de litisconsórcio passivo e necessário se o companheiro preterido não foi citado,
temos vício de citação, sendo cabível a ação de querela nulitatis.
A ideia deve ser muito maior do que as perdas e danos, caso contrário tudo restaria no
campo indenizatório. Nisso, o réu passa a ter mais interesse em alegar, forma de pressionar as
partes. Vide o art. 6º, CPC/15, o dever de cooperação nos resultados do processo.
O réu passa a ter interesse a suscitar na defesa o vício para não ser prejudicado. Fica
notório o modelo de cooperação processual.
Obs. Nulidade de pleno direito, a doutrina sobre a teoria das nulidades evoluiu muito,
a TGP foi construída com ideia base no direito civil. A ideia de nulidade de pleno direito é ideia
material, não existe no processo. Inclusive classificação de nulidade relativa e absoluta já é
anacrônica. O CPC/15 dá sinais de que por mais que seja violada norma chamada outrora de
nulidade absoluta os atos são válidos, como o do art. 64, §4º.
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo
juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
No CPC/73 qualquer nulidade absoluta implicava em nulidade de pleno direito dos atos
decisórios, mas não necessariamente, por não existir nulidade de pleno direito no CPC. Ainda
que se tenham nulidades no processo, se pudermos alcançar decisões de mérito, serão válidas.
Não se presume nulidade, toda nulidade depende de declaração. Não se presume por todo ato
processual, ainda que defeituoso deve passar pelo crivo do prejuízo e da finalidade, nesse caso
será válido, ainda que se viole a lei.
É possível ato processual nulo produzir efeitos. O exemplo mais clássico é o de citação
violando absurdamente a lei, fora do horário, o réu vai ao processo e contesta. Ato nulo, mas
produz seus efeitos.
A sanabilidade dos atos processuais, não se presume jamais nulidade no novo CPC.
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for
constituído advogado.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Perez de Oliveira
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
- Réu citado fictamente, edital ou hora certa que fique revel, enquanto não tiver advogado.
- Incapaz sem representante ou com seus interesses em conflito com interesses de seu
representante enquanto durar a incapacidade.
Juiz nomeia de ofício, curador oficial, tendo as prerrogativas de intimação pessoal, seja
eletrônica ou física e os prazos em dobro para todos os atos processuais.
CPC/73 CPC/15
(Art. 341,p.ú.)
Podia contestar por negativa geral o advogado Pode contestar por negativa geral o advogado
dativo, o membro do MP e curador especial. dativo, o defensor público e curador especial.
CPC/15 retira o MP. Razoável pelo MP no CPC/73 ter funções que era da Defensoria
Pública, por se dar antes da Constituição de 1988.
Defensor público em sua função típica e sua função atípica (curador especial).
O defensor em todo e qualquer caso poderia contestar por negativa geral. Didier já fala
sobre a inconstitucionalidade de tal dispositivo.
Seria uma quebra de isonomia em comparação aos outros entes públicos, como em
situação homogênea onde o autor seja um hipossuficiente econômico e réu hipossuficiente
econômico. Teríamos dois hipossuficientes nos dois polos. Autor apresenta inicial, obrigado a
fazer pedidos certos e determinados, e o réu, hipossuficiente, pela DP, como o autor, pode
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Perez de Oliveira
contestar por negativa geral. Dá-se tratamentos diferentes para pessoas em mesma
circunstância.
O curador especial não sana falta de capacidade do direito material, mas apenas atos
processuais.
Claro que não, pois estaria no direito material, a curatela se pauta no direito processual.
Ex. Não cabe reconhecimento do pedido, não pode renunciar ao direito, não cabe transação
feita por curador especial, não cabe denunciação da lide (nada mais do que uma ação de
indenização, de regresso).
O STJ entende que a presença do curador não sana eventual vício de citação, pois a
atuação dele é processual e a citação produz efeitos materiais. A citação constitui em mora o
devedor, por exemplo, a presença do curador não convalida vício de citação. Vide REsp
886124/DF.
Concluindo, o STJ diz que curador não ganha honorários advocatícios. Estaria incluído
nos subsídios, vide REsp 1.213.312/SP.
A súmula 196, STJ é válida. Segundo ela, o curador tem legitimidade para apresentar
embargos à execução. Em tese pode apresentar embargos, nela curados pode apresentar
impugnação ao cumprimento de sentença, exceção de pré-executividade. O curador especial
não é parte, tecnicamente não tem legitimidade, é o mesmo que dizer que a mãe do incapaz
tem legitimidade, ela não tem legitimidade, ela é representante.
Súmula 196, STJ - Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel,
será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos
Além disso, CPC/15, no art. 513, II, fala da intimação ao cumprimento de sentença, dando
novo tratamento para a presença de defensor público no processo. Entendimento contrário ao
STJ, que dizia que tendo defensor no processo bastaria a intimação ao defensor, seria pessoal.
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no
que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença:
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não
tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
O art. 75, CPC/15, fala sobre a representação ativa e passiva de alguns entes.
§ 1o Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual
o espólio seja parte.
Na redação velha código era embolado, nos casos de inventariante dativo, serão
necessariamente citados todos os herdeiros e seus sucessores. Logo, autores diziam que caso
o espólio tivesse inventariante dativo (para o ato), como inventariante judicial, devíamos haver
a citação de todos.
CPC/15 diz que nos casos de inventariante dativo, serão intimados para participar do processo,
integrar relação jurídica processual. Intimados interessados, os demais herdeiros serão
intimados para intervir no processo, poderão intervir, ao serem intimados podem se habilitar,
por exemplo, como assistente litisconsorcial. Não dando qualquer margem a se falar que é
caso de litisconsórcio, supera completamente eventual via de argumentação sobre
litisconsórcio.
O mais relevante no tema é que o art. 76, CPC/15, ratifica que os vícios de
representação ou de capacidade das partes são vícios sanáveis, toda vez que o juiz verificar
vício de representação das partes, irá fixar o prazo, com a suspensão do processo para que o
vício seja regularizado.
A súmula 115, STJ foi superada pelo CPC/15, o art. 76, §§1º e 2º, considera seja sanado em
todas as instâncias. Em qualquer grau de jurisdição os vícios se tornam sanáveis. O que supera
a súmula 115, STJ.
Súmula 115, STJ - Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração
nos autos.
A mudança é que permitindo ser sanado o defeito, temos a aplicação do princípio da primazia
da solução de mérito, ou seja, a resolução do processo sem resolução de mérito é algo
excepcional. Nos recursos temos a mesma ideia no art. 932, p.ú., CPC/15.
Ex. No CPC/73, qualquer tipo de erro ou problema recursal o resultado era a inadmissão. Isso é
tão importante que sua aplicação deve ser aplicada. Vide enunciados 2 e 3 STJ.
A publicação se dá com a juntada aos autos do processo, que são públicos dando publicidade.
Ou seja, publicação até o dia 17/03 temos a aplicação da súmula 115, STJ. Se publicação depois
temos o art. 76, §1º e §2º.
Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a
propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for
validamente citado.
Cabe remissão ao art. 109, CPC/15, na alienação do direito ou coisa litigiosa. Caso haja
alienação do discutido para um terceiro, eventual sentença que venha a ser prolatada atingirá
um terceiro.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular,
não altera a legitimidade das partes.
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts.
397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
O terceiro pode validamente ser atingido pelos efeitos da decisão, desde que já tenha
a propositura da ação, venha a discutir o litigioso, tudo em relação à parte autora. Aliena coisa
já litigiosa. O autor aliena o litigioso.
Em relação ao réu, depende de sua citação. CPC/15 muda certos pontos, no art. 240.
No CPC/73, o art. 219 numerava dados efeitos, como a litispendência, fazia litigiosa a
coisa, gerava prevenção, constituía em mora e interrompia a prescrição.
Além disso, também temos o incidente de desconstituição da PJ, vide art. 133 e 135.
Ex. Ajuizada ação, citado o réu, processo já se forma e produz efeitos, suponhamos
convenção para suspensão, estamos suspendendo o procedimento, mas os efeitos ainda estão
lá. Caso de alienação ainda é fraude. Os efeitos do processo que já se produziram continuam
íntegros, hígidos.
Partindo dessa lógica, a eficácia é sempre retroativa, praticado ato processual após a
causa de suspensão o ato é válido, inexistente ou nulo?
Ex. Morte em março de 2016, informado ao juiz em outubro de 2016. Esses atos
praticados após a morte, mas antes da decisão de suspensão tem quais efeitos jurídicos?
Doutrina minoritária considera nulo, e suscita que no caso de não gerar prejuízos,
seriam válidos seus efeitos. É a posição de Didier. Ler.
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz,
todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de
arguição de impedimento e de suspeição.
A regra é a de que na suspensão não há atos processuais, salvo em atos urgentes, art.
314, CPC/15.
Esse magistrado atacado não pode decidir mais nada nesse processo, evidentemente.
É um salvo do salvo. A exceção de uma exceção.
Quem decide o ato urgente é o Tribunal ou o juiz substituto, designado pelo relator ou
decididos nas organizações do tribunal.
Tal artigo tem função essencial. O conceito de sentença no CPC/73 era baseado no
conteúdo, algo complicado, pois várias decisões com base nos arts. 267 e 269 que não
encerravam o processo.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Perez de Oliveira
Quando diz que o processo se extingue por sentença, temos a remissão com o art. 203,
§1º e com o art. 485 e 487.
CPC/73 toda interlocutória era recorrível. No CPC/15 não temos mais agravo retido e
Agravo de instrumento somente nos casos previstos em lei, o rol é taxativo.
CPC/15 teremos como interlocutória aquela decisão que não termine o processo,
ainda que decisão de mérito. Se essas interlocutórias não estejam previstas em lei não caberá
agravo de instrumento. Caso seja encontrada interlocutória sem a previsão de agravo de
instrumento sobre ela, como declaração de incompetência, temos interlocutória, não está
prevista em lei recurso contra declaração de incompetência, cabendo apelação apenas ao final
do processo. Caberá apelação contra a sentença ou contra a interlocutória que não mais cabia
o AI.
Litisconsórcio é a pluralidade de sujeitos. Ele pode ser passivo, ativo ou bilateral (ou
misto). No misto haveria coexistência de sujeitos não só no polo passivo, mas em ambos os
pólos processuais.
Necessário:
Pela natureza incindível da relação jurídica, relação jurídica que não se parte,
indivisível. Nesses casos há obrigatoriedade do litisconsórcio. Exemplo ação de anulação de
casamento movida pelo MP.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professora:Sylvia Rhaddour
Se ingressa com uma ação de responsabilidade contra o prefeito, deve figurar no polo
passivo: o prefeito, o município e o advogado. Essa obrigatoriedade de formação não decorre
da lei, mas da natureza da relação jurídica deduzida.
Porém não é possível obrigar uma pessoa a ingressar com uma ação. O STJ num caso
recente já entendeu que no caso de marido e mulher ambos devem integrar o polo, sendo a
ação extinta sem resolução do mérito.
Por outro lado, se for verificado que deveria haver o litisconsórcio necessário passivo,
o magistrado deve mandar o autor emendar a inicial, para incluir o litisconsorte necessário
passivo e promover a citação. Se o autor não o fizer, o processo deve ser extinto. Predomina-
se o entendimento que há uma colegitimação, ou seja, todos devem estar no polo, se o autor
não o fizer, há uma ilegitimidade passiva.
O artigo 115, p.ú diz que o processo será extinto. Pelo artigo 485, VI a causa de
extinção é por falta de legitimidade. O réu é parte ilegítima, pois os litisconsortes necessários
passivos não estão no polo.
Facultativo:
Pelo §2º do artigo 113, não existe um prazo para o requerimento de limitação seja
feito. Na falta desse prazo, a doutrina tem defendido o prazo geral de 5 dias do artigo 218, §3º
CPC. O Diddier defende esse prazo.
Contudo isso não significa que não possa haver a exclusão de litisconsorte. O
magistrado pode verificar que apenas um réu é parte ilegítima excluindo o litisconsorte. O ato
que exclui litisconsorte seria uma decisão interlocutória passível de agravo de instrumento,
esse já era o entendimento do STJ no antigo CPC.
Informativo recente do STJ (dezembro e fevereiro de 2015). O STJ acolheu uma defesa
prévia em relação à um réu e determinou a exclusão desses, que seriam partes ilegítima. Mas
nesse caso houve a interposição de apelação, por aplicação do princípio da fungibilidade, mas
o STJ admitiu, embora sua jurisprudência diga que caiba agravo de instrumento. Ao excluir o
procedimento não é encerrado, ele segue quando aos demais.
Unitário:
Simples:
No litisconsórcio necessário por força de lei, a decisão pode ser unitária ou simples.
O CPC de 73 disciplinava essa matéria de forma muito confusa. O CPC de 2015 melhora
isso, artigo 114, NCPC.
Por exemplo, em uma ação civil pública por crime de responsabilidade de prefeito,
este foi condenado por improbidade, em sede de apelação a sentença foi confirmada. Porém,
o município e o advogado estavam de fora da relação processual. Após a apelação, é oposto
embargo de declaração para que o tribunal de justiça se pronunciasse sobre o litisconsórcio.
Os embargos foram inadmitidos, foram interpostos recursos especial que foram inadmitidos
pela questão não ter sido ventilado. Em sede de recurso, este foi devolvido ao tribunal local,
por verificar que a decisão foi omissão, não mencionou o município. E agora, como reverter a
decisão? Ingressaram com reclamação, ação rescisória e um recurso especial da decisão. No
RESP foi declarada a nulidade de tudo e para que a petição inicial fosse emendada, voltando
tudo ao juiz.
Barbosa Moreira entende que não é assim. Ele fazia uma distinção se o litisconsórcio
necessário unitário e necessário simples. Se fosse necessário simples, esse litisconsorte não
citado seria o único com interesse de alegar o vicio.O litisconsórcio simples não tem
obrigatoriedade de formação. Em relação ao citado, o ato seria válido. A nulidade seria apenas
em relação ao litisconsorte que não foi citado. A questão não estaria no campo da validade,
mas da eficácia. Sendo necessário todos deveriam integrar, logo, o ato seria valido, mas
ineficaz. Só aquele que não integrou a relação processual teria interesse em alegar isso. Nos
casos unitários todos eles teriam interesse.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professora:Sylvia Rhaddour
Pelo CPC de 2015, artigo 114, a ausência de litisconsórcio necessário acarretaria na
ineficácia da decisão judicial.
Pelo artigo 115, I há uma distinção: nos casos de litisconsórcio necessário unitário,
independentemente da capacidade da decisão produzir efeitos, esta também será eiva de
validade. Portanto, o ato é nulo e incapaz de produzir efeitos, sendo o interesse de qualquer
dos litigantes, no litisconsorte unitário.
Pelo inciso II, se nos outros casos é ineficaz (o simples), em relação ao que foi citado,
o ato seria válido. Mas em relação ao que não foi citado, além da invalidade por não ter sido
citado, ele seria ineficaz. Porém, como no simples não há unidade de decisão, aquele que ficou
dentro da relação processual não teria interesse, o interesse seria apenas do que fica de fora.
Por exemplo, no usucapião que o confinante ficou de fora, o dono do prédio que
integrou a ação, não tem interesse. O interesse é apenas do confinante, que não integrou a
relação processual.
Diz o Dinamarco, que em relação ao litisconsorte não citado, os atos seria nulos.
Como fica eficácia da coisa julgada nos casos de ausência de litisconsórcio facultativo
ativo?
Por exemplo, dois irmãos eram copossuidores de determinado bem, um deles morava
nos EUA e uma ação de reintegração de posse foi movida apenas pelo irmão que mora no
Brasil. Na sentença o pedido formulado foi julgado improcedente, por sentença transitada em
julgado. Posteriormente o irmão que morava nos EUA ingressou com a mesma ação (mesma
parte passiva, ação de esbulho), o réu é citado, e em contestação alega preliminar de ofensa a
coisa julgada. Como decidir?
2ª corrente: com o CPC/15 temos que prestar atenção nessa corrente. Leonardo Greco
defendia a coisa julgada secundum evento litis. Ou seja, se uma ação fosse julgada
improcedente por insuficiência de provas, a decisão estaria prejudicando quem não participou
da relação processual, logo não poderia se estender ao terceiro, exceto se o beneficiasse.
O CPC de 73 dizia que a sentença só fazia coisa julgada entre as partes que integraram
a relação processual, não atingindo terceiros, nem para ajudar, nem para prejudicar (artigo
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Professora:Sylvia Rhaddour
472). Porém o artigo 506 do NCPC alterou a redação do dispositivo. Assim, a decisão faz coisa
julgada entre as partes não prejudicando o terceiro, mas e se for para beneficiar? É possível
haver coisa julgada ultra partes nesse caso? Temos que aguardar a manifestação
jurisprudencial sobre a questão.
Artigo 229
Os litisconsortes com diferentes procuradores têm prazo em dobro. O NCPC diz que
não tem prazo em dobro nos autos de processo eletrônico, o prazo é normal, não há
justificativa para haver o prazo em dobro.
4. Princípio da independência:
1. Assistência:
a) Assistente Simples
Para verificar o interesse jurídico deve haver uma relação jurídica secundária, que será
afetada com o resultado do processo principal.
A assistência é regulada no artigo 121 do CPC. Conforme o artigo 119 caput e p.ú. do
NCPC. Se o objetivo é prestar auxílio cabe em qualquer tempo, grau, inclusive no recurso e
procedimento.
Pelo artigo 121, por exemplo: se o assistido suporta despesa, ele também suportará.
No antigo CPC falava-se que o assistente era o gestor de negócios quando o assistido
estivesse revel. Como essa figura não existe, a doutrina entendia que nos casos de revelia, o
assistente seria seu substituto processual.
O que o legislador quis dizer com “de qualquer modo, omisso”? O assistente é
considerado substituto não só na hipótese de revelia, mas também nas omissões do assistido?
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professora:Sylvia Rhaddour
O STJ mudará seu posicionamento? Temos que aguardar o enfrentamento da questão. Diddier
diz que a atividade do assistente foi ampliada, ele é substituto em qualquer omissão.
Exemplo: um sujeito depois de ficar muito tempo internado, falece, deixando mulher e
filha, as quais ficaram muito abaladas, requerendo a abertura do inventário com mai de 60
dias. Passados 6 meses, a filha verificou que o pai tinha um seguro de vida, sendo a filha
beneficiária de 80% e a mulher 20%. A seguradora recusou o seguro. Elas ingressaram com
uma ação de execução. A seguradora citada, propôs embargos de execução, alegando que a
companheira do falecido propôs ação na vara civil pleiteando a indenização, com base em um
documento público que deixava tudo para ela. Na vara civil, a sentença foi publicada
procedente. A sentença afetou a esfera jurídica de terceiros, que até poderiam atuar no
processo, mas não o fizeram por não saber do processo. Ela podia recorrer na condição de
terceiro prejudicado. A mãe e a filha interpuseram apelação.
Uma coisa é prestar auxílio, outra é ter uma decisão judicial que afeta sua esfera
jurídica do terceiro. O CPC nunca regulou os recursos do terceiro, usando os mesmos recursos
a disposição das partes.
Não tem sentido não admitir o recurso de quem é assistente, se ele pode recorrer na
condição de terceiro prejudicado.
Exemplo: havia assistente simples. As partes fizeram uma transação levada ao juiz para
homologação.
Ademais, o artigo diz que o assistente não pode discutir a justiça de uma decisão. A
justiça da decisão é extraída da fundamentação, dos motivos. Para a parte o motivo não
transita em julgado, mas o assistente não pode.
Por exemplo: o locatário ingressou com uma ação de anulação do negócio jurídico em
face do locador, por vícios do contrato. O fiador ingressou no feito na condição de assistente.
O pedido é julgado improcedente. O locatário e fiador interpõem apelação, que é julgada
improcedente. A sentença transitou em julgado. Antes do transito em julgado, o locatário já
estava inadimplente e acabava deixando o imóvel, mas deixou divida. O fiador foi executado, o
qual tinha atuado na condição de assistente. O fiador embargou, alegando, inclusive os
motivos pelos quais o negocio era eivado de validade, contaminando a fiança. O embargado
alegou ofensa à coisa julgada, pois aquelas matérias já haviam sido alegadas na
fundamentação da sentença.
A alegação dele está certa, mas o nome está errado. O assistente simples não esta
sujeito a coisa julgada, mas a eficácia preclusiva da intervenção, nos termos da primeira parte
do artigo 123 do NCPC.
Na coisa julgada os motivos não alcançam autoridade de coisa julgada, enquanto que
pela eficácia preclusiva da intervenção, os motivos não podem ser reexaminados.
Exemplo 2: um taxista sofre acidente de trânsito, ingressando com ação para pedir o
reparo do carro, sendo improcedente. Depois ele ingressa com nova ação pleiteando lucros
cessantes. Aqui há ofensa a coisa julgada? Não. Ser culpado pelo acidente está na
fundamentação, não atingindo a coisa julgada.
No caso dos embargos, o fiador poderia alegar os vícios se provar que não conseguiu
produzir provas por exemplo.
Ele é um co-titular do direito litigioso, logo ele tem interesse. Nesses casos não há
dificuldade em determinar o seu interesse jurídico.
O artigo 752, §3º, de acordo com a doutrina seria um típico caso de assistente
qualificado.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professora:Sylvia Rhaddour
Imaginemos que A e B discutem a titularidade de um bem em juízo. B vende o bem
para C, sabendo da ação. Como C é co-titular do direito litigioso, ele quer ingressar no
processo para prestar auxílio, mas sabe que A não vai admitir a sucessão processual. Entao C
ingressa como assistente qualificado.
Porém, o artigo 124 do NCPC confirma que ele deve ser tratado como litisconsorte. Daí
pode se interpretar se é para considerar como litisconsorte ou considerar assistência, mas
tratar como litisconsorte.
O assistente qualificado pode formular pedido de tutela antecipada? Sim. Ele é tratado
como se fosse litisconsórcio, aplicando o 129.
O assistente qualificado recorre? O STJ dizia que sim, pois era co-titular do direito
litigioso, tratado como se fosse litisconsorte.
Sim, pois o assistente qualificado é co-titular do direito litigioso, sendo tratado como
se fosse litisconsorte. O artigo 124 determina isso.
Apesar do assunto ser tratado dentro de intervenção de terceiro, para a professor uma
das maiores novidades é a possibilidade de já na petição inicial possa direcionar pedido para a
os sócios, e já requerer a desconsideração.
Cabimento:
Prazo: 135
3. AmicusCuriae
Esse instituto foi importado do direito norte-americano. O novo CPC regula a matéria
resolvendo as controvérsias existentes.
Podem intervir: pessoa física, jurídica, órgão que representa a entidade de classe,
desde que tenham representatividade. Não é qualquer um, mas acerca da matéria discutida,
aquele que intervém tem representatividade.
Uma coisa é não poder recorrer da decisão que admitiu, outra coisa é recorrer das
decisões proferidas ao longo do processo. O amicuscuriae é uma forma de intervenção que
não autoriza o deslocamento de competência, nem a interposição d recursos, exceto
embargos de declaração. Isso já era assim no antigo CPC.
O IRDR gera uma suspensão de ações judiciais que versem sobre aquela mesma
questão, para que elas recebam a mesma decisão daquela questão. Nesse caso, o auxiliar da
corte pode interpor recurso.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
Aula 09: 13/04/16
4. Denunciação da Lide:
Quem faz a denunciação da lide tenta fazer prevalecer seu direito de regresso. Quem
faz a denunciação objetiva obter um direito de regresso por quem a realiza.
Se for uma ação regressiva, o autor não pode executar diretamente a seguradora, ele
não tem vínculo material nem processual com a seguradora. Logo, a vitima não poderia
executar direto, primeiro teria que executar o causador, e este sim executaria a seguradora.
Não há vínculo entre eles, não tem como trabalhar com litisconsórcio. A doutrina
quase toda entende que é ação de regresso. Poucos autores entendem que é litisconsórcio,
como FredieDiddier.
O NCPC não resolve a questão. O artigo 127 e 128, §1º fala que é litisconsórcio, o 129
fala em ação principal e ação acessória. O tema é muito polêmico.
Sendo litisconsórcio ou ação regressiva, a denunciação fica nos próprios autos. Assim,
a regra é que seja no mesmo órgão jurisdicional. Põem, eventualmente o denunciado pode ser
alguém eu justifique o deslocamento da competência.
O NCPC, artigo 45, §2º, não permite que toda a matéria seja declinada para a federal,
esta não tem competência para a relação entre dois particulares, a sua competência é apenas
para a ação de regresso. Ou o juiz fica com a demanda originária e rejeita a denunciação, ele
não pode julgara a denunciação, ou se, não for esse o caminho, poderá declinar a denunciação
para a vara federal.
Legitimidade:
Cabimento:
O TJRJ tem uma súmula ampliativa (súmula 92 TJRJ), que é ampliativa, não admite a
denunciação em qualquer situação de consumo. O professor acha complicada. No seguro há
uma relação contratual, sendo uma relação de consumo.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
OBS.: o JEC não admite intervenção de terceiros. Ele pode, entretanto fazer a desconsideração
da personalidade da pessoa jurídica (artigo 1.062 do NCPC). Mas o professor diz que
certamente os juízes não vão aplicar o artigo 133 ao 137.
No CPC/73 eram três hipóteses, hoje são apenas duas. A perda da posse é abrangida
pela hipótese do artigo 125, II, que tem redação bem ampla.
Evicação:
O motivo para ser obrigatório era o artigo 456 do CC e a palavra orbigatoria no artigo
70, CPC/73. Esse dispositivo do CC foi revogado (artigo 1072 NCPC).
Não fazer a denunciação preclui no processo, mas nada impede que possa ser feito por
uma nova petição inicial.
Esse artigo 456 CC gerava a seguinte dúvida: cabe a denunciação da lide per saltum?
Exemplo: A comprou do B, B do C, C do D, D do E eE do F. X move ação em face de A, a
denuncia a lide de B, que denunciará C. por esse artigo, era possível fazer a denunciação de
qualquer sucessor dominial. Isso era muito criticado, pois não há vinculo material entre A e F.
embora ser permitida expressamente, ela não era feita.
O artigo 125 do NCPC sepulta a denunciação da lide per salto ao permitir apenas ao
alienante imediato.
Podem ter sucessivas denunciações? No CPC anterior podia. Pelo artigo 125, §2º NCPC,
é admitida uma única denunciação sucessiva. Logo há no máximo duas denunciações da lide
em cada processo. Aos demais deve ser feita uma ação autônoma.
Exemplo: uma pessoa processa o juiz que decidiu com dolo ou fraude. A
responsabilidade do juiz, entretanto é regressiva. A vítima deve processar o estado em sentido
amplo, e esse em regresso denuncia o juiz. se é possível que o estado denuncie o servidor e
juiz, ele deve verificar o dolo e culpa do agente, que seria um fato novo. A vítima, que é a
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Guilherme Hartmann
autora não discute o dolo ou culpa. Na situação envolvendo servidor a jurisprudência entendia
que não era possível a denunciação justamente por inserir elemento novo (súmula 50 do TRJ).
Contudo, o tema é polêmico.
E se o juiz falar que o autor não tem razão, julgando improcedente, o que acontece
com a denunciação. Se o A não é o proprietário do bem, a propriedade é do B. B continua com
o bem, logo tem direito de regresso? O mérito desse capítulo é analisado ou não? se entender
que é mérito, pois o proprietário é B, a denunciação é julgada improcedente. O A pode apelar,
e B apresenta contrarrazões, mas não apela quanto ao capítulo da denunciação. Esse capitulo
faz coisa julgada. Mas e se o tribunal deferir a apelação e entender que o direito é do A? o B
não recorreu quanto ao regresso, como fica?
Pelo artigo 129, parágrafo único, o capítulo da denunciação deve ser extinto sem
resolução do mérito para evitar justamente essa situação. Assim, sendo extinta a denunciação
sem resolução do mérito, o B pode propor ação de regresso em face do C. A extinção seria
pelo artigo 485, X.
5. Chamamento ao processo:
Artigo 130 a 132. Ocorre quando há uma obrigação solidária. Nos casos de obrigação
solidaria o autor pode escolher se propõe a ação em face de um, de outro ou ambos. Pelo
chamamento sugere-se que essa opção seja retirada. O autor opta por propor ação apenas em
face de um, mas pelo chamamento, esse demandado pode trazer ao processo o outro devedor
solidário.
A ideia é que, apesar do código não fazer ressalvas, o chamamento tem uma razão de
ser, além de ser uma obrigação solidaria, devemos ter um direito de regresso em relação ao
chamado. A pessoa que faz o chamamento e precaver para a futura etapa de execução.
Pelo artigo 130, II é possível que um cofiador chame ao processo outro cofiador.
O código não estabelece forma para essa intervenção do artigo 698, não haver um
tratamento processual não pode ser um obstáculo. A desconsideração da personalidade
jurídica não tinha um procedimento. Quando a lei não exige forma, a forma é livre, pelo
princípio da liberdade de forma dos atos processuais, artigo 188, CPC, devendo ser respeitados
os princípios constitucionais.
Não é razoável que o réu faça isso, logo seria o autor que deveria propor, porém, como
a lei não estabelece forma, os magistrados, na prática aplicam esse dispositivo
independentemente de quem pedir.
ATOS PROCESSUAIS
1. Introdução:
Ato processual é um ato jurídico. É regulado pelo direito. o Ato processual como todo
ato jurídico primeiro é analisado se tem os requisitos mínimos para existir, se é valido e se gera
efeitos.
Quando a lei estabelece forma, ela deve ser seguida, caso contrário, a forma é livre,
conforme o artigo 188 do NCPC.
Pelo novo CPC a contestação e reconvenção vêm na mesma peça, artigo 343. Se o réu
propõe cada um com uma peça o que fazer? No caso, pode ser aplicado o princípio da
instrumentalidade, na qual entende que o que importa é a finalidade. Essa é a opinião do
professor.
Isso envolve juízo de valor, logo, pode ser que outro entenda diferente. Tudo que
envolve vicio de ato processual passa por esse subjetivismo. Mas analisando as regras no
NCPC, esse prioriza a resolução do mérito (princípio da primazia do mérito).
É possível que um ato exista, produza efeito, mas não seja válida.
2. Negócios processuais:
Não é um ato praticado apenas por uma parte. Alguns autores dizem que são atos
bilaterais, havendo que quem sustente que seja um ato que envolve até mesmo o juiz, sendo
entre três sujeitos, sendo necessária a participação do juiz, como, por exemplo, na fixação de
calendário.
Foro de Eleição:
Exemplo de negócio processual que o juiz não participa é o foro de eleição. O foro de
eleição afta o processo. Já era considerado negócio processual no antigo CPC, no novo é
tratado no artigo 63. O foro de eleição não é absoluto, podendo, dependendo do caso, o juiz
negar, quando verificar que derivou de uma inserção abusiva. Uma inserção abusiva seria um
negocio processual inválido (artigo 163, III, NCPC).
O magistrado pode defender que é inválido, mesmo antes da citação, de acordo com a
doutrina. A nulidade pode ser alegada em qualquer momento.
Hipóteses expressas:
OBS.: as partes podem renunciar a produção de provas e que não vão recorrer. Isso seria
um negócio processual? Não está previsto em lei.
Problema do calendário: existe uma ordem pelo artigo 153 para o juiz proferir decisão.
Com o calendário, esse processo fura a fila, o interesse particular é priorizado em detrimento
do interesse público, (artigo 12 NCPC).
Ademais se já tem essa possibilidade na arbitragem para que trazer isso para o judiciário?
Humberto Theodoro diz que as convenções têm um campo fértil no plano pré-
processual, no campo processual, o juiz pode invalidar.
Agora não são mais absolutamente impenhoráveis, são impenhoráveis. A parte pode
renunciar a impenhorabilidade.
A matéria é pobremente tratado pelo código, por isso ainda será passível de muitas
dúvidas e discussões.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
Aula 10: 14/04/16
VÍCIOS DO PROCESSO
1. Aspectos gerais:
A forma tem que ser um instrumento do conteúdo. Quando a forma não é um bom
instrumento para o conteúdo há o formalismo. Por outro lado, quando a forma consegue
expressar bem o conteúdo, ela passar a ter um valor e surge o formalismo valorativo. Ex.:
motivação das decisões.
O vício mais grave é da inexistência. É como se o ato não entrasse no sistema jurídico.
Torna ineficazes os atos processuais. Atinge os requisitos dos atos. .
Uma petição assinada somente pela parte, sem advogado é um ato inexistente? Se
sim, não podemos considerar nada, nem as suas confissões. O professor discorda disso.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
A invalidade pode ser vista como uma sanção? Para caio Mário sim. No processo, a
grande maioria dos processualistas entende que as consequências dos vícios são as sanções,
sendo a invalidade uma das consequências.
Não existe em processo civil nulidade de pleno direito. Todas as nulidades precisam ser
reconhecidas. Enquanto não for, produz efeitos. Os vícios podem ser sanados, inclusive pela
coisa julgada. Por exemplo: o vício de citação que seria um vício gravíssimo, gerando a
inexistência do processo, pode ser sanado se a pessoa comparece em juízo por exemplo.
A invalidade deve ser analisada em conjunto com os demais atos. A invalidade deve
ter sempre uma visão sistemática. Percebendo um vício, temos que ver qual a sua
consequência para o processo. Por exemplo, se tinha uma causa que o MP tinha que intervir,
e este não interveio, mas a parte acabou saindo vencedora, esse processo é invalidado?
3. A classificação da invalidade:
A nulidade absoluta é aquela que viola norma de direito público, e por conta disso
pode ser reconhecida de ofício, e por conta disso é insanável.
A nulidade relativa viola uma norma do interesse privado, que não pode ser conhecida
de ofício e é sanável.
Qual a diferença de uma norma de ordem pública e uma norma de ordem privada
dentro do processo? Ninguém consegue estabelecer isso. Se a relação passa pelo juiz, como é
uma norma de ordem privada? O professor defende que não faz sentido essa divisão.
Por exemplo, um problema de citação, que geraria a inexistência do ato, pode ser
sanada se a parte aparece no processo, logo como dizer que é uma nulidade absoluta?
A anulabilidade é uma norma de direito público que pode ser conhecida de ofício e é
sanável. Por exemplo: rito é uma norma de ordem pública, se o juiz percebe que o rito está
errado, ele pode conhecer de ofício. Mas se correr por um procedimento mais dilatado não há
prejuízo. No caso oposto, pode ter prejuízo, entretanto.
O vício insanável cria um problema para o ato que este não precisa nem ser provado,
ele é presumível. A nulidade insanável não admite convalidação, não podendo se extrair
resultados daquele ato.
No vício sanável o ato pode ser aproveitado de alguma maneira. Ele pode ser
conhecido de ofício. Atinge o ato de forma reversível, cujos prejuízos podem ser contornados
ou resultados úteis dele podem ser retirados (pode ser conhecido de ofício e convalidado)
As nulidades podem ser conhecidas de ofício, mas existem situações em que ocorre a
preclusão.
O professor explica que os artigos da invalidade são praticamente uma cópia do antigo
CPC. Assim, foi perdida a chance de melhorar essas questões. Contudo o panorama de
invalidade mudou, por temos outros princípios: a primazia do mérito, contraditório,
cooperação, entre outros.
O novo código luta contra a jurisprudência defensiva. Assim, os defeitos devem tentar
primeiro ser corrigido e se não for possível deve verificar se existe alguma forma de aproveitar
algo.
As invalidades devem ser vistas como uma exceção. A lógica agora é que as invalidades
devem ser superadas e corrigidas.
O que seria um legítimo impedimento para a parte não alegar o vício na primeira
oportunidade? Estar em erro, dolo, coação.
O artigo 279 ou 276 do CPC/73 sempre se entendeu que se o MP não atua o processo
é nulo. A novidade é o parágrafo segundo. Por esse dispositivo, antes de reconhecer a
invalidade o MP deve ser intimado e requerer a nulidade. O membro do MP pode não
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
requerer a decretação da nulidade, por não haver prejuízo. Assim é possível ser convalidada
a falta de atuação do MP.
1. Introdução:
No código de 73 era preciso fazer um apanhado para estudar a matéria. O artigo 273
do antigo CPC não esgotava a tutela antecipada. A tutela antecipada inaudita altera partes só
era depreendida a partir da interpretação por analogia do artigo 804, por exemplo. Não havia,
portanto, uma estrutura sistemática.
O próprio nome é uma falha técnica. Provisória é algo que não é definitivo, não admite
gambiarras, mas a tutela provisória não é assim.
2. Principais modificações:
Isso não existia no CPC/73. Entra com a cautelar, e na própria cautelar entra com o
pedido principal, e se inicia o módulo de conhecimento. Essa é uma inovação decorrente do
sincretismos processual.
3. Conceitos:
Os três elementos que legitimam a tutela provisória são: direito evidente (tutela de
evidência), risco para o processo (tutela cautelar) ou risco para o direito (tutela antecipada).
a) Tutela de Urgência:
Pela Leitura do artigo 300 verificamos a presença do fumus bonu iuiris. Esse é o
requisito comum de toda tutela de urgência. Contudo o professor defende que nesse requisito
existem diferentes planos. Conforme explica o professor, existem dois planos de cognição no
processo civil: o vertical, no qual o máximo da cognição é a cognição exauriente, que se funda
em um juízo de certeza; em um nível mais baixo, temos a cognição sumária que é fundada
numa probabilidade.
Quando temos uma tutela de urgência, essa pode ser cautelar ou antecipatória.
Quando for cautelar deve haver (a) probabilidade e (b) risco de dano ao processo, quando for
tutela antecipada há a probabilidade (a) e o risco do resultado útil para o direito (c).
b) Tutela de evidência:
O artigo 311 diz que essa tutela não pressupõe nem o (b) risco de dano ao processo,
nem o (c) risco ao resultado útil do para o direito.
O grande problema do CPC/73 era que o artigo 273, que tratava da tutela de urgência,
tinha em seu §6º uma disposição nquenão era uma tutela de urgência.
iii- No novo código acabou a ação de depósito. Essa ação virou técnica para a
tutela de evidencia. Para propor uma ação de deposito tinha que ter: um
contrato de depósito e a demonstração de que não houve a entrega da coisa.
O novo CPC exige basicamente o contrato de depósito.
iv- A tutela de evidencia é concedida porque a prova documental não é abalada
pela defesa. Exemplo: ação de busca e direção em alienação fiduciária em
garantia. Juntado o contrato, pressupõe-se que a pessoa está certa. Isso pode
ser objeto de discussão porque isso pode ser aplicado, por exemplo na ação de
despejo. Esse dispositivo dá ensejo a uma diversidade de situações.
a) Tutela provisória antecedente (autônoma). Entra com uma ação para pedir a tutelar.
b) Tutela provisória incidental (liminar). Pede uma liminar num processo em curso.
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia
durante o período de suspensão do processo.
A exceção é a suspensão da tutela provisória, se não tiver uma decisão nesse sentido,
ela se mantém. Antes isso era apenas na tutela cautelar, agora se aplica a toda tutela
provisória. Artigo 256, CPC/73.
A forma como a tutela provisória é dada não é tipificada na lei. Isso é importante
porque o juiz tem a possibilidade de adaptabilidade do pedido à situação em concreto.
Por exemplo, não existe uma tutela para mandar cobrir um carro alegórico. Isso não
está na lei, mas as medidas de efetivação da tutela provisória são atípicas. O juiz verifica caso a
caso a medida a ser aplicada a fim de causar o mínimo de prejuízo a parte que tiver que
suportá-la.
A decisão que defere a tutela provisória pode ser modificada em qualquer tempo,
desde que motivada.
Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz
motivará seu convencimento de modo claro e preciso.
Essa regar só tinha para as tutelas cautelares, agora são para todas. A competência
para tratar da tutela provisória é a mesma da ação principal.
O STJ entende que pode propor no local onde irá proteger o objeto, depois que houver
a proteção, seria enviado ao local da competência da ação principal.
A tutela antecipada no CPC/73 não estava condicionada a caução. O juiz podia fixar,
mas não era uma condição. O NCPC diz que o juiz pode, conforme o caso, exigir ou não a
caução. Fato é, tendo um artigo que afirme isso, muitos mais juízes exigirão a caução, mas isso
não significa que seja um requisito.
Já tinha no CPC velho. Mas nele haviam duas formas de audiência de justificação:
satisfativa (autor, juiz e réu) e cautelar (autor e juiz).
O problema é que o NCPC não faz essa separação. Então tem se interpretado que o
réu pode participar em qualquer caso.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
Esse rol é exemplificativo. Ele é apenas para mostrar que essas ações não existem
mais, mas isso pode ser pedido sob o rito comum. Ou seja, continua podendo pedir todas as
cautelares.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo
prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: (...)
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários
para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida ti tiver sido
concedida, sempre que possível.
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela
final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco
ao resultado útil do processo. (...)
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a
juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou
em outro prazo maior que o juiz fixar; (...)
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do
art. 334;
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art.
335.
§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo será
extinto sem resolução do mérito. (...)
Quando entra a ação para pedir tutela antecipada, depois que for deferida, a inicial
deve ser emendada. O professor diz que isso é uma burrada. Aqui se transforma a ação para
pedir a tutela antecipada em processo principal. Se fosse separado em dois módulos, como
ocorre na cautelar seria mais fácil.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
Quando oferece a ação para pedir tutela antecipada a inicial pode ser emendada para
seguir a ação principal. Depois da emenda segue o rito comum, caso haja autocomposição.
Artigo 335.
Se a emenda não for realizada, o processo é extinto, sem resolução do mérito. Isso faz
com que a emenda seja estabilizada.
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos,
sem incidência de novas custas processuais.
§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da
causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final.
Pode-se emendar para mover a ação principal, deve pagar as custas da ação principal.
§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no
caput deste artigo. (...)
Já na petição inicial o autor deve anunciar que só está pedindo a tutela antecipada.
§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão
jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser
indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
Se der tudo errado, o juiz não conceder a tutela antecipada, ele manda emendar e segue a
ação principal.
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão
que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou
invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput. (...)
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou
invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida
a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que
a tutela antecipada foi concedida. (...)
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo,
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos
termos do § 1o.
§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos
efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação
ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
Uma vez estabilizada, só pode discutir por meio de uma outra ação. A doutrina chama
de ação de impugnação da tutela antecipada estabilizada. Estabilizada, a parte tem dois anos
para propor essa ação.
Assim, o processo é extinto, tem dois anos para entrar com a ação de impugnação,
durante esses dois anos a ação é valida, mas não faz coisa julgada.
Se não faz coisa julgada, o é que isso? Uma sentença? Não é sentença por que não faz
coisa julgada. É uma decisão interlocutória? Decisão interlocutória que põe fim ao processo,
depois de dois anos vira o que?
O professor defende que para ser coerente deve se entender que é um despacho que
põe fim ao processo. A decisão que concede a tutela já estabiliza a demanda, e o despacho
apenas extingue o processo. Esse despacho produz efeitos, mesmo se a ação for extinta.
Durante dois anos pode entrar com ação impugnativa.
Depois desses dois anos, ai sim, é feita a coisa julgada material. A estabilização ganha
status de coisa julgada após dois anos do despacho que pôs fim ao processo.
Problemas:
- Se entrar com agravo de instrumento que não é admitido, estabiliza ou não? Teoricamente
não houve o recurso, ele não foi analisado no mérito. A maioria entende que estabiliza, a não
admissão equivale a não recorrer.
- tem que anunciar na petição inicial o seu interesse. Depois a parte pode mudar de ideia, fazer
uma mudança, desistir? Sim. Até a citação do réu.
- Se tem dois pedidos e apenas um deles recebe a tutela antecipada há a estabilização? Para
ter a estabilização deve ser do processo como um todo. Não pode haver a estabilização.
A ação para pedir tutela antecipada antecedente é um caos. Já ação que pede a tutela
cautelar de caráter antecedente é redonda.
A ação cautelar segue o rito comum. A diferença é que é citado para contestar no prazo de
5 dias e não tem a audiência de autocomposição.
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. (...)
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada,
o juiz observará o disposto no art. 303.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as
provas que pretende produzir.
PROCESSO CIVIL- CP1-A
Professor: Felippe Borring
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos
pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o
pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
Então aqui temos o sincretismo cautelar. Nos mesmos autos da cautelar, concedida a
cautelar, após 30 dias, é feito o pedido principal. Tem dois módulos: o cautelar e o principal.
§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal. (...)
A pessoa entrou com uma tutela cautelar, mas o juiz entendeu que é tutela antecipada
qual o regime que se aplica? Um regime é fase e fase, o outro e pedido e emenda. Aqui é fase
e emenda. Artigo 305.
A decisão cautelar não faz coisa julgada material, apenas formal, ou seja, os pedidos
podem ser alterados.
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido
principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o
reconhecimento de decadência ou de prescrição. //
A decisão cautelar não faz coisa julgada material, salvo prescrição e decadência.
Mas e se houver acordo na cautelar? O acordo na cautelar também faz coisa julgada
material. O legislador esqueceu de incluir essa hipótese.