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Junho, 2016
Projeto Caçapava do Sul
Estudo de Impacto Ambiental - EIA
Volume 2 - Diagnóstico
3. Arqueologia..................................................................................................................115
3.1. Introdução .........................................................................................................................115
3.2. Justificativa e Objetivos ...................................................................................................116
3.2.1. Justificativa da Pesquisa .................................................................................................116
3.2.2. Objetivos.........................................................................................................................117
3.2.3. Objetivos Específicos......................................................................................................117
3.3. Contexto arqueológico e histórico ..................................................................................118
3.3.1. A Ocupação Humana no Rio Grande do Sul – Pesquisa Arqueológica ...........................118
3.3.2. História Indígena .............................................................................................................120
3.3.2.1. Pampeanos.................................................................................................................123
3.3.2.2. Kaingang.....................................................................................................................128
O Passado (e o Antepassado) Kaingang Através da Arqueologia e da Linguística ....................129
O que foi escrito sobre os Kaingang nos séculos XVI a XX .......................................................136
Lideranças Kaingang no Século XIX..........................................................................................138
O Poder dos Caciques Kaingang ...............................................................................................138
Terras Kaingang Homologadas no Rio Grande do Sul ..............................................................142
3.3.2.3. Guarani .......................................................................................................................146
Dados Etno-Arqueológicos ........................................................................................................146
Parcialidades .............................................................................................................................153
Dados Históricos .......................................................................................................................157
3.4. História Colonial e Contemporânea ................................................................................169
3.5. Terras Indígenas ...............................................................................................................170
3.6. Comunidades Quilombolas..............................................................................................170
3.7. Relação dos Sítios Arqueológicos Cadastrados ............................................................171
4. Referências ..................................................................................................................173
4.1. Diagnóstico socioeconômico ..........................................................................................173
4.2. Arqueologia.......................................................................................................................175
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Lista de Figura
Figura 1: Matriz da polarização regional. Fonte: IBGE, Regiões de Influência das Cidades,
2007. ..................................................................................................................................... 21
Figura 2: Atrativos naturais da Vila Minas do Camaquã (A: Pedra das Guaritas, Morro da Cruz e
Arroio João Dias; B: Pedra dos Ingleses; C: Praia do Paredão). Fonte: site /fotos de Ubirajara
Cruz. ..................................................................................................................................... 25
Figura 3: Taxa de crescimento da população da AII (1991/2010) (% a.a.). .............................. 27
Figura 4: Taxa de crescimento da população da AII (1991/2010) (% a.a.). .............................. 28
Figura 5: Pirâmide etária de Caçapava do Sul........................................................................ 31
Figura 6: Pirâmide etária de Santana da Boa Vista ................................................................ 31
Figura 7: Estrutura setorial do PIB Municipal da AII (2012). .................................................... 33
Figura 8: Mapa de ampliação das vagas prisionais, no período de 2012-2015. Fonte: Secretaria
do Planejamento Mobilidade e Desenvolvimento Regional. .................................................... 48
Figura 9: Mapa de viaturas da Polícia Civil, IGP e Territórios da Paz (2012-2015). Fonte:
Secretaria do Planejamento Mobilidade e Desenvolvimento Regional. ................................... 49
Figura 10: Representação em recorte de mapa, dos três trajetos existentes a partir da sede
municipal de Santana da Boa Vista até Minas do Camaquã. Fonte: Trabalho de campo, ago.
/2015. .................................................................................................................................... 57
Figura 11: Mapa rodoviário. Fonte: DAER, 2015. ................................................................... 58
Figura 12: Malha ferroviária concedida no Rio Grande do Sul. Fonte: ALL e Brado Logística. . 60
Figura 13: Linhas marítimas regulares do TECON Rio Grande. Fonte: TECON Rio Grande.... 60
Figura 14: Sistema elétrico regional disponível na área do empreendimento. ......................... 62
Figura 15: Turismo cultura e histórico de Caçapava do Sul (Foto A: Forte Dom Pedro II; Foto B:
Igreja Matriz; Foto C: Casa dos Ministérios). Fonte: Turismo Caçapava do Sul. ...................... 64
Figura 16: Turismo ecológico e rural de Caçapava do Sul (Foto A: Guarita; Foto B: Cascata do
Salso; Foto C: Gruta da Varzinha). Fonte: Turismo Caçapava do Sul. .................................... 65
Figura 17: Parque Minas Outdoor na Vila Minas do Camaquã. Fonte: Minas Outdoor............. 66
Figura 18: Parque Municipal Toca da Tigra. Fonte: Prefeitura Santana da Boa Vista. ............. 68
Figura 19: Localização da Terra Indígena Irapuá (Caçapava do Sul). Fonte:
http://mapas2.funai.gov.br/portal_mapas/pdf/terra_indigena.pdf. ............................................ 75
Figura 20: Superficiários que compõem a ADA do empreendimento. .................................... 101
Figura 21: Localização dos Sítios Arqueológicos mais antigos do Rio Grande do Sul.
Localização das tradições Umbu e Humaitá no Rio Grande do Sul. Fonte: SCHMITZ, 2006, p.
28........................................................................................................................................ 119
Figura 22: Localização das Terras Indígenas no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: FUNAI,
2014. ................................................................................................................................... 121
Figura 23: Área aproximada da dispersão dos sítios da Tradição Umbu no Rio Grande do Sul.
Fonte: SOARES, KLAMT, 2005, p. 35. ................................................................................. 123
Figura 24: Formas de vasilhas da Tradição Vieira. Fonte: SCHMITZ e BROCHADO, 1966. .. 124
Figura 25: Área aproximada de dispersão dos sítios de tradição Vieira no Rio Grande do Sul.
Fonte: SOARES, KLAMT, 2005, p. 43. ................................................................................. 125
Figura 26: Formas das cerâmicas Eldoradenses de Misiones, país Argentina. Fonte: MENGHIN
apud SERRANO, 1972, p. 15............................................................................................... 130
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Figura 27: Formas das cerâmicas Jê do Sul. Fonte: PROUS, 1992, p. 323. .......................... 132
Figura 28: Processo hipotético de uso e transformação de uma casa subterrânea em um sítio
arqueológico. ....................................................................................................................... 134
Figura 29: Ossos no interior de uma das grutas do Perau das Cabeças. Fonte: SCHMITZ,
2002, p. 91. ......................................................................................................................... 135
Figura 30: Povoamento Jê Meridional no primeiro milênio de nossa era. Fonte: SCHMITZ e
NOVASCO, 2013, p. 39. ...................................................................................................... 144
Figura 31: Terras Indígenas Kaingang no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: GOOGLE
EARTH modificado por LPA/MCT/PUCRS, 2014. ................................................................. 146
Figura 32: Dirversão do Grupo Tupi e Guaranis. Posteriormente a chegada no Rio Grande do
Sul dos Guaranis. Fonte: SCHMITZ, 2006, p. 58. ................................................................. 148
Figura 33: Formas e tamanhos da Cerâmica Guarani. Fonte: SCHMITZ, 1991, p. 327. ........ 150
Figura 34: Decorações pintadas e plásticas da cerâmica Guarani. Fonte: PROUS, 1991, p. 394.
........................................................................................................................................... 151
Figura 35: Área aproximada de dispersão dos sítios Guarani, ou da tradição Tupi-guarani no
Rio Grande do Sul. Fonte: SOARES, KLAMT, 2004, p. 49. .................................................. 152
Figura 36: Área aproximada da dispersão dos sítios de roça dos Guaranis, ou da Tradição
Humaitá no Rio Grande do Sul. Fonte: SOARES, KLAMT, 2004, p. 39. ................................ 152
Figura 37: Distribuição das parcialidades etno-históricas dos Guarani, em laranja, no Rio
Grande do Sul e arredores. Fonte: NIMUENDAJU, 1987. ..................................................... 154
Figura 38: Distribuição de algumas parcialidades atuais dos grupos Guaranis. Fonte: LADEIRA,
2007, p. 187. ....................................................................................................................... 154
Figura 39: Localização aproximada das Reduções do Tapes (Reduções Primitivas) em relação
às Reduções dos Sete Povos. Fonte: ZUSE, 2009, p. 25. .................................................... 162
Figura 40: Distribuição dos 7 Povos das Missões. Fonte: LESSA, 1984, p. 114. ................... 163
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Lista de Fotos
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Lista de Quadros
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Lista de Tabelas
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Tabela 30: Tipo de transporte coletivo que utiliza. .................................................................. 79
Tabela 31: Distância do domicílio até o transporte coletivo. .................................................... 79
Tabela 32: Sexo das pessoas residentes nos domicílios. ....................................................... 81
Tabela 33: Idade das pessoas residentes nos domicílios........................................................ 81
Tabela 34: Famílias segundo faixas de renda familiar. ........................................................... 81
Tabela 35: Renda individual de todas as fontes das pessoas residentes nos domicílios.......... 82
Tabela 36: Última série escolar concluída das pessoas residentes nos domicílios. ................. 82
Tabela 37: Relação com a família das pessoas residentes nos domicílios. ............................. 83
Tabela 38: Condição de ocupação das pessoas residentes nos domicílios. ............................ 83
Tabela 39: Condição de ocupação das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo. ... 84
Tabela 40: Setor de atividade das pessoas residentes nos domicílios. ................................... 84
Tabela 41: Setor de atividade das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo. .......... 84
Tabela 42: Condição de trabalho das pessoas residentes nos domicílios. .............................. 85
Tabela 43: Número de pessoas residentes por domicílio. ....................................................... 90
Tabela 44: Tempo de residência da família entrevistada no domicílio. .................................... 90
Tabela 45: Condição de posse do domicílio. .......................................................................... 90
Tabela 46: Disponibilidade de serviços no domicílio. .............................................................. 91
Tabela 47: Fonte de abastecimento de água. ......................................................................... 91
Tabela 48: Tipo de esgotamento sanitário dos domicílios. ...................................................... 91
Tabela 49: Destinação final do lixo domiciliar. ........................................................................ 91
Tabela 50: Disponibilidade de bens no domicílio. ................................................................... 92
Tabela 51: Tipo de transporte coletivo que utiliza. .................................................................. 92
Tabela 52: Sexo das pessoas residentes nos domicílios. ....................................................... 94
Tabela 53: Idade das pessoas residentes nos domicílios........................................................ 94
Tabela 54: Famílias segundo faixas de renda familiar. ........................................................... 94
Tabela 55: Renda individual de todas as fontes das pessoas residentes nos domicílios.......... 95
Tabela 56: Última série escolar concluída das pessoas residentes nos domicílios. ................. 95
Tabela 57: Relação com a família das pessoas residentes nos domicílios. ............................. 96
Tabela 58: Condição de ocupação das pessoas residentes nos domicílios. ............................ 96
Tabela 59: Condição de ocupação das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo.... 96
Tabela 60: Setor de atividade das pessoas residentes nos domicílios. ................................... 97
Tabela 61: Setor de atividade das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo. .......... 97
Tabela 62: Renda individual média e pessoas que informaram a renda segundo o setor de
atividade................................................................................................................................ 98
Tabela 63: Condição de trabalho das pessoas residentes nos domicílios. .............................. 98
Tabela 64: Área total das propriedades rurais entrevistadas na AID. ...................................... 98
Tabela 65: Tipo de rebanho da pecuária das propriedades rurais entrevistadas na AID. ......... 99
Tabela 66: Área com atividade pecuária das propriedades rurais entrevistadas na AID. ......... 99
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Tabela 67: Destino da produção das propriedades rurais entrevistadas na AID. ..................... 99
Tabela 68: Avaliação da situação do local onde está a propriedade. .................................... 103
Tabela 69: Motivo para esta avaliação da situação do local onde está a propriedade. .......... 104
Tabela 70: Principal problema do local onde a propriedade se encontra. .............................. 105
Tabela 71: Grau de conhecimento sobre o empreendimento. ............................................... 106
Tabela 72: Posicionamento sobre o empreendimento. ......................................................... 106
Tabela 73: Motivação para o posicionamento em relação ao empreendimento. .................... 106
Tabela 74: Aspectos negativos que o empreendimento poderá ocasionar. ........................... 107
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1. INFORMAÇÕES GERAIS
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1.4. Identificação da Equipe e Responsáveis Técnicos
COORDENADORES T ÉCNICOS
RESPONSÁVEIS T ÉCNICOS
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Nome: Franciele Zanandrea
Formação profissional: Engenheira Ambiental
CPF: 012.068.440-35
N° CREA: CREA/SC 119448-1
CTF IBAMA: 5.473.020
ART: 5606856-0
EQUIPE TÉCNICA
EQUIPE DE APOIO
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2. DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO
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Agropecuário (IBGE), o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD), entre outras a
serem apresentadas no decorrer deste relatório.
Por serem fontes produzidas na perspectiva do planejamento metodológico que
orientou sua estruturação, as fontes secundárias nem sempre oferecem a informação requerida
para os estudos de diagnóstico. Em vista disso, para alguns aspectos fundamentais ao
diagnóstico, foram produzidas informações em fontes primárias.
Considerando a grande extensão da AID, foi dado foco no esforço de levantamento em
fonte primária ao perfil das propriedades potencialmente afetadas pelo empreendimento,
constituídas de propriedades rurais ao longo da ERS-625, e as propriedades de Minas do
Camaquã.
As entrevistas foram realizadas com base em questionário estruturado, com questões
fechadas (alternativas de respostas previstas) e abertas (sem previsão de alternativas de
resposta), voltado a identificar as características dos domicílios, o perfil socioeconômico das
famílias residentes e os tipos de atividades produtivas desenvolvidas no local, além de um
bloco de questões de opinião e percepção do entrevistado sobre os empreendimentos (Anexo
1).
Por se tratar de uma área urbanizada e com características próprias, as informações
relativas à população residente e atividades produtivas em Minas do Camaquã são tratadas
separadamente das entrevistas realizadas com pessoas residentes nas áreas rurais da AID.
As informações sobre o número de entrevistas e características dos entrevistados são
apresentadas nos itens respectivos. O trabalho de campo foi realizado durante os dias 15 e 22
de julho de 2015 e resultaram em 109 entrevistas efetivamente realizadas em Minas do
Camaquã (107 domicílios e dois estabelecimentos comerciais que não contavam com
domicílio) e 46 entrevistas com propriedades rurais na AID. Durante o trabalho de campo, além
das entrevistas, foram levantadas informações e realizados registros fotográficos que
contribuíram para a elaboração do diagnóstico.
Nas sedes municipais de Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista também foram
realizados levantamentos a campo, junto a infraestruturas e fontes de informações locais, bem
como entrevistas com agentes públicos e outras instituições. Para tanto, foi utilizado roteiro
semiestruturado, com questionamentos gerais e a possibilidade de enriquecimento por parte do
entrevistado com novos temas e abordagens. As atividades in loco e entrevistas foram
realizadas entre os dias 3 e 6 de agosto de 2015, totalizando doze entrevistas, sendo oito no
município de Caçapava do Sul e quatro em Santana da Boa Vista.
Os resultados, tanto dos levantamentos em fontes primárias, quanto em fontes
secundárias, são apresentados a seguir, sempre fazendo referência à fonte utilizada em cada
caso.
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2.2. Evolução e hierarquia dos municípios
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Segundo metodologia do IBGE, o estudo busca identificar os centros de polarização da rede
urbana, a dimensão da área de influência desses centros e os fluxos existentes entre eles.
Segundo o IBGE (2007), o estudo atual privilegia a função gestão do território. Para
tanto, identificou os “centros de gestão do território”, entendidos como as cidades onde
localizam-se os diversos órgãos do Estado e as sedes empresariais, o que possibilitou avaliar
os níveis de centralidade administrativa, jurídica e econômica. Para qualificar melhor o nível de
centralidade foi verificado, também, a oferta de equipamentos e serviços, entre as quais as
ligações aéreas, os deslocamentos para internações hospitalares, as áreas de cobertura das
emissoras de televisão, a oferta de ensino superior, a diversidade de atividades comerciais e
de serviços, a oferta de serviços bancários e a presença de domínios de Internet. O estudo é
realizado por meio de uma pesquisa específica, com aplicação de questionário, e
complementada com dados secundários.
Nos 4.625 municípios (entre os 5.564 existentes em 2007) que não foram identificados
como centros de gestão, a Rede de Agências do IBGE respondeu a um questionário específico
no final de 2007, que investigou as principais ligações de transporte regulares, em particular as
que se dirigem aos centros de gestão, e os principais destinos dos moradores locais, para
obter produtos e serviços (compras, educação superior, aeroportos, serviços de saúde,
aquisição de insumos e destino dos produtos agropecuários).
Com base nos resultados desta pesquisa, complementada com dados secundários, foi
construída uma hierarquia das metrópoles e centros, configurando redes de influência regionais
que possibilitam identificar os fluxos econômicos e sociais predominantes. As áreas de
influência dos centros foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades,
as quais foram classificadas em cinco níveis, por sua vez subdivididos em dois ou três
subníveis, a saber:
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5. Centro local: Composto pelas demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação
não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes.
Os centros locais geralmente possuem população inferior a 10 mil habitantes
(mediana de 8.133 habitantes).
Capital Capital
Capital Centro Sub- Centro Sub- Centro de Centro de
Metrópole Regional Regional Centro Local
Regional B Regional A Regional B Zona A Zona B
A C
Porto Alegre
Santana da
Boa Vista
Caçapava
Cerro Branco
do Sul
Novo Cabrais
Paraíso do Sul
Figura 1: Matriz da polarização regional. Fonte: IBGE, Regiões de Influência das Cidades, 2007.
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2.2.3. Minas do Camaquã
Segundo levantamentos feitos por Nogueira (2012), a procedência da exploração das
Minas do Camaquã tem como marco inicial a descoberta de rochas, pelo proprietário das terras
e Coronel João Dias dos Santos Rosa, com tonalidade esverdeada em meados de 1865. A
exploração foi possível, a partir de análises feitas por um grupo de geólogos ingleses que
explorava uma área mineral no município de Lavras do Sul e que validaram a qualidade do
cobre presente nas terras do coronel João Dias. A partir de então, o local passa a chamar-se
Minas do Camaquã, em virtude da área ser drenada pelo rio Camaquã e por um arroio que
passou a chamar-se João Dias.
A exploração minerária na área foi viabilizada com o capital inglês, através da empresa
The Rio Grande Gold Mining Limited, durante os anos de 1870 e 1887. Neste período, a
infraestrutura implantada na mina era bastante rudimentar, contando apenas com vagonetes
para transporte do minério na parte interna da mina, externamente o minério era deslocado por
tração animal (jumento). Ainda segundo Nogueira (2012), uma nova fase de exploração
ocorreu entre as décadas de 1889 e 1899 quando o controle das minas passou para as mãos
da família de João Dias dos Santos da Rosa através de seu herdeiro João Feliciano Dias que
assumiu a responsabilidade de exploração das minas após os problemas de saúde e morte de
seu pai em 1908. Neste sentido, o historiador ressalta que apesar das recorrentes concessões
feitas pela família Dias para a exploração da mina, essa era readquirida nos momentos de
crise, tendo em vista o desinteresse dos investidores estrangeiros.
Nessa nova fase, a família fez uma concessão de exploração de minério a empresários
e comerciantes alemães residentes na cidade de Pelotas, que resolveram investir na
continuidade de exploração de cobre na região. Entretanto, o empreendimento foi abandonado
pelos alemães, devido ao encarecimento dos transportes e à queda do preço do cobre no
mercado internacional, resultante da exploração de novas colônias, em especial aquelas
situadas no continente africano. Não obtendo o lucro almejado, os alemães intermediaram as
negociações entre o proprietário da mina, João Dias dos Santos Rosa, e investidores belgas,
através do seu representante e sócio no Brasil da Mines de Cuivre Camaquam S.A. Deste
modo, durante o período de 1899 até 1908, a companhia belga promoveu as atividades
mineradoras, tornando o trabalho mais técnico, devido à introdução de novas tecnologias para
a exploração.
A partir de então, foram abertas novas galerias subterrâneas, foi construída uma usina
de concentração de minério e também uma barragem no Arroio João Dias, que serviria para a
instalação de uma turbina de geração de energia elétrica. Essa nova fase, resultou na
necessidade de contratação de mais trabalhadores e intensificação das jornadas de trabalho,
visto que a extração se desenvolvia basicamente a partir do trabalho manual. A demanda por
mão de obra, resultou na construção de casas de moradias próximas à mina, tendo em vista, a
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vinda de trabalhadores da região, como de mineiros e geólogos de outros países. A exploração
belga encerrou-se devido à queda de rendimentos para exportação, em decorrência da
intensificação da mineração nos Estados Unidos e da descoberta de novas minas no Congo-
Belga, outro fator que contribuiu foi a falta de estrutura adequada para o escoamento da
produção, que naquele período era feita por meio de carregas em estradas que apresentavam
más condições de trafegabilidade em função de chuvas recorrentes, bem como deterioração
das estradas existentes (MACEDO, 2006, apud NOGEIRA, 2012).
Na década de 1930, Minas do Camaquã foi alvo do interesse governamental, visto que
o preço do cobre havia aumentado no mercado internacional, em virtude do seu uso na
indústria bélica durante a Segunda Guerra Mundial. Com isso, o governo investe fortemente na
exploração das Minas do Camaquã, sendo então fundada a Companhia Brasileira do Cobre
(CBC), tendo como principais acionistas o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a
Laminação Nacional de Metais LTDA, pertencente ao Grupo Pignatari. Neste período, foi
implementado um processo industrial de exploração das minas, o que demandou a
implantação de uma infraestrutura urbana para atender a mão de obra produtiva das minas.
Dando então surgimento a uma vila no entorno das Minas do Camaquã, administrada pela
própria CBC.
O complexo mineiro instalado compreendia, além da empresa de mineração, uma
infraestrutura urbana, muito bem planejada, composta de equipamentos públicos e
comunitários, tais como: estação própria de tratamento de água e de geração de energia;
praça; escola; cinema; clube; hotel; hospital e igrejas, além das casas que serviam de moradia
para os trabalhadores das minas. Atualmente, parte deste patrimônio se mantém, porém, sem
operação ou com precária manutenção (Foto 1 à Foto 4).
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Foto 3: Cine Rodeio e praça central. Foto 4: Ginásio de esportes local (atualmente
fechado).
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A
B C
Figura 2: Atrativos naturais da Vila Minas do Camaquã (A: Pedra das Guaritas, Morro da Cruz e Arroio
João Dias; B: Pedra dos Ingleses; C: Praia do Paredão). Fonte: site /fotos de Ubirajara Cruz.
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Tabela 1: População residente por situação de domicílio (2010).
Urbana Rural Total
Unidade territorial
Pop. % Pop. % Pop. %
Caçapava do Sul 25.410 87,2 8.280 64,7 33.690 80,3
Santana da Boa Vista 3.723 12,8 4.519 35,3 8.242 19,7
AII 29.133 100,0 12.799 100,0 41.932 100,0
Rio Grande do Sul 9.100.291 0,3 1.593.638 0,8 10.693.929 0,4
Fonte: IBGE Censo Demográfico; PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano.
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No período anterior (1991/2000) a taxa de crescimento da população dos municípios da
AII (0,1% a.a.) foi praticamente nula, sendo que a do Rio Grande do Sul foi de 1,2% a.a.,
indicando um ritmo de crescimento da população da AII acentuadamente negativo.
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Figura 4: Taxa de crescimento da população da AII (1991/2010) (% a.a.).
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Esses dois fatores combinados resultam em uma desaceleração muito grande das
taxas de crescimento da população, resultando em projeções que apontam para que na
década de 2040 no Brasil ocorra a inflexão da curva de crescimento da população total, que
passaria a diminuir (saldo de nascimentos menor que o de falecimentos).
Tais fatores incidem de forma mais ou menos homogênea sobre a população de uma
determinada região, tendo em vista o perfil socioeconômico médio da população. Variações
maiores podem ser observadas onde a infraestrutura de saúde e saneamento, bem como de
ensino e nível de renda, apresentam grandes variações, o que, na escala da AII, não é o caso,
ou seja, os municípios registram um padrão similar ao regional para o seu tamanho de
população.
Além disso, a dinâmica populacional local é muito afetada pela migração, ou seja, pelo
deslocamento de população de um município para outro. Geralmente, áreas deprimidas
economicamente ou com baixo dinamismo de emprego e renda tendem a expulsar população
em direção a municípios com dinamismo econômico, com maior chance de obtenção de
emprego e melhor infraestrutura de equipamentos e serviços sociais. Nas regiões
metropolitanas é comum o deslocamento pendular, ou seja, de moradia em um município e
trabalho em outro por conta da proximidade e existência de serviços de transporte. Nas regiões
mais interioranas, a tendência é a migração permanente, que pode ser do grupo familiar ou,
mais comumente, de membros da família, geralmente mais jovens e em idade ativa, que
encontram dificuldade para se ocuparem no município de origem.
Os aspectos que podem interferir sobre os fatores fecundidade e longevidade (estrutura
de serviços e equipamentos públicos, dinamismo econômico local, entre outros) tendem a se
transformar em um aspecto impulsionador dos movimentos migratórios que ocorrem de acordo
com o deslocamento de investimentos em atividades produtivas (concentração de atividade
econômica) e em equipamentos e serviços públicos. Ou seja, fecundidade, longevidade e
migração estão imbricados de forma complexa.
Assim, o resultado em termos de dinâmica demográfica é uma tendência geral de
redução da taxa de crescimento da população por conta principalmente da redução da taxa de
fecundidade, processo mais ou menos homogêneo regionalmente, atenuada parcialmente e
temporariamente até se estabilizar em um patamar superior pela longevidade da população.
Esta tendência é afetada, conjunturalmente, por assim dizer, pelos movimentos migratórios,
que estão relacionados a investimentos e oportunidades melhores ou piores em diferentes
locais.
Segundo o Censo Demográfico de 2010 no Rio Grande do Sul 8,4% das pessoas com 5
anos ou mais de idade não residiam no município onde foram recenseadas em 2005, ou seja,
residiam no município a menos de 5 anos. Na AII essa taxa era de apenas 5,8%, menor,
portanto, que o Estado, indicando ser uma região de baixa atratividade para migração.
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O desempenho dos municípios da AII neste quesito é muito parecido, com taxas de
pessoas com 5 anos ou mais de idade não residiam no município onde foram recenseadas em
2005, estas taxas são mais elevadas entre a população urbana (6,5%) e menor entre a
população rural (4,4%), conforme apresentado na Tabela 3.
Para permitir uma avaliação comparativa da atratividade de população da AII, os
municípios do Rio Grande do Sul foram classificados segundo o seu Grau de Atratividade. O
Grau de Atratividade de População Migrante equivale a faixas de proporção de pessoas de 5
anos ou mais de idade que não residiam no município em 31/07/2005 sobre a população total
de pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam no município. As faixas são: Muito baixa -
de 2,5% a 5,5%; Baixa - de 5,6% a 8,4%; Alta - de 8,5% a 11,5%; Muito alta - de 11,6% a
31,8%.
Segundo esse critério, os municípios de maior atratividade entre 2005 e 2010 foram os
do litoral norte do Estado (Tramandaí, Capão da Canoa, Xangri-lá, Imbé, Arroio do Sal,
Balneário Pinhal, Cidreira) e municípios pequenos (a maior população entre os municípios de
atratividade muito alta é de 48 mil habitantes). De maneira geral, os grandes municípios do Rio
Grande do Sul estão classificados nas categorias baixa ou muito baixa atratividade, com
exceção de Caxias do Sul e alguns municípios grandes da região metropolitana. Porto Alegre,
por exemplo, é classificada como tendo baixa atratividade.
Na AII, Caçapava do Sul é classificada como tendo baixa atratividade para a migração e
Santana da Boa Vista como muito baixa atratividade para migração.
Tabela 3: Proporção (%) de pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam no município em
31/07/2005, pela situação do domicílio e pela classe de grau de atratividade de população migrante
(2010).
Unidade territorial Total Urbana Rural Grau de atratividade 1
Caçapava do Sul 5,9 6,5 4,4 Baixa
Santana da Boa Vista 5,3 6,5 4,4 Muito baixa
AII 5,8 6,5 4,4 Baixa
Rio Grande do Sul 8,4 8,6 7,2 -
Fonte: IBGE Censo Demográfico / Grau de atratividade: o autor.
1
O Grau de Atratividade de População Migrante equivale a faixas da proporção de pessoas de 5 anos ou mais de idade que não
residiam no município em 31/07/2005 sobre a população total de pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam no município:
Muito baixa - de 2,5% a 5,5%; Baixa - de 5,6% a 8,4%; Alta - de 8,5% a 11,5%; Muito alta - de 11,6% a 31,8%.
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encolhimento destas faixas, especialmente de jovens, registra o processo de migração seletiva
de população em idade ativa, especialmente de entrantes no mercado de trabalho que buscam
em outros municípios melhores oportunidades de emprego e acesso a serviços. O efeito desta
migração seletiva, que em grande medida coincide com as faixas de idade reprodutiva das
mulheres, é a redução do número de filhos por família, resultando numa redução ainda maior
da participação de crianças na base da pirâmide, que se reflete nas taxas de crescimento
negativo indicadas anteriormente.
2010 2000
Figura 5: Pirâmide etária de Caçapava do Sul
2010 2000
Figura 6: Pirâmide etária de Santana da Boa Vista
Os municípios da AII foram responsáveis por um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 631
milhões em 2012, correspondentes a 0,2% do PIB do Rio Grande do Sul naquele ano.
A maior participação no PIB da AII é registrada pelo município de Caçapava do Sul, que
representou 83,7% do PIB da AII, enquanto Santana da Boa Vista participou com 16,3%.
Caçapava do Sul participou com 95,1% do Valor Agregado Bruto (VAB) industrial e com
91,3% do valor de impostos. A participação mais significativa de Santana da Boa Vista é no
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VAB agropecuário (34,1% do VAB agropecuário da AII), fazendo com que este setor
represente a maior participação no VAB estadual deste setor (0,5%).
A segunda maior participação da AII no valor do PIB do Rio Grande do Sul é nos
impostos (0,4% do valor deste item no conjunto dos municípios do Estado). Esta também é a
segunda maior participação de Santana da Boa Vista no valor agregado setorial da AII.
Tabela 4: Valor Agregado Bruto (VAB) dos setores e Produto Interno Bruto (PIB) (%) (2012).
Agropecuária
Adm. Pública
(A+B+C+D)
Impostos
Serviços
Indústria
PIB
(A)
(B)
(C)
(D)
Municípios
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Figura 7: Estrutura setorial do PIB Municipal da AII (2012).
Tabela 5: PIB per capita (R$) e variação do PIB per capita municipal em relação ao estadual (%) (2012).
Unidade territorial PIB per capita (R$) PIB per capita municipal / estadual (%)
Caçapava do Sul 15.753,88 -37,3%
Santana da Boa Vista 12.528,56 -50,1%
AII 15.121,29 -39,8%
Rio Grande do Sul 25.112,74 -
Fonte: FEE.
Em termos de dinâmica recente, contudo, o PIB dos municípios da AII vem registrando
crescimento. Em valores constantes (descontada a inflação do período através do deflator
implícito do PIB), a AII registrou um crescimento do PIB de 18,6% no período entre 2006/2010,
embora o Rio Grande do Sul tenha registrado crescimento maior, de 21,0% (Tabela 6).
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A maior taxa de crescimento é registrada em Santana da Boa Vista, que apresentou
desempenho econômico (23,1%) maior que o do Rio Grande do Sul, capitaneado pelo
crescimento do setor de serviços (26,6%) e do setor industrial (22,0%). Caçapava do Sul
registrou maior crescimento no período 2006/2010 no setor agropecuário (39,6%), contudo, no
setor industrial registrou taxa negativa de -5,0%.
Tabela 6: Variação (%) do Produto Interno Bruto (PIB) total e setorial a preços constantes (2006/2010).
Municípios Total Agropecuário Industrial Serviços Impostos
Caçapava do Sul 17,7% 39,6% -5,0% 24,7% 2,9%
Santana da Boa Vista 23,1% 19,7% 22,0% 26,6% 5,7%
AII 18,6% 32,8% -3,8% 25,0% 3,2%
Rio Grande do Sul 21,0% 13,8% 26,1% 20,4% 18,5%
Fonte: IPEADATA.
Assim, o setor agropecuário foi o que registrou maior crescimento real no período
2006/2010 na AII, com 32,8% (enquanto no Rio Grande do Sul o crescimento foi de apenas
13,8%). O crescimento do setor de serviços também foi elevado na AII neste período,
registrando 25,0% (superior ao do Estado, que foi de 20,4%).
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Soja 68,2% 64,2% 67,7% 79,2% 68,0% 69,5% 55,1% 43,2%
Outros 7,2% 3,6% 7,5% 4,5% 7,4% 3,9% 20,2% 28,9%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal.
A área de cultivos permanentes na AII, em 2013, era limitada a apenas 247 hectares de
área destinada à colheita, sendo muito concentrada no cultivo de laranja (145 hectares) e
também de uva (33 hectares).
Caçapava do Sul concentra a maior parte da área de cultivos permanentes (190 ha) e
foi responsável, por 73,0% do valor da produção destes cultivos em 2013.
Segundo a pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, do IBGE, a
atividade de silvicultura na AII também é muito reduzida. Em 2013 foram produzidos 9,2 mil m 3
de lenha, a um valor de produção de 388 mil reais, e 2,4 mil m 3 de madeira em tora, a um valor
da produção de 316 mil reais. Caçapava do Sul concentrou a maior parte da produção de
madeira em tora (86,7%) e de lenha (65,7%).
A maior participação da AII no setor primário está na atividade pecuária. Os maiores
rebanhos registrados em 2014 na AII são de bovinos (310 mil cabeças) e de ovinos (158,6 mil
cabeças), além do rebanho equino (11 mil cabeças) e caprino (10,6 mil cabeças).
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Os rebanhos da AII são importantes no rebanho total do Rio Grande do Sul. O de
caprinos participa com 11,0% do rebanho gaúcho e o de ovinos com 3,8%. O rebanho bovino,
por sua vez, participa com 2,2% (Tabela 10).
Caçapava do Sul concentra os maiores rebanhos de bovinos (71,4% das cabeças da
AII) e também de ovinos (53,2%). Santana da Boa Vista se destaca pela concentração do
rebanho de caprinos (61,7% da AII e 6,8% do rebanho gaúcho).
Tabela 11: Estabelecimentos formais segundo a Seção de Atividade (CNAE 2.0) (2014).
Caçapava do Santana da AII /
AII
Seção CNAE 2.0 Sul Boa Vista RS
Estab. % Estab. % Estab. % %
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal,
270 28,3 29 24,4 299 27,9 1,3
Pesca e Aquicultura
Indústrias Extrativas 12 1,3 1 0,8 13 1,2 1,8
Indústrias de Transformação 59 6,2 4 3,4 63 5,9 0,2
Eletricidade e Gás 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0,0
Água, Esgoto, Atividades de Gestão de
3 0,3 1 0,8 4 0,4 0,4
Resíduos e Descontaminação
Construção 49 5,1 1 0,8 50 4,7 0,2
Comércio, Reparação de Veículos
346 36,3 63 52,9 409 38,1 0,4
Automotores e Motocicletas
Transporte, Armazenagem e Correio 46 4,8 4 3,4 50 4,7 0,3
Alojamento e Alimentação 39 4,1 2 1,7 41 3,8 0,2
Informação e Comunicação 8 0,8 1 0,8 9 0,8 0,2
Atividades Financeiras, de Seguros e
11 1,2 3 2,5 14 1,3 0,3
Serviços Relacionados
Atividades Imobiliárias 1 0,1 0 0,0 1 0,1 0,0
Atividades Profissionais, Científicas e
16 1,7 2 1,7 18 1,7 0,2
Técnicas
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Caçapava do Santana da AII /
AII
Seção CNAE 2.0 Sul Boa Vista RS
Estab. % Estab. % Estab. % %
Atividades Administrativas e Serviços
14 1,5 2 1,7 16 1,5 0,1
Complementares
Administração Pública, Defesa e Seguridade
4 0,4 2 1,7 6 0,6 0,5
Social
Educação 9 0,9 0 0,0 9 0,8 0,2
Saúde Humana e Serviços Sociais 28 2,9 1 0,8 29 2,7 0,2
Artes, Cultura, Esporte e Recreação 10 1,0 0 0,0 10 0,9 0,4
Outras Atividades de Serviços 28 2,9 3 2,5 31 2,9 0,3
Serviços Domésticos 1 0,1 0 0,0 1 0,1 0,5
Organismos Internacionais e Outras
0 0,0 0 0,0 0 0,0 0,0
Instituições Extraterritoriais
Total 954 100 119 100 1073 100 0,3
Fonte: MTE/RAIS.
Tabela 12: Pessoas ocupadas segundo a Seção e Grupo de Atividade (CNAE 2.0) (2010).
Caçapava do Santana da AII /
AII
Seção CNAE 2.0 Sul Boa Vista RS
Ocup. % Ocup. % Ocup. % %
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Caçapava do Santana da AII /
AII
Seção CNAE 2.0 Sul Boa Vista RS
Ocup. % Ocup. % Ocup. % %
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal,
3670 23,5 1930 58,2 5600 29,6 0,6
Pesca e Aquicultura
Indústrias Extrativas 495 3,2 - - 495 2,6 3,5
Indústrias de Transformação 987 6,3 40 1,2 1027 5,4 0,1
Eletricidade e Gás 38 0,2 4 0,1 42 0,2 0,3
Água, Esgoto, Atividades de Gestão de
52 0,3 5 0,2 57 0,3 0,2
Resíduos e Descontaminação
Construção 1011 6,5 101 3,0 1112 5,9 0,3
Comércio, Reparação de Veículos
2347 15,0 370 11,1 2717 14,3 0,3
Automotores e Motocicletas
Transporte, Armazenagem e Correio 577 3,7 49 1,5 626 3,3 0,3
Alojamento e Alimentação 418 2,7 28 0,8 446 2,4 0,3
Informação e Comunicação 88 0,6 18 0,5 106 0,6 0,2
Atividades Financeiras, de Seguros e
116 0,7 20 0,6 136 0,7 0,2
Serviços Relacionados
Atividades Imobiliárias 20 0,1 - - 20 0,1 0,1
Atividades Profissionais, Científicas e
382 2,4 19 0,6 401 2,1 0,2
Técnicas
Atividades Administrativas e Serviços
243 1,6 - - 243 1,3 0,1
Complementares
Administração Pública, Defesa e Seguridade
833 5,3 314 9,5 1147 6,1 0,4
Social
Educação 892 5,7 97 2,9 989 5,2 0,4
Saúde Humana e Serviços Sociais 367 2,3 61 1,8 428 2,3 0,2
Artes, Cultura, Esporte e Recreação 37 0,2 20 0,6 57 0,3 0,1
Outras Atividades de Serviços 220 1,4 55 1,7 275 1,5 0,2
Serviços Domésticos 1447 9,3 183 5,5 1630 8,6 0,5
Organismos Internacionais e Outras
- - - - - - -
Instituições Extraterritoriais
Atividades mal definidas 1385 8,9 5 0,2 1390 7,3 0,5
Total 15625 100 3319 100 18944 100 0,3
Fonte: IBGE Censo Demográfico, 2010.
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Em termos de crescimento da renda per capita, Caçapava do Sul registrou taxas anuais
de crescimento muito próximas das estaduais. Santana da Boa Vista, contudo, depois de um
intenso crescimento no período 1991/2000 (7,5% a.a.), registrou taxa menor que a do Rio
Grande do Sul no período mais recente (2,7% a.a.).
Contribui para explicar esses resultados, em termos de renda da população, a
participação da renda do trabalho na renda total das pessoas. Quando a renda do trabalho
participa pouco na renda total, há um indicativo de que uma parcela maior da população tem
sua renda oriunda de outras fontes, especialmente programas públicos de distribuição de renda
e benefícios sociais quando a renda per capita é baixa.
Em Caçapava do Sul, a renda do trabalho contribuía com 62,9% da renda total das
pessoas em 2010, sendo que no Rio Grande do Sul esta participação era de 71,5% naquele
mesmo ano. Em Santana da Boa Vista este percentual, em 2010, era de apenas 49,7% e
apresentou o mesmo padrão verificado em relação à renda per capita, com taxas maiores no
período 1991/2000 (neste caso negativas). Ou seja, cada vez em menor proporção a renda das
pessoas é proveniente da renda do trabalho, processo verificado também para o Rio Grande
do Sul.
Tabela 13: Renda per capita e proporção (%) da renda proveniente de rendimentos do trabalho
(1991/2010).
Variação (% a.a.) Renda Variação (% a.a.)
Renda per
trabalho /
Municípios capita (R$ 2000 / 1991 / 2000 / 1991 /
renda total
2010) 2010 2000 2010 2000
(%)
Caçapava do Sul 618,98 3,2% 3,7% 62,9 -0,5% -2,0%
Santana da Boa Vista 404,01 2,7% 7,5% 49,7 -0,3% -5,2%
Rio Grande do Sul 959,24 3,1% 3,8% 71,5 -0,5% -1,1%
Fonte: PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano.
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40
Contudo, a renda per capita baixa está associada com maiores taxas de pobreza em
relação ao conjunto dos municípios do Rio Grande do Sul, a exemplo da proporção de pessoas
extremamente pobres, que atinge 931,1% em Santana da Boa Vista, de pessoas pobres e de
pessoas vulneráveis à pobreza, conforme critérios definidos pelo Atlas do Desenvolvimento
Humano (62,1% e 85,8%, respectivamente, neste mesmo município). Essas taxas no Rio
Grande do Sul são muito menores que as registradas nos dois municípios da AII.
Tabela 14: Índice de Gini e proporção (%) de pessoas extremamente pobres, pobres e vulneráveis à
pobreza (1991/2010).
Índice de Variação (% a.a.) % % % vulneráveis
Municípios Gini 2000 / 1991 / extremamente pobres à pobreza
(2010) 2010 2000 pobres (2010) (2010) (2010)
Caçapava do Sul 0,48 -1,2% -0,4% 16,7 39,9 63,9
Santana da Boa Vista 0,52 -1,9% 2,8% 31,1 62,1 85,8
Rio Grande do Sul 0,54 -0,7% -0,2% 9,9 26,8 49,6
Fonte: PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano.
Tabela 15: Grau de formalização dos ocupados com 18 anos ou mais e taxa de desocupação da
População Economicamente Ativa com 18 anos ou mais (2000/2010).
Grau de Variação Taxa de Variação
Municípios
formalização (%) 2000/2010 (% a.a.) desocupação (%) 2000/2010 (% a.a.)
Caçapava do Sul 52,2 -0,4% 5,7 -6,0%
Santana da Boa Vista 26,8 -1,0% 3,1 -11,9%
Rio Grande do Sul 66,4 1,0% 4,6 -8,3%
Fonte: PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano.
Por fim, outro aspecto a considerar neste item do diagnóstico é a taxa de desocupação,
que corresponde a uma aproximação da taxa de desemprego, representada pelo percentual da
população economicamente ativa (PEA) com 18 anos ou mais de idade que estava
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41
desocupada, mas havia procurado trabalho ao longo do mês anterior à data dessa pesquisa,
no caso o Censo 2010.
No Rio Grande do Sul em 2010 a taxa de desocupação era de 4,6%. Em Caçapava do
Sul a taxa era de 5,7%, ou seja, uma proporção maior de pessoas procurou trabalho. Em
Santana da Boa Vista a taxa foi menor que a do Estado, registrando redução maior no período
2000/2010. A taxa de desocupação reduzida, contudo, não necessariamente reflete um
mercado de emprego que absorve a mão de obra local. A taxa reduzida pode estar refletindo a
falta de oportunidades e a desmotivação das pessoas em buscar procurar trabalho no
município, hipótese plausível considerando o que foi comentado acerca da migração seletiva
registrada na análise demográfica.
02 ginecologistas;
01 médico perito;
02 pediatras;
01 ultrassonografista;
01 endocrinologista;
01 psiquiatra;
13 enfermeiros;
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36 técnicos de enfermagem.
01 Policlínica;
01 Hospital com 80 leitos – Hospital de Caridade Dr. Victor Lang, onde funciona o
Centro Regional de Oftalmologia, habilitado a realizar procedimentos
oftalmológicos de média complexidade com atendimento pelo Sistema Único de
Saúde (SUS);
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O serviço assistencial conta com uma equipe de aproximadamente 60 servidores, com
relação a estrutura disponível destacam-se um Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS) e um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
Os principais problemas recorrentes na área de assistência social são a drogadição,
fato presente também da Área de Influência Direta, Vila Minas de Camaquã, e negligência com
idosos.
Com relação ao município de Santana da Boa Vista, a estrutura física destinada a
saúde e assistência social é formada por: uma unidade de Saúde da Família (ESF) e duas em
construção; um posto de saúde; uma farmácia básica; um CRAS; um Hospital Filantrópico com
13 leitos, 30 enfermeiros e um médico. Verificou-se também uma unidade do SAMU, duas
ambulâncias, uma van e um micro-ônibus.
Em termos de recursos humanos o município de Santana da Boa Vista conta com dois
psicólogos, um assistente social; 21 profissionais entre médicos, enfermeiros e técnicos de
enfermagem e 12 agentes de saúde. Atualmente não possuem médico 24hs.
Os polos de referência em Pronto Atendimento para Santana da Boa Vista são os
municípios de Pelotas, Rio Grande, Canguçu e Porto Alegre (Banco de Olhos).
As maiores ocorrências na área de saúde estão relacionadas a problemas de
depressão (surtos psicóticos) cuja faixa etária mais representativa é entre 35 e 55 anos e em
homens. No que diz respeito a vulnerabilidade social, existem situações de famílias
específicas, sendo que a principal concentração geográfica, ocorre na Vila Florêncio, próxima a
sede do município (periferia). Tanto na saúde como assistência social, as localidades de
entorno de Minas do Camaquã demandam poucas solicitações para o município de Santana da
Boa Vista.
2.5.2. Educação
Neste item foi levantado de forma quantitativa o tamanho da rede de ensino, por nível
de ensino e dependência administrativa das escolas, número de funções docentes e
matrículas. O conhecimento sobre a rede de ensino fornece subsídios importantes para o
planejamento das políticas educacionais na região. Os dados utilizados referem-se aos dados
finais do Censo Escolar 2014, disponibilizados pela Fundação de Economia e Estatística
(FEE).
A infraestrutura educacional da educação infantil, primeiro nível da educação básica,
totalizou 43 estabelecimentos de ensino na AER, 28 pertencentes à rede municipal, 14 à rede
estadual e somente uma à rede particular de ensino (Quadro 1). O ensino fundamental, por sua
vez, em 2014, dispunha de 36 estabelecimentos, sendo que deste total 19 pertenciam à rede
municipal, 15 à rede estadual e dois à rede particular de ensino (Quadro 2). Por fim, o ensino
médio é o nível de ensino com menor número de estabelecimentos na AER, totalizando sete
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escolas, a maior parte delas pertencentes à rede estadual (06), e um pertencente a rede
particular, conforme Quadro 3.
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Municípios Total Particular Municipal Federal Estadual
Caçapava do Sul 133 16 - - 117
Santana da Boa Vista 23 - - - 23
Total 156 16 0 0 140
Fonte: FEEDADOS, 2014.
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Campus da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), que disponibiliza cursos de
graduação e um de pós-graduação (Mestrado Profissionalizante em Tecnologia Mineral). Os
cursos de graduação são: Engenharia Sanitária e Ambiental; Geofísica; Geologia; Licenciatura
em Ciências Exatas e Tecnologia em Mineração. Além do Campos da Unipampa, o ensino
superior também é buscado nos municípios de Bagé, Cachoeira do Sul, Santa Maria e São
Gabriel, contando com o apoio da Associação de Universitários que fornece auxílio financeiro
aos estudantes.
No que diz respeito à qualidade da educação, tomou-se como base os resultados do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador criado pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que avalia o fluxo escolar e
médias de desempenho nas avaliações. A partir dos resultados do Ideb de 2013, observou-se
que nos anos iniciais, a rede pública de Caçapava do Sul atingiu a meta (5,2) e cresceu
comparando-se com os resultados de períodos anteriores, no entanto, nos anos finais houve
crescimento, mas o município não alcançou a meta de 3.9, atingindo nesse caso um Ideb de
3,3.
O município de Santana da Boa Vista por sua vez, atingiu um Ideb de 4,5 nos anos
iniciais e 3,3 nos anos iniciais, entretanto, não atingiu a meta em nenhuma das etapas
escolares que era de 4,8 e 3,8, respectivamente. Ressalta-se ainda que o município
apresentou queda do Ideb da rede pública nas duas etapas avaliadas.
Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista contam com Plano Municipal de Educação
(PME), ambos elaborados e aprovados no segundo semestre de 2015. Conforme alguns dados
obtidos no site da Prefeitura de Caçapava do Sul, a elaboração do PME do município feita por
representantes da Secretaria de Educação, Conselho Municipal de Educação, Poder
Legislativo, Instituições Privadas de Educação, Instituições de Ensino Superior, Entidades Civis
Organizadas e Profissionais da Educação. O plano foi estruturado em cinco grandes eixos, a
saber: i) garantia dos direitos educacionais; ii) superação das desigualdades sociais; iii); ensino
superior; iv) valorização dos profissionais da educação e; v) financiamento e fortalecimento da
gestão democrática. Dentro dos eixos foram estabelecidas 20 metas educacionais para o
município nos próximos 10 anos.
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Figura 8: Mapa de ampliação das vagas prisionais, no período de 2012-2015. Fonte: Secretaria do
Planejamento Mobilidade e Desenvolvimento Regional.
Uma iniciativa voltada a integrar políticas de segurança e ações sociais preventivas são
os Território da Paz, nessas áreas, é implementado um conjunto de ações junto as
comunidades e as forças de segurança, visando a redução da criminalidade local. A
Implantação do Programa Território da Paz tem como foco regiões com maiores índices de
violência e conta com um número de telefone específico (800.64.23456) que recebe ligações
24 horas por dia. O número está disponível para receber denúncias e informações sobre a
atuação de quadrilhas e gangues, abusos contra crianças, mulheres e idosos, autoria de
crimes, localização de foragidos, pontos de tráfico de drogas, porte ilegal de armas, e outros.
O Programa Território da Paz se articula com outras ações sociais, envolvendo projetos
nas áreas de saúde, educação, cultura, geração de emprego e renda, entre outras, com o
objetivo dar mais segurança, bem como desenvolver as potencialidades dos moradores e
suprir suas principais necessidades.
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Considerando que os municípios da Área de Influência Indireta do empreendimento não
se caracterizam como municípios de altos índices de violência, não contando com esse tipo de
iniciativa. Nenhum dos dois municípios contam com órgão específico de segurança pública. A
estrutura existente é Delegacia de Polícia Civil em ambos os municípios, entretanto, somente
Caçapava do Sul conta com Unidade do Corpo de Bombeiros. Santa Bárbara do Sul conta com
Conselho de Defesa Civil, formado em 2013, de caráter consultivo, deliberativo e normativo.
Figura 9: Mapa de viaturas da Polícia Civil, IGP e Territórios da Paz (2012-2015). Fonte: Secretaria do
Planejamento Mobilidade e Desenvolvimento Regional.
Entorpecentes - Tráfico
Entorpecentes - Posse
Homicídio Doloso
Roubo de Veículo
Furto de Veículo
Estelionato
Latrocínio
Extorsão
Roubos
Furtos
Total
Municípios
Quadro 11: Registro de mulheres vítimas de violência – Lei Maria da Penha, 2015.
Posição no Ameaça Posição Lesão Corporal
Estado Município Nº no Estado Município Nº
54 Caçapava do Sul 80 64 Caçapava do Sul 34
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50
Posição no Ameaça Posição Lesão Corporal
Estado Município Nº no Estado Município Nº
167 Santana da Boa Vista 12 206 Santana da Boa Vista 4
- Total 92 - Total 38
Fonte: Secretaria da Segurança Pública, DGEO/DEC, 2015.
2.5.4. Saneamento
A Lei nº 11.445/07, em seu Art. 3º, define Saneamento Básico como sendo o conjunto
de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável;
b) esgotamento sanitário;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
Os aspectos relativos a saneamento básico tratados neste diagnóstico serão abordados
com relação abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de resíduos sólidos. É
importante ressaltar que o principal instrumento de gestão municipal do saneamento básico é o
Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) que com a publicação da Lei nº 11.445 tornou-
se obrigatório para todas as prefeituras. Em consulta as prefeituras de Caçapava do Sul e
Santana da Boa Vista, verificou-se que somente o primeiro possui o referido plano elaborado,
datado de 2013.
Deste modo, de acordo com o PMSB de Caçapava do Sul, o abastecimento de água no
município é realizado pela Companhia Rio-grandense de Saneamento (CORSAN), através de
concessão municipal. A captação é feita nas barragens do Arroio do Salso e do Arroio das
Pedras, e o tratamento é do tipo convencional, feita por estação de tratamento.
No ano de 2010, na zona urbana do município de Caçapava do Sul, 97,6% dos
domicílios eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água, enquanto 2,2% eram
atendidos por poços ou nascentes. Apenas 0,2% dos domicílios urbanos eram abastecidos de
outra forma (água de reservatório ou caixa, abastecido com água das chuvas, por carro-pipa).
No que diz respeito a zona rural, mais da metade dos domicílios, 87,3% eram abastecidos por
poços ou nascentes e 10,0% pela rede geral. Apenas 2,6% dos domicílios rurais eram
abastecidos de outras formas, conforme Tabela 16.
Tabela 16 – Situação dos domicílios de Caçapava do Sul por tipo de abastecimento de água, 2010.
Tipo de Zona Urbana Zona Rural
Abastecimento Nº Domicílios % Nº Domicílios %
Rede Geral 8.931 97,6 296 10,0
Poço ou nascente 200 2,2 2.576 87,3
Outra forma 19 0,2 78 2,6
Fonte: IBGE Censo Demográfico.
Com relação ao esgotamento sanitário, o município não conta com tratamento, existe
apenas a coleta e o afastamento do mesmo por meio de rede geral ou pluvial. Na maior parte
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da zona urbana, a coleta e afastamento do esgoto sanitário é realizado pela Prefeitura
Municipal sem ônus para o usuário, no entanto, no Bairro Pró-Morar a coleta e afastamento é
feita pela CORSAN, sendo cobrada uma taxa equivalente a 50% do valor do consumo de água
por domicílio.
Em 2010, na zona urbana de Caçapava do Sul, 59,9% dos domicílios tinham o esgoto
coletado pela rede geral ou pluvial, 7,4% por meio de fossa séptica, 29,7% por fossa
rudimentar (sumidouro), 2,8% tinham outra forma de esgotamento sanitário (escoamento sobre
o solo ou lançamento direto em corpos hídricos). Apenas 24 domicílios não possuíam
banheiros ou sanitários, o que representa menos de 1% dos domicílios da zona urbana. Na
zona rural verifica-se a precariedade do serviço, tendo em vista que em 90,7%, quase a
totalidade dos domicílios, destinavam seus efluentes em fossa rudimentar, vala, corpos
hídricos, ou escoamento sobre o solo. Além disso, 3,4% dos domicílios não possuíam
banheiros ou sanitários. E somente dez domicílios, 0,3% eram atendidos pela rede geral e
5,8% possuíam fossa séptica, conforme a Tabela 17.
Tabela 17: Domicílios de Caçapava do Sul por tipo de esgotamento sanitário, 2010.
Zona Urbana Zona Rural
Tipo de Abastecimento
Nº % Nº %
Rede Geral ou Pluvial 5.477 59,9 10 0,4
Fossa Séptica 675 7,4 170 5,8
Fossa Rudimentar (sumidouro) 2.716 29,7 2.448 83,0
Outra forma 258 2,8 228 7,7
Sem banheiros ou sanitário 24 0,3 94 3,2
Fonte: IBGE Censo Demográfico.
Vila Pereirinha;
Vila Progresso;
Vila Frigorífico;
Durasnal;
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Considerando-se dos dados da Tabela 18, 81,3% dos resíduos gerados no município de
Caçapava do Sul são coletados, entretanto, 74,9% por serviço de limpeza e 6,4% coletado em
caçambas de serviço de limpeza. Considera-se que município possui áreas não atendidas por
serviço de limpeza, em especial as áreas rurais, 13,9% dos resíduos são queimados nas
propriedades, 3,6% são enterrados e menos de 1% jogados em terreno baldio, ou lançados
nos corpos d‟água.
Tabela 18: Situação dos domicílios de Caçapava do Sul por destino de lixo, 2010.
Pessoas residentes Número Frequência (%)
Coletado 9.838 81,3
Coletado por serviço de limpeza 9.064 74,9
Coleta em caçamba de serviço de limpeza 774 6,4
Queimado na propriedade 1.677 13,9
Enterrado na propriedade 432 3,6
Jogado em terreno baldio ou logradouro 30 0,2
Jogado em rio, lago ou mar 9 0,1
Total 12.100 100
Fonte: IBG, Censo Demográfico, 2010.
Conforme colocado anteriormente, o município de Santana da Boa Vista não conta com
PMSB elaborado, não sendo possível, portanto, realizar um levantamento mais detalhado da
situação de saneamento básico. Por outro lado, os dados do Censo Demográfico do IBGE,
demonstram uma situação pior do que aquela verificada no município de Caçapava do Sul, em
todos os quatro eixos de saneamento.
Pouco mais de 50% dos domicílios de Santana da Boa Vista possuem abastecimento
de água por rede geral, 30,2% captam água de poços ou nascentes propriedade, outros 17,1%
de poços ou nascentes fora da propriedade. Menos de 1% captam água de rio, açude, lago ou
igarapé (Tabela 19).
Tabela 19: Situação dos domicílios de Santana da Boa Vista por tipo de abastecimento de água, 2010.
Pessoas residentes Número Frequência (%)
Rede Geral 1.517 51,4
Poço ou Nascente na propriedade 891 30,2
Poço ou Nascente fora da propriedade 506 17,1
Carro-pipa ou água da chuva 2 0,07
Rio, açude, lago ou igarapé 23 0,7
Total 2.953 100
Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
Assim como a maioria dos municípios brasileiros, Santana da Boa Vista apresenta uma
situação precária em temos de esgotamento sanitário, ou seja, predominam no município a
coleta e afastamento do esgoto sanitário por meio de rede geral ou pluvial, além de outras
formas não adequadas, como fossas sépticas ou rudimentares. Mais de 90% dos domicílios de
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Santana da Boa Vista contam com banheiro, entretanto, 4,3% do total de domicílios não tinham
banheiro nem sanitário em 2010 (Tabela 20).
Tabela 20: Domicílios de Santana da Boa Vista por existência de banheiro ou sanitário, 2010.
Existência de Banheiros Nº Domicílios Frequência (%)
Tinham banheiro de uso exclusivo do domicílio 2.771 93,8
Não tinham banheiro nem sanitário 128 4,3
Fonte: IBG, Censo Demográfico, 2010.
No que diz respeito aos serviços de manejo de resíduos sólidos, a situação não é muito
diferente das demais, visto que, 53,5% dos domicílios possuem coleta de lixo, na maior parte
deles coletado por serviço de limpeza. Pouco mais de um terço é queimado na propriedade e
7,3% é enterrado (Tabela 21).
Tabela 21: Situação dos domicílios de Santana da Boa Vista por destino de lixo, 2010.
Pessoas residentes Número Frequência (%)
Coletado 1.581 53,5
Coletado por serviço de limpeza 1.571 53,2
Coleta em caçamba de serviço de limpeza 10 0,3
Queimado na propriedade 1.092 37
Enterrado na propriedade 213 7,2
Jogado em terreno baldio ou logradouro 32 1,1
Jogado em rio, lago ou mar 2 0,1
Total 2.953 100
Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.
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destinada ao transporte coletivo rodoviário intermunicipal de passageiros e o número de
veículos registrado na AII por espécie (passageiros, carga e outros).
O sistema rodoviário é responsável pela maior parte da carga transportada no Rio
Grande do Sul, bem como por quase todos os passageiros transportados. Destacam-se como
principais rodovias federais no Estado a BR-101, que o liga às Regiões Sul, Sudeste e
Nordeste do Brasil; a BR-116, que vai da divisa com Santa Catarina até a fronteira com o
Uruguai; a BR-158, que conecta o Rio Grande do Sul com as Regiões Sul, Centro-Oeste e
Norte do País e com o Uruguai; a BR-285, no sentido Leste-Oeste, que permite a integração de
diversos municípios rio-grandenses-do-sul e o acesso a Argentina; a BR-290, também no
sentido Leste-Oeste, que vai do Município de Osório até Uruguaiana, na fronteira com a
Argentina, passando pela RMPA; e a BR-392, que cruza o Estado em diagonal, conectando o
Porto de Rio Grande à fronteira Brasil/Argentina, passando por Pelotas e Santa Maria.
Todos os dois municípios da AII contam com estação rodoviária (Foto 5 e Foto 6),
atendidos por transporte público coletivo para todo o território municipal, inclusive para a AID
do empreendimento, realizado em Caçapava do Sul pela empresa São João. O percurso é
realizado em 1h:30m de segunda a domingo.
Em Santana da Boa Vista, a empresa que faz o percurso para Minas do Camaquã é a
Pioneira. O serviço é prestado regularmente, sendo realizado por três vias distintas (Foto 7 e
Foto 8). O caminho mais curto tem duração de duas horas, através do Cerro da Picada. Os
outros dois caminhos, mais longos, um deles via RS-625, têm duração média de três horas de
percurso. O Quadro 13 apresenta a periodicidade e horários da linha Sede municipais-Minas
do Camaquã-Sede municipais.
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Foto 5: Estação rodoviária no município de Foto 6: Estação rodoviária no município de
Caçapava do Sul. Santana da Boa Vista.
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Figura 10: Representação em recorte de mapa, dos três trajetos existentes a partir da sede municipal de
Santana da Boa Vista até Minas do Camaquã. Fonte: Trabalho de campo, ago. /2015.
Quadro 13: Periodicidade e horários da linha da empresa São João para Vila Minas do Camaquã.
Município Dia da Semana Origem Destino Horário
Segunda a Sexta Sede Minas do Camaquã 17:30
Caçapava do Sul Segunda a Sexta Minas do Camaquã Sede 07:30
– Empresa São
João Sábado Minas do Camaquã Sede 07:30
Domingo Sede Minas do Camaquã 19:30
Segunda-feira Sede Minas do Camaquã 16:30
Santana da Boa Quarta-feira Sede Minas do Camaquã 07:30
Vista – Empresa
Pioneira Sexta-feira Sede Minas do Camaquã 07:30
Sábado e Domingo - - -
Fonte: Levantamento de campo, ago./2015.
A AII conta com 20.653 veículos registrados, sendo 79,6% veículos de passageiros e
14,6% de carga. Comparando-se com o total de veículos registrados no Estado (6.023.696) a
AII não chega a 1% deste total.
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Transportes Terrestre. Na AII o sistema é formado por rodovias sob jurisdição nacional,
estadual e municipal, além de uma ferrovia, concedida à Companhia América Latina Logística
Malha Sul S.A. As principais rodovias que cruzam o município de Caçapava do Sul são: BR-
290; BR-392 e ERS-357, todas fazem ligação do município com a capital do Estado. A ERS-
357, também liga Caçapava do Sul ao município de Lavras do Sul.
Já no município de Santana da Boa Vista, destacam-se a BR-290, BR-153 e BR-392,
também fazendo ligação com a Capital. A BR-392, também liga o município ao de Encruzilhada
do Sul e deste para Minas do Camaquã (Área de Influência Direta do empreendimento, no
município de Caçapava do Sul). Dentre as rodovias estaduais destacam-se: ERS-265, com
ligação para os municípios de Cancelão e Canguçu; ERS-625, não pavimentada, que também
leva à Vila Minas do Camaquã.
O mapa a seguir (Figura 11) apresenta a situação locacional da malha viária existente
na AII.
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A B
C D
E F
O estado do Rio Grande do Sul dispõe de acesso a uma ampla malha marítima nacional
(cabotagem) e internacional (longo curso) através de seu principal porto, o Porto Público de Rio
Grande. A navegação marítima regular de contêineres (liner) no estado é atendida,
principalmente, através do terminal do TECON Rio Grande por diversas companhias de
navegação, com linhas marítimas regulares para os principais destinos portuários do mundo.
Figura 13: Linhas marítimas regulares do TECON Rio Grande. Fonte: TECON Rio Grande.
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60
O TECON Rio Grande é responsável pela movimentação de 98% da carga
conteinerizada que passa pelo Porto de Rio Grande, sendo arrendatária do mesmo a partir de
1997 por 25 anos, renováveis por igual período. O Terminal possui operações 24 horas por dia,
7 dias na semana.
No que se refere ao transporte aéreo, conforme dados da Agência Nacional de Aviação
CIVIL (ANAC), somente o município de Caçapava do Sul conta com aeroporto. Trata-se de um
aeroporto público, de operação diurna, distante a cinco quilômetros da sede municipal. Conta
com uma pista de 1.200 metros de comprimento por 60 metros de largura. Em 2010 o
aeroporto foi fechado pela ANAC, sendo liberado novamente em 2015, somente para voos de
aeronaves de pequeno porte, agrícolas e de passeio. Neste sentido, será firmado um convênio
com o Clube de Voo de Caçapava do Sul para administração do local, num período de 35
anos.
No que tange ao sistema hidroviário, segundo dados da Superintendência de Portos e
Hidrovias (SPH), o Rio Grande do Sul ocupa uma posição estratégica no sistema hidroviário
brasileiro, pois mantém uma rede de rios e lagos que saem dos diversos municípios em direção
à Lagoa dos Patos, uma das maiores lagunas do mundo com 265 km de extensão, que se liga
ao Oceano Atlântico no município de Rio Grande. Observa-se, portanto, que o trecho Porto
Alegre-Rio Grande via Lagoa dos Patos constitui a principal rota hidroviária do Estado. Vale
destacar também que a malha hidroviária se concentra também nos rios Jacuí, Taquari e na
Lagoa dos Patos, estendendo-se pelo rio dos Sinos e o Guaíba. As hidrovias no Rio Grande do
Sul possuem aproximadamente 930 quilômetros de extensão, equipadas com um port o
marítimo, dois portos fluviais e quatro portos interiores. Os portos fluviais existentes no Estado
se localizam nos municípios de Pelotas e Rio Grande, distantes da AII cerca de 197 km e 255
km respectivamente, por acesso rodoviário. Deste modo, hidrovias na AII e muito menos
presença de portos.
Em resumo, considerando-se a localização do empreendimento, a infraestrutura de
transporte existe e as possibilidades de escoamento da produção; duas rodovias são de
grande relevância para o projeto: a rodovia estadual ERS-625 (não pavimentada), que dá
acesso a Mina Santa Maria, e a rodovia federal BR-392 que faz a ligação da planta com os
municípios de Pelotas e Rio Grande que possuem estrutura portuária disponível.
O local onde é prevista a implantação do empreendimento, no município de Caçapava
do Sul, na região central do Estado do Rio Grande do Sul, em termos de infraestrutura
energética, pode ser atendido por três empresas comercializadoras de energia: AES Sul,
CEEE-GT e ELETROSUL.
Os seguintes níveis de tensão estão disponíveis pelas concessionárias locais, conforme
apresentado na Figura 14:
Quadro 16: Atendimento aos municípios da AER com cobertura de Telefonia Móvel (2014).
Nextel
Claro Oi Móvel Telefônica Tim Celular
Município Telecomunicações
S.A. S.A. Brasil S.A. S.A.
Ltda.
Caçapava do Sul Sim Não Sim Sim Sim
Santana da Boa Vista Sim Não Sim Sim Sim
Fonte: ANATEL, 2015.
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Conforme dados da Anatel, Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista possuem acesso
à TV por assinatura, totalizando no último levantamento (agosto de 2015) em torno de 1.303
acessos sendo a sua maioria registrada no município de Caçapava do Sul, com 1.225 acessos.
As principais operadoras de TV por assinatura na área de influência são Claro TV e Sky
(Quadro 17).
Centro Municipal de Cultura Arnaldo Luiz Cassol – prédio histórico, antigo reduto
farroupilha, reconstruído em 1935, no Centenário da Revolução Farroupilha. Abriga
a Biblioteca Pública Domingos José de Almeida, o Arquivo Histórico e o Museu
Lanceiros do Sul.
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Casa dos Ministérios – casa que abrigou o Ministério do Governo da República
Rio-grandense, em 1839, quando o município de Caçapava foi a 2ª Capital
Farroupilha. Sendo com isso tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Rio
Grande do Sul. Localiza-se na Rua sete de setembro, 521.
B C
Figura 15: Turismo cultura e histórico de Caçapava do Sul (Foto A: Forte Dom Pedro II; Foto B: Igreja
Matriz; Foto C: Casa dos Ministérios). Fonte: Turismo Caçapava do Sul.
Cascata do Salso – Queda d‟água com mais de 20 metros, junto a barragem de cimento
da antiga hidroelétrica.
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Gruta da Varzinha – situada em uma propriedade particular, trata-se de uma área de
formação geológica constituída de rochas sedimentares denominadas estalactites e
estalagmites.
Toca das Carretas - Formações rochosas que serviram de abrigos aos índios charruas
que habitavam a região.
B C
Figura 16: Turismo ecológico e rural de Caçapava do Sul (Foto A: Guarita; Foto B: Cascata do Salso;
Foto C: Gruta da Varzinha). Fonte: Turismo Caçapava do Sul.
Conforme colocado anteriormente, a Vila Minas do Camaquã tem sido posta como um
dos destinos turísticos do município de Caçapava do Sul, tendo em vista a infraestrutura
existente no local, bem como por suas belezas naturais, que incluem, neste caso, o turismo de
aventura rural e o geoturismo. Para tanto, foi instalado na vila o projeto Parque Minas Outdoor,
que tem como atrativo turístico e de lazer trilhas de caminhada, mountain bike, cicloturismo,
canoagem, rapel, tirolesa, arvorismo, kite surf e outros esportes radicais. Os visitantes além
das atividades de lazer e esportivas, tem a oportunidade de fazer visitação na área e conhecer
um pouco da história da atividade de mineração local e da instalação da vila, incluindo
conhecimentos básicos de geologia, mineração, fauna e flora local. O parque dispõe de
pousada e área para acampamento, e disponibiliza instrutores e monitores para todas as
atividades que oferece.
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Figura 17: Parque Minas Outdoor na Vila Minas do Camaquã. Fonte: Minas Outdoor.
Quadro 19: Calendário cultural de Caçapava do Sul. Fonte: Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul.
Mês Evento/Atividade
Copa Verão de Veloterra - Cidade de Caçapava
Rodeio Crioulo Estadual
Janeiro Concurso Rainha do Carnaval Municipal
Garota Verão
Festa Campeira (Rodeio) – realizado na Vila Minas do Camaquã
Carnaval Municipal
Fevereiro Rainha dos Balneários e Musa do Sol
Jogos de Verão RBS TV
Campeonato Flávio Leon Soares de Veloterra
Copa Cidade de Caçapava de Veloterra
Abertura Oficial do Ano Letivo
Março Mateada de “Aniversário da União das Associações Comunitárias de Caçapava do Sul
(UACC)
Festa Campeira do Piquete Os Maragatos
Torneio Regional de Aniversário da Escolinha Esporte Clube Brasil
Concurso Miss Caçapava do Sul
Forte em Arte
Valorizando a Produção Artesanal
Grupo Teatral: “Paixão de Cristo”
Abril
Campeonato Regional
Seminário Internacional de Educação
Farrapofesta 2006
Encontro de Carros Antigos e Fuscas de Caçapava do Sul
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Mês Evento/Atividade
Valorizando a Produção Artesanal
Feira de Terneiros de Outono
Feira do Livro
Aniversário Rádio Caçapava
Maio
Semana Apícola Caçapavana
Festa do Divino Espírito Santo
Trilha Ecológica Cidade de Caçapava do Sul
Aniversário do Clube União Caçapavana
Campeonato Flávio Leon Soares de Veloterra
Junho Campeonato Regional
J E S C A – Jogos Estudantis Caçapavanos
Baile da Prenda Jovem
Julho Baile da Rainha da Indústria e Comércio
Festa Mundial do Folclore
Miss Brasil Conesul
Campeonato Regional
Festa da Padroeira Nª Srª da Assunção
Agosto
Festa do Dia do Vizinho
Edição da Sentinela da Canção Nativa
Fepemi – Feira dos Pequenos E Microempresários
Campeonato Flávio Leon Soares
Semana da Pátria
Semana Farroupilha de Caçapava do Sul
Setembro
Semana da Melhor Idade
Feira Municipal de Ciências
Encontro de Montanhistas de Caçapava do Sul
Valorizando a Produção Artesanal
Miss Beleza Negra de Caçapava do Sul
Conhecendo Caçapava
Aniversário do Coral Municipal
Encerramento do Campeonato Zona Sul de Cross Coutry
Aniversário Do Grupo De Arte Nativa “Os Chimangos “
Concurso “A Mais Bela Comunitária “
Outubro
Torneio Intermunicipal de Sinuca
Semana do Município
Jantar dos Comerciários
Prova Noturna “2 Horas de Caçapava “
Exposição Agropecuária de Caçapava do Sul
Baile das Debutantes
Exposição de Obras de Artes de Artistas Caçapavanos
Feira de Terneiros de Primavera
Rodeio Estadual do CTG Família Nativista
Festival da Pandorga
Novembro Semana do Bebê
Festival Estudantil Municipal da Canção
Mérito Empresarial e Profissional
Dançarte – Festival de Danças
Valorizando a Produção Artesanal
Campereada Estadual do Piquete de Laçadores Guarda Velha
Dezembro Natal Caçapavano
Natal Canto e Luz
Reveillon
Fonte: Cultura Gaúcha.
Santuário Santa Ana - Local de devoção por romeiros e devotos de Santa Ana,
padroeira do município.
Figura 18: Parque Municipal Toca da Tigra. Fonte: Prefeitura Santana da Boa Vista.
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municípios, sendo, por isso, importante combiná-lo com outros dados socioeconômicos para
proporcionar uma visão mais completa sobre as condições de vida da população.
O índice é uma medida composta de indicadores de longevidade, educação e renda. O
IDH foi criado em 1990, para o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a partir da perspectiva de Amartya Sen e
Mahbub ul Haq de que as pessoas são a verdadeira “riqueza das nações”, criando uma
alternativa às avaliações puramente econômicas de progresso nacional, como o crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB).
O IDH populariza o conceito de desenvolvimento centrado nas pessoas e não a visão
de que desenvolvimento se limita a crescimento econômico. O fator inovador do IDH foi a
criação de um índice sintético com o objetivo de servir como uma referência para o nível de
desenvolvimento humano de uma determinada localidade.
Além de ser um contraponto ao PIB, o IDH permite sintetizar uma realidade complexa
em um único número, bem como estimular formuladores e implementadores de políticas
públicas a priorizar a melhoria da vida das pessoas em suas ações e decisões. O índice varia
entre 0 (valor mínimo) e 1 (valor máximo), sendo quanto mais próximo de 1, maior o
desenvolvimento humano de um município.
Em 2010, o município de Caçapava do Sul registrou um IDH Municipal de 0,704,
considerado como alto desenvolvimento humano. Já o município de Santana da Boa, com um
IDH de 0,633, é considerado de médio desenvolvimento humano. Nenhum dos dois municípios
alcançaram a média estadual ou nacional naquele ano, 0,746 e 0,727 respectivamente, ver
Quadro 20.
Em 2010, a dimensão que mais contribuiu para o IDHM entre os municípios foi a
Educação (IDHM-E), índice composto pelos indicadores de escolaridade da população adulta e
fluxo escolar da população jovem. Neste indicador Caçapava do Sul (0,855) registrou índice
superior ao estadual (0,840) e brasileiro (0,816), enquanto que Santana da Boa Vista
apresentou desempenho inferior ao regional e nacional.
A segunda dimensão que mais pesou no IDHM 2010 foi a Longevidade (IDHM-L),
composta pelo indicador de expectativa de vida ao nascer. No entanto, nenhum dos dois
municípios registrou índice superior ao do Rio Grande do Sul (0,769) ao do Brasil (0,739).
Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista nessa dimensão apresentaram médio
desenvolvimento, 0,699 e 0,630 respectivamente.
Renda foi a dimensão que contribuiu de forma mais negativa na composição do IDHM
2010 dos municípios. O IDHM-R é composto pelo indicador de renda per capita. Tanto
Caçapava do Sul, quanto Santana da Boa Vista ficaram abaixo da média estadual (0,642) e
brasileira (0,637), ambos registraram baixo desenvolvimento humano nessa dimensão.
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Quadro 20: IDHM, por dimensões, segundo municípios da AII, 2010.
Dimensões do IDHM
Unidade Territorial IDHM
Longevidade Educação Renda
Caçapava do Sul 0,704 0,699 0,855 0,585
Santana da Boa Vista 0,633 0,630 0,802 0,503
Rio Grande do Sul 0,746 0,769 0,840 0,642
Brasil 0,727 0,739 0,816 0,637
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2010.
Entre 1991 e 2010, o IDHM do Brasil e Estadual cresceram, situação semelhante pode
ser observada nos municípios de Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista, onde ambos
acompanharam o movimento de crescimento do indicador nas duas últimas décadas, com
destaque para Caçapava do Sul que foi o que mais cresceu no período. De 1991 a 2010, o
IDHM do município passou de 0,494, em 1991, para 0,704, em 2010, isso implica uma taxa de
crescimento de 42,51%. Já Santana da Boa Vista, no mesmo período, passou de 0,388, em
1991, para 0,633, em 2010, representando uma taxa de crescimento de 63,14%.
Cabe salientar ainda, que o IDHM indica tendências de longo prazo, mas não é capaz
de captar transformações de curto prazo, devido ao seu vínculo com o Censo Demográfico.
Além de se limitar a uma atualização a cada dez anos, tem-se ainda o uso de variáveis de
“estoque”, como as de educação da população adulta e a longevidade, isto é, indicadores que
se movimentam muito lentamente e não captam o progresso e resultados das políticas no curto
prazo.
O ranking do IDHM tem por objetivo comparar o desempenho do município em relação
aos demais. Nesta análise, incluiu-se o ranking estadual, composto pelos 496 municípios rio-
grandenses, verifica-se que nenhum dos municípios figuram entre os 100 melhores colocados.
Na melhor colocação encontra-se o município de Caçapava do Sul ocupando a 295ª posição,
seguindo por Santana da Boa Vista na 480ª.
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2.6. Instituições e grupos sociais
Quadro 22: Secretarias Municipais presentes nos municípios da Área de Influência do Projeto Caçapava
do Sul, 2015.
Municípios Secretárias Municipais
Secretaria da Fazenda
Secretaria da Administração
Secretaria da Cultura e Turismo
Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente
Caçapava do Sul Secretaria de Educação
Secretaria de Obras
Secretaria Geral
Secretaria de Agropecuária
Secretaria de Saúde
Secretaria Municipal de Administração
Secretaria Municipal da Fazenda
Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social
Santana da Boa Vista
Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Turismo
Secretaria Municipal de Obras e Viação
Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Agricultura e Meio Ambiente
Fonte: Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul e Prefeitura Municipal de Santana da Boa Vista.
Além dos órgãos gestores os municípios contam ainda com conselhos municipais,
entendidos como espaços públicos de composição plural e paritária entre Estado e sociedade
civil, que podem ser de natureza deliberativa, consultiva, normativa e fiscalizadora cuja função
é formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais.
Os conselhos são o principal canal de participação popular e estão presentes nas três
instâncias de governo (federal, estadual e municipal). Por meio dos conselhos a sociedade civil
pode efetivamente exercer o controle social, pois tem o papel de fortalecer a participação
democrática da população. Na área em estudo, foram identificados os conselhos apresentados
no Quadro 23.
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Quadro 23: Conselhos identificados nos municípios da Área de Influência do Projeto Caçapava do Sul,
2015.
Ano
Municípios Conselhos Municipais Tipo Caráter
Criação
Conselho Municipal de Consultivo, deliberativo,
1990 Não paritário
Educação normativo e fiscalizador
Conselho de Controle e
acompanhamento social do 2007 - -
FUNDEB
Conselho de Alimentação Consultivo, deliberativo,
2000 Não paritário
Escolar normativo e fiscalizador
Caçapava do Sul
Conselho Municipal de Consultivo, deliberativo e
1990 Paritário
Saúde fiscalizador
Conselho de direitos da
Consultivo, deliberativo,
criança e do adolescente – 1990 Paritário
normativo e fiscalizador
existência
Conselho de direitos do Consultivo, deliberativo,
2013 Paritário
idoso – existência normativo e fiscalizador
Conselho Municipal de Consultivo, deliberativo,
2005 Paritário
Educação normativo e fiscalizador
Conselho de Controle e
acompanhamento social do 2007 - -
FUNDEB
Conselho de Alimentação Consultivo, deliberativo,
2005 Paritário
Escolar normativo e fiscalizador
Santana da Boa Conselho Municipal de Consultivo, deliberativo,
1991 Paritário
Vista Saúde normativo e fiscalizador
Conselho de direitos da
Consultivo, deliberativo e
criança e do adolescente – 1991 Paritário
normativo
existência
Conselho de direitos do
2009 Paritário Consultivo e deliberativo
idoso – existência
Consultivo, deliberativo e
Conselho Segurança Pública 2013 Não paritário
normativo
Fonte: IBGE, MUNIC, 2014.
Sindicato Rural
Organização social de defesa dos produtores rurais, presente nos municípios de
Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista - Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caçapava
do Sul e Sindicato Rural de Santana da Boa Vista.
Além do Sindicato Rural, Caçapava do Sul conta ainda na defesa dos produtores rurais
a Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Santa Tereza, com a União das
Associações Rurais e Associação dos Produtores Irrigantes da Bacia do Arroio Santa Bárbara.
Clube de Serviço;
SOS Acidentes;
Pastoral da Criança;
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Santana da Boa vista conta ainda com as seguintes organizações sociais:
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Figura 19: Localização da Terra Indígena Irapuá (Caçapava do Sul). Fonte:
http://mapas2.funai.gov.br/portal_mapas/pdf/terra_indigena.pdf.
Por se tratar de uma área urbanizada e com características próprias (ver 2.2.3. Minas
do Camaquã, com informações sobre o histórico da localidade), as informações relativas à
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população residente e atividades produtivas em Minas do Camaquã são tratadas
separadamente das entrevistas realizadas com pessoas residentes nas áreas rurais da AID
(abordado no próximo item).
Ao todo, em Minas do Camaquã, foram listados 291 domicílios, ou seja, imóveis
destinados à moradia. Todos os domicílios foram visitados durante o período de realização do
trabalho de campo, resultando em 107 domicílios entrevistados, ou seja, imóveis ocupados e
utilizados como moradia. Os demais domicílios estavam fechados durante o trabalho de
campo. Alguns deles, por informação de vizinhos, estavam realmente sem uso, outros com uso
eventual, por proprietários que não residiam no local. Intencionalmente, o trabalho de campo
abrangeu um final de semana, oportunidade que algumas entrevistas foram realizadas por
moradores que não permanecem durante a semana na localidade. Entre os domicílios
entrevistados, 10 (9,3%) eram de uso ocasional, sendo que o restante (90,7%) era de uso
permanente.
Na localidade de Minas do Camaquã há, também, um pequeno centro comercial com
estabelecimentos comerciais e de serviços instalados, dois restaurantes, um mercado com
lancheria, uma farmácia e outros serviços funcionando regularmente, sem contar as
instalações da Votorantim Metais, que não foram computadas neste levantamento. Destes,
somente um comércio e um restaurante não possuem domicílio associado, ou seja, são prédios
que contam exclusivamente com estabelecimentos comerciais. Os outros imóveis comportam
atividades comerciais ou prestação de serviços e também domicílios.
Todos os domicílios entrevistados possuíam somente uma família residente. Por família,
entende-se o grupo de pessoas que compartilha a mesma renda. Ao todo foram registradas,
portanto, 107 famílias residentes entrevistadas, totalizando 263 pessoas, correspondendo a
uma média de 2,5 pessoas por família. A maior parte das famílias (34,6%) contava com dois
membros, 24,3% contavam com três membros e 24,3% com apenas um membro. As famílias
com cinco membros ou mais representam apenas 7,5% do total de famílias entrevistadas
(Tabela 22).
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Na Vila Minas do Camaquã os domicílios possuem abastecimento de água por rede
geral, embora alguns domicílios possuam poços ou utilizem água de outros domicílios (Tabela
26). Da mesma forma, a maioria dos domicílios está ligada à rede de esgotamento sanitário
(83,2%), embora 14,0% dos domicílios informam possuir sumidouro (Tabela 27). São poucos
os domicílios que informam outras formas de destinação de lixo doméstico (Tabela 28).
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Possui Não possui Total
Serviços e bens
Num. Freq. Num. Freq. Num. Freq.
Veículo 87 81,3% 20 18,7% 107 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
A disponibilidade de veículo próprio está associada, também, com a utilização de
transporte coletivo por pouco menos da metade dos domicílios (Tabela 30). Para a maioria dos
domicílios a distância até o acesso ao trsnporte coletivo é de pelo menos 1000 metros (Tabela
31).
O perfil típico dos domicílios de Minas do Camaquã é apresentado nas fotos a seguir.
Como a origem da localidade está associada com a implantação de uma área urbanizada
planejada, os domicílios apresentam o perfil construtivo original, com variações, adaptações e
diferentes graus de manutenção dos imóveis.
Foto 10: Domicílio típico de Minas do Foto 11: Domicílio típico de Minas do
Camaquã. Camaquã.
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Foto 12: Domicílio típico de Minas do Foto 13: Domicílio típico de Minas do
Camaquã. Camaquã.
Foto 14: Domicílio típico de Minas do Foto 15: Domicílio típico de Minas do
Camaquã. Camaquã.
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Tabela 32: Sexo das pessoas residentes nos domicílios.
Sexo Número Frequência
Masculino 123 46,8%
Feminino 140 53,2%
Total 263 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
A renda individual média de todas as fontes das pessoas residentes nos domicílios que
informaram renda é de R$ 1.376,84, com um desvio-padrão menor que a média (R$ 936,92), o
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que aponta para uma menor variação de valores de rendimento individual. Entre os que
informaram possuir renda individual, 40,1% recebem até um salário mínimo nacional e 36,3%
de um a dois salários mínimos. As faixas de rendimento mais frequentes são de meio a um
salário mínimo (36,9% dos que informaram renda) e de um a dois salários mínimos (36,3%).
Apenas para fins de uma comparação atualizada, o rendimento médio das pessoas
ocupadas na Região Metropolitana de Porto Alegre em julho de 2015 era de R$ 1.852,00,
segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre
(PED-RMPA - Convênio FEE, FGTAS, PMPA, SEADE e DIEESE - Apoio MTE/FAT).
Tabela 35: Renda individual de todas as fontes das pessoas residentes nos domicílios.
Frequência. Entre os que
Renda em faixas de salários mínimos (SM) Número Frequência informaram renda
individual
Até de 394,00 (1/2 SM) 5 1,9% 3,2%
De 395 a 788 (1/2 a 1 SM) 58 22,1% 36,9%
De 789 a 1.576 (1 a 2 SM) 57 21,7% 36,3%
De 1.577 a 2.364 (2 a 3 SM) 13 4,9% 8,3%
De 2.365 a 3.152 (3 a 4 SM) 16 6,1% 10,2%
De 3.153 a 3.940 (4 a 5 SM) 1 0,4% 0,6%
3.941 ou mais (5 SM ou mais) 7 2,7% 4,5%
Não informou, não possui renda individual 106 40,3% -
Total 263 100,0% 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Tabela 36: Última série escolar concluída das pessoas residentes nos domicílios.
Grau de instrução Número Frequência
Idade pré-escolar 13 4,9%
Analfabeto 10 3,8%
1ª a 3ª fundamental/ série 43 16,3%
4ª fundamental/série 30 11,4%
5ª a 8ª fundamental/série 48 18,3%
Fundamental completo 19 7,2%
Médio incompleto 27 10,3%
Médio completo 46 17,5%
Superior incompleto 5 1,9%
Superior completo 22 8,4%
Total 263 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
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A média relativamente reduzida de pessoas por domicílio na população residente em
Minas do Camaquã (2,5) se reflete em uma estrutura familiar básica composta por casal e
filhos (73,8% das pessoas possuem este grau de parentesco), contando ainda com 24,7% de
pessoas residentes com outro tipo de grau de parentesco familiar.
Tabela 37: Relação com a família das pessoas residentes nos domicílios.
Parentesco Número Frequência
Responsável 63 24,0%
Cônjuge 67 25,5%
Filho (a) 64 24,3%
Familiar 65 24,7%
Não familiar 4 1,5%
Empregado 0 0,0%
Total 263 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
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Tabela 39: Condição de ocupação das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo.
Ocupação Masculino Feminino Total
Trabalha na propriedade/domicílio 12,2% 5,7% 8,7%
Trabalha fora da propriedade 42,3% 27,1% 34,2%
Estuda 14,6% 13,6% 14,1%
Atividades domésticas 1,6% 15,7% 9,1%
Aposentado, pensionista 18,7% 20,7% 19,8%
Procurando trabalho 3,3% 2,9% 3,0%
Não trabalha 12,2% 16,4% 14,4%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Tabela 41: Setor de atividade das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo.
Setor de atividade Masculino Feminino Total
Agricultura 10,6% 1,4% 5,7%
Pecuária 7,3% 0,7% 3,8%
Mineração 4,9% 0,0% 2,3%
Comércio 11,4% 11,4% 11,4%
Setor público 5,7% 7,9% 6,8%
Serviços 14,6% 13,6% 14,1%
Indústria 0,0% 0,0% 0,0%
Nenhum 45,5% 65,0% 55,9%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
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Entre os setores de atividade o que melhor remunera em média as pessoas que
informaram renda é o público (R$ 2.566,00). A atividade de comércio remunera, em média, R$
1.719,64 mensais. As atividades menos remuneradas entre os setores são a agrícola (R$
1.086,67 médios mensais) e a de serviços (1.100,13).
Quadro 25: Renda individual média e pessoas que informaram a renda segundo o setor de atividade.
Renda individual de todas as fontes
Setor de atividade Pessoas que informaram renda
(R$)
Agricultura 1.086,67 12
Pecuária 1.397,33 9
Mineração 1.133,33 6
Comércio 1.719,64 22
Setor público 2.566,00 18
Serviços 1.100,13 32
Indústria - 0
Nenhum 1.112,48 58
Total 1.376,84 157
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
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ocupados e um possui 4) e somente 9 pessoas empregadas, a maior parte na empresa de
turismo. De maneira geral, as pessoas ocupadas trabalham fora de Minas do Camaquã, ou são
funcionários de estabelecimentos públicos do local, além dos já mencionados que estão
ocupados nas atividades de comércio e serviços locais.
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Os estabelecimentos comerciais voltados ao público externo e turistas são as pousadas
e a empresa de passeios e turismo, que também conta com uma pousada, voltada para
esportes de aventura e passeios que exploram a paisagem local das guaritas e da antiga
atividade de mineração.
A capacidade de atendimento da rede comercial e de serviços, mesmo a dos meios de
hospedagem e de turismo, é pequena, pois está dimensionada para o fluxo médio atual de
demanda, que é muito reduzido.
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A B
C D
Foto 18: Estabelecimentos ao longo da RS-625. A: Posto de Combustível; B: Restaurante junto a
borracharia, C: Borracharia e D: Oficina mecânica.
Não foi identificada atividade agrícola por parte dos moradores de Minas do Camaquã e
nenhuma outra atividade produtiva, tal como apicultura, piscicultura ou outra, assim como
arrendamento de áreas para agricultura ou pecuária.
Minas do Camaquã dispõe de poucos equipamentos públicos ou privados voltados ao
lazer e ao turismo, embora seja mencionado o potencial turístico da localidade caso a estrutura
existente viesse a ser recuperada, incluindo o casario e algumas outras estruturas como as
indicadas nas fotos a seguir.
Foto 19: Antigo hospital, atualmente posto de Foto 20: Igreja em Minas do Camaquã
saúde
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Foto 21: Ginásio de esportes local, atualmente Foto 22: Ginásio de esportes local, atualmente
fechado para uso. fechado para uso.
Foto 23: Cine Rodeio e praça central Foto 24: Projeto Portal
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Camaquã. A maior parte das famílias (43,5%) contava com dois membros, 26,1% contavam
com três membros e apenas 15,2% com um membro (Tabela 43).
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A disponibilidade de bens nos domicílios é elevada. Somente 6,5% dos domicílios não
possuem geladeira ou freezer e a maioria possui rádio (82,6%), televisor (91,3%) e também
telefone (95,7%) (Tabela 50).
Mesmo a disponibilidade de veículo próprio é elevada nas propriedades entrevistas
(93,5%). A utilização predominante de veículo próprio é para trabalho 58,7%, enquanto 15,3%
utiliza apenas para deslocamentos e passeios e uma pequena parcela (4,3%) para ambas
finalidades.
O perfil típico dos domicílios localizados nas propriedades rurais entrevistadas ao longo
da RS-625 é apresentado na Foto 25. É possível observar a presença de domicílios com
construções maiores, geralmente mais antigas, em bom estado de conservação, juntamente
com domicílios muito precários. São raras as construções novas de bom padrão construtivo. A
proximidade à RS-625 ofereceria a facilidade de utilização de transporte coletivo que, em
alguns casos, possui ponto de parada em frente às propriedades. Contudo, a utilização do
transporte é muito reduzida.
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Foto 25: Domicílios nas propriedades rurais da AID.
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entrevistados pessoas do sexo masculino, com participação de 52,6% (Tabela 52). Entre as
idades registradas na pesquisa, que variam do valor mínimo de menos de um ano a 90 anos de
idade, a idade média da população amostrada é de 43,8 anos, com um desvio-padrão da
média de 22,6 anos e mediana 49 anos (Tabela 53). Considerando a proporção de pessoas
com idade até 14 anos ou mais de 65 anos em relação à população em idade ativa (de 15 a 64
anos), a chamada razão de dependência registrada na população entrevistada é de 32,6%, ou
seja, pequena a proporção de pessoas em idade não ativa em relação às pessoas em idade
ativa.
A maioria das famílias residentes nos domicílios (91,3%) informaram renda familiar, a
qual era composta por trabalho, pensões, aluguéis e outras. A faixa de rendimento familiar
mais frequente é de um a dois salários mínimos (45,7%) e até um salário mínimo (19,6%). A
renda média das famílias entrevistadas residentes em propriedades rurais na AID é de R$
1.623,24, equivalente a 2,1 salários mínimos.
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Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
A renda individual média de todas as fontes das pessoas residentes nos domicílios que
informaram renda é de R$ 1.017,55, com um desvio-padrão menor que a média (R$ 657,39), o
que aponta para uma menor variação de valores de rendimento individual. Entre os que
informaram possuir renda individual, 55,3% recebem até um salário mínimo nacional e 32,8%
de um a dois salários mínimos. As faixas de rendimento mais frequentes são de meio a um
salário mínimo (49,3% dos que informaram renda) e de um a dois salários mínimos (Tabela
55).
Apenas para fins de uma comparação atualizada, o rendimento médio das pessoas
ocupadas na Região Metropolitana de Porto Alegre em julho de 2015 era de R$ 1.852,00,
segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre
(PED-RMPA - Convênio FEE, FGTAS, PMPA, SEADE e DIEESE - Apoio MTE/FAT).
Tabela 55: Renda individual de todas as fontes das pessoas residentes nos domicílios.
Renda em faixas de salários mínimos Frequência entre os que
Número Frequência
(SM) informaram renda individual
Até de 394,00 (1/2 SM) 4 3,5% 6,0%
De 395 a 788 (1/2 a 1 SM) 33 28,9% 49,3%
De 789 a 1.576 (1 a 2 SM) 22 19,3% 32,8%
De 1.577 a 2.364 (2 a 3 SM) 4 3,5% 6,0%
De 2.365 a 3.152 (3 a 4 SM) 3 2,6% 4,5%
De 3.153 a 3.940 (4 a 5 SM) 0 0,0% 0,0%
3.941 ou mais (5 SM ou mais) 1 0,9% 1,5%
Não informou, não possui renda individual 47 41,2% -
Total 114 100,0% 100%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Tabela 56: Última série escolar concluída das pessoas residentes nos domicílios.
Grau de instrução Número Frequência
Idade pré-escolar 6 5,3%
Analfabeto 6 5,3%
1ª a 3ª fundamental/ série 19 16,7%
4ª fundamental/série 14 12,3%
5ª a 8ª fundamental/série 26 22,8%
Fundamental completo 7 6,1%
Médio incompleto 11 9,6%
Médio completo 21 18,4%
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Grau de instrução Número Frequência
Superior incompleto 2 1,8%
Superior completo 2 1,8%
Total 114 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
A média relativamente reduzida de pessoas por domicílio na população residente em
propriedades rurais da AID (2,5) se reflete em uma estrutura familiar básica composta por casal
e filhos (82,5% das pessoas possuem este grau de parentesco), contando ainda com 16,7% de
pessoas residentes com outro tipo de grau de parentesco familiar. Nenhum dos domicílios
entrevistados tinha empregados residindo.
Tabela 57: Relação com a família das pessoas residentes nos domicílios.
Parentesco Número Frequência
Responsável 36 31,6%
Cônjuge 34 29,8%
Filho (a) 24 21,1%
Familiar 19 16,7%
Não familiar 1 0,9%
Empregado 0 0,0%
Total 114 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Tabela 59: Condição de ocupação das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo.
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Ocupação Masculino Feminino Total
Trabalha na propriedade/domicílio 38,3% 13,0% 26,3%
Trabalha fora da propriedade 10,0% 5,6% 7,9%
Estuda 1,7% 24,1% 12,3%
Atividades domésticas 11,7% 20,4% 15,8%
Aposentado, pensionista 3,3% 3,7% 3,5%
Procurando trabalho 11,7% 18,5% 14,9%
Não trabalha 38,3% 13,0% 26,3%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Tabela 61: Setor de atividade das pessoas residentes nos domicílios segundo o sexo.
Setor de atividade Masculino Feminino Total
Agricultura 23,3% 7,4% 15,8%
Pecuária 20,0% 5,6% 13,2%
Mineração 0,0% 0,0% 0,0%
Comércio 8,3% 5,6% 7,0%
Setor público 0,0% 0,0% 0,0%
Serviços 15,0% 13,0% 14,0%
Indústria 0,0% 0,0% 0,0%
Nenhum 33,3% 68,5% 50,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
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uma média mensal de R$ 1.182,29 e a de agricultura R$ 1.067,27. A atividade menos
remunerada entre os setores é a de serviços (R$ 742,00 médios mensais).
Tabela 62: Renda individual média e pessoas que informaram a renda segundo o setor de atividade.
Setor de atividade Renda individual de todas as fontes (R$) Pessoas que informaram renda
Agricultura 1.067,27 11
Pecuária 1.182,29 14
Mineração - 0
Comércio 1.342,86 7
Setor público - 0
Serviços 742,00 14
Indústria - 0
Nenhum 956,95 21
Total 1.017,55 67
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Av. Farrapos, 146 conj. 62 - CEP 90220-000 - Bairro Floresta - Porto Alegre/RS
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Área Número Frequência
Menos de 10 ha 3 6,5%
De 10 a menos de 30 ha 10 21,7%
De 30 a menos de 50 ha 8 17,4%
De 50 a menos de 100 ha 15 32,6%
De 100 a menos de 200 ha 6 13,0%
200 ha ou mais 4 8,7%
Total 46 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
Tabela 65: Tipo de rebanho da pecuária das propriedades rurais entrevistadas na AID.
Tipo de rebanho Número Frequência
Bovino de corte 31 67,4%
Bovino de leite 9 19,6%
Ovino 2 4,3%
Não tem produção pecuária 8 17,4%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015. Base: 46 propriedades. Questão admitia
mais de uma resposta por entrevistado.
Tabela 66: Área com atividade pecuária das propriedades rurais entrevistadas na AID.
Área Número Frequência
Menos de 10 ha 9 19,6%
De 10 a menos de 50 ha 9 19,6%
De 50 a menos de 100 ha 13 28,3%
100 ha ou mais 7 15,2%
Não tem produção pecuária 8 17,4%
Total 46 100,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
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99
São poucas as propriedades entrevistadas que promovem manejo de pastagens ou
utiliza técnicas produtivas mais sofisticadas. A maioria das propriedades registra uma baixa
lotação de cabeças por hectare e tem uma produtividade baixa na produção, tendo em vista as
características naturais do pasto da região, considerado de baixa qualidade pela presença de
espécies arbustivas e outras que não são consumidas pelo gado.
As imagens apresentadas na Foto 26 oferecem um panorama da produção
agropecuária local, incluindo a única produção agrícola identificada, a qual conta com técnicas
de manejo avançadas.
Não foi identificada nenhuma outra atividade produtiva, tal como apicultura, piscicultura
ou outra, assim como arrendamento de áreas para agricultura ou pecuária.
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100
Figura 20: Superficiários que compõem a ADA do empreendimento.
O perfil destes superficiários foi traçado a partir de entrevista feita com os mesmos,
durante o mês de outubro. Vale ressaltar que somente o Sr. Franklin não aceitou participar do
levantamento, alegando estar insatisfeito em relação a danos causados em suas terras pelos
trabalhos de pesquisa minerária, prejudicando as atividades pecuárias na propriedade.
A superficiária Camila Ornelas Mônego representa duas áreas afetadas pelo Projeto
Caçapava do Sul, tais áreas são de propriedade de sua mãe e avó, mas exploradas
economicamente pela superficiária e esposo que desenvolvem nas duas áreas atividade
pecuária.
A primeira propriedade possui aproximadamente 280 hectares, caracterizada pela
entrevistada como área limpa, ou seja, com pouco mato, de fácil acesso, solo raso e dobrada
(formada por cerros e morros), características que otimizam e favorecem a atividade pecuária.
As benfeitorias presentes na área são um domicílio, de uso permanente da família, e um curral.
A forma de abastecimento de água no domicílio é por poço artesiano. O domicílio possui
instalação sanitária e o esgotamento sanitário é por fossa séptica. O domicílio conta, também,
com energia elétrica e o lixo doméstico é coletado, pois a residência é muito próxima à Minas
do Camaquã.
Conforme já colocado, a atividade desenvolvida no estabelecimento é a pecuária bovina
e ovina, contando com um efetivo de 180 cabeças de gado comum de cruzamento e 50
cabeças de ovinos da raça Texel. A produção pecuária é comercializada, sendo menos de 1%
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101
destinada para consumo próprio. Atuam na atividade três pessoas, sendo a própria
superficiária, seu marido que é zootecnista e um funcionário. A propriedade não conta com
cadastro rural, devido as diversas dúvidas que a superficiária possui em relação ao seu
preenchimento.
A segunda propriedade tem 120 hectares, pertencente à avó, e caracteriza-se como
uma área mais suja, ou seja, com muito mato e pedras nas áreas de campo. Assim sendo, a
família está investindo na parte mais limpa da propriedade, onde basicamente é desenvolvida a
atividade pecuária, que conta com 44 cabeças de bovinos, pertencentes à superficiária e sua
avó. A produção é 99% vendida, sendo muito pouco destinado para consumo próprio. A única
benfeitoria no local é um curral. É nessa área que estão sendo feitas as perfurações pela
empresa Votorantim Metais.
No que diz respeito ao projeto da Mina Santa Maria, a entrevistada se declarou
favorável, mas salientou que apesar de manter contato constante com as equipes que fazem
as perfurações, não tem quase nenhum conhecimento sobre o projeto. Mesmo tendo um
conhecimento limitado, considera que o projeto pode contribuir para melhorar a economia local
e regional, pois irá atrair população para Minas do Camaquã, bem como trazer outras
oportunidades de negócios.
A entrevistada não identificou nenhum tipo de aspecto negativo que o projeto possa
ocasionar local ou regionalmente e observou que a relação da empresa com os superficiários é
muito boa, sendo que até o momento não houve nenhum prejuízo no desenvolvimento das
suas atividades nas propriedades em função do projeto de instalação da mina. Quando ocorre
algum tipo de estrago na propriedade em função das perfurações, é feito o comunicado à
empresa que prontamente faz o reparo.
A segunda superficiária entrevistada é a Sra. Rosangela Luiz de Ornelas que possui
uma propriedade de 49 hectares e tem sua posse há 18 anos, fruto de uma herança. Segundo
as características passadas pela entrevistada, a área é considerada como suja, por possuir
muita mata e pedras, o que significa que é bem preservada.
A área é arrendada por um terceiro que desenvolve atividade pecuária no local, bovino
de corte. Não há dados sobre o efetivo de rebanho presente na propriedade, nem mesmo o
número de pessoas envolvidas na atividade. Na propriedade não há nenhuma benfeitoria e o
cadastro ambiental ainda não foi feito.
A entrevistada não tem muitas informações sobre o projeto de implantação da Mina
Santa Maria, mas esteve recentemente no escritório da Votorantim Metais e recebeu o contrato
de exploração para análise. No entanto, considera que a Votorantim deveria fazer maiores
esclarecimentos do que será feito na área, destacando que não sabe o que está sendo feito
especificamente na área. A entrevistada se posicionou de forma favorável ao projeto, desde
que haja “uma consciência ambiental por parte da empresa”, mas compreende que algumas
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102
coisas vão ter que ser sacrificadas para que o empreendimento se viabilize, como as
pastagens que acabam sendo degradadas, além de alguns estragos nas cercas. Mas espera
que tudo seja recuperado, inclusive a qualidade ambiental da área. Sua única preocupação é
em relação ao meio ambiente, devido ao movimento das equipes de trabalho no campo, no
entanto entende que não tem como se fazer um projeto desse tipo sem afetar o bioma.
A última propriedade pertence ao Sr. Paulo Régis Mônego, cuja área é denominada
Fazenda Santa Maria, de 173 hectares, e compreende a maior parte do projeto Mina Santa
Maria. A área foi adquirida em 2005, quando o mesmo comprou a Companhia Brasileira de
Cobre. De acordo com o entrevistado a vocação da área é a exploração minerária e a atividade
de silvicultura. A área não possui benfeitorias ou residentes, sendo que também não há
nenhuma atividade na propriedade a não ser o estudo para a viabilidade do projeto.
Conforme o entrevistado, ele é um dos parceiros da Votorantim Metais no projeto Mina
Santa Maria, por isto, possui grande conhecimento sobre o projeto, sendo assim totalmente
favorável ao mesmo. Considera que com a implantação da Mina Santa Maria, haverá geração
de emprego e desenvolvimento econômico na região. O proprietário observou que a relação da
empresa com os superficiários é boa, tendo em vista que todas são favoráveis à sua
implantação e espera que isso ocorra o mais rápido possível.
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Minas do Camaquã Áreas rurais
Avaliação do local
Número Frequência Número Frequência
Péssimo 0 0,0% 0 0,0%
Não respondeu 0 0,0% 0 0,0%
Total 116 100,0% 46 100%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.
A motivação para esta avaliação tão positiva da situação do local onde residem, está
relacionada com a percepção de que trata-se de um lugar calmo, tranquilo, diferentemente dos
centros urbanos. É apontado, também, o longo tempo de residência no local, que corrobora
sua percepção de ser um bom local e estabelece os laços com a vizinhança e familiares que
também moram no local.
Atrativos como a natureza e o turismo, a simplicidade e a segurança (“a casa pode ficar
aberta”) também são mencionados como aspectos que motivam a avaliação tão positiva do
local onde os entrevistados residem.
Alguns entrevistados, contudo, ponderam sua avaliação positiva com a referência a
problemas que o local onde reside apresenta, especialmente entre os moradores de Minas do
Camaquã que identificam a falta de infraestrutura como um fator que contraria a percepção
positiva manifestada sobre o local.
Tabela 69: Motivo para esta avaliação da situação do local onde está a propriedade.
Minas do Camaquã Áreas rurais
Motivo
Número Frequência Número Frequência
Tranquilidade, lugar calmo, sossegado 44 37,9% 17 37,0%
Sempre morou, mora a muito tempo 15 12,9% 8 17,4%
Referência a problemas do local (calçamento,
12 10,3% 3 6,5%
comércio, infraestrutura)
Bom lugar para morar, viver 12 10,3% 11 23,9%
Boa vizinhança, pessoas boas, familiares 11 9,5% 4 8,7%
Natureza, lazer, turismo 11 9,5% 0 0,0%
Bom para criar os filhos, familiar 7 6,0% 2 4,3%
Gosta do local 6 5,2% 0 0,0%
Segurança, casa pode ficar aberta 5 4,3% 1 2,2%
Vida no campo, simplicidade 4 3,4% 2 4,3%
Qualidade de vida 3 2,6% 0 0,0%
Liberdade 2 1,7% 2 4,3%
Perto do trabalho 1 0,9% 0 0,0%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015.Base: 116 domicílios em Minas do
Camaquã e 46 propriedades rurais na AID.
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de itens de infraestrutura de estradas e ruas, falta de manutenção do ginásio de esportes, entre
outras.
Entre os moradores das áreas rurais da AID, o principal problema apontado são as
condições ruins da RS-625 e das estradas de acesso vicinais (39,1%), bem como a falta de
atendimento médico e de saúde (28,3%).
Com o objetivo de retomar a mesma temática sob outra perspectiva e explorar outras
referências que eventualmente o entrevistado não indicou em sua resposta inicial, o
questionário solicitava a indicação de aspectos positivos e aspectos negativos do local onde
ele mora.
As respostas aos aspectos positivos do lugar repuseram os mesmos itens apresentados
na motivação para a avaliação do lugar onde mora. Acrescentou, apenas, a indicação de
alguns entrevistados de Minas do Camaquã acerca da boa qualidade da escola local. Com
relação aos aspectos negativos, não foram acrescentados novos itens aos que já foram
mencionados com relação aos problemas do local.
Confrontando as indicações de problemas e aspectos positivos indicados, à luz da
avaliação positiva do lugar pelos entrevistados, é possível verificar que é valorizada a
tranquilidade e o sossego proporcionado pelos locais onde as propriedades estão instaladas,
ao mesmo tempo que há demanda por uma melhor infraestrutura de acesso e de oferta de
serviços.
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105
Em relação ao empreendimento, predomina entre os entrevistados a indicação por mais
de dois terços de que o conhecimento sobre ele é pequeno. Poucos entrevistados afirmam ter
grande conhecimento sobre o empreendimento.
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106
Minas do Camaquã Áreas rurais
Motivo
Número Frequência Número Frequência
Progresso, desenvolvimento local e para a região 19 16,4% 8 17,4%
Mais renda, geração de renda 14 12,1% 2 4,3%
Movimento da economia, comércio 13 11,2% 7 15,2%
Referência positiva a quando havia mineração 7 6,0% 5 10,9%
Pondera pontos positivos e negativos, descrença
6 5,2% 2 4,3%
que será instalada
Vai atrair mais gente 3 2,6% 0 0,0%
Turismo 1 0,9% 0 0,0%
Não respondeu 4 3,4% 2 4,3%
Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015. Base: 116 domicílios em Minas do
Camaquã e 46 propriedades rurais na AID.
Av. Farrapos, 146 conj. 62 - CEP 90220-000 - Bairro Floresta - Porto Alegre/RS
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Fonte: Pesquisa de campo realizada 15 e 22 de julho de 2015. Base: 116 domicílios em Minas do
Camaquã e 46 propriedades rurais na AID.
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Município Motivo
Nem pouco, nem muito. Desenvolveu mais do que era antes. Ocorreu a abertura de algumas
indústrias. Atualmente há confiança na gestão pública municipal, anteriormente estava em descrédito.
Progressos consideráveis nas áreas de saúde, assistência social e educação. O foco tem sido o
"cuidado com as pessoas". No geral tem ocorrido uma redução na cultura assistencialista.
Poderia estar mais desenvolvido, mas a última administração deixou mais de R$ 10 milhões em
dívida, o que tirou o fôlego para investimentos.
As perspectivas são muito boas. Vinte anos atrás existia uma universidade particular. Hoje a
Universidade Unipampa possui seis diferentes cursos com possibilidade de ampliação para 12. A
prefeitura doou área de 30 ha para a ampliação. Tanto a Unipampa como a localização geográfica são
vetores de crescimento, desenvolvimento para o município.
Pertencemos a uma região difícil que é a metade sul do RS. Não possuímos indústrias, somente de
calcário cujo retorno de ICMS não é suficiente. Há um individualismo em excesso, o coletivo é difícil
de trabalhar. É muito difícil fazer qualquer mudança. Para tudo isso é necessário trabalhar a cultura da
população.
O pouco desenvolvimento deve-se essencialmente pelo passivo (herança) de gestão pública anterior
de R$ 11 milhões.
O desenvolvimento que existe está na área da construção civil e do comércio local. A localização
microrregional, pelas BRs e proximidade. O município vem se desenvolvendo, como a Universidade
Unipampa.
Falta de investimento no geral, tanto recursos financeiros públicos como privados. Existe ainda falta
de vontade de mudança por parte da população, uma certa resistência.
O município de Santana da Boa Vista baseia-se economicamente na pecuária e agricultura, assim
como o comércio local, todos de forma familiar. Não há grandes empresas ou indústrias propriamente
ditas. A maior é uma serraria, cujo proprietário é de Sobradinho-RS. O que tem crescido é a área de
construção civil, principalmente na área pública. Esse movimento tem servido de atração de mão-de-
obra.
Possui muitas obras em andamento e em processo de conclusão. Também algumas que estavam
Santana da paralisadas e estão sendo retomadas. Estas atividades geram serviços para mão de obra local.
Boa Vista
O perfil da população do município é rural em pequenas propriedades do tipo pecuária e agricultura
familiar. Não existem indústrias, fazendo com que os jovens migrem do município para outras
localidades para estudar e/ou trabalhar.
No geral, hoje pelo tamanho do município, estamos tendo um bom desenvolvimento. Exemplos de
construções/intervenções como creche; academia de saúde (praça); 14 casas populares e mais 42 em
fase final de construção.
Fonte: Pesquisa de campo realizada de 3 a 6 de agosto de 2015.
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A carência e/ou falta de recursos financeiros para diferentes investimentos. No turismo, por exemplo,
falta de capacitações e treinamentos que dependem de recursos financeiros, convênios, acordos.
A diminuição de receitas, além do atraso nos repasses de verbas/receitas (Federais e estaduais).
Outro problema está associado a este cenário, com a finalização das obras públicas.
O que tem ocorrido em todos os municípios, ou seja, a falta de recursos financeiros. Com isso há um
"engessamento" para se trabalhar. Até o ano passado tínhamos os programas federais conveniados
(Turismo, Cultura e Educação) e todos desde o início de 2015 foram paralisados. Fora isso, outros
problemas no município estão relacionados a drogas e abigeato.
Santana da Falta de recursos financeiros e repasse (Federal e Estadual). Também a carência (falta) de
Boa Vista empregos e oportunidades em geral.
O município na região é conhecido pela quantidade de assaltos a bancos. Ou seja, um índice alto
nesta área de segurança. Neste ano já ocorreu nos bancos locais Sicredi e Banrisul. No ano
passado, foram os três brancos, incluindo o Banco do Brasil. Também índices de desocupados,
tanto de desempregados como de empregos temporários, principalmente os chamados "safreiros"
nas colheitas de maçã (Serra gaúcha) e arroz (Sul). Ainda em relação a violência, no interior a
crescente prática de abigeato. Na área de saúde, o hospital é precário, estando a ponto de fechar.
Fonte: Pesquisa de campo realizada de 3 a 6 de agosto de 2015.
Quadro 29: Percepção dos aspectos históricos positivos ou negativos relacionados com a atividade de
mineração.
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Município Opiniões sobre Mineração
Sempre de fatores positivos e hoje com os avanços da tecnologia e ambientais, os aspectos são
mais vantajosos ainda.
A atividade no todo para o município foi e está sendo positiva. Gerou e ainda gera receitas para
Caçapava do Sul.
São positivas como receitas. A comunidade extremamente ativa e para o município, incremento de
impostos. Percebe-se de 5 anos para cá o aumento de população (temporária) na vila de Minas do
Camaquã, ou seja, aposentados que estão buscando o lugar como espaço de lazer e qualidade de
vida. De certa maneira, o empreendimento turístico reavivou as esperanças da comunidade.
São muito mais positivos para o município. E ainda, se explorar o turismo associado à mineração,
Caçapava do melhor ainda.
Sul As marcas são certamente mais positivas. A população tem muita saudade da época. Há uma
expectativa, porém sem data precisa.
Mais aspectos positivos. No auge da atividade era outro padrão de vida. Ao fechar a mina,
literalmente "Caçapava quebrou". Informações de algumas pessoas com problemas de saúde pelo
tipo de atividade.
No geral, são muito mais questões positivas, pois num todo ajudou e ajuda no desenvolvimento do
município.
No geral, o legado é positivo e atualmente o calcário tem importante influência. Historicamente, nas
Minas, enquanto ativas, era maravilhosa, porém quando paralisou, estagnou tudo mesmo. Curioso
que na época de funcionamento da Mina chegaram a existir comentários de emancipação da vila.
Certamente mais aspectos positivos ao longo do tempo e isso repercute ainda hoje no município
com os aposentados e a relação com a Vila na Mina. No geral a interrupção das atividades na mina
foi um grande prejuízo para Santana.
Já foi mais importante e valorizada. Atualmente, por não ter exploração de mineração na Mina é
menos importante, porém não deixa de ter valor para o município nas áreas de turismo, os
Santana da aposentados.
Boa Vista
No senso comum, o entendimento é de mais aspectos positivos. Em relação a Mina, muitas pessoas
aposentadas que trabalhavam a época moram na sede de Santana da Boa Vista. Também
comentários de que ocorreram algumas contaminações em rios com mercúrio.
Para o município ao longo das atividades de mineração, há uma espécie de empate, tanto com
aspectos positivos como negativos. No caso da Minas do Camaquã também.
Fonte: Pesquisa de campo realizada de 3 a 6 de agosto de 2015.
Caçapava do Extremamente favorável. Com certeza a favor e com expectativas. O fato de já existir a vila de Minas
Sul do Camaquã, tende a potencializar ainda mais o local junto com a atividade de mineração e
atividades de turismo.
Totalmente favorável.
Favorável. É necessário para o município de Caçapava do Sul.
Totalmente favorável.
Favorável. Sim, com certeza e não vejo a hora que isto aconteça.
Favorável.
Favorável. O proprietário da Minas Outdoor Sports esteve aqui e somos parceiros no projeto
Santana da existente.
Boa Vista
Favorável, mesmo não se sabendo as questões relacionadas ao meio ambiente.
Favorável. Mas será que alguém é contra?
Fonte: Pesquisa de campo realizada de 3 a 6 de agosto de 2015.
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Quadro 32: Preocupações e Potenciais Problemas do empreendimento
Município Preocupações e Potenciais Problemas
Desde que implantado nos moldes (projeto) apresentados até o momento, ou seja, modelo
tecnológico de menores impactos, não há problemas. Os aspectos sempre serão positivos. As
eventuais preocupações num segundo plano. O fato de ter convivência histórica com a mineração,
por exemplo, nas questões referentes aos rejeitos, percebe-se que na proposta (projeto) estão
sendo tratadas e trabalhadas a não agredir o ambiente.
Não há percepção de problemas que o projeto possa trazer. Por enquanto, apenas vantagens.
Os potenciais problemas decorrentes da circulação de pessoas, porém não chegam a ser
Caçapava do problemas. Na verdade, uma provocação na população local para melhorias.
Sul Não se percebe qualquer problema, pelo contrário, irá gerar riqueza, receita. Diferente se fosse
exploração de carvão que traria problemas.
Não há, pois em termos ambientais, as leis de hoje são mais rígidas. Pessoas de fora que irão
trabalhar não será o problema, ao contrário, estimularão de diferentes formas, qualificação,
melhorias.
Apenas em algumas questões sociais (violência, drogas) no resto tudo positivo.
Os tipos de produtos químicos que serão utilizados na extração.
Com mais pessoas, existirão mais demandas em áreas como a educação, saúde e segurança que
poderão gerar problemas. Porém somente serão problemas, se previamente as soluções não
funcionarem como devem.
Sinceramente, não se percebe problemas para Santana da Boa Vista.
Santana da Não conheço ainda o projeto. Preocupações caso existam são na área ambiental, especialmente nos
Boa Vista recursos hídricos (Rio Camaquã) principalmente.
Principalmente na área de saúde. Quando no auge do funcionamento da Minas do Camaquã, o
hospital possuía uma estrutura bem grande. Com a retomada de atividades poderá ocorrer o
aumento nos atendimentos em saúde. Hoje no município a demanda já é grande caso não se invista
nesta área, a tendência é termos mais problemas ainda.
Fonte: Pesquisa de campo realizada de 3 a 6 de agosto de 2015.
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Município Comentário, crítica, sugestão
Atualmente, estamos tentando manter o minimamente as infraestruturas da vila e certamente com o
empreendimento isso melhorará.
Empregar as pessoas (mão-de-obra) local. Possibilidade de ativar convênios com o Pronatec nas
áreas de (mecânica, chapeação, motorista máquinas pesadas, tornearia, elétrica e hidráulica) via
Senai. Não há grande sugestões, amplamente favorável ao projeto. Iniciar a trabalhar no asfalto (RS-
625) de acesso a vila.
Possibilidade de absorver a mão-de-obra dos jovens. Recuperar o tempo perdido com atividades de
turismo, porém tudo com bastante consciência. Que melhore a concorrência nas Minas, pois os
valores/preços estão caros.
Mais informações e detalhamentos sobre o processo de extração do minério. A mineração sempre
foi a redenção para o município. Hoje aproximadamente 80% do calcário consumido no RS, sai de
Caçapava do Sul. A expectativa é grande e deve-se fazer o possível para viabilizar o
projeto/empreendimento.
Possibilidade de desenvolvimento de projetos em parceria nas áreas de cultura e turismo. Ativar os
espaços existentes, tombados. Melhoria da biblioteca. Oficinas de qualificação de turismo (hotelaria
e gastronomia). Parceria e apoio ao Projeto Som, Luz e Imagem no Forte D. Pedro II. O
empreendimento afetará de alguma maneira a atividade do Minas Outdoor? Que a mão-de-obra saia
e volte da sede diariamente, além de empregar o pessoal daqui, estará gerando receitas e
melhorando as condições de infraestrutura de estradas e transportes.
Parceria com o poder público desde o começo. O efetivo estreitamento de contatos e informações
com o poder público local, durante todo o processo, desde o início.
No momento não.
Santana da
Boa Vista Seguir as determinações legais previstas. Realizar os estudos, compensações e recomendações
técnicas.
Investir na área de saúde. "Não fechar os olhos" para o hospital já existente na Mina, ou algo como
um pronto atendimento.
Fonte: Pesquisa de campo realizada de 3 a 6 de agosto de 2015.
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3. ARQUEOLOGIA
3.1. Introdução
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Em 1990, na Carta para Proteção e Gestão do Patrimônio Arqueológico, elaborada pelo
International Council on Monuments and Sites (ICOMOS) and International Council on
Archaeological Heritage Management (ICAHM), órgãos ligados a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Lausanne, menciona que o
patrimônio arqueológico constitui o testemunho essencial sobre as atividades humanas do
passado, caracterizando-se por ser um recurso cultural frágil e não renovável. Dessa forma, os
planos de ocupação do solo decorrentes de projetos desenvolvimentistas devem minimizara
destruição desse patrimônio. Na mesma carta, menciona-se que a proteção do patrimônio
arqueológico constitui obrigação moral sendo de responsabilidade pública coletiva, e dever de
todos os países de assegurar que os recursos financeiros estejam disponíveis para a sua
proteção.
No que tange as ações educacionais que envolvem o patrimônio cultural, desde 1931
também recebem recomendações em Cartas Patrimoniais, como a Carta de Atenas (Escritório
Internacional dos Museus, 1931) e a Carta Nova Delhi (1956) que dispõem de recomendações
direcionadas a educação, divulgação e valorização cultural do patrimônio.
Sendo os eventos arqueológicos considerados bens da União (Constituição Federal
Brasileira, Artigo 20º) o projeto e o programa precisam obrigatoriamente contar com a
aprovação do IPHAN conforme Decreto Lei n. 25 de 30/11/1937 e pela Lei Federal n. 3.924 de
26/07/1961 e Memorando Circular 14/2012 CNA/DEPAM de 11/12/2012.
A pesquisa elaborada por meio desse projeto integra uma análise em documentações
obtidas nos órgãos oficiais, universidades, bibliotecas, museus, entre outras entidades
detentoras de informações relevantes. Os dados complementares serão acrescidos no
Relatório Final, após a visita ao campo para validação ou refinamento. Esta visita será
realizada após emissão da portaria que autoriza as atividades relacionadas ao diagnóstico
arqueológico interventivo.
Perante essas considerações o Projeto visa discorrer sobre a utilização da metodologia
adequada para os estudos arqueológicos através de ações de prospecções nas Áreas
Diretamente Afetadas (ADA), caminhamentos nas de Influência Direta (AID) e identificação de
locais de patrimônio histórico e arqueológico nas Áreas de Influência Indireta (AII), com o intuito
de minimizar e mitigar qualquer dano aos eventos arqueológicos.
3.2.2. Objetivos
Esta pesquisa tem por objetivo localizar, preservar e proteger os bens materiais
representativos do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural da região, garantindo o
registro dos sítios identificados e a salvaguarda dos vestígios arqueológicos para a realização
de um estudo científico adequado. Assim, pretende-se realizar as devidas etapas da pesquisa
arqueológica seguindo as exigências previstas na legislação brasileira para o licenciamento
ambiental nas áreas de implantação do empreendimento.
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patrimônio imaterial e levantar dados sobre os indícios arqueológicos da área em
estudo;
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Figura 21: Localização dos Sítios Arqueológicos mais antigos do Rio Grande do Sul. Localização das
tradições Umbu e Humaitá no Rio Grande do Sul. Fonte: SCHMITZ, 2006, p. 28.
As relações entre os vários grupos humanos da pré-história ainda não são bem
compreendidas. Para estudá-los, os arqueólogos e antropólogos os agruparam por caracteres
culturais, a partir dos hábitos, dos instrumentos e técnicas de produção. É desse critério que
surgem as denominações como as tradições Umbu, Humaitá, Vieira, Taquara, Tupiguarani
(MILDER, 1998) 2.
Essas diversas tradições são agrupadas em pré-ceramistas, grupos de caçadores,
coletores e pescadores nômades e que não dominavam a técnica da confecção da cerâmica, já
os ceramistas são grupos de caçadores, horticultores e pescadores que manejam a técnica da
confecção de cerâmica.
2
Para os conceitos de sítio, fase e tradição serão utilizadas as definições de Schmitz e Becker
(1991, p. 72). Para esses autores o conceito sítio: “é um lugar onde aparecem vestígios de ocupação
humana”; fase: “conjunto de materiais com características semelhantes (cerâmica, artefatos de pedra ou
osso), e que mantém as características isoladas como diagnósticas, dentro de um espaço e tempo
reduzidos” ou “espaço e o tempo ocupados por uma tribo indígena (parte de uma nação)”; e, tradição:
“são conjuntos maiores de materiais com características semelhantes, reunindo diversas fases e que
mantém com características semelhantes, reunindo diversas fases e que mantém as características,
isoladas como diagnósticas, dentro de um tempo e espaço mais amplo” ou “é o espaço e o tempo de
uma nação indígena”.
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3.3.2. História Indígena
A história dos Povos Indígenas do Brasil é essencial para compreendermos o processo
histórico de formação da sociedade brasileira, além disso, sem ela “não poderemos explicar o
Brasil contemporâneo” (BESSA FREIRA, 2009, p. 1). É com isso em mente que
desenvolvemos aqui um breve histórico das populações indígenas do Rio Grande do Sul. Não
apenas por interesse de compreender as ações e acontecimentos ocorridos nas diferentes
regiões do Estado acerca dos indígenas, o que ajuda a analisar e procurar vestígios
arqueológicos, mas também para abranger os processos sociais, políticos, culturais e
econômicos que permeiam a relação da sociedade abrangente para com os povos indígenas
ao longo da história. Um entendimento disso não apenas soma para a pesquisa sobre a cultura
material arqueológica, mas também para a construção da história do Rio Grande do Sul e para
ações socioeducativas, como por exemplo, oficinas de Educação Patrimonial.
Existem atualmente no Brasil 305 grupos étnicos indígenas, falantes de mais de 200
línguas diferentes (CEPAL, 2014). No Rio Grande do Sul vivem 3 desses grupos indígenas: os
Guarani, os Kaingang e os Charrua. As Terras Indígenas em território sul-rio-grandense
contabilizam 50, sejam em estudo, registradas ou homologadas: 24 Terras Indígenas
Kaingang; 23 Terras Indígenas Guarani e 4 Terras Indígenas divididas entre essas duas etnias.
Os Charruas possuem apenas um pequeno território na grande Porto Alegre. Segundo o
Censo de 2010 do IBGE a população Indígena do Rio Grande do Sul contabiliza 34.001
indivíduos, sendo que 18.266 vivem em Terras Indígenas e os outros 15.735 vivem fora delas 3.
A distribuição das Terras Indígenas no Rio Grande do Sul pode ser visualizada na Figura 22.
3
Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rs&tema=censodemog2010_indig_univer>.
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Figura 22: Localização das Terras Indígenas no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: FUNAI, 2014.
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Antes de iniciarmos o histórico propriamente dito, devemos acrescentar que os dados
aqui levantados não são apenas factuais. O objetivo é dialogar com diferentes áreas do
conhecimento, principalmente a antropologia e a arqueologia, a fim de construirmos uma
narrativa transdisciplinar que nos ajude a compreender as diferentes etnias indígenas que
habitam o Rio Grande do Sul em suas particularidades culturais e cosmológicas, só assim
podemos escrever realmente uma história indígena. Obviamente esta abordagem possui
alguns problemas devido às diferentes “linguagens” e fontes usadas por cada área do
conhecimento, logo, os dados foram analisados com abordagens diferentes. Por exemplo, se
quisermos aproximar os dados arqueológicos dos etno-históricos, devemos compreender que
os primeiros falam, geralmente, de conjuntos tecno-tipológicos que abrangem o parentesco
linguístico, já os segundos tratam de grupos de pessoas em um determinado lugar e tempo. Os
dados históricos, principalmente as fontes mais antigas, possuem um grande preconceito para
com os indígenas, tratando-os como inferiores e selvagens. Além disso, sabe-se que a história
de grupos “Tapuias” (não Tupisguarani) foi relegada a segundo plano, caracterizando-os,
embora diversas evidências históricas contrárias, como “traiçoeiro selvagem dos sertões que
atrapalhava o avanço da civilização”, enquanto os grupos Tupis teriam” contribuído
sobremaneira para a gênese da nação, através da mestiçagem e da herança de sua língua”
(MONTEIRO, 2001, p. 172).
A tentativa aqui é de uma aproximação entre os dados de cada ciência, assim tentou-se
problematizar as questões do uso de nomenclaturas como Tradições e Fases Arqueológicas,
aproximando a cultura material analisada arqueologicamente das informações etnográficas.
Essa postura vem de uma visão de Arqueologia que defende um discurso sobre pessoas, e
não sobre objetos. A Arqueologia como ciência do passado através da cultura material deve ter
uma visão humanizada, construindo uma narrativa sobre aqueles que construíram, fizeram,
significaram e usaram os objetos que agora são analisados pelos Arqueólogos.
Não é o interesse aqui fazer um intenso levantamento das pesquisas arqueológicas,
etnológicas e históricas sobre cada etnia indígena que ocupou o Rio Grande do Sul, trazemos
assim as informações mais relevantes para entendermos o processo de ocupação do espaço,
abrangendo assim questões políticas, econômicas, culturais e sociais sobre três povos
indígenas do Rio Grande do Sul: os Charrua (Pampeanos); os Kaingang (Jê); e os Guarani
(Tupi-Guarani).
Neste subcapítulo trataremos da história desses três povos através de registros
históricos e antropológicos, a fim de criar um panorama da trajetória dos Kaingang, dos
Guarani e os Pampeanos no território sul-rio-grandense.
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3.3.2.1. Pampeanos
O domínio destes grupos indígenas – Charruas e Minuanos – não se restringiu apenas
ao cavalo e ao gado, mas ao fato de serem adaptados e conhecedores destas terras; fato que
acabou tornando-os um problema para os colonizadores. O colonizador acabou por ocupar os
Campos Neutrais com objetivo de defender fronteira (principalmente após o Tratado de Santo
Ildefonso, em 1777), bem como a exploração do gado, tornando-se o senhor destas terras. A
Igreja, fazendo parte desse processo, catequizava e pregava o bem comum àqueles que se
convertessem ao cristianismo.
Temos na Tradição Umbu os primeiros sinais desses grupos nômades que remontam a
± 11.000 anos AP. Estes adaptaram-se principalmente à vida nos campos; mas ocuparam
também abrigos sob rocha na encosta do planalto e em muitos dos quais deixaram registros de
sua arte os “petróglifos”. Identificam-se pelos utensílios como as pontas de flecha, lanças,
facas, raspadores, bolas de boleadeiras. Acredita-se que devido ao contato com grupos
Guaranis, por volta de 2.500 anos AP esse grupo passa a incorporar a cerâmica ao seu arsenal
de objetos líticos e ósseos, passando a ser denominado de tradição Vieira. Conforme Schmitz,
Naue e Becker (1991, p. 222), quando os primeiros colonizadores europeus chegaram,
encontraram os últimos remanescentes dessa cultura, com os nomes de Charruas e Minuanos
(Figura 23).
Figura 23: Área aproximada da dispersão dos sítios da Tradição Umbu no Rio Grande do Sul. Fonte:
SOARES, KLAMT, 2005, p. 35.
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Estado; tendo constituído aterros que foram chamados posteriormente de “cerritos”. Os cerritos
são montículos de origem mineral, terra e restos de alimentação (diferentes da constituição dos
sambaquis, que possuem em sua formação conchas), suas formas são circulares, ovais ou
elípticas, com extensões de até 100 metros de diâmetro e 7 metros de altura. Viviam da pesca,
coleta de crustáceos e moluscos, caça de animais dos banhados.
As cerâmicas classificadas como sendo desta tradição (Figura 24), foram encontradas
pela primeira vez em Rio Grande próximo ao arroio Vieira, em 1966, por Pedro Ignácio Schmitz
e José Proenza Brochado.
Figura 24: Formas de vasilhas da Tradição Vieira. Fonte: SCHMITZ e BROCHADO, 1966.
Figura 25: Área aproximada de dispersão dos sítios de tradição Vieira no Rio Grande do Sul. Fonte:
SOARES, KLAMT, 2005, p. 43.
Há ainda os Guenoa, que foram colocados por Teschauer, no século XVII, também ao
sul do Ibicuí, para onde talvez se tivessem sido transladados, devido às lutas e depois alianças
com os paulistas nos ataques a Japeju. É mais verossímil, porém, sua posição inicial no divisor
de águas entre os Rios, Negro, Camaquã e Vacacaí grande, nas frias serras do sudeste.
Já os Charruas foram sempre hostis aos Guaranis, auxiliando bandeirantes e
portugueses na compressão guerrilheira aos povoados castelhanos mais próximos. Exímios
cavalariços, lanceiros, laçadores e boleadores foram auxiliares históricos na formação
estancieira e fronteiriça do Estado.
Os Charruas e Minuanos, também conhecidos como Caçadores-pescadores das
paisagens abertas (KERN, 1994), são os mais antigos grupos de caçadores conhecidos da
região platina, se estabelecendo nas paisagens dos pampas na Argentina, no Uruguai e no sul
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Rio Grande do Sul. Foram os grupos que mais resistiram às invasões Guaranis e ao processo
de colonização europeia.
Os Charruas já eram descritos em documentos do século XVI (nesta época eram
estimados entre 600 a 2.000 indígenas Charruas), na margem norte do Rio da Prata, próximo à
Colônia (Uruguai). Na época da Guerra Guaranítica (1750-1756), haviam Charruas localizados
nas estâncias dos Sete Povos. Os Charruas e os Minuanos se localizam entre a fronteira do
Rio Grande do Sul e Uruguai, durante o século XIX. Após o avanço da colonização, Charruas e
Minuanos são erroneamente confundidos como um grupo só devido à aliança que fizeram
entre si, por volta de 1730.
O Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, estabeleceu os Campos Neutrais um espaço a
ser respeitado pelas duas Coroas – Portuguesa e Espanhola. A economia do Rio Grande do
Sul no século XIX era baseada na extração do couro e do charque que possuía duas rotas de
destino, os portos de Montevidéu e Rio Grande. O roubo de gado e o contrabando eram
intensos e de grandes proporções; nesse contexto podemos imaginar o indígena como
“instrumento” dos portugueses e dos espanhóis para exploração de uma área que era restrita
aos seus interesses econômicos – vistos que os indígenas eram “livres” para habitar a região
dos pampas (OLIVEIRA, 2010).
Seus sítios arqueológicos são conhecidos como “cerritos” (pequenas elevações
artificiais), podendo ser encontrados em áreas alagadiças ou em áreas mais altas e secas;
também são encontrados vestígios em cavernas que foram utilizadas como abrigos
(principalmente na encosta sul do planalto e em vales dos rios que deságuam no rio Jacuí).
Segundo Kern (1994, p. 69-70), estas ocupações eram sazonais – no verão se assentavam
nestes cerritos, para a pesca, e no inverno se deslocariam mais ao interior (próximo ao Vale do
Rio Negro).
Restos da cultura material são encontrados hoje de maneira dispersa em todas as
paisagens abertas da vertente atlântica, variando de artefatos de pedra, utilização de ossos de
animais como matéria-prima (anzóis, agulhas, furadores, pontas simples – que podem ser
pontas de flechas – e pontas duplas – provável espécie de anzol –; dentes de animais com
perfurações para contas de colar), discos de conchas – para colares, também –; retocadores
de pontas de chifre de veado.
Como artefatos líticos aparecem pontas de flecha (lanceoladas ou com pedúnculos e
alelas), dois tipos de boleadeiras, percutores de seixos, grandes pontas de projétil (prováveis
pontas de lança), pequenos raspadores, lâminas bifaciais e facas, pequenas lâminas de
machado bifacialmente lascados, furadores, “quebra-coquinhos”. As técnicas de lascamento da
pedra eram muito sofisticadas e a matéria-prima preferida para a elaboração de instrumentos e
armas era o arenito metamorfizado, a calcedônia, e em menor quantidade o basalto (preferido
para a elaboração de boleadeiras). As demais matérias-primas foram utilizadas, sobretudo,
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para o lascamento de lâminas cortantes, como são os casos das facas ou das pontas de
flechas líticas. Inúmeros são os fragmentos de hematita, possivelmente usados para produzir
corantes.
Apesar dos Charruas e Minuanos serem grupos que são ligados à guerra e conflitos,
estas só de fato se intensificaram e chegaram a um número relativo, com a chegada da
colonização. Inicialmente apenas participaram dos combates os homens casados; a vigia,
geralmente, ficava sob responsabilidade dos chefes de família. A guerra ainda poderia
promover ascensão social, onde os guerreiros marcavam em seus corpos o número de mortos
que haviam realizado em cada combate (BECKER, 1984). Para as mulheres charruas, quando
seus maridos (ou filhos) morriam, as viúvas cortavam uma falange do dedo – começando pelo
dedo mínimo.
Quanto à produção de cerâmica, esta não foi tão intensa como entre outros grupos da
região platina. De pequeno porte e paredes grossas; com acabamento não muito primoroso.
Alguns recipientes semelhantes a tigelas, outros são globulares e serviam para cozer os
alimentos. Raramente é decorada, com a impressão das polpas dos dedos, das unhas, por
objetos com pontas, ou com evidências de impressão cestaria. De origem meridional,
provavelmente oriunda da foz do rio da Prata. Muitas vezes, entretanto, os fragmentos da
cerâmica dos Guaranis se encontram presentes nos sítios dos cerritos da região lagunar,
mostrando-nos a possibilidade de contatos culturais e de miscigenações étnicas. A partir dos
primeiros contatos com os Guaranis, passa a fazer parte da subsistência a horticultura e com
ela um maior uso da cerâmica.
Após a batalha de Salsipuedes, em 1831, contra o exército Uruguaio, indígenas presos
foram enviados a Montevidéu para serem distribuídos entre os brancos, e o último chefe
Charrua até então, Vaimacá Peru, foi capturado e levado à Paris para ser exposto como uma
curiosidade exótica, morrendo pouco tempo depois. Dos charruas que não pereceram em
batalhas, guerras e emboscadas alguns vieram a ser peões das estâncias de colonização
ibérica, contribuindo com inúmeros traços para o que hoje é chamado de “gaúcho”. O
extermínio destes grupos indígenas não se deu apenas nas guerras e doenças transmitidas
pelo branco:
Porém, durante muito tempo se acreditou que esses traços seriam apenas de ordem
psicológica (ferocidade, hipermasculinidade, heroísmo, etc.), e não genética. Esse imaginário
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começou a mudar quando pesquisas efetuadas no Pampa gaúcho demonstraram que a
porcentagem de DNA mitocondrial ameríndia nessa região seria de 52%, a maior taxa fora da
região amazônica (KENT, SANTOS, 2012, p. 355), e nos cromossomos Y 5 %, a maior
proporção no território brasileiro (op. cit., p. 357). A partir desses dados e de análises etno-
históricas e arqueológicas as pesquisas afirmam que muito provavelmente essa porcentagem é
proveniente de uma descendência Charrua.
Essas pesquisas também ajudam a confirmar o fenômeno de reafirmação étnica
Charrua que vem ocorrendo no Estado do Rio Grande do Sul desde 2007, quando a FUNAI
reconheceu a etnicidade de um grupo Charrua. Em Porto Alegre há nove (09) famílias
autodeclaradas Charruas morando na terra indígena Polidoro, na Lomba do Pinheiro, com 8,6
hectares4. O povo Charrua do Estado tem em Maria do Carmo Acuab sua figura de cacique.
Atualmente, no Rio Grande do Sul, residem 27 indígenas declarados charruas, segundo a
Siasi/Funasa 2012 5.
Atualmente os vestígios desses grupos indígenas, encontram-se em grande parte em
áreas que servem para o plantio do arroz. Essa produção exige técnicas que comprometem o
solo, afetando diretamente o Patrimônio Cultural.
3.3.2.2. Kaingang
Realizar um histórico do grupo Kaingang no Rio Grande do Sul é um trabalho
ambicioso. A quantidade de informações é vultuosa e as origens dessas pessoas representam
antigos povos autóctones com uma longa trajetória cujo âmbito é dadas as fronteiras nacionais
atuais, internacional. Revisar a bibliografia, consumir e digerir as obras e sintetizá-las
adequadamente não é tarefa fácil. O resultado final aqui esperado não pretende ampliar o que
se sabe sobre o grupo, ou tampouco aferir qualquer tipo de compleição sobre o assunto.
Contudo, esperamos oferecer um vislumbre estreito, mas informativo, que sirva como uma
introdução ao conhecimento maior que foi produzido acerca dessas pessoas, que também são
nossos antepassados.
Para tanto, dividiremos nosso esforço em seções que procuram oferecer base umas às
outras, seguindo, portanto, um desenrolar histórico, do mais antigo para o hoje. Três disciplinas
produziram estudos decisivos a respeito de uma tradução e compreensão dos Kaingang e seu
universo; a arqueologia, a antropologia e a linguística. Usaremos elas como suporte para
descrever os eventos do passado relativos a esse povo e seus antecessores, mesclando e
misturando as três, mas seguindo do passado até os dias atuais.
4
Disponível em:
<http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_novo/default.php?p_noticia=165221&ALDEIA+C
HARRUA+POLIDORO+E+AREA+ESPECIAL+DE+INTERESSE+CULTURAL> .
5
Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/c/quadro-geral>.
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O primeiro subtítulo é chamado O Passado (e o Antepassado) Kaingang Através da
Arqueologia e Linguística, e se refere aos dados compilados em um espaço de tempo remoto
cujo desenvolver (e não evoluir 6) no tempo ficou registrado apenas na cultura material. Os
dados linguísticos se baseiam em reconstituições hipotéticas da língua Proto-Jê e são
fundamentais para ligarmos a cultura material do Kaingang pretérito com o Kaingang atual.
O segundo é chamado, O Que Foi Escrito Sobre os Kaingang nos Séculos XVI a XX.
Este subtítulo enfoca os relatos etno-históricos principais do período citado, deixando claro que
não se tratam de informações produzidas pelos Kaingang em si, e sim, pelo novo ocupante de
descendência europeia da região que emprega e relata os fatos com grande carga pejorativa a
respeito das pessoas que aqui encontra – provavelmente devido aos embates que surgiram em
decorrência da proteção de seu território ancestral, por um lado, e pela necessária expansão
para o interior, de outro. Relativizaremos os diferentes interesses dos dois grupos e
atentaremos aos fatos. Decorrentes destes conflitos surgem os nomes de caciques Kaingang
que passaram para a história, e a eles dedicamos um tópico neste subtítulo sobre o pouco que
pudemos encontrar na bibliografia escrita pelo seu inimigo. Também neste subtítulo entraremos
em maiores detalhes sobre a organização social dos Kaingang, sua língua atual e seus hábitos,
e os diferentes nomes pelos quais foram chamados pelos colonos, na medida do possível.
A Antropologia moderna possui informações que ajudam a entender o pensamento
Kaingang e suas ações frente às dificuldades que ocorreram na história. Como é gigantesco o
volume de dados, nos restringiremos a informações genéricas de organização social no
subtítulo Breve Noção Antropológica do Universo Kaingang.
O último subtítulo denominado O Kaingang e o Branco Hoje, focando na disputa
territorial e se apoiando principalmente em reportagens coletadas na internet. Bibliografia
especializada sobre o assunto é existente, mas devido a questões de espaço, nos limitaremos
a pontuar a homologação e os conflitos mais recentes.
6
“Evoluir” possui uma ênfase em partir de um estágio “atrasado” para um estágio “avançado”.
Descreditamos tal hipótese por seu cunho injuriante. Acreditamos que os Kaingang eram e são
adaptativos como qualquer outro Homo sapiens e desencorajamos qualquer pecha de inferioridade a
eles atribuída, seja em nível acadêmico ou demiurgo.
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(não só substantivos, adjetivos e verbos, porém principalmente os pronomes,
os numerais e as partículas) (...) a horda vencedora adotou o idioma dos
vencidos (o caingangue), não por meio destes mesmos, os quais foram mortos,
porém através das mulheres e crianças que foram preservados (...) (Guérios
apud D‟Angelis, 2009, p. 119).
Figura 26: Formas das cerâmicas Eldoradenses de Misiones, país Argentina. Fonte: MENGHIN apud
SERRANO, 1972, p. 15.
Em termos técnicos a cerâmica Jê pode ter decoração plástica ou não (lisa), sendo
caracterizada pelo aplique externo de pontilhamentos, pontilhamentos arrastados, incisões,
negativos produzidos com a unha da mão em sentido vertical e horizontal dentre outros, às
vezes, combinando diferentes tipos de práticas (MILLER, 1967, p. 20). Os recipientes
costumam ser pequenos com paredes finas e formatos globulares com coloração de tijolo a
acinzentado. A queima é bem realizada e uniforme, sendo os recipientes modelados a mão
(PROUS, 1992, p. 322) (Figura 11). Prous salienta também as diferenças técnicas entre as
Tradições Itararé, Casa de Pedra e Taquara, mas de modo geral a descrição acima é
homogênea para as evidências até então encontradas. Independentemente de como
classificamos os cacos, o que é importante entender é que a arqueologia e a linguística
propõem aproximações significativas entre os diferentes grupos que migraram em direção à
região Sul, vindos do Brasil central.
As terras altas forneceram um habitat pleno para estes grupos, que, como caçadores,
podiam usufruir da caça da anta, veados, porcos do mato, ratões do banhado, cutias, lagartos,
tatus, aves, caracóis de jardim e bivalves de água doce. A horticultura estava diretamente
vinculada com um padrão semissendentário de vida e provavelmente o milho, a abóbora e
porongos já eram cultivados quando da chegada desses grupos no Rio Grande do Sul. A
araucária ocupava uma posição predominante na subsistência desses grupos, podendo ser
estocada e encontrada com abundância na região (JACOBUS, 1991, p. 76-77). O pinhão da
7
É fácil estabelecer diferenças entre a cerâmica Jê e a cerâmica Tupiguarani pelo fato de a
segunda ser manufaturada com a técnica de roletes e não por molde manual simples, como a Jê.
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planta é rico em calorias e provavelmente era processado e armazenado para épocas de
necessidade – mas é provável que fosse o principal tipo de alimento desses povos.
Outra referência marcante a essa cultura tipicamente planaltina são as casas
subterrâneas. A primeira notícia dessas estruturas como evidências arqueológicas teria sido
feita pelo arqueólogo estadunidense Alan Bryan 8, que indicou um sítio “muito parecido com as
casas subterrâneas dos Estados Unidos e Canadá” (SCHMITZ e BECKER, 1991, p. 252).
Figura 27: Formas das cerâmicas Jê do Sul. Fonte: PROUS, 1992, p. 323.
8
Alan Lyle Bryan (1928-2010) escavou sítios arqueológicos no Brasil a convite de diversos
arqueólogos brasileiros e era bastante interessado na arqueologia do país em geral.
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profundidades diferentes, variando entre 2m de diâmetro a até 18m. A profundidade pode ser
de meio metro a até 8m (PROUS, 1992, p. 321). Podem ser solitárias, agrupadas e geminadas,
em grupos de até 12 casas, variando sutilmente o tipo de evidências encontradas com o
padrão dos agrupamentos; em geral, são circulares, mas existem formatos em forma de elipse
(REIS, 2007, p. 32).
As casas podem possuir fogueiras centrais ou laterais, assentadas sobre um piso de
terra compactada pelo constante uso. O interior das casas sempre é limpo: o material
arqueológico raramente é disperso dentro da casa, sendo atirado à fogueira ou ao entorno na
superfície da casa. Algumas casas possuíam traços de uma alvenaria rudimentar, para
conservar melhor o calor e afastar a umidade, na forma de pedras forrando o solo ou partes da
parede. Escadas de madeira deveriam ser comumente usadas e ao menos uma casa foi
documentada com uma escada escavada na parede e cujos degraus foram calçados com
pedras lisas. A estrutura do teto era composta por troncos atravessados em padrão estelar,
com quebra-água e, por vezes, um tronco central sustentador. O telhado era provavelmente de
palha, mas folhas de palmeiras não estão descartadas e ofereceriam uma maior proteção. Os
suportes horizontais se sustentariam diagonalmente com a ajuda de pedras ou buracos de
estaca no lado de fora, mas nem sempre tais evidências são encontradas. As casas
agrupadas, às vezes, possuíam túneis entre si e gravuras rupestres também ocorrem nas
proximidades. Os artefatos líticos tendem a apresentar maior polimento conforme se examinam
os casos setentrionais, com peças majoritariamente lascadas no Paraná e maior uso de
técnicas de polimento em Santa Catarina e Rio Grande do Sul (PROUS, 1992, p. 312-324)
(Figura 12).
Associados a alguns grupamentos de casas ou sítios onde foi encontrado cerâmica Jê
típica, estão grutas ou fendas rochosas onde foram encontrados ossos humanos. Na região de
Vacaria e Bom Jesus existe o Perau das Cabeças e a Gruta do Matemático.
Três pequenos abrigos sob rocha onde repousam esqueletos humanos caracterizam o
cemitério do Perau das Cabeças (Figura 13). Se localiza em uma área devoluta, dentro de
propriedade privada onde a área total do sítio corresponde a 90m². Artefatos foram
encontrados: valvas de moluscos aquáticos não identificados, uma ponta em osso, um
fragmento de cordaria e três conchas marinhas; Olivancillaria contorduplicata e Buccinanops
duartei, típicas do litoral gaúcho; restos de fauna de aparente deposição antrópica são cervos e
lagartos. 42 indivíduos foram contabilizados das três grutas (SCHMITZ, 2002, p. 42-47).
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Figura 28: Processo hipotético de uso e transformação de uma casa subterrânea em um sítio
9
arqueológico .
9
Retirado de: http://www.revistadehistoria.com.br/uploads/docs/images/images/foto%2084.JPG
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Figura 29: Ossos no interior de uma das grutas do Perau das Cabeças. Fonte: SCHMITZ, 2002, p. 91.
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O QUE FOI ESCRITO SOBRE OS KAINGANG NOS SÉCULOS XVI A XX
Este capítulo encontrou alguns problemas logísticos quando da sua redação. Dado o
volume de bibliografia e a dificuldade de acharmos os relatos mais antigos, escusamo-nos
utilizando a síntese O Índio Kaingang no Rio Grande do Sul, de Ítala Irene Basile Becker
(1976), como obra principal que representa a melhor compilação disponível. Quando possível,
se agregarão outras fontes, mas em geral, as informações – e citações dos períodos
ambicionados - vertem dessa obra. O ideal seria a voz do Kaingang, mas não há
disponibilidade de averiguar por essa rara espécie de trabalho.
Quando os europeus chegaram, os Kaingang devem ter tido apenas notícias esparsas
sobre eles. Os Guaranis que estavam ocupando a costa. Isso se confirma, segundo Irene
Basile Becker, que em aprofundada pesquisa, não encontra praticamente nenhum relato entre
colonos e Kaingangs no primeiro século da divisão do espaço com o europeu. Gabriel Soares
de Souza parece ser o primeiro relato, datado de 1587. Descreveu índios para o interior que
não falavam o Guarani, não eram antropófagos, dormiam em “cavernas do campo” e,
similarmente aos chamados Guaianás – outra nomenclatura para os Kaingang – cortavam o
cabelo em tipo tonsurado, sendo chamados também de Coroados. Os primeiros europeus a se
assentarem nos interiores do atual Estado do Rio Grande do Sul foram os famosos Padre Ruiz
de Montoya e o Padre Diaz Taño, no início do século XVII (BECKER, 1976, p. 12), fugidos do
Guairá e a frente de um número de outros Jesuítas que se instalam em definitivo por aqui,
iniciando a Primeira Fase das Missões Jesuíticas (PORTO, 1954, p. 97), embora ele não
descreva o P. Diaz Taño. Eles encontram um grupo de indígenas chamados Guaianás, no Alto
Uruguai, que enfrentava uma epidemia desconhecida (BECKER, 1976, p. 12).
Porto, cujo principal objetivo era contar a história dos Jesuítas, tenta classificar os
grupos que vê descritos nas cartas ânuas dos padres, enviadas à Santa Sé e a matriz europeia
da Companhia de Jesus. Dentre as “nações” descritas, encontramos razoável nível de
similitude entre os as descrições correntes dos antigos Jês e dos Ibirajaras, descritos por Porto
– a mesma área de domínio; desde o atual Estado do Paraná até o Rio Grande do Sul, no
planalto; vinculados diretamente ao tronco linguístico Jê; a mesma filiação com outros grupos,
o exemplo dado são os Kayapós; cita Antônio Serrano que os classifica a partir dos relatos
etnográficos como Guaianás e os relaciona elementarmente às florestas de araucárias; e por
fim, os reconhece como antepassados dos atuais Kaingang (PORTO, 1954, p. 52-59).
Ítala encontra a descrição de Lozano que descreve do século XVIII, com mais
pormenores, os Guaianás (também, no momento, chamados de Gualachos). Segundo ele, o
grupo não permanecia no local por mais de dois anos, vivia em choças cuja estrutura central de
madeira era bastante similar ao modelo encontrado nas casas subterrâneas atualmente
redescobertas, bebedores de erva mate em contextos rituais e também possuíam túmulos “em
forma de pirâmide” (BECKER, 1976, p. 12-13).
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Becker (1976, p. 13) finaliza a análise de obras etnográficas dos séculos XVII e XVIII
com a seguinte afirmação, “os Kaingang dos séculos XVII e XVIII, que ainda vivem no Brasil
Meridional designados por diversos nomes como Socré ou Shokléng, Kamé, Bugres,
Coroados, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, têm nos Guaianá (Jê
Meridional), tomados em sentido amplo, seus ancestrais diretos”.
Esse grande e multiforme grupo Jê habitava neste período as altas matas de araucárias
desde o Alto Uruguai indo até a fronteira com o Uruguai, tendo o Rio Piratini como fronteira
mais a oeste, (BECKER, 1976, p. 14). No Estado do Rio Grande do Sul, os últimos redutos se
localizam no nordeste do Estado.
No século XIX os Kaingang entram em uma fase de atrito constante com os brancos.
Cada vez mais se internam nas elevações dos planaltos, conforme seus antigos territórios vão
sendo disputados com as pastagens, o gado e os estancieiros que se expandem cada vez
mais. Becker comenta que dois grandes fatores auxiliaram na “pacificação” dos indígenas Jê
que ainda viviam livres: a chegada massiva de colonos italianos e alemães, entre 1824 e 1875,
e a catequização incisiva Jesuíta, que inculcou neles um modus vivendi europeu. Becker afirma
que Teschauer ressalta que os grupos que ainda viviam como seus ancestrais prosseguiam em
seus territórios tradicionais, no nordeste do Estado. O contato interétnico é marcado por
histórias de conflito entre os colonos e os indígenas. Os próprios Kaingang, neste período, são
retratados como representados por chefias e nomes surgem na bibliografia. Essas chefias não
são absolutas e unificantes; como no caso entre os caciques Doble e Braga, as dissenções
prejudicam uma resposta coletiva aos colonos (ver As Lideranças Kaingang).
No século XIX, as últimas casas subterrâneas estavam sendo fundadas e
abandonadas, os Kaingang migravam mais por causa do contato com o branco, ou para fugir,
ou para enfrentá-lo. Neste período também, alguns estudos antropológicos começam a surgir,
interessados no comportamento e compreensão do mundo Kaingang. Não entraremos nestes
detalhes, para focar nas lideranças Kaingang do período, o que aprofundará as questões do
contato interétnico. Becker comenta que, inicialmente, os Kaingang andavam nus, mas que
com o contato, aceitavam usar roupas dos brancos, embora não fosse está sua preferência –
Teschauer comenta que teve que esperar para ver os Kaingang durante uma visita a suas
aldeias; esperou do lado de fora, enquanto eles se vestiam para recebê-lo. Essa prática era
comum a todos os grupos, frente aos brancos. Uma informação muito interessante está na
página 18: os grupos contatados (1850-1853) ainda preferiam instrumentos líticos aos de
metal, mas conforme o contato se intensificava, este e outros hábitos (como o corte de cabelo),
foram abandonados.
A ação colonizadora, por sua vez, atua quase somente por coação,
empurrando o índio de seu território e consequentemente reduzindo seu
espaço vital com todas as modificações advindas dessa nova situação. Outras
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vezes, a ação colonizadora se expressa nos aldeamentos pela tentativa
governamental de tirar os “Coroados” do mato; dessa ação resultaram os
aldeamentos de Nonoai no Alto Rio Uruguai, Campo do Meio, e Colônia Militar
de Caseros no Mato Português, conforme informa Hensel, que nos dá também
a comprovação arqueológica pela abertura de dois túmulos em Caseros em
1865 (BECKER, 1976, p. 19).
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Nonohay, ou Cacique Nonoai (1729-1851/1885?)
Missionários são os primeiros a escrever sobre o cacique Nonoai, em 1849. Teria vindo
em migração, do atual Estado de Santa Catarina e se estabelecido no Posto de Passo Fundo
sem muitos problemas. Na época “já contava com 120 anos”. Em 1849-1850 estoura a guerra
tribal Kaingang pela divergência de dois grandes principais, Doble e Braga. Nonoai, já morando
em terras governamentais, aderiu ao lado que estava com os brancos. Teria morrido entre
1851 e 1855.
Cacique Nicofé
Também chamado de Pedro Nicaji, João Grande e Nicué. Emerge socialmente se
casando com a filha do Cacique Condá. Fez ataques com seu sogro e há relatos de ter
atacado um grupo do Cacique Doble em 1854. Em 1855 se reúne à reserva de Nonoai com
seu sogro. Em dezembro do mesmo ano, se envolve no ataque e rapto de reféns de fazenda
de João Mariano Pimentel; é caçado por populares, milicianos e guerreiros do Cacique Fongue
e Doble, vindo a ser morto na ocasião.
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139
Cacique Nicué
Livre, em 1850 ocupou a antiga região dominada pelo Cacique Braga, já reduzido.
Chefia um bando de poucos índios, entre eles um escravo fugido. Também era conhecido
como João Grande, por sua corpulência.
Em 1852 assaltou a casa de fazenda de Pedro Wadenpuhl, sendo morto pelos
guerreiros do Cacique Doble após perseguição.
Cacique Braga
Braga foi outro cacique contatado durante os anos de 1848-1849, pela ação missionária
junto aos últimos indígenas em estado livre restantes do Estado do Rio Grande do Sul. Ele e
seu povo residiam na distância entre Passo Fundo e Vacaria. Durante um assalto na região,
mataram dois tropeiros e um escravo, pilhando e inutilizando o que não poderia ser levado,
segundo narra Mabilde. A vitória teria dividido a tribo em duas grandes partes, por motivos não
esclarecidos; o lado fiel a Braga e o lado do Cacique Doble (ver próximo cacique). Os ataques
dos dois lados eram constantes. Durante a guerra entre as divisões Kaingang, ele e sua tribo
foram perseguidos pelos Kaingangs inimigos e por milícias. Durante uma descida da serra para
o vale do Rio Turvo, encontra e captura Pierre Mabilde, que posteriormente escreverá um livro
com suas aventuras. Enquanto foi prisioneiro, Braga foi ao túmulo de seu pai, por motivos não
documentados. No mesmo ano da captura de Mabilde, o grupo se entregou aos brancos na
reserva do Campo do Meio, em 1850. Depois desse ano, nada mais é escrito sobre ele.
Cacique Chico
Chefe de 120 Kaingangs no Campo do Meio, entre 1865-1866.
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141
T ERRAS KAINGANG HOMOLOGADAS NO RIO GRANDE DO SUL
Para este subtítulo recaíram as pesadas informações da sociedade Kaingang hoje. Nos
limitaremos a enumerar as terras homologadas com base no atualizado site Portal Kaingang 10,
conferindo com o site do governo 11 e citando quaisquer discrepâncias.
Terra Indígena Ligeiro, Posto Indígena Ligeiro, Posto Indígena Paulino de Almeida
Município de Charrua. Delimitada em 1911 e homologada em 1991 com 4.500 hectares.
1604 Kaingangs vivem na reserva. O Portal Kaingang dá cifras de 1900 indígenas residindo lá
em 2005.
10
http://www.portalkaingang.org/index_aldeia_principal_1.htm.
11
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kaingang.
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142
Terra Indígena Monte Caseros, Toldo Caseros
Muncípios de Muliterno e Ibiraiaras. Delimitado em 1911 e homologado em 1998 com
1000 hectares. A população é de 585 Kaingangs.
Terra Indígena Serrinha, Fág Kavá (Pinheiro Ralo), Posto Indígena da Serrinha
Municípios de Ronda Alta, Três Palmeiras, Engenho Velho e Constantina.
Desmembrada pela redução da Terra Indígena Nonoai. Área atual de 12000 hectares.
População de 1760 Kaingangs, embora o Portal Indígena afirme que em 2005, 2000 Kaingangs
nela morariam.
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143
Figura 30: Povoamento Jê Meridional no primeiro milênio de nossa era. Fonte: SCHMITZ e NOVASCO,
2013, p. 39.
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144
litorâneas e se insinuam pelos vales empurrando os Jês para o planalto de onde se originam.
As estruturas cerimoniais conhecidas como “danceiros” começam a se multiplicar no espaço
planaltino, assim como as casas subterrâneas e a exploração dos pinheirais de araucária como
fontes de subsistência a longo prazo, visto que o acesso sazonal ao litoral era dificultado pelos
Guaranis (SCHMITZ e NOVASCO, 2013, p. 37).
Assim, antes do contato com o europeu, estes grupos originalmente ocupavam o litoral
e as planícies superiores do Estado do Rio Grande do Sul. No verão, deveriam migrar para a
praia, para subsistir dos recursos marinhos. O contato com os primeiros grupos que já existiam
na região12; quem eles eram antes e depois disso é impossível determinar com certeza. Os
futuros portadores da Tradição Taquara (que provavelmente surgiu dentro do Estado) fundam
os primeiros acampamentos, hipoteticamente dependendo de trançados ao invés de
recipientes cerâmicos. Por volta do ano 1000, há novos integrantes humanos na paisagem
gaúcha; os Guaranis. Falantes de uma língua diferente, vêm migrando desde a Amazônia e
logo ocupam as áreas litorâneas e os vales dos rios até o pé da serra. Os grupos Jê, nessa
época já mais parecidos com os atuais Kaingang e Xokléngs, internam-se nas altitudes melhor
defensáveis e abundantes em araucárias. Nesse momento parece existir um foco maior na
criação de centros cerimoniais, sob a forma de danceiros – estruturas baixas de terra, sempre
fechadas em formatos quadrangulares, elípticos ou circulares, individuais ou duplos – e as
maiores casas subterrâneas são escavadas e habitadas. A Tradição Taquara surge por entre
os anos 600 e 900 depois de Cristo e rapidamente se torna a mais representativa, com
variações, em toda a região Sul. Parece haver um crescimento demográfico na região,
auxiliado por um incremento em práticas sedentárias13 que nos leva a crer uma fixação maior
nos locais por duas hipóteses:
12
Talvez os responsáveis pela Tradição Umbu; um contexto de situações onde peças líticas
representam a maior evidência material e cuja antiguidade pode remontar a 6000 anos antes do
presente no Estado (SIMÕES, 1972, p. 72).
13
Mas ainda em um nível semi-sedentário: “temporariamente abandonavam seus povoados para
ir à colheita de mel e frutos silvestres” (BECKER, 1976, p. 201).
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145
Figura 31: Terras Indígenas Kaingang no Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: GOOGLE EARTH
modificado por LPA/MCT/PUCRS, 2014.
3.3.2.3. Guarani
O Guarani descrito aqui, mesmo nos baseando em fontes arqueológicas, históricas e
antropológicas, é um “Guarani de Papel” (SANTOS, 2005). Ou seja, não pode ser considerado
como um retrato real das pessoas e do povo, pois é uma criação da academia. Isso não quer
dizer que os dados e as informações estejam errados, porém não condizem totalmente com a
verdadeira vida e modo de ser desses indígenas. Tentamos nos aproximar dessas pessoas e
criar um panorama abrangente sobre sua trajetória, seu passado e sua atualidade em três
momentos: os Dados Etno-arqueológicos, onde trazemos informações sobre as migrações pré-
coloniais, o território ocupado, o modo de habitação e a cultura-material; as Parcialidades,
abrangendo algum dos grupos Guarani que são citados em fontes históricas e etnográficas; e
os Dados Históricos, apresentando algum dos principais processos históricos ocorridos no
Estado do Rio Grande do Sul a partir de uma ótica focada nos Guarani.
DADOS ETNO-ARQUEOLÓGICOS
Os povos Guarani, abrangendo suas diversas parcialidades, fazem parte da família
linguística Tupiguarani, tronco linguístico Guarani, sendo assim aparentadas linguisticamente
dos Tupinambá, mesmo que estes pertençam ao tronco linguístico Tupi. A Arqueologia refaz as
migrações dos povos de língua Tupi-guarani através da dispersão de cerâmica policrômica
desde a Amazônia. Há diversas hipóteses sobre a rota migratória desses grupos que dariam
origem aos Guaranis, porém o certo é que desceram pelos grandes rios, desde a Amazônia
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146
chegando ao Rio Grande do Sul por volta de 2.000 anos atrás, onde ocuparam principalmente
os vales dos rios e as terras baixas.
Uma das causas dessa migração para o sul pode ser porque, a partir de 3.000 A.P., um
novo período de frio trouxe consequências significativas nas alterações ambientais, o que teria
empurrado esses grupos de horticultores. Outras teorias dão conta de um aumento
populacional, de uma tática de expansão de território e até da procura de uma “terra sem
males”, figura esta que aparece na cosmologia de diversos grupos Tupi-guarani. De qualquer
modo, os Guaranis, abarcando as suas parcialidades, são o povo indígena com maior
dispersão territorial das Américas. Seu território tradicional (Yvy Rupa), pré-colonial e atual,
abrange uma área de mais de 1.500 km de extensão por 500 km de largura, ou seja, uma área
de 750.000m². Existem registros de presença Guarani desde Campo Grande, no Mato Grosso
do Sul, até Buenos Aires, na Argentina, e desde o chaco paraguaio até o litoral paulista
(SOARES, 2012, p. 768). Este território geográfico amplo não é contínuo, sendo compartilhado
por distintas sociedades as quais se inserem em uma rede de intercâmbio. A ocupação
Guarani é formada por inúmeros pontos de passagens, caminhos e algumas centenas de
aldeias, construídas em locais estratégicos e com referenciais simbólicos e práticos, que se
interligam através de redes de parentesco e reciprocidade (CCDH, 2008, p. 28). Os territórios
tradicionais apontados pelos Guarani atuais são localizados nos mesmos limites geográficos
observados pelos cronistas durante a conquista (LITAIFF, 2009, p. 143) (Figura 32).
Esta magnitude de ocupação territorial pode ser explicada, por uma visão mais
cosmológica, por um ethos Guarani da caminhada, o jeguata. Na sua própria definição de
povo, os Guaranis incluem a mensagem divina de Nhanderu, a divindade maior, criadora de
tudo e de todos, de procurar seus lugares verdadeiros (LADEIRA, 2007, p. 38). Além disso, o
migrar para os Guarani faz parte do seu modo de ser, pois é nessa ação que se cresce como
pessoa e se aprende os ensinamentos da vida guarani (PRADELLA, 2009). É apenas com
esse aprendizado, esse caminhar e com as rezas e danças que os Guaranis podem atingir seu
objetivo máximo: a elevação à Yvy Mara Ei, a “Terra sem Males”. Esse “paraíso” é o contrário
do mundo em que vivem, uma terra imperfeita, de dor, a qual foi criada por Nhanderu, após a
destruição da Yvy Tenondé, a “Terra primeira”.
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Figura 32: Dirversão do Grupo Tupi e Guaranis. Posteriormente a chegada no Rio Grande do Sul dos
Guaranis. Fonte: SCHMITZ, 2006, p. 58.
Os grupos Guarani expandiram sua ocupação do atual território do Rio Grande do Sul
pelos vales da bacia platina, sendo grandes navegadores e pescadores, estabelecendo-se nos
ambientes quentes e úmidos, próprios a seus cultivos e a seu modo de vida, chegando ao vale
do Jacuí e ao litoral sul - brasileiro e uruguaio. Instalaram-se também nas matas próximas aos
pequenos rios da costa e da encosta da Serra do Sudeste.
A dispersão dos sítios arqueológicos dos Guaranis, os quais na nomenclatura
arqueológica utilizada comumente recebem o nome de Tradição Tupi-Guarani. Esses sítios são
caracterizados por manchas escuras no solo, circulares ou elípticas, demarcando áreas de
queima e de deposição de matéria orgânica, abrangendo uma área desde 250.000m² até 10m².
No Rio Grande do Sul as datações mais antigas para esses sítios são de 150 A.D. e 730 A.D.
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no centro e norte do estado, e as mais recentes são de 1725 A.D. e 1750 A.D., no Vale dos rios
Jacuí e Uruguai (RIBEIRO, 2008, p. 183). A cultura material típica desses sítios é a cerâmica,
já que a extensa gama de objetos de madeira usados até hoje não suportara a ação do tempo.
Essa cerâmica Guarani é identificada devido a sua manufatura que usava a técnica dos roletes,
os quais ficam visíveis quando da quebra dos vasilhames, e possuíam base arredondada, a
não ser alguns exemplares das Missões Jesuítico-Guarani que possuem base plana. Esses
objetos de cerâmica têm diversas formas (Japepó Guaçu, Japepó Mirim, Cambuchi Caguaba,
Cambuchi Guaçu, etc), decorações plásticas (corrugado, ungulado, escovado, imbricado, etc),
e pinturas (usando pigmentos vermelhos, brancos ou pretos), abrangendo funções desde a da
alimentação até a ritualística, inclusive o enterramento dos mortos (BROCHADO, LA SALVIA,
1989).
As pinturas nas cerâmicas são de forma geométrica, com linhas retas e curvas, as quais
representam a cosmologia Guarani, expressada em seus cantos e mitos (CADOGAN, 1959).
Por exemplo, para os Guaranis a terra é suportada por uma estrutura de madeira de Palmeira
Pindó em forma de cruz, desenho este representado em algumas vasilhas, ou também a
decoração em forma de emblema de cobra (TOCCHETTO, 1996).
Atualmente os Guaranis não produzem mais vasilhas de cerâmica, usando o barro
apenas para alguns cachimbos, sendo a maioria de madeira. Porém, sua cosmologia ainda é
visível nos objetos e nas artes que fazem, seus cestos possuem muitas das decorações
encontradas em vasilhames pré-coloniais e as esculturas de animais em madeira (vichu
ra’anga) representam as narrativas cosmológicas sobre esses bichos.
Além disso, o barro era usado para confeccionar cachimbos (petyngua), os quais
podiam ser feitos de madeira também. Esses cachimbos eram confeccionados pela técnica do
modelado e podem ser tubulares, fornilho, angular e monitor (RIBEIRO, 2008, p. 188). Seu uso
é tanto doméstico quanto ritual, sendo usados em cerimônias e rezas, a principal é a revelação
do nome das crianças (nmongarai), as quais esperam até seu primeiro ano para participar
desse ritual. Outro artefato usado ainda hoje é o tembekua 14, adorno usado nos lábios para
demarcar a passagem dos homens para a idade adulta. Ele pode ser confeccionado de
madeira, osso, resina e pedra. O material lítico, não mais usado, encontrado é caracterizado
por lâminas de machado polidas em basalto, afiadores em canaleta, lascas de calcedônia e
quartzo (RIBEIRO, 2008, p. 188). Um tipo de machado que aparece mais durante o período
jesuítico é o Itaiça, ou rompe-cabeças. É um machado circular, com gume periférico e
encabado através de uma perfuração central, usado como arma de guerra segundo os
documentos históricos (PROUS, 1992, p. 402).
14
Na bibliografia arqueológica se usa erroneamente o nome Tembatá, pois essa palavra significa
“queixo” em Guarani, enquanto Tembekua significa adorno do queixo.
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149
Na Figura 33, podem ser visualizados as diferentes formas e tamanhos dos vasilhames
cerâmicas Guarani, e na Figura 34, algumas das pinturas e decorações plásticas usadas nas
cerâmicas.
Figura 33: Formas e tamanhos da Cerâmica Guarani. Fonte: SCHMITZ, 1991, p. 327.
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150
Figura 34: Decorações pintadas e plásticas da cerâmica Guarani. Fonte: PROUS, 1991, p. 394.
Utilizavam para plantio o sistema de coivara, ou seja, o cultivo em clareiras abertas nas
matas através de queimadas, abandonando o local após desgaste do solo. Sendo um sistema
de aproveitamento ambiental cíclico, respeitando o período de revitalização do solo para
plantar novamente. Atualmente, devido ao espaço exíguo das Terras demarcadas esse tipo de
agricultura não é tão intensamente cultivado. Foram os Guaranis que introduziram a agricultura
no Rio Grande do Sul, trazendo em seus cestos e vasilhas de cerâmica o milho, o feijão, a
mandioca, a amendoim, diversos tipos de morangas e o uso de erva-mate, a qual é
considerada sagrada. Essas áreas de roça foram por muito tempo dentro da Arqueologia
entendidas como área de ocupação de uma ou outra população, a qual não possuía cerâmica,
apenas artefatos líticos, a Tradição Humaitá (Figura 35). Esse equívoco se deu porque o
método de escavação não abrangia extensas áreas dos sítios e os dados não eram analisados
frente a uma lógica de territorialidade Guarani. Dias e Hoeltz (2011) fizeram esse tipo de
análise e demonstraram que os sítios da Tradição Humaitá, nos quais os líticos de grande
porte são os fósseis guias como “bumerangóides” usados como enxadas, ou seja, artefatos de
uso na agricultura, seriam as áreas de plantio das aldeias Guarani. A dispersão desse tipo de
sítio pode ser visualizada na Figura 36.
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151
Figura 35: Área aproximada de dispersão dos sítios Guarani, ou da tradição Tupi-guarani no Rio Grande
do Sul. Fonte: SOARES, KLAMT, 2004, p. 49.
Figura 36: Área aproximada da dispersão dos sítios de roça dos Guaranis, ou da Tradição Humaitá no
Rio Grande do Sul. Fonte: SOARES, KLAMT, 2004, p. 39.
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Nas Tekoa, seus territórios tradicionais, as construções pré-coloniais se davam no
formato de choupanas de forma quase sempre ovalada, feitas de troncos e palha, geralmente
de tamanho suficiente para abrigar várias famílias. Nas relações de parentesco, por exemplo, a
família extensa, e não a família nuclear, é o núcleo fundamental. As lideranças principais são
divididas em duas categorias, embora uma mesma pessoa possa ter ambas: mburuvicha, o
cacique, sendo assim uma figura mais política; e o xiramoi, o xamã, o líder espiritual.
Geralmente esses cargos são ocupados por homens. Esses líderes são escolhidos pela
comunidade, não havendo um poder centralizado na figura deles. A sociedade Guarani sendo
baseada na reprocidade reciprocidade e na coletividade é, essencialmente, uma sociedade
contra o Estado (CLASTRES, 2003).
Além das habitações e das áreas de atividades diversas, incluindo a roça, as aldeias
Guaranis possuem uma Opy, casa de cerimônias, onde ocorrem os rituais religiosos. Esta
edificação é construída de forma especial, usando-se madeira das palmeiras Pindó (Butiá
capitata) e barro, e guiando-se pelos pontos cardeais. A necessidade de um espaço
relativamente grande para a coleta e caça fazia com que a área entre os povoados fosse
relativamente grande e eles poderiam se comunicar através de caminhos abertos pelo
território.
PARCIALIDADES
A Etnia indígena comumente conhecida como Guaranis possui, na verdade, diferentes
parcialidades étnicas, as quais se diferenciam por nomes próprios, diferenças nas formas
linguísticas, especificidades culturais, costumes, práticas e rituais, organização política e social
e orientação religiosa. Ou seja, ao longo do tempo, diversos grupos Guarani ocuparam a região
do estado do Rio Grande do Sul, alguns deles foram exterminados, outros mudaram de nome,
outros se mantêm ainda hoje. Elencaremos aqui uma descrição sumária de algumas dessas
parcialidades que são citadas em fontes históricas sobre os primeiros séculos de contato e
também das atuais que ocupam a região.
Os dados referentes as primeiras foram levantados em base no mapa etnográfico do
Rio Grande do Sul elaborado pelo Padre Teschauer (FREITAS, 1985) e de outras fontes
históricas, já as parcialidades da atualidade foram descritas sumariamente, pois há uma grande
gama de trabalhos etnológicos sobre elas os quais não se tem espaço nem fôlego para
tratarmos aqui.
A distribuição de algumas das parcialidades etno-históricas pode ser vista na Figura 37
e Figura 38.
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153
Figura 37: Distribuição das parcialidades etno-históricas dos Guarani, em laranja, no Rio Grande do Sul
e arredores. Fonte: NIMUENDAJU, 1987.
Figura 38: Distribuição de algumas parcialidades atuais dos grupos Guaranis. Fonte: LADEIRA, 2007, p.
187.
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Carijó 15: Ocupavam a costa atlântica desde o sul da Cananéia, atual estado de São
Paulo até o litoral do estado do Rio Grande do Sul (SUSNIK; CHASE-SARDI, 1995, p. 39),
região está provavelmente dividida em diferentes Guarás (conjunto de Tekoás, que formavam
uma região ou uma província) que respeitavam limites geográficos naturais (SOARES, 1997, p.
131). Esta parcialidade ocupava a região entre a Lagoa dos Patos e o Atlântico, abrangendo
das cidades de Osório a Torres, habitando o lado ocidental as lagoas, das quais aproveitavam
a pesca e a coleta de moluscos. O Guará dos Carijós teria seu limite setentrional, segundo o
Padre Jerônimo Rodrigues (1940, p. 229), em algum ponto de Santa Catarina e seu limite
meridional na Barra de Tramandaí, no Rio Grande do Sul. Essa dispersão descrita pelo Padre
é repetida nas pesquisas e nos mapas etno-históricos de Teschauer (2002, p. 216),
Nimuendaju (1987) e Susnik e Chase- Sardi (1995, p. 40). Já Nóbrega (1955, p. 200) em uma
carta datada de 1555, afirma que os Carijós se expandiam de Assunção, no Paraguai, até o
Peru, e Gabriel Soares de Souza (1971, p. 118) escreve que a terra dos Carijós em 1587 se
estenderia até Santa Catarina, porém a região mais a sul seria dos Tapuia, os quais fariam
guerra aos Carijós e viveriam mais no interior, afastados do mar.
A migração dos Carijós para o litoral teria se iniciado com os Protocario. Eles
caracterizavam-se pelo cultivo intensivo, cerâmica policrômica pintada, mobilidade pelos
grandes rios e uma unidade social baseada em um princípio integracionista (SUSNIK; CHASE-
SARDI, 1995, p. 33). Através dos rios Paraguai, Paraná, Paranapanema e Uruguai, essa
população teria adentrado o afluente deste último, o Jacuí, e chegado ao litoral de Santa
Catarina, dispersando-se para norte e sul (BROCHADO, 1989). Esta migração para o litoral
estaria ocorrendo quando da chegada dos colonizadores europeus na região, no primeiro
quartel do século XVI (TESCHAUER, 2002, p. 64). Ribeiro (1996, p. 53, 108) afirma que nessa
época a sociedade Carijó começava a se dispersar devido à divisão da chefatura política e a
crença de uma terra fértil, abundante em caça e pesca (provavelmente a “Terra sem males”).
Os Carijós que habitavam a área dos rios Manduvirá e Tebicuary, no Paraguai, representavam
uma fronteira tanto cultural quanto ecológica entre um padrão paleolítico e outro neolítico
(SANTOS, 1988, p. 21), modelo este seguido no litoral sul rio-grandense, entre a encosta do
mar e a serra, habitada por grupos Jê (WITTMANN, 2012, p. 57-58).
Caaguá: A definição étnica desse grupo é ambígua. Eles habitavam o planalto
campestre e nordestino do Estado, que além de ser território Kaingang era uma importante
base de operações dos Bandeirantes, pela sua ligação direta com o porto de Laguna e a Ilha
de Santa Catarina (atual cidade de Florianópolis), sendo assim, mantinham-se em constante
conflito. Para alguns (PORTO, 1954) pertenciam ao tronco originário dos coroados, de fala Jê,
porém o nome Caagua é geralmente usado para se referir aos indígenas de fala Guarani
(METRAUX, 1953, p. 37; CLASTRES, 2007, p. 10). Caagua vem do termo kaagüa, que em
15
Encontra-se também a nomenclatura Cario, Cario-guarani e Karijó e Mbiazá.
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155
Guarani significa “aquele que vem da floresta/mato”. Há de se tomar em conta de que nos
escritos dos cronistas há vários relatos sobre grupos indígenas que possuíam a mesma língua,
diferenciando-se apenas por algum dialeto, e com costumes parecidos com o dos Tupi-guarani,
todavia poderiam ser uma população guaranizada. A Carta Ânua de 1634 sobre as missões do
Paraná e do Uruguai conta sobre um grupo de 24 Caaiguas que chegaram à redução de São
Francisco Xavier: “(...) llegaron al pueblo 24 almas de otra naciona que llaman Caaiguas, que
quiere dezir vezinos del monte. (…). Hablan la lengua Guarani; pero con dificultad entiende y
son entendidos” (MCDA III, 1969, p. 66).
Guaianá: situados nas matas e campestres do Alto Uruguai, sob denominação de
Ibirajara, confrontavam-se com os Tape. Foram entre eles traídos por um castelhano e
sacrificados, os protomártires do Estado e da América do Sul – insignes apóstolos da missão
jesuítica de São Paulo, Irmão Pero Correia e João de Souza, no ano de 1554.
Tape: Significa “caminho” em Guarani, sendo a parcialidade que foi reduzida nas
Reduções do Tape, no Rio Grande do Sul. Sediavam-se na região cardeal do Estado, nas
bacias dos Rios Taquari e Jacuí, era entre eles que ficavam os importantes redutos, ranchões
e paliçadas de resgate, denominados Pirapopi, no alto Taquari e ainda célebre reduto paulista
de Jesus Maria de Ibiticaraíba, no tradicional cerro de Botucaraí, perto da cidade de
Candelária.
Arachane ou Pato16: Os Arachãs ou Arachanes habitavam o lado ocidental da Lagoa
dos Patos, no Rio Grande do Sul e, quando da chegada dos europeus, contabilizavam vinte mil
(TESCHAUER, 2002, p. 216; SUSNIK, 1995, p. 40; NIMUENDAJU, 1987). A filiação étnica
deles é incerta. Ruy Díaz de Guzman afirma que eram Guaranis, que não se diferenciavam nos
costumes e na língua e que receberam esse nome devido a seus cabelos “revolto e eriçado
para cima” (GÚZMAN, 2009, p. 91), porém, segundo Metraux (1953, p. 51) os Guaranis
possuíam uma tonsura circular, parecida com a dos franciscanos. Segundo Carlos Teschauer,
eles eram tapuias guaranizados, que teriam se sujeitado aos Guaranis devido à pressão bélica
dos Charruas (TESCHAUER, 2002, p. 54). O padre Jerônimo Rodrigues, que conviveu com os
Carijós e os Arachãs no litoral, afirma serem estes parentes daqueles e que inclusive traziam
bens materiais para a costa atlântica (RODRIGUES, 1940, p. 230). Interessante salientar que,
ao comparar os mapas etno-históricos com os da dispersão de sítios arqueológicos de Rogge
(2005, p. 125), na área ocupada por essa população aparecem diversos sítios Guarani s, mas
também da Tradição Arqueológica Vieira (que seria os Charruas construtores de Cerritos),
inclusive com uma dita cerâmica guarani mal feita (idem, p. 36). Se há alguma relação entre os
Arachãs e os construtores de Cerritos, isso não se pode evidenciar por meio dos dados
pesquisados e levantados até agora (WITTMANN, 2012, p. 70). Existem fontes que afirmam
que os Arachanes teriam se estendido até a região da atual Porto Alegre dominando o Morro
16
Para a relação entre está parcialidade indígena e a Lagoa dos Patos ver Von Ihering (1907).
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de Santa Teresa, a região do Passo da Areia, chamado de Ibicuiretan, e o Morro de Santana.
Uma de suas lideranças, o cacique Jari, teria deixado o seu nome ao arroio que corre entre os
dois contrafortes do ponto mais relevante da Cidade (FREITAS, 1975, p. 30).
Guarani: Esta parcialidade seria aquela que foi reduzida nas Missões Jesuítico-
Guarani, porém provavelmente se refere de modo genérico a diversas parcialidades. Nos
mapas etno-históricos estariam estabelecidos na região entre o Uruguai e os afluentes do norte
do Ibicuí e do Ijuí grande. Não penetraram no Alto Uruguai, exploraram tão somente os ervais
mais próximos, cujo produto, ao tempo das reduções faziam embarcar ao sul do Povoado São
Nicolau, na foz do Rio Piratini, de onde as reduções enviavam a erva-mate às cidades
castelhanas do baixo Paraná e a Buenos Aires.
Mbya: Parcialidade Guarani mais relevante no Estado do Rio Grande do Sul. Segundo
o Instituto Socioambiental 17, ocupam a Argentina, contabilizando 5.500 pessoas, os Estados do
Espirito Santo, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e
Tocantins, contabilizando 7.000 pessoas em território brasileiro, já no Paraguai seriam 14.887
Mbya.
Nhandeva: são conhecidos também pelos nomes Pai-Tavyterã, Tembekuára e
Apapocuva. Segundo o Instituto Socioambiental 18, ocupam o Estado do Mato Grosso do Sul,
em número de 31.000, e o Paraguai, onde habitam 12.964 Nhandeva.
Kaiowa: Segundo o Instituto Socioambiental 19 , também são conhecidos como Ava-
Chiripá, Ava-Guarani, Xiripá e Tupi-Guarani. Habitam a Argentina, em número de 1.000, os
Estados Brasileiros de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e São Pauo, contabilizando 13.000, no Paraguai são 15.229 Kaiowa. É a parcialidade
mais afetada pelo agronegócio e pela violência dos latifundiários no Mato Grosso do Sul,
possuindo a maior taxa de suicídios no Brasil 20.
DADOS HISTÓRICOS
A primeira narrativa mais densa sobre os Guarani no Brasil, data de 1526, quando
indígenas Guarani levaram o português Aleixo Garcia, seguindo ordens de Martim Affonso de
Souza, até as proximidades do Império Inca, no Peru. Garcia saiu de São Vicente com alguns
Guaranis, atravessou o Rio Paraná e o Rio Paraguai, neste tempo dois mil Guaranis já
estariam migrando nesta direção à procura de roupas e objetos de metal (bens também
desejados pelo espanhol, embora seu primeiro objetivo fosse conhecer o território). Após isso,
atravessaram o chaco Paraguaio, a Bolívia e chegaram em território Inca, onde travaram
batalhas em alguns vilarejos (NORDENSKIÖLD, 1917).
17
Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-mbya>.
18
Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-nandeva>.
19
Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-kaiowa>.
20
Para mais informações: <http://atyguasu.blogspot.com.br/2012/11/historia-da-aty-guasu-guarani-
kaiowams.html>.
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157
Aleixo Garcia foi conduzido pelo Caminho do Peabiru, uma estrada que ligava o litoral
brasileiro (Santa Catarina e São Paulo) com o litoral pacífico. Não se há certeza de qual grupo
indígena construiu o Peabiru, também conhecido como “caminho de São Tomé” e “caminho da
montanha do Sol”, provavelmente foi um trabalho coletivo usado para trocas comerciais,
expansão do território e migrações. Foram encontrados em alguns sítios arqueológicos no
litoral de São Paulo, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul pequenas placas de metal e de
ouro, provavelmente provenientes do Império Inca21. O Arqueólogo Igor Chmyz pesquisou uma
parte deste caminho que foi encontrado no estado do Paraná (1969, 1971).
O Peabiru foi provavelmente o caminho mais importante de migração e locomoção de
povos na América pré-colonial e nos primeiros anos de colonização. Os europeus usaram
essas vias construídas pelos indígenas para adentrar o território e fazer contato com os povos
indígenas. Mas, havia outros caminhos menores ao longo de todo o território brasileiro e sul-
rio-grandense. Temos de ter em mente que as populações nativas se locomoviam por todo o
território, em constante contato e trocas culturais, sociais, políticas e econômicas com outros
grupos étnicos.
Durante a exploração colonizadora do território Brasileiro, ocorreram três diferentes
momentos em relação aos grupos Guarani: o período conhecido como “Parentesco e
Amizade”, entre 1534 até 1545, onde ocorreu uma relação mais amena entre os
conquistadores e os indígenas, com o contato inicial e a comunicação através de alianças
guerreiras, econômicas e de parentesco; as “Rancheadas”, de 1546 a 1551, a prática de tomar
como escravos os indígenas para trabalho nas zonas rurais e de criação de gado, o que
marcou um período de violência e resistência; e por último as “Encomiendas”, que perdurou até
o século XVII, marcando a época de maior tentativa de catequese indígena, somada ao
trabalho compulsório e de desestruturação e reestruturação, através dos movimentos de
resistência, da organização social, política, econômica e religiosa dessas populações.
O relato de Ulrich Schmidl (2007) é um dos mais antigos sobre a região do Rio da Prata,
do Rio Paraná e do Paraguai, contando a missão de reconhecimento desse território do ano de
1535 até 1555, ou seja, atravessando o período de reciprocidade para um combate bélico para
com as populações indígenas. A narrativa deste soldado alemão traz informações sobre
guerras e alianças entre grupos indígenas, reconhecidamente inimigos, contra o avanço
colonizador das forças europeias. Ulrich Schmidl participou ativamente da batalha contra esses
movimentos de resistência e conta, por exemplo, que em Buenos Aires ocorreu a junção de
quatro nações indígenas (os Querandíes, os Guarani, os Charrúas e os Chana-Timbués)
contra as tropas europeias (SCHMIDL, 2007, p. 42).
21
Uma dessas placas encontradas no Rio Grande do Sul está exposta no Museu do Colégio Mauá, em
Santa Cruz do Sul/RS.
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158
O relato do adelantado Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (2009) narra o trajeto a pé da ilha
de Santa Catarina até a cidade de Assunção para resgatar tropas espanholas durante os anos
de 1541 a 1542. Cabeza de Vaca foi guiado por indígenas Guarani, através do peabirú até o
Paraguai. Do litoral de Santa Catarina até o rio Iguaçu, as tropas de Cabeza de Vaca
mantiveram uma relação de reciprocidade e hospitalidade para com os Guaranis, trocando
roupas e artefatos europeus por mantimentos e informações sobre rotas. Pero Hernandez, o
escrivão de Cabeza de Vaca, narra que a “notícia sobre esse tratamento corria por toda a
parte, de modo que os índios vinham trazer o que possuíam e eram pagos por isso” (CABEZA
DE VACA, 2009. p. 119). A falta de relatos sobre outros grupos étnicos na região parece
mostrar um domínio político, econômico, cultural e até bélico dos Guaranis neste território,
afirmação que está sustentada também por dados arqueológicos.
Estes dois cronistas, Schmidl e Cabeza de Vaca, mostram como a relação com os
Guaranis foi construída através de alianças e trocas recíprocas. Os colonizadores
aproveitavam a potencialidade econômica e agrária dos Guaranis e, estes por sua vez,
consideravam oportuno contar com a ajuda dos “caraí do arcabuz e do cavalo” para enfrentar
seus inimigos de outros grupos (SANTOS, 1988, p. 68-69). Esta relação não durou muito
tempo, sendo logo substituída por embates violentos e movimentos de resistência contra o
avanço etnocida dos europeus. Entre os anos 1537 e 1616 são registradas no mínimo 25
rebeliões Guarani contra os colonizadores, geralmente lideradas por um Karaí (sábio, xamã), o
mais conhecido desse período foi Oberá o qual organizou uma resistência espiritual de
fortalecimento do modo de ser Guarani, no Paraguai (BRIGHENTI, 2010, p.87-88).
Antes das primeiras reduções jesuíticas chegarem ao território sul-rio-grandense o
padre Jerônimo Rodrigues (1940), atravessando Guará dos Carijós entre 1605 e 1607, procura
evidenciar ou não a possibilidade de ser criada uma missão na área. Este texto, escrito 62
anos após o relato de Cabeza de Vaca, se passa durante as “Encomiendas” e a atuação mais
forte dos Bandeirantes paulistas na região. Logo, os Carijós descritos pelo padre se deparavam
com uma situação de maior penúria, de falta de alimentos e itens básicos. Isso pode ser
evidenciado pela descrição sobre as casas e aldeias desses Carijós no litoral. Em 1587,
Gabriel Soares de Souza descreve as habitações desses indígenas como “casas bem cobertas
e tapadas com cascas de árvores, por amor do frio que há naquelas partes” (SOARES DE
SOUZA, 1971, p. 119), contudo, as aldeias que Rodrigues descreve possuíam duas, três ou
até apenas uma casa com alguns indivíduos, e continuavam sendo chamadas de aldeias
(RODRIGUES, 1940, p. 217). Esta narrativa mostra também, como nas outras duas, a primeira
tática de resistência dos grupos Guaranis contra os invasores europeus: a aliança com etnias
indígenas diferentes. Já a característica na segunda fase dos movimentos de resistência, no
século XVII, foi à tentativa de voltar aos costumes tradicionais. Assim, a figura dos pajés e
caciques tomou uma relevância maior. Na Província do Caagua, localizada entre as reduções
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do Tape e a serra do Rio Grande do Sul, as lideranças Guaranis ocupavam-se em impedir a
penetração da religião cristã e em fazer transações comerciais com os bandeirantes (SANTOS,
1988, p. 143).
O avanço cada vez maior e mais intenso dos “soldados d‟el Rei, dos soldados de Cristo
e, sobretudo, dos soldados microscópicos de uma invasão de patógenos” desestabilizou todas
as populações indígenas do Brasil, tanto politicamente quanto demograficamente, mas foram
os diferentes grupos Tupi da Costa os mais afetados (MONTEIRO, 2001, p. 59). A fase de
“conversão através do amor e pela persuasão pela semelhança” foi substituída, a partir do
Governo de Mem de Sá (1558-1572), por ofensivas bélicas e pelo aldeamento dos indígenas
em espaços missionários. Foi a partir desse período, após cinco décadas de contato direto,
que eclodiram as primeiras pandemias de doenças como varíola e gripe (MONTEIRO, 2001, p.
60). Ou seja, a supressão do modo de vida tradicional dos povos indígenas causou danos
culturais, sociais e de saúde.
Essas experiências missionárias, de redução dos indígenas Guarani em aldeamentos
controlados por jesuítas e seguindo as leis cristãs, é o capítulo mais conhecido e estudado da
história desse povo indígena. Essas missões jesuítas abrangeram praticamente todo o globo
terrestre, quando os religiosos da Companhia de Jesus tentaram catequizar os nativos do
século XVI ao XIX. Na verdade, a primeira ordem religiosa que experimentou reduzir os
Guaranis foi a Franciscana, já em 1580 (D‟ABBVILLE, 1874). As primeiras reduções jesuíticas
em território brasileiro com Guaranis localizavam-se no Guairá, atual Paraná, próximo ao rio
Paranapanema em 1610. Porém, o constante ataque dos bandeirantes fez com que indígenas
e jesuítas abandonassem esse tipo de ocupação e migrassem para a região do Itatim, nas
margens do Rio Paraguai e junto ao Chaco e ao Pantanal, e para o Tape, nos Rios Piratini,
Jacuí e Ibicuí. No Tape, ou seja, no território atual do Rio Grande do Sul, as primeiras reduções
começaram no ano de 1626, com a fundação de São Nicolau do Piratini, onde habitava o
Padre Roque Gonzáles, tido como o primeiro evangelizador do Estado. Essa primeira
experiência missioneira no Rio Grande do Sul teve vida curta, terminando com a destruição e
abandono de todas as reduções e a derrota e expulsão dos bandeirantes em 1641, na batalha
e M‟boraré (BURD, 2012, p. 25-26).
As Reduções do Tapes foram efêmeras, mas representam um período conturbado da
história do Rio Grande do Sul. Desde a chegada de jesuítas espanhóis na região, os indígenas
tanto aceitaram essa experiência e conviveram com os padres nessas missões, quando se
sublevaram contra eles, como foi o caso do Cacique Niezu. Além disso, tropas de Bandeirantes
rondavam o território, descendo de São Paulo e Santa Catarina à procura de indígenas para
venderem como mão de obra escrava. Este período foi marcado por inúmeras batalhas, em
território das reduções ou nos caminhos que cortavam o Rio Grande do Sul, e mortes, talvez a
mais famosa a do padre Roque Gonzáles em 1628 no Caaró. As reduções construídas nesse
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período eram frágeis, provavelmente de madeira e adobe e suas localizações ainda são em
sua maioria indefinidas. Apenas três foram localizadas e estudadas: a Redução de Jesus Maria
(1633-1636), situada na Bacia do Rio Jacuí, às margens do Rio Pardo, no município de
Candelária; a Redução de Nossa Senhora da Candelária do Caaçapaminí (1627-1636),
localizada próxima a um afluente do rio Piratini, a 20 Km do município de São Luís Gonzaga; e
a Redução de São José ou São Miguel, sua denominação ainda é incerta, localizada próxima a
um afluente do rio Toropi, no município de São Pedro do Sul (ZUSE, 2009, p. 24). Ainda
faltariam serem encontradas e estudadas algumas Reduções como: São Cosme e Damião,
Japepu, Apóstolos, Santa Teresa, etc. (MALLMANN, 1986, p. 155-162).
A Figura 39 mostra a localização aproximada de alguma dessas reduções. Este é um
período da história do Rio Grande do Sul e dos povos Indígenas pouco estudados. As
reduções do Tapes não possuem a magnitude das igrejas de pedra, porém marcam conflitos
étnicos e bélicos importantíssimos para entendermos o processo de formação político e social
do Estado. Esta história não pode ser contada apenas pelos documentos escritos, os quais
calam sobre vários aspectos, mas também com a ajuda da arqueologia, a qual pode trazer
informações importantíssimas sobre a construção e vida nessas reduções e sobre as batalhas
que as destruíram.
A segunda fase das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul se dá entre 1682 e 1756,
quando elas são construídas nas margens do Rio Uruguai. Nesse período se formam 30
Reduções, sete no território do atual Rio Grande do Sul e 23 na Argentina e no Paraguai.
Essas Missões representam também a consolidação da expansão espanhola frente ao território
português. Quando do Tratado de Madrid, em 1750, e a troca da Colônia de Sacramento,
território português, pelos 7 Povos das Missões ocorreu a chamada Guerra Guaranítica (1754-
1756), levando a destruição das reduções (BRUM, 2006, p. 3).
As Reduções Jesuítico-Guarani dessa fase forma: no Paraguai (8) – San Ignácio
Guaçu, Encarnación de Itapua, San Cosme, Santa Maria de Fé, Santiago, Jesus, Santa Rosa e
Trinidad; no território de Misiones, Argentina (11) – Corpus, Loreto, San Inácio Mini, Santa
Maria Maior, Candelária, San Javier, San Carlos, Apóstoles, Sant‟Ana, San José e Mártires; no
médio-Uruguai, a oeste (4) – Concepción, Santo Tomé, La Cruz e Japeju; no Rio Grande do
Sul (7) – São Borja, São Nicolau, São Luís, São Lourenço, Santo Ângelo, São João Batista e
São Miguel, a capital das Missões.
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Figura 39: Localização aproximada das Reduções do Tapes (Reduções Primitivas) em relação às
Reduções dos Sete Povos. Fonte: ZUSE, 2009, p. 25.
O círculo de ação das Missões era em torno de 350.000km² (Figura 40), abarcando: a
atual província de Misiones, o sul da República do Paraguai, grande parte do Rio Grande do
Sul, a província de Corrientes ao longo do Rio Uruguai, o oeste de Santa Catarina, os
departamentos de Artigas e Salto e Paissandu no Uruguai, uma pequena faixa a nordeste da
província de Entre-Rios na Argentina e uma pequena parcela do Paraná (LESSA, 1984, p.
114). São Miguel, considerada a Capital dos 7 Povos, foi a segunda maior das Missões
Guaranis, perdendo apenas pela de Japeju. Seu território, contando os campos de criação de
gado e de pastoreio, abrangia cerca de 240 km de largura leste-oeste por 120km no sentido
norte-sul. Começando na escarpa de San Martin, entre os rios Ibicuí e Jacuí, e descendo até
as Vacarias do Mar, às pontas do Rio Negro, e limitando-se a oeste com as estâncias de
Concepción e San Nicolás e, a leste, com as estâncias de São Lourenço e São Luís (LESSA,
1984, p. 82).
As Reduções Jesuítico-Guarani seguiam certas normas e regras em sua construção e
escolha do local. A região deveria se localizar até uma distância máxima da última existente,
deveria se situar em colinas suaves e abastecidas por córregos de água, tendo assim ampla
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visão das paisagens distantes, obviamente o ponto de maior destaque do terreno era destinado
à igreja a qual quase sempre tinha sua frente voltada para o norte (MALMANN, 1986, p. 258)
Figura 40: Distribuição dos 7 Povos das Missões. Fonte: LESSA, 1984, p. 114.
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(proclamadas em Latim), os indígenas tinham certa liberdade e espaço para manterem seu
modo de vida tradicional, o qual mantém até hoje. Obviamente, isso se deu também por um
processo de resistência, afinal se para uma parte dos Guaranis a redução é aceita e acolhida
como novidade tecnológica, proteção contra a escravidão e afirmação política de alguns
caciques, para outra parcela, especialmente a dos xiramoi, o modo de ser tradicional, o nhande
reko, estava sendo ameaçado. Esta resistência era posta em prática de forma sutil, raramente
sendo usadas armas de fogo, mas sim através da espiritualidade (MELIÁ, 1982, p. 234-235). O
nhande reko Guarani, o modo de ser, baseia-se em parte no que alguns antropólogos chamam
de “inconstância da alma selvagem” (VIVEIROS DE CASTRO, 2002), que seria uma estratégia
de autopreservação através de uma aparência superficial de assimilação (LADEIRA, 2007, p.
25) e também como um modo de se apoderar desses signos dos poderes da exterioridade
(VIVEIROS DE CASTRO, 2002, p. 224). Isto pode ser visto nos relatos das missões jesuíticas
acerca da fé cristã e da cosmologia Guarani, quando houve um tipo de sincretismo de ambas.
Os sacerdotes jesuítas tentando reinterpretar e aproveitar as narrativas Guarani, e os
indígenas agregando elementos recém-chegados como forma de garantir um êxito Guarani
frente à nova realidade (SANTOS, 1988, p. 182).
Uma experiência tão marcante na vida de um povo, como foram as reduções para os
Guaranis, não pode ser entendida apenas através da visão dos não indígenas. Os Guaranis
possuem seu próprio modo de entender e significar os jesuítas e as reduções, inserindo-as
dentro de uma narrativa cosmológica. Para alguns Guaranis os Jesuítas eram chefes
carismáticos que, como mburichá e os xiramoi, também possuíam poderes mágicos,
generosidade e uma grande eloquência. Além disso, a tecnologia do ferro e da forja levou os
Guaranis a compararem os Jesuítas a Kuaray ou Nhamandu, o deus solar. Logo, os Jesuítas
foram batizados de Kesuíta, ligado a Kuaray-Ru-Ete, a divindade Sol primeira, e a Nhanderu
Mirim, a divindade maior depois de Nhanderu (LITAIFF, 2009, p. 144). Esses Kesuítas teriam
ido para a Yvy Mara Ei, a “Terra Sem Males”, após a destruição das Missões, sendo assim,
elevados a uma categoria de personagem mito-histórico. Já as Reduções possuem um valor
simbólico que representa a memória materializada dessas narrativas cosmológicas e históricas,
provando a existência dos Kesuítas e sendo simbolizadas como uma Tava Mirim, as aldeias
divinas que existem na Yvy Mara Ei (LITAIFF, 2009, p. 145). Porém, não eram todos os
Guaranis que acreditavam nessa versão. Alguns não consideravam que os Jesuítas tenham
sido Nhanderu Mirim, mas sim determinados Guarani que viveram nas reduções e atingiram a
“Terra Sem Males”. As Missões, e principalmente São Miguel das Missões, são significadas por
estes como uma Tava Rekoaxy, uma representação imperfeita dessas aldeias divinas. As
verdadeiras Tava Mirim se encontrariam no horizonte, imateriais e inalcançáveis a quem mora
nesse mundo imperfeito (TAVA, 2012). Isto demonstra que, mesmo com uma experiência
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reducional focada na fé cristã que durou século, os Guarani seguem acreditando em suas
narrativas cosmológicas e perpetuando seu modo de vida tradicional.
Outro acontecimento marcante na história do Rio Grande do Sul e dos povos Guaranis
foi a chamada “Guerra Guaranítica”. Ela eclodiu em 1750, quando os indígenas missioneiros
negaram abandonar as missões e seus territórios tradicionais no Rio Grande do Sul para
ocuparem apenas a margem oeste do Rio Uruguai, como estipulava o Tratado de Madrid,
assinado entre as coroas espanhola e portuguesa. Os Guaranis tiveram o apoio dos Jesuítas,
os quais também não tinham interesse de perder sua ocupação no território e das Reduções do
lado oriental do rio Uruguai, caracterizando assim um conflito não apenas político entre
Espanha e Portugal, mas também cultural entre os Guaranis e o poder monárquico. O nome
mais conhecido na historiografia a respeito desse conflito é o de Sepé Tiaraju, um cacique
Guarani que recebeu uma educação aos moldes ocidentais dos jesuítas. Embora, a
importância de Sepé para os Guarani seja ambígua, muitos não creditam ele como um líder
indígena.
A Guerra Guaranítica foi caracterizada na maior parte do tempo por pequenos conflitos,
escaramuças e provocações, era uma guerra de guerrilha praticamente. Ocorreram duas
grandes batalhas: a de Daiman e a de Caiboaté, que marca o fim do conflito (BURD, 2012, p.
42). No confronto no arroio Daimán (1754), em atual território uruguaio, quem estava à frente
das tropas Guarani era Rafael Paracatu, o qual foi capturado e mandado para Buenos Aires. Já
na batalha de Caiboaté, ocorrida três dias após a morte de Sepé Tiaraju na região do atual
município de São Gabriel, o comandante Guarani era Nicolau Neenguiru, cacique de Nossa
Senhora de Concepción. Estima-se que mais de mil índios tenham morrido no confronto, o qual
marcou o fim da Guerra Guaranítica e o abandono dos sete (07) Povos das Missões (BURD,
2012, p. 47). Três anos depois disso os Jesuítas foram expulsos do território brasileiro pelo
Marquês do Pombal.
A historiografia, a literatura regionalista e a memória popular destacam a atuação e
importância de Sepé Tiaraju durante a Guerra Guaranítica. Teria sido ele que cunhou a
expressão “Esta terra tem dono”, representando a luta Guarani por seus territórios tradicionais.
Atualmente essa fala remete à bravura dos gaúchos, que se representam como seus
descendentes, mas também é usada em contextos outros de luta pela terra, como por
exemplo, o conflito entre ruralistas e o Movimento dos Sem Terra (BRUM, 2006).
Em 1761, outro Tratado é assinado, o de El Pardo, o qual anula o Tratado de Madrid.
Com a volta do domínio espanhol na área dos sete (07) Povos, a demografia da área volta a
crescer. Mas, sabe-se que na verdade esse território jamais foi totalmente abandonado pelos
Guaranis, as fronteiras para eles não são definidas por documentos de papel. Inclusive nas
reduções, após 1756, há indícios de ocupação Guarani (BURD, 2012, p. 50), que continuam a
viver, fazer seus fogos e seus rituais nesses territórios.
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Na segunda metade do século XVIII, cerca de 700 famílias Guarani, mais ou menos três
mil pessoas, foram para Rio Pardo, passando primeiro pelos arredores do Botucaraí, atual
município de Candelária, para os campos de Viamão e imediações, onde inicialmente
permaneceram aldeadas (LESSA, 1984, p. 202). Há registros de quatro Aldeamentos
promovidos pelo Governo Português no Rio Grande do Sul no século XVIII com índios Guarani
trazidos das Missões: Aldeia Nossa Senhora da Conceição do Estreito, no interior do atual
município de São José do Norte, a 40km ao norte da sede, fundada em 1753 e abandonada
quando da invasão espanhola em 1763; a Aldeia Nossa Senhora dos Anjos em Gravataí
(AHRGS, 1990); a Aldeia de São Nicolau em Rio Pardo e a Aldeia de São Nicolau em
Cachoeira (NEIS, 1975a, p. 125). A presença Guarani não é apenas registrada nos
documentos escritos sobre essas regiões, mas também no nome de rios e arroios, como por
exemplo: Caraguata’y, atual Gravataí; Jacare’y, um riacho ou dilúvio que fez funcionar o antigo
moinho de trigo da Azenha; Kaa’y, atualmente com a grafia de Caí; Takua’y, atual Taquari etc.
Além da influência linguística, há a influência genética. Jerônimo de Ornelas, fundador da
cidade de Porto Alegre, teve um filho com a Carijó Maria Cardoso, de nome Lourenço Dorneles
de Menezes, o qual se casou com a indígena Maria da Luz Lopes. Além da família do dito
fundador de Porto Alegre ser em parte indígena, a maioria dos imigrantes de Laguna que
ocuparam a região do delta do Jacuí a partir de 1700 eram descendentes de índias Carijó com
portugueses. Nomes como Brito Peixoto, Pinto Bandeira, Guterres, e muitos Magalhães, tão
festejados na história militar e espalhados por todo o Rio Grande do Sul, descendem de
Guaranis (NEIS, 1975b, p. 133-136).
No início do século XIX eclode outra Guerra pela fronteira do Rio Uruguai entre as
coroas Ibéricas. Dessa vez o objetivo das tropas brasileiras eram ocupar a região de
Missiones, na Argentina. Foi criado um novo regimento militar no Rio Grande do Sul: a 24º
cavalaria, composta exclusivamente por Guarani. Elas foram distribuídas na fronteira leste do
Rio Uruguai, na região dos sete Povos: São Borja, São Nicolau, São Luís, São Lourenço, São
Miguel, São João e Santo Ângelo (LESSA, 1984, p. 239-240). No lado de Misiones, outra figura
Guarani ganha força: o general Andrés Artigas, também conhecido como Andrés Guazurari, ou
simplesmente “Andresito”. Seu nome repercute entre os Guaranis em ambos os lados do Rio
Uruguai durante a Guerra. Em 1816, com uma tropa de dois mil homens consegue chegar até
São Borja. Porém, esse avanço durou pouco. Em 1817 as tropas lusas invadem Misiones,
obrigando Andresito a voltar à região. Em 1819 o general Guarani é capturado e mandado para
Porto Alegre junto com sua tropa, os quais foram usados em obras públicas da cidade (SAINT-
HILLAIRE, 2002, p. 52) e como guardas do depósito de pólvora nos arredores da Praia do
Arsenal, devido a isso se deu o nome de Beco dos Guaranis à atual Rua Vasco Alves
(MONTEIRO, 2006, p. 182). Andresito iria ser levado posteriormente para o Forte da Ilha das
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Cobras, no Rio de Janeiro, onde faleceu. Os conflitos pelas Misiones acabaram no m esmo ano
de sua captura, com um tratado firmado entre Argentina e Brasil.
A partir de 1824 começam a chegar as primeiras frentes de colonização alemã e italiana
no Rio Grande do Sul. Os Guaranis, que se encontravam distribuídos em todas as áreas de
mata subtropical, se estendendo ao longo do Rio Uruguai e seus afluentes, ao longo do Rio
Jacuí e seus tributários e ao longo da costa marítima e suas lagoas, sofrem um grande impacto
com a chegada dessas novas populações. A ideologia progressista do governo brasileiro,
somado ao projeto de branqueamento da sociedade, causa grandes impactos nas áreas de
florestas, que vão sendo convertidas em áreas de produção, e na demografia indígena, os
quais eram vistos como entraves ao progresso e à nação. Cinquenta anos mais tarde o
território Guarani no Rio Grande do Sul tinha diminuído a 40% com cobertura de matas nativas
(CCDH, 2010, p. 22).
Durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), a qual ocorreu ao longo do território
Guarani nas fronteiras do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul, indígenas Guaranis
lutaram pelos dois lados, mas principalmente nas tropas Paraguaias. Isso acabou gerando
após o conflito um imaginário de que os Guaranis seriam “paraguaios”, o que creditava os
latifundiários e agricultores brasileiros a expulsarem-nos de suas terras. O Mato Grosso do Sul,
onde vivem os Nhandeva e os Kaiowa, a partir do final do século XIX começou a ser
sistematicamente ocupado por diversas frentes de exploração econômica. A principal desse
período foi à produção de Erva-Mate pela Cia Matte Larangeira, que, além de atingir em cheio
o território Guarani, explorar sua mão-de-obra, ameaçar os caciques para liberarem o corte das
árvores em suas terras, explorava a planta sagrada desse povo (BRAND et al, 2005).
A região do Mato Grosso do Sul seria ainda alvo da “Marcha para o Oeste” (1943), no
governo Vargas. Causando mais penúria aos povos Guarani através da perda de suas terras
para milhares de famílias de colonos e migrantes pela Colônia Agrícola Nacional de Dourados,
que buscava aumentar a produção de alimentos e produtos primários necessários à
industrialização (MELIA et al, 2008, p. 15). Nas décadas seguintes, com o aumento de
empreendimentos agropecuários, a plantação de soja e de cana-de-açúcar em territórios
Guarani, os Nhandeva e Kaiowá foram deslocados para oito reservas, demarcadas pelo
Serviço de Proteção ao Índio (antiga FUNAI). Essas ações não só desestabilizaram
culturalmente, socialmente, economicamente e politicamente os Guaranis, mas também
comprometeu a biodiversidade, substituindo os restos de mata, capoeiras e campos pela
monocultura (MELIA et al, 2008, p. 16). Muitos desses Nhandeva e Kaiowa, expulsos de suas
terras tradicionais, foram para acampamentos na beira de estradas.
As décadas de 1950 e 1960 no Rio Grande do Sul também foram marcadas pela
introdução da modernização da agricultura, com o uso de produtos químicos e a mecanização.
O plantio desenfreado de soja, acácia, eucalipto, pinus e arroz causa com que em 1965 as
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florestas eram apenas em torno de 9% do território, em 1990 já restavam somente 2% de área
de mata nativa. Isso causou um impacto muito grande na sociedade Guarani, que viam seus
territórios tradicionais sendo destruídos pela ganância dos brancos. Mesmo com as constantes
mudanças da paisagem geográfica os Mbya continuam a buscar novos locais de habitação nas
matas próximas as antigas aldeias (CCDH, 2010, p. 22-23).
Os Mbya que vivem no Estado concentram-se em sua maioria em cidades ou região
próximas de Porto Alegre, das Missões e no litoral. Em Porto Alegre, Viamão e Capivari há as
terras: Lomba do Pinheiro (Anhetenguá), com menos de 10 hectares onde vivem 15 famílias;
Lami (Pindó Poty), um acampamento na beira da estrada onde vivem 8 famílias em menos de
dois hectares; Canta Galo (Jataity), com 286 hectares e onde vivem mais de 30 famílias; Estiva
(Nhundy), localizada às margens da RS-040 em Águas Claras/Viamão, com 7 hectares onde
vivem mais de 20 famílias; Capivari (Porãi), um acampamento onde vivem mais de 12 famílias;
Granja Vargas (Yryapu), com 43 hectares e onde vivem 10 famílias. Mais próximo ao litoral do
Rio Grande do Sul estão demarcadas as áreas: Barra do Ouro, com mais de 2.266 hectares
onde vivem poucas famílias; Varzinha, com 795 hectares e onde vivem 15 famílias; Osório,
onde vivem 12 famílias; Riozinho (Itapoty), com 12 hectares e onde vivem 7 famílias; Torres,
com 94 hectares onde vivem 8 famílias. Mas, há presença Guarani em áreas mais afastadas
dessas, como por exemplo, Caçapava do Sul, onde vivem pelo menos 13 famílias num
acampamento às margens da BR-290. Eles reivindicam a demarcação de suas terras há mais
de 30 anos, porém a Funai nada faz para assegurar seus direitos. Em Pelotas, ocorre a mesma
situação na área denominada de Kapi’i Ovy, onde residem algumas famílias que comercializam
seus artesanatos e cestarias às margens de uma estrada. Próximo a Porto Alegre também
existem vários acampamentos e terras reivindicadas pelos Guaranis. Em Barra do Ribeiro e
Guaíba, às margens da BR-116, há três grandes acampamentos: Passo da Estância, Passo
Grande ou Flor do Campo (Nhu Poty) e Petim (Arasaty), onde moram mais de 25 famílias.
Próximo a eles, há a Terra Indígena Coxilha da Cruz (Tekoa Porã), de 202 hectares onde
vivem mais de 20 famílias. Em áreas reserva ambiental, como o Taim (Ita’y) e o Parque de
Itapuã, os Guaranis são proibidos de entrar, mesmo que ao redor dessa última haja a Terra
Indígena de Itapuã (Pindó Mirim), com 24 hectares. Na região de Camaquã existem quatro
áreas de ocupação tradicional Guarani: a Mata São Lourenço; Pacheca (Ygua Porã), com
pouco mais de 1.852 hectares onde vivem cerca de 15 famílias; Água Grande (Ka’amirindy),
onde vivem 10 famílias em menos de 165 hectares; e Águas Brancas (Velhaco), com 115
hectares, próximo a essa área, situa-se Estrela Velha (Itaixy), com 70 hectares e 10 famílias.
Algumas famílias Guarani habitam terras do Povo Kaingang como é o caso de: Guarita, com
pelo menos 15 famílias de Guarani; Planalto, onde vivem mais de 30 famílias de Guarani; e
Benjamin Constant, onde vivem 8 famílias Guarani (CCDH, 2010, p. 6-8).
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3.4. História Colonial e Contemporânea
No século XVIII, o território que hoje compreende o município, era uma clareira (tendo
sido anteriormente um local de acampamento de indígenas charruas), conhecida como
“Paragem de Cassapava” e já era utilizada por tropeiros e bandeirantes que agrupavam gado
xucro na região para pastoreá-lo na região, antes de leva-lo para o norte do país (MORAIS,
2013, p.42).
Por volta de 1777, o grupo militar Dragões de Rio Pardo (soldados portugueses)
acamparam na região, devido à localização estratégica para defesa do território contra os
espanhóis:
Segundo Abrão (1992, p.7-8; apud MORAIS, 2013), o primeiro dono das terras deste
novo povoado foi Vicente Venceslau Gomes de Carvalho, que teria vendido ao Capitão dos
Dragões, Francisco de Oliveira Porto, em 1792.
Devido a ótima localização já citada, a região de Caçapava sempre esteve envolvida em
diferentes momentos de guerras e de movimentos revolucionários; durante a Revolução
Farroupilha, se destacou através do Regimento dos Lanceiros de Caçapava, posteriormente
obteve o título de Segunda Capital Farroupilha (antes mesmo de se tornar oficialmente cidade)
no período de janeiro de 1839 a maio de 1840, quando foi tomada pelas tropas do Exército
Imperial. Durante a Revolução Federalista (1893), Caçapava mais uma vez teve seu território
percorrido por combates e deslocamentos de tropas; e nos anos seguintes sua localização
privilegiada sempre manteve o município em evidência (ABRÃO, 1992; apud, MORAIS, 2013,
p.43). Caçapava é criada como Distrito com tal denominação, pela Lei Provincial nº 129, de 28
de junho de 1848, sendo subordinado ao município de Cachoeira.
É elevado à categoria de vila com a denominação de Caçapava, pelo Decreto de 2510-
1831, desmembrando-se de Cachoeira. Sendo elevada à condição de cidade pela Lei
Provincial nº 1535, em 09 de dezembro de 1885. Apenas em 1944, que, pelo Decreto-lei
Estadual n. 720, o município e o distrito de Caçapava passaram a denominar-se Caçapava do
Sul.
Apesar de seu destaque e importância na história, para Abrão (apud MORAIS, 2013,
p.43-4), Caçapava jamais alcançaria relevância econômica mais contínua e estável sem a
produção mineral. Os primeiros registros de licença para exportação do cobre são de 4 de
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janeiro de 1868. As atenções econômicas voltaram-se para as atividades mineiras de extração
do cobre – descoberto por mineiros ingleses que garimpavam ouro na região, em
aproximadamente 1865. Esta descoberta resultou na localização de uma jazida e na abertura
de uma galeria – este local foi denominado de Minas do Camaquã, constituindo-se em um
marco da história da mineração no Sul do Brasil, sendo considerada, entre as décadas de 1940
e 1990 (o auge da mineração de cobre na região), a “Capital Brasileira do Cobre” (PAIM, 2009;
apud MORAIS, 2013, p. 43-4).
Atualmente o município de Caçapava do Sul tem como base de sua economia o setor
primário na pecuária, agricultura, indústria e mineração – responsável pela produção de mais
de 85% do calcário do Estado do Rio Grande do Sul (op.cit. p. 44). Segundo o censo do IBGE
de 2015, Caçapava possui 33.690 habitantes, a área da unidade territorial é de 3.047,133 km²,
tendo assim uma densidade demográfica de 11,06 hab./km². O Índice de Desenvolvimento
Humano do Município é de 0,704. Em dezembro de 2011, Caçapava do Sul passa a participar
do Programa de Aceleração das Cidades Históricas (PAC Cidades Históricas). O município
conta ainda com uma Terra Indígena em estudo para homologação: Irapuá, de um grupo
Guarani.
A TI Irapuá possui 222 hectares, e está localizada às margens da BR290, entre os
municípios de Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul, a leste da BR 392, com distância muito
superior aos 10 km do empreendimento previstos para Terras Indígenas serem consideradas
para licenciamento, segundo a Portaria Interministerial n° 60 de 2015.
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3.7. Relação dos Sítios Arqueológicos Cadastrados
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4. COORDENAÇÃO DO EIA/RIMA
___________________________________
Geólogo Eduardo Centeno Broll Carvalho
Coordenador do EIA/RIMA
CREA/RS 128.474-D
___________________________________
Ivanor Antonio Sinigaglia
Coordenador Técnico
CREA/RS 97259-D
___________________________________
Daniel Araújo
Coordenador Técnico
CRBio 041216-03
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5. REFERÊNCIAS
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5.2. Arqueologia
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Paulo, USP, 1998.
WHITE, G. G.; KING, T. F. The Archaeology Survey Manual. Walnut Creek, CA: Letf Costa
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VICROSKI, Fabrício José Nazzari; THADDEU, Vera Lúcia Trommer. Projeto de Arqueologia
Preventiva e Programa de Educação Patrimonial na Área de Influência da LT 230kV
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VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O Mármore e a Murta: sobre a inconstância da alma selvagem. p. 181-
164. In: VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem: e outros ensaios de
antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
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6. ANEXOS
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Anexo 2. Protocolo de Ficha de Caracterização de Atividade – FCA
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Anexo 3. Plano de trabalho arqueológico
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Realizar levantamentos bibliográficos, prospecções, monitoramento, salvamento/resgate
e educação patrimonial na área de implantação do empreendimento visando a salvaguarda e
valorizar o patrimônio arqueológico.
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I - área do empreendimento em formato shapefile;
II - existência de bens culturais acautelados na AID do
empreendimento a partir de consulta ao sítio eletrônico do IPHAN;
III - existência de estudos anteriormente realizados relativos aos bens
culturais acautelados; e
IV - Anotação de Responsabilidade Técnica - ART ou documento
equivalente, na forma da legislação vigente.
Para as Etapas seguintes que serão emitidas pelo órgão de licenciamento ambiental,
segue:
No Art. 9º Instado pelo órgão ambiental competente a se manifestar, o
IPHAN, por meio das Superintendências Estaduais ou a Sede Nacional,
determinará a abertura de processo administrativo, ocasião em que serão
adotadas as seguintes providências:
I – definição dos técnicos responsáveis pela análise de FCA ou
documento equivalente;
II – definição do enquadramento do empreendimento quanto ao
componente arqueológico, conforme previsto no art. 11;
III – priorização da área do empreendimento para o Empreendedor,
quando couber; e,
IV – definição do Termo de Referência Específico – TRE aplicável ao
empreendimento.
§ 1º O TER será remetido pelo IPHAN ao órgão ambiental licenciador,
indicando o conteúdo mínimo para a realização dos estudos com vistas à
avaliação do impacto do empreendimento sobre os bens culturais acautelados
em âmbito federal.
Estradas e estacionamentos;
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Áreas de armazenamento e manuseio de produtos químicos e hidrocarbonetos,
com suas contenções;
Será também apresentada uma lista das instalações identificadas e uma lista de
instalações a serem localizadas futuramente, considerando o seguinte:
Os contornos dos prédios do empreendimento devem ser apresentados dentro de uma
representação gráfica com escala adequada.
Selecionar um conjunto de fatores ambientais (meios físicos, biótico e socioeconômico)
considerados relevantes, por meio dos quais serão comparadas as possíveis
alternativas de localização. A seleção dos fatores ambientais deverá ser devidamente
justificada, considerando ao menos:
Integração à Infraestrutura local que será utilizada pelo Projeto nas fases de
instalação e operação;
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Sobre os resíduos sólidos, descriminar os processos de geração de todos os resíduos
sólidos, bem como descrever o sistema de gerenciamento (coleta, segregação,
acondicionamento, armazenamento e destinação final a ser dado para todos os
resíduos sólidos gerados, incluindo aqueles considerados perigosos);
Detalhar as técnicas construtivas a serem adotadas, especialmente quanto às
atividades de terraplanagem e formação de taludes, fundação, edificações, instalações
eletromecânicas, áreas de empréstimo e geração de bota-foras, construção de acessos
e sistemas de drenagem, meios de transporte de materiais de construção e
equipamentos, necessidade de estruturas e canteiros, alojamentos, fontes de energia,
abastecimento de água, sistemas de saneamento básico, entre outros;
Apresentar a metodologia de trabalho para execução das atividades de construção,
bem como estimativa do número de trabalhadores envolvidos em cada etapa do
cronograma de implantação. Indicar as diretrizes a serem adotadas em caso da
necessidade de execução e obras e serviços de infraestrutura para a instalação do
empreendimento, incluindo construções especiais e obras de arte de engenharia
(pontes, travessias, etc.);
Descrever os procedimentos construtivos especiais a serem adotados nos casos de
obras no interior de Unidades de Conservação ou em suas zonas de amortecimento.
Informar, em relação às áreas de canteiros e frentes de obras e demais pontos de apoio
logístico, as diretrizes para instalação de saneamento básico, abastecimento de água,
energia, materiais e insumos, remoção e destinação de resíduos, entre outras;
Identificar e indicar em mapa próprio a delimitação das terras indígenas existentes na
AII, informando suas distâncias em relação ao empreendimento. Atender à Portaria
Interministerial Nº 060/2015 e seguir as recomendações da FUNAI, quanto aos
procedimentos para a realização dos estudos específicos sobre comunidades
indígenas. Bem como, seguir as recomendações da Fundação Palmares a respeito da
População Quilombola.
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arqueologia, envolvendo os responsáveis pela construção, pela supervisão e pela fiscalização
das obras.
Para tanto, deverão ser ministradas palestras aos encarregados das obras, operadores
de máquinas, colaboradores envolvidos nos processos construtivos de terraplanagem e
responsáveis ambientais, assim como distribuição de materiais ilustrativos contendo exemplos
de evidências arqueológicas que, eventualmente, poderão ser encontradas durante a
movimentação das máquinas ou no decorrer das obras, quando em ausência de arqueólogos.
Em particular, nas obras que envolvam escavações e remanejamentos do solo na área
diretamente afetada, seja ela a faixa de domínio da via, as jazidas, as caixas de empréstimos,
os bota-foras e os canteiros de obras, ou em qualquer outro local associado à construção do
empreendimento, deverá ser dedicada a maior atenção quanto ao eventual aparecimento dos
seguintes indícios:
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encarregada da elaboração de Projeto de Engenharia e com o concurso de atas de reuniões,
elaboração de fluxogramas e matrizes de correspondência.
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No que tange ao material cerâmico, serão utilizados os métodos de La Salvia e
Brochado (1995). Compreenderá o estudo da composição, preparação e queima da pasta das
vasilhas, buscando a reconstituição das mesmas em desenhos.
O acervo resgatado nas etapas de diagnóstico e prospecção será armazenado nas
dependências do Laboratório. Esses materiais serão acondicionados em caixas plásticas de 30
x 30 x 50 cm com tampas. No corpo dessas serão colocadas etiquetas com as descrições
desses materiais, com nome do arqueólogo responsável, data da análise e descrições do
empreendimento.
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4. Produtos
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VIII: Levantamento arqueológico conforme critérios técnico-científicos utilizados pelo
IPHAN/RS para avaliação dos diagnósticos arqueológicos em processos de
licenciamento ambiental;
IX: Interferência dos sítios com o empreendimento.
5. Equipe Técnica
A equipe técnica será formada por um coordenador geral, com experiência comprovada,
um coordenador das atividades de campo, dois especialistas e equipe de apoio, conforme
solicitado no Memorando Circular n. 14/2012 e na Instrução Normativa nº 01/ 2015 do IPHAN.
6. Cronograma
O cronograma arqueológico segue as etapas da Instrução Normativa nº 01/2015,
listados abaixo:
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c) Execução do diagnóstico previsto nos Projetos de Avaliação de Impacto ao
Patrimônio Arqueológico e elaboração de respectivos relatórios em até 45 dias após a
publicação de Portaria no D.O.U;
d) Execução de Programa de Educação Patrimonial durante a execução do diagnóstico;
7. Referências
CUNHA, G. F. O Estudo do Impacto a Saúde Humana na Avaliação de Impacto Ambiental.
2015. ISBN 9788581487090. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=2GMaBwAAQBAJ >.
DE SOUZA MINAYO, M. C.; DE MIRANDA, A. C. Saúde e ambiente sustentável: estreitando
nós. SciELO - Editora FIOCRUZ, 2002. ISBN 9788575413661. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=2xb0AgAAQBAJ >.
DEPT, W. B. E. Environmental Assessment Sourcebook: Policies, procedures, and cross-
sectoral issues. World Bank, 1991. ISBN 9780821318430. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=as4wK-I3luUC >.
______. Environmental Assessment Sourcebook: sectoral guidelines. World Bank, 1991. ISBN
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______. Environmental Assessment Sourcebook: Guidelines for environmental assessment of
energy and industry projects. World Bank, 1992. ISBN 9780821318454. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=QtSvTSHVxeQC >.
DIAS, A. S.; HOELTZ S. E. Proposta metodológica para o estudo das indústrias líticas do sul
do Brasil. Revista do CEPA. Santa Cruz do Sul, v.21, n.25, p.21-62, mar. 1997.
DO CARMO OLIVEIRA DIAS, M.; Pereira, M. C. B.; Brasil, B. d. N. d. Manual de impactos
ambientais: orientações básicas sobre aspectos ambientais de atividades produtivas.
Banco do Nordeste, 1999. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=jEr9HgAACAAJ >.
IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Portaria Interministerial nº
60/2015 e Instrução Normativa nº 01/2015. Disponível em: < http://portal.iphan.gov.br/>.
LAMING‐EMPERAIRE, A. Guia para o Estudo das Indústrias Líticas da América do Sul.
Curitiba: Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológicas/UFPR. Manuais de Arqueologia n.
2. 1967.
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LA SALVIA, F.; BROCHADO, J., P. Cerâmica Guarani. Porto Alegre: Posenato Arte e Cultura,
1989.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental. Oficina de Textos, 2015. ISBN
9788579751134. Disponível em: <
https://books.google.com.br/books?id=nsN6BwAAQBAJ >.
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7. GLOSSÁRIO
Abiótico: Que não diz respeito aos seres vivos. Opõe-se a biótico.
Abundância: em ecologia, é o número relativo de indivíduos de cada espécie,
encontrado em uma determinada área.
Ação antrópica: dá-se o nome de ação antrópica a qualquer modificação efetuada pelo
ser humano no ambiente natural, como por exemplo, desmatamentos, queimadas e poluição.
Afluente: rios ou cursos d‟ água menores que deságuam em um rio ou curso d‟ água
principal.
Água subterrânea: água que preenche os poros e fraturas das rochas abaixo da
superfície terrestre na zona de saturação e que é o manancial hidrogeológico da Terra.
Alevino: estágio de desenvolvimento dos peixes posterior ao estágio larva e anterior ao
estágio juvenil.
Algas: organismos muito diversos, ocorrendo geralmente em ambientes aquáticos,
quase sempre fotossintéticos e possuindo clorofila a.
Alteração hidrotermal: conjunto de processos químicos que afetam as rocas,
induzidos por soluções aquosas quentes de várias origens (meteórica, magmática,
metamórfica) e que circular
Aluvional: depósitos sedimentares produzidos por rios ou leques. Depósitos suspensos
nas margens do canal constituem antigos terraços.
Área Diretamente Afetada (ADA): área que sofre diretamente as intervenções de
implantação e operação de um empreendimento, considerando alterações físicas, biológicas e
socioeconômicas.
Área de Influência Direta (AID): área diretamente influenciada pelos impactos de um
empreendimento.
Área de Influência Indireta (AII): área indiretamente influenciada pelos impactos de um
empreendimento.
Área de Preservação Permanente (APP): área protegida nos termos dos artigos 2° e
3°, da Lei N° 12.651/12 (Código Florestal Nacional), coberta ou não por vegetação nativa, com
a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem -estar das
populações humanas.
Áreas Alagadiças: áreas ou terrenos que se encontram temporariamente saturados de
água decorrente das chuvas, devido à má drenagem.
Arenito: rocha de origem sedimentar, resultante da junção dos grãos de areia através
de um cimento natural.
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Associação vegetal relevante: comunidade vegetal de importância regional ou local,
com características fitofisionômicas e fitossociológicas específicas inerentes a um determinado
ecossistema.
Audiência Pública: reunião pública, transparente e de ampla discussão em que a que se
vislumbra a comunicação entres os vários setores da sociedade com as autoridades públicas.
Avaliação de Impacto Ambiental: série de procedimentos legais, institucionais e técnico-
científicos, com o objetivo caracterizar e identificar impactos potenciais na instalação futura de um
empreendimento, ou seja, prever a magnitude e a importância desses impactos.
Avifauna: fauna de aves.
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compreendendo várias comunidades em diferentes estágios de evolução, porém denominada
de acordo com o tipo de vegetação dominante: mata tropical, campo, etc.
Biomassa: quantidade total de matéria viva existente num ecossistema ou numa
população animal ou vegetal.
Biótico: que diz respeito aos seres vivos. Opõe-se a abiótico.
Caducifólia: plantas ou vegetações que não se mantêm verdes durante todo o ano,
perdendo as folhas na estação seca ou no inverno.
Camada Eufótica: camada superior de uma extensão de água na qual penetra luz
suficiente para permitir o crescimento de organismos, geralmente tido como a camada onde a
intensidade da luz é de no mínimo 1% da intensidade na superfície.
Campo Limpo: predomínio de gramíneas.
Campo Sujo: formação com apenas um andar de cobertura vegetal, constituída
principalmente de leguminosas, gramíneas e ciperáceas de pequeno porte, inexistindo
praticamente formas arbustivas.
CAPEX: Sigla da expressão inglesa capital expenditure, que em português significa
despesas de capital ou investimento em bens de capital. Designa o montante de dinheiro
despendido na aquisição de bens de capital de uma determinada empresa.
Capoeira: formação vegetal sucessora, proveniente de corte raso das florestas ou pelo
abandono de áreas com qualquer outro uso, constituída, principalmente, por espécies pioneiras
nativas da região, até a altura máxima de 3 (três) metros.
Carreamento: ato de carrear, arrastar, conduzir.
Cenozóico: era geológica que compreende o intervalo de tempo que vai de 65 milhões
de anos atrás até os dias atuais, estando constituída por três períodos geológicos conhecidos
como Quaternário, Neógeno e Paleógeno.
Chumbo: elemento químico metálico denso, símbolo: Pb.
Clima Cfa: clima subtropical, com verão quente.
Coluna estratigráfica: diagrama ou quadro que explicita a relação cronológica das
rochas de uma região, mostrando o empilhamento de unidades estratigráficas, as superfícies
de discordância e as feições intrusivas, entre outras.
Comunidade: uma associação de populações inter-relacionadas que habitam uma
mesma área ou região.
Conglomerado: depósito rudítico, com clastos superiores a 2 mm de diâmetro, de
origem diversa, imersos em matriz.
Corpo Hídrico: acúmulo de água sob a forma de lago, açude, córrego, rio, banhado,
etc.
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Corredores Ecológicos: as porções dos ecossistemas naturais ou semi-naturais,
ligando unidades de conservação e outras áreas naturais, que possibilitam entre elas o fluxo de
genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam, para sua sobrevivência,
áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.
Cretáceo: é o último período geológico da era Mesozóica. Abrange o intervalo de tempo
entre 136 e 65 milhões de anos.
Curva de nível: linha que representa, em mapa, pontos de mesma altitude do terreno.
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sementes que devem passar pelo aparelho digestivo de animais para que possam germinar e
até sementes que são carregadas por correntes oceânicas.
Diversidade Biológica: é a variedade de genótipos, espécies, populações,
comunidades, ecossistemas e processos ecológicos existentes em uma determinada região.
Isto significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre
outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos
ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre
espécies e de ecossistemas. Variedade de indivíduos, comunidades, populações, espécies e
ecossistemas existentes em uma determinada região (Resolução CONAMA 012/94).
Diversidade Genética: variabilidade na formação genética de diferentes indivíduos de
uma mesma espécie; assegura a sobrevivência da espécie; assegura a sobrevivência da
espécie a longo prazo pois, com todos os genes iguais, os indivíduos ficam igualmente
expostos a adversidades, tornando a espécie uniformemente vulnerável.
Drenagem: escoamento da água de uma bacia hidrográfica.
Ectotérmicos: designação de seres vivos animais cuja fonte de calor corporal provém
fundamentalmente do meio exterior.
Educação Ambiental: todo o processo educativo, que utiliza metodologias diversas,
alicerçadas em base científica, com objetivo de formar indivíduos capacitados a analisar,
compreender e julgar problemas ambientais, na busca de soluções que permitam ao homem
coexistir de forma harmoniosa com a natureza. Processo de aprendizagem e comunicação de
problemas relacionados à interação dos homens com seu ambiente natural.
Efluentes: são geralmente produtos líquidos ou gasosos produzidos por indústrias ou
resultante dos esgotos domésticos urbanos, que são lançados no meio ambiente.
Endêmico: nativo de uma determinada área geográfica ou ecossistema e restrito a ela.
Enriquecimento: plantio de mudas no interior de uma floresta ou formação semelhante,
com a finalidade de recomposição florística;
Epífitas: são, por etimologia, plantas sobre plantas, ou seja, espécies vegetais que
estão estabelecidas e vivem sobre outros exemplares. As epífitas jamais buscam alimento nos
organismos hospedeiros. Suas raízes superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira,
não há qualquer relação de parasitismo. Ou seja, a presença de epífitas não prejudica a árvore
ou arbusto onde elas vegetam. A incidência de espécies epífitas tende a diminuir à medida que
se aumenta a distância para a Linha do Equador, ou afasta-se das florestas úmidas para áreas
mais secas, mesmo assim, na Floresta Atlântica são encontradas com freqüência.
Epifitismo: forma de relação harmônica unilateral interespecífica das plantas que se
desenvolvem sobre outras sem prejudicá-las.
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Equitabilidade: distribuição dos organismos nas espécies de uma comunidade.
Erosão: envolve todos os processos de desagregação e remoção do material rochoso.
Espécie Ameaçada de Extinção: espécie em perigo de extinção, cuja sobrevivência é
improvável, se continuarem operando os fatores causais. Inclui populações reduzidas em
níveis críticos e habitats drasticamente reduzidos.
Espécie Autóctone: planta nativa, indígena, que ocorre como componente natural da
vegetação de um país. Espécies nesta categoria são de origem exclusiva e não apresentam
populações ancestrais em territórios estrangeiros (ex.: milho, com origem do México).
Espécie Cinegética: espécie considerada alvo de caça.
Espécie Exótica: espécie que por algum motivo está ocorrendo fora do seu limite de
distribuição geográfica natural.
Espécie Indicadora: aquela cuja presença indica a existência de determinadas
condições no ambiente em que ocorre (Resolução CONAMA 012/94). Que é usada para
identificar as condições ou mudanças ecológicas num ambiente determinado.
Espécie Nativa: espécie que ocorre dentro de seu limite geográfico natural.
Espécie Pioneira: aquela que se instala em uma região, área ou hábitat anteriormente
não ocupada por ela, iniciando a colonização de áreas desabitadas (Resolução CONAMA
012/94).
Estado Trófico: qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes orgânicos.
Estratificação cruzada: estratificação cujas camadas aparecem inclinadas umas em
relação às outras, e em relação ao seu plano basal de sedimentação. São comuns em
depósitos eólicos (dunas) e fluviais.
Estratificação: disposição paralela ou subparalela que tomam as camadas ao se
acumularem formando uma rocha sedimentar. Normalmente é formada pela alternância de
camadas sedimentares com granulação e cores diferentes, ressaltando o plano de
sedimentação.
Estudo de Impacto Ambiental: identifica e avalia os impactos ambientais gerados nas
fases de implantação e operação da atividade.
Exploração: reconhecimento detalhado de um depósito mineral.
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Falha: superfície ou zona de rocha fraturada ao longo da qual houve deslocamento
vertical ou horizontal, o qual pode variar de alguns centímetros até quilômetros.
Feldspato: mineral. Constitui uma família de minerais alumossilicatos de potássio
(kfeldspatos como ortoclásio, sanidina), sódio e cálcio (grupo dos plagioclásios),
principalmente.
Fisionomia: feições características no aspecto de uma comunidade vegetal (Resolução
Conama 012/94. Art. 1.º).
Fitofisionomia: é a particularidade vegetal ou a flora típica de uma região.
Fitoplâncton: conjunto dos organismos aquáticos microscópicos que têm capacidade
fotossintética e que vivem dispersos flutuando na coluna de água.
Fitossociologia: ciência das comunidades vegetais, que envolve o estudo de todos os
fenômenos que se relacionam com a vida das plantas dentro das unidades sociais. Retrata o
complexo vegetação, solo e clima. Parte da ecologia dedicada ao estudo das associações e
inter-relações entre as populações de diferentes espécies vegetais. Flora. Reino vegetal.
Conjunto da vegetação de um país ou de uma região. Tratado descritivo dessa vegetação. A
totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma determinada região,
sem qualquer expressão de importância individual. Compreende também as algas e
fitoplânctons marinhos flutuantes. A flora se organiza geralmente em estratos, que determinam
formações específicas como campos e pradarias, savanas e estepes, bosques e florestas e
outros.
Flagelados: são seres unicelulares, heterotróficos, ainda que alguns apresentem
cloroplastos com pigmentos, que lhes permite a síntese do seu próprio alimento.
Flora Silvestre: Todas as plantas que crescem livremente em seu ambiente natural.
Floresta degradada: floresta que sofreu intervenção antrópica muito acentuada, a ponto de
descaracterizá-la em termos de estrutura e composição florística.
Flotação: método de separação de misturas.
Formação: unidade litoestratigráfica fundamental na nomeclatura estratigráfica formal.
Caracteriza-se por um corpo de rochas identificado pelas suas características líticas e sua
posição estratigráfica. Ela deve ser mapeável em superfície ou em subsuperfície.
Fossorial: é um organismo adaptado a escavação e a viver sob o solo.
Fotossíntese: via de biossíntese na qual a energia luminosa, captada por um ou mais
pigmentos, e um doador de elétron (mineral ou orgânico) permitem a utilização de matéria
mineral para a síntese de compostos orgânicos.
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Geomorfologia: é a ciência que estuda a gênese e a evolução das formas de relevo
sobre a superfície da Terra, onde estas formas são resultantes dos processos atuais e
pretéritos ocorridos nos litotipos existentes. Os processos ou fatores que definem esta
evolução podem ser exógenos ou modeladores (climas antigos e atuais, vegetação e solos) e
endógenos ou formadores de relevo (tectônica e a geologia).
Granito: rocha magmática de granulação grosseira, solidificada em profundidade,
composição acida, composta essencialmente por minerais claros como quartzo (SiO2),
feldspato alcalino (SiO2, Al2O3 e K2O) e plagioclásio (Al2O3, Na2O e CaO). O seu equivalente
vulcânico denomina-se riolito.
Grupo: unidade formal de categoria imediatamente superior à formação. O grupo deve
ser formado por duas ou mais formações. As formações que compõem um grupo não
necessitam serem as mesmas em toda a sua área de ocorrência.
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Leques Aluvionais: depósitos pós-tectô-nicos, em forma de leque e cuja litologia varia
de ruditos a arenitos, em geral com muito pouco pelito. Provém de enxurradas que transportam
o material por suspensão.
Layout: engloba elementos como texto, gráficos, imagens e a forma como eles se
encontram em um determinado espaço.
Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental, no caso do Rio
Grande do Sul a FEPAM, estabelece condições, restrições e medidas de controle ambiental
que deverão ser obedecidas pelo empreendedor
Lineamento: feição linear, topograficamente representada por vales alinhados ou
cristas, geralmente indicando a presença de fraturas e/ou falhas geológicas.
Litotipo: Quando se caracteriza um fácies litológico como uma rocha ou uma
associação de rochas, para distinguir de outras rochas ou associações litológicas em estudo,
considerado qualquer aspecto genético, composicional, químico ou mineralógico, morfológico,
estrutural ou textural distintivo para fins de referência em um estudo geológico.
Lixiviado: líquido produzido quando a água percola através de qualquer material
permeável.
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corretiva", uma vez que a maioria dos danos ao meio ambiente, quando não pode ser evitada,
pode apenas ser mitigada ou compensada.
Memorial descritivo: normalmente possui o objetivo de explicitar, na forma de um
texto, as informações mais importantes de um projeto.
Mesozoico: designação dada a uma era do tempo geológico que abrange o intervalo
compreendido entre 250 a 65 milhões de anos atrás. Esta era é formada pelos períodos
geológicos: Cretáceo, Jurássico e Triássico.
Mica: mineral. Grupo de minerais filossilicáticos (hábito em placas ou folhas)
constituídos como silicato de alumínio hidratado com cátions como Mg, Fe, K, Li e outros
caracterizando várias espécies minerais como biotita e muscovita.
Minério: é um mineral ou uma associação de minerais (rocha) que pode ser explorado
economicamente.
Moega de recepção: estruturas empregadas para recepção de produto a granel.
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Rochas sedimentares siliciclásticas: são gerados a partir de rochas compostas
predominantemente por silicatos.
Rocha vulcânica: rocha proveniente de atividade magmática que ascende na crosta
terrestre através de vulcões, diques e sills, solidificando-se na superfície ou a pequenas
profundidades da crosta.
Talude: sinônimo de vertente (talude natural). Talude artificial quando feito pelo homem,
podendo ser devido à remoção de material (talude de corte) ou acúmulo (talude de aterro).
Talvegues: linha formada pela intersecção das duas superfícies formadoras das
vertentes de um vale. É o local mais profundo do vale, onde correm as águas de chuva, dos
rios e riachos.
Táxon: qualquer uma das unidades de nomenclatura científica dos seres vivos.
Textura: do ponto de vista geológico-petrográfico, trata-se de uma designação utilizada
para caracterizar o arranjo existente entre os diferentes minerais constituintes de uma rocha e
que confere uma determinada aparência à esta. Ex.: textura fina, textura grossa ou textura
porfirítica, significando a presença de grandes cristais rodeados por cristais menores.
Trade-Off: expressão que define uma situação em que há conflito de escolha. Ele se
caracteriza em uma ação econômica que visa à resolução de problema, mas acarreta outro,
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obrigando uma escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço distinto para se
obter outro bem ou serviço distinto.
Translocação de fauna: captura e transferência de animais selvagens de uma parte de
sua área natural para outra.
Turfa: material orgânico natural, combustível, preto-amarronzado, composto por restos
parcialmente decompostos, mas ainda estruturados de vegetais que crescem continuamente
em áreas paludosas acumulando-se em depósitos que muitas vezes tem interesse econômico.
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